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ao Simbolismo Astrológico
Tradicional
“De todas as especulações que atualmente se podem fazer sobre o mundo, nenhuma
teria sido possível se os homens não tivessem visto nem os astros, nem o Sol, nem o
Céu. Mas a verdade é que existem o dia e a noite, os equinócios, os solstícios, coisas
que nos deram o conhecimento do número e nos permitiram especular sobre a
essência do universo. Graças a isso foi-nos dada essa espécie de ciência, da qual se
pode dizer que nenhum bem maior foi jamais dado ao homem... O motivo pelo qual
Deus criou a visão foi sua presciência de que, tendo nós, homens, observado os
movimentos periódicos e regulares da inteligência divina nos céus, poderíamos fazer
uso deles em nós mesmos: tendo estudado a fundo esses movimentos celestes, que
são partícipes da retidão da inteligência divina, poderemos então ordenar por eles
nossos próprios pensamentos, os quais, entregues a si mesmos, não cessam de
errar.”
— Platão
Parte I
O Que é Astrologia Tradicional
Parte II
Os Elementos do Sistema Simbólico da Astrologia
Todo o sistema simbólico da astrologia se baseia nos aspectos do céu visível que servem
para medir o tempo. Daremos a seguir uma lista desses aspectos, com suas principais
propriedades.
touro
Símbolo: C Os gêmeos são representados pelos dois traços verticais ou, de preferência,
pelos horizontais, pois trata-se sempre de um par de gêmeos não idênticos: um mortal e
outro imortal (os Dióscuros), um homem e uma mulher (Apólo e Ártemis), etc.
Elemento: Ar
Qualidades Sensíveis: Quente e úmido
Triplicidade: Mutável
Séquito: Lunar
Regente: Mercúrio
Exaltação: —
Exílio: Júpiter
Queda: —
Clima: No hemisfério norte, a época em que os brotos se diferenciam em caule, folha e
botão de flor. No sul do Brasil, a época em que as árvores decíduas começam a perder
suas folhas e, de maneira geral, em que a vegetação velha morre; os ventos de outono,
que agitam a vegetação para que caiam as partes caducas.
câncer
leão
virgem
Símbolo: F
Elemento: Terra
Qualidades Sensíveis: Frio e seco
Triplicidade: Mutável
Séquito: Solar
Regente: Mercúrio
Exaltação: Mercúrio
Exílio: Júpiter
Queda: Vênus
Clima: No hemisfério norte, é a época das colheitas. No sul do Brasil, é a época em que
os botões de flor se destacam da vegetação abatida pelo inverno.
libra
Símbolo: G A balança.
Elemento: Ar
Qualidades Sensíveis: Quente e úmido
Triplicidade: Cardinal
Séquito: Solar
Regente: Vênus
Exaltação: Saturno
Exílio: Marte
Queda: Sol
Clima: Época temperada, nem muito fria, nem muito quente. No sul do Brasil, o ar já está
quente, mas as águas dos rios, por exemplo, ainda estão frias. Aparecem as primeiras
flores.
escorpião
Sagitário
capricórnio
aquário
peixes
Os Planetas
A Astrologia Tradicional só leva em consideração os planetas visíveis, pois os elementos
do seu sistema simbólico são exatamente os fenômenos que servem para medir o tempo; ora, não
se pode medir o tempo com planetas invisíveis.
lua
Símbolo: R
Qualidades: Fria (normal) e úmida (-)
Ciclo: 28 dias
Passiva
Aspecto: Luminar noturno, de cor branca mas luminosidade azulada (as coisas por ela
iluminadas ficam todas com um mesmo tom azulado), cresce e diminui, chegando a
desaparecer; é o mais rápido dos planetas.
Traço Simbólico: Princípio de geração, nutrição e crescimento.
mercúrio
Símbolo: S
Qualidades: Seco (normal) e frio (-)
Ciclo: o mesmo do Sol, com ciclo de anomalia de 88 dias
Neutro
Aspecto: Aparece só antes do nascer do Sol e depois do pôr do Sol; tem uma
luminosidade cintilante, como se estivesse emitindo faíscas.
Traço Simbólico: Princípio de adaptação, articulação, relação e comunicação.
Vênus
Símbolo: T
Qualidades: Úmida (+) e fria (-)
Ciclo: O mesmo do Sol, com ciclo de anomalia de 223 dias
Pequeno Benéfico
Aspecto: Aparece só antes do nascer do Sol e depois do pôr do Sol, como Estrela da
Manhã e Estrela da Tarde; depois do Sol e da Lua, é o astro mais brilhante do
firmamento. Seu brilho caracteriza-se pela suavidade e doçura.
Traço Simbólico: Princípio de atração e união.
sol
Símbolo: Q
Qualidades: quente (+) e seco (normal)
Ciclo: 1 ano
Ativo
Aspecto: Luminar diurno, de luz amarela quente, o mais brilhante; evidencia em cada
coisa sua cor própria; tem luz e calor.
Traço Simbólico: Princípio de poder e carisma.
marte
Símbolo: U
Qualidades: Seco (++) e quente (+)
Ciclo: 686 dias
Pequeno Maléfico
Aspecto: Luz avermelhada; é, dos planetas, o que tem a cor mais intensa e mais quente.
Traço Simbólico: Princípio de esforço e superação.
Júpiter
Símbolo: V
Qualidades: Quente (+) e úmido (-)
Ciclo: 12 anos
Grande Benéfico
Aspecto: Depois de Vênus, é o planeta mais brilhante, de luz branco-azulada. Sua luz tem
uma qualidade irradiante.
Traço Simbólico: Princípio de expansão e plenitude.
