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ARTIGO ORIGINAL

Efeitos da plataforma vibratória no equilíbrio em idosos


Effects of a whole body vibrating platform on postural balance in elderly persons

Patrícia Zambone da Silva1, Rodolfo Herberto Schneider2

RESUMO
O envelhecimento determina uma série de alterações fisiológicas, Palavras-chave: Idoso, Equilíbrio Postural, Acidentes por Quedas,
dentre elas, perda da massa muscular, diminuição do equilíbrio e dos Vibração/uso terapêutico
reflexos posturais. Como conseqüência destas transformações, o risco
de quedas aumenta, o que é um evento marcante, podendo instituir
início do declínio da saúde no idoso. Diversas abordagens têm sido
utilizadas na prevenção das quedas, sendo que, mais recentemente, a
plataforma vibratória, tem sido avaliada para aumentar o equilíbrio e
controle postural nos idosos, portanto reduzindo os riscos de quedas
e suas conseqüências. Esta revisão bibliográfica tem como foco os
artigos mais relevantes sobre o tema. Os resultados obtidos indicaram
melhora do equilíbrio e controle postural nesta população quando
comparada com exercícios, fisioterapia ou sedentarismo. No entanto,
há inúmeros protocolos de treinamento diferentes, o que dificulta a
comparação de resultados. Esta revisão demonstra que a plataforma
vibratória é uma promissora intervenção na prevenção de quedas
em idosos, porém são necessários mais estudos para determinar o
protocolo mais adequado de tratamento para melhorar o equilíbrio.

ABSTRACT
The aging process causes several physiologic changes such as, muscle Keywords: Elderly, Postural Balance, Accidental Falls,
mass loss, and a decrease in balance and postural control. As a conse- Vibration/therapeutic use
quence of these transformations, the risk of falls increases, an impor-
tant event that can signal the beginning of decline in an elderly person’s
health. Several approaches have been used for fall prevention, the most
recent of these is the use of a whole body vibration platform that has
been shown to improve balance and postural control in the elderly,
therefore decreasing the risk of falls and their after-effects. This litera-
ture review focuses on the most relevant articles about this subject. The
obtained results showed an improvement in balance and postural con-
trol in this population when compared with exercising, physiotherapy
or sedentarism. Nevertheless, there are many different training pro-
tocols, making it difficult to compare the results. This review demon-
strates that whole body vibration is a promising intervention for fall
prevention in the elderly, however more research is necessary to deter-
mine the most suitable treatment protocol for improving balance.

1 Médica Fisiatra, Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
2 Médico Geriatra, Chefe do Serviço de Geriatria do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA


Patrícia Zambone da Silva
Avenida Ipiranga, 6690 - Serviço de Fisiatria • Porto Alegre / RS • CEP 90160-090
Email: patzambone@uol.com.br

« Recebido em 08 de Fevereiro de 2011, aceito em 03 de Março de 2011 »


Silva PZ, Schneider RH.
ACTA FISIATR. 2011; 18(1): 21 – 26 Efeitos da plataforma vibratória no equilíbrio em idosos

