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Fernando Campos Barbosa

Estudo de um Caso Clínico

Pulsatilla nigricans

Instituto de Cultura Escola de Homeopatia

São Paulo
2007
Fernando Campos Barbosa

Estudo de um Caso Clínico

Pulsatilla nigricans

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como parte dos pré-
requisitos para conclusão do curso de
Homeopatia para Médicos, fornecido
pelo Instituto de Cultura Escola de
Homeopatia (ICEH).
Orientador : Dr. José Claudio Domingos

São Paulo
2007
Dedicatória

Dedico a Deus, a minha querida Emiliana


que com muita amorosidade dedicou horas
de seu tempo para o auxílio da confecção
dessa monografia.
Agradeço a todos os professores que de
forma direta e indireta foram fontes de
aprendizado e orientação. Em especial a
Dra. Flávia Risaliti, ao Dr. José Cláudio
Domingos e ao meu querido Dr. João Luiz
da Silva.

ii
RESUMO

Relato de caso clínico de Pulsatilla nigricans após anamnese e repertorização da

paciente V.S.J. de 46 anos com diagnóstico prévio de hipertensão arterial sistêmica,

depressão e insônia. Tendo em sua rotina cefaléias frequentes, picos hipertensivos

de difícil controle, sensação de claustrofobia durante a noite, sentimento de solidão e

abandono que a deprimia em seu relacionamento familiar e no trabalho. O

medicamento muitas vezes utilizado como policresto foi pontual no tratamento da

paciente. Cobrindo sinais e sintomas (físicos e mentais), controlando picos

hipertensivos e equilibrando a dinâmica mental da paciente.

Palavras chaves: Pulsatilla nigricans, Hipertensão Arterial Sistêmica e abandono.

iii
ABSTRACT

Report of case of Pulsatilla nigricans after the patient’s history and Repertorization

V.S.J. of 46 years with a previous diagnosis of hypertension, depression and

insomnia. On his routine frequent headaches, difficult to control hypertensive peaks,

a feeling of claustrophobia during the night, feeling of loneliness and abandonment

that depressed her relationship to family and at work. The drug often used as

polychrestus was punctual in the treatment of patients. Covering signs and

symptoms (physical and mental). Controlling hypertensive peaks and balancing the

dynamics of mental patient.

Keywords: Pulsatilla nigricans, hypertension and disregard.

iv
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................8

2 DESENVOLVIMENTO....................................................................................10

2.1 APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO ........................................................................... 10

2.1.1 Primeira Consulta – 03/07/2006 ...................................................................10

2.1.2 Análise do caso ............................................................................................16

2.1.3 Sintomas repertorizados ..............................................................................16

2.1.4 Observação Prognóstica ..............................................................................17

2.1.5 Prescrição ....................................................................................................18

2.2 RETORNOS...................................................................................................................... 19

2.2.1 Primeiro retorno – 25/09/2006......................................................................19

2.2.2 Segundo Retorno - 27/11/2006 ....................................................................22

2.2.3 Terceiro Retorno - 05/03/2007 .....................................................................24

3 PULSATILLA NIGRICANS ............................................................................27

3.1 SINONÍMIA ....................................................................................................................... 27

3.2 CARACTERÍSTICAS ........................................................................................................ 27

3.3 PREPARAÇÃO ................................................................................................................. 28

v
3.4 AÇÃO GERAL................................................................................................................... 28

3.5 CONSTITUIÇÃO E TIPO .................................................................................................. 29

3.6 MATÉRIA MÉDICA ........................................................................................................... 30

3.6.1 Samuel Hahnemann – Matéria Médica Pura................................................30

3.6.2 George Vithoulkas – Essências da Matéria Médica .....................................38

3.6.3 Dr. J.A. Lathoud – Estudos de Matéria Médica Homeopática ......................41

3.6.4 James Tyler Kent – Matéria Médica .............................................................49

3.6.5 Bernardo Vijnovsky – Tratado de Matéria Médica Homeopática Mental ......52

4 CONCLUSÃO.................................................................................................59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................61

vi
8

1 INTRODUÇÃO

Neste trabalho, será apresentado o estudo de um caso clínico e as

peculiaridades do medicamento Pulsatilla nigricans.

A Pulsatilla nigricans é uma Anêmona dos Prados, planta esta que cresce

nas altas colinas da Europa. Ela é classificada como um policresto, e age em

homens e mulheres, sendo mais adaptada ao sexo feminino, pois possui um caráter

suave, dócil, silencioso e submisso.

O caso analisado neste estudo se refere a uma paciente que foi

acompanhada na UPAT do Hospital Geral em São Paulo, por um período

aproximado de um ano

A abordagem inicial será feita com o levantamento minucioso da

anamnésia homeopática e global desde a primeira consulta da paciente em questão

e de forma pontual em seus outros três retornos.

Em suas co-morbidades patológicas a paciente apresenta sinais e

sintomas distintos em seus diagnósticos prévios comuns, quando dissociados de

seus sentimentos, sensações, emoções e sua maneira de observar e ser observada

do mundo ao seu redor, fatores computados e associados durante todo o vínculo

médico-paciente.

A metodologia utilizada será a seleção de sintomas da anamnese na

primeira consulta. Através da metodologia descrita por James Tyler Kent;

repertorização viabilizando o diagnóstico clínico, miasmático e medicamentoso,

sendo através destes elaborada a prescrição e a evolução deste caso clínico.


9

A descrição dos relatos foi mantida com fidelidade; aos dizeres, frases e

palavras da paciente.

O medicamento estudado e prescrito teve seu levantamento de forma

geral atribuindo suas peculiaridades e características gerais. Em ressalva atribuí os

sintomas homeopáticos da paciente, correlacionados aos descritos nos textos de

matéria médica, os quais investiguei.


10

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Apresentação do Caso Clínico

2.1.1 Primeira Consulta – 03/07/2006

Nome: V.S.J

Data de nascimento: 12/04/1960. Idade: 46 anos

Natural: Rondonópolis – MT

Residente: São Paulo – SP

Estado Civil: Casada

Profissão: Enfermeira com Especialização em Pediatria

Religião: Católica

Filhos: 2

“O que a trouxe aqui?”

Bom, primeiro gostaria de dizer que só pensei em homeopatia como Ciência

Médica após ver o resultado maravilhoso em uma criança com bronquite

asmática, que apresentava crises de repetição e foi tirada da crise sem

medicamento, somente com gotinhas e a mesma se encontra sem crises a mais

ou menos oito meses. Mas como o senhor havia me perguntado, o que me

trouxe aqui foi minha hipertensão arterial, pois vem me assustando, tenho picos

hipertensivos mesmo tomando a medicação regularmente, sinto dores de cabeça

na região occiptal frequentemente, com uma tensão horrível no pescoço e nos

trapézios, sempre no final da tarde e no começo da noite, e piora muito mais

quando vou me deitar, o quarto parece que fica quente, aí a pressão aumenta e
11

eu me sinto mal. Tudo piora, aí já era, fico ansiosa, deito na cama, começo a

sentir palpitação sinto pressão no centro do peito, no início das crises pensei que

era até infarto, mas o cardiologista afastou e na época realizei todos os exames,

isso há uns dois anos atrás. Meu marido fala que os meus medos e meu tiques

de doença começam no quarto a noite e que deveríamos dormir na sala (risos),

mas ele de certa forma tem razão (risos). Passei por um período com sensação

de perseguição, tipo pânico, ansiedade e depressão tudo junto. Achava que

pessoas, alguns dos meus desafetos estavam me perseguindo (paciente por um

instante pára de falar).

“Tudo bem?”

Sim

“Então fale mais sobre isto?”

Iniciei com o uso de Fluoxetina, Amitriptilina e Clonazepan esporadicamente,

quando tinha insônia, mas o que ocorreu muito no tratamento psiquiátrico foi uma

sensação de que eu estava sempre sozinha no mundo, fiquei quieta em silêncio

nestes minutos atrás, porque lembrei que na minha infância também cheguei a

pensar que estava sozinha no mundo (a paciente chora em pranto silencioso).

Sabe doutor sou muito ansiosa, ansiosa de dar dor, meu marido fala “olha não tá

dando para entender nada o que você está falando hoje”. Ás vezes me aborreço

com isso, outras vezes dou razão, e quando fica assim começa as dores por

todos os ossos.

“Como percebe que está ansiosa?”

Começo a falar, de repente estou palestrando, continuo falando, roubo,

atropelo a vez do outro falar. Odeio isso em mim. Adoro ouvir faz parte da minha
12

profissão, é muito bom dar atenção ao outro, sabe isto é muito gratificante, ainda

mais quando recebo um sorriso, um obrigado, ás vezes até um brilho no olhar.

Essa coisa de falar, de ficar ansiosa piorou muito depois da minha depressão.

“Como começou esta depressão?”

Logo depois ou ao mesmo tempo que surgiu a Síndrome do Pânico, o pânico

foi embora e eu acho que ela ficou, ou se intensificou. Eu tenho uma filha de 21

anos, sempre fui uma mãe presente, atenciosa, gosto de dar afeto, carinho e

neste período ela se envolveu com um rapaz muito controlador, bom moço,

porém, rude nos tratos, e minha filha começou a ficar com o mesmo perfil. Não

merecia aquilo, uma filha que ficou seca. Ah, se não fosse as minhas crianças,

meus pequeninos pacientes me retribuírem todo o carinho que eu enfatizo neles.

Sem eles, neste período eu não teria melhorado não.

“Como assim?”

Sabe doutor, eu adoro dar carinho, cuidar das pessoas, mas me realizo mais

ainda quando sou agraciada com o carinho do outro. Ás vezes me sinto até

egoísta, cuido para ser cuidada (os olhos da paciente lacrimejam), horrível falar

isso, mas no fundo gosto de ser bajulada. Ficava doente quando criança, para ter

uma atenção mais afetuosa dos meus pais. Tudo isto para dizer ao senhor que

me perguntou por que piorou minha depressão. Piorou porque me senti

abandonada pela minha grande companheira, minha filha, que neste período

economizou carinho, abraços e beijos a essa mãe que a ama tanto. Mas os

pacientes e seus pais me agraciavam com sorrisos, abraços e agradecimentos

que eu adoro, me derreto toda e o choro sai fácil, choro até sem motivo (risos).
13

Como já disse, adoro adular a todos, meu marido ás vezes me desaponta. O

desapontamento com os que mais amo é o que mais dói.