Saturno
Símbolo: W
As Casas
As casas são uma divisão do Zodíaco em doze partes, feita a partir do horizonte, que
corta o Zodíaco em duas metades, uma acima do horizonte e outra abaixo, e do grande círculo do
meridiano (a projeção vertical, sobre a esfera celeste, da linha norte-sul), que corta o Zodíaco
também em duas partes, uma oriental e outra ocidental. Os quatro quadrantes assim obtidos são
por sua vez divididos em três, e o Ascendente é o ponto de interseção do zodíaco com o
horizonte oriental.
A casa i ou Ascendente representa a qualidade distintiva do sujeito ou objeto
representado pelo mapa, aquilo que ele torna presente no mundo.
A casa ii representa os meios necessários para sustentar, reforçar ou manter presente a
qualidade representada pela Casa I.
A casa iii representa as relações de semelhança e diferença entre a qualidade que o
sujeito torna presente, representada pela casa I, e as qualidades dos outros seres.
A casa iv ou fundo do céu representa o limite último de manifestação da qualidade
representada pela Casa I. Esse limite é tradicionalmente entendido de dois modos: como
um limite espacial, e nesse caso a Casa IV representa o lugar próprio da qualidade
representada pela Casa I; ou como um limite temporal anterior, ou seja, o passado, os
antepassados e a história do sujeito.
A casa v representa as capacidades de realização do sujeito, o que ele mesmo pode criar
ou tornar presente no mundo.
A casa vi representa os recursos pelos quais essas capacidades podem se tornar
permanentes ou maximamente eficientes.
A casa vii ou descendente representa as relações de harmonia e desarmonia entre a
realização das capacidades do sujeito e as realizações das capacidades dos outros seres.
A casa viii representa o limite da capacidade de realização do sujeito, ou seja, por um
lado, o aspecto sob o qual as realizações se tornam um limite para o próprio sujeito (o
caráter maléfico das realizações) e, por outro lado, a morte.
A casa ix representa os fins ou ideais que orientam a realização das capacidades do
sujeito.
A casa x ou meio do céu representa os meios pelos quais esses ideais se efetivam ou se
fixam na vida do sujeito.
A casa xi representa as relações de conveniência ou inconveniência entre os fins e ideais
que orientam as realizações do sujeito e os que orientam as realizações de outros seres.
A casa xii representa o limite de realização dos ideais e, logo, as provações que o sujeito
encontra em sua vida.
As Casas I, IV, VII e X são angulares e qualquer planeta situado nelas se encontra
fortalecido. As casas II, V, VIII e XI são as casas sucedentes, e os planetas nelas situados têm
um grau intermediário de poder. As casas III, VI, IX e XII são as casas cadentes, e, em
princípio, os planetas nelas situados se encontram enfraquecidos.
Os Aspectos
O simbolismo dos aspectos é derivado das relações entre as qualidades dos signos que
formam entre si determinados ângulos, que são sempre divisões exatas do círculo.
O trígono ($) é a divisão do círculo por 3 (120o), e representa a harmonia entre dois
princípios que tendem à realização de fins diferentes mas complementares.
A quadratura (#) é a divisão do círculo por 4 (90o), e representa a luta e a tensão entre
dois princípios que procuram, cada qual, subordinar a ação do outro à sua ação.
O sextil (') é a divisão do círculo por 6 (60o), e representa as oportunidades que dois
princípios oferecem um ao outro e que facilitam as realizações próprias desses princípios; as
tendências dos dois princípios não são necessariamente complementares ou harmônicas, mas
acidentalmente colaboram entre si.
Os ângulos dos aspectos apresentam uma certa elasticidade, ou seja, podem variar um
pouco para mais ou para menos, dependendo dos objetos que formam esses ângulos entre si.
Essa variação possível chama-se orbe. O maior orbe é o do Sol, que chega a 16o para mais ou
para menos (em relação ao ângulo-base do aspecto considerado). O orbe da Lua é de 12o; o de
Júpiter, 10o; o de Saturno, 9o; o de Marte e o de Vênus, 8o; o de Mercúrio, 7o; o das casas
angulares, 5o; o das outras casas, 3o; o das partes, 3o. Para saber o orbe de um aspecto formado
entre dois elementos do mapa, tomam-se os orbes dos dois elementos, somam-se e divide-se o
resultado da soma por dois. Num aspecto de Sol com Júpiter, por exemplo, somamos 16o e 10o e
obtemos 26o. Dividindo 26o por dois, obtemos 13o, que é o orbe admissível para esse aspecto. Ou
seja, um trígono de Sol e Júpiter pode ir de 107o a 133o.
É preciso deixar claro, porém, que os orbes só são admitidos quando os planetas
encontram-se em signos que formam entre si o aspecto considerado. “A importância fundamental
das quatro qualidades básicas [quente, frio, seco e úmido] para a compreensão dos aspectos tem
sido tão esquecida que os modernos chegaram a ignorar totalmente os limites entre os signos ao
avaliar se dois planetas fazem aspecto entre si. Pode-se admitir um orbe em torno da medida
exata do aspecto; porém, esse orbe termina onde termina o signo. Se um planeta está no primeiro
grau de Touro e outro, no quinto grau de Touro, os dois estão conjuntos. Se um planeta está no
primeiro grau de Touro e outro, no último grau de Áries, o astrólogo moderno os reconheceria
como conjuntos; mas, como não partilham do mesmo elemento e da mesma qualidade sígnica
que produziria entre eles uma perfeita compatibilidade, a idéia de conjunção, neste caso, é
absurda — embora os planetas estejam mais próximos, em graus, do que no primeiro caso.”
(John Frawley, The Real Astrology, p. 87)
As Estrelas Fixas
O simbolismo das estrelas fixas é derivado do simbolismo dos planetas. Com efeito, as
estrelas, classificadas sempre em benéficas e maléficas, levam cada qual a “marca” ou o estilo de
um planeta ou de um par de planetas. Seu caráter benéfico ou maléfico não depende, porém, do
fato de os planetas com os quais partilham o simbolismo serem benéficos ou maléficos. Ou seja,
uma estrela pode ter a natureza de Saturno, que é o Grande Maléfico, e ainda assim ser benéfica:
no caso, a contração ou limitação, que é a característica de Saturno, se manifesta na estrela de
maneira benéfica, como uma purificação ou uma proteção contra um mal. Do mesmo modo, uma
estrela de caráter jupiterino pode ser maléfica e, nesse caso, a expansão jupiterina vai representar
um excesso ou uma dissipação de uma qualidade.
