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HISTÓRIA INTERNA DA LÍNGUA PORTUGUESA

INTRODUÇÃO

A história da língua portuguesa começa a partir do momento em que o


latim deu origem a duas novas variantes: o clássico e o vulgar. É importante
deixar claro que essas duas vertentes não podem ser vistas como línguas
diferentes, mas apenas duas modalidades do mesmo idioma.
Sendo assim, é possível dizer que o clássico era a variante ensinada
nas escolas e usada pela elite romana, por eruditos e escritores e que o vulgar
era a vertente popular usada no cotidiano, ou seja, a língua viva. As duas
formas do latim eram denominadas pelos romanos respectivamente como:
sermo urbanus e sermo vulgaris.
Após a queda do Império Romano do Ocidente, no século V, o latim
vulgar é adotado como idioma comum de muitos povos diferentes e continua a
evoluir e se diversificar, dando origem aos diferentes romances, que serão a
base para o nascimento das línguas neolatinas ou românicas, que são: o
português, o espanhol, o catalão, o francês, o italiano, o rético, o dalmático, o
romeno e o sardo. Portanto, pode-se afirmar que a língua portuguesa veio do
latim vulgar introduzido na Península Ibérica pelos romanos.

Mudanças fonológicas

O processo de transformação que terminou no surgimento da língua


portuguesa teve início justamente nas modificações que levaram o latim
clássico a dar origem à sua variante vulgar. A primeira diferença entre as duas
modalidades acontece quando, no latim vulgar, a vogal da penúltima sílaba é
seguida de um grupo consonântico constituído de oclusiva + r. Neste caso o
acento cai sempre nesta sílaba, diferentemente do acento clássico, que
dependia da quantidade da vogal, da mesma forma que as demais sílabas
abertas: Isso faz com que haja no latim vulgar predomínio do acento sobre a
penúltima sílaba, como ainda acontece no português atual.
A segunda diferença se verifica no deslocamento do acento
proparoxítono clássico para o paroxítono no vulgar. Enquanto o acento caía em
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um e ou i em hiatos posicionados na antepenúltima sílaba, segundo as regras


de acentuação do latim clássico, no latim vulgar a tendência é deslocar o
acento para a vogal seguinte: Outra diferença atinge a configuração dos
ditongos, que são três em latim clássico ae, au, oe, exemplificados,
respectivamente, em vitae, taurum e poena, e o latim vulgar os reduz a uma só
vogal.
O sistema vocálico apresentava no latim clássico as mesmas cinco
vogais da atualidade; no entanto, devido ao timbre breve ou longo que as
caracterizava, elas são em número de dez. A tendência do vulgar é ir
suprimindo a diferença de pronúncia e elas se simplificam em cinco, já não se
dando mais importância à pronúncia, como hoje se verifica.
No latim clássico, o sistema das consoantes, por sua vez, era formado
de dezessete sons, incluindo as semivogais j e w e a aspirada h. Outras
modificações envolvem as consoantes t, d, n, l, r, que, se pronunciadas na
região labiodental, passam a ser articuladas na área dental anterior. Outra
mudança faz a consoante f mudar de ponto de articulação de bilateral para
labiodental, assim como houve o acréscimo no quadro fonológico da consoante
v fricativa sonora no lugar de articulação labiodental.
Outras mudanças: - A palatização das velares em que a consoante g
antes de e, i conserva o seu som velar (agiar > aguiar; agia > aja). No latim
vulgar, a pronúncia das velares, mesmo diante das anteriores e, i, passou a ser
palatal; em seguida, no período românico, a pronúncia apresentou evolução
diferenciada entre regiões. A consoante c no início da palavra, em alguns
casos, transformou-se em g (cattum > gato). - A africação da labial b passa a v
em posição intervocálica; já em posição inicial mantém-se: faba > fava / nubem
> nuvem - A queda do h, que nas línguas românicas não é pronunciado: omine
> hominem. - No que diz respeito às oclusivas surdas intervocálicas, existe
tendência à sonorização devido à própria sonoridade das vogais, a exemplo de
totu > todo; amicu > amigo. - Um outro dado é a queda das consoantes finais:
cai o m / n (exceto nos monossílabos) e caem n, t, s: lumen > lume; cantat >
canta. Em outros casos, ocorre metástase com a migração do r final: semper >
sempre; super > sobre.
Com relação às palavras iniciadas com s seguido de c, p, t, surge um i
hipotético que geralmente se torna e (sacala > escala; status > estado; spata >
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espada. A língua portuguesa tem fartos exemplos desta evolução. - Os grupos


pl, cl, tl, fl tendem a modificar-se em ch (chuva, chuva, vetulus > vetlo> velho,
chama).

