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A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA

Experiência estética: p.43 – nos envolvemos em uma outra realidade,


vivenciamos uma experiência que nos faz esquecer de tudo, esquecer das
coisas que precisamos resolver.

p.45 - a beleza se encontra em nossa consciência.

“A beleza habita a relação. A relação que um sujeito (com uma determinada


percepção) mantém com um objeto. A beleza está entre o sujeito e o objeto.”

Para que a consciência sinta a beleza é necessário que seja tocada pelo
“aparecer” de um dado objeto.

p.46 – “A arte é a criação de formas perceptivas expressivas do sentimento


humano.”

p.47. “Lembre-se do que foi dito anteriormente: nossa linguagem (conceitual) é


impotente para descrever os sentimentos, nomeando-os apenas. Assim, a arte
seria uma tentativa de descrevê-los, de encontrar-lhes formas representativas.
Através da arte temos como que uma visão do mundo de nossos sentimentos,
temos formas que nos permitem ‘ver de fora’ a inefável dimensão do nosso
sentir.”

A arte é um símbolo dos sentimentos.

p.48 O artista nunca quer dizer nada, se ele quisesse empregaria a linguagem.
Ele está justamente nos mostrando aquilo que não pode ser dito, que é
inefável. O artista não diz, mostra.

p. 49 Não se pode dizer o significado de uma obra, não se pode exprimir aquilo
que á nela de outra forma, a não ser por ela própria: não existem sinônimos no
caso da arte.

p.50 – o que é expressado pela arte não pode ser expressado de qualquer
outra maneira.

p.51 – a poesia toma a linguagem e força-a chegar o mais perto possível do


seu pólo expressivo. O poeta, utilizando-se não apenas do sentido das
palavras, mas também de sua sonoridade e ritmo, constrói imagens, metáforas,
e não um significado conceitual. O verso, no dizer do filósofo francês Jean-Paul
Sartre, é um “quase-objeto”. Constroi uma imagem em que ela nos aparece,
como se a vissemos e sentíssemos.

p.52 – na arte não importa o “que” (qualquer assunto é passível de


estetização), e sim o “como”
O artista capta os sentimentos através da sua própria maneira de sentir, mas
isto ao significa que a arte seja apenas auto-expressão, como é o choro ou o
riso..

Nossos sentimentos são tocados pela experiência estética, são


despertados pelas formas do objeto e então vibram, dando-se a conhecer
a nós mesmos.

p.53 - a escolha de um disco, pelo sentimento que estamos sentindo, ou pelo


seu oposto, o sentimento que queremos chegar, obter, sentir.

p.54 – a obra de arte é “aberta”, segundo Umberto Eco. Ela é aberta para que
cada um complete o seu sentido.

TRECHO DO AUTOR JORGE LARROSA

p.48 – Todos nós, alguma vez, diante de um poema, ou um filme, ou uma música, ou uma
paisagem, sentimos a força desse calar.Alguma vez foi nos foi dada essa experiência de um máximo
desprendimento de nós mesmos numa atenção retesada quase até o limite, que paradoxalmente,
coincide com uma máxima intimidade com nós mesmos. E todos nós sentimos contrariados
quando alguém começou a falar e rompeu esse silêncio. Como se ao ser levado a perder o silencio,
alguém logo caísse no eu habitual e em suas formas habituais de experiência da realidade, e, nesse
cair, dissolvesse irremediavelmente esse tipo de intimidar com as coisas e esse tipo de
ensimesmamento. E todos nós já experimentamos com uma ofensa à pureza do instante e como
uma violência o fato de que alguém nos tenha obrigado a falar, de alguém nos tenha dito: “bem,
diz alguma coisa; que te pareceu? Que estás pensando?”

No entanto, há vezes em que um livro, ou um filme, ou uma música nos faz olhar pela janela e, aí,
na paisagem, tudo parece novo; ou nos faz pensar em alguém e, de repente, sentimos mais
nitidamente sua presença, ou simplesmente faz nos determos um momento e nos sentirmos, a nós
mesmos, de uma forma particularmente intensa. E a paisagem, ou a pessoa evocada, ou nós
mesmos, estamos nessa escrita palavra-por-palavra, quase ao pé da letra. E, todavia, não é que
tudo isso esteja aí exatamente descrito. O que ocorre, melhor dizendo, é que aí está a imagem
interior das coisas e das pessoas. E o ponto justo de silêncio e de vazio para que essa imagem
interior possa renovar-se uma-e-outra-vez.

