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VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM MODULAR - I

Curso de Arquitetura e Urbanismo


Disciplina: Conforto Ambiental – Lumínico
Professora: MSc. Juliana Mara B.M. Hybiner
Aluna: Ludimila Marielle de Paula Placides

ANÁLISE DO CONFORTO AMBIENTAL – CATEDRAL DE BRASÍLIA

A Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, também conhecida


como “Catedral de Brasília”, foi o primeiro monumento a ser criado na cidade de
Brasília. Projetada pelo Arquiteto Oscar Niemeyer, foi construída entre os anos
de 1959 e 1970 e integra o conjunto de edifícios que compõem o Eixo
Monumental da capital brasileira: Distrito Federal.
Inaugurada em 31 de maio de 1970, a Catedral que possui formato
hiperboloide, tem estrutura composta por 16 pilares em concreto armado que se
inclinam até tocar uns aos outros, 40 m de altura, 70 m de diâmetro e é rodeada
por um espelho d’água.

Construção da Catedral de Brasília


Fonte: https://blogdopetcivil.com/2017/08/18/olhares-sobre-a-cidade-catedral-de-brasilia/

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Construção da Catedral de Brasília
Fonte: https://blogdopetcivil.com/2017/08/18/olhares-sobre-a-cidade-catedral-de-brasilia/

Espelho d’água que circunda a Catedral.


Fonte: http://www.archtay.com/2014/09/catedral-de-brasilia-oscar-niemeyer.html

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Espelho d’água que circunda a Catedral.
Fonte: https://pt.aleteia.org/2017/03/15/4-motivos-para-visitar-a-catedral-de-brasilia/

Curiosamente, a Catedral está abaixo do nível do solo, portanto, a


estrutura que pode ser vista pela parte externa é apenas sua cobertura. Na praça
de acesso ao edifício há quatro esculturas que representam “Os Quatro
Evangelistas”, logo a frente temos a uma rampa descendente e escura que
funciona como um caminho de preparação até chegar à nave iluminada
naturalmente.

Rampa de acesso à Catedral.


Fonte: https://www.topensandoemviajar.com/2017/05/08/catedral-de-brasilia/

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“Os Quatro Evangelistas”.
Fonte: https://www.topensandoemviajar.com/2017/05/08/catedral-de-brasilia/

Após a passagem pelo túnel escuro, os visitantes se surpreendem ao


chegar no interior magnífico do edifício, composto por vitrais em tons de verde e
azul que permitem a passagem da luz natural através das aberturas angulares
que acompanham a estrutura. A perfeita composição do concreto, vitrais e
iluminação natural fez da Catedral de Brasília uma verdadeira obra de arte.
A luz é necessária para a percepção do espaço e não pode ser tratada
como um elemento a quem do projeto arquitetônico, pois tem o poder de
destacar volumes e texturas influenciando na percepção do espaço. A
arquitetura é dependente da luz, pois tem o poder de revelar o significado do
projeto.

“A utilização da luz como principal instrumento de ambientação do


espaço – na criação de efeitos especiais com a própria luz ou no
destaque de objetos e superfícies ou do próprio espaço. Este objetivo
está intimamente associado às atividades não laborativas, não
produtivas, de lazer, estar e religiosas – residências, restaurantes,
museus e galerias, igrejas etc. É a luz da emoção.” (OSRAM, 2012).

A luz, enquanto elemento fundamental na arquitetura, permite a


percepção do espaço edificado, uma vez que estabelece a relação entre
estrutura, espaço, características físicas e materiais. Trapano e Bastos (2006),
ressalta:

“Uma vez que a arquitetura trabalha com formas, a percepção destas


formas será revelada pela luz, da mesma maneira que a arquitetura
será capaz de nos revelar a luz, esculpindo-a. A relação entre cada
parte no todo é importante para informar à nossa percepção a
construção visual do lugar, estabelecendo relações entre a luz e os

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elementos arquitetônicos envolvidos. Planos diferenciados,
ondulações, depressões, relevos, texturas e materiais resultam em
superfícies que se acentuam e se diferenciam através de gradientes
de luminosidade. ” (TRAPANO e BASTOS, 2006:68).