Vocalismo

A oposição vogal breve/longa era um traço do sistema fonológico do


latim clássico. Assim, por meio dessa oposição, distinguiam-se casos, como o
nominativo rosă do ablativo rosā, o presente lĕgit (lê) do passado lēgit (leu), o
adjetivo mălum (mau) do substantivo mālum (maçã) ou valores semânticos do
tipo dĭco (consagro)/dīco (digo). Com a perda da quantidade vocálica no LV, as
vogais passaram a distinguir-se pela qualidade (timbre aberto/fechado),
criando-se o seguinte quadro de correspondências: ā, ă> a, ĕ > é, ē, ĭ > ê, ī >
i, ŏ > ó, ō, ŭ > ô, ū > u. Em outras palavras, no latim clássico havia dez vogais;
no vulgar 7 vogais e, no português, 7 vogais tônicas.
Na evolução do latim vulgar para o português, o que vai acontecer com
as vogais depende de sua posição na sílaba. No geral, as tônicas
permanecem: mare > mar, vita > vida, sapore > sabor. Com relação às átonas
pré-tônicas, ocorre o seguinte: a) iniciais – conservam-se (amare > amar),
sofrendo aférese em alguns casos (acume > gume); b) mediais – sofrem
síncope: honorare > honrar. Quanto às vogais pós-tônicas, temos: a) mediais –
síncope: calidu > caldo, lepore > lebre; b) finais – conservam-se: rosa > rosa;
modificam-se: dixi > disse, amicu > amigo; o -e final sofre apócope quando
precedido de -l : male > mal, -n: bene > bem, -r: amare > amar, -s: mense >
mês, -z: vice > *veze > vez; o -e final conservou-se nos demais casos: nocte >
noite, hodie > hoje, ipse > esse, salute > saúde.
Na evolução dos ditongos latinos para o português, ocorre o seguinte: a)
-ae- tônico > -é-: saeculu > século, caecu > cego; -ae- átono > -ê- ou -i-
: aestimare > estimar, aetate > idade; b) -oe- > -ê-: poena > pena, foedu > feo
(arc.) feio; c) -au- > -ou- (criação românica): auru > ouro, causa > cousa >
coisa. -au- > -o- (por razões dialetais): pauper > *popere >
pobre, auricula > oricla > orelha. Como criações românicas, surgem ainda
outros ditongos: a) por vocalização: -ei-: lacte > *laite > leite, regnu > reino; -oi-
: nocte > noite; -ou-: alteru >*autru > outro; b) por síncope da consoante medial:
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-ão: manu > mão; -ães/-ões: panes > pães, leones > leões; -ai-: vanitate >
vaidade; c) por epêntese de uma semivogal: -ei-: credo > creo > creio; d) por
oclusão: -éu-: velu > *velo > veo > véu; -au-: malu > *malo > mao > mau; e) por
metátese: -ai-: rapia > *rabia > raiva.
Os hiatos em português têm sua origem na síncope de uma consoante
medial, sobretudo o -l- e o -n-, esta a partir do século XI. A tendência da língua,
entretanto, tem sido evitar os hiatos: a) por crase: colore > coor > cor, dolore >
door > dor, sedere > seer > ser; b) por oclusão: ego > *eo > eu, caelu > *celo >
céo > céu; c) por ditongação (epêntese de um iode): avena > avẽa > avea >
aveia, foedu > *fedo > feo > feio.
A nasalização da vogal anterior pelo -n- e sua posterior síncope
trouxeram repercussões para a fonologia portuguesa, representadas, por
exemplo pela presença de vogais nasais em diversas palavras, como vi(n)u
> vĩo > vinho, la(n)a > lãã >lã, matia(n)a > maçãã > maçã. No caso do -l-
intervocálico, é a sua síncope que justifica formas de plural
como sóis (< soes < soles) e animais (< animaes < *animales). Na morfologia,
a queda do -n- intervocálico produziu o ditongo -ão (grã(n)u > grão), com sua
tríplice possibilidade de plural: em -ãos (gra(n)os > grãos), -ães (pa(n)es >
pães) e -ões (leo(n)es > leões).