A ação das estrelas fixas só se exerce por conjunção (ou seja, um trígono perfeito entre
um planeta e uma estrela fixa, por exemplo, nada significa), e o orbe admitido para a conjunção é
de no máximo 1o.
Algumas das principais estrelas fixas:
Maléficas Benéficas
As Partes
As partes são pontos do Zodíaco determinados pelas relações e proporções entre certos
planetas e certas casas, escolhidos de acordo com o tema que se quer conhecer. Sua função é
idêntica à das casas: representam um setor da existência, que pode ser bastante específico, e que
é avaliado segundo a colocação por signo e casa, a disposição e a aspectação.
O grau de especificidade das partes chega a ser impressionante. Existe, por exemplo, a
“parte do feijão”, que, aplicada ao mapa de um determinado ano, pode nos dizer como vai ser a
safra de feijão daquele ano. Mas as partes mais importantes são:
Asc. + R - Q
Parte da Fortuna R
Parte do Espírito Q Asc. + Q -R
A Áries 0o
B Touro 30o
C Gêmeos 60o
D Câncer 90o
E Leão 120o
F Virgem 150o
G Libra 180o
H Escorpião 210o
I Sagitário 240o
J Capricórnio 270o
K Aquário 300o
L Peixes 330o
Parte III
O Simbolismo dos Números
A Noção de Número
Para compreender o simbolismo dos números, é preciso compreender, antes de mais
nada, que o número é uma medida; e que existem coisas que são essencialmente medidas pelos
números, e outras que só o são acidentalmente.
Nas coisas que são essencialmente medidas pelos números, cada uma das unidades que
compõem o número que as mede tem, em relação às outras unidades, uma diferença qualitativa;
e cada uma das qualidades referentes a cada uma das unidades simboliza um tipo universal.
Além disso, o número é intrínseco à natureza das coisas que ele mede essencialmente: elas só
existem naquele número. Tal é o caso, por exemplo, das três cores primárias, que não podem ser
senão três, independentemente do nosso cômputo. Por fim, as coisas medidas essencialmente
pelos números pertencem sempre ao mesmo nível de realidade; não pode haver entre elas uma
hierarquia, caso em que não se trataria mais de um número, mas da soma de tantos números
quantos forem os níveis hierárquicos de que se trata.
Nas coisas acidentalmente medidas pelos números, o número é extrínseco à natureza da
coisa. Tal é o caso, por exemplo, de três pedras escolhidas ao acaso e contadas. É o caso
também, por exemplo, do número total de pedras que existem na Terra. Esses dois casos se
diferenciam porque o primeiro depende de um cômputo feito pela nossa mente, ao passo que o
segundo é um dado da natureza. Em ambos, porém, os números são acidentais e extrínsecos à
natureza das coisas que estão medindo.
Como o essencial sempre tem prioridade sobre o acidental, o próprio conhecimento dos
números acidentais só é possível pelo conhecimento dos números essenciais.
Definição de Número
O número tem a natureza de uma forma, porque é o que diferencia uma quantidade da
outra. Se diferencia, é porque dá à quantidade uma determinação. Ora, é a matéria que é o
indeterminado. Se o número dá uma determinação à quantidade, é porque ele é a forma, o
determinante da quantidade. Numa definição:
“O número é a forma essencial da multiplicidade,
que é dada pela medida da multiplicidade pela unidade.”
O Simbolismo do Um
O tipo da unidade é o Ser absoluto ou o Princípio de todo ser relativo, o Real, Aquele
Que É. Assim como todo ser relativo é uma medida do Ser absoluto, todo número é uma medida
da unidade. Por isso, tudo o que é — tudo a que se pode atribuir o ato de ser — é em alguma
medida um. Porém, os símbolos próprios do Um são aqueles objetos que, dentro de uma
determinada ordem, são o princípio da definição dos elementos que pertencem a essa ordem. Tal
é o caso, por exemplo, do Sol entre os planetas; da unidade na série dos números; do ponto em
relação à extensão espacial e às figuras; de todas as diversas “localizações” do centro, como, por
exemplo, o templo na cidade, o coração no organismo, a origem temporal na história. O Um
corresponde ainda à forma mais perfeita dentro de uma ordem de formas: o ouro entre os metais;
o modelo na mente do artista em relação à sua obra.
O Simbolismo do Dois
O tipo da dualidade é o par Infinitamente Determinante/Infinitamente Determinável, ou o
Absoluto e o Infinito. Não são consideradas como verdadeiras dualidades aquelas que se baseiam
na posse e na privação de algum atributo (exceto, em certa medida, quando a privação tem algum
aspecto de positividade em relação a outro ser — como a noite, que é privação de luz solar, tem
em relação a nós). A dualidade se expressa no par Sol e Lua; no masculino e no feminino; na
atividade e no repouso; na essência e na substância; no céu e na terra; no vento e na água; em
objeto e sujeito.
O Simbolismo do Três
O tipo do três é o das relações principiais de Unidade, Verdade e Bondade entre as partes
essenciais do ser em ato (tanto o Ser absoluto quanto os seres particulares).
Por relações principiais queremos dizer relações estabelecidas pelo próprio ato de ser da
coisa, e não uma relação entre a coisa e outras coisas.
As partes essenciais do ser em ato são:
1. aquilo que é: a substância ou o sujeito, o determinável;
2. o que ele é: a essência ou natureza, o determinante;
3. o ato de ser: o ato pelo qual ele é, a determinação.
