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SUMÁRIO
Introdução ........................................................................................................ 02
do Século XX................................................................................14
Bibliografia.........................................................................................................27
INTRODUÇÃO
Capítulo I
CATOLICISMO POPULAR
João Maria Van Damme
Capítulo II
Religião e Cultura Popular
Estudo de festas populares e do sincretismo religioso1[1]
Sergio Ferretti
Antropólogo, Prof. da UFMA
Introdução
Embora muitos autores clássicos tenham pesquisado e escrito sobre religião, seu
estudo, como o das festas populares, não é considerado prioritário, especialmente em regiões
subdesenvolvidas como o Norte e o Nordeste do país, onde diante da escassez de recursos
disponíveis, há outros temas considerados mais urgentes. Religiosidade e festas populares
parecem a muitos como tema de menor importância.
Para o povo, entretanto, religião e festas, são temas importantes na vida diária,
como podemos constatar na realidade cotidiana das camadas populares. No Maranhão e em
todo o Nordeste, religião e festas constituem assunto fundamental na vida de muitas pessoas. A
rotina diária é interrompida muitas vezes ao longo do ano, pela organização ou a participação
em diversas festas, que assinalam a quebra periódica desta rotina. Para os que as organizam,
as festas não representam propriamente momentos de lazer, mas de trabalho, intenso e
prazeroso, no seu preparo e na sua realização.
As religiões afro-brasileiras caracterizam-se pela presença de numerosas festas. O
transe, as iniciações, as comemorações anuais das divindades, as obrigações do calendário de
cada casa, são assinaladas com festas, toques, danças, cânticos e oferendas de alimentos
especiais. Em São Luís, cada grupo afro-religioso organiza anualmente pelo menos cerca de
uma dezena de festas, algumas maiores, chegando a durar uma semana ou mais, outras com
um, dois ou três dias de duração. É comum que os participantes destas religiões assistam festas
em sua casa e em uma rede de outras casas amigas. Assim, o ano se caracteriza, para o “povo-
de-santo”, por uma sucessão de festas. Além das festas específicas do culto, muitos terreiros
também fazem ou participam de diversas festas da cultura popular local, algumas incluídas no
próprio calendário de cada casa.
Nossas pesquisas situam-se nos limites ambíguos entre religião e cultura popular e
nas fronteiras entre os campos da Antropologia, da História e do Folclore. A religião é um dos
elementos básicos, constitutivos da cultura de toda sociedade. Segundo Pereira de Queiroz
1[1]
Palestra proferida a 07/06/2001, em Recife, no Programa de Pós-Graduação em
Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco.
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(1992: 206), Durkheim vê na religião e nos valores em geral, a base dos fatos sociais e os
fundamentos da estrutura social. Os limites entre o sagrado e o profano, entre o rito religioso e
a festa popular, embora possam ser definidos, estão porém muito próximos. Como diz
Durkheim (1989: 456): “talvez não haja júbilo onde não exista algum eco da vida séria. No
fundo, a diferença está mais na proporção desigual em que esses dois elementos são
combinados”.
Religião e Festas
Durkheim, em sua obra clássica sobre a vida religiosa (1989: 452), discute a
importância do elemento recreativo e estético na religião, mostrando (456), a interrelação entre
cerimônia religiosa e a idéia de festa, pela aproximação entre os indivíduos, pelo estado de
“efervescência” coletiva que propicia e pela possibilidade de transgressão às normas.
A relação estreita entre religião e festas foi apontada por Durkheim, para quem
(1989: 372), “nos dias de festa, a vida religiosa atinge grau de excepcional intensidade”. Para
Durkheim, as festas teriam surgido da necessidade de separar o tempo em dias sagrados e
profanos (1989: 373). Referindo-se ao descanso religioso, lembra Durkheim (1989: 372/273)
que “o caráter distintivo dos dias de festa corresponde, em todas as religiões conhecidas, à
pausa no trabalho, suspensão da vida pública e privada à medida que estas não apresentam
objetivo religioso”. Para Durkheim, as festas surgiram pela necessidade de separar no tempo,
“dias ou períodos determinados dos quais todas as ocupações profanas sejam eliminadas” (Id.
Ib. 373). Adiante afirma: “O que constitui essencialmente o culto é o ciclo das festas que
voltam regularmente em épocas determinadas”.(Id. Ib. 419). Assim repetição do ciclo das
festas constitui, para Durkheim, elemento essencial do culto religioso.
Durkheim também salienta (1989: 452), a importância dos elementos recreativos e
estéticos para a religião, comparando-os a representações dramáticas e mostrando (1989:
453), que às vezes é difícil assinalar com precisão as fronteiras entre rito religioso e
divertimento público.
Durkheim estabelece portanto, relações íntimas entre religião e festas, entre
recreação e estética, mostrando o parentesco ou a proximidade entre o estado religioso e a
efervescência, o delírio, os excessos ou exageros das festas.