al,12 em uma revisão recente, confirmam que os taformas produzem vibração constante em
programas de exercício que contemplam força, forma senoidal. Em razão disso, é possível
INTRODUÇÃO equilíbrio, flexibilidade e resistência ou pelo quantificar a intensidade de vibração. Essa
O envelhecimento, enquanto parte do ciclo menos dois desses componentes reduzem a intensidade é determinada pela amplitude
da vida, constitui-se como um processo na- incidência de quedas. das ondas produzidas e pela freqüência de
tural que determina uma série de alterações Uma modalidade biofísica de exercícios vibração.16 Como exemplo, quando uma pla-
fisiológicas.1 Dentre elas, estão a diminuição que recentemente tem sido explorada como taforma funciona com amplitude de 5mm e
da elasticidade da pele, perda da massa ós- alternativa de intervenção para melhora da for- freqüência de 30 Hz significa que este apa-
sea, aumento do tecido adiposo, diminuição ça muscular, mobilidade, marcha, equilíbrio relho está se deslocando 5mm em torno de
do tecido muscular, aumento da rigidez ar- em idosos e com resultados promissores, é a um ponto fixo e esse deslocamento ocorre
terial, alterações hormonais e imunológicas, plataforma vibratória, que é um equipamento 30 vezes em um segundo.
atrofia cortical do cérebro, diminuição da vi- eletrônico composto por uma base vibratória Efeitos negativos da exposição à vi-
são, audição, dos reflexos posturais, do equi- que oscila de acordo com amplitude e frequ- bração foram identificados há mais de 100
líbrio e da propriocepção.2 Tais alterações ência variáveis.13 anos.17 Dentre eles, estão danos vascula-
quando concomitantes podem acarretar res, neurológicos, musculoesqueléticos.18,19
conseqüências ou seqüelas clínicas, disfun- É importante, portanto, ponderar os poten-
ção, incapacidade ou algum nível de depen- ciais riscos dos efeitos adversos nos sistemas
dência.1 Desta forma, manifestações como OBJETIVO neurovasculares com os benefícios no que
tremores, incontinência urinária, alterações O presente estudo visa fazer uma revisão diz respeito ao protocolo de treinamento na
cognitivas e quedas são queixas comuns a atualizada do uso da plataforma vibratória, plataforma vibratória.16
esses pacientes.1 mais especificamente na melhora do equilí- Os benefícios da exposição à vibração de
As quedas, apesar das inúmeras pesqui- brio, controle postural e propriocepção na forma controlada e regular têm sido relatados
sas realizadas nos últimos anos na população população idosa. em diversos estudos20-22 e incluem melhora
idosa, são ainda um importante e complexo da qualidade óssea, da função neuromuscular
problema de saúde neste grupo populacio- e do equilíbrio, portanto, o treinamento em
nal.1 Elas representam um evento freqüente, plataforma vibratória parece ser especialmen-
limitante e um marcador de fragilidade, morte, MÉTODO te atrativo para os indivíduos que apresentam
institucionalização e de declínio na saúde de A estratégia de busca bibliográfica foi reali- limitações de movimentar-se mais vigorosa-
idosos.3 Estima-se que de 30% a 60% dos indi- zada utilizando as seguintes bases de dados: mente. Rubin et al,23 demonstraram em mo-
víduos acima de 65 anos apresentam ao menos Pubmed, Medline e Scopus. Todos os anos delos animais que o modo de vibração com
uma queda por ano.4 No Brasil, cerca de 29% disponíveis foram pesquisados, já que o tema é amplitude baixa em combinação com vibra-
dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e relativamente novo, sendo usadas as seguintes ção de alta freqüência aumenta a atividade
13% caem de forma recorrente.5 Estima-se que palavras-chave: whole body vibration, balance, anabólica do osso, especialmente a densidade
5% a 10% dos idosos que caem e que vivem na postural control, falls, elderly. A busca foi limi- e a formação óssea.24,25-28
comunidade, apresentam fraturas, traumatis- tada a publicações em inglês. A função “and” Estudos em humanos21,22,26 têm descrito
mo craniano e lacerações, podendo reduzir sua foi utilizada no campo básico. Utilizou-se para efeitos positivos decorrentes dos protocolos
mobilidade e independência e aumentando as a redação desta revisão artigos publicados a de treinamento, que vão desde o aumento
chances de morte prematura.3 partir do ano 2000, pois foi a partir desta déca- da massa óssea trabecular em mulheres
O processo de envelhecimento tem dife- da que o tema foi mais explorado. pós menopausa à melhora da mobilidade
rentes fatores de risco para as quedas, incluin- funcional e equilíbrio.4,26-30 No entanto,
do diminuição da acuidade visual, alterações ainda não existe um treinamento padrão,
cognitivas, uso de fármacos, fraqueza mus- principalmente por existir grande variação
cular, distúrbio da marcha e do equilíbrio,6 RESULTADOS metodológica entre diversos estudos com os
secundários à deterioração dos sistemas neu- mesmos objetivos.
romuscular e do sensório.7 Rubenstein et al,7 Plataforma Vibratória Desta forma, ensaios clínicos sugerem que
estimaram que o déficit do equilíbrio aumenta Os efeitos terapêuticos da vibração foram pro- para mostrar benefício,23,24,31 os protocolos de
em até três vezes a chance da ocorrência de postos inicialmente na década de 3014 por San- vibração avaliados em idosos apresentam fre-
quedas, sugerindo a necessidade de interven- ders e Whedon. Em meados da década de 80,15 qüência entre 12.6Hz a 60Hz com amplitudes
ções que possam contribuir na redução das Nazarov e Spivak foram os primeiros pesqui- variando entre 55 µm a 8mm31 e a duração da
quedas em idosos. sadores a aplicarem esta modalidade de treina- intervenção podendo variar de 30 segundos a
A literatura propõe uma série de interven- mento para atletas. Posteriormente, pesquisas 10 minutos.32
ções para a redução do risco e da freqüência emergiram sobre o efeito da vibração como
das quedas, tanto relacionadas ao próprio in- atividade física. Equilíbrio, Controle Postural e
divíduo como do ambiente em que este vive. A vibração, que é produzida pela plata- Plataforma vibratória
Dentre elas, mencionam-se programas de forma, pode ser entendida como movimen- Runge et al,29 foi um dos primeiros pesquisa-
exercício,8-10 redução do número e dose de to alternado de um corpo sólido em relação dores a demonstrar os efeitos da plataforma
fármacos,8,10,11 correção do déficit visual e ade- ao seu centro de equilíbrio; ou ainda, como vibratória no equilíbrio em idosos. O autor
quação domiciliar, como remoção de tapetes e um movimento oscilatório que se repete em verificou o quão rápido o idoso alcançava a ca-
colocação de barras no banheiro.11 Gillespie et torno de uma posição de referência.16 As pla- deira cinco vezes consecutivas com os braços

