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Resumo

As organizações estão inseridas em um ambiente permanentemente competitivo e


desafiador, onde as transformações ocorrem em alta velocidade. Assim, a
capacidade de adaptação às mudanças é uma necessidade para a manutenção das
empresas.

Despesas ocultas e o impacto no resultado das organizações


Despesas ocultas redutoras da performance empresarial

1 INTRODUÇÃO
A instabilidade e competitividade do mercado econômico torna indispensável que a
gestão empresarial seja cada vez mais assertiva e que as decisões gerem os
impactos positivos, necessários para a sustentação do negócio. Neste sentido, é
exigido da contabilidade gerencial diversas estratégias a fim de otimizaros recursos
da empresa, consequentemente o resultado financeiro, e para isso, é preciso
delimitar as despesas a fim de melhor competir no mercado, considerando que,
atualmente, o poder de ganho em uma atividade é predominantemente a
rotatividade, e não mais a margem de lucro.
O conhecimento e o domínio das técnicas de apuração dos custos e despesas são
fundamentais para um gerenciamento eficiente e eficaz visando o princípio da
continuidade da empresa. Desta forma, a contabilidade gerencial torna-se
necessária para analisa-los com maior precisão e identificar a real composição dos
dispêndios financeiros.
A receita é gerada em decorrência de um bem ou serviço colocado à disposição de
terceiros, e consequentemente, a entrada de benefícios econômicos durante o curso
das atividades de uma empresa, nesse sentido, as receitas resultam em aumento do
patrimônio líquido e do lucro.
O conceito de custo atribui-se ao processo de produção de bens e serviços, ou seja,
ao preço de aquisição dos produtos, bens ou serviços que ainda não foi utilizado
para a realização da receita, porém, quando o produto e/ou serviço é
vendido/consumido esse custo torna-se despesa, uma vez que esta corresponde a
todo consumo de bem ou serviço utilizado na obtenção de receita. Para reforçar este
conceito, o CRC-SP (1992, apud MOREIRA FILHO, 2002, p.56) trás:
É importante notar que custos e despesas não são sinônimos, pois os
custos estão diretamente relacionados ao processo de produção de bens ou
serviços. Enquanto os produtos ficam estocados, os custos são ativados,
aparecem no balanço e não na demonstração de resultado, e só fazem
parte do cálculo do lucro ou prejuízo quando de sua venda, passando então
a figurar na demonstração do resultado; já as despesas referem-se a gastos
administrativos com vendas e também às despesas financeiras, possuem
natureza não fabril, integrando a demonstração do resultado do exercício do
período em que incorrem. Os gastos incorridos até o momento em que o
produto está pronto para venda são custos, a partir daí devem ser
considerados despesas.

Portanto, levando em consideração que lucro é o resultado das receitas subtraídas