“Como assim?”

Gosto de estar sempre bem comigo, gosto de me cuidar, me produzir toda

para ele e muita das vezes sinto que ele me dá o mínimo de atenção, fico mal,

transtornada, acho que o problema é comigo, um sentimento de auto-

desvalorização. Acho que sou carente (risos). Estas consultas são sempre assim,

as pessoas ficam a vontade para dizer tudo? É por isso que o Homeopata vai

além dos sintomas superficiais. Sabe doutor, isso sempre foi um dilema em

minha vida, sou de fazer tudo para os outros, principalmente para o meu marido,

filha, filho e meus pacientes. Mas sou culpada, pois dou e quero algo. Será que

estou errada? Eu amo muito e me dôo muito, mas isto não surte o efeito da

satisfação plena, não me sinto no direito de cobrar do outro o que ele não pode

dar ou não quer. Gosto de mostrar para os que estão próximos que eu posso

errar e que mesmo sendo uma profissional exemplar como eles dizem eu

também erro e posso também decepcioná-los.

“Conte mais sobre a senhora...“

Sou amorosa com tudo, com a vida, com meus amigos, pacientes e

familiares; mesmo com amor destes digo assim - porque o que eu sinto não é o

bastante para mudar a mim ou o mundo a minha volta.

Mas às vezes troco as mãos pelos pés e acaba atrapalhando no sentido de

prejudicar de tanto querer ajudar. Ajudar a consertar as coisas.

“Ajudar prejudicando?”
14

Tenho uma condição financeira estável, ajudei meu irmão caçula a se

estabelecer, desde os estudos até o início dos seus negócios, estava orgulhosa.

Até que conheceu a minha cunhada, uma pessoa difícil, mas de bom coração,

que estagnou meu irmão em sua carreira e fiquei muito decepcionada. Não fiz

questão do dinheiro investido, mas ter ouvido da Rafaela (cunhada) que a minha

insistência para que o Artur (irmão caçula) estudasse ainda mais e fizesse MBA,

estava separando o casal trazendo discórdia para o relacionamento. Chorei

muito com isso (a paciente se emociona e chora).

Aguardo a paciente se recompor e digo, “faremos algumas perguntas diretas.”

Sim, pode fazer.

“Apetite, como é o da senhora?”

Tenho pouco apetite, mas como bem. Tenho uma dieta regular, acho que

balanceada como frutas, legumes, verduras... A carne muito pouco, não me faz

bem. Bebo pouca água, oriento os pacientes a beber e eu mesma esqueço.

Gostaria de falar uma coisa, frequentemente acordo com gosto ruim na boca,

como se estivesse comido argila.

“Como funciona o seu intestino?”

Vou ao banheiro regularmente, uma vez ao dia. Mas quando estou viajando

ou ansiosa tenho que aumentar a ingesta de mamão e laranja, para funcionar o

intestino. Observo algum tempo que quando estou resfriada, minhas fezes

apresentam uma espécie de muco grudento.

“Fale da sua transpiração?”

Um horror, transpiro muito nas axilas com um odor forte, quando estou

ansiosa piora o cheiro, transpiro muito nos pés. Um horror para quem usa
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branco. Nós vamos dar um jeito nisso, doutor (risos)? Também transpiro muito

durante o sono.

“Como é o seu sono?”

Nos últimos meses com picos hipertensivos, chego a casa com as pernas

levemente edemaciadas, com dor e perco o sono nestes dias. Mas normalmente

durmo por volta das 23:30h e acordo as 5:45h. Sabe uma coisa engraçada,

mesmo quando está frio eu me cubro e deixo o pé para fora do cobertor, sinto

calor nas plantas dos pés, principalmente quando deito para dormir.

“E os seus sonhos?”

A maioria ocorre no início do meu adormecer. São sonhos românticos,

caminhando por lugares belos durante o crepúsculo, sonhos sem mais. Tenho

também alguns pesadelos que me perseguem. Sonho muito com animais e me

assusto sempre com pastor alemão grande e negro que me persegue nas

encostas de um precipício, parece real. Peço ajuda para Deus e para todos os

santos para acordar, quando me lembro às vezes até rezo para não sonhar com

este cachorro. Já procurei algumas explicações no espiritismo, mas resolvi não ir

a fundo, vai que piora e passo a sonhar mais.

“Me fale sobre medo?”

O senhor quer saber se tenho medo?...

De ficar sozinha, isso eu tenho medo. Imagina ficar sozinha no escuro,

nenhum ser vivo merece.

“A senhora gostaria de contar mais alguma coisa?”

Nunca pensei que poderia falar tanto assim em uma consulta médica.
16

História Patológica Pregressa: na infância escarlatina, sarampo. Amigdalite

de repetição durante a primeira fase da adolescência. Ciclo menstrual alterado

durante início da puberdade. Cesariana dos dois filhos. Depressão após os 37

anos. Hipertensão Arterial Sistêmica com picos e diagnóstico nos últimos quatro

anos.

A paciente apresenta os últimos exames laboratoriais (hemograma completo,

coagulograma, colesterol total e frações, triglicérides, glicemia de jejum, sódio,

potássio, uréia, creatinina, TSH, T3 e T4 livre, VHS, urina tipo I, parasitológico),

raio x de tórax , teste ergométrico, eletrocardiograma, todos sem alterações

dignas de nota. Apresenta também controle de pressão arterial dos últimos

quinze dias com média de 150x100mmHg pela manhã por volta das nove horas e

PA 165x100mmHg por volta das vinte e uma horas e trinta minutos.

2.1.2 Análise do caso

Em uma sistemática do quadro holístico da paciente, foram evidenciados

alguns temas: sensação de impotência, resignação, paradoxo de indecisão,

comprometimento de forma servil, adulação com intuito da reciprocidade,

religiosidade (com disposição dogmática), solidão e culpa.

2.1.3 Sintomas repertorizados

Mental – bajulação, deseja, dá tudo quando é adulada. Sentimento de

abandono, transtorno por desapontamento. Ilusão – perseguidos por inimigos,


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sozinha no mundo. Peito – opressão a noite, palpitação cardíaca a noite na

cama. Boca – gosto ruim pela manhã, como argila. Evacuação – fezes com

muco, pegajosa e tenaz. Sono – insônia, com dores pelos membros. Sonhos –

perseguida por um cão negro, com lugares altos. Transpiração – durante o sono.

Extremidades - calor na planta dos pés.

Após repertorização apresentou sinais pontuados em sua maior cobertura

com os seguintes medicamentos: Pulsatilla nigricans, Silicea terra, Lycopodium

clavatum e Sulphur.

2.1.4 Observação Prognóstica

Diante de todo o quadro avaliado junto a anamnese, a paciente é

funcional, aguarda-se uma melhora de todo o quadro sem uma agravação. Em

uma disposição de dinâmica miasmática temos: como sofre? E como reage a

paciente?

Paciente psórica apresenta sofrimento ao relatar o caso, com a seguinte

frase: “eu amo muito e me dôo, mas isto não surte o efeito da satisfação plena”.

A paciente relata que se sente plena de amor por tudo e que esse amor não é

capaz de reverter e corrigir o que acha incorreto no mundo e nos seus (filhos e

irmãos). Ela apresenta neste momento uma reatividade ego trófica. E não

atingido este objetivo flutua em atitude depressiva, em ególise.

Entre os medicamentos em destaque na repertorização Pulsatilla nigricans é

o que mais se envereda na disposição de se dar o amor e sofrer pela falta de

retribuição.
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2.1.5 Prescrição

Pulsatilla nigricans 200CH dose única 10 glóbulos. Tomar 5 glóbulos a

noite e 5 glóbulos pela manhã.


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2.2 Retornos

2.2.1 Primeiro retorno – 25/09/2006

Caro doutor, o medicamento realizou algo novo em minha vida, me trouxe

recordações boas e outras (paciente hesita) mais ou menos.

“Como assim?”

Passei a dormir no quarto sem a sensação de que as paredes iriam me

engolir, passei a dormir bem e acordar melhor. Recordei que isso era comum em

minha adolescência, morávamos na casa de minha mãe, onde os rodapés e

contrapés das paredes eram altos e as janelas enormes, me sentia muito bem

com a brisa que entrava através das janelas pela manhã, como era bom. Outro

fato que não gostei, foi que tive dois furúnculos nas nádegas, tive abscessos

somente na adolescência. Não me contive e fiz uso de Cefalexina 500mg 4

vezes ao dia por 10 dias, mesmo assim drenou por 5 dias, após o término do

antibiótico. Após o quinto dia do medicamento Pulsatilla apresentei quadro de

corrimento amarelo discretamente hemorrágico que durou dois dias fora do meu

período menstrual. Olha que coisa engraçada, comecei a me sentir melhor

depois deste acontecimento. Tem alguma coisa a ver com o tratamento? Bom, o

fato é que todos observaram e com o passar dos dias eu me toquei, o quanto a

minha atenção de forma exaustiva tinha diminuído em relação aos problemas

alheios.

“Como assim?”
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Preocupação com o desenrolar da vida afetiva de minha filha. Atenção de

controle que meu irmão faz de sua vida e o que seria melhor para ele. Não deixei

de querer o melhor, mas sem desgaste. Me desgastava muito com isso, estou

mais leve. Meu marido ficou mais afetuoso, o senhor acredita? Acha que mudei

após as bolinhas mágicas.

Tive também um episódio de cefaléia intensa, após caminhar no parque,

tomei Cefalium 2 vezes nesse dia para resolver. Neste dia, estava muito

introspectiva, pensando o que mais eu queria em minha vida, então associei que

tal preocupação poderia ter desencadeado a dor. Hoje tudo resolvido.

O senhor se lembra que eu havia comentado que alguns desafetos com

certas pessoas eu ficava com a sensação que depois estava sendo perseguida.