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cruzados sobre o peito. O grupo (n=34) foi ex- equilíbrio. Após dois meses de treinamento, mento utilizando-se um software específico.
posto à vibração 3 vezes por semana, durante 6 o tempo máximo de permanência sobre um O controle postural foi submetido a quatro
minutos na freqüência de 27Hz durante 2 me- membro inferior, tempo de caminhada de condições: equilíbrio estático com os olhos
ses e comparado entre si dois meses após o tér- 10 metros e comprimento do passo melho- abertos, equilíbrio estático com os olhos
mino do treinamento. O resultado da interven- raram significativamente (p<0.05) no grupo fechados, equilíbrio estático após abdução
ção demonstrou uma melhora de 18% quando que sofreu a intervenção com a plataforma voluntária breve dos braços na posição ho-
comparado com o período sem treinamento. vibratória e exercícios. No grupo controle rizontal e após anteflexão dos braços na po-
Cheung et al,33 com o objetivo de inves- (exercícios) não foi demonstrada uma melho- sição horizontal, sendo o controle postural
tigar a eficácia do protocolo na melhora do ra destes parâmetros. O estudo também não avaliado no grupo da plataforma e no grupo
equilíbrio, compararam idosas que recebiam mostrou eventos adversos, sugerindo que o controle. O controle postural estático, sem
treinamento na plataforma vibratória (n=50) treino na plataforma é seguro e bem tolerado movimentos de membros superiores, não
durante 3 meses, 3 vezes por semana na fre- nesta população. mudou com o treino na plataforma. O con-
qüência de 20Hz por 3 minutos em relação ao Van Nes et al,30 avaliaram um possível efeito trole postural estático, após os movimentos
grupo controle (n=25), que não foi exposto a sinérgico da plataforma vibratória com a reabi- de braços (ântero-posterior e médio-lateral),
nenhuma intervenção. Concluiu-se que hou- litação convencional no equilíbrio em pacientes obteve uma melhora significativa após o trei-
ve uma melhora do equilíbrio, em decorrên- com acidente vascular encefálico isquêmico na namento na plataforma (p<0.05). O grupo
cia da melhora na velocidade de movimento fase subaguda. O autor estudou 53 sujeitos com controle não apresentou nenhuma alteração
(p<0.01) e controle direcional (p<0.05). incapacidade de moderada a grave, os quais fo- nos parâmetros avaliados.
Bruyere et al,28 compararam o efeito da ram randomizados para treino na plataforma ou Bogaerts et al,20 estudaram os efeitos de
plataforma vibratória associada à fisiotera- para exercícios terapêuticos com música duran- um programa de treinamento em plataforma
pia (n=22) por um período de 6 semanas te 6 semanas. O grupo da plataforma recebeu 4 vibratória durante 12 meses no controle pos-
em relação à fisioterapia isolada (n=20). O séries de 45 segundos a 30Hz de freqüência e tural em idosos saudáveis. Foram randomiza-
equilíbrio foi avaliado pelo testes de Tinet- 3mm de amplitude por 5 dias semanais. Os ins- dos 220 indivíduos para o uso na plataforma
ti34 e Timed Up & Go(TUG).35 O grupo da trumentos incluíram a Escala de Equilíbrio de vibratória, exercícios convencionais e grupo
intervenção apresentou melhora do escore Berg,36 teste de controle de tronco,37 Índice de controle (sem nenhuma intervenção). Os
na escala de Tinetti e no TUG (p<0.001) Mobilidade de Rivermead,38 Índice de Bartel,39 grupos de intervenção treinaram 3 vezes por
em relação ao grupo controle. Ambos os índice de motricidade e limiar somatosensório40 semana durante um ano. O controle postural
grupos realizaram fisioterapia 3 vezes por se- no momento inicial, seis e dozes semanas após. foi avaliado usando o Teste de Organização
mana por 10 minutos e o grupo submetido à Ambos os grupos apresentaram melhora signi- Sensória (SOT), Teste de Controle Motor