As relações principiais entre as partes essenciais do ser em ato são:
1. Se considerarmos o ato de ser em si mesmo, ele possui a perfeição da Unidade, pois é por
ele que cessa a divisão entre essência e substância. Na medida em que essência e
substância estão separadas ou divididas, não há ser; é pelo ato de ser, que é um ato
simultâneo da essência e da substância, que cessa a divisão entre elas.
2. Se considerarmos o ato de ser enquanto ato da substância em relação à essência, ele
possui a perfeição da Verdade, pois a substância necessariamente reflete em alguma
medida a essência; caso contrário, não seria definida de modo algum por essa essência.
3. Se considerarmos o ato de ser enquanto ato da essência em relação à substância, ele
necessariamente possui a perfeição da Bondade, porque comunica e preenche: é uma
medida atual da essência, e isso é um bem.
Como o ato de ser é simultaneamente essas três coisas pelo mesmo ato, todo ser é em
alguma medida um, bom, e verdadeiro.
O número Três se manifesta em começo, meio e fim, ou juventude, maturidade e velhice;
nas três dimensões do espaço (longitude, latitude e a dimensão vertical); nas três cores primárias;
no ternário hindu sat, chit, ananda; no Sol, em forma, luz e calor.
O Simbolismo do Quatro
O tipo fundamental do quaternário é o dos aspectos do Princípio na sua relação com a
manifestação: Pureza ou Exclusividade, Atração ou Interioridade, Serenidade ou Inclusividade,
Força ou Atividade. Por um lado, o Princípio exclui tudo o que é distinto dele, pois é o único
real; por outro, sua própria realidade inclui toda positividade e toda perfeição, e, portanto, toda
possibilidade. O Princípio é Força ou Atividade porque projeta permanentemente a sua realidade
na manifestação, dando continuamente a existência aos seres manifestados; mas é também
Atração ou Interioridade porque ordena todos eles a Ele mesmo como fim e repouso. “Eu sou o
Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim.”
O quaternário se reflete nas quatro direções cardeais do espaço; nas quatro estações do
ano; nos quatro elementos; nas quatro fases da Lua; nos quatro animais protetores da geomancia
chinesa.
Parte IV
O Simbolismo dos Signos
A Divisão do Zodíaco
As quatro direções cardeais são uma projeção, num plano, do círculo do Equador e do
eixo dos pólos. A linha leste-oeste é a projeção do Equador, que tem por atributo natural o calor,
uma qualidade yang; o eixo norte-sul corresponde à frieza, que é um atributo natural dos pólos e
uma qualidade yin. O eixo leste-oeste, portanto, é relativamente yang, e o eixo norte-sul,
relativamente yin.
No eixo leste-oeste, embora seus dois pólos sejam yang, o leste é yang em relação ao
oeste, que é relativamente yin. Isso porque o leste é a direção do Sol nascente — um princípio de
atividade ou expansão — , e o oeste, a direção do Sol poente — um princípio de passividade ou
contração. Portanto, o leste é yang/yang, ou quente e seco, e corresponde ao elemento fogo na
Astrologia. O oeste é yang/yin, ou quente e úmido, e corresponde ao elemento ar.
As estrelas que giram em torno do pólo norte voltam para ele o seu lado direito, que é o
lado ativo ou yang. Ora, o yang busca sempre o seu complementar, o yin; logo, o pólo norte é
yin. Uma vez que o eixo norte-sul já é yin por natureza, o norte corresponde a um princípio
yin/yin, ou frio e úmido, representado pela água na Astrologia. Já as estrelas que giram em torno
do pólo sul voltam-lhe o seu lado yin, evidenciando que ele é yang. O sul corresponde, portanto,
a um princípio yin/yang, ou frio e seco, representado na Astrologia pelo elemento terra.
Os signos correspondentes às direções cardeais são Áries (elemento fogo) para o leste,
Câncer (elemento água) para o norte, Libra (elemento ar) para o oeste e Capricórnio (elemento
terra) para o sul. São esses os signos chamados cardinais, que refletem a característica distintiva
dos elementos, as diferenças entre os elementos. Podem ser associados, por isso, ao princípio
ternário Unidade, explicado no texto sobre o simbolismo dos números.
Se aplicarmos a divisão ternária a cada um desses elementos, fazendo de cada um desses
signos o vértice de um triângulo eqüilátero inscrito no círculo do Zodíaco, teremos nos outros
dois vértices de cada triângulo as outras formas ou modos dos mesmos elementos.
Os vértices do triângulo construído sobre Áries revelarão os aspectos do elemento fogo,
ou melhor, mostrarão como o fogo, enquanto elemento de base, pode servir para manifestar cada
uma das qualidades ternárias. Na ordem, depois de Áries temos Leão. Em Leão, o fogo se torna
veículo de manifestação da Bondade. Os signos que manifestam a qualidade de Bondade são
chamados fixos e caracterizam-se por evidenciar não os elementos nas suas qualidades
distintivas, mas os efeitos desses elementos sobre os seres. Além de Leão, esses signos são
Escorpião (elemento água), Aquário (elemento ar) e Touro (elemento terra).
O último vértice do triângulo de fogo cai no signo de Sagitário, onde o fogo serve de base
para a manifestação da qualidade Verdade. Os signos que manifestam a Verdade são chamados
mutáveis e manifestam especificamente, cada qual, o fim para o qual tende o seu elemento — o
estado no qual o elemento se aproxima ao máximo do seu modelo. Os signos mutáveis, além de
Sagitário, são Peixes (elemento água), Gêmeos (elemento ar) e Virgem (elemento terra).
Parte V
O Simbolismo dos Planetas
Todas as doutrinas tradicionais, sem exceção alguma, estabelecem uma distinção entre o
Absoluto e o relativo, entre o Princípio e a manifestação ou, em termos cristãos, entre o Criador e
a criatura. O campo do relativo, da manifestação ou da criatura é dividido em três mundos
hierarquizados e dotados cada qual de suas qualidades próprias: o mundo dos anjos, o mundo da
alma e o mundo do corpo; ou céu, atmosfera e terra; ou manifestação pura, manifestação sutil e
manifestação grosseira. Esses mundos são uma sucessão de imagens cada vez menos perfeitas do
Princípio. Além disso, os mundos inferiores são sempre imagens dos mundos superiores.
