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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

Unidade III
Recapitulando

Até aqui, estudamos a seguinte sequência:

Recursos materiais
Tipos de recursos
Gestão dos recursos

Gestão de compras
Compras de recursos materiais
Compras de recursos patrimoniais

Planejamento e
controle de estoque

Figura 24

Nesta unidade, vamos abordar conceitos de estoques, tipos de estoques, o papel da demanda
nos estoques. Tal abordagem servirá para apontar a gestão dos recursos materiais, que pode se
dividir em:

Estoques

Matérias auxiliares Matéria-prima Produtos em processo Produto acabado

Figura 25

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Unidade III

5 ATIVIDADES DA GESTÃO DE MATERIAIS E A LOGÍSTICA

Como esta disciplina será discutida em vários cursos, faz-se necessário aqui fazer um adendo
definindo Logística, para depois conhecer suas atividades.

Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente e eficaz o fluxo e a


armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de
origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do cliente.

Essa atuação logística, segundo Pozo (2004), pode ser vista por meio de duas grandes áreas:

• primárias;

• secundárias.

As atividades primárias são aquelas consideradas fundamentais para a obtenção da missão logística
e são consideradas primárias por contribuírem com a maior parcela dos custos logísticos e, ao mesmo
tempo, essenciais para o cumprimento da tarefa logística.

Surgiu um termo novo: missão logística.

O que é, afinal, uma missão logística?

A missão da Logística é dispor a mercadoria ou o serviço certo no lugar certo, no tempo certo e nas
condições desejadas, ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuição à empresa.

As atividades tidas como primárias são:

• transportes;

• manutenção de estoques;

• processamento de pedidos.

Para fins de conhecimento e por ser importante na gestão de recursos materiais, vamos definir cada
um deles:

Transportes

É uma área que absorve grande parte dos custos das operações logísticas. Em média, representa de
um a dois terços dos custos logísticos. Por esse motivo, é considerada uma das áreas mais importantes,
também porque se trata de uma necessidade geral para qualquer empresa, seja ela do ramo que for, para
movimentar matéria-prima, produtos ou serviços para o consumidor final, pelos mais variados modais:
rodoviário, ferroviário, hidroviário, duto viário e o aeroviário.
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

Saiba mais

Leia o artigo “Custos logísticos na economia brasileira”.

Autor: Fábio Lima

Artigo disponível na plataforma do curso.

Manutenção de estoque

É a atividade que busca o equilíbrio entre a oferta e a demanda. Deve buscar um nível aceitável
de disponibilidade do produto, para evitar excesso ou falta do item. Ao mesmo tempo em que busca
manter os estoques baixos, deve garantir que haja material em estoque quando o cliente solicitar.

Lembrete

Veja a pesquisa IMAM sobre gestão de materiais, disponível na


plataforma do curso.

5.1 Processamento de pedidos

É uma atividade que requer grande capacidade humana, mais até do que estrutural, pois está
relacionada ao tempo para levar os itens até os clientes. Necessita de uma perfeita gestão dos
recursos logísticos disponíveis. Pode ampliar ou reduzir o ciclo do pedido, o que é um fator de
competição.

Retratadas as atividades primárias, vamos agora conhecer as atividades de apoio da logística, pois
dão suporte ao desempenho das atividades primárias. Essas atividades são:

• armazenagem;

• manuseio de materiais;

• embalagens;

• suprimento;

• planejamento;

• sistema de informação.

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Unidade III

Assim como foi feito com as atividades primárias, vamos aqui conhecer cada uma das atividades de
apoio.

Armazenagem

É o processo logístico que busca gerenciar da melhor maneira possível o espaço tridimensional
de um local adequado e seguro, que fica à disposição para a guarda de mercadorias que serão
movimentadas rápida e facilmente, com técnicas compatíveis às suas respectivas características,
de forma a preservar a sua integridade física e serão entregues a quem de direito no momento
combinado. Isso requer boa gestão dos recursos logísticos disponíveis, tanto tecnológicos como
humanos.

Observemos a figura 26 (a seguir) e analisemos as atividades de armazenagem.

Transporte
externo Transporte
Fornecedor Estocagem de
matéria-prima interno Armazenagem
no processo

Transporte
Transporte Manufatura interno
interno

Armazenagem
do produto
acabado

Transporte Transporte Cliente


externo externo final
Distribuição

Figura 26
Atividades de armazenagem

Manuseio de materiais

Envolve tanto a armazenagem como a manutenção dos estoques. Está ligada diretamente à
movimentação de materiais no local de estocagem, que pode ser tanto de matéria-prima como de
produtos acabados. Essa movimentação vai ocorrer na transferência da matéria-prima para o processo
produtivo, desse processo para o estoque de acabados ou até mesmo a transferência de um depósito
para o outro.

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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

Embalagem

Tem como objetivo proteger os itens estocados, tanto na armazenagem como na movimentação. Tem
como objetivo ainda facilitar a identificação do item e apontar as informações de segurança em alguns
casos. É essencial na gestão de materiais, pois além de agilizar a identificação, agiliza a separação de
pedidos, o processo de estocagem, a movimentação dos itens e ainda protege de intempéries e avarias.

Suprimento

Podemos dizer que são as atividades do setor de compra, tem como papel deixar o produto disponível no
momento exato em que for ser utilizado. Envolve a avaliação e seleção das fontes de fornecimento, define as
quantidades a serem compradas, faz as programações de compras. Cumprindo com seu papel, torna-se uma
importante área de apoio à logística e à empresa como um todo, auxiliando inclusive na redução de custos.

Planejamento

Com as informações de mercado, define as quantidades a serem produzidas e o quando deve produzir
para atender às demandas de cada período, entre outros detalhes. Define, ainda, quem, como e onde vai
fazer. Serve de apoio para a programação da produção dentro da fábrica.