as despesas, se a empresa consegue eliminar ou reduzir ao mínimo os dispêndios
desnecessários e/ou ocultos, ela alcança um lucro maior. Dessa forma, conforme
MOREIRA FILHO (2002, p. 56) as perdas são elementos redutores do lucro.
Assim, analisando as possibilidades de controle dos custos e diminuição das
despesas a fim de alcançar o maior lucro possível, a questão que norteia esta
pesquisa é saber de qual forma a contabilidade gerencial deve atuar diante da
nocividade da má gestão dos dispêndios econômicos?
O contador deve auxiliar a administração da empresa, através de análises e
controles financeiros, na identificação e eliminação das despesas ocultas, ou seja,
as perdas (não mensuradas) de receita que se incorporam ao produto/serviço no
decorrer da sua realização, a fim de promover o alto desempenho do resultado
financeiro. Isso porque, com a eliminação/redução das despesas ocultas, pode-se
alcançar o desempenho ideal da empresa.
O objetivo geral no desenvolvimento desta pesquisa é evidenciar a importância da
análise e gestão das despesas, inserida no contexto das perdas e desperdícios.
Especificamente objetiva-se com este artigo: identificar os conceitos de custos e
despesas, descrever os impactos das despesas ocultas no resultado econômico da
empresa, e por fim avaliar de que forma o profissional de contabilidade deve atuar
para promover a continuidade da empresa. Para tanto, esta pesquisa se limitará às
atividades de uma clínica de serviços médicos especializada em reprodução
assistida.
Em função da busca pelas empresas em otimizar os resultados diante da
instabilidade do mercado, este artigo busca trazer a análise do impacto da má
gestão que geram despesas ocultas, no campo da prestação de serviços médicos
especializados.
A escolha pelo tema decorre da identificação em necessidade de aprimoramento do
profissional contábil para investigar as possibilidades de melhoria do resultado da
empresa, e pela representação fidedigna dos relatórios contábeis às operações
realizadas. A relevância desta proposta constitui-se no apoio do contador à
organização econômica na consecução de seus objetivos que é a promoção social.
Portanto, este tema trás para a academia a importância em realizar análises críticas
sobres os processos práticos de uma empresa, utilizando os conceitos absorvidos
em sala de aula.
A pesquisa se caracteriza como estudo de caso, o qual é entendido como estudo
empírico que busca investigar o fenômeno dentro de seu contexto de realidade e
para o desenvolvimento do estudo, foram utilizadas pesquisas bibliográficas e
documentais.
Assim, o artigo apresenta inicialmente o referencial teórico que trata da contabilidade
gerencial, conceito de custos, despesas, preço de venda, bem como das despesas
ocultas e seus impactos. Em seguida é apresentada a metodologia, e a análise dos
dados estudados. Por fim, são apresentadas as considerações finais e sugestões
para estudos futuros.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CONTABILIDADE
A Contabilidade surgiu com o desenvolvimento do comércio (trocas), como forma de
controle para inventariar mercadorias, identificar o seu proprietário e definir o seu
valor de troca. Neste modelo, predominavam os sistemas de produção familiar, de
corporações e doméstico: grupos de pessoas, liderados por artesãos, que exerciam
(às vezes em sua própria morada), as atividades industriais.
Com o desenvolvimento das empresas após a Revolução Industrial, surgiu a
necessidade de sistematizar a Contabilidade, como instrumento de apoio a gestão,
permitindo a avaliação do patrimônio dos empreendimentos e capaz de apurar os
custos de produção envolvidos no processo produtivo.
O desenvolvimento da ciência contábil decorreu da necessidade de um método de
conhecimento mais seguro e provido de controle, com a preocupação em estudar,
conhecer e compreender os fenômenos empresariais. Para isso, a contabilidade tem
como objeto de estudo o patrimônio das empresas. Em RIBEIRO FILHO (2009, p.
34) lê-se que:
Os fatos estudados pela contabilidade no seu objetivo de fazer ciência
normalmente são aqueles que são resultantes da ação humana no processo
de gestão patrimonial das entidades, abrangendo o fluxo de capitais que
giram no patrimônio das entidades e os resultados esperados.

Para a American Accounting Association (AAA) (1966, apud RIBEIRO FILHO, 2009,
p. 58) “a contabilidade é um processo de identificação, medição e comunicação de
informação econômica que permite juízos e decisões por parte dos usuários”.
Portanto, a contabilidade atinge os seus objetivos a partir da divulgação das
informações necessárias para utilização no processo decisório, tanto de usuários
internos como externos às entidades.

2.1.1 Contabilidade Gerencial


Diante das transformações e dinamismo dos negócios empresariais, a contabilidade
tem deixado de desempenhar atividades apenas de natureza fiscal e tributária para
assumir uma contabilidade de gestão.
A Contabilidade Gerencial preocupa-se com a informação contábil útil à
administração no processo decisório das entidades. Neste sentido, ela identifica,
mensura, analisa, prepara e interpreta as informações financeiras utilizadas pelos
gestores para planejamento, avaliação e controle dentro da organização e para
assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus recursos.
Para ATKINSON (2011, p. 37), “Sistemas de contabilidade gerencial eficazes podem
criar valor considerável pela informação a tempo e com precisão sobre as atividades
exigidas para o sucesso das organizações”.
Pode-se considerar que, o sucesso das organizações de hoje está diretamente
ligado ao valor das informações fornecidas sobre as atividades da empresa pela
contabilidade gerencial. A controladoria adiciona valor ao processo de gestão pela
investigação contínua sobre a efetividade e a utilização dos recursos pelas
organizações. Assim, o seu objetivo está ligado ao processo de gerar informações
aos administradores.
“Contabilidade Gerencial significa gerenciamento da informação contábil. Ora,
gerenciamento é uma ação, não um existir. Contabilidade Gerencial significa o uso
da contabilidade como instrumento da administração.” (PADOVEZE, 2010, p.40)
A conduta da contabilidade gerencial é pautada no bom-sendo, respeito à ética e
foco nos objetivos da empresa.
De modo geral, todas as transformações tornam o ambiente interno e
externo das organizações extremamente instável, exigindo que os gestores
desenvolvam um conjunto de habilidades para lidar com múltiplas variáveis
com potencial de interferir em suas escolhas estratégicas e operacionais.
(PARISI, 2011, p.2)

