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INTRODUÇÃO
Mudanças fonológicas
Vocalismo
-ão: manu > mão; -ães/-ões: panes > pães, leones > leões; -ai-: vanitate >
vaidade; c) por epêntese de uma semivogal: -ei-: credo > creo > creio; d) por
oclusão: -éu-: velu > *velo > veo > véu; -au-: malu > *malo > mao > mau; e) por
metátese: -ai-: rapia > *rabia > raiva.
Os hiatos em português têm sua origem na síncope de uma consoante
medial, sobretudo o -l- e o -n-, esta a partir do século XI. A tendência da língua,
entretanto, tem sido evitar os hiatos: a) por crase: colore > coor > cor, dolore >
door > dor, sedere > seer > ser; b) por oclusão: ego > *eo > eu, caelu > *celo >
céo > céu; c) por ditongação (epêntese de um iode): avena > avẽa > avea >
aveia, foedu > *fedo > feo > feio.
A nasalização da vogal anterior pelo -n- e sua posterior síncope
trouxeram repercussões para a fonologia portuguesa, representadas, por
exemplo pela presença de vogais nasais em diversas palavras, como vi(n)u
> vĩo > vinho, la(n)a > lãã >lã, matia(n)a > maçãã > maçã. No caso do -l-
intervocálico, é a sua síncope que justifica formas de plural
como sóis (< soes < soles) e animais (< animaes < *animales). Na morfologia,
a queda do -n- intervocálico produziu o ditongo -ão (grã(n)u > grão), com sua
tríplice possibilidade de plural: em -ãos (gra(n)os > grãos), -ães (pa(n)es >
pães) e -ões (leo(n)es > leões).
Consonantismo
r permaneceu sofrendo metátese: semper > sempre, quattor > quatro, super >
sobre; o -m final, que já era muito débil, tanto no latim clássico quanto no latim
vulgar, permaneceu na escrita, como grafema, para indicar a ressonância
nasal: cum > com, quem > quem.
Quanto aos grupos consonantais, de maneira resumida, os casos
principais são esses: os grupos iniciais terminados em -r se conservam: cruce >
cruz, dracone > dragão, gradu > grau, pratu > prado; os terminados em -
l sofrem palatalização, uma das inovações do galego-português (clave >
chave, flamma > chama, pluvia > chuva), ou modificam o -l- para -r (clavu >
cravo, flaccu > fraco, placere > prazer).
Dentre os grupos consonantais mediais, destacam-se os representados
pelas consoantes duplas ou geminadas (grupos homogêneos). Como estas
eram pronunciadas duplamente, sofreram apenas simplificação, no próprio
latim vulgar, ao contrário das consoantes simples, que desapareceram ou
sofreram algum tipo de alteração. Ex.: sabbatu > sábado, bucca >
boca, additione > adição, effectu > efeito, aggravare > agravar, capillu >
cabelo, flamma > chama, pannu > pano, suppa > sopa, gutta > gota.
Alguns grupos consonantais mediais formaram-se pela síncope de uma
consoante medial, no próprio latim vulgar, outros já existiam, sofrendo diversos
tipos de evolução. Por exemplo: a) palatalização (dígrafos -lh- e -ch-): oc(u)lu >
olho, teg(u)la > telha (a par de reg(u)la > regra), rot(u)la > *rocla >
rolha, inflare > inchar; b) conservação: membru > membro, nigru >
negro, intrare > entrar; c) alteração: lacrima > lágrima, duplare >
dobrar, lepore > *leb(o)re > lebre. Nos grupos consonantais disjuntos (em
sílabas diferentes), do tipo -ps-, -rs-, a segunda consoante assimilou a primeira
(assimilação regressiva): ipse > esse, persicu > pêssego.
> coor > cor; e) Haplologia: é a síncope especial que consiste na queda de uma
silaba medial, por haver outra idêntica ou quase idêntica na mesma palavra.
Ex: bondadoso > bondoso.
Os metaplasmos por transposição ocorrem através do deslocamento
de fonemas nas sílabas; daí se originam a Metátese, a Hipértese e o
Hiperbibasmo: a) Metátese: trata-se do deslocamento do fonema na mesma
sílaba. Ex: semper> sempre; b) Hipértese: é a transposição do fonema para
uma sílaba diferente. Ex: tenebram> treva; c) Hiperbibasmo: trata-se da
deslocação do acento tônico, este se divide em Sístole e Diástole. Na sístole o
acento vai para a sílaba anterior: erámus > éramos; seiva > seiva. Na diástole a
tonicidade é posposta: océanu > oceano; júdice > juiz; mulíere > mulher.
Bibliografia