Sistema de informação

Disponibiliza as informações necessárias como custos, posições de estoque, demanda, produção


– tudo de maneira integrada –, tornando-se essencial para o planejamento logístico ao trazer
informações de quem comprou, para quando, o que já foi vendido, o que está atrasado etc. São essas
informações que possibilitam o melhor atendimento das necessidades organizacionais.

5.2 Planejamento e controle de estoque

Indiscutivelmente, uma das mais importantes funções da gestão de recursos materiais está relacionada
com o controle de níveis de estoques. Os estoques não podem ser considerados simplesmente locais para
armazenar produtos. Devem atuar de forma lógica e racional. Pozo (2004) diz que é notório que todas
as organizações de transformação devem preocupar-se com o controle de estoque, pois desempenham
e afetam de maneira relevante o resultado da empresa.

O termo controle de estoque, dentro da logística, deve-se à necessidade de estipular os diversos níveis
de materiais e produtos que a organização deve manter em quantidades suficientes, evitando o excesso e
a escassez, pois deve buscar um parâmetro econômico que torne a empresa eficiente e enxuta.

Para Pozo (2004), esses materiais a serem gerenciados em estoques podem ser classificados como:

• matéria-prima;

• material auxiliar;
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Unidade III

• material de manutenção;

• material de escritório;

• materiais em processos;

• produtos acabados.

Para o autor, a razão pela qual controlar o volume dos materiais a serem mantidos em estoque está
diretamente relacionada com os custos associados à manutenção dos itens estocados e também aos
processos da estocagem. Faz-se necessário determinar os níveis adequados para cada um dos itens
estocados e gerenciar as oscilações para evitar ruptura ou excesso.

Nesse sentido, a função principal da administração de materiais é maximizar o uso dos recursos envolvidos
na área logística da empresa – e com grandes efeitos dentro do estoque. O gestor enfrenta aqui um dilema
que é real na maioria das empresas e que interfere na necessidade de capital de giro e em seus custos.

Por um lado, este gestor busca manter um volume de materiais e produtos em estoques para atender
à demanda de mercado, bem como suas variações, atuando assim como um pulmão.

Por outro lado, ele também procura minimizar os investimentos nos vários tipos de estoques,
reduzindo assim os investimentos nesse setor.

O dilema seria no sentido de que: se escolher manter estoques elevados para atender prontamente
à demanda, irá exigir alto capital de giro e elevados custos. Se escolher manter baixos estoques, isso
pode resultar, caso haja falhas, em custos difíceis de serem contabilizados, como atrasos em entregas,
replanejamento do processo produtivo, insatisfação do cliente e, por consequência, perda de mercado.

A boa administração de materiais significa coordenar a movimentação de suprimentos ou compras


com a produção. Em outras palavras, é associar as necessidades de estoques aos custos, considerando
os seguintes pontos:

• prover material certo;


• no local de produção certo;
• no momento certo e em condição de uso;
• com o menor custo.

Tudo isso em busca de maior satisfação dos clientes.

Estamos tratando, até aqui, de materiais ou estoques. Para trazer outra visão sobre o tema, temos, a
seguir, um conceito sobre estoque: “Quaisquer quantidades de bens físicos que sejam conservados, de
forma improdutiva, por algum intervalo de tempo” (FRANCISCHINI; GURGEL, 2002).
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

E os autores dizem que estes estoques podem ser de quatro tipos:

• Estoques de matérias-primas – materiais e componentes comprados de fornecedores,


armazenados na empresa compradora e que não sofreram tipo algum de processamento.

— Pode-se dar como exemplo: celulose em fábrica de papel; farinha de trigo para pizzaria; tecido
para confecção. Ou seja, tudo aquilo que é utilizado no processo produtivo.

• Estoques de materiais em processo – materiais e componentes que sofreram pelo menos


um processamento no processo produtivo da empresa compradora e aguardam a utilização
posterior.

— Em outras palavras, são tudo aquilo que começou a ser produzido, mas ainda não foi concluído.
Você vai encontra esses itens na linha de produção, na transição de uma linha para outra, ou
em um setor que esteja esperando algum tipo de descanso ou liberação para dar sequência ao
processo produtivo.

Pode-se dar como exemplo:

— Em uma confecção – camisas aguardando fechamento – calça esperando colocar zíper – camisa
colocando botões.

— Em uma fábrica de calçado – unidades esperando colocar salto – esperando colocar etiquetas
etc.

— Resumindo – tudo que estiver em processo não é mais matéria prima e ainda não é produto
acabado.

• Estoques de produtos auxiliares – peças de reposição, materiais de limpeza, materiais de


escritório etc.

• Pode ser considerado tudo que não esteja ligado diretamente ao processo produtivo. Martins
(2005), amplia esse conceito utilizando a seguinte classificação:

— Materiais diretos: também denominados materiais produtivos ou matérias-primas.


São aqueles que se agregam ao produto final. Isto é, saem com o produto final.
Exemplos: os pneus de um automóvel e o corpo de um liquidificador gozam de
crédito de IPI e ICMS e, mais recentemente, de PIS/COFINS, sendo então aceitos como
matéria-prima.

— Materiais indiretos: também denominados materiais improdutivos ou materiais auxiliares.


São aqueles que não se agregam, ou seja, não saem com o produto final. Exemplos: óleos de
corte das máquinas/ferramentas, que são utilizados na usinagem de um material direto e não
gozam de créditos para fins fiscais.
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Unidade III

Voltando aos conceitos de Francischini e Gurgel (2002), temos ainda:

• Estoques de produtos acabados: produtos prontos para comercialização.

• Pode-se entender então como todos os itens que já estão prontos para ser entregues aos
consumidores finais. São os produtos finais da empresa. (MARTINS, 2005).

