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Generalidades da anatomia
(versão 2012.1)
• O termo “nervo” pode ser abreviado para n.; “nervos”, para nn..
• O termo “ligamento” pode ser abreviado para lig.; “ligamentos”, para ligg..
• O termo “músculo” pode ser abreviado para m.; “músculos”, para mm..
• Os termos “tendão”/”tendões” não podem ser abreviados para t. ou tt.: estas abreviaturas estão reservadas para
“tracto” e “tractos” (dois tipos de conjunto de fibras nervosas do SNC), respectivamente.
• O termo “artéria” pode ser abreviado para a.; “artérias”, para aa..
• O termo “veia” pode ser abreviado para v.; “veias”, para vv..
• O termo “glândula” pode ser abreviado para gl.; “glândulas”, para gll..
• Acidentes são impressões que existem em diversas estruturas do nosso corpo (embora seja um termo que, na prática, seja
delegado apenas aos ossos. Portanto, daqui em diante, quando falarmos “acidentes”, consideraremos, para fins
didáticos, que estamos nos referindo a ossos). Têm funções diversas, que variam, por exemplo, desde a limitação de
espaços (formando, portanto, paredes ósseas), até a de proporcionar fixação para tendões e aponeuroses (como na
maioria dos músculos), bainhas do SNC (ex: crista etmoidal e foice do cérebro) ou ligamentos (ex: coluna vertebral, art.
sacroilíaca).
• Variação anatômica é uma fuga do padrão sem prejuízo de função. Exemplos: A presença ou não de forame lacerado no
crânio de um indivíduo não indica nada, já que não passa de um artefato de dissecação; na maioria dos indivíduos, o n.
fibular comum se divide em nn. fibular superficial e fibular profundo a nível da cabeça da fíbula... Em alguns, isso ocorre
ligeiramente proximalmente ou distalmente, mas isso não cursa com nenhum prejuízo.
• Anomalia anatômica é uma fuga do padrão com prejuízo não-letal de função. Exemplos incluiriam: lábios leporinos,
olhos de astigmatas/ míopes/hipermétropes, polidactilia, etc..
• Monstruosidade anatômica (um termo que tende a, eventualmente – por motivos óbvios –, cair em desuso) corresponde a
uma fuga do padrão extrema, incompatível com a vida: a anencefalia é o exemplo mais amado.
• Imagine que você desejasse estudar sobre a irrigação arterial do seu antebraço e descobrisse que cada autor gosta de
fazê-lo a partir do corpo numa posição diferente (antebraço fletido ou estendido, ombro girado ou flexionado, mão
aberta ou fechada, em pé ou de ponta cabeça... enfim: uma total falta de acordo). Pensou no caos que seria? Pois é...
pensando nisso, os anatomistas consensuaram, em algum momento que não faço ideia de quando tenha sido, que a
topografia do corpo sempre seria descrita considerando um indivíduo postado (não estou muito certo se essa palavra
existe, rsrs...) na chamada posição anatômica. E como seria isso? Em pé, de olhos para frente, com coluna ereta, membros
inferiores ligeiramente afastados, pernas em meio termo entre inversão e eversão e com o antebraço em supinação. Dito
isso...
• O corpo humano pode ser seccionado para avaliação através de quatro principais planos:
o O plano coronal é aquele em que o corte dividirá o corpo em porções anterior e posterior.
Os movimentos que ocorrem no plano coronal o fazem através de um eixo dito ântero-posterior.
o O plano transversal é aquele em que o corte dividirá o corpo em porções superior e inferior.
Os movimentos que ocorrem no plano transversal o fazem através de um eixo dito longitudinal
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(vertical).
o O plano sagital é aquele em que o corte dividirá o corpo em porções direita e esquerda. O plano mediano é um
plano sagital particular, em que as duas metades formadas têm tamanhos iguais.
Os movimentos que ocorrem no plano sagital o fazem através de um eixo dito látero-lateral.
o Os planos oblíquos são produzidos a partir da composição de dois ou três dos anteriores.