vibração recebeu treinamento de 4 minutos, ficativa quando comparados com os valores ini- (MCT) e Teste de Adaptação (ADT) por
nas freqüências de 10 e 26Hz, 3 vezes por se- ciais na Escala de equilíbrio de Berg, porém não meio da posturografia computadorizada42
mana durante as 6 semanas do estudo. ocorreu diferença entre os demais parâmetros. na seleção inicial, após 6 e 12 meses. O SOT
Bautmans et al,27 em um ensaio clínico Rees et al,41 investigaram os efeitos da mede a habilidade de tornar efetivo o uso das
randomizado envolvendo 24 idosos investi- vibração na estabilidade postural em 43 ido- informações visuais, vestibular e propriocepti-
garam os efeitos da plataforma vibratória no sos saudáveis, que foram randomizados em va para manter o equilíbrio.20 Este teste resulta
equilíbrio durante 6 semanas em indivíduos 3 grupos: plataforma vibratória, exercícios em escore de equilíbrio refletindo, desta for-
institucionalizados. Os grupos foram alocados convencionais e grupo controle. Os grupos ma, a quantidade de deslocamento na direção
para receber 6 semanas de treinamento na pla- da plataforma vibratória e dos exercícios con- ântero-posterior. Este escore melhorou de
taforma vibratória ou submetidos a exercícios vencionais receberam atividades dinâmicas forma significativa no período de 6 e 12 meses
estáticos (controle). Os desfechos foram averi- de suporte do peso 3 vezes por semana com (p<0.05). O MCT mede a habilidade de coor-
guados por meio do TUG, teste de Tinetti e ca- duração de oito semanas. O equilíbrio está- denar respostas automáticas após translações
minhada até a cadeira. Ao final do treinamen- tico foi avaliado pelo teste de permanência inesperadas para trás ou para frente. O estudo
to, o teste de Tinetti e o TUG apresentaram sobre um membro inferior, sendo este reali- concluiu que o treinamento não mostrou efei-
melhores resultados no grupo da plataforma zado antes de qualquer intervenção e imedia- to na latência em nenhuma das situações ava-
vibratória quando comparados com o controle tamente após o término do período de treino. liadas. O ADT analisa a adaptação do sistema
(p<0.001, p<0.029 respectivamente). Este teste mostrou uma melhora significativa motor através do movimento nos dedos dos
Kawanabe et al,4 conduziram um estudo nos indivíduos que receberam exercícios na pés para cima ou para baixo após o movimen-
com o objetivo de avaliar o efeito da plata- plataforma (p<0.05) quando comparados ao to do aparelho. Foi demonstrado que ocorreu
forma vibratória no equilíbrio envolvendo grupo submetido ao exercício convencional e uma melhora significativa no grupo submetido
67 integrantes divididos em dois grupos. Um ao grupo controle. à plataforma vibratória no período pré e pós
grupo recebeu exercícios e treino na plata- Verschueren et al,22 investigaram o efeito treino (p<0.001). Também houve uma melho-
forma vibratória, enquanto o grupo controle de 6 meses de treinamento na plataforma vi- ra do controle postural entre o período do pré
apenas exercícios. Os indivíduos do grupo in- bratória em mulheres pós menopausa. Foram treino e intermediário (p<0.032). Nos demais
tervenção foram treinados na plataforma com incluídas 70 voluntárias divididas em treino aspectos não foram observadas diferenças nos
freqüência de 12-20Hz durante 4 minutos 1 na plataforma, exercícios de resistência e grupos exercício e controle.
vez por semana durante 8 semanas. Os parâ- grupo controle. Os grupos da plataforma e Gusi et al,26 compararam os efeitos de
metros de velocidade de caminhada e tempo do exercício treinaram 3 vezes por semana um programa de exercícios na plataforma
de permanência sobre um membro inferior durante 24 semanas. O controle postural foi vibratória em relação a caminhadas. Os au-
foram avaliados para inferir o desempenho do medido antes e após o período de treina- tores avaliaram 28 mulheres no período pós