Diante disto, a controladoria atende as necessidades dos administradores no que


tange ao uso das informações contábeis para o planejamento e ações relacionadas
à alocação de recursos, identificação de processos ineficientes, avaliação de
desempenho e outras atividades alinhadas com a política da entidade. Destarte, a
contabilidade gerencial tem grande importância e contribuição para o processo
decisório, posto que, contemplam informações e recomendações por ela oferecidas.

2.1.2 Contabilidade de Custos


A contabilidade de custos é um campo de estudo extremamente necessário para a
sobrevivência e a regularização dos negócios. Corresponde ao ramo da
contabilidade que se destina a produzir informações para diversos níveis gerenciais
de uma entidade, como auxílio às funções de planejamento, desempenho, e de
controle das operações e de tomada de decisões.
BRUNI (2011, p.22) expõe que:
A contabilidade de custos pode ser definida como o processo ordenado de
usar os princípios da contabilidade geral para registrar os custos de
operação de um negócio. Dessa forma, com informações coletadas das
operações e das vendas, a administração pode empregar os dados
contábeis e financeiros para estabelecer os custos de produção e
distribuição, unitários ou totais, para um ou para todos os produtos
fabricados ou serviços prestados, além dos custos das outras diversas
funções do negócio, objetivando alcançar uma operação racional, eficiente e
lucrativa.

MARTINS (2010, p.21) complementa:


Devido ao crescimento das empresas, com o consequente aumento da
distância entre administrador e ativos e pessoas administradas, passou a
contabilidade de custos a ser encarada como uma eficiente forma de auxílio
no desempenho dessa nova missão, a gerencial.

A contabilidade de custos apoia-se em métodos de custeio para que o valor a ser


atribuído ao produto seja obtido. Neste sentido, de acordo com as necessidades
gerenciais, a contabilidade de custos vai se organizar em termos de sistemas,
critérios de avaliação e apropriação, e produção de relatórios.
Considerando que o objetivo principal de uma empresa é o lucro, a contabilidade de
custos oferece ao empresário o que é preciso investir para se produzir determinado
produto, por quanto ele poderá ser vendido para se obter algum lucro e qual será
este lucro alcançado ao final do processo.
Essa especialidade é utilizada de forma estratégica, para orientar a gerência na
tomada de decisões e no controle financeiro. Portanto, aplicar a contabilidade de
custos em uma organização é uma decisão crucial para torná-la bem-sucedida. Isso
porque ela engloba uma administração contábil exata, o que é imprescindível
para otimizar os lucros e reduzir gastos .
A apuração do Custo de produção é composta por três elementos: materiais diretos,
mão de obra direta e os custos indiretos de fabricação. Por isso, conhecer os valores
envolvidos na oferta de um produto ou serviço garante uma gestão eficiente que
permite realizar um controle de gastos adequado e fazer previsões importantes para
o futuro dos negócios.

2.2 DESPESAS E CUSTOS


De grande importância para a gestão de negócios, a correta conceituação dos
gastos em custos e despesas se faz necessária já que na contabilidade os custos
integram diretamente o valor do serviço/produto, e as despesas são deduzidas do
resultado apenas na Demonstração do Resultado do Exercício. Neste sentido, este
artigo explora estes conceitos, visto que, quando o produto (custo) é consumido para
prestação de serviço, ou seja, para obter a receita, ele passa a ser considerado uma
despesa.

2.2.1 Despesas
As despesas constituem-se em gastos necessários para produzir receita e
administrar a empresa.
A definição de despesas abrange tanto as perdas quanto as despesas propriamente
ditas que surgem no curso das atividades usuais da entidade. As despesas que
surgem no curso das atividades usuais da entidade incluem, por exemplo, o custo
das vendas, salários e depreciação. Geralmente, tomam a forma de desembolso ou
redução de ativos como caixa e equivalentes de caixa, estoques e ativo imobilizado.
(CPC 00 (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório
Contábil-Financeiro)
As perdas representam outros itens que se enquadram na definição de despesas e
podem ou não surgir no curso das atividades da empresa, representando
decréscimos nos benefícios econômicos.