Os mesmos autores citados anteriormente completam a visão sobre estoques, mostrando mais
alguns tipos:

• Estoque em consignação: são os materiais que continuam sendo de propriedade do fornecedor


até que sejam vendidos. Em caso contrário, são devolvidos sem ônus.

• Estoque em trânsito: correspondem a todos os itens que já foram despachados de uma unidade
fabril para outra, normalmente da mesma empresa, e que ainda não chegaram ao seu destino
final.

5.3 A importância dos estoques

A formação de estoques é estratégica para o atendimento às necessidades da empresa. Isso pode


aumentar ou diminuir os custos de cada item vendido, ampliar ou diminuir o prazo de entrega aos
clientes, pode facilitar ou não a adaptação às novidades no mercado (imagine um estoque lotado de um
item qualquer – e, então, o mercado lança uma novidade. Tudo que tem no estoque para ser vendido
terá que ter os preços reduzidos. Ou seja, é feita uma liquidação).

Alguns autores apontam os motivos para manter estoque. Entre eles, podemos citar Martins (2005),
que diz o seguinte:

• Melhorar os serviços ao cliente: dando suporte à área de marketing que, ao criar demanda,
precisa de material disponível para concretizar vendas.

Imagine uma campanha de vendas agressiva, com o objetivo de ampliar o market share, e o setor
de compras não foi informado das ações projetadas pela área comercial. As vendas aumentam, mas
não haverá os itens para entregar. Por isso, uma ação que era para ganhar mercado acaba resultando
em perda de espaço e imagem, e isto apenas por atrasar entregas, prejudicando o nível de serviço e
ampliando as reclamações.

As melhorias possíveis de serviço seriam: entrega mais rápida, não ruptura de estoque, variedade etc.

Pensemos: quais os reflexos da melhoria do nível de serviços em uma organização?

O cliente não compra com olhos voltados somente para preço e qualidade. Tais fatores, hoje, são
chamados de qualificadores de pedido. Ou seja, são aqueles considerados obrigatórios, que a empresa
deve ter para poder competir no mercado. O que vai destacar uma empresa da outra é o fazer diferente,
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

é fazer aquilo que podemos chamar de fatores ganhadores de pedidos, que é o diferencial, aquilo que
motiva a escolha do cliente. Como a entrega rápida (“posso pagar mais caro, mas escolher aquela
empresa que me entrega na hora da compra, ou no menor tempo possível”). Essa preferência é muito
forte, por exemplo, nas compras pela internet.

Os reflexos são, então, no sentido de melhorar a relação com o cliente: entregas rápidas resultam em
menos reclamações e fidelização do cliente, entre outros benefícios à empresa.

• Economia de escala – os custos são tipicamente menores quando o produto é fabricado


continuamente e em quantidades constantes.

O processo produtivo deve buscar um equilíbrio para custos e atendimento ao mercado, mas se
observar somente o ato da produção. Quando se produz uma quantidade maior, o custo unitário de cada
produto é menor. Isso porque há um rateio das despesas fixas. Mas é importante lembrar que, mesmo
tendo um ganho na produção, haverá aumento de custos para manter os estoques – e isto pode não
ser tão interessante.

A economia de escala é a possibilidade de reduzir custos pelo volume produzido, mas o ganho na
operação de produção pode ser perdido devido a outros custos envolvidos.

Aumentar, portanto, a capacidade de produção sem pesquisas que apontem devido aumento nas
perspectivas de vendas, com a justificativa de reduzir custos de produção, para evitar ociosidade e
ampliar a utilização de equipamentos seria algo positivo para a empresa?

Essa medida terá como impacto aumento de produtos acabados em estoque, pois vai produzir mais
e as vendas não terão um aumento respectivo. Haverá, com isto, aumento de custos, ou seja, mais
investimentos, o que pode colocar toda a empresa em um maior grau de risco.

• Proteção contra mudanças de preço em tempos de inflação alta – um alto volume de compras
minimiza o impacto do aumento de preços pelos fornecedores.

É importante lembrar que, em tempos de economia estável, isso pode não ser interessante, pois os
preços são estáveis – isso quando a mudança de preços não é para baixo.

Deste modo, em um cenário econômico estável, temos política de preços estáveis. Mas em um cenário
em que não sabemos quando uma crise vai acabar, qual seria a política em relação às compras?

Em cenário de crise, este item se justifica: é aconselhável fazer compras maiores para se proteger de
aumentos de preços de itens, em cenário de crise em que não se sabe onde os preços vão parar.

• Proteção contra incertezas na demanda e no tempo de entrega: considera o problema que


advém dos sistemas logísticos, que pode ser por demanda diferente da esperada – para cima ou
para baixo –, ou pelo tempo de entrega dos fornecedores, que nem sempre é possível prever com
exatidão. Isso obriga a empresa a pensar em ter um estoque de segurança.
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Unidade III

• Proteção contra contingências: proteção contra greves, incêndios, inundações, instabilidades políticas
e outras variáveis que podem criar problemas. O risco de faltar itens seria menor mantendo estoques.

Estoque, então, é necessário. A questão é equilibrá-lo na quantidade adequada para cada situação. As
empresas de hoje estão na era do JIT (just-in-time), que é uma filosofia de trabalho japonesa amplamente
adotada pelo mundo, onde o objetivo principal é eliminar desperdícios. Fazer tudo conforme necessidade,
conforme mencionado na Unidade I. Esta realidade vem tornando as empresas mais enxutas, executando,
assim, a ideia de fazer mais com menos.

Este pensamento vem trazendo consequências para as empresas. Pode-se afirmar que a composição
do custo final influencia, consequentemente, no preço de venda. A participação relativa do custo da
matéria-prima é cada vez maior, pois a complexidade logística aplicada no processo é de ter entregas
menores e mais frequentes, com prazos de entregas cada vez menores.

