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PERÍCIA ANTROPOLÓGICA E DIREITO INDÍGENA: REFLEXÕES SOBRE

A CONTRIBUIÇÃO DA PERÍCIA ANTROPOLÓGICA PARA A


CONDENAÇÃO DO BRASIL NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS POR VIOLAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS DO POVO
XUKURU DE ORORUBÁ.

Sandro Henrique Calheiros


Lôbo1

Vânia Rocha Fialho de P. e


Souza2

PALAVRAS CHAVES: CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS;


XURURU DO ORORUBÁ; ANTROPOLOGIA JURÍDICA; PERÍCIA
ANTROPOLÓGICA.

O presente trabalho visa discutir a importância do julgamento pela Corte


Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da denúncia oferecida contra o Brasil pela
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, por supostas violações ao direito à
propriedade e às garantias e proteção judiciais do povo Xukuru, localizado no município
de Pesqueira/PE (Brasil), consagrados, respectivamente, na Convenção Americana
sobre Direitos Humanos com relação às obrigações gerais de respeitar os direitos e de
adotar disposições de direito interno, previstas no mesmo tratado. A petição a CIDH foi
oferecida por entidades de defesa dos direitos humanos em 16 de outubro de 2002, ante
a demora injustificada do Brasil em assegurar a efetivação dos direitos indígenas
consagrados em sua Constituição Política e em tratados de direitos humanos. Houve
realização de perícias antropológicas requerida pela Corte, com destaque para uma delas

1
Doutorando em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade
Federal de Pernambuco (PPGA/UFPE). Bolsista CAPES/CNPQ. Endereço eletrônico:
calheiroslobo@gmail.com.
2
Professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) e da Universidade de Pernambuco (UPE). Endereço eletrônico: vania.fialho@uol.com.br.
que suscitou diversos questionamentos por parte das organizações indígenas e diversos
antropólogos, pelo fato de desconsiderar as diversas facetas da violência física e
simbólica cometidas contra os xukurus.
Em decisão histórica, a Corte reconheceu a responsabilidade internacional do
Estado brasileiro na violação aos Direitos de propriedade coletiva, garantia judicial de
um prazo razoável e proteção judicial em relação ao povo indígena Xukuru de Ororubá.
O Brasil foi condenado a finalizar o processo de demarcação do território tradicional
desse grupo étnico. Entretanto não foram reconhecidas outras violações denunciadas
pelos peticionários e pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Procuraremos discutir as implicações desse julgamento para a construção de
uma cultura de respeito à diversidade étnica e cultural na sociedade brasileira,
apreciando criticamente os parâmetros utilizados nas perícias antropológicas para
analisar as violações dos direitos humanos do povo Xukuru.

REFERÊNCIAS

CIDH. Corte interamericana de direitos humanos. Caso do povo indígena xucuru e seus
membros vs. Brasil. Sentença de 05 de fevereiro de 2018. Disponível em: <
http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_346_por.pdf> Acesso: 15jul2018.

SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de CIDH. Laudo pericial sobre o regime das
terras indígenas no Brasil. Caso Nº 12.728 Pueblo Indígena de Xucuru y sus Miembros
vs. Brasil (Corte Interamericana de Direitos Humanos). Curitiba/PR: mar/2017.

TAULI-CORPUZ, Victoria Lucia. Expert Affidavit of Victoria Tauli-Corpuz, United


Nations Special Rapporteur on the Rights of Indigenous. Peoples Case of the Xucurú
Indigenous People (Brazil), Inter-American Court of Human Rights. Washington/DC:
mar/2017.

TEÓFILO DA SILVA, Cristhian. Perícia antropológica caso Nº 12.728 PuebloIndígena


de Xucuru y sus Miembros vs. Brasil (Corte Interamericana de Direitos Humanos).
Brasília /DF: mar/2017.

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