Rita Amaral (1992), estudando festas nos candomblés paulistas, constata que,
embora haja muitos trabalhos sobre festas específicas, os estudos teóricos sobre festas parece
não terem avançado muito após Durkheim. Analisando a festa como estilo de vida no
candomblé, Rita Amaral (1992: 168-197) constata que existe uma vasta bibliografia
antropológica sobre festas. Mostra ao mesmo tempo a insuficiência de reflexões teóricas sobre
o tema, lembrando que alguns autores propõem uma tipologia ou classificação de festas, que
podem ser recreativas, libertadoras, transgressoras, comemorativas ou de confraternização, de
participação ou de representação.
Em outro trabalho, a autora dá continuidade às suas reflexões sobre festas
brasileiras analisando cinco grandes festas populares em diferentes regiões do país, mostrando
seus múltiplos sentidos, de organização popular, de expressão artística, de ação social, de
expressão de identidade cultural e afirmação de valores. Amaral (1998: 7), considera que a
festa: é um forte elemento constitutivo do modo de vida ... é uma das linguagens favoritas do
povo brasileiro.
Cultura Popular
Para muitos, folclore equivale a cultura popular. Para outros, cultura popular equivale
a cultura de massas e seria diferente do folclore. Com isso abre-se uma discussão interminável
e considerada mesmo bizantina, que segundo Rita Segato de Carvalho (1992), começa a perder
fôlego a partir dos anos 60 com mudanças ocorridas nas Ciências Sociais e devido a diversos
fatores, uma vez que hoje dilui-se a preocupação com a elaboração de tipologias de culturas e
de sociedades e também porque é difícil definir e diferenciar o que é e o que não é povo, como
o que é e o que não é cultura popular.
2[2]
Como diz Satriani (1989: 55): “Provisoriamente e aguardando ulteriores e necessárias
especificações, assumo pois a religião popular como a religião das classes subalternas de uma
determinada sociedade.
Sincretismo
Sincretismo é palavra para muitos considerada maldita, que provoca mal estar em
muitos ambientes e autores. Diversos pesquisadores evitam mencioná-la, considerando seu
sentido negativo, como sinônimo de mistura confusa de elementos diferentes, ou imposição
do evolucionismo e do colonialismo. O Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda apresenta
cinco sentidos desta palavra. O primeiro deles como “reunião dos vários Estados da Ilha de
Creta contra o adversário comum”. Como explica Canevacci (1996: 15): “Dizia-se, de fato, que
os cretense, sempre dispostos a uma briga entre si, se aliavam quando um inimigo externo
aparecia”.
Segundo o antropólogo holandês André Droogers (1989) o termo sincretismo possui
duplo sentido. É usado com significado objetivo, neutro e descritivo, de mistura de religiões, e
com significado subjetivo que inclui a avaliação de tal mistura. Devido a essa avaliação muitos
propõem a abolição do termo. Droogers informa que o termo sincretismo sofreu mudanças de
significado com o tempo e que a distinção entre a definição objetiva e subjetiva tem raízes
históricas. Na antiguidade significava junção de forças opostas em face ao inimigo comum, de
acordo com o primitivo sentido político apresentado pelo Dicionário do Aurélio. A partir do
século XVII, tomou caráter negativo, passando a referi-se à reconciliação ilegítima de pontos
de vistas teológicos opostos, ou heresia contra a verdadeira religião. Hoje no Brasil este
sentido encontra-se muito difundido.
Embora alguns não admitam, todas as religiões são sincréticas, pois representam o
resultado de grandes sínteses integrando elementos de várias procedências que formam um
novo todo. No Brasil, quando se fala em religiões afro-brasileiras pensa-se imediatamente em
sincretismo, como “aglomerado indigesto” de ritos e mitos, ou como “bricolagem” no sentido de
mosaico as vezes incoerente de elementos de origens diversas” (Pollak-Eltz, 1996: 13).
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Costuma-se atribuir também o termo sincretismo em nosso pais, quase que exclusivamente ao
catolicismo popular e às religiões afro-brasileiras. Mas o sincretismo está presente tanto na
Umbanda e em outros tradições religiosas africanas, quanto no Catolicismo primitivo ou atual,
popular ou erudito, como em qualquer religião. Consideramos que o sincretismo pode ser visto
como característica do fenômeno religioso. Isto não implica em desmerecer nenhuma religião,
mas em constatar que, como os demais elementos de uma cultura, a religião constitui uma
síntese integradora, englobando conteúdos de diversas origens. Tal fato não diminui mas
engrandece o domínio da religião, como ponto de encontro e de convergência entre tradições
distintas.
No campo das religiões afro-brasileiras, diversos dirigentes e militantes, sobretudo
os mais intelectualizados, tendem atualmente a seguir a estratégia de condenar o sincretismo.
Esta atitude defendida por alguns há tempos, difundiu-se entre nós principalmente após a
realização, em 1983 na Bahia, da II Conferência Mundial da Tradição dos Orixás e Cultura.