5.4 Demanda na formação dos estoques

Vimos que o estoque é formado a partir das compras feitas – e estas são feitas a partir de alguma
forma de previsão do que vai ocorrer no mercado – ou necessidades de produção. Estamos falando
então da previsão de demanda.

A administração do estoque, então, está relacionada diretamente com a possibilidade de estimar


qual será o consumo de um determinado item em determinado período futuro. Porém, como o próprio
nome diz, é uma previsão, não uma certeza. Quanto mais precisa for essa previsão, mais informações o
administrador de materiais terá para poder se planejar sobre qual nível de estoque deverá manter e quanto
deverá comprar ou fabricar para poder atender às necessidades de seus clientes internos e externos.

Como estamos falando de previsão, faz-se necessário pensar nas variáveis que podem interferir na
avaliação. Para Francischini e Gurgel (2002), são dois pontos dos mais relevantes:

• padrões básicos de comportamento ao longo do tempo, que podem ser estimados por métodos
de previsões;

• variáveis aleatórias, cujas causas são tão variadas, que se torna virtualmente impossível
prevê-las.

Os mesmos autores apontam duas formas de estimar a demanda:

• métodos qualitativos: fundamentados em opiniões e estimativas de diretores, gerentes,


vendedores e consultores especializados. É a utilização da visão de pessoas que vivenciam a realidade
do negócio de diferentes pontos, é o feeling de quem atua e sente o que está acontecendo;

• métodos quantitativos: fundamentados em ferramentas estatísticas e de programação da


produção, pressupondo a utilização de cálculos matemáticos. É a utilização de técnicas estatísticas
encontrando médias, desvios por período.
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

Vejamos um exemplo:

Tabela 10
Vendas de um produto

Janeiro 1.000 unidades


Fevereiro 800 unidades
Março 1.200 unidades
Abril 1.300 unidades
Maio 2.100 unidades
Junho 1.200 unidades
Total 7.600
Média 1.266 unidades

É possível trabalhar com uma tabela como esta de várias formas. A média de vendas do semestre
pode ser um indicador das compras para o próximo mês. Porém, dois meses são diferenciados
dentro do semestre, e isso pode mudar os dados. São os casos de fevereiro, um mês curto, de
festas de Carnaval e, por isso, com demanda menor; e de maio, que é um mês festivo, por causa,
principalmente, do Dia das Mães. No Brasil, maio é o segundo melhor período para vendas, perdendo
somente para o Natal.

Outra possibilidade, então, seria pegar a média dos últimos dois meses, o que pode diminuir as
distorções, mas ainda não é garantia de um bom cálculo relativo a demandas. Podemos ainda pegar um
histórico maior, comparando o mês de julho de um ano com o mesmo mês do ano anterior. Contudo,
não podemos esquecer que previsão quantitativa é pura matemática e, por isso, não pode ser a única
forma de análise das previsões.

Um complemento seria a análise qualitativa que, neste exemplo, nos possibilita uma análise
econômica. Assim, observamos se a economia está crescendo ou não, focando no segmento de atuação,
se há novos concorrentes no setor ou alguma regra governamental que interfira nas vendas desse
produto, tanto para facilitar ou dificultar.

Observação

Perceba que, na análise qualitativa, é a experiência que possibilita a


avaliação da demanda. Quem conhece o negócio terá mais facilidade em
interpretar as informações de mercado.

Quanto aos tipos de demanda, alguns autores entendem haver dois deles:

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Unidade III

Demanda independente: é o tipo de demanda relacionada com as condições do mercado e,


portanto, fora do controle da empresa. É o caso de produtos acabados e peças de reposição. Muito
comum no varejo e nas vendas de produtos prontos de indústria.

Demanda dependente: é o tipo de demanda cujo consumo depende da demanda conhecida e


está sob o controle da empresa, de outro item do qual é intimamente relacionada. Assim, a demanda
pode ser calculada e programada internamente. É o caso de matérias-primas e componentes para
montagem.

A definição citada acima é vista em Francischini e Gurgel (2002), sendo amplamente aceita
no dia a dia, pois a gestão desses itens depende do tipo de demanda e tem formas diferentes de
previsão.

Como elucidação, pode-se dar o seguinte exemplo:

No estoque de uma confecção que fabrica e revende camisas, encontraremos:

• tecido;

• linha;

• etiquetas;

• entretelas;

• camisas.

Na classificação, tecidos, linhas, etiquetas e entretelas são considerados matérias-primas e a


quantificação desses itens dependeria da quantidade de camisas necessária. Por isso, a demanda é
dependente.

A camisa propriamente dita representa o produto pronto. Sua necessidade depende somente do
mercado. A partir disso, faz-se a previsão de consumo. Não depende de mais nenhuma variável, por isso
a demanda é independente.

Uma das formas de previsão de demanda dependente é a utilização de sistemas como MRP
(Planejamento das Necessidades de Materiais, tradução do inglês Manufacturing Resource Planning),
que será melhor abordado a seguir. Aqui, para simples elucidação, vamos entender como funciona o
processo:

Com base na lista de materiais, obtida por meio da estrutura analítica do produto, também conhecida
por árvore do produto ou explosão do produto, e em função de uma demanda dada, o computador
calcula as necessidades de materiais que são utilizados e verifica se há estoques disponíveis para o
atendimento.
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

Produto: camisa masculina

Camisa

Manga Frente Costas Gola


2 1 1 1

Punho Botão Bolso Botões Botões Entretela


1 2 1 8 2 1

Figura 27

O raciocínio, para produzir uma camisa, é este:

Quadro 8

Itens Quantidade
Mangas 2 unidades
Frente 1 unidade
Costas 1 unidade
Gola 1 unidade
Punho 2 unidades
Bolsos 1 unidade

Também seria necessário comprar botões: 8 para a frente, 4 para as mangas e 2 para a gola,
totalizando 14 unidades.