Percebi o quanto isso era meu, um medo! Tive algumas indisposições com o

corpo clínico e administrativo do hospital em que trabalho. Devido a dificuldade e

resistência destes aceitarem mudanças já estabelecidas pelo Ministério da

Saúde. Como também sou sanitarista evidenciei a necessidade e passei por

discussões calorosas até que enfim acataram os novos projetos. Em outros

tempos eu ficaria com receio, não deixaria de falar, talvez não colocaria com

tanto ênfase a importância do projeto e teria a preocupação de ser perseguida.

Nada disso aconteceu, estou mais confiante. Essa neura ficou para trás.

Outra coisa que melhorou muito foi a transpiração durante o sono. Diminuiu

muito, antes tinha que trocar a roupa durante a noite. Ah! E a insônia melhorou.

Tive sim episódios que demorei a dormir, porém de menor intensidade e menor

duração, mas doutor ainda acordo com gosto de argila na boca, muito ruim isso.

“O quanto melhorou sua insônia e como?”


21

Veja doutor, nos últimos 62 dias após ter feito o uso do medicamento eu tive

um episódio ou dois no máximo por semana, nos dias em que passei maior

agitação no plantão. Para quem ficava sem dormir com uma insônia terrível no

mínimo cinco dias por semana, uma santa melhora. E observei que nos dias que

tive insônia as dores nas pernas foram mais suaves.

“Sonhos?”

Ótimo o senhor ter lembrado, sonhei com uma freqüência maior com tal

cachorro negro, mas ele já não me perseguia só me observava. Já não existia

mais o tal abismo, penhasco ou coisas tão altas. Meu marido até brincou “até que

enfim mudou o capítulo dessa novela” (risos).

Por falar em capítulo mudado não sei se é melhor ou pior, estou menos

chorosa, às vezes, após muito trabalho chegava em casa e pronto estava

sozinha, relaxava, tomava banho e sentia vontade chorar, sensação que estava

sozinha.

“Como assim?”

Gosto de chegar em casa e ver pessoas, ser recebida, gosto da companhia

dos meus queridos, aí, quando sozinha, vem a sensação de abandonada, depois

de um dia inteiro de trabalho. Hoje já me recomponho melhor que antes, às

vezes, choro sim, mas dura menos a dor daquela angústia. Resolvo por fim em

todas estas sensações, saindo de casa e caminhando pelas ruas do bairro,

sentindo a brisa da noite em meu rosto, como gosto disso.

“Gostaria de me dizer algo mais?”

Não doutor já falei tudo (risos).

“Quero saber sobre sua pressão arterial?”


22

Ocorreram cinco episódios de pico hipertensivo neste período, para mim,

todos ligados ao estresse, apenas um cursou com mal estar, corpo entorpecido,

cefaléia pulsátil intensa e discreta náusea, os demais apresentei cefaléia occipital

leve. Na pior crise PA: 180 x 110mmHg, já as demais mantiveram uma média de

PA: 160 x 100mmHg, mas com o controle regular que faço manteve uma média

de 125 x 85mmHg. Não posso esquecer de relatar para o senhor que parei a

medicação anti-hipertensiva após duas semanas do início do tratamento

homeopático, continuo apenas com o diurético Hidroclorotiazida 25mg que tomo

pela manhã.

“Quando foi a crise hipertensiva mais intensa?”

Foi a primeira crise, mais ou menos dois a três dias após eu ter parado a

medicação. Sei que deveria ter comunicado o senhor, mas difícil tratar o pessoal

da área da saúde (risos). Com a homeopatia, os demais medicamentos que eu

usava para a pressão me deixava com a sensação de moleza, meio hipotensa,

mesmo com a pressão arterial nos parâmetros normais.

Exame físico segmentar realizado sem alterações.

Resultado dos exames laboratoriais e de imagem sem alterações

significativas.

Realizada e mantida a primeira prescrição, orientada sobre dieta

higienoalimentar.

2.2.2 Segundo Retorno - 27/11/2006


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Paciente não comparece, mas liga para reagendar a consulta.

Uma semana após a data do segundo retorno, a mesma realiza contato

telefônico, referindo muita angústia, chorosa e que havia solicitado três dias de

dispensa com desconto nas férias, pois perdera uma tia muito estimada e foi ao

enterro no Paraná.

Sentia-se abandonada, apresentava pico hipertensivo de PA: 170 x

100mmHg, pois fora medicada pela manhã no pronto socorro em Curitiba sem

sucesso, a pressão arterial voltara a mesma mantendo cefaléia discreta e

angústia de abandono.

Orientei realizar um plus de Pulsatilla nigricans 200CH com 2 glóbulos e

tomar de duas em duas horas e manter o contato telefônico. O segundo contato

telefônico foi realizado às dezoito horas, a paciente relatou que a pressão arterial

aferida durante o período da tarde mantivera PA: 130 x 85mmHg se encontrava

sem cefaléia, referia ainda a sensação de angústia, de perda e abandono.

Mantida a conduta, reoriento e aguardo novo contato.

O terceiro contato telefônico foi às vinte e três horas e trinta minutos, a

paciente estava mais calma, mantendo a pressão, sem cefaléia, contou-me que a

sensação de perda havia diminuído e se encontrava muito cansada, porém,

confortada com a partida da tia.

Pergunto sobre a angústia de abandono.

A paciente me falou a seguinte frase: No momento me sinto acolhida e

segura doutor, acompanhada pelos meus. Orientei espaçar a tomada para quatro

em quatro horas até o meio-dia e de seis em seis horas durante o restante do dia
24

seguinte. Recomendei retorno telefônico se necessário e que aguardava-a na

próxima consulta.

2.2.3 Terceiro Retorno - 05/03/2007

Doutor, como estou agradecida com o senhor por ter me assistido em um

período de crise, devido a perda da tia Anastácia. Muito obrigada mesmo.

“Como você está?”

Muito bem. Quero dizer que a homeopatia funciona mesmo, tive essa

experiência durante a crise, perder uma tia tão amada me deixou aflita, mas a

medicação me equilibrou e me tirou do quadro de aflição de forma rápida.

Reavaliei a minha vida com muita serenidade para contar o que melhorou

em mim após o tratamento.

“Como assim?”

Acho que mudei, me sinto mais dona das minhas atitudes. Lembro da

minha boba necessidade de adular todos que estavam em minha volta, para que

eu fosse agraciada de atenção. Percebi, que não desejo isso de forma tão

sofrida, precisava muito do retorno das pessoas. Claro que continuo gostando de

agradar, mas não me faz falta como fazia. Minha amorosidade já não depende

tanto da intensidade que recebo de amorosidade. Serei uma eterna romântica,

chorando em filmes de fortes emoções, mas não chorosa por estar só. Ou por ser

desapontada por qualquer coisa, é claro que se acontecer algo que me ofenda

vou chorar sim e sei que vou. Já o choro solto (risos) não perturba mais minha

rotina.
25

Episódios raros de insônia, poucos após a perda da minha tia e outros,

após forte estresse durante o dia todo de trabalho. Ah! Não posso deixar de

lembrar o gosto terrível de argila na boca, melhorou muito, muito mesmo. E

quando sinto, este é muito mais suave, escovo os dentes e a língua e ele some,

que maravilha.

“Como está o sono?”

Como estava dizendo, venho dormindo bem, sem a sensação daquele

intenso calor e abafamento e melhorou muito a transpiração; já não ensopo a

roupa. Diminuiu muito a agitação ao deitar, com as coisas do tipo, pensar nas

atividades do dia seguinte. E quando tais pensamentos vem, demoro um pouco

mais para adormecer, sem medo de dormir.

“Seus sonhos?”

(Risos) Eu e meu marido achamos que acabou a minha novela com o cão

preto (risos), não sonhei mais. Sonho agora esporadicamente, com coisas

cotidianas, outros sensuais e até alguns eróticos (mais risos).

“Algum sintoma físico neste período?”

Tive um resfriado forte, tomei um anti-gripal e muito chá de gengibre com

limão, melhorou em uns três dias. Neste período tive muita coriza e muco nas

fezes no terceiro e quarto dia após o resfriado. Sem outros sintomas.

“Como vem o quadro de hipertensão arterial?”

Nem lembro (risos). Ás vezes até esqueço de tomar o diurético, não

apresento sintomas e realizo com regularidade o controle, mantendo uma média

de PA: 130 x 80mmHg. Sei que a hipertensão arterial existe, mas tenho a

sensação de ter curado (risos).


26

Doutor, recebi uma proposta muito interessante tanto profissional quanto

financeira de um hospital em Curitiba, estamos estudando a possibilidade, já que

meu marido pode pedir transferência no banco que trabalha. E como faremos

com nossas consultas, isso já me deixa um pouco aflita.

Explico as boas condições que se encontra hoje, física, mental,

comportamental, espiritual e que este equilíbrio pode ser assistido por um colega

no Paraná. Desejo-lhe felicidades, sucesso e me encontro a disposição sempre

quando precisar. No momento disponho de alta para a paciente, orientando

noções de dieta, atividade física assistida e na disponibilidade sessões de terapia

para um trabalho individual do ser.


27

3 PULSATILLA NIGRICANS

3.1 Sinonímia

Erroneamente atribuída por alguns autores à Anemone pulsatilla L., mas

pertence à espécie Anemone pratensis L., descrito pela primeira vez em: Species

plantarum.

Sinonímias: Pulsatilla affinis Lasch, Pulsatilla flore minore nigricante

Bauh., Pulsatilla jankae Nyman, Pulsatilla nigella Jord., Pulsatilla nigricans Stoerck

ex DC., Pulsatilla obsoleta Sweet, Pulsatilla pratensis Mill., Pulsatilla reflexa Gilib.,

Pulsatilla rubra Delarb., Pulsatilla zichyi Schur. (Soares, 2005)

3.2 Características

A Pulsatilla nigricans pertence à família da Ranunculaceae. Sua

abreviatura na literatura homeopática é encontrada: Puls.; Pulsat.; P. nig.; Pul.

Denominação homeopática: Pulsatilla nigricans, sua experimentação

patogênica: HAHNEMANN, C.F.S. Fragmenta de viribus medicamentorum positivis

in sano corpore humano observatis, 2 teile. Leipzig, 1805.