Desde então alguns líderes bastante conhecidos das religiões afro-brasileiras passaram, a
condenar o sincretismo afro-católico, afirmando não ser hoje mais necessário disfarçar as
crenças africanas por traz de uma máscara colonial católica.
O movimento de reafricanização difundido sobretudo no sul e que atualmente se
expande no Brasil, critica e combate o sincretismo afro-brasileiro procurando uma pureza
africana ou a volta a um africanismo primitivo. Ocorre algumas vezes, uma verdadeira “guerra
santa” de combate ao sincretismo, visto como atraso e aceitação da dominação colonialista
escravizadora.
Em alguns grupos de culto afro-brasileiros e mesmo entre estudiosos destes grupos
nota-se, pelo menos nos últimos quinze anos, em grau diversificado, e, em várias regiões, a
preocupação em negar ou ocultar vestígios exteriores do catolicismo numa “cruzada” contra o
sincretismo. Visitando o salão de danças de um terreiro de candomblé, um pesquisador nos
mostrava desenhos de orixás nas paredes, explicando que antes ali estava cheio de quadros
de santos, e que ele insistiu que fossem retirados, para evitar a confusão entre orixás
africanos e santos católicos.
Esta confusão seria um dos pontos centrais da polêmica. Pessoas mais
intelectualizadas, que atualmente participam em diversos níveis de diferentes segmentos das
religiões afro-brasileiras, preocupam-se em afastar a confusão entre santos e orixás3[3]. Esta
ambigüidade que alguns “puristas” pretendem evitar, encontra-se entretanto mais difundida
na periferia dos cultos afros do que entre seus participantes mais ativos. A identificação
ambígua entre santos e orixás, que perturba líderes e intelectuais ligados aos cultos afro-
brasileiros, a nosso ver existe mais na cabeça de intelectuais que falam do povo do que nas
práticas populares.
No Maranhão, por exemplo, se diz que, na Casa das Minas (Ferretti, S. 1996),
alguns voduns são devotos ou têm “adoração” por determinados santos católicos. Com isso
constata-se que há uma distinção entre o vodum e o santo. Note-se que esta devoção não
ocorre com todos os voduns4[4]. A devoção ou adoração de um vodum a um santo, não implica
3[3]
Como acontece na passagem do conhecido filme “O Pagador de Promessas”, em que o cinema brasileiro dos anos
sessenta caracterizou a figura de um tipo popular oferecendo a Santa Bárbara uma pesada cruz para pagamento de uma
promessa à Iansã pela cura de um jumento. O pagador de promessas enfrentou áspera polêmica com o padre, que afirmava
que Iansã não era Santa Bárbara.
4[4]
Na Casa das Minas são conhecidos e cultuados voduns de cinco famílias, sendo três principais e maiores: a família real ou
de Davice (dos fundadores da Casa), a família de Quevioçô e a família de Dambirá e duas secundárias, que são hóspedes das
outras, a de Savalunu e a de Aladanu (Ver Ferretti, S. 1996). Muitos voduns como Zomadônu, Dadarro e a maioria dos
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na confusão ou indistinção entre ambas as entidades. Os devotos dos voduns e dos santos
não confundem um com o outro.
Provavelmente no passado, esta devoção teria se originado da estratégia de aceitar
a dominação, como forma possível de sobrevivência numa sociedade opressora. Atualmente
esta estratégia não se faz mais necessária numa sociedade pluralista, em que se discutem
direitos das minorias, como bem o expressam diversos líderes de movimentos negros e de
comunidades afro-religiosas. Mas para a maioria, antigos esquemas mentais permanecem e
não mudam com facilidade de um momento para outro. Já ouvimos líderes religiosos
afirmarem que não retiram imagens de santos católicos dos terreiros para não serem
confundidos com os crentes.
Em trabalho anterior (Ferretti, S. 1995), mostramos que o sincretismo está presente
em grupos de cultos afro-brasileiros muito tradicionais como a Casa das Minas5[5].
Constatamos que o sincretismo não se opõe à tradicionalidade ou à africanidade do tambor de
mina do Maranhão.
Convém lembrar que, no imaginário e na expressão artística afro-brasileira, os
orixás costumam ser caracterizados com atributos de santos católicos, quase todos brancos,
como por exemplo o guerreiro romano, pelo qual Ogum é representado em muitos
candomblés. Vários outros orixás são também caracterizados assim6[6]. Além disso o
calendário da maior parte dos cultos afro-brasileiros, como não podia ter sido diferente, é
construído basicamente em cima do calendário ocidental cristão7[7].