2.2.2 Custos
Custos são gastos efetuados pela empresa que serão empregados na
produção/prestação do serviço. Compreende-se dessa forma, todos os gastos
ligados a atividade produtiva, pelos quais podem ser quantificados monetariamente.
O estudo dos custos foi sempre uma constante na esfera empresarial,
principalmente quando começou a existir a concorrência, onde se começou a buscar
a maximização do lucro através da redução dos custos e otimização dos processos.
Os custos possuem diversas classificações e formas e apuração, como por exemplo,
os custos diretos e indiretos, fixos e variáveis, semi-diretos e semi-indiretos, semi-
fixos e dos semi-variávei, custo marginal, sistemas de custeio Padrão, ABC e outros.
Por essas classificações e sistemáticas, os custos são facilmente mensurados e
alocados aos produtos através de sistemas de controle.
Segundo BRUNI (2011, p.19) “De modo geral, custos podem ser definidos como
medidas monetárias dos sacrifícios com os quais uma organização tem que arcar a
fim de atingir seus objetivos”.
Os efeitos da má alocação de custos podem ser agravantes, visto que funciona
como poderoso incentivo para os desperdícios de recursos. Desta forma, identificar
corretamente os custos dos produtos ou serviços pode ajudar na definição de quanto
será cobrado por eles, protegendo o objetivo da empresa em obter lucro e evitando
perdas.

2.2.3 Quando o custo torna-se despesa


As despesas correspondem aos gastos com bens e serviços consumidos com a
finalidade de obtenção de receitas. A partir deste conceito, podemos interpretar que
todos os custos incorporados são reconhecidos como despesas, no momento em
que o serviço for prestado, uma vez que foram desmobilizados e consumidos para
realizar a receita.
PADOVEZE (2010, p. 320) trás que “O custo dos produtos, quando vendidos,
transformam-se em despesas”.
Para reforçar MARTINS (2010, p. 26) aborda o seguinte: “Todos os custos que são
ou foram gastos se transformam em despesas quando da entrega dos bens ou
serviços a que se referem”.
Assim, despesa é o valor que se reconhece para obter determinado serviço, e custo
deve ser entendido como o valor de aquisição de um determinado bem. Se uma
empresa adquirir um bem, é estoque (mercadoria para revenda) ou é imobilizado,
(bem para uso próprio). Esses valores correspondem ao custo, que é registrado no
Ativo e não em uma conta de resultado, portanto não pode ser entendido como
despesa, que corresponde àquilo contabilizado nas contas de resultado.
As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado com base na
associação direta entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse processo,
usualmente chamado de confrontação entre despesas e receitas (regime de
competência), envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e
despesas que resultem diretamente ou conjuntamente das mesmas transações ou
outros eventos. Por exemplo, os vários componentes de despesas que integram o
custo das mercadorias vendidas devem ser reconhecidos no mesmo momento em
que a receita derivada da venda das mercadorias é reconhecida.
No decorrer deste trabalho, será utilizado o termo “despesa oculta” visto que se
refere ao gasto já realizado na prestação do serviço e na geração de receita, ou
seja, já está destacada no resultado da atividade.

2.2.3.1 Preço de venda


A base para formação de preços de venda são os custos.
O ponto de equilíbrio corresponde ao ponto em que o total da margem de
contribuição se iguala aos custos e despesas, possibilitando criação de parâmetros
que mostram a capacidade mínima em que a empresa deve operar para não ter
prejuízo.
Portando, o resultado das estimativas de custo proporciona a chance de estabelecer
preços de venda confiáveis, e a base para o controle de custos.

2.2.3.2 Lucro e receita


O Lucro é considerado como a receita total menos todas as despesas da produção
dos bens e serviços vendidos, ou seja, a equação do Lucro é conhecida pela
subtração da receita e a despesa: L(x)=R(x)-D(x)
Sendo a receita definida pelo Pronunciamento Conceitual Básico emitido pelo CPC
como:
aumento nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma
de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos
que resultam em aumentos do patrimônio líquido da entidade e que não
sejam provenientes de aporte de recursos dos proprietários da entidade.