Nomes vulgares: Alem Küchenschelle, Osterblume, Schwärzliches

Windröschen, Wiesenpulsatille; esp.: Anemona de los prados, Anemona negra,

Anemona pratensis, Coquelurda, Flor de Pascua, Flor del viento, Pulsatilla negra;

Fr.: Anemone, Anemone des prés, Pulsatilla noirátre; ingl.: Black Pulsatilla, Dark-

Flowered Anemone, Wind Flower; ital.: Anemone de’Prati; latim: Herba Pulsatillae,
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Herba venti, Stilla; port.: Anemona dos prados, Flor da Páscoa, Flor do vento,

Pulsatilla.

Habitat original: Europa. (LATHOUD, 2002)

3.3 Preparação

Utiliza-se para a preparação segundo a literatura homeopática: folhas

secas colhidas na floração, planta toda fresca colhida no início da floração, planta

inteira recém florida, planta inteira colhida na floração em abril/maio, planta inteira

florida fresca, planta fresca, planta colhida na floração. Sendo que a partir destas

são preparadas as tinturas mãe, a qual segundo a Farmacopéia Homeopática

Brasileira II é uma forma farmacêutica básica, pois se trata de preparação que

constitui o ponto de partida para a manipulação das formas farmacêuticas derivadas.

As tinturas mãe de Pulsatilla nigricans possui título em etanol: 60%; 90%; 96% e o

seu resíduo seco é superior ou igual a 1,2%. (FONTES, 2005)

3.4 Ação Geral

A Pulsatilla nigricans não tem ação marcada no sistema nervoso, mas no

estado mental; determina sintomas característicos que são muito úteis na escolha do

remédio. Sua ação sobre o aparelho circulatório a torna peculiar, pois promove uma

lentificação da circulação, ingurgitamento devido a um espessamento sanguíneo

principalmente no sistema nervoso. Tal congestão veno capilar diminui o calor vital,
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com isso agrava por tudo o que lentificar mais a circulação, e melhora por tudo o que

ativar as trocas e estimular os vasos e tecidos.

Tem ação profunda nas mucosas, produzindo um estado catarral

característico com secreção amarelo-esverdeada não irritante.

É um típico medicamento de drenagem, esta secreção é apenas eliminação

espontânea de toxina, assim diminui a intoxicação crônica ativando a circulação

venosa e descongestionando os órgãos.

Não atua sobre as serosas viscerais, mas produz um quadro reumático sobre

as sinoviais articulares. (LATHOUD, 2002)

3.5 Constituição e Tipo

Pulsatilla nigricans age em homens e mulheres, mas está especialmente

adaptada ao sexo feminino; nos homens age principalmente nos de tipo feminino.

O poder em sua maior descrição para uma individualização é o caráter suave,

dócil, silencioso e submisso.

A Pulsatilla nigricans tende a ser triste, desencorajada, chora por tudo e por

nada. Busca o consolo o que a melhora, ao contrário de Natrum muriaticum que

também tem esta disposição dócil e é chorão, mas o consolo o agrava. Busca afeto

e simpatia dos que estão a sua volta, mas também pode ser irritada e mal

humorada, mas sem a cólera da Ignatia amara.

Este medicamento possui uma tristeza que se dissipa facilmente como

apareceu; acessos de alegria exorbitantes, idéias numerosas e muito mutável. Os

sintomas mentais são extremamente variáveis, inconstantes. Mau humor e choro


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que alternam com docilidade e amabilidade; passa da alegria para a tristeza sem

razão. Apresentam tais variáveis em seus sintomas físicos: nevralgias em diferentes

lugares, dores erráticas que mudam rapidamente de um lugar para outro; quando

estas dores são articulares podem se acompanhar de vermelhidão e inchaço.

3.6 Matéria Médica

3.6.1 Samuel Hahnemann – Matéria Médica Pura

Esta planta muito poderosa produz muitos sintomas no corpo humano

saudável, os quais amiúde correspondem aos sintomas mórbidos comumente

encontrados. Este remédio possui muitos usos podendo ser chamado até de

policresto.

Ela é útil em doenças agudas tão bem quanto em doenças crônicas, visto que

sua atuação, mesmo em pequenas doses dura de dez a doze dias.

- Tontura.

Tontura como por embriaguez. Tontura como se o sangue subisse para a

cabeça; um revolver e agarrar nela. Tontura, especialmente quando sentado.

- Peso da cabeça.

Embotamento da cabeça e dores fronte como se batida despedaçando. Dor

de cabeça ao movimentar os olhos, profunda nas órbitas, como se a fronte caísse

para fora, e os ossos frontais estivessem muito finos, com embotamento da cabeça

ao anoitecer.

- Sensação estúpida na cabeça, e dor como por uma contusão na fronte.


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Sensação estúpida na cabeça, como se a memória dele estivesse avariada.

- Dor dolorida na cabeça ao inclinar para a frente.

Dor dolorida no occipício; ao mesmo tempo frequentemente quente no corpo

e sempre em exalação. Dor de cabeça; o cérebro está como se apertado para

dentro, com uma dor terebrante no vértex.

- Obscurecimento transitório da visão.

Visão ofuscada como uma névoa diante dos olhos. Secura das pálpebras. Dor

no olho, como se ele fosse raspado. Dor dolorida queimante no olho como se um fio

de cabelo tivesse entrado nele.

- Coceira nos olhos.

Nos olhos uma queimação e coceira, que obriga a coçar e esfregar.

- Coceira profunda no ouvido. Zunido freqüente no ouvido.

- Sensação dolorida na base do nariz.

- A asa nasal está ulcerada externamente e exuda um fluido aquoso. Ilusão

do olfato: ele sempre sentia como se cheirasse uma mistura de tabaco e café,

mesmo ao ar livre. Odor ruim diante do nariz, como por coriza velha. Sangramento

pelo nariz (epistaxe). Fluxo de sangue do nariz, como coriza carregada. Nariz

congestionado, narina ulcerada. Coriza carregada com narinas ulceradas. Descarga

verde fétida do nariz. Comichão contínua do nariz. Espirros no anoitecer. Espirros de

manhã na cama.

- Dor de dente dilacerante.

As gengivas são dolorosas como se escoriadas. Dor nos dentes, como se

eles fossem empurrados para fora. As dores nos dentes são aumentadas no vento.
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- A língua está coberta com um muco viscoso, como com uma pele (pele de

animal).

Junto com a língua branca, gosto sórdido na boca de manhã. No meio da

língua, mesmo quando ela está úmida, uma sensação como se estivesse queimada

e insensível, de noite e de manhã.

- Dor de garganta.

Garganta dolorida que espeta. A garganta é dolorosa posteriormente, como

se estivesse em carne viva, ao mesmo tempo uma dor repuxa nos músculos

cervicais. Garganta dolorida: o palato arde como se ele estivesse em carne viva, ao

deglutir. De manhã secura na garganta. Gosto limoso na boca e inclinação ao vômito

de manhã. O lado de dentro da boca está coberto com um muco viscoso de manhã.

Muco fétido na boca de manhã ao despertar do sono.

- Paladar diminuído de toda comida.

Gosto repugnante por fumar tabaco. Cerveja amarga tem gosto adocicado

repugnante. Gosto amargo com vontade de suco de limão. Aversão por manteiga.

Pão algumas vezes tem gosto amargo; tem repugnância de pão. Leite ingerido de

manhã não tem gosto.

- Eructação biliosa no anoitecer.

Eructação ruidosa. Depois de beber café, um fluido azedo é arrotado

(regurgitando) para dentro da boca. Eructação freqüente com gosto do que havia

sido comido previamente.

- Falta de sede (adipsia).

- Salivação.

Fluxo freqüente de saliva aquosa da boca. Fluxo de saliva aquosa, como azia.
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- Soluços de noite no sono.

Depois de beber, tendência a soluçar. Soluços quando fuma tabaco.

- Dores cortantes no abdome acima do umbigo.

Dores no abdome, como se diarréia fosse aparecer. Flatulência se move de

um lado para o outro, como cólica no abdome, no anoitecer depois de deitar na

cama. Depois de comer, plenitude e dor de barriga ocasional com gorgolejos. Os

flatos são eliminados com dores cortantes no abdome de manhã. Dor de barriga

como se diarréia devesse começar e, contudo, aí somente ocorre uma evacuação

boa, natural. Dor precisa dolorida no abdome. Dor de barriga depois de evacuação.

Fezes moles freqüentes misturadas com muco. Diarréia de muco verde e depois

limosa. Diarréia sem dor de barriga. De manhã evacuação ardente, acre, mole.

Hemorróidas cegas com coceira no ânus ao anoitecer.

- Desejo freqüente de urinar.

Micturição involuntária: a urina goteja quando sentado e caminhando. A noite

ela molha a cama de forma involuntária. Freqüente desejo mórbido quase ineficaz

de urinar com dor cortante quando urina. Urina avermelhada escura sem sedimentos

ocasionalmente.

- Vagina dor queimante (que espeta).

Dor pressiva que repuxa em direção do útero com inclinação ao vômito em

direção da manhã. Dor tensiva que repuxa no abdome, como dores de parto.

Corrimento da vagina (leucorréia) fluido, acre. Corrimento da vagina leitoso, indolor.

Corrimento da vagina, leitoso, com inchação da pudenda. Durante a menstruação

uma dor pressiva para baixo como uma pedra no abdome e sacro, durante a qual as

extremidades inferiores tem uma tendência a adormecerem enquanto sentada com


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vontade infrutífera, ineficaz, de evacuar pelas fezes. Durante a menstruação: o

sangue é grosso e preto e vem apenas em esguichos duas ou três vezes ao dia.

- Tosse com opressão no peito, sem expectoração.

Rouquidão com incapacidade para falar alto uma palavra. Tosse

estimulada como se por secura no peito (traquéia). Durante a tosse, sensação como

de vapor de enxofre na garganta. Tosse noturna, a qual provoca insônia e exaustão.

Tosse seca noturna, que desaparece ao sentar na cama, mas retorna ao deitar.

Tosse severa com expectoração difícil de escasso muco viscoso. Expectoração de

sangue. O muco expectorado ao tossir tem gosto amargo, bilioso. Tosse com dor no

peito. Espetadas no ombro pela tosse.

- Tensão espasmódica persistente sob o peito.

Sensação espasmódica através do peito. De manhã dificuldade de puxar

o fôlego pela angústia no peito.

- Dor que espeta a nuca.

