A soberba é um dos traços da malignidade do homem que mais me apavora. Creio
que apavorava também o salmista, por isso escreveu: “Da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine” (Sl 19.13). Porque o coração de Eva e Adão se encheu de soberba, todos nós colhemos hoje os resultados da Queda (Gn 3.1-24). A rebeldia contra Deus é uma das maneiras como a soberba humana se manifesta. Por causa desta rebeldia, Deus confrontou Israel nos dias de Malaquias. Apesar de Deus convidar o povo ao arrependimento, dando provas de seu amor e fidelidade, Israel parecia não considerar o Senhor alguém que merecesse o seu amor. Por isso, Israel é acusado por Deus de ser duro em suas palavras contra Ele (v.13). Aprendemos com as Escrituras que “a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 13.34). O coração de Israel estava cheio de soberba e rebeldia. Eles eram incapazes de reconhecer os seus próprios erros e pecados. A atitude debochada e inconsequente ao dizer – “Que temos falado contra ti”? – expressava o nível de maldade que imperava no coração da nação. O próprio Deus conhecia as palavras ímpias que o povo tinha em seu coração (v.14,15). Israel falava de si como um povo devoto e quebrantado. Como se houvesse sido uma nação que vivera de maneira adequada a aliança com o Senhor, conforme os preceitos da Lei (cf. Ml 3.7). E, apesar dessa fidelidade, Deus foi mal e cruel, abençoando os ímpios e inocentando os culpados (cf. Ml 2.17; Sl 73.1-28). Em resumo, em sua soberba, Israel disse: “É inútil servir a Deus” (Ml 3.14). Em contrapartida, o Senhor revela as palavras que estavam no coração dos justos em Israel (v.16). Estes foram chamados de “tementes” (cf. Sl 25.14; Pv 1.7). Em Israel, eles eram o “remanescente fiel” que receberia o cuidado e as bênçãos de Yahweh (Is 10.20- 23 cf. Rm 9.6-8). Estes declaram que Deus ouve atentamente aquilo que é dito pelos homens e que escreve em um livro os feitos de todos. Mas, de um modo especial, tais escritos visam os que “temem ao SENHOR e para os que se lembram do seu nome”. Para estes há uma promessa (v.17,18). Deus cumprirá na vida deles a bênção da aliança e fará deles seu “particular tesouro” (cf. Ex 19.5,6). Outro elemento da promessa é que haveria de vir sobre a terra “um dia preparado”, o “dia do Senhor” (cf. Is 12.12; 13.6; Jl 2.11). Esse dia é chamado de o “Dia da Vingança” (cf. Is 34.8; 61.2; 62.4), pois nele o Senhor executará o juízo e a justiça, separando o justo do injusto, evidenciando suas obras e mostrando neles o seu próprio poder (cf. Mt 25.31-46; 2 Pe 3.1-13; Ap 20.7-15). À semelhança de Israel, somos chamados ao quebrantamento sincero e à obediência santa ao Senhor, a fim de sermos contados entre os justos e os tementes a Deus. Vivemos de modo digno da vocação a que fomos chamados (cf. Ef 4.1), para que recebamos a coroa da glória (Tg 1.12;1 Pe 5.4; Ap 2.10).