Veja que, quando precisar de 1.000 camisas, o sistema multiplica e levanta a necessidade de cada
um dos itens. O pensamento é somente para ilustrar a ideia. A quantidade a ser produzida ou comprada
de cada item depende da quantidade de camisas solicitadas, do prazo de entrega dos fornecedores, da
capacidade de produção da empresa e do estoque de segurança que a empresa deseja ter.

Exemplo

Dado o produto a seguir, façamos o cálculo das necessidades de cada item necessário para dez
mesas.

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Unidade III

Tampo

Pernas
Travessa Travessa

Figura 28

Fazer a árvore de necessidades:

Quadro 9

Calcular a necessidade de cada item:

Quadro 10

Itens Necessidades

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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

Resolução

Mesa

Travessas (4) Pés (4) Tampo (1)

Figura 29

Quadro 11

Mesa 10 unidades
Travessas 10 x 4 = 40 unidades
Pés 10 x 4 = 40 unidades
Tampo 10 x 1 = 10 unidades

Além de conhecer os tipos de demanda, é relevante conhecer também o comportamento da


demanda, que pode ocorrer, segundo a definição de Francischini e Gurgel (2002), das seguintes
maneiras:

• Demanda constante: não tem variação significativa de consumo no longo do tempo. Esse
tipo de previsão é muito simples de ser feito, se não houver mudanças significativas no
cenário.

• Demanda variável: há variação significativa no consumo no decorrer do tempo, aumentando ou


diminuindo de acordo com as necessidades dos clientes. Para o autor, este comportamento pode
ser explicado por:

— Tendência: mostra a direção básica do consumo, que pode ser de aumento, diminuição ou
estacionária.

— Sazonalidade: mostra o comportamento das alterações do consumo que se repetem


em um intervalo curto de tempo, como nos períodos de Natal, Páscoa ou Dia das
Crianças.

— Ciclicidade: mostra o comportamento das alterações do consumo que se repetem dentro de


um intervalo longo de tempo – normalmente décadas.

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Unidade III

6 MÉTODOS DE PREVISÃO DE DEMANDA

6.1 Método da média móvel

É uma análise quantitativa que exige dados históricos sobre as ocorrências na empresa. Normalmente, utiliza-se
a média de “n” períodos, o que pode variar de empresa para empresa e de produto para produto. Por exemplo,
pode-se utilizar médias do semestre, trimestre etc. Ou poderia ser considerado somente o mês, da seguinte maneira:
poder-se-ia fazer a comparação entre o último dezembro com os dezembros de anos anteriores.

Apesar de o cálculo ser simples, existem muitas limitações, pois a média nem sempre expressa a
realidade. Deve haver uma lapidação qualitativa.

Para que este tipo de previsão seja mais seguro, são necessários:

• dados históricos, em volume que sejam significativos;

• assumir a hipótese de que o cenário não mudará;

• considerar que dados antigos teriam o mesmo peso na previsão de períodos futuros;

• picos de demanda periódicos interferem nas médias, pois o mês de maio, por exemplo, tem um
comportamento totalmente diferente dos meses de abril e junho. É o segundo melhor mês no
comércio, devido ao Dia das Mães, perdendo apenas para dezembro, em função do Natal.

Vejamos:

Quadro 12

Vendas de um produto

Janeiro 1.000 unidades


Fevereiro 800 unidades
Março 1.200 unidades
Abril 1.300 unidades
Maio 2.100 unidades
Junho 1.200 unidades
Total 7.600
Média 1.266 unidades

Percebe-se, nesta situação, que a média é de 1.266 unidades. Mas ao definir a demanda desta forma,
pode ser gerado um dado não concreto, uma vez que há a interferência do mês de maio, que é um mês
atípico, e de fevereiro, que é um mês de vendas fracas.

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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

6.2 Método da média móvel ponderada

Este método aplica um fator de correção ou de ponderação para dar mais substancialidade
aos cálculos, pois os períodos mais recentes teriam um significado maior para a previsão de
demanda. Isso seria feito atribuindo diferentes pesos para cada período, de acordo com os
significados.

Exemplo:

Vamos considerar que estamos em março.

Para o mês atual, vamos atribuir o peso 0,5; para o mês de fevereiro, peso 0,3; para janeiro, peso 0,2...
de forma que a soma dê 1.

Quadro 13

Mês Demanda Média Necessidade


Janeiro 1.000 unidades 1.000 X 0,2 200
Fevereiro 800 unidades 800 X 0,3 240
Março 1.200 unidades 1.200 X 0,5 600
Demanda para abril 1.040 unidades

Fazer uma análise de demanda com precisão é fundamental, pois é esta análise que determinará se
há excesso ou falta de produtos no estoque – e isto pode interferir diretamente em custos e no nível de
atendimento aos clientes.

6.3 Média móvel ponderada

1.500 x 0,1 + 1.600 x 0,2 + 1.800 x 0,7 =

150 + 320 + 1.260 = 1.730 unidades

Quadro 14

Janeiro 2.000 unidades


Fevereiro 1.200 unidades
Março 1.500 unidades
Abril 1.600 unidades
Maio 1.800 unidades
Junho 1.730 unidades

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Unidade III

Observação

Percebemos diferenças de acordo com o método utilizado, podendo


ajustar de maneira mais adequada a previsão de demanda.

6.4 Gráficos dos estoques

É uma ferramenta utilizada para facilitar a visualização das variações nos estoques. Conhecido como
dente de serra pela forma em que se apresenta.

Será feito a partir dos dados de estoque.