2.3 GESTÃO OPERACIONAL E CONTROLES


As organizações existem para atender a uma necessidade específica da sociedade
de forma contínua e para isso, consomem recursos. Com o ambiente mais
competitivo, há uma pressão muito maior por resultados financeiros, onde as
empresas buscam, continuadamente, superar os concorrentes, através das decisões
dos gestores.
Para tornar estas decisões mais seguras, os gestores precisam realizar
planejamentos, buscando clarear seus objetivos construir um caminho para alcança-
los e se comprometer com o desempenho.
Portanto, na análise de PARISI (2011, p. 100), planejar é criar condições para atingir
um alvo desejado.
O planejamento estratégico é visto como o caminho que a empresa define para
cumprir a sua missão e assegurar a sua continuidade. Enquanto o planejamento
operacional, consiste em um plano de ações que visa otimizar o resultado global da
empresa.
Neste sentido, a gestão empresarial precisa adotar práticas de planejamento e
controle a fim de reduzir as despesas ocultas no processo de prestação do serviço.
O processo contínuo de análise gerencial possibilita a identificaçãodas despesas
ocultas, que correspondem a vantagens perdidas medidas monetariamente com
relação ao que acontece realmente na organização.

2.3.1 Controles internos


Os Controles Internos são os instrumentos da organização destinados à fiscalização
e verificação administrativa, que permitam acompanhar os acontecimentos que se
verificam dentro da empresa e que produzem reflexo em seu patrimônio.
São meios de controles internos todos os registros, livros, formulários, pedidos,
notas, faturas, documentos, guias, impressos, ordens internas, regulamentos e
demais instrumentos de organização administrativa que formem o sistema de
vigilância, fiscalização e verificação utilizado pelos administradores para exercer o
controle sobre todos os fatos ocorridos na empresa e sobre todos os atos praticados
por aqueles que exercem funções direta ou indiretamente relacionadas com a
organização, o patrimônio e o funcionamento da empresa.
Se os Controles Internos forem inadequados, eles causam despesas invisíveis
impossíveis de serem identificadas pela Contabilidade, pois elas são agregadas aos
custos das outras funções.

2.4 AS DESPESAS OCULTAS


Os desvios entre o funcionamento observado e aquele que é considerado o mais
desejado pela empresa podem ser chamados de “disfunções organizacionais”. Estes
desvios geram as despesas ocultas, que não são mensuradas, nem reconhecidas
contabilmente e, consequentemente, são dificilmente controláveis.
As despesas ocultas são o resultado de uma interação entre as estruturas da
empresa e os comportamentos humanos
Assim, além das despesas já mensuradas dentro das organizações como as fixas e
as variáveis, as diretas e as indiretas, manifesta-se a necessidade de apuraras
despesas ocultas como peça fundamental da prestação de serviços, para uma boa
visualização do funcionamento da organização em geral.
Então, as despesas ocultas são aquelas que estão nas organizações, mas não são
mensuradas, e não são medidas pelos sistemas tradicionais de custeio.
Como exemplo de despesas ocultas, existem aquelas derivadas de operação em
baixa qualidade, que desperdiçam tempo e material em esforço de retrabalho,
impedindo, inclusive, que a empresa realize novas receitas.
As despesas ocultas podem ser formadas por alguns componentes, como o
dispêndio que a empresa poderia evitar, ao menos parcialmente, se seu nível de
disfunção fosse menos elevado (exemplo: sobre-salários, remuneração dos tempos
de regulação, e o sobre-consumo). Outro componente das despesas ocultas é de
natureza particular, pois não constitui propriamente uma atividade, mas, sobretudo,
um não serviço ou uma perda de receitas de produção. Trata-se das ocasiões
perdidas com relação a realizar e vender um produto ou serviço.
As despesas ocultas são compostas por alguns elementos dentro da organização,
podem ser eles:
• despesas de absenteísmo: tempo passado na realocação das tarefas, não
prestação, deficiência de qualidade, despesas extras salariais (horas suplementares,
pessoal adicional), sub-produtividade dos funcionários substituintes;
• despesas de acidentes de trabalho: salários de ausente substituído, tempo
passado pelos supervisores na regulação não produção (parada), procedimentos
administrativos de declaração à previdência social;
• despesas de rotação de pessoal: custo de recrutamento, custo de formação,
procedimentos de rescisão, desordem da atividade, investimento em recursos
humanos efetuados sobre o substituinte;
• despesa de não qualidade: despesa do re-atendimento, tempo passado, consumo
de material e energia, perda de atendimentos durante o tempo que se passa
resolvendo essa demanda ao invés de atender novos clientes;
• despesas ligadas à produtividade direta: consumo extra de matérias-primas e de
material secundário, não produção representada por uma diferença a ganhar, ligada
seja às paradas de máquinas, seja a uma menor produtividade do trabalho humano
(habilidade, rapidez), seja a problemas de fornecimento e de ritmo entre postos de
trabalho.
Desta forma, o estudo das despesas ocultas nas organizações prestadoras de
serviço é de grande valia, visto que ele identificará onde existem as disfunções que
empatam o crescimento e a boa qualidade da prestação dos serviços.