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menopausa, que foram randomizadas para tornozelo envolvido com a mão da perna pen-
estes dois braços através de um treinamento dente e os olhos fechados. Os participantes
efetuado 3 vezes por semana por um perío- foram avaliados permanecendo na posição DISCUSSÃO
do de 8 meses. Cada sessão na plataforma estática descrita durante 30 segundos, sendo A literatura atual tem sido foco de vários es-
foi composta por 6 séries de 1 minuto na fre- contabilizadas para fins de análise o número tudos acerca da plataforma vibratória. No
qüência de 12.6Hz e 30mm de amplitude. Já de tentativas efetuadas por cada sujeito. Este entanto, ainda não existe um consenso que
as caminhadas foram realizadas em sessões de estudo mostrou uma melhora de 29% no fundamente um padrão considerado ideal para
55 minutos. O equilíbrio postural foi verifica- equilíbrio no grupo usuário da plataforma em o treinamento na melhora do controle postu-
do através do teste do flamingo, que consiste relação ao grupo da caminhada (p<0.023). A ral, equilíbrio e propriocepção. Nossa revisão
em ficar apoiado sobre um membro inferior Tabela 1 sumariza a metodologia e os resulta- mostrou que os autores citados apresentaram
enquanto o outro é fletido no joelho, sendo o dos dos estudos descritos acima. diferentes protocolos de treinamento utilizan-