Os movimentos que ocorrem em planos oblíquos operam em eixos não definidos.
• Se teve dificuldades em visualizar a relação entre planos e eixos, pegue uma folha de
papel, espete-a com um lápis e mantenha-a “empalada” pelo mesmo. Coloque a folha
de papel de modo que sua superfície esteja de frente para você. Quando você gira o
lápis, a folha acompanha esse movimento através de um plano coronal, e o lápis,
através deste mecanismo, é o eixo envolvido (ântero-posterior). Comparando com a
imagem ao lado, que mostra a abdução do braço, a folha de papel conteria o “espaço”
por onde o úmero deslizaria para realizar o movimento (o plano coronal) e o lápis
(análogo, na imagem, ao cilindro comprido, cor de rosa, “atravessando” a cabeça do
úmero) corresponderia ao eixo que permitira a realização do mesmo (ântero-posterior).
• Flexão é o movimento que diminui o ângulo entre os ossos das articulações envolvidas. Na prática, isso se traduz numa
tendência do corpo de aproximar-se do nosso porte no período embrionário. Isto é: se fizéssemos flexão de todas as
articulações do nosso corpo, seria esperado que ficássemos como um feto. Extensão é o movimento que traz o nosso
corpo de uma posição fletida até a posição anatômica. Não é interessante definí-la, como você deve estar pensando, como
o movimento que aumenta o ângulo entre os ossos das articulações envolvidas, porque qualquer movimento desse tipo
que vá além da posição anatômica (por exemplo: o pescoço, quando olhamos “para cima”) se configura como
hiperextensão, e não como extensão.
o Ocorrem no plano sagital e no eixo látero-lateral. A exceção é o polegar, que, devido a sua posição transversa
em relação aos demais dedos, faz a flexão/extensão no plano coronal e eixo ântero-posterior.
o No pé, a flexão é chamada de flexão plantar e a extensão é chamada de dorsiflexão.
• Abdução é o movimento que afasta uma porção do corpo do plano mediano. Adução é o movimento que aproxima uma
porção do corpo do plano mediano.
o Ocorrem no plano coronal e no eixo ântero-posterior. A exceção é o polegar, que, devido a sua posição
transversa em relação aos demais dedos, faz a abdução/adução no plano sagital e eixo látero-lateral.
o Quando o tronco inclina-se para um lado ou para o outro, ele não está realizando abdução, e, sim, flexão lateral.
A explicação é óbvia: o tronco não pode se afastar do plano mediano. Ele contém o bendito, não é mesmo?
o Quando o tronco inclina-se – após flexão lateral – para sua posição normal, ele não realiza adução, e, sim, flexão
medial.
o Nas mãos, o que consideramos como “plano mediano” é o plano sagital que corta o terceiro dedo no meio. Nos
pés, o que consideramos como “plano mediano” é o plano sagital que corta o segundo dedo ao meio.
O terceiro dedo da mão e segundo dedo do pé, portanto, não realizam adução. Ao invés disso, o que eles
fazem são abdução direita e abdução esquerda.
• Rotações (medial ou lateral) são movimentos de difícil definição que ocorrem no que se supõe ser um eixo longitudinal.
Os exemplos mais clássicos são os da articulação atlantoaxial, demais porções da coluna vertebral, ombro e quadril.
o Ocorrem no plano transverso e no eixo longitudinal (ou vertical).
o Pronação é um tipo especial de rotação medial que ocorre no antebraço. Supinação, que também ocorre no
antebraço, é um análogo da rotação lateral. Quando o antebraço prona, a face dorsal do punho é girada (é
exposta) para frente; quando o antebraço supina, a palma da mão é girada (é exposta) para frente.