Portanto, do ponto de vista da Astrologia Tradicional, os planetas que nós vemos são somente as
imagens corpóreas, ou da manifestação grosseira, de uma realidade sutil, que são as potências da
alma; e estas, por sua vez, são somente imagens sutis de qualidades da manifestação pura, as
quais são a imagem mais direta que se pode ter do Princípio mesmo.
Entender o simbolismo astrológico, portanto, é conhecer as relações entre os planetas, as
potências da alma e as qualidades ou hierarquias da manifestação pura. Todas as demais
significações que os planetas podem apresentar — a relação de Marte com os militares e a de
Saturno com os monges, por exemplo — são uma expansão horizontal desse simbolismo vertical
primeiro. Com efeito, sob o ponto de vista tradicional, o exercício de uma profissão exige
habilidades que decorrem do aperfeiçoamento ou da plenitude de uma potência específica da
alma — por isso, a profissão é significada por esse planeta, que por sua vez é a tradução sensível
dessa potência. No mundo tradicional, além disso, o exercício da profissão em questão envolve a
realização de ritos de invocação dos atributos divinos dos quais a própria profissão, o planeta e a
potência da alma são imagens. Esse encadeamento simbólico universal é expresso de modo
magistral por René Guénon:
Tudo o que é, seja qual for o modo do seu ser, participa necessariamente dos
princípios universais e nada é senão por participação nesses princípios, que são as
essências eternas e imutáveis contidas na permanente atualidade do Intelecto
Divino; em conseqüência, pode-se dizer que todas as coisas, por mais
contingentes que sejam em si mesmas, traduzem ou representam os princípios à
sua maneira e segundo a sua ordem de existência, pois, se assim não fosse, não
passariam de um puro nada. Assim, de uma ordem a outra, tudo se encadeia e se
corresponde a fim de concorrer para a harmonia universal e total, pois a harmonia,
como já indicamos, não é outra coisa senão o reflexo da unidade principial na
multiplicidade do mundo manifestado; e essa correspondência é o verdadeiro
fundamento do simbolismo. É por isso que as leis de um domínio inferior sempre
podem ser tomadas para simbolizar as realidades de uma ordem superior, nas
quais têm a sua razão profunda, que é a um só tempo seu princípio e seu fim [...].
Guénon faz, então, a crítica das desvirtuações modernas da idéia de simbolismo e nos dá
uma indicação de o que é a verdadeira astrologia:
“[...] aproveitaremos para assinalar, nesta ocasião, o erro das modernas
interpretações “naturalistas” das antigas doutrinas tradicionais, interpretações que
invertem pura e simplesmente a hierarquia das relações entre as diversas ordens
de realidade. Por exemplo, para não falar senão de uma das teorias mais
difundidas em nossa época, os símbolos ou os mitos jamais tiveram a finalidade
de representar o movimento dos astros; o que ocorre amiúde é que encontram-se
neles figuras inspiradas nesse movimento, mas destinadas a expressar
analogicamente outra coisa, uma vez que as leis desse movimento traduzem
fisicamente os princípios metafísicos dos quais dependem; e é nisto que se
fundamenta a verdadeira astrologia dos antigos”.
Passaremos, então, à consideração do simbolismo de cada um dos planetas,
correlacionando-o com uma faculdade da alma e um princípio celeste ou divino e dando
indicações sobre o seu sentido geral.
A Lua
Na alma humana, a Lua corresponde ao sentido comum. Segundo os ensinamentos
tradicionais, além dos cinco sentidos externos, nós possuímos o sentido comum, que é o órgão
sutil que reúne os dados de todos os sentidos. O sentido comum transforma em imagem interna
as qualidades e características dos objetos exteriores a nós. Por meio dele, podemos portar
internamente as qualidades sensíveis dos objetos. O sentido comum é comparável à Lua por
diversos motivos. Em primeiro lugar, assim como a Lua reflete a luz do Sol, o sentido comum
reflete os objetos sensíveis. Além disso, esse reflexo interior dos objetos sensíveis é capaz de
gerar em nós um prazer ou um desprazer, ou seja, uma variação interna do próprio sujeito, que é
comparável ao crescer (prazer) e ao diminuir (desprazer) da Lua no seu ciclo mensal. Por fim, o
prazer ou o desprazer nos levam a atribuir aos objetos sensíveis um determinado valor ou
desvalor, o qual não se baseia na qualidade intrínseca dos objetos, mas na nossa reação a eles.
Isso se compara ao fato de a luminosidade lunar homogeneizar as cores dos objetos, tornando-as
todas semelhantes à própria cor da Lua, como se pode ver facilmente em noites de Lua cheia.
A Lua simboliza o Princípio enquanto “O Evidente”, ou “O Que Evidencia”. Por um
lado, sob o seu aspecto mais imediato, a percepção sensível é o que evidencia para nós a
existência das coisas. Por outro lado, no homem perfeito ou santificado, são as coisas percebidas
pelo sentido comum que evidenciam a existência e a presença do Absoluto.
A água, de maneira geral, é relacionada à Lua. Só quando a água repousa no lugar mais
baixo de uma região (um lago) é que ela reflete perfeitamente o céu. Do mesmo modo, enquanto
a alma é perturbada pelos valores e desvalores, pelo prazer e desprazer, ela é incapaz de refletir
puramente a realidade. Sabe-se, por exemplo, que uma pessoa perturbada por um sentimento
intenso, de amor ou ódio, por exemplo, é incapaz de julgar imparcialmente os valores das coisas.