2.5 OS IMPACTOS DAS DESPESAS OCULTAS


Quando as despesas não são corretamente mensuradas e identificadas, a empresa
fica suscetível ao risco das tomadas de decisões, visto que existe a carência das
informações precisamente corretas. E nesse sentido, o risco incorre incerteza e
consequentemente possibilidade de perda.
As despesas ocultas, não representam essencialmente um gasto no sentido
contábil, uma vez que não são facilmente mensuráveis e acabam sendo
incorporadas junto a outras contas. Na realidade, essas despesas causam uma
redução no resultado e/ou na lucratividade porque não havia a necessidade de
realizar o dispêndio.
Por isso, salienta-se que o problema das despesas empresariais vai além daquelas
que podem ser registrados pela Contabilidade. O problema está presente em todas
as decisões relacionadas com a gestão do negócio. Isto porque os ganhos possíveis
e não realizados também são consideradas despesas
As despesas ocultas são evidenciadas pelo resultado de uma equação que
contrapõe o resultado do desempenho ideal com o resultado do desempenho real da
empresa, ou seja, “Despesa oculta = Desempenho Real - Desempenho Ideal”, ou
então, podemos considerar que para alcançar o Desempenho Ideal é preciso
eliminar as despesas ocultas do desempenho real. Neste caso, elas não
representam prejuízos ou um gasto, mas sim uma perda na receita.
“O resultado final da empresa será o somatório do resultado de cada atividade.
Dessa forma, o melhor resultado de cada atividade conduzirá ao melhor resultado da
empresa e à máxima eficácia empresarial”. (PADOVEZE, 2010, p.275)
Portanto, para alcançar a maior lucratividade na empresa, é preciso eliminar
despesas ocultas, que atrapalham o atendimento a novos clientes, e impedem a
geração de novas receitas, devido a atividades decorrentes de má gestão ou má
realização do trabalho, ocasionando re-trabalho, perda de tempo e utilização de
novos materiais.

3 METODOLOGIA
Na metodologia estão descritos os métodos utilizados para as pesquisas, bem como
os procedimentos que serão utilizados para a análise e elaboração do estudo de
caso.

3.1 MÉTODO
Para este estudo, foi utilizado o método dedutivo, que parte da compreensão da
regra geral para então compreender os casos específicos e particulares.
O método dedutivo é um processo de análise de informações reconhecidas como
verdadeiras - premissa maior - estabelecidas relações com premissas menores que
levam a uma conclusão. Nesse sentido, são encontradas condições necessárias
para as proposições verdadeiras, para que, por fim, obtenham-se conclusões
verdadeiras.

3.2 TIPOLOGIA QUANTO AO OBJETIVO


Dentre os tipos de pesquisas possíveis – exploratória, descritiva e explicativa - esta
pesquisa pode ser considerada exploratória, pois objetiva explorar os problemas
acerca das despesas ocultas da empresa a partir do estudo de caso, com a
finalidade de torná-lo mais explícito e permitir a construção de teorias.

3.3 DO PONTO DE VISTA DA ABORDAGEM


Considerando o caráter bibliográfico da pesquisa, consiste em um campo vasto
sobre temas isolados por cada um dos capítulos estudados, que permite a
interpretação dos dados levantados.
Desta forma que a presente pesquisa se classifica como qualitativa, por englobar
diferentes conceitos da literatura acadêmica a fim de encontrar soluções para o
problema proposto, bem como compreender e interpretar os comportamentos das
despesas ocultas.