A maioria dos estudos sobre sincretismo, realizados entre nós nos anos quarenta e
cinqüenta, apresentavam quadros comparativos da identificação de sincretismos entre santos
e orixás em diferentes regiões do Brasil e nas Américas. Apresentavam também esquemas
comparativos tipo: “jeje-nagô-muçulmi-banto-católico-espírita”, etc. Estes quadros e
esquemas, largamente utilizados por estudiosos no passado, cedo se esgotaram e caíram de
moda, uma vez que de fato explicavam pouco e de forma esquematizada, sem penetrar mais
a fundo a complexidade do problema. Serviam principalmente para tentar identificar o que se
voduns da família real da Casa das Minas, não têm devoção a nenhum santo católico. Outros, da família real ou de outras
famílias, são devotos de vários santos, como Doçú, que adora São Jorge, Nochê Sepazim, que adora o Divino Espírito Santo,
Averequete, que adora São Benedito, Polibogi, que adora Santo Antônio, Badé que adora São Pedro, Sobô que adora Santa
Bárbara, os gêmeos Toçá e Tocé, comemorados no dia de São Cosme e São Damião, e outros. Isto é conhecido pelos
participantes do Tambor de Mina, que como afirmamos, não confundem o vodum com o santo.
5[5]
Agrupamos o sincretismo na Casa das Minas(Ferretti, S. 1995: 78), em quatro situações hipotéticas: Separação ou não
sincretismo; Mistura, junção ou fusão; Paralelismo ou justaposição; Convergência ou adaptação. O objetivo desta
classificação foi o de constatar a existência crescente e gradual de diferentes tipos de sincretismos, mais do que classificá-los
com terminologia rigorosa, uma vez que a realidade não se submete facilmente a classificações que podem ser apressadas e
que preferimos evitar. Verificamos que estas dimensões ou sentidos do sincretismo necessitam ser identificados em cada
circunstância e mesmo em cada casa. Como dissemos (1995: 91), numa mesma casa e em diferentes momentos dos rituais,
podemos encontrar separações, misturas, paralelismos e convergências. Estudando Casa das Minas concluímos que não
existem fronteiras nitidamente demarcadas entre sincretismo e tradição. A Casa das Minas é ao mesmo tempo muito
tradicional e muito sincrética, fenômeno que se constata facilmente na Casa de Nagô e em outros terreiros afro-maranhenses.
6[6]
Jorge Carvalho (S/D 81) analisando a iconografia do sincretismo afro-brasileiro, mostra com
propriedade que a imagem tradicional com que Iemanjá é representada nos cultos afros, é não
africana e não católica.
7[7]
Temos conhecimento de poucos grupos que preservam calendários diferentes, procedentes de outras tradições.
8[8]
Na década de cinqüenta, entre os estudiosos do sincretismo afro-religioso no Brasil, destaca-se o antropólogo Túllio
Seppilli, que publicou na Itália artigos sobre sincretismo e realizou trabalhos com enforque diferente e pioneiro. Seus estudos
infelizmente foram pouco conhecidos entre nós, devido, como nos informou o professor João Batista Borges Pereira, ao
desinteresse por análises sobre aculturação e sincretismo, que passou a vigorar na Antropologia desde fins da década de
cinqüenta. Enfatizando a complexidade do fenômeno do sincretismo, Seppilli (1955) constata a maior presença africana na
liturgia afro-brasileira (nos cânticos, nos instrumentos, na música e na dança), do que na mitologia ou nas técnicas mágico
religiosas, onde considera que o processo do sincretismo está mais avançado.
9[9]
Entre os quais podemos destacar Renato Ortiz (1980), Roberto Motta(1982); Anaíza
Vergolino Henry (1987), Ordep Serra (1995), José Jorge de Carvalho (S/D) e outros.
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que diversos povos receberam muito cedo influências cristãs, mesmo antes do tráfico de
escravos ter se tornado mais intenso.
Bibliografia
RESUMO:
Este artigo aborda o confronto entre um catolicismo autoritário, tridentino e romanizador, que
penetrou no Brasil na segunda metade do século XIX e se consolidou nas primeiras décadas do
século XX, e o catolicismo tradicional vigente, de fortes raízes populares. Em sua obsessão pela
unanimidade, o ultramontanismo negou as outras formas de ser católico, estabelecendo as
dicotomias entre o velho e o novo, o bom e o mau. Entretanto, as velhas formas de
religiosidade popular resistiram, mantendo ainda hoje uma inesgotável fonte de devoção e de
fé.
Palavras-chave: catolicismo ultramontano; religiosidade popular; devoções européias;
conflitos entre os catolicismos; cultura popular
Estas reflexões sobre as relações dos homens com o divino desdobraram-se necessariamente
sobre questões ligadas à conceituação e à interpretação da cultura popular, na medida em que
a experiência do sagrado é apropriada de maneiras diversas pelos grupos ou por indivíduos,
caracterizando uma pluralidade de usos e de entendimentos.