Dor na nuca como se estivesse deitado de noite numa posição errada.

Dores picantes que repuxam na nuca, entre as escápulas e as costas.

- Dor dolorida como por fadiga no osso sacro ao anoitecer.

Rigidez e dor no sacro quando deitado, como se supurando, e como se

por uma faixa apertada a qual não irá ceder. Dor no sacro depois de sentar; mal

consegue se sentar.

- Articulação do ombro com sensação de contração espasmódica.

Articulação do ombro, ao dobrar o braço para trás, dor como de

deslocamento. No anoitecer, uma dor queimante no braço com sensação seca nos

dedos da mão. Pontadas pelo braço. Coceira noturna no braço. No braço, vesículas,
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as quais posteriormente se enchem de pus e destacam como escamas. Dor na

articulação do cotovelo ao esticá-lo. Uma dor tensiva dos tendões da dobra do

cotovelo ao movimentar o braço.

- Articulações dos quadris são dolorosas, como se deslocadas.

Uma fasciculação indolor visível de alguns feixes de fibras musculares na

coxa ao anoitecer na cama. Quando caminha, fraqueza paralítica súbita, passageira,

na coxa. Rigidez dolorosa no joelho direito quando caminha, quando o membro é

esticado. Inchação indolor no joelho. À noite, frieza no joelho, sob as roupas de

cama. Peso das pernas de dia. Fraqueza dos pés, de maneira que não consegue

ficar de pé. Veias varicosas da perna sangram. A tíbia é dolorosa quando tocada.

Dor tensiva que repuxa nas panturrilhas. Inchaço de um pé no anoitecer. Inchaço

dos pés. Pés quentes. Dor queimante nas solas dos pés. Formigamento pruriginoso

nos dedos dos pés, como em membros congelados, no anoitecer.

- Coceira ardente aqui e ali na pele.

Uma coceira queimante antes da meia-noite quando se esquenta na

cama sobre todo o corpo, a qual se torna mais violenta por coçar; não consegue

dormir por isto à noite; pouco sentido de dia e então somente quando ele se

esquenta ao caminhar, ou quando ele se esfrega – nenhuma erupção deve ser vista.

Furúnculos aqui e ali. Manchas quentes vermelhas, no corpo, se elevam em caroços

como se picado por urtigas, com dor pruriginosa que corrói.

- Úlcera existente tem tendência a sangrar.

Vermelhidão ao redor da úlcera torna-se duro e brilhante. Na úlcera

ocorrem pontadas, que dão um choque no corpo inteiro, enquanto ao redor dela

apenas dores que picam, posteriormente passando para queimação, são sentidas.
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- Imobilidade e rigidez no corpo.

Peso do corpo inteiro. Deseja sentar e deitar com preguiça. Os membros

parecem contidos prostração dos membros. Extrema fadiga por uma curta

caminhada, durante muitos dias.

- Sono vespertino irresistível.

Sonolência persistente, com sonhos. Sono muito prolongado, com

pálpebras cerradas o qual é, desde a primeira soneca apenas leve, cheia de

fantasias e sonhos. Um sono leve cheio de sonhos com assuntos desconexos, para

cada um dos quais o sonhador junta palavras em pensamento, embora os nomes

não se refiram às coisas vistas em seus sonhos; daí conversa alta desconexa em tal

sono. Sonho superficial, muito leve; posteriormente ele sente como se não tivesse

dormido de forma alguma. Sono comatoso, estúpido, inquieto; move-se de um lado a

outro no sono. Sono inquieto de noite; por causa da sensação intolerável de calor,

necessita tirar as roupas de cama, durante o que os lados de dentro das mãos estão

quentes, mas sem transpiração. Insônia com extremo desassossego ao anoitecer.

Coceira intolerável ao anoitecer na cama. À noite ansiedade como por calor. Insônia,

como por agitação do sangue. Antes da meia-noite, sono impedido por uma idéia

fixa. Depois da meia-noite sonhos e fantasias muito vividas que forçam e fadigam

incessantemente a faculdade de pensar; o tema deles é quase sempre o mesmo

assunto, até que acorde. Sono leve, com olhar fixo para qualquer lado com um dizer:

“Afaste aquele homem de mim”. Sonhos assustadores; necessita-se levantar.

Sobressalta assustado em seu sono. À noite desperta assustado e confuso, não

sabe onde está e não consegue recuperar bem o domínio de si mesmo. Sonhos

confusos de noite; com brigas, coisas horríveis, morte, infortúnios. Tagarela no sono.
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- Frieza, palidez, e suor sobre o corpo todo.

Leve tremor de frio à tarde. Estremecimento repentino. Mãos e pés frios:

eles parecem mortos. Frio no anoitecer como pele arrepiada. Frio depois da refeição

do meio-dia, sobre a parte de cima do abdômen e parte superior dos braços.

Sensação de frio com tremor, a qual retorna depois de alguns minutos, com pouco

calor depois disto e nenhum suor. Frio febril sem sede; sede no calor. No anoitecer

sede de água. Sede de cerveja e com tudo gosto desagradável ao beber. Sede de

bebidas alcoólicas.

- Sensação de calor como se num aposento muito aquecido.

Desejo de tirar a roupa. Calor de noite, e ao virar na cama, frio e

estremecimento. Calor e então estremecimento. Calor de uma mão e frieza da outra.

Calor nas mãos e pés. Calor de tarde por uma hora, sobre todo o corpo. Calor

externo e intolerável, as veias estão dilatadas. Leve transpiração de manhã.

Transpiração profusa, malcheirosa, noturna. Suor no lado direito da face. Suor

somente do lado direito do corpo. Suor somente do lado esquerdo do corpo. Calor

ansioso como se água quente fosse jogada sobre o corpo, com fronte fria.

Palpitação do coração e grande ansiedade de maneira que deve tirar as roupas.

Palpitação do coração por falar.

- Ansiedade, não sabe como se acalmar.

Ansiedade, pensa que vai morrer. Ansiedade, como se ameaçado de

apoplexia, no anoitecer depois de deitar, com frio barulho nos ouvidos como música

com fasciculação nos dedos da mão do lado direito. Preocupação, ansiosa sobre a

saúde. Preocupação sobre as incumbências domésticas, de manhã. Não consegue

pensar sem se afligir com seus afazeres, de manhã. Estado agitado do espírito, com
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sensação de não fazer o dever adequadamente. A criança grunhe e geme quando

carregada de um lado para outro ou quando quer ter um esvaziamento dos

intestinos. Mesmo quando de bom humor a criança deseja primeiro uma coisa

depois outra.

- Hesitação extrema.

Abandona os negócios, hesitação, respiração soluçante e perda de

compostura. Invejoso, avarento, insatisfeito, insaciável, quer ter tudo para si.

Irritação e aversão ao trabalho. Descontente, chora por um longo tempo, de manhã

depois de despertar do sono. Ao longo de todo o dia mau humor e descontente, sem

causa. Ao ouvir algumas notícias desagradáveis fica afetado com tristeza e

desesperança. Embotado, irritado, com muito frio. Irritado, leva tudo o que os outros

dizem para o lado ruim. Rabugice hipocondríaca; leva tudo para o lado ruim. Tudo o

enfastia; tudo é repugnante. Hesita em seu falar; e aborrece de ter que responder.

Número grande de idéias mais vacilantes em sua cabeça. Pressa. Desatenção, age

com precipitação, faz algo diferente do que deseja fazer. Somente com grande

esforço consegue expressar de forma adequada ao conversar. Quando escreve

omite muitas letras. Trabalho mental o afeta muito. Mais indisposto para o trabalho

mental ao anoitecer do que as outras horas do dia. Tem prazer em nada, mais se

aborrece com absolutamente nada. Extraordinariamente cheio de manias e irritado

com tudo, mesmo consigo mesmo.

3.6.2 George Vithoulkas – Essências da Matéria Médica


39

Pulsatilla é primariamente feminino, 75% dos casos. Mutabilidade com

suavidade; submissão fluída; nenhuma resistência ao desafio; pode ser enganosa;

difícil de obter sintomas; muito atenta ao que é desejado. Necessita de uma

anamnese cautelosa com o mínimo de perguntas sugestivas, devido a facilidade e a

convicção que esse paciente tem em moldar-se ao que os outros querem. É

maleável, mutável, mas basicamente simples é como um rio modelado pelos

obstáculos.

É dona de idéias flexíveis, onde ações, sensações e emoções são facilmente

estimuláveis. A Pulsatilla é fisicamente e fisiologicamente disposta a descargas, sem

nenhum padrão. É difícil obter dela modalidades. Sintomas erráticos. Menstruações

inconstantes. Feminina, voluptuosa, lábios carnudos. Sistema circulatório facilmente

relaxado e igualmente despertado. Fogachos na face por coisas mínimas. O

movimento lento é característico, para ela, o mais agradável. Não é indolente,

porém, o exercício físico desperta sintomas.

Medicamento que piora em condições agudas pelo frio; agrava-se pelo calor,

salas e quartos aquecidos e abafados podem causar desmaios. Ao calor do sol

necessita de vários banhos para se refrescar, com sensação de calor sufocante. A

ingestão de líquidos quentes a torna sensível a piora. Gosta de coisas refrescantes.

Paciente sem sede. Medo de lugares fechados; sente-se sufocar. Melhora na água

morna, beira mar.

Intolerante a gordura. Piora com álcool que superestimula seu sistema

nervoso. Aversão ou desejo de manteiga. Desmaia ao cair da noite, como

Phosphorus, mas ambos podem melhorar neste horário.


40

Pulsatilla pode ser emocionalmente forte, desde que saudável e que seus

sintomas estejam em um nível físico. Chora com facilidade o que lhe traz alívio. É

maleável, mutável.

Pulsatilla melhora ao ser consolada; pode chorar de propósito para se sentir

melhor. Pode sentir autopiedade. Provoca compaixão. Os relacionamentos são

muito importantes. Liga-se até com pessoas negativas, desde que sejam

autoritárias. Podem ser promíscuas cedo na vida, mas são fiéis após formar famílias.

Mãe-terra; adora dar e receber massagem. Sensual. Sofre ao suprimir seu

desejo em ambientes nos quais a sensualidade não é culturalmente aceita. Contará

que sente falta. Impulso sexual forte, física e emocionalmente, mas não a ponto de

se levar por fantasias sexuais.