Exemplo:

Quadro 15

Variação do estoque em função do tempo

Mês Estoque Recebimentos Consumo Estoque


inicial/unidades em unidades unidades/dia final/ unidades
Janeiro 800 2.000 500 2.300
Fevereiro 2.300 0 1.500 800
Março 800 1.000 500 1.300
Abril 1.300 1.000 1.000 1.300
Maio 1.300 500 500 1.300

Fonte: adaptado de Martins, 2005.

Para completar as informações, vamos supor que os itens são recebidos e contabilizados no fim do
expediente do respectivo dia e que o consumo se dá de forma uniforme durante as oito horas do dia de
trabalho. O gráfico a seguir ilustra essa situação:

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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

3.000

2.500
2.300
2.000

1.500
1.300 1.300 1.300

1.000
800 800

2.500

300 300 300 300


J F M A M

Figura 30

A interpretação do gráfico de unidades em estoque através do período

Para fazer esse gráfico, consideramos o estoque inicial: de 800 unidades, subtraíram-se as saídas de
500, ficando no estoque 300 unidades.

No momento seguinte, o estoque recebeu mais 2.000 unidades, resultando em um total de 2.300 unidades.

Em fevereiro, saíram 1.500 unidades e não houve entrada, ficando no estoque 800 unidades.

O mês de março iniciou com 800 unidades, saíram 500 unidades, ficando, assim, 300 unidades, mas
recebeu 1.000 unidades, totalizando 1.300 unidades.

O mês de abril iniciou com 1.300 unidades, saíram 1.000 e ficariam no estoque 300 unidades, como
recebeu 1.000 unidades, ficou com 1.300 unidades.

O mês de maio iniciou com 1.300 unidades, saíram 500 unidades, mas recebeu mais 500, repondo o
estoque inicial.

6.5 Giro de estoque e rotatividade

Na gestão de recursos materiais, é fundamental que haja parâmetros, como indicadores de


desempenho, para saber se a situação é satisfatória ou não e onde se deve melhorar. Considero a máxima
a seguir perfeita:

89
Unidade III

Lembrete

“Só se gerencia aquilo que se conhece.”

Então, saber o tempo que cada produto fica parado no estoque é uma importante ferramenta de
informação sobre custos, sobre programação de compras, sobre dar ou não descontos etc.

Para ter tal resposta – “Qual o tempo que o produto fica parado no estoque?” –, conhecida como
durabilidade de estoque, precisamos construir algo que é chamado de giro de estoque ou rotatividade
de estoque.

Giro de estoque ou rotatividade é a quantidade de vezes que o estoque médio se renova em


determinado período.

Leva em consideração:

Estoque mensal

É o volume ou valor mantido em estoque em cada um dos meses.

Estoque médio

É a soma dos volumes ou valores em estoque dos períodos considerados dividida pela quantidade
de períodos considerados.

Vendas do período

É o volume ou valores vendidos no período considerado.

Dicas importantes

Como padrão, podemos considerar que, quanto maior o giro de estoque, melhor.

Como maneira de analisar, podem-se comparar os dados atuais de estoque com os do passado da
própria empresa. É uma forma de análise horizontal, na qual é possível verificar se houve progresso ou
não. Mas é importante ainda comparar com os objetivos traçados pela empresa, se está dentro daquilo
que foi planejado ou não. E é muito importante comparar os dados de uma empresa com as médias de
mercado, principalmente dos principais concorrentes.

Exemplo

Pode ser calculado de mais de uma maneira, dependendo dos dados que se tenham em mãos.

90
RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

Uma das maneiras pode ser esta:

• Custos de vendas anuais/Estoques.


• Informações que podem ser obtidas no DRE e/ou no Balanço Patrimonial.

Para Martins (2006), o cálculo pode ser feito da seguinte forma:

GE = Valor consumido no período


Valor do estoque médio no período
Vejamos o exemplo:
Quadro 16
Movimentação em Reais da empresa Stock Rápido no semestre

Mês Estoque inicial Entradas Saídas Estoque final


Janeiro 100.000,00 200.000,00 250.000,00 50.000,00
Fevereiro 50.000,00 300.000,00 250.000,00 100.000,00
Março 100.000,00 150.000,00 250.000,00 0
Abril 0 350.000,00 250.000,00 100.000,00
Maio 100.000,00 250.000,00 300.000,00 50.000,00
Junho 50.000,00 300.000,00 200.000,00 150.000,00
Total 1.250.000,00

Observe que os meses começam com um valor e terminam com outro. Então precisamos de uma
técnica para encontrar o estoque médio de cada mês. Vamos considerar: (Estoque Inicial + Estoque
Final) / 2, em cada um dos meses.

Quadro 17

Mês (EI + EF) / 2 Estoque médio


Janeiro (100.000 + 50.000)/2 75.000,00
Fevereiro (50.000 + 100.000)/2 75.000,00
Março (100.000 + 0)/2 50.000,00
Abril (0 + 100.000)/2 50.000,00
Maio (100.000 + 50.000)/2 75.000,00
Junho (50.000 + 150.000)/2 100.000,00
Total 425.000,00

Agora, podemos calcular o estoque médio de janeiro a junho, dividindo o total médio do semestre
por 6, que é o número de meses considerado.

EM(Jan - Jun) = 425.000 = 70.833,33


6

91
Unidade III

Nosso cálculo, então, ficaria da seguinte forma:

GE = Valor consumido no período


Valor do estoque médio no período

GE = 1.250.000,00 = 17,64 vezes


70.833,33

Isso significa que o estoque girou quase 18 vezes durante o semestre e, como regra, quanto maior,
melhor. É importante ter esse índice de cada um dos itens de estoque. E, claro, os itens mais importantes
estão na classificação A.