Tabela 1 - Principais estudos envolvendo a plataforma vibratória

Participantes Parâmetros
Duração Desenho do
Autor Ano (número total da plataforma Principais desfechos Resultados
(semana) estudo
e média etária) vibratória (PV)
Runge et al. 2000 Idosos, N=34, 8 27Hz, 3x/sem, Estudo cruzado Alcançar a cadeira 5 vezes Melhora do tempo de alcance
67anos 1 sessão= 6minutos após treina na PV

Verschueren 2004 Mulheres pós 24 35-40Hz ECR,a Densidade mineral óssea Benefício na DMO5 apenas no
et al. menopausa 3 x/sem quadril, lombar, turnover grupo da PV, aumento da força
N= 70 PV x RESb x CONc ósseo, força de extensores de extensor de joelho isométrica
64 anos de joelho, controle postural e dinâmica tanto no grupo RES
(plataforma de força Bertec quanto PV. Melhora do controle
conectado a um software postural no grupo PV.

Bautmans et al. 2005 Institucionalizados 6 30 -50Hz Exercícios estáticos Timed up and go test (TUG), Melhora no grupo PV tanto
N=24 3x/sem na PV inativa x PV POMA, força de preensão com Tinetti quanto comTUG.
77 anos 1 sessão= 2-7min6 ativa palmar, flexão lombar, teste de Demais sem mudanças
alcançar a cadeira, extensão de significativas
pernas isocinética bilateral

Bruyere et al. 2005 Institucionalizados 6 10Hz e 26 Hz Fstd( con) x PV + fst Tinetti POMA Melhora no grupo da
N= 42 3x/sem (intervenção) TUG intervenção do Tinetti, POMA
82 anos 1 sessão= 4 x e TUG
1minuto
Pausa de 90
segundos entre
cada

Gusi et al. 2006 Idosas pós 32 12.6 Hz, 3x/sem Caminhada (con) x Densidade mineral óssea Melhora DMO femoral e do
menopausa 1 sessão= 6min PV (intervenção) Teste do Flamingo cego equilíbrio no grupo PV
N= 28
66 anos

van Nes et al. 2006 Pacientes na fase 6 semanas 30 Hz Ex PV desligada Escala de equilíbrio de Berg, Sem diferença entre os grupos
subaguda do AVE 5x/sem (con)+fst x PV+fst Índices Bartel, motricidade, em todos os desfechos
em reabilitação 1 sessão= 4 x 45 Rivermeadde mobilidade,
N= 53 segundos, com 1 limiar somatosensorial
61 anos min de intervalo Teste de controle de tronco

Cheung et al. 2007 Idosas 12 semanas 20 Hz Sedentarismo (con) Sistema de equilíbrio básico Melhora do grupo da PV na
N= 69 3 x/sem x PV Teste de alcance funcional velocidade de movimento e
72 anos 1 sessão=3min controle direcional

Kawanabe et al. 2007 Idosos 8 semanas 12-20Hz Caminhada (con) x Velocidade de caminhada Melhora de todos os desfechos
N=67 1x/sem PV+caminhada Comprimento do passo no grupo da intervenção
72 anos 1 sessão= 4min Teste de equilíbrio sobre um
membro inferior

Bogaerts et al. 2007 Homens idosos 48 semanas 35-40Hz Manutenção estilo Extensão isométrica de joelho, Melhora da extensão
N=97 3x/sem de vida (con) x força de explosão, massa isométrica, força e massa
68 anos 1sessão= 40 ginástica x PV muscular da coxa muscular nos grupos da
segundos ginástica de da PV

Rees et al. 2008 Idosos 8 26Hz PV x Ex x Con Equilibrio estático (teste sobre Melhora do grupo PV em
N=43 3x/sem um membro inferior) comparação aos demais
73 anos 1 sessão=6x45-
80segundos

(ECR): ensaio clínico randomizado; b(RES): exercícios resistidos; c(con): grupo controle; d(fst): fisioterapia; e(DMO): densidade mineral óssea; f(min): minutos
a