3.4 FONTES DE PESQUISA


No presente trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas, documentais, em
trabalhos disponíveis em meios acadêmicos, leis, normas e sites na área contábil e
jurídica. Para dar sustentabilidade prática ao que foi discutido durante o trabalho,
será realizado estudo de caso dentro de uma empresa e através de observações
direta do processo. Esta pesquisa apresentada é classificada como aplicada, uma
vez que objetiva subsidiar a resolução de um problema prático.

3.5 ESTUDO DE CASO


No presente artigo será adotado o Estudo de Caso, a fim de reunir informações
detalhadas e sistemáticas acerca da problemática proposta.
O estudo de caso é o método mais adequado para conhecer as nuances de um
determinado fenômeno organizacional.

3.6 DO PONTO DE VISTA DOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS


Quanto aos procedimentos técnicos da pesquisa, ou seja, a maneira pela qual se
conduz o estudo e se obtêm os dados, foram utilizados, a pesquisa documental e o
estudo de caso.
Os dados primários foram coletados por meio de observações ao longo do período
na empresa estudo de caso. Os procedimentos a serem adotados visando coletar
as informações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa deram-se através da
análise documental, fornecidos pela área da controladoria e financeira da empresa,
visando a descoberta da existência e levantamento de despesas ocultas e análise
destas. Por fim, realizaram-se as observações sistemáticas de todo o processo
produtivo através de visitas técnicas. Assim, sendo observados, de modo
intencional, os aspectos relacionados com a gestão econômica e o processo
produtivo do empreendimento estudado.
Esta pesquisa tem por objetivo estabelecer uma série de compreensões no sentido
de descobrir respostas para as indagações e questões que existem neste ramo do
conhecimento contábil, envolvendo o mundo social e empresarial.

3.7 TRATAMENTO DE DADOS


Após encerrar a etapa de coleta de dados, passamos para a análise e interpretação
dos dados que foram coletados.
No presente trabalho, a análise e interpretação dos dados foram feitos com base no
referencial teórico desenvolvido, onde foi feito uma análise do lucro realizado e do
lucro ideal a partir do confronto das receitas e despesas (com e sem a eliminação
das ocultas). Cujo estudo de caso faz parte do trabalho, pois, envolve o estudo
profundo de objetos de maneira que se permitem o seu conhecimento e
interpretação.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS


Nesta seção apresenta-se a empresa e o resultado prático do estudo realizado. Para
tanto, consiste na apuração do lucro ideal a partir da eliminação de despesas ocultas
realizadas na entidade, restrita somente aos atendimentos de primeira consulta. O
período de apuração dos dados é de julho a setembro, ano 2017, sendo a análise e
comparação dos resultados obtidos referentes ao mesmo período. Importante
salientar que, os resultados desta pesquisa foram limitados à análise do lucro
proveniente do atendimento de primeiras consultas e os dispêndios com retornos,
sem contemplar outras despesas derivadas da prestação de serviço, inclusive
impostos, rateio de energia elétrica, amortização dos equipamentos e sistemas,
higienização, e outros.

4.1 A EMPRESA
A empresa a ser considerada para fins do estudo é uma pessoa jurídica prestadora
de serviços, que por motivos de precaução não pode ter sua razão social divulgada,
localizada em Salvador/BA. A organização caracteriza-se por oferecer prestação de
serviços especializados de medicina e reprodução assistida.
Em função das atividades desenvolvidas pela empresa, o quadro de funcionários
obedece a uma média mensal de trinta colaboradores, entre auxiliares de limpeza,
recepcionistas, assistentes, médicos, enfermeiros, técnicos, biólogos, biomédicos,
embriologistas, e administração, conforme o nível de atividades da organização no
período.
Quanto à gestão operacional e execução das atividades para a prestação dos
serviços, requisito base para fins de apuração das despesas ocultas da organização,
a empresa possui estoque estruturado, porém não concede treinamentos periódicos
aos colaboradores.
Esta razão faz com que as características da organização sirvam ao foco do estudo,
que se destina a apontar que a melhor gestão de pessoas e de materiais evita
perdas (de receita e geração de desperdícios) que impactam no resultado financeiro.