A Lua é a significadora natural da mulher, da mãe e da maternidade em geral; significa
também o povo, que tomado em seu conjunto, é essencialmente passivo em relação à autoridade
espiritual e ao poder temporal; os agricultores e a atividade agrícola.
Mercúrio
Na alma humana, Mercúrio corresponde à estimativa. Além de perceber os objetos
sensíveis, nós percebemos o que eles representam em relação a nós. Quando o passarinho vê um
graveto, percebe não só o graveto como também a possibilidade de esse graveto vir a fazer parte
de um ninho — percebe, em suma, uma utilidade possível do graveto, que este ainda não
realizou sensivelmente. Quando a ovelha vê um lobo, percebe também a possibilidade de
agressão que o lobo representa, mas que ainda não realizou. O sentido comum só percebe as
propriedades atuais dos objetos. Já a estimativa percebe as intenções particulares dos entes.
Todo ser é dotado de uma lógica interna que determina os seus fins particulares. É
preciso que haja uma lógica universal que conecte as lógicas internas dos seres, de modo que os
fins particulares de cada um possam servir também a outros. Assim, a chuva não existe por causa
da semente; mas há uma lógica universal que faz com que as intenções particulares da chuva
colaborem com a realização das intenções particulares da semente. A qualidade divina que cria
essa ordem horizontal entre os seres e permite que eles auxiliem-se uns aos outros a realizar cada
qual as suas possibilidades particulares é a do Princípio enquanto “Aquele Que Auxilia”, ou “O
Auxiliador”.
Mercúrio sempre foi o significador dos símbolos e da linguagem em geral, pois a
capacidade que um objeto tem de significar outro é uma intenção particular do dito objeto. Do
mesmo modo a palavra, que se define por ser um objeto sensível com intenção significante.
Mercúrio é ainda o significador dos comerciantes e do comércio, da troca de mercadorias, que
permite a mútua realização de intenções particulares.
A luz do planeta Mercúrio é cintilante, como se ele emitisse faíscas. Essas faíscas
simbolizam as intenções particulares que os seres como que “emitem” no meio cósmico, para
serem aproveitadas por outros seres. Além disso, Mercúrio sempre aparece no céu antes de o Sol
nascer ou pouco depois de ele se pôr; essa dualidade simboliza o fato de que as intenções
particulares de um ente, quando são percebidas por um outro ente, sempre se apresentam sob a
forma da dualidade útil/inútil, favorável/nocivo. Ou seja, as intenções particulares dos outros
entes sempre são percebidas como favoráveis ou desfavoráveis à realização das nossas próprias
intenções.
Vênus
Na alma humana, Vênus corresponde ao apetite concupiscível, que é a capacidade de
inclinar-se na direção do que causa prazer. O prazer e o desprazer percebidos pelo sentido
comum geram na alma os primeiros atos do apetite concupiscível: a simpatia e a antipatia.
Essas, por sua vez, geram respectivamente o desejo e a aversão, que são a inclinação a
permanecer junto do objeto simpático e a inclinação a se afastar do objeto antipático. Os atos
últimos do apetite concupiscível são, por um lado, a alegria, que advém da posse do objeto de
desejo, e, por outro, a tristeza, quando se é obrigado a permanecer junto do objeto de aversão.
Vênus é o planeta que possui a luz mais suave, o que simboliza o caráter de atração pelo
aprazível ou pela beleza. Por outro lado, apresenta grande variação de brilho, o que indica os
pólos positivo e negativo, as duas séries de movimentos que podem ser geradas pelo apetite
concupiscível. Por fim, o caráter excludente desses dois processos é manifesto pelo fato de
Vênus apresentar-se ora como Estrela da Tarde, ora como Estrela da Manhã.
O Nome divino ou qualidade divina relacionada a Vênus é “O Que Dá Forma”, pois é a
proporcionalidade da forma do objeto em relação ao sujeito que torna esse objeto atraente ou
não. Com efeito, a simpatia se origina de o sujeito ser um receptáculo proporcionado ao objeto
do seu desejo. O objeto do desejo como que dá uma forma exterior e fugaz a uma possibilidade
interna de perfeição do próprio sujeito. O Princípio, ao manifestar-se, realiza exteriormente, sob
formas determinadas, as possibilidades que correspondem às suas Realidades íntimas; quando o
apetite concupiscível sente-se atraído por um determinado objeto, é porque o sujeito,
conscientemente ou não, atribui a esse objeto uma razão de semelhança ou correspondência com
uma perfeição interior possível.
Vênus é o significador natural da arte, que nada mais é do que a perfeita expressão formal
de um conteúdo universal (vide a noção platônica do Belo como esplendor do Verdadeiro); e dos
artistas em geral.
Marte
Na alma humana, Marte corresponde ao apetite irascível, que é a capacidade de gerar
inclinação ou movimento em direção às dificuldades ou obstáculos à realização de um bem.
Tomemos como exemplo o caso da gazela que está com sede, mas vê um leão entre ela e a água.
Ela precisa de um princípio de movimento que a leve em direção à água passando pelo leão, ou
seja, que a mova na direção do leão. Antes de mais nada, a estimativa avalia a possibilidade de
superação da hostilidade representada pelo felino. Essa avaliação vai gerar, por sua vez, o
primeiro ato do apetite irascível, que pode ser a esperança ou a desesperança de alcançar o
objetivo. Dessas duas modalidades do primeiro ato decorrem as duas do segundo ato, que são a
audácia, proveniente da esperança, e o temor, proveniente da desesperança. A audácia é uma
inclinação a ir em direção ao obstáculo, dada a possibilidade de superá-lo; o temor é uma
inclinação a fugir do obstáculo, dada a impossibilidade de superá-lo.