Oscar Niemeyer, no projeto elaborado para a Catedral Metropolitana,


usou a luz e a sombra como diretrizes: a partir de um acesso descendente e
escuro “(...) em rampa leva, deliberadamente, os fiéis a percorrer um espaço de
sombra antes de atingir a nave, o que acentua pelo contraste os efeitos de luz
procurados” (NIEMEYER, 1958: 7).
O Arquiteto ainda explica:
“Se o arquiteto desejar dar ao volume interior que criou maior
imponência, uma das soluções é o contraste espacial, isto é, projetar
um acesso mais estreito, dando ao visitante – pelo contraste – a
impressão da amplitude desejada. É a explosão da qual nos falava Le
Corbusier, princípio que se repete por toda arquitetura. Quando
desenhamos a Catedral de Brasília, desenhamos como acesso uma
galeria estreita. O objetivo era dar aos que a visitam, ao entrarem na
nave, uma impressão de grandeza multiplicada e, fazendo-a escura,
acentuar a luminosidade e o colorido previsto. ” (Oscar Niemeyer,
1999, pag. 23)

A técnica utilizada para o contraste entre o escuro (exterior – rampa) e a


luminosidade (interior – nave), é um recurso que proporciona efeitos plásticos e
psicológicos poderosos para a experimentação do sagrado. Segundo Paula
(2013, pag. 14), “A sombra representa o terreno e leva ao recolhimento, ao
silêncio, prepara para a experiência da luz que inunda a nave – uma ligação com
o céu, com as coisas espirituais. ”
Paulo Marcos de Mottos Barnabé, autor do livro “A Poética da Luz Natural
na Obra de Oscar Niemeyer”, comenta sobre os aspectos psicológicos e
fisiológicos que este “jogo” de luz e sombra produz ao ser humano. Segundo
Barnabé (2002), os pecados, ou as trevas, são deixados na escuridão da rampa
de acesso ao interior da Catedral. Dessa forma, a nave plenamente iluminada,
traz sensação de alegria e transparência, conectando o fiel com os céus,
transformando a matéria arquitetônica em um elemento não material banhado
pela luz celestial. Barnabé ainda ressalta: “Nesse espaço de luz cristalina
entremeada por cores, a atração pela altura é tão irresistível como em uma
ossatura de catedral gótica, mesmo o espaço sendo configurado de forma
diferente. ”
Zonno (2012:9) também fez o seguinte comentário:

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“Produz-se, por contraste, um efeito sensível e dramático como se
pode interpretar a partir do croqui do arquiteto. A sensação no interior
do espaço sagrado é de expansão e direcionamento ao alto, criando
uma atmosfera completamente diversa: leve e de enlevo”.

Barnabé, em seu comentário transcrito abaixo, resume a técnica utilizada


pelo Arquiteto Oscar Niemeyer:

“Disso tudo decorre que uma visita à catedral faz permanecer, na


memória das pessoas, a forma expressiva e as experiências
proporcionadas pela manipulação da luz como diretriz de projeto, tanto
em relação à luminosidade quanto aos ambientes mais escuros. A
simplicidade na proposta simbólica conduz o usuário a refletir sobre o
sagrado, curvar-se ao descer por uma rampa em penumbra, visualizar
uma possibilidade de redenção no final do túnel e entrar em um espaço
de luz mágica. Enfim, uma boa iluminação molda e modifica a
realidade, condicionando o estado de ânimo das pessoas e sua
percepção geral dos ambientes que vivenciam. “ (BARNABÉ, 2007:18)

Dessa forma, se percebe que a luz natural e a arquitetura da Catedral de


Brasília são fatores dependentes um do outro, tendo em vista que a estrutura
elaborada no projeto depende diretamente da incidência da luz para
proporcionar uma experiência única aos visitantes, utilizando-se de técnicas
relacionadas aos fenômenos ópticos para manipular aspectos psicológicos e
fisiológicos do ser humano.