É uma pessoa doce, cortês, com sentimentos delicados; otimista, mas

desencorajada facilmente. Nunca agressiva ou cruel; não se impõe. Cheia de

simpatia pelos que a rodeiam; preocupada com os membros da família, mas não

toma as dores dos outros. É flor pendendo ao vento a procura de apoio para

sustentá-la.

Pode ser fanática extremada, desde que não tenha que pensar por si

mesma; toma atitude dos outros sem reserva. Pode adotar rígidos padrões

alimentares. É atraída por dogmas ou por comunidades dogmáticas, espirituais,

porém, como é volúvel, pode ir de um dogma a outro.

Apatia nos estágios finais; pode ser muito inflexível, quase catatônica.

Senta e permanece como uma árvore que precisa ser regada.


41

3.6.3 Dr. J.A. Lathoud – Estudos de Matéria Médica


Homeopática

As características do medicamento Pulsatilla estão especialmente adaptadas

ao sexo feminino (nos homens agem principalmente do tipo feminino).

Caráter especial

Este é extremamente importante no estudo do remédio a ponto de poder

ser uma indicação para a individualização: caráter suave, dócil, silencioso e

submisso.

Tende a ser triste, desencorajada, chora por tudo e por nada. Busca o

consolo, o que a melhora. Tem necessidade de afeto e simpatia dos que estão a sua

volta.

A tristeza se dissipa facilmente assim como apareceu; acessos de alegria

exorbitantes, idéias numerosas, mutáveis.

Se estiver gravemente enferma, assume com resignação seu sofrimento,

sofre sem queixar-se, facilmente apresenta fanatismo religioso, temor doentio do

sexo oposto, suas tarefas domésticas a deixam inquieta sobre tudo pela manhã,

medo da morte.

Variabilidade extrema dos sintomas

Sintomas mentais são extremamente variáveis, inconstantes, mau humor

e choro que alternam com docilidade e amabilidade; de alegria para tristeza sem

razão.

Sintomas físicos também são variáveis: nevralgias em diferentes lugares,

dores erráticas que mudam rapidamente de um lugar para outro; quando estas dores

são articulares pode-se acompanhar de vermelhidão e inchaço.


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Ao falar, expõe uma série de sintomas cambiantes todos misturados,

variáveis sem pé e nem cabeça, devem nos fazer pensar em Pulsatilla.

Modalidades

- Unilateralidade: os sintomas podem se apresentar à direita ou à

esquerda.

- Agravação: paciente Pulsatilla agrava pelo calor em um quarto quente, o

mental agrava sufocação, aumento das dores e a sensação de frio em um quarto

quente. Agrava por excesso de roupas quentes. Deve-se usar roupas frescas

mesmo que esteja frio.

O repouso faz mal a Pulsatilla, está cansada pela manhã ao levantar-se e

a noite não quer deitar porque não sente sono.

Piora quando a pressão barométrica aumenta. Com aumento excessivo

de umidade e ao se aproximar uma tempestade.

Sintomas nervosos e mentais agravam após comer. Alimentos gordurosos

e alimentação pesada agravam.

Apresenta aumento do desconforto ao deitar-se sobre o lado dolorido.

Os sintomas gástricos estão piores pela manhã e os mentais piores à

noite.

- Melhoria: ao ar livre, por aplicações frias apesar de ser friorento.

Apesar da sensação de frio este medicamento esta melhor ao ar livre.

Deseja o ar livre, não suporta o calor do verão.

Os sintomas inflamatórios melhoram com aplicações frias, comendo e

bebendo alimentos frios.


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Melhora caminhando ao ar livre, sobretudo se o tempo estiver fresco e

claro. Sente-se melhor caminhando lentamente ao ar livre. Melhora pelo movimento

lento ao ar livre e agrava pelo repouso e em local quente.

Sintomas Mentais

A enferma de Pulsatilla nigricans tem uma falsa pletora, que lhe dá uma

falsa aparência de saúde e que nos faz crer que não esteja enferma.

Chora com facilidade, está nervosa, agitada e caprichosa; dócil e fácil de

ser convencida e conduzida.

Melancolia, tristeza, desespero, ansiedade religiosa, caprichos, idéias

variáveis, e muita imaginação e grande excitação.

Mulher jovem, dócil, chorosa, triste e que fica sentada em uma cadeira o

dia todo sem dizer nada, sem responder nada, a não ser sim ou não ou apenas faz

sinais com a cabeça. Estes sintomas mentais estão associados a alterações uterinas

e ovarianas.

Tristeza, melancolia, fecha-se na sua tristeza, chora facilmente, mas da

mesma forma o consola a melhora.

Hesitante e irresoluta com rapidez se desencoraja, muito resignada e sem

energia para dominar-se.

Temor mórbido do sexo oposto. Melancolia religiosa, ansiedade,

inquietude profunda sobre tudo. Impulso ao suicídio, pensa em afogar-se.

Sono

Sonolência diurna principalmente após o meio-dia, não pode dormir à

noite. Insônia com ondas de calor. Ao despertar está torporoso e indiferente.

Cabeça
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Cefaléia com dores lacinantes, desgarrantes nas bossas frontais e na

região supraorbitária, que agrava pelo trabalho mental, repouso e calor; melhora

pelo movimento, ao caminhar lentamente. As dores são móveis e vão de um lugar

para outro.

Cefaléia unilateral, explosiva, com náuseas e vômitos, quando

sobrecarrega o estômago, sobre tudo com alimentos gordurosos.

Cefaléia congestiva pulsátil, acompanhada de muito calor na cabeça.

Cefaléia que melhora ao apertar fortemente a cabeça.

Olhos

Secreção espessa, profusa, amarelada esverdeada, não irritante como

todas as secreções de Pulsatilla nigricans. Pálpebras inflamadas, aglutinadas,

principalmente na região periférica da pálpebra.

Melhora ao lavar com água quente, morna ou mesmo fria. Prurido nos

olhos. Recorrentes terçóis.

Ouvidos

Otorréia: espessa, amarelada, não irritante, sanguinolenta.

Otite média, abscesso do ouvido médio com secreção abundante,

espessa inicialmente sanguinolenta e depois amarelo esverdeado. Ruptura do

tímpano.

Face

Face doentia com tez azulada, violácea ou mármore, com frequência está

inchada pela pletora venosa.

Pode estar colorida, avermelhada, com aspecto de sangue.

Inchaço do lábio inferior que está espesso, seco e fundido no meio.


45

Tremores convulsivos dos músculos da face.

Dores nevrálgicas que começam na região temporal direita com nevralgia

do trigêmio.

Aparelho Digestório

- Boca: Boca seca, sem sede.

Mal gosto na boca pela manhã, ao despertar, perda do paladar e do

olfato.

Língua carregada, recoberta com muco branco ou amarelo, muito tenaz.

- Faringe e glândulas salivares: Secura na garganta, que está vermelha

escura, azulada; mucosa da faringe com varicosidades. Deglutição difícil como por

paralisia da faringe.

- Estômago: aversão pelos alimentos gordurosos que, aliás, não

suportam. Repugnância pelo leite, pão, carne de porco, tortas com dificuldades para

digeri-los. Aversão aos alimentos e bebidas quentes e não digere bem aos sorvetes.

Alterna fome violenta com anorexia. Sede ausente. Desejo de ácidos.

Digestão lenta, inchaço gástrico após a refeição.

Dores desgarrantes no estômago. Sensação de peso no estômago como

por uma pedra. Sensação de angústia no estômago, que aparece uma ou duas

horas após a refeição.

- Abdômen: sensação de frio no estômago, que está extremamente

sensível ao toque. Flatulência e distensão dolorida no abdômen.

Cólicas e borborigmos após a refeição, no final do dia e à noite, como se

fosse aparecer uma diarréia.


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- Ânus e fezes: dores escoriantes no ânus, prurido anal, hemorróidas

externas com dores picantes.

Diarréia com fezes muito variáveis, aquosas fétidas, principalmente à

noite, após comer frutas, tortas e sorvetes.

Constipação crônica com desejos contínuos e fezes insuficientes.

Aparelho Urinário

Ardor no meato urinário antes e após a micção.

Dores espasmódicas na bexiga após urinar. Desejos frequentes e inúteis

de urinar, sobretudo estando deitado de costas.

Eliminação involuntária de urina pela tosse sentada ou à noite.

Pulsatilla nigricans produz um catarro crônico na bexiga, secreção

mucosa abundante, sobretudo após sentir frio, espessa, filamentosa, purulenta,

verde, fétida.

Órgãos genitais

- Masculinos: aumento do desejo sexual, ereções matinais prolongadas.

Dor e ardor nos testículos, com hipertrofia. Orquite e epididimite após

blenorragia.

Gonorréia com secreção espessa, amarelo esverdeada.

-Femininos: aumento do apetite sexual. Infamação de ovários e úteros.

Amenorréia. Menstruações atrasadas, fracas ou suprimidas, após ter molhado os

pés. Menstruações com sangue negro, espesso com coágulos.

Dores em lojas renais, abdômen e coxas durante as menstruações.

Menstruações dolorosas com intensa agitação, atira-se para todos os lados pelo

sofrimento. Diarréia durante e após as menstruações.


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Galactorréia durante as menstruações. Leucorréia, espessa, leitosa,

amarelo esverdeado, geralmente não irritante.

Aparelho respiratório

-Nariz: coriza frequente com espirros e obstrução nasal, calafrios e febre

com pouca transpiração.

Nariz obstruído, sobretudo no início da noite.

Está indicado nos resfriados agudos ou crônicos que tem sangramento

nasal. Epistaxe de sangue espesso, viscoso, escuro, quase negro.

- Laringe: sensação de secura, constrição e prurido na laringe, que

provoca tosse.

Rouquidão caprichosa, que vai e volta com intensa facilidade.

Tosse seca, irritante, que começa no início da noite e dura a noite toda.

Piora estando deitada em um quarto quente.

- Brônquios e pulmões: bronquite com tosse seca no início da noite e

úmida pela manhã, com expectoração de muco amarelo esverdeado, abundante.