4.2 DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE


Nesta seção, serão apresentados os procedimentos até a conclusão do serviço em
estudo, e a apuração dos seus custos diretos e indiretos, a fim de facilitar a
apuração do lucro nas próximas seções.
Não entrarão nos custos, gastos relativos a rateio: de energia elétrica, água, café,
chá ou chocolate, oferecidos aos pacientes, bem como serviços de manobrista.
PASSO 1: Paciente entra em contato com a empresa para marcação de consulta ,
média de tempo na ligação: 5 min (dedicação de tempo da recepcionista)
PASSO 2: O dia do atendimento: logo quando o paciente chega, é recebido pelo
recepcionista que comunica a enfermagem sobre sua chegada (espera na recepção,
máximo de 5 min de boas vindas – entrega de documentos e realização de
cadastro).
PASSO 3: A enfermeira realiza admissão do paciente a partir da abertura de
consulta, anamnese e histórico, e faz a apresentação das instalações da clínica
(cerca de 20 min. de atendimento).
PASSO 4: O paciente é, então direcionado ao médico pelo assistente de consultório
para realização da consulta. A primeira consulta dura em torno de 40 min. com a
finalidade de o médico investigar os exames que a paciente já possui, realizar uma
ultrassom, e indicar o tratamento mais apropriado ao caso.
PASSO 5: O paciente é encaminhado ao financeiro pela assistente para realização
do pagamento da primeira consulta, emite nota fiscal, apresentação dos orçamentos
referente ao tratamento de reprodução assistida indicado e pesquisa de satisfação,
em média 20 min. de atendimento.
Neste momento, o paciente é liberado para possíveis realizações de novos exames,
análise do orçamento e programação pessoal, resguardado o direito de retorno em
até 60 dias sem novas cobranças.
Durante este processo, as despesas ocultas estão inseridas em diversos momentos,
podendo citar: o não esclarecimento de todas as dúvidas dos pacientes,
ocasionando o retorno somente para esclarecê-las sem assinatura do contrato;
tempo de espera pelo médico, ocasionando muitas vezes atrasos e insatisfação do
paciente; a deficiência na explicação ao paciente dos procedimentos e seus valores;
problemas na qualidade de atendimento gerando gastos indevidamente.
Neste sentido, as despesas citadas são constituídas, por exemplo: a temporalidade,
ou seja, o valor/hora dos funcionários responsáveis pelo retrabalho; perdas de
clientes e a não conversão em tratamento, ou seja, a não geração de nova receita;
necessidade de conceder descontos, que diminuem a margem de lucro; o tempo
dispendido sem atender novos pacientes; utilização extra de ferramentas e materiais
colocados à disposição pela empresa.

4.3 APURAÇÃO DO LUCRO DO PERÍODO

4.4 APURAÇÃO DO LUCRO IDEAL

4.5 RESUMO E ANÁLISE COMPARATIVA DOS LUCROS


(USAR GRÁFICO)

É importante observar que, os elementos de despesas ocultas, promovem a


medição do desempenho da empresa, permitindo a indicação de suas taxas de
improdutividade. A mensuração e controle destes índices são fundamentais para a
alavancagem do sucesso desejado.
Para redução das despesas ocultas os gestores precisam diagnosticá-los e
promoverem mudanças comportamentais, entre as quais reconhecerem a existência
nas atividades cotidianas incluindo programas de treinamento e desenvolvimento de
equipes.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

NOCIVIDADE DAS DESPESAS OCULTAS -> LUCRO IDEAL X LUCRO OBTIDO ->
INFORMAÇÕES PARA SUBSIDIAR A TOMADA DE DECISÕES PELOS
ADMINISTRADORES E ALCANÇAR O LUCRO IDEAL.
A diferença entre o funcionamento esperado e o funcionamento atingido, é causada
pelas despesas ocultas das empresas e estas afetam sua performance econômica.
O processo de eliminação das despesas ocultas é contínuo, visto que estão
relacionados à estrutura e ao comportamento. Para reduzi-los, entretanto, é
necessário entender e envolver a equipe e atuar sobre os motivos das disfunções
que afetam processos, procedimento, atividades e tarefas.
Referências

http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf
http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/332_CPC%2030%20(R1)%203110
2012-limpo%20final.pdf
https://www.classecontabil.com.br/artigos/afinal-custo-ou-despesa

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