• Circundação é um movimento de composição. Ele pode ocorrer em dois ou três planos. Quando ocorre em dois planos, há
uma composição de planos sagital e coronal. Quando ocorre em três planos, há uma composição de planos sagital,
coronal e transverso. Se não conseguiu visualizar a diferença, faça o seguinte. Faça uma circundação com seu dedo
indicador e compare-a com a circundação mais complexa que você pode fazer com seu ombro: perceba que, no ombro, a
circundação tem um componente de rotação, enquanto que, no dedo, não. Afinal, você não consegue fazer seu dedo girar
ao longo de seu próprio eixo longitudinal, não é mesmo? Tudo que você consegue fazer é fletir/estender enquanto o
abduz/aduz!
• Protusão é um movimento em que uma estrutura se projeta anteriormente. Retrusão é um movimento em que uma
estrutura se projeta posteriormente.
o Ocorrem no plano transverso e no eixo longitudinal (vertical).
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o Ossos pneumáticos são aqueles que contêm seios aéreos maiores. Ocorrem na cabeça. São eles: maxila, esfenóide,
etmóide e frontal. Não há consenso, mas reza a lenda que o temporal também está no bolo (faz sentido, pois há
um circuito de células aéreas no interior da parte mastóidea do temporal).
o Ossos heterotópicos são aqueles que crescem no interior de tecidos moles. São característicos de algumas
doenças genéticas obscuras e de epônimos impronunciáveis, que não nos interessam, por ora.
• A calvária reúne ossos planos, de ossificação intramembranosa. A base do crânio reúne ossos irregulares, de ossificação
endocondral. O resto dos ossos (excetuando a clavícula [ossificação intramembranosa]) tem ossificação endocondral.
• O crescimento longitudinal dos ossos longos ocorre no disco epifisário; o transversal, no periósteo. Repare que eu já disse
isso umas três vezes...
• A hematopoese pré-natal envolve o saco de Yolk (sensacional, esse nome, kkkk), o fígado e o baço. No indivíduo recém-
nascido e nos seus primeiros anos, ocorre nas cavidades medulares dos ossos longos e no osso esponjoso dos ossos
irregulares (e da epífise dos ossos longos, também, por exemplo). Já no indivíduo adulto, o tecido hematopoético da
cavidade medular dos ossos longos é substituído por gordura, e a hematopoese ocorre principalmente nos tecido
esponjoso de ossos irregulares (sobretudo esterno, vértebras e osso do quadril), embora haja alguma contribuição das
epífises dos ossos longos. Repare que eu já disse isso umas três vezes [2]...
• Articulações são estruturas que unem massas ósseas. Estas podem ser de ossos distintos, como é mais fácil imaginar, ou
podem ser entre porções de um mesmo osso. Surpreendentemente, ou não, este último tipo supera – de longe – o
primeiro, em quantidade, no nosso corpo.
• O único osso do corpo humano que não se articula com nenhum outro é o hióide, no pescoço.
• Luxações são a perda de congruência entre duas superfícies articulares.
• Sobre as classificações das articulações:
o Quanto à união: podem estar unidas por continuidade ou contiguidade. Por continuidade, entende-se a união
por tecido sólido: são as articulações fibrosas e cartilaginosas; Na união por contiguidade, os ossos estão
mantidos unidos por uma cápsula externa, superficial, marginal, mas suas superfícies propriamente ditas estão
separadas por um espaço de volume mínimo: são as articulações sinoviais.
o Quanto à mobilidade: podem ser sinartroses, quando forem, em essência, articulações em que não há – ou
virtualmente não há – movimento; ou podem ser diartroses, quando forem, em essência, articulações de
movimento. As articulações fibrosas e cartilaginosas são sinartroses; as sinoviais, diartroses.
o Função: variável, mas, de modo geral: movimento, crescimento e transmissão de forças.
• Enfoques sobre articulações fibrosas:
o Três principais tipos:
As suturas ocorrem apenas no crânio. São articulações sem movimento, temporárias, que estão fadadas
a, em algum momento da vida, deixar de existir. Quando isto ocorre, há fusão dos ossos envolvidos, um
processo que recebe o nome de sinostose. Obs.: sinostose é o nome que se dá à fusão de duas formações
ósseas quaisquer. Não são um fenômeno exclusivo das suturas.