Exemplo

A empresa JCC Ltda. fez levantamento do giro de estoque de um item de classificação A dos últimos
três anos e obteve os seguintes dados sobre a empresa:

Quadro 18

Item Ano 1 Ano 2 Ano 3


A 3,54 vezes 6,5 vezes 12 vezes

Ao buscar a média do segmento, os resultados foram:

Quadro 19

Item Ano 1 Ano 2 Ano 3


A 3,4 vezes 12 vezes 24 vezes

O dono da empresa JCC não sabia analisar a situação e chamou os alunos da UNIP Interativa para
dar consultoria e auxiliar no parecer. O que diríamos para o dono da empresa?

No início do período, a empresa estava melhor que a média do mercado. A empresa continuou
crescendo nos anos seguinte, tendo um giro maior, significando que os itens estavam ficando menos
tempo no estoque e havia um melhor ajuste na entrada e saída de mercadoria.

Mas a concorrência agiu de maneira mais contundente e, a partir do ano 2, o giro do mercado passou
a ser praticamente o dobro do giro da empresa JCC, significando que esperam o dobro do tempo para
vender, tendo estoques maiores em relação às vendas. Então, deve melhorar ainda mais para alcançar a
média de mercado.

92
RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

6.6 Tempo de cobertura de estoque

O cálculo do giro de estoque nos leva a uma informação importante: o tempo que cada item fica
parado no estoque. Quanto menor o tempo, melhor – pois significa que o giro aumentou.

Em outras palavras, esse índice mostra o tempo em que os itens de estoque cobrem as operações
da empresa (ou o tempo que os estoques durarão para serem vendidos). Martins (2005), diz que esse
índice (cobertura) indica o número de unidades de tempo. Por exemplo, dias que o estoque médio será
suficiente para cobrir a demanda média. Isto pode ser calculado da seguinte forma:

Cobertura em dias = Número de dias do período em estudo


Giro
Tendo como base o exemplo anterior:

Número de dias: 6 meses x 30 = 180 dias.

Então,

Tempo de cobertura = 180 = 10,20 dias.


17,34

Como resultado, encontra-se: 10,20 dias.

Isso significa que os estoques estão durando dez dias.

Essa percepção é essencial para atender à demanda sem risco de interrupção, pois cada tipo de
produto tem um ciclo de recebimento – aquele prazo entre fazer pedido, receber, conferir e liberar para
consumo ou para venda vai variar significativamente de um produto para outro.

Assim, a empresa JCC LTDA. fez levantamento do giro de estoque de um item de classificação A dos
últimos três anos e obteve os seguintes dados sobre a empresa:

Quadro 20

Item Ano 1 Ano 2 Ano 3


A 3,54 vezes 6,5 vezes 12 vezes

Ao buscar a média do segmento, os resultados foram:

Quadro 21

Item Ano 1 Ano 2 Ano 3


A 3,54 vezes 12 vezes 24 vezes

93
Unidade III

O dono da empresa JCC não sabia dizer se se tratava de uma situação satisfatória ou não. Ainda
que você já tenha comunicado sua análise para o empresário, agora ele quer respostas mais técnicas:
“Quanto tempo fica parado o meu estoque?” e ”Quanto tempo fica parado o estoque dos concorrentes
em cada um dos períodos?”

Período 1

Como o período é de um ano, vamos considerar 360 dias.

JCC

360 = 101,69 dias.


3,54

É o tempo que o estoque fica parado esperando para ser vendido.

Concorrência

360 = 105,88 dias.


3,4

É o tempo que o estoque dos concorrentes fica parado esperando vendas.

Interpretação:

A empresa JCC fica mais de três meses com o estoque, mas está melhor que o mercado.

Período 2

JCC

Tempo de cobertura

360 = 55,38 dias.


6,5

É o tempo que o estoque fica parado esperando vender.

Concorrência

360 = 30 dias.
12

94
RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

É o tempo que o estoque fica parado esperando vendas.

Interpretação

A situação deu uma revertida significativa, pois a JCC está ainda com estoque de quase 60 dias,
dois meses, até deu uma boa melhorada, só que o mercado agora está com estoque para um mês. Ou
seja, fica metade do tempo, comparando com a JCC, com o estoque parado. Isto significa menos custo,
melhor qualidade, menos investimento e maior flexibilidade.

Período 3

JCC

360 = 30 dias.
12

Veja como o tempo que os estoques ficam parados diminuiu.

Concorrência

360 = 15 dias.
24

É o tempo que o estoque fica parado.

Interpretação

A JCC conseguiu alcançar a concorrência, agora tem estoque para 30 dias de operações, só que a
concorrência, agora, tem estoque de 15 dias, tornou-se ainda mais enxuta e mais competitiva.

Saiba mais

Para saber mais sobre o fenômeno chamado “Síndrome do fim de mês”,


acesse o site: <http://www.imam.com.br/logistica/Artigos.asp?iD=3>.
Para ampliar a compreensão sobre os assuntos tratados nesta unidade,
indicam-se os seguintes livros:

CHIAVENATO, I. Administração de materiais. Rio de Janeiro: Campus, 2005.

GONÇALVEZ, P. S. Administração de materiais. Rio de Janeiro: Campus, 2010.

PAOLESCHI, B. Almoxarifado e gestão de estoques. São Paulo: Érica, 2009.


95
Unidade III

Resumo

A presente unidade buscou discutir a gestão de materiais, processamento de


pedidos, conceitos de armazenagem, formas de manuseio de materiais e embalagens,
assim como suas funções. Teve como foco a análise das formas de planejamento e
controle de estoque, relatando a importância de cada tipo de estoque.

Os tipos de demanda interferem na forma de planejamento de estoque,


pois podem ser dependentes e independentes.