Revisitando o conceito historiográfico de cultura popular, Roger Chartier afirma que não é
possível aceitar, sem algumas restrições, a periodização clássica que vê na primeira metade do
século XVIII um momento de corte, de contraste muito forte entre uma idade de ouro, quando
a cultura popular teria sido livre, profusa, e uma época regida pela disciplina eclesial estatal, na
qual ela teria sido reprimida e subjugada. Este esquema pareceu pertinente ao se tratar de dar
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conta da trajetória cultural da Europa ocidental após 1600 ou 1650, época em que as ações
conjugadas dos Estados absolutistas (centralizadores e unificadores das Igrejas com as
reformas protestante e católica, repressivas e aculturantes) teriam abafado ou recalcado a
exuberância inventiva de uma antiga cultura do povo4.
Observa esse autor que a chave teórica que perpassou pelos trabalhos de alguns
investigadores, preocupados com os movimentos desenraizadores da cultura popular
tradicional, como Jacques Le Goff e Robert Muchembled, entre outros, conclui pela
desqualificação da cultura popular ou pelo seu desaparecimento5.
"Em 1500, a cultura popular era a cultura de todo o mundo; uma segunda cultura para os
instruídos e a única para os demais. Por volta de 1800 contudo, em muitas partes da Europa, o
clero, a nobreza, os comerciantes, os homens de ofício e suas mulheres - haviam abandonado a
cultura popular, da qual estavam agora separados, como nunca antes, por profundas diferenças
de visão de mundo", afirma Peter Burke6.
Essa destinação histórica de que se revestiu a cultura popular se deslocou, muitas vezes, para
as análises da religiosidade popular católica brasileira de herança colonial, considerada como
destruída e/ou desqualificada pelo catolicismo. Os trabalhos em que as clivagens religião
popular e religião erudita se faziam de forma dicotômica, ordenando o campo religioso,
dividindo dominantes e dominados em toda a sua extensão e que, de forma implícita, remetiam
essa religiosidade para as periferias e para as camadas subalternas, reproduzem essa óptica de
desagregação7.
Assim, torna-se importante uma reflexão sobre essa tensão, no caso brasileiro, estabelecendo
as estratégias - no sentido utilizado por Michel de Certeau - que supõem a existência de lugares
e instituições utilizados pelo catolicismo ultramontano, erudito, quando se estabeleceu no Brasil,
diante das tradicionais formas religiosas vigentes no país, desde a colonização. O fundamental -
aponta Chartier - é considerar, para cada época, como se elaboraram as relações complexas
entre formas impostas, mais ou menos constrangedoras e imperativas, e identidades afirmadas,
mais ou menos desenvolvidas ou reprimidas8.
A partir da segunda metade do século XIX, um novo modelo eclesial católico começou a ser
implantado no Brasil: o ultramontanismo. De raízes conservadoras, essa autocompreensão
nasceu sob o impacto das revoluções liberais européias que agitaram o próprio trono pontifício.
Buscando uma consolidação doutrinária teológica, estruturou-se em torno de alguns anátemas:
a rejeição à ciência, à filosofia e às artes modernas, a condenação do capitalismo e da ordem
burguesa, a aversão aos princípios liberais e democráticos, e sobretudo ao fantasma destruidor
do socialismo.
Engendrado com a mesma concepção medieval unitária do Universo, esse catolicismo estava
marcado pelo centralismo institucional em Roma, por um fechamento sobre si mesmo e por
uma recusa de contato com o mundo moderno. Conscientes de que essa ordenação doutrinária
constituía-se na força mantenedora da unidade da Igreja, os pontífices romanos, desde
Gregório XVI até Pio XII, não mediram esforços para a sua consolidação9. Com uma rigidez
hierárquica, reproduzida também pelas mais distantes células paroquiais, o ordenamento
ultramontano aspirava a uma univocidade entre a Europa, Ásia, África e América.
Donoso Cortés, Joseph de Maistre, Luis De Bonald e Felicité Lammenais foram pensadores que
justificaram e firmaram essa política religiosa do século XIX, atacando os princípios anticatólicos
da sociedade burguesa e postulando uma soberania absoluta para a Igreja, na busca de uma
única identidade católica11.
A obsessão pela unidade religiosa, ancorada nas utopias medievais de um único universo regido
por um único centro espiritual em Roma, bem nos lembra a Cidade do Sol, de Campanella,
imaginada com esta concepção metafísica da ordem12. Em círculos concêntricos, as diretrizes
ultramontanas deveriam dirigir-se a todo o universo católico, seguindo uma ordenação perfeita
tal qual a solar, numa mecânica celestial irradiadora de luz e de vida13. Nesse sonho unitário
não se configuravam as incompatibilidades e as alteridades identitárias. Na busca do uno,
diante do múltiplo social, manifestava-se a intransigêcia ante o plural, confrontando-se, na
verdade, com o próprio lugar da história que é, por excelência, o lugar da divisão e dos
choques de valores. De maneira análoga à sociedade das abelhas, afastava-se a diversidade,
desejando-se a aurora de uma sociedade perfeita, como apontaram Platão, Campanella e
Morus14.