Realizada a superação pela audácia (a gazela que consegue fugir do leão e beber água),
surge o terceiro ato do apetite irascível: a calma ou sensação de liberdade, conhecida de todos
quantos transpuseram um obstáculo à realização ou obtenção de um bem. Por outro lado, quando
o ser não consegue fugir da dificuldade, mas é atingido por ela (a gazela caindo nas garras do
leão), surge a outra modalidade do terceiro ato, que é a ira: a reação que sobrevem quando o
temor já de nada aproveita, quando o confronto temido torna-se inevitável ou já aconteceu.
O apetite irascível gera movimentos muito mais fortes, dotados de uma intensidade muito
maior, que os do apetite concupiscível. Além disso, os atos contrários do apetite irascível
(esperança/desesperança; audácia/temor; calma/ira) não se excluem mutuamente de modo
absoluto. Pelo contrário, cada um sempre contém uma medida do outro. Esses dois fatos são
simbolizados pela cor e pelo brilho do planeta Marte: de cor vermelha, é ele que tem o brilho
mais intenso, “concentrado”, de todos os planetas.
A qualidade divina correlata ao planeta Marte é “O Que Vivifica”, “O Que Dá a Vida”,
tomando-se “vida” num sentido muito particular, de intensidade de movimento. Com efeito,
como já dissemos, os mais fortes movimentos que um ser pode sofrer são determinados pelo
apetite irascível. Por outro lado, os extremos patológicos da ação dessa faculdade caracterizam-
se por um entrave da vida: o covarde fica paralisado de pânico e o temerário caminha para a
morte.
Marte é o significador natural da classe guerreira. Com efeito, nos guerreiros, a atividade
do apetite irascível deve ser desenvolvida à sua plenitude, que se reflete num equilíbrio entre
suas manifestações passiva e ativa e numa permanente prontidão a avaliar as situações e reagir a
elas adequadamente, quer ofensivamente, quer defensivamente. É ainda o significador dos
esportistas, que se dedicam à superação de obstáculos.
Saturno e Júpiter
Além de ter potências sensitivas e apetitivas, o ser humano é capaz de compreender a
essência mesma dos objetos e dos entes — não só as intenções particulares dos entes em relação
a nós, mas as suas intenções universais, que expressam o que eles são em si mesmos. É essa a
capacidade intelectiva do homem, cujas potências intelectivas são o intelecto agente,
simbolizado por Saturno, e o intelecto paciente, simbolizado por Júpiter.
Nós somos capazes de perceber a essência das coisas, mas não é pela simples percepção
sensível que essa essência se evidencia para nós. Para inteligir, temos de separar as diversas
notas que percebemos no objeto do nosso estudo e, separando-as, vamos percebendo quais notas
são particulares ou acidentais e quais são universais ou essenciais. Quando contemplamos só as
notas universais, elas como que se “fundem” num todo ordenado que expressa a própria essência
do objeto. A primeira atividade — o trabalho de separação e classificação, ou hierarquização —
é a do intelecto agente, e a segunda — pela qual percebemos a união entre as notas universais e,
portanto, a própria essência do objeto — é a do intelecto paciente.
O intelecto agente é análogo a Saturno, porque a sua atividade é a mais difícil, a mais
lenta e a última a ser desenvolvida no processo da vida humana. Saturno, do mesmo modo, é o
planeta mais lento, o de brilho mais fraco (o mais difícil de ver) e o limite externo do nosso
sistema planetário Além disso, é o único planeta cuja cor — amarelo-pálida, semelhante à luz de
uma vela — é semelhante à do Sol. Se o Sol simboliza o Intelecto Divino, Saturno simboliza o
reflexo desse Intelecto no ser humano.
Já o intelecto paciente é simbolizado por Júpiter, pois este é o planeta que tem a luz mais
irradiante, de cor branco-azulada, e seu brilho (ao contrário do de Vênus, que, embora seja mais
forte, é como que contido em si mesmo, suave) dá a impressão de expandir-se, abrir caminhos
luminosos no céu noturno. Assim também a atividade do intelecto paciente é a que mais abre
possibilidades para o ser humano e, dentro da mente humana, é a mais irradiante.
A qualidade divina a que Saturno corresponde é a do “Senhor”, Aquele que determina a
ordem universal, o Princípio que hierarquiza todos os seres e coloca cada um no lugar que lhe
cabe. Do mesmo modo, a função do intelecto agente é a de descobrir o lugar natural de cada
coisa na ordem universal e fazer o mesmo com a alma, hierarquizando os elementos desta.
O intelecto paciente se caracteriza por um movimento de assimilação e orientação em
relação à ordem descoberta pelo intelecto agente. Uma vez conhecida a ordem, conhecemos o
lugar que nela ocupamos, ou seja, o nosso fim próprio, que determina a nossa tendência
universal. Assim, a qualidade divina a que Júpiter corresponde é a do Princípio enquanto
“Aquele Que Orienta”, Aquele que dá direção e sentido à vida.
Saturno é o significador natural dos monges, cuja existência é inteiramente dedicada à
obra interior de distinção entre o Real e o ilusório; é o significador das hierarquias; é o
significador dos obstáculos e dificuldades em geral, e ainda de tudo aquilo que exige
determinação, paciência e perseverança.
Júpiter é o significador natural dos sacerdotes, cuja função, segundo Guénon, é “antes de
tudo uma função de conhecimento e ensino”; é ainda o significador de tudo quanto amplia
possibilidades.
O Sol
Se somos capazes de conceber pelo intelecto a idéia universal de bem, na alma existe
também uma potência cuja característica própria é a de inclinar-se ou gerar movimento na
direção desse bem universal concebido. Tal faculdade é a vontade ou apetite intelectivo, e é
simbolizada pelo Sol. Os apetites concupiscível e irascível só podem, em princípio, ser movidos
por algo percebido pelos sentidos ou pela imaginação; já o apetite intelectivo pode ser movido
pela percepção de objetos inteligíveis, ou universais.
A vontade tem soberania sobre os dois apetites sensíveis e é capaz de subordiná-los em
função de um bem maior, de uma razão universal ou pelo menos entendida de modo universal.