Consonantismo

As consoantes iniciais do latim vulgar, de um modo geral, se conservam


na passagem para o português: bucca > boca, cabbalu > cavalo, dare >
dar, feroce > feroz, gutta > gota, lacu > lago, male > mal, nocte > noite, pace >
paz, rivu > rio, siccu > seco, tauru > touro. São raras as alterações: cattu >
gato, vessica > bexiga, pallore > bolor. As consoantes mediais surdas passam
a sonoras: sapere > saber, vita > vida, pacare > pagar, facere >
fazer, profectu > proveito, rosa > rosa (/rossa/ > /roza/). As mediais sonoras
têm três destinos: a) síncope: crudu > cruu > cru, gelare > gear, granu >
grão, lana > lãa > lã, persona > pessõa > pessoa; b) permanência: paganu >
pagão, amare > amar; c) alteração: dubitare > duvidar (degeneração -b- > -v-).
Quanto às consoantes finais, todas sofreram apócope, exceto o -s: Deus >
Deus, Marcus > Marcos, amas > amas, debemus > devemos, magis > mais; o -
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r permaneceu sofrendo metátese: semper > sempre, quattor > quatro, super >
sobre; o -m final, que já era muito débil, tanto no latim clássico quanto no latim
vulgar, permaneceu na escrita, como grafema, para indicar a ressonância
nasal: cum > com, quem > quem.
Quanto aos grupos consonantais, de maneira resumida, os casos
principais são esses: os grupos iniciais terminados em -r se conservam: cruce >
cruz, dracone > dragão, gradu > grau, pratu > prado; os terminados em -
l sofrem palatalização, uma das inovações do galego-português (clave >
chave, flamma > chama, pluvia > chuva), ou modificam o -l- para -r (clavu >
cravo, flaccu > fraco, placere > prazer).
Dentre os grupos consonantais mediais, destacam-se os representados
pelas consoantes duplas ou geminadas (grupos homogêneos). Como estas
eram pronunciadas duplamente, sofreram apenas simplificação, no próprio
latim vulgar, ao contrário das consoantes simples, que desapareceram ou
sofreram algum tipo de alteração. Ex.: sabbatu > sábado, bucca >
boca, additione > adição, effectu > efeito, aggravare > agravar, capillu >
cabelo, flamma > chama, pannu > pano, suppa > sopa, gutta > gota.
Alguns grupos consonantais mediais formaram-se pela síncope de uma
consoante medial, no próprio latim vulgar, outros já existiam, sofrendo diversos
tipos de evolução. Por exemplo: a) palatalização (dígrafos -lh- e -ch-): oc(u)lu >
olho, teg(u)la > telha (a par de reg(u)la > regra), rot(u)la > *rocla >
rolha, inflare > inchar; b) conservação: membru > membro, nigru >
negro, intrare > entrar; c) alteração: lacrima > lágrima, duplare >
dobrar, lepore > *leb(o)re > lebre. Nos grupos consonantais disjuntos (em
sílabas diferentes), do tipo -ps-, -rs-, a segunda consoante assimilou a primeira
(assimilação regressiva): ipse > esse, persicu > pêssego.

Leis Fonéticas e Metaplasmos

Assim como ocorre com as demais línguas humanas, alguns princípios


regem as línguas românicas, especialmente no que diz respeito às suas
transformações ao longo da história. Uma dessas forças é conhecida como
“leis fonéticas”, as quais referem-se a determinados princípios pelos quais as
mudanças linguísticas se realizam. Entre as mudanças provocadas pelas leis
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fonéticas podemos destacar os metaplasmos, que são transformações


fonéticas que algumas palavras sofrem ao longo da evolução de uma língua.
Essas mudanças ocorrem por conta das tendências das transformações.
A lei fonética relaciona um dado linguístico pertencente à língua de origem com
outro pertencente às dela derivadas. Além disso, elas podem ser motivadas
pela permuta, pelo acréscimo, pela subtração, pela supressão e pela
transposição de fonemas.
Os metaplasmos por permuta são aqueles que se destacam através
da substituição ou troca de um fonema por outro. Eles classificam-se em: a)
vocalização - consiste na transformação de uma consoante em vogal. Através
desse fenômeno, é possível vocalizar em i ou u as primeiras consoantes dos
grupos ct, lt, pt, lc, lp, bs, gn. Exemplo: nocte > noite, factu >feito, regnu >
reino; b) consonantização - transformação de um som vocálico num consoante.
Acontece consonantização entre as semivogais i e u que passam a ser j ou v.
Exemplo: iam > já, uita > vida uacca > vaca; c) sonorização - transformação de
um fonema surdo por um sonoro homorgânico. A sonorização só acontece
quando uma consoante surda encontra-se entre vogais. São consoantes
surdas: p, t, c, f. Em geral, as trocas acontecem: P e B (capio > caibo); T e D
(cito > cedo);. C e G (acutu > agudo); C(+e,+i) e Z (acetu > azedo); F e V
(aurifice > ourives). Há ainda os casos particulares: pode acontecer de o b virar
v nesse caso ocorre um processo denominado de degeneração (perde as
qualidades primitivas). Ex.: caballu > cavalo, faba > fava; d) assimilação -
transformação de dois fonemas diferentes em dois iguais. A assimilação pode
ser vocálica e consonantal, total e parcial, progressiva e regressiva.
Assimilação vocálica: acontece quando o fonema que se assimila é uma vogal.
Ex.: novac(u)la > navalha. Assimilação consonantal: persona > pessoa.
Assimilação total (completa): ocorre quando o fonema assimilado é igual ao
fonema assimilador. Ex.: mirabilia > maravilha. Assimilação parcial
(incompleta): ocorre quando o fonema assimilado apenas se assemelha ao
fonema assimilador. Ex.: auru > ouro. Assimilação progressiva: acontece
quando o fonema assimilador se encontra antes do fonema assimilado (um
fonema assimila outro que lhe é posterior). Ex.: nostro > nosso. Assimilação
regressiva: opera-se da frente para trás (um fonema assimila outro que lhe é
anterior). Ex.: pedir (petire por petere); e) nasalização - quando um fonema oral
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se transforma em um fonema nasal, ocorre uma nasalização. Exemplo: mihi >