A REFORMA ROMANIZADORA
Como uma engrenagem em que as peças não-funcionais são excluídas em nome da harmonia,
o catolicismo ultramontano via-se como a única fonte da verdade e da salvação. Fora de seus
quadros estavam o anátema e a condenação. Aprisionado pelo maniqueísmo, julgava o outro
não-católico como uma maldição e/ou uma fonte de erros. O outro católico, porém não-
ultramontano, era considerado como uma ovelha desgarrada, cheia de vícios, que poderia ser
reintegrada ao rebanho desde que despojada de seus antigos vícios.
Essa nova espiritualidade sacramental - que se tentava implantar nos finais de século XIX -
engendrou a condenação de práticas religiosas anteriores, vigentes desde o período colonial,
isto é, as vivências de um catolicismo português leigo e despojado de um rigor teológico. Essas
formas devocionais foram vistas então com uma forte carga de negatividade e acusadas de
serem portadoras de sobrevivências pagãs, de superstições, e de apresentarem atos
exterioristas e sem profundidade.
O ultramontanismo tentou, portanto, substituir a realidade presente, completamente
multifacetada, plural, por uma outra nova, positiva e absolutamente única. Estabeleceu uma
marca de polaridade entre o velho e o novo, o bom e o mau, o presente e o futuro, o existente
e a realidade a ser criada15. Acreditou na possibilidade de se gerar um homem novo, envolvido
na neo-espiritualidade tomista, depurado de suas antigas crenças, tidas então como atraso e
crendices.
Esse discurso clerical complementava-se com outro que fluía, simultaneamente, ligado à
desqualificação da administração leiga através das irmandades e confrarias instaladas nos
santuários: "sou de opinião que tais irmandades nunca tiveram e nem têm administração
regular, não devem ser conservadas pois seus funcionários residem em distâncias grandes e aí
não vão senão uma vez ao ano", dizia o Vigário-Geral do bispado paulista23. O mesmo olhar
vigilante e perscrutador foi dirigido à Irmandade do Santuário do Bom Jesus de Iguape, onde,
segundo o vigário,
dois indivíduos dispõem ao seu bel-prazer dos recursos, há muitos anos. Jamais pensarei que
eles malbaratam (sic) os seus bens, mas o que é verdade é que nada de bom aí se tem feito24.
O olhar ultramontano expraiou-se pelos santuários brasileiros, que atraíam milhares de fiéis em
busca de soluções taumatúrgicas e cotidianas. Aparecida, por exemplo, um lugar sacralizado
pela devoção popular em torno de uma capelinha, tornou-se com o tempo um centro ao qual
afluíam peregrinos das mais distantes regiões e que, para cumprir suas promessas ofereciam,
além de preces, generosas doações e legados. A fim de que todo esse patrimônio fosse
revertido em obras da Igreja, o bispo paulista D. Lino Deodato (1873-1894) um dos luminares
do ultramontanismo em São Paulo, decidiu transferir para esse local o Seminário Diocesano.
Desejava iniciar ali a construção do prédio e entregá-lo à congregação dos padres redentoristas
para que se incumbissem também" dos múltiplos e pesados trabalhos de sua administração
espiritual", afirmava o pastor. Além dessa marcante espiritualidade, desejava ainda que os
sacerdotes estrangeiros, ao administrarem os legados dos romeiros, os investissem na
formação de seminaristas para a diocese.
Esse deslocamento do poderio leigo para o paroquial não se deu de forma harmônica, mas, ao
contrário, foi um processo eivado de conflitos entre as partes. Nos santuários de Bom Jesus da
Lapa, na Bahia, de Jardinópolis, em São Paulo, e no de Alto Paraguai, em Mato Grosso, entre
outros, em maior ou menor grau, os atritos com autoridades eclesiais se explicitaram,
sobretudo, nas festas do patrono. Em Jardinópolis-SP, chegou-se a realizar duas comemorações
concomitantes: a da matriz e a da capelinha do santo. Entretanto, ameaças de excomunhão a
quem participasse da festa leiga rondavam a cidade.
Este santo irmão na cor e nas origens, justiceiro das injustiças, era venerado através dos
batuques, congadas, moçambiques, caxambus, rituais que o aproximavam do mundo africano27.