Dor e sensação de pressão no peito, na região supra e infra clavicular, no

ápice de um dos pulmões; piora deitado sobre o lado doente ou por pressão. Essa

sensibilidade invade o tecido muscular do ombro e do braço do lado afetado.

Hemoptise de sangue negro, coagulado, sobretudo após suspensão da

menstruação. Sensação de congestão no peito.

Aparelho circulatório

Dores e pontadas na região precordial, dores inframamárias como se um

fio puxasse este local.

Sensação de pulsação em todo o corpo.


48

Varizes e dilatação das veias nos membros, varicocele, veias azuis,

inchadas, inflamadas, que provocam dores lacinantes.

Costas e extremidades

A irritação medular é uma indicação de Pulsatilla nigricans. Dores em

nuca e pescoço unilaterais, com sensibilidade ao toque. Vértebras do pescoço com

crepitação. O pescoço e as costas estão rígidas como uma tábua.

Dores reumáticas nos membros, que mudam facilmente de lugar; dores

que mudam rapidamente de lugar nas articulações, que estão vermelhas e inchadas.

Sensação de retração dos tendões e ligamentos articulares.

Varizes dolorosas, sensíveis e dores picantes.

Pele

Nos doentes a pele está quente e febril ao toque, enquanto a temperatura

do corpo é normal.

Acne na puberdade, após alimento gorduroso ou muito rico. As partes

inflamadas da pele apresentam coloração azulada.

Varizes sob a pele, veias varicosas, úlceras varicosas.

Erupção cutânea semelhante a da rubéola, acompanhada de sintomas

catarrais da mucosa. Tosse catarral, dores no peito, conjuntivite.

Frieiras nas extremidades, a pele nessas regiões está azulada.

Febre

Pulsatilla nigricans está indicada quando a pele tiver as seguintes

características: a enferma sente frio mesmo em local aquecido e tem calafrios

principalmente à tarde e no início da noite, com sede ausente.

Relações
49

- Antídotos: Coffea cruda, Chamomilla, Ignatia amara, Nux vomica.

- Complementares: Silicea terra é o crônico de Pulsatilla nigricans em

quase todas as enfermidades. Kali muriaticum é o análogo nas séries de

medicamentos químicos. Lycopodium clavatum. Está bem indicado após Sepia

succus e Sulphur.

3.6.4 James Tyler Kent – Matéria Médica

O medicamento Pulsatilla nigricans é um dos policrestos mais frequentemente

usado e também um dos mais mal utilizado.

A paciente Pulsatilla é muito interessante, encontrada em qualquer casa cheia

de meninas. Ela é chorosa, pletórica e em geral, não muito confiável quanto as suas

doenças devido ao seu aspecto; ainda assim é a mais nervosa, agitada, volúvel,

fácil de ser levada ou convencida de alguma coisa. Apesar de ser gentil, suave e

chorosa, é também irritada, não no sentido belicoso, mas irritada com facilidade,

extremamente sensível, sentindo-se sempre desprezada ou com medo de ser

desprezada; sensível a todas as influências. Melancólica, tristeza, choro, desespero,

desesperança religiosa, fanatismo; cheia de opiniões e caprichos; imaginativa;

extremamente flexível.

Pulsatilla sofre de vertigem por doenças oculares, melhora usando óculos;

acompanhada de náuseas que piora deitando-se, piora com movimento, piora com

movimento dos olhos e melhora em ambientes frios. Assim que entra em ambiente

quente, ela tem náusea, chegando a vomitar. Vertigem com vômitos depois de

comer. Não consegue respirar em ambientes quentes; quer abrir as janelas; sente
50

falta de ar e sufocação numa cama quente a noite. O quadro vai aumentando até o

início do fluxo menstrual. O estômago está tão cheio e distendido que ela não

consegue comer. Sem apetite ou vontade comer.

Dores de cabeça violentas podem sentir Pulsatilla acompanhando a

menstruação. Dores nas têmporas e lados da cabeça são as dores de cabeça

comuns. A cefaléia é congestiva e pulsátil; muito calor na cabeça, melhorando com

compressas geladas, com pressão externa e, às vezes, por movimentos lentos,

agrava por deitar-se e sentando-se quieta, melhorando por caminhar lentamente ao

ar livre; piorando a noitinha e piorando gradualmente a noite.

Uma característica importante de Pulsatilla é que ela nunca quer água.

Ressecamento na boca, mas raramente com sede. Mesmo na maioria das febres ela

está sem sede, mas há uma exceção, pode haver sede nas febres altas. “Falta de

sede com a língua úmida ou seca.” “Desejo de ácidos, de coisas refrescantes.”

Vontade de coisas que não consegue digerir; limonada, arenque, queijo, coisas

picantes, muito temperadas, suculentas. “Aversão à carne, manteiga, comida

gordurosa, carne de porco, pão, leite, defumados.” “Sensação de arranhão no

estômago e no esôfago, como se estivesse com azia.” Muitas dores no estômago

quando estiver vazio ou cheio. Porém a distensão, o gás e acidez gástrica são mais

evidentes. O catarro gástrico. Desejo de sorvetes; massas, apesar de não conseguir

digeri-los e fazer-lhe mal. Desejo de coisas que lhe causam enjôo. Isto não é raro.

Pulsatilla provoca e cura icterícia. “Icterícia em conseqüência da

suscetibilidade crônica à hepatite e distúrbios de secreção biliar com intestino solto;

catarro duodenal; perturbação digestiva; febril; e sem sede; depois de tomar

quinino.”
51

Melhora com movimento. Poucos remédios melhoram com movimentos lentos

e dentre eles Pulsatilla e Ferrum metallicum são os que chamam mais a atenção. O

bebê Pulsatilla se contenta com movimentos moderados. Qualquer movimento que

provoque calor ao paciente Pulsatilla agravará seus sintomas.

Apresenta também sintomas por exposição à chuva; molhar os pés. Os

problemas urinários pioram quando se resfria. Pulsatilla provoca formação de catarro

crônico na bexiga. Descarga de muco copioso, secreção sanguinolenta,

principalmente após resfriar-se. Descarga malcheirosa, verde, purulenta, espessa,

filamentosa.

Desejo sexual surpreendentemente forte. “Ereções matinais de longa

duração.” “Excesso sexuais resultando em dor de cabeça e dor nas costas; peso nos

membros.” “Ardência e dor nos testículo com e sem edema.” Orquite; inflamação e

edema testicular por gonorréia suprimida, por caxumba, por resfriar-se, por sentar-se

em solo úmido ou em uma pedra fria quando estiver transpirando. Gonorréia

suprimida por injeções. O “resfriado” se instala nos testículos. Pulsatilla é o remédio

mais indicado na gonorréia cuja secreção é espessa amarela ou verde, para os

sensíveis ao calor, que melhoram andando ao ar livre.

Exagerado desejo sexual; Ninfomania; enlouquece, fica fora de si com os

pensamentos sexuais; desejo sexual incontrolável. Inflamação dos ovários e do

útero. Supressão da menstruação por molhar os pés. Menstruação muito atrasada,

pouca quantidade. Face pálida, amarela ou verde, como uma paciente clorótica.

Pulsatilla é muito usada na tuberculose catarral de meninas cloróticas.

Pulsatilla é de grande valor na curvatura da coluna. Dor nas costas, região

sacral e lombar; dores errantes; irritação medular após excessos sexuais. Dores
52

reumáticas na coluna e membros, piora durante o repouso e melhora com

movimento lento. Dor na região lombar como se tivesse distendido; sensação de que

jogaram água gelada nas costas.

Dorme em decúbito dorsal com as mãos sobre a cabeça. Não consegue

dormir sobre o lado esquerdo, pois aumenta a sufocação e a palpitação. Sonhos

confusos, assustadores, ansiosos. Dorme tarde; insônia devido as ondas de calor.

3.6.5 Bernardo Vijnovsky – Tratado de Matéria Médica


Homeopática Mental

Paciente de caráter agradável: é extremamente suave, doce, submisso,

tímido, dócil e afetuoso. Chora muito fácil ou involuntário, de imediato sem causa

aparente; “chora por tudo, seja alegre ou triste.” Melhora quando a consolam e ao ar

livre ou caminhando ao ar livre. Tímido e se ruboriza facilmente. É vívida a sensação

de ser abandonado, desamparado ou desprezado. Introspectivo, às vezes fica

sentado durante horas ou dias sem falar.

Medos, principalmente ao cair da noite, no crepúsculo. De perder a razão que

se intensifica a noite. Inquietude a noite com medo ao ir dormir; dentro de casa;

como se estivesse no ar quente; teme pelo seu futuro e sua saúde e pela salvação

de sua alma. Rodeada de sentimentos de culpa. Tristeza pela manhã ou ao

anoitecer, antes e durante a menstruação em um aposento quente, melhora ao ar

livre.

Um traço muito importante da Pulsatilla está relacionado com a religião e o

sexo: afecções religiosas, mentais; está sempre rezando, porque tem sérias dúvidas

sobre a salvação de sua alma. Apesar de sua doçura, pode apresentar aspectos
53

mentais negativos muito importantes: inveja, ciúmes, avareza, cleptomania, ódio de

modo repulsivo, caprichos e egoísmo.

Transtornos de origem emocional: por antecipação, por ira ou humilhação, por

ansiedade ou susto; por susto (e se assusta facilmente); castigos; mortificação;

alegria excessiva; más notícias; decepções ou frustrações.

Confusão mental pelos esforços mentais ao acordar e pelo movimento; piora

depois de comer ou em um aposento quente e melhora quando caminha ao ar livre.

Inconsciência transitória ou não, especialmente depois do meio-dia e em um

aposento quente ou cheio de pessoas. Delírio: à noite; raivoso; com sonolência.

Estados maníacos por ou com supressão da menstruação ou durante a menopausa.

Loucura erótica ou puerperal. Durante o sono: grita, fala, queixa-se e se sobressalta.

Gerais

Marcante em Pulsatilla é a piora pelo calor, especialmente em um aposento

quente; piora pelo calor da cama, pelo ar quente e pela roupa agasalhada ou de lã,

ou ainda ao ingerir alimentos quentes. Porém, em franca contradição com seu calor

é um paciente que freqüentemente tem paroxismos febris ou calafrios sem febre.