mi i> mi > mim. f) desnasalização: é a transformação de um fonema nasal em
oral. Ex.: bona > boa; virgem > virgem; g) dissimilação: permuta de um fonema
por outro por já haver um fonema igual a este na palavra. O fonema que muda
é chamado dissimilado e o que permanece intacto é chamado dissimilador; h)
Consonantal: é quando os fonemas que se repetem são consoantes. Ex.:
memorare > membrar > lembrar. Vocálica: é quando os fonemas que se
repetem são vogais. Exemplo: rotundo > rodondo > redondo. Progressiva:
quando o fonema permutado (dissimilado) está depois do fonema considerado
dissimilador. Exemplo: liliu > lírio. Regressiva: quando o dissimilado está antes
do dissimilador. Exemplo: parábola > paravra > palavra; i) Ditongação: também
conhecido por alargamento, é transformação de um monotongo (hiato ou vogal)
em ditongo. Exemplo: arena > área > areia, j) Monotongação (Redução): é a
redução de um ditongo a um monotongo, que ocorre diante da tendência
histórica de se apagar a semivogal. Exemplo: eiclesiam> eiclesia > eicresia >
eigreja > igreja; k) Palatização - Entende-se como a transformação de um ou
mais fonemas numa palatal; l). Assibilação - Trata-se de um fenómeno que
consiste em transformar um ou mais fonemas numa sibilante; m) Apofonia -
Processo de mudança do timbre vocálico por efeito da contração de um radical
com um prefixo. Exemplos: In + barba > imberbe.
Os metaplasmos por aumento são caracterizados pelo adicionamento
de fonema às palavras. Pertencem a esse processo: a prótese ou próstese; a
epêntese; a anaplixe e a paragoge ou epítase. Vejamos:a) Prótese ou próstese
- Acréscimo de um fonema no início do vocábulo. Ex: stare > estar (Obs: a
prótese em português provém muitas vezes da a aglutinação do artigo: Ex:
minacia > ameaça mora > amora); b) Epêntese - Acréscimo de fonema no meio
do vocábulo. Ex: stella > estrela; c) Anaptixe: consiste em desfazer um grupo
de consoantes pela intercalação de uma vogal. Ex: grupa (>kruppa, germ.) >
garupa; d) Paragoge: adição de fonema no fim do vocábulo. Ex: ante > antes.
Os metaplasmos por diminuição ou subtração se dividem em: a)
Aférese: é a supressão de um fonema no início do vocábulo. Ex: acume >
agume > gume; b) Síncope: é a supressão de um fonema no meio do vocábulo.
Ex: legenda > leenda > lenda; c) Apócope: supressão de fonema no fim do
vocábulo. Ex: maré > mar; d) Crase: fusão de duas vogais em uma. Ex: colore
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> coor > cor; e) Haplologia: é a síncope especial que consiste na queda de uma
silaba medial, por haver outra idêntica ou quase idêntica na mesma palavra.
Ex: bondadoso > bondoso.
Os metaplasmos por transposição ocorrem através do deslocamento
de fonemas nas sílabas; daí se originam a Metátese, a Hipértese e o
Hiperbibasmo: a) Metátese: trata-se do deslocamento do fonema na mesma
sílaba. Ex: semper> sempre; b) Hipértese: é a transposição do fonema para
uma sílaba diferente. Ex: tenebram> treva; c) Hiperbibasmo: trata-se da
deslocação do acento tônico, este se divide em Sístole e Diástole. Na sístole o
acento vai para a sílaba anterior: erámus > éramos; seiva > seiva. Na diástole a
tonicidade é posposta: océanu > oceano; júdice > juiz; mulíere > mulher.

Bibliografia

COUTINHO, Ismael de L. Pontos de gramática histórica. 7. ed. Rio de


Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976.

FARACO, Carlos A. Linguística Histórica: uma introdução ao estudo da


história das línguas. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

ILARI, R. Linguística românica. 4. ed. São Paulo: Ática, 2006.

MELO, Gladstone C. de. Iniciação à Filologia à Linguística Portuguesa.


Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico. 1981.

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