No final do século XIX, entretanto, as devoções que possuíam uma larga expressão popular,
como a de São Benedito e a do Divino Espírito Santo, a de Nossa Senhora do Rosário, a de
Santa Efigênia, a de Santo Elesbão e a dos Reis Magos começaram a ser desqualificadas pelos
agentes ultramontanos. Discretamente as imagens eram retiradas dos altares centrais e
alojadas em capelinhas. O mesmo se deu com as devoções brancas, de fortes raízes populares
- como o culto ao Bom Jesus Sofredor, expresso nas diferentes figurações do Bom Jesus da
Cana Verde, da Lapa, dos Perdões, do Senhor dos Passos, do Bom Fim, do Senhor Morto -
entre outras devoções. Era aos santuários que os devotos acorriam em romarias para cumprir
promessas, deixar seus ex-votos e fazer pedidos. As diversas irmandades leigas ligadas às
devoções incumbiam-se de promover o culto por meio de festas e de procissões populares28. As
imagens do milagroso Bom Jesus iam sendo substituídas pela divulgação de outra, ligada ao
culto do Sagrado Coração de Jesus, promovida especialmente pelos padres jesuítas através de
associações, agora ultramontanas, como o Apostolado da Oração. Como expressão dessa nova
devoção, começaram a surgir as suas primeiras igrejas, aflorando a luta subjacente entre as
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devoções romanizadas trazidas da Europa e as antigas formas típicas de um catolicismo luso-
brasileiro. Uma nova afirmação da Igreja como instituição hierárquica promotora do culto
eucarístico, por intermédio dessa devoção, confrontava-se com o caráter laico da Igreja
concebida como cristandade, e agora em crise.
não é nossa tenção proibir que no adro se possam fazer representações ao Divino, sendo
aprovadas por nós ou por nosso Provisor: nem que outrossim na ocasião de festas entrem
danças e folias nas Igrejas sendo honestas e decentes, em quanto se não disser Missa, nem se
celebrarem os Ofícios Divinos32.
Nos livros do Tombo paroquiais encontram-se inúmeras queixas do clero contra o mau
comportamento dos romeiros nas festas. Precavendo-se destas profanações, os padres foram
disciplinando as procissões, destruindo os barracões que alojavam os romeiros, proibindo os
corteges36, os bailes e as arruaças.
Danças, músicas, alardes, tambores, folias, máscaras, palhaços, imperatrizes, bandas, fogos -
representações emblemáticas do sagrado que eram consentidas e incentivadas pelo catolicismo
tradicional, como privilegiadoras dos sinais visíveis da fé e da graça37 - começaram a ser
ciosamente regulamentadas.
Pio X, entendendo que "a Casa do Senhor necessitava de decoro e de afastar tudo o que
diminuísse a piedade", exarou uma encíclica sobre o "Canto Gregoriano e a Música Sagrada",
onde determinava a substituição das composições musicais profanas pelo canto gregoriano,
solicitando ainda que fossem cantadas em latim: "são proibidos todos os gêneros de música
lasciva, impura, licenciosa, indecente, profana ou teatral". Exigia que o repertório musical
executado durante os ofícios estivesse" expressamente aprovado pelo ordinário ou pela
comissão competente". Quanto ao coral, determinava que fosse formado apenas por
eclesiásticos e por cantores perfilados entre os "homens de reconhecida piedade e probidade de
vida e que se mostrassem dignos do ofício"42. Além desse balizamento, cirscunscreveu a
natureza instrumental: "dentro da Igreja só o órgão e em casos especiais o uso de outros
instrumentos somente com a licença do ordinário". Proibia o "uso do piano e de todos os
instrumentos fragarosos ou ligeiros como o tambor, chinescos, pratos e outros semelhantes"43.
Ratificando o discurso romano e sob a alegação de que as bandas de música davam" ocasião a
divertimentos que profanam de algum modo as festas religiosas", os bispos solicitavam aos
párocos que "tanto quanto possam" não as chamassem para as festas 44. Sanções, proibições e
excomunhões por transgressões acompanhavam as ordenações normativas eclesiais. Os
tambores de origem africana, tão populares nas festas dos Congos e Folias de Reis, que ao lado
dos gangás, dos batuques e dos caxambus abrilhantavam os cortejos, foram obrigados a sair
Transportando essa tensão para as formas populares de religiosidade, observamos que sob
uma aparência passiva, na realidade elas se mostraram inventivas e criadoras. Uma produção
racionalizada, expansionista e barulhenta não anulou os espaços próprios de recepção, de usos
e de interpretação.
Estudos sobre a musicologia dos cultos afro-brasileiros nos grandes centros de religiosidade
popular46, revelam a forte presença de elementos não africanos, tanto na música religiosa como
na profana. A cantiga de batismo na Umbanda, observada em um centro, no Rio de Janeiro, em
seu texto e na sua formação melódica revelou ao pesquisador um forte vínculo com o
catolicismo. Ao lado das palmas, do movimento dos corpos, do som dos atabaques, ouve-se o
canto:
Observou-se ainda uma original apropriação de elementos musicais eruditos católicos contidos
no canto gregoriano, muito próximos do arrebatamento do espírito e da comunhão social.
Mostram alguns trabalhos que esta operação significa a flexibilidade que marcou a prática
religiosa dos africanos e de seus herdeiros, sobretudo no Rio de Janeiro48.
A experiência religiosa popular não cumpriu, portanto, um destino iluminista que previa o seu
final com o triunfo da razão, da urbanização e da modernidade. Ela se reatualiza com
experiências vividas de incontáveis maneiras e que estão presentes no cotidiano sob formas
variadas, descontínuas e surpreendentes49.