Essa soberania é um traço de majestade que vincula nitidamente a vontade ao Sol visível.
Além disso, é pelo pleno exercício da vontade ou apetite intelectivo que o ser humano
realiza o bem universal em si mesmo. É o apetite do bem universal que, por seu poder soberano,
ordena todas as atividades da alma segundo a virtude, realizando nelas esse bem. Do mesmo
modo, é o Sol que torna luminosos todos os planetas e a própria Terra.
A qualidade divina a que o Sol corresponde é a do Princípio enquanto “Presença
Realizadora” no centro de cada ser. É por meio dessa Presença, depositada nele como uma
semente (a “centelha divina”), que o ser é capaz de realizar completamente a sua medida de ser,
i.e., a plenitude das suas possibilidades. A Presença é um princípio de semelhança da criatura
com o Criador, pelo qual o Absoluto habita no coração de cada ser relativo.
O Sol é o significador natural do pai, que transmite o ser ao filho como o Sol transmite
luz e calor aos planetas; é ainda o significador dos reis e da realeza.
Parte VI
Princípios de interpretação
Parte VII
Técnica da Astrologia Horária
+5 +4 Dia Noite +2 +1 +1 +1 -5 -4
+3/2/1 +3/2/1
A u q q/v/w v/q/w V T S U W U Q T t w
19 6 14 21 26 30 10 20 30
B t r t/r/u r/t/u T S V W U S R W u
3 8 15 22 26 30 10 20 30
C s w/s/v s/w/v S V T W U V U Q v
7 14 21 25 30 10 20 30
D r v t/u/r u/t/r U V S T W T S R w u
15 6 13 20 27 30 10 20 30
E q q/v/w v/q/w W S T V U W V U w
6 13 19 25 30 10 20 30
F s s t/r/u r/t/u S T V W U Q T S v t
15 7 13 18 24 30 10 20 30
G t w w/s/v s/w/v W T V S U R W V u q
21 6 11 19 24 30 10 20 30
H u t/u/r u/t/r U V T S W U Q T t r
6 14 21 27 30 10 20 30
I v q/v/w v/q/w V T S W U S R W s
8 14 19 25 30 10 20 30
j w u t/r/u r/t/u T S V U W V U Q r v
28 6 12 19 25 30 10 20 30
k w w/s/v s/w/v W S T V U T S R q
6 12 20 25 30 10 20 30
l v t t/u/r u/t/r T V S U W W V U s s
27 8 4 20 26 30 10 20 30
Partil ! V ou T 5 Partil ! W ou U -5
W V U orientais 2 W V U ocidentais -2
T S ocidentais 2 T S orientais -2
A casa do gozo da Lua é a Casa III; de Mercúrio, a Casa I; de Vênus, a Casa V; do Sol, a
Casa IX; de Marte, a casa VI; de Júpiter, a Casa XI; e de Saturno, a Casa XII.
Um planeta está em halb quando está numa posição “correta” em relação ao horizonte: se
for um planeta diurno (Saturno, Júpiter e Sol), deve estar acima do horizonte durante o dia e
abaixo durante a noite; e vice-versa se for um planeta noturno (Marte, Vênus e Lua). Para estar
em hayz, um planeta deve estar em halb e, ainda, se for um planeta masculino (Saturno, Júpiter,
Sol e Marte), deve estar num signo masculino; ou num signo feminino se for um planeta
feminino (Vênus e Lua). Mercúrio é diruno quando nasce antes do Sol e noturno quando nasce
depois do Sol.
Partil é um aspecto formado por dois planetas que encontram-se nos mesmos graus de
seus respectivos signos.
Diz-se que um planeta está combusto quando está a menos de 8 graus e meio do Sol, e
sob os raios quando está a menos de 17 graus. Porém, quando um planeta está a menos de 17
minutos do Sol, diz-se que ele está cazimi, ou seja, “próximo do coração” do Sol.
Algumas Partes Usadas em Questões Horárias
Refreamento
“Se, antes de os regentes completarem o aspecto, o planeta mais rápido entrar em
retrogradação, a ação ou o acordo prometidos deixam de se concretizar. [...] Ou, se o planeta
mais lento mudar de signo antes de o mais rápido completar o aspecto, resultando num longo
período antes de o aspecto completar-se, também se trata de um refreamento.”
Interferência (Frustração)
“A interferência ou frustração acontece quando os regentes do consulente e do objetivo
caminham para uma conjunção ou um aspecto favorável, prometendo a realização, mas antes de
o aspecto completar-se um terceiro planeta aspecta um dos regentes. Num caso desses, o assunto
pode ser prejudicado, principalmente se o terceiro planeta afligir um dos regentes. Ou a situação
termina de uma vez, ou é preciso superar algum obstáculo antes de chegar-se à realização da
questão. A casa ocupada ou regida pelo planeta que intervém mostra, com freqüência, a origem
[ou a natureza] da interferência.”
Translação de Luz
“Quando os regentes de uma pergunta estão em aspecto separativo e um terceiro planeta,
mais rápido, aspecta primeiro um dos regentes e logo em seguida o outro, diz-se que ele
translada a luz entre os dois regentes. O terceiro planeta mostra uma terceira pessoa ou alguma
circunstância favorável capaz de concretizar a questão.”
Coleta de Luz
“Quando dois regentes importantes para a pergunta não fazem aspecto entre si, mas
ambos se aplicam a um planeta mais lento, este terceiro planeta pode indicar a pessoa ou a
situação que irá concretizar a questão.”
Bibliografia
I. Introdução
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II. Cosmologia -- Física
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Plotino, Enéada II, Tratados 1 ao 6
Plotino, Enéada III, Tratados 1, 2, 3, 5, 7 e 8
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III. Cosmologia -- Psicologia
Aristóteles, De Anima.
São Tomás de Aquino, Comentário ao De Anima de Aristóteles. Tradução para o inglês
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