Tem um grande desejo de ar livre, sentes-se mal em um aposento cheio de

pessoas ou fechado. Ausência de sede, com quase todos os seus transtornos e até

durante a febre. Dificilmente pode se prescrever Pulsatilla a um sedento. Estados

contraditórios alternantes é muito característico; a extrema variabilidade dos seus

sintomas; tudo é mutável, tudo é variável. Está tudo bem uma hora e mal na hora

seguinte.

Modalidades marcantes: seus transtornos ficam melhores caminhando,

devagar, passeando ao ar livre. Ao contrário fica piora ao começar a caminhar, e


54

caminhando rapidamente ou correndo. Estas características estão em relação direta

com sua piora ao começar os movimentos, melhora ao continuá-los e, em geral,

melhora pelo movimento principalmente da parte afetada. Seu peculiar modo de

reagir ao movimento provém de sua tendência à congestão passiva ou venosa.

Modalidades alimentícias: é clássica a piora pelas gorduras, em geral,

manteiga, comidas pesadas, pão com manteiga, sorvetes, alimentos congelados e

panquecas.

Modalidades horárias de aparecimento ou piora dos sintomas: ao anoitecer;

no crepúsculo, pela manhã principalmente ao acordar.

As dores de Pulsatilla, preferencialmente puxantes ou dilacerantes, são

essencialmente mutáveis e erráticas, passam rapidamente de um lugar para o outro,

e são acompanhadas de paroxismos ou calafrios constantes e sem febre. Piora

quando está deitado sobre o lado esquerdo; por pressão do lado dolorido ou quando

está deitado sobre este lado; pelas mudanças de posição.

Distensão de vasos sanguíneos, piora durante a febre e ao anoitecer. Veias

dilatadas com varizes, com dores torturantes na gravidez. Desmaia em um aposento

fechado, quente ou cheio de pessoas, e durante o parto ou a gravidez; por dores de

dente. Convulsões por menstruações suprimidas. Transtornos por supressões das

menstruações, do leite materno, de erupções de descargas das mucosas (ouvidos,

nariz, etc) e de uma blenorragia.

É um dos principais medicamentos do sarampo e suas seqüelas, é como

“profilático contra o sarampo, Pulsatilla tem uma reputação quase igual à Belladonna

contra a escarlatina.”
55

Sente-se fraco: pela manhã na cama, ao acordar, quando está deitado; em

um aposento quente, pelos esforços mentais. Espreguiça-se antes de urinar.

Desejos e aversões

Desejo de alimentos e bebidas frias; de álcool, de cerveja; de coisas

refrescantes, de ácidos; quer algo e não sabe o quê; de areques e de limonada.

Dor nos dentes como se os nervos estivessem estirados, ou como se os

esticasse cada vez mais e logo, de súbito, soltássemos; piora ao anoitecer pelo calor

em todas as suas formas: bebidas e comidas quentes e pelo calor externo ou da

cama ou de um aposento. Engasga principalmente por alimentos sólidos. Transtorno

gástrico por ingestão de gorduras, sorvetes, carne de porco, manteiga.

Menstruações suprimidas ao ingerir bebidas quentes; com náuseas.

Frio na barriga depois de comer; com irradiação para bexiga. Desejos

ineficazes de evacuar. Diarréia principalmente ou só à noite; pela menor alteração

da dieta; ao ingerir frutas; ao ingerir bebidas geladas ou sorvetes.

Cistite com dores paroxísticas na bexiga, desejos frequentes e ineficazes de

urinar, especialmente quando há uma supressão menstrual, ou antes da

menstruação, não consegue se deitar de costas sem que sobrevenha uma

necessidade urgente de urinar. Precisa tomar cuidado porque senão urina-se;

desúria e micção de gota em gota. Micções frequentes ao se expor ao frio ou à

umidade. Incontinência urinária, à noite; ao tossir ou espirrar, sentado, caminhando

ou eliminar flatos e na gravidez.

Orquite, epididimite e cordite agudas, à direita ou esquerda, por supressão de

blenorragia, como complicação de metástase de caxumba. Tumores no testículo.

Ereções dolorosas. Hidrocele em crianças.


56

Tendência ao aborto por atonia uterina. Desejos sexuais aumentados,

principalmente durante a menstruação. Leucorréia acre escoriante ardente cremosa,

blenorragia, aparece somente estando deitada. Menstruações atrasadas escassas e

curtas. Dismenorréia antes e durante a menstruação, com dores agudas e erráticas

que a fazem chorar. Supressão ou amenorréia por tomar frio nos pés ou ao molhá-

los.

Rouquidão caprichosa. Coceira ou cócegas na laringe e na traquéia. Asma

que piora ao anoitecer e à noite, em crianças, por erupções suprimidas. Dispnéia por

menstruação suprimida, por sarampo suprimido, como se inalasse vapores de

enxofre, piora depois de comer, caminhando rapidamente ou em um aposento

quente. Respiração ruidosa ou estertorosa, piora durante o sono. Tosse seca ao

anoitecer e à noite, com expectoração só de manhã.

Hemoptises depois de supressão mentrual. Bronquite, pneumonia depois de

uma supressão menstrual. Opressão no tórax ao anoitecer e melhora ao ar livre.

Pulsações no tórax que interrompem seu sono e pioram à noite. Tuberculose

pulmonar incipiente, aguda ou na última etapa.

Sensação intensa de plenitude no coração ao anoitecer, opressão.

Palpitações tumultuosas violentas, piores à noite na cama, principalmente quando

está deitado.

Frio nas costas ao anoitecer, como se salpicasse com água fria para baixo,

sente calafrios no sacro. Dor nas costas durante os calafrios, que se irradia até o

occipício e vértice. Dor lombar durante a menstruação e ao se levantar quando

estava sentado, semelhante a dor do parto; melhora mexendo-se, especialmente se

o movimento for lento.


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Congestão venosa das extremidades, mãos vermelhas ou cianóticas, veias

dilatadas nas mãos. Veias com varizes nos membros inferiores, principalmente nas

pernas e nos pés, azuladas, inchadas, inflamadas, com fortes dores lacinantes ou

em pontadas. Varizes dolorosas e flebite na gravidez, com dores que melhoram pelo

frio local. Frieiras inflamadas e dolorosas; nas mãos, com prurido que piora pelo

calor, nos pés (de cor púrpura) e dedo dos pés, nas orelhas como se estivessem

congeladas. Calor ardente nos pés e na planta dos pés, descobrem-os na cama ou

tem tendência a descobrí-los.

Dores nos membros; reumáticas, paroxísticas, erráticas e que vão de uma

articulação ou de lugar ao outro. Pioram pelo calor ao começar se mexer, e

melhoram pelo movimento, em local frio e ao ar livre. Dores ósseas; articulares pela

manhã na cama, erráticas e pioradas pelo calor. Ciatalgia que piora em um aposento

quente, melhora ao ar livre.

Sonhos ansiosos; pioram quando está deitado sobre o lado esquerdo ou

depois de uma mortificação; agradáveis. Sua posição preferida para dormir eé com a

mão sobre a cabeça. Sonolência ao anoitecer ou sono profundo depois de meio-dia.

Insônia antes da meia-noite até as duas horas. Sobressalto nos membros; causada

por um grande fluxo de pensamentos ou pelo mesmo pensamento repetido sempre,

como uma idéia fixa; em um aposento escuro; é acompanhada de sonolência ( mais

durante a febre ou o calor). Bocejos pré-menstruais.

Apesar de muito calorenta, há em Pulsatilla muitos calafrios: ao meio-dia e à

tarde, depois de uma febre; ao anoitecer, com as dores antes da meia-noite.

Pele fissurada, seca e quente. Varicela. Eruptações com secreção branca ou

amarelada. Prurido ardente piora depois de coçar, pelo calor da cama à noite.
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Úlceras queimantes, profundas, fistulosas, pruriginosas e dolorosas; com secreção

copiosa, pútrida amarelada ou purulenta; as dores melhoram ao ar frio ou por

aplicações frias.

Acne na puberdade. Urticária ao ingerir porco ou frios.

Medicamentos complementares: Lycopodium clavatum – Natrum muriaticum –

Sepia succus – Sulphur iodatum – Kali muriaticum – Sulphuricum acidum –

Tuberculinas. Silicea é o “crônico” de Pulsatilla nigricans.


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4 CONCLUSÃO

O caso clínico assistido evidenciou através de uma anamnese dinâmica e

uma terapêutica assertiva, os benefícios globais atingidos pela homeopatia junto ao

paciente.

Os sintomas descritos pela paciente somatizado com suas nóxias foram

repertorizados de forma sistemática obtendo como medicamento Pulsatilla nigricans,

cobrindo com grande pontuação a maioria dos sintomas.

A paciente apresentava angústia relacionada a abandono, uma necessidade

de adular e ser adulada e indisposição em ambientes abafados. Dores vasculares

em membros inferiores, pressão arterial de difícil controle (picos hipertensivos com

sinais e sintomas).

No início da terapia com Pulsatilla, a evolução da paciente teve uma

discreta piora dos sintomas nos primeiros dias, algumas exonerações com melhora

após o quinto dia. O quadro clínico do medicamento proporcionou o estudo em suas

evidências mais peculiares mostrando as possíveis alterações do quadro de humor e

as exonerações para um equilíbrio dinâmico no processo de cura da paciente.

A interrupção da medicação alopática para controle hipertensivo por conta

da paciente não apresentou piora do quadro de hipertensão arterial ou novos picos

hipertensivos, trouxe uma reafirmação do uso deste medicamento homeopático

como um anti-hipertensivo para a história clínica da paciente e a sua importância

sintomática nas matérias médicas estudadas.

O aprendizado com o medicamento Pulsatilla como policresto foi refinado

em suas nuâncias e características próprias de forma individualizada para o ser


60

assistido em questão. Mostrando mais uma vez a importância do vínculo médico

paciente, cuja expressão de sintomas se tornou o verdadeiro filigrama na

repertorização para escolha do medicamento, mesmo em uma grande cobertura de

sintomas, deixou de ser um policresto e passou a ser “o remédio de fundo da

paciente”.
61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2005.

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- HAHNEMANN, Samuel. Organon da arte de curar. 3.ed. São Paulo: Bento Mure,
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