Como forma de gestão e, mais precisamente, pontos de avaliação de


desempenho de estoque, conhecemos o conceito de giro de estoque, que é
a quantidade de vezes que o estoque se renova em determinado período –
quanto mais vezes, melhor. A partir deste conceito, o tempo de permanência
no estoque é outra informação crucial – quanto menos tempo, melhor.

São pontos de gestão de estoque que direcionam as decisões a serem


tomadas: se é necessário comprar mais ou menos, quando comprar, quanto
comprar, de quem comprar etc.

Exercícios

Questão 1. A Cia. Goiás Velho S.A., fabricante de conectores, recebeu uma encomenda de 1.200
conjuntos extensão-tomada, cuja árvore de estrutura é a seguinte:

Conjunto
Extensão-tomada

Tomada (1) Extensão (1)

Tampas (2) Núcleo (1) Fio 2x16 Pino (1)


AWG (20)
Fio 2x16 Base (3) Solda (10)
AWG (3)

Os números entre parênteses referem-se às quantidades utilizadas na produção de cada conjunto. A Goiás
Velho possui em estoque: extensão-tomada = 200; tomada = 100; extensão = 500; fio = 2.000. A nova política
de estoques da empresa é a de não manter saldos em estoque, quer em conjuntos, quer em componentes.

A partir das informações apresentadas, pode-se concluir que a quantidade do componente fio


(especificação 2 x 16 AWG) que precisa ser adquirido para atender à encomenda de 1.200 conjuntos
extensão-tomada (utilizando todo o estoque existente) é:

96
RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

a) 25.600.

b) 21.000.

c) 12.700.

d) 11.000.

e) 10.700.

Resposta correta: alternativa “e”.

Análise das alternativas

O quadro a seguir resume todas as informações da questão, tanto no que diz respeito à arvore de
estrutura como à encomenda em pauta e os estoques. Note que vários campos não estão preenchidos
pois não fazem parte do escopo da questão, portanto não foram apresentados dados para eles.

Quantidade Unidade Quantidade a


necessária por Quantidade Necessidades
Componente de ser produzida Obs.
unidade de em estoque líquidas
medida ou comprada
produto
Conjunto extensão - tomada 1 Un. 1200 200 1000 1
Tomadas 1 Un. 1000 100 900 2
Tampas 2 Un.
Núcleo 1 Un.
Fio 2 x 16 AWG 3 metros 2700 2000 700 3
Base 3 Un.
Solda 10 Un.
Extensão 1 Un. 1000 500 500 4
Fio 2 x 16 AWG 20 metros 10000 1000 5
Pino 1 Un.

Para a montagem do quadro, foram feitos os seguintes raciocínios, que estão indicados por números
sequenciais na coluna “Obs.”:

1. A quantidade encomendada foi de 1200 conjuntos Extensão-Tomada. Como existem 200


unidades em estoque e deseja-se consumir o estoque, só será necessária a produção de 1000
unidades.

2. Para se produzir 1000 unidades do conjunto Extensão-Tomada, são necessárias 1000 tomadas,
mas como existem 100 dessas tomadas em estoque essa produção deverá ser restrita a 900
unidades.

97
Unidade III

3. Cada tomada necessita de 3 metros de fio 2 x 16 AWG, portanto, para 900 tomadas serão
necessários 2700 metros, como o estoque desse componente é de 2000 metros só será necessária
a aquisição de 700 metros

4. Em raciocínio idêntico ao feito para as tomadas, serão necessárias 1000 extensões, como existem
em estoque 500, a necessidade líquida desse componente será de 500 unidades.

5. Para se produzir 500 unidades de extensões são necessários 500 x 20 = 10.000 metros de fio 2 x
16 AWG. Como o estoque remanescente de fio foi usado na produção das tomadas será necessária
a aquisição de 10.000 metros de fio.

A partir do raciocínio acima, conclui-se que são necessários 700 metros de fio para as tomadas e
10.000 metros de fios para as extensões, logo a necessidade total será de 10.700 metros.

A. Alternativa incorreta.

Justificativa

A essa resposta, chegariam aqueles que raciocinassem da seguinte maneira: serão produzidos 1200
conjuntos, cada conjunto precisa de 23 metros de fio, logo serão necessários 27.600 metros, mas como
se têm 2.000 em estoque, basta adquirir 25.600 metros. A opção é falsa, visto que os estoques do
conjunto montado e de subconjuntos parcialmente montados são desprezados.

B. Alternativa incorreta.

Justificativa

A essa resposta, chegariam aqueles que raciocinassem da seguinte maneira: serão necessários 1200
conjuntos, como existem 200 deles no estoque, basta produzir 1000 unidades, cada unidade precisa de 23
metros de fio, logo serão necessários 23.000 metros, mas como se têm 2000 em estoque, basta adquirir 21.000
metros. A opção é falsa, visto que os estoques dos subconjuntos parcialmente montados são desprezados.

C. Alternativa incorreta.

Justificativa

A essa resposta, chegariam aqueles que fizessem o cálculo corretamente, mas esquecessem de
descontar os 2000 metros de fio em estoque.

D. Alternativa incorreta.

Justificativa

É um número aleatório, sem sentido na questão.


98
RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS

E. Alternativa correta.

Justificativa

Esta é a resposta correta, conforme se calculou anteriormente.

Questão 2 (Adaptada do ENADE 2009 – Administração). Leia o trecho:

As vendas de uma concessionária de carros nos últimos cinco meses foram de 450, 750, 450, 400 e 350.
A previsão para o próximo mês, utilizando o método de média móvel trimestral, é de 400 unidades.

porque

A média móvel trimestral é a média de todos os elementos de uma série temporal durante um ano.

A respeito dessas duas afirmações, é correto afirmar que:

a) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.

b) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.

c) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.

d) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.

e) As duas afirmações são falsas.

Resolução desta questão na plataforma.

99

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