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E DA SAÚDE – NOÇÕES
GERAIS
FASETE
DIREITO PENAL III
MAURILO SOBRAL
Crimes de perigo
• Um teoria dos bens jurídicos que fundamenta a existência
do direito penal no dever de proteção de bens
importantes na vida das pessoas admite também que
criminalize não apenas a ação de lesionar um bem, mas
também a de simplesmente expor a perigo esses bens.
• No ordenamento jurídico brasileiro há crimes de perigo
concreto e de perigo abstrato.
• Crime de perigo concreto: aquele no qual o bem jurídico
sofreu efetivo risco. Ex: posse de arma municiada.
• Crime de perigo abstrato: aquele no qual o bem jurídico
não foi efetivamente posto em perigo. Ex: Porte de Gás
tóxico
Constitucionalidade dos crimes de perigo
abstrato – em discussão
“Para a configuração do delito de porte ilegal de arma de fogo é irrelevante o fato de
a arma encontrar-se desmuniciada e de o agente não ter a pronta
disponibilidade de munição” (STF RHC 90.197/DF 1ª Turma Rel: Min. Ricardo
Lewandowski j. 09.06.2009 Informativo STF nº 550).
Sujeito ativo: qualquer pessoa, Sujeito ativo: qualquer pessoa, Sujeito ativo: qualquer pessoa
desde que seja portadora de desde que seja portadora de Sujeito passivo: qualquer
moléstia venérea. moléstia grave. pessoa.
Sujeito passivo: qualquer Sujeito passivo: qualquer Objeto jurídico: vida e
pessoa pessoa integridade física
Objeto jurídico: incolumidade Objeto jurídico: incolumidade
física e saúde de outrem física e saúde de outrem
Obs: Como em todo o crime
contra a pessoa, o
consentimento do ofendido é
irrelevante, pois se trata de
Classificação dos tipos
Art. 130 (contágio Art. 131 (moléstia Art. 132 (perigo para a
venéreo) grave) vida ou saúde)
- Comum - Comum - Comum
- Formal - Formal - Formal
- Crime de perigo - Crime de perigo - Crime de perigo
abstrato concreto concreto
- Crime de conduta - Crime de ação livre - Crime de ação livre
vinculada - Doloso - Doloso (dolo de
- Doloso - Instantâneo perigo)
- Instantâneo - Comissivo - Instantâneo
- Comissivo - Ação pública - Comissivo/omissivo
- Ação pública incondicionada - Ação pública
condicionada incondicionada
Art. 130
• Obs: Não determina taxativamente quais as moléstias venéreas,
exemplo: Síflis, blenorragia, ulcus molle.
• Com referência a AIDS, por não se tratar de moléstia venérea, discute-se se a conduta do
portador do vírus se ajusta ao disposto nos art.s 121, 129, §2, II ou 131 do CP.
• Quanto a voluntariedade:
• A) A primeira modalidade criminosa prevista pelo caput é o perigo de contágio doloso, em
que o agente sabe estar contaminado e, mesmo assim, quer (e pratica) o ato sexual ou
libidinoso, aceitando a transmissão da moléstia.
• B) A segunda espécie, também prevista no caput, retrata o dolo eventual, isto é, hipótese em
que o agente, devendo saber que está contaminado, apesar de não querer diretamente
expor a vítima à situação de perigo de contágio, assume o risco de reproduzir o resultado;
• C) A terceira modalidade prevista no §1 do Art. 130, caso em que o agente não age com
dolo de perigo como nas hipóteses antecedentes, mas com dolo de dano, ou seja, com a
intenção positiva de transmitir a moléstia de que está contaminado. O dolo, como se vê, é
direto;
• D) se o agente agiu com a intenção de transmitir a doença (dolo de dano) e efetivamente
consegue contaminar o ofendido, produzindo neste ferimentos graves à saúde, responderá
pelo crime do art. 129 §§1 e 2 ou do art. 129 §3, este último se houver morte.
Art.131 – Perigo de Contágio de Moléstia
Grave
• Pune-se aquele que, contaminado de moléstia grave
(curável ou não) e contagiosa.