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do a plataforma vibratória, que variam em rela- e controle postural. Estes achados se mostram 13. Wanderley FS, Alburquerque-Sendín F, Parizotto NA,
Rebelatto JR. Effect of plantar vibration stimuli on
ção à freqüência, duração da sessão e período promissores por ser este instrumento um fator de the balance of older women: a randomized controlled
de treinamento. Verificou-se resultados positi- intervenção possívem na prevenção de quedas trial. Arch Phys Med Rehabil. 2011;92(2):199-206.
vos na freqüência entre 10 a 50Hz, bem como nos idosos, sendo um elemento fundamental na 14. Rittweger J. Vibration as an exercise modality: how it
may work, and what its potential might be. Eur J Appl
no período de duração de cada intervenção, preservação da qualidade de vida, bem como no Physiol. 2010;108(5):877-904.
que oscilou de 4 a 48 semanas. envelhecimento bem sucedido nesta população. 15. Bosco C, Colli R, Introini E, Cardinale M, Tsarpe-
Outro ponto relevante é o fato de haver Neste momento, existem diversos protocolos de la O, Madella A, et al. Adaptive responses of human
skeletal muscle to vibration exposure. Clin Physiol.
poucos estudos avaliando exclusivamente as va- treinamento utilizados, o que pode ser um fator 1999;19(2):183-7.
riáveis, equilíbrio, controle postural e proprio- confusional na interpretação dos resultados e 16. Brooke-Wavell K, Mansfield NJ. Risks and benefits
cepção. Dos 10 trabalhos citados e sumarizados também na sua reprodutibilidade. Assim, outros of whole body vibration training in older people. Age
Ageing. 2009;38(3):254-5.
anteriormente, 50% destes tinham como foco estudos podem colaborar para clarificar qual a 17. Hamilton A. A study of spastic anemia in the hands
maior a avaliação destas variáveis. Os demais in- relação adequada de dose-resposta de vibração of stonecutters: effect of the air hammer on the
cluíram também o ganho de massa óssea, ganho para melhorar o equilíbrio. Além disso, ainda há hands of the stonecutters. US Bureau Labor Stat Bull.
1918;236:53-66.
de massa muscular e fortalecimento muscular. carência de estudos que verifiquem diretamente 18. Bovenzi M, Rui F, Negro C, D’Agostin F, Angotzi G,
Apesar de a maioria dos estudos terem o impacto da vibração na redução das quedas. Bianchi S, et al. An epidemiological study of low back
mostrado melhoras significativas no equilí- Apesar destes questionamentos, os resultados pain in professional drivers. J Sound Vibration. 2006;
298:514-39
brio, também apresentavam limitações meto- atuais envolvendo a plataforma vibratória são en- 19. Mansfield NJ. Human response to vibration. Boca Ra-
dológicas, que poderiam comprometer a qua- corajadores, sendo uma alternativa viável de tera- ton: CRC Press; 2005.
lidade do estudo. Runge et al,29 relataram uma pia para a melhora do equilíbrio e da mobilidade 20. Bogaerts A, Verschueren S, Delecluse C, Claessens AL,
melhora de 18% nos indivíduos submetidos ao funcional em idosos. Boonen S. Effects of whole body vibration training on
postural control in older individuals: a 1 year random-
teste de alcance da cadeira, mas não efetuaram ized controlled trial. Gait Posture. 2007;26(2):309-16.
uma comparação direta com um grupo con- 21. Ruan XY, Jin FY, Liu YL, Peng ZL, Sun YG. Effects
trole. Outro aspecto está relacionado à falta de of vibration therapy on bone mineral density in post-
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(Engl). 2008;121(13):1155-8.
dos instrumentos empregados na medida dos 1. Greve JMDA. Tratado de medicina de reabilitação. 22. Verschueren SM, Roelants M, Delecluse C, Swinnen
desfechos, como, por exemplo, o teste do fla- São Paulo: Roca; 2007. S, Vanderschueren D, Boonen S. Effect of 6-month
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Muitos estudos compararam 4,22, 26, 28, 30, 33 a 3. Perracini MR. Prevenção e manejo de quedas no ido- women: a randomized controlled pilot study. J Bone
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descritas como “padrão” sem, no entanto, espe- Manole; 2005. São Paulo: Manole; 2005. p. 193-206. long bones. Nature. 2001;412(6847):603-4.
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