A obra de arte precisa ter muitos sentidos, muitas leituras. O objeto estético
tem a necessidade do espectador para aparecer.

p.55 – “Nesta ‘nova realidade’, então, nossa consciência posta-se de forma


diferente da usual, distinta daquela maneira de ela se dar no dia-a-dia.”
A obra serve apenas para ser fruída, desfrutada, serve para despertar em nós a
consciência e a vivência de aspectos do nosso sentir, com relação ao mundo.

p.56 – “saber o que está à nossa frente não tem significação prática no mundo
e o que nos permite dar atenção a sua aparência como tal.”

p.57 – Assim é que não existe uma análise das partes constituintes do objeto
estético, sendo este apreendido como um topo, como uma estrutura complexa
de partes inter-relacionadas mas não isoláveis entre si.

59 – na beleza, não existe uma vontade de se ter até ser saciado. Sempre
estamos dispostos a experienciar a beleza, e ao final de uma experiência desta
não ocorre nada ocorrido com uma sensação de fastio, de necessidade
satisfeita. Do contrário, sentimos falta da mesma na vida prática.

Uma experiência estética deve fazer pensar, sim; uma obra de arte é (para nós)
uma grande obra quando permanece “em nossa cabeça” após fruída.

p.60 Durante nosso experenciar não pensamos no que vivemos, só fazemos


depois de termos passado por uma experiência estética.

p.62 “Uma obra de arte é apreendida em si própria: nós neutralizamos todo o


contexto ao seu redor. A realidade do filme, da peça musical ou de teatro faz-
nos colocar entre parênteses a situação da sala onde nos encontramos, a fim
de nela penetrarmos. Frente à natureza isso já não ocorre, pois na realidade
não estamos frente a ela, mas dentro dela.”

Por isso nossa percepção aí não é inteiramente “desinteressada”; a natureza é


o próprio mundo que conhecemos no dia-a-dia, e nela sempre existem
elementos que costumeiramente nos solicitam uma resposta prática.

A DIMENSÃO PROFUNDA DA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA


p.65 - A psicologia nos ensina que há uma tendência de nossa mente para
perceber as coisas de maneira “gestáltica”, isto é, numa configuração
articulada. (p.66 )Nossa percepção procura sempre compor, com os estímulos
que lhe chegam, uma figura qualquer, uma Gestalt, que se torna o foco de
nossa atenção. – estrelas e formas; barulhos e ritmos;

Diferença entre cenário e fundo

p.67 - Demonstra que existe um inconsciente paralelo à consciência, e de


acordo com essa corrente de pensamento, a experiência estética é um jogo
entre os dois (consciente e inconsciente).

p.71 – na experiência estética, existe um equilíbrio maior entre o sentir e o


pensar. O que ocorre – e aqui podemos entender isso melhor – é um aumento
na competição entre as duas percepções, entre a gestáltica (conceitual e
prática) e a inconsciente (sincrética e mais emocional).

p.81 – Hoje, os artistas se abriram mais aos processos inconscientes e a


gestalt (imagem com figura e fundo) fragmentou-se, dando múltiplas gestalts de
um mesmo objeto. Aí surge a arte abstrata, onde a percepção de coisa está
totalmente ausente.

A beleza, tem mais a ver com as reações do autor perante a arte.

O PRAZER, NA EXPERIENCIA ESTÉTICA


P.84 – frente a uma obra de arte nossos sentimentos entram em consonância
com suas formas e assim vibram, causando=nos reações emocionais. A arte é
nos uma espécie de espelho, face ao qual descobrimos e conhecemos
aspectos de nosso sentir, muitos dos quais até então insuspeitados.

PÁGINA 84 E 85 - MUITO IMPORTANTE. LEMBREI DO FILME COMO


ESTRELAS NA TERRA.

p.86 – E é justamente por saber do caráter precário e ilusório da realidade com


a qual me envolvo, na experiência estética, que me permito deixar fluir os meus
sentimentos, sem medo algum.

p.87 – assim, a primeira causa de reações desprazerosas frente à arte tem a


ver com a incapacidade de entrar em relação com ela, de se ser incapaz de
substituir a percepção prática pela estética.

p.88 – Um segundo motivo pelo qual o indivíduo não consegue manter uma
relação estética com a arte, tornando assim sua experiência borrada com as
tintas do desprazer, pode-se dizer que se situa no pólo oposto à situação
anterior. Trata-se daqueles que casos de neurose profunda, de pré-psicose ou
mesmo de psicose, em que os planos de realidade se confudem, e o indivíduo
acaba por mergulhar inteiramente no universo da obra.

As vezes o “eu” não agüenta tudo isso, e acaba cedendo e pirando.

p.89 – por fim, tem-se o caso – mais comum – de desprazer, ou mesmo de


não-prazer (isto é, de indiferença) face a uma obra de arte devido a um não
aprendizado anterior de seu código.

p.90-91 – A experiência estética depende também de um aprendizado. Afinal, a


beleza é uma garota sensual e refinada que não vai se entregando assim que
sem que desprendamos um mínimo de esforço.

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