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Catedral de Brasília - Croqui do Arquiteto Oscar Niemeyer.
https://efemeridesdoefemello.com/2015/05/31/catedral-de-brasilia-e-inaugurada/

Catedral de Brasília
Fonte: http://www.avec.com.br/obras/catedral-de-brasilia/

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Interior da Catedral de Brasília – Vitrais de Marianne Peretti.
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-14553/classicos-da-arquitetura-catedral-de-brasilia-
oscar-niemeyer

Interior da Catedral de Brasília.


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-14553/classicos-da-arquitetura-catedral-de-brasilia-
oscar-niemeyer

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REFERÊNCIAS

BARNABÉ, Paulo Marcos Mottos. A Poética da Luz Natural na Obra de


Oscar Niemeyer. Semina: Ciências Humanas e Sociais, Londrina, v. 23, p. 3-
14. Setembro de 2002. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/3850> Acesso
em 8 de abril de 2018.

NIEMEYER, Oscar. A catedral. Módulo, Rio de Janeiro, n.11, 1958, p.7.


OSRAM. Manual do Curso Iluminação, Conceitos e Projetos. Disponível
em:
<http://www.fau.usp.br/arquivos/disciplinas/au/aut0274/ilumART.%20Manual%2
0Osram%20V2.pdf> Acesso em 8 de abril de 2018.

TRAPANO, Patrizia Di e BASTOS, Leopoldo E. Gonçalves. Luz, Espaço e


Forma. Revista Lume Arquitetura, Edição 22. Outubro / Novembro 2006.
Acesso em 8 de abril de 2018.

ZONNO, Fabíola do Valle. “Fiat Lux”: o religare como experiência


fenomenológica na arquitetura. Plura revista de estudos da religião. Vol. 3.
Nº. 2. Jul – Dez 2012. Disponível em:
<http://www.abhr.org.br/plura/ojs/index.php/plura/article/view/595> Acesso em 8
de abril de 2018.

Sites pesquisados:

<http://www.archtay.com/2014/09/catedral-de-brasilia-oscar-niemeyer.html

<http://www.avec.com.br/obras/catedral-de-brasilia/> Acesso em 8 de abril de


2018.

<http://www.gazetadopovo.com.br/caderno-g/o-arquiteto-da-luz-
bk2sxernv5ft2xloregbbvl1q> Acesso em 8 de abril de 2018.

<http://www.nosnomundo.com.br/2012/04/detalhes-e-curiosidades-da-bela-
catedral-de-brasilia/> Acesso em 8 de abril de 2018.

<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.084/244> Acesso em
8 de abril de 2018.

<https://blogdopetcivil.com/2017/08/18/olhares-sobre-a-cidade-catedral-de-
brasilia/> Acesso em 8 de abril de 2018.

<https://efemeridesdoefemello.com/2015/05/31/catedral-de-brasilia-e-
inaugurada/> Acesso em 8 de abril de 2018.

<https://www.archdaily.com.br/br/01-14553/classicos-da-arquitetura-catedral-
de-brasilia-oscar-niemeyer> Acesso em 8 de abril de 2018.

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<https://www.archdaily.com.br/br/01-87960/luz-natural-e-arquitetura-o-legado-
deixado-por-oscar-niemeyer> Acesso em 8 de abril de 2018.

<https://www.cartacapital.com.br/revista/865/luz-monumental-9214.html>
Acesso em 8 de abril de 2018.
<https://www.topensandoemviajar.com/2017/05/08/catedral-de-brasilia/>
Acesso em 8 de abril de 2018.
http://catedral.org.br/historia> Acesso em 8 de abril de 2018.

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