As festas brasileiras em devoção aos milagrosos santos continuam atraindo multidões que
chegam em romarias a pé, de carros ou em modernos ônibus. Há uma vivência do religioso em
íntima conjunção com o cultural, possibilitando muitas vezes a recuperação da própria
identidade.
Subjacente ao desejo de festar, corre uma visão de mundo intrinsecamente ligada ao mistério
da graça almejada e dos milagres pedidos pela intercessão dos santos e garantidos pela
promessa que obriga a colocar a festa nas ruas, afirma Marlise Meyer50. A festa, a dança, o
canto, o som das violas são as formas pelas quais se materializa a devoção, inequívoca, unindo
os elementos sagrados e os profanos.
NOTAS
3 BENEDETTI, Luis R. Os Santos nômades e o Deus estabelecido. São Paulo: Paulinas, 1984
; BAROJA, Júlio Caro. Las formas complejas de la vida religiosa. Barcelona: Circulo de Lectores,
1995.
4 CHARTIER, Roger. Cultura Popular - revisando um conceito historiográfico. Estudos Históricas.
Rio de Janeiro, v.8, n. 16, 1995. pp.179-192.
9 WERNET, Augustin. A Igreja na História de São Paulo no século XIX. São Paulo: Ática, 1987,
p.30 e ss.
12 CAMPANELLA, Tommaso. "A cidade se Sol". In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural,
1973, v.112.
13 RAMOS, César A. "A Cidade do Sol. A Utopia Metafísica de Campanella". In: História:
Questões e Debates. Curitiba, 7 (13), dez. 1986, p.138.
14 BACZKO, Bronislaw." Utopia". Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, 1985, v.5,
pp. 346-396.
15 LIBÂNO, João Batista. Utopia e Esperança Cristã. São Paulo: Loyola, 1989.
17 QUEIROZ, Maria Isaura P. de." Evolução religiosa e criação: os cultos sincréticos brasileiros".
In: KOHUT, Karl e Albert Meyers (org.). Religiosidade popular en América Latina. Eichstatt:
Publicaciones del Centro de Estudios Latinoamericanos. 1988, pp.33.
18 BACZKO, B."A Imaginação Social". Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, v. 13,
p.323.
23 Relatório Geral do Mons. Barroso enviado ao bispo Joaquim Arcoverde. 1894. Arquivo da
Cúria Metropolitana de São Paulo, Seção de Manuscritos.
24 idem.
25 FRANÇA, Maria C. Pequenos Centros Paulistas de Função Religiosa. São Paulo: Instituto de
Geografia da Universidade de São Paulo, 1975. 2v, p.56.
26 POEL, Francisco V. D. O Rosário dos Homens Pretos. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1981,
p.131.
27 GAETA, Maria Ap. J. O escravo nas praças: a festa religiosa das confrarias do Brasil no
século XVIII. 1992, p.125.
28 AZZI, Riolando. op. cit.; França, Maria C. Op. cit.
31 PIO XI. Papa. "Encíclica Quas Primas. Sobre as Festas da realeza de Jesus Cristo", 11 de
dez. de 1925. In: HOYOS, F. (coord.), op.cit.
33 ALMEIDA, Manoel Antonio de. Memórias de um sargento de Milícias. Rio de Janeiro: Edições
de Ouro. s/d.
34 ALMEIDA, Jaime de. Foliões. Festas em São Luís de Paraitinga na passagem do século
(1888-1918). São Paulo: 1987 (Doutorado em História). FFLCH-USP, p.220.
35 FRANÇA. Op. cit., p. 159.
36 Tipo de escola de samba, composta por negros, que saía atrás da procissão do Bom Jesus.
37 REIS, João José. A morte é uma festa; setor fúnebre e revolta popular no Brasil . São Paulo:
Cia. das Letras, 1991.
42 PIO X. Papa. "Encíclica Inter Plurimis; Motu Próprio" 22 de nov. de 1903. In: HOYOS, F
(coord.). Op.cit. p. 697.
43 idem, ibid.
45 CERTEAU, Michael de. A Invenção do Cotidiano. Rio de Janeiro: Vozes, 1994, p 49.
46 PINTO, Tiago de O. "Breves anotações sobre as músicas de culto afro brasileiro". In:
KOHUT, Karl; Albert Meuers (eds). Religiosidade en America Latica. Eischstatt: Centro de
Estudos Latinoamericanos. 1988, pp. 315, 328.
50 Meyer, Marlyse. Caminhos do imaginário no Brasil. São Paulo: Edusp, 1993, p. 186.
51 BAKHTIN, M. Op.cit.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
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1985.
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1973.
01. Trabalho de Pesquisa (50% da nota total): Faça uma pesquisa descrevendo, pelo
menos, mais cinco festividades populares de caráter religioso.
02. Questionário (50%)
QUESTIONÁRIO
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