• As fontanelas NÃO são suturas. São apenas o molde de mesênquima, exposto, do bebê, em que
ocorre o processo de ossificação intra-membranosa da calvária. Elas ocorrem justamente
enquanto os ossos planos não estão próximos o suficiente para formar suturas. A fontanela
anterior (bregmática) e a ântero-lateral (ptérica) são as que mais tardam a consolidar (2 a 3
anos e aproximadamente 1 ano, respectivamente). É por isso que deformações devido a
hipertensão intra-craniana são mais comuns de se ver na frente da cabeça do bebê. O fontículo
posterior também é chamado de lambdóide, e o póstero-lateral, de astérico. Estes dois últimos
costumam consolidar ainda nos primeiros meses de vida (6, em média).
• Lembre que o ramo anterior da a. meníngea média passa justamente superficial ao local onde
ocorre o ptério. Lesões aí resultam em um tipo muito perigoso de hemorragia (extra-dural),
como vocês verão, mais adiante, no curso ☺.
As sindesmoses são articulações de difícil classificação. Cada autor gosta de dizer uma coisa, então não
vou definí-las. Entretanto, de modo geral, podemos visualizá-las como uma modalidade de ligamento
(é, ligamento, tipo aqueles da coluna). A única diferença é que eles apresentam um pouco mais de
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frouxidão, de modo a limitarem movimentos somente a partir de um determinado grau de ação. Por
exemplo: no antebraço, temos, entre a ulna e o rádio, a chamada membrana interóssea [do antebraço].
Ela não oferece nenhuma resistência ao estado semi-pronação em que se encontra o braço em repouso.
Entretanto, quando há excesso de pronação ou supinação, você percebe sem muito esforço que ela
limita o movimento.
As gonfoses unem os dentes ao osso da mandíbula e das maxilas. Ocorrem, portanto, apenas na cabeça.
• Enfoques sobre articulações cartilaginosas:
o Dois principais tipos:
As sincondroses (ou primárias), em que a cartilagem é hialina. Têm distribuição ecletissísima no nosso
corpo. São poderosos exemplos de articulações destinadas ao crescimento. Também ilustram exemplos
de articulações intra-ósseas. São subdividas de várias formas, mas as que nos interessam são as que
ocorrem na base do crânio e as que ocorrem entre as epífises e diáfises de ossos longos. Sim, os discos
epifisários são sincondroses. E isso o ajudará a se lembrar de que a cartilagem das sincondroses é a
hialina, e não a fibrosa (afinal, os ossos longos se ossificam a partir de cartilagem HIALINA, não é?).
As sínfises (ou secundárias), em que a cartilagem é fibrosa. Quando dizemos que a cartilagem é
“fibrosa”, fazemos referência ao fato de que nela predomina o mesmo tipo de colágeno dos ligamentos,
tendões e aponeuroses (o tipo I), e num arranjo relativamente similar ao dos mesmos (feixes ordenados
[que entremeiam as células propriamente ditas]), em contraste com o das sincondroses (tipo II), em que
se observa um colágeno mais “bagunçado”. Esse aspecto histológico não é fundamental para a matéria,
mas ajuda a entender e memorizar. TODAS as sínfises são medianas, e, à exceção da que ocorre entre
os dois púbis (no osso do quadril), são axiais. Isso é condizente com a sua principal função, que é a de
estabilizar articulações próximas. Isso é particularmente verdadeiro para a coluna, em que os discos
intervertebrais (os exemplos mais clássicos de sínfises) servem de contenção para os movimentos das
articulações sinoviais próximas das vértebras, tórax e quadril. A estrutura da sínfise consiste de um
anel fibroso, externo – de colágeno propriamente dito – e um núcleo pulposo, interno, formado por uma
geleca mucóide que corresponde ao que restou de nossa notocorda (lembram dela? Eu não lembro mais
nem pra que ela serve aeaeuhaeu)
• Hérnias de disco: lembrem que o que ocorre aqui não é o deslocamento do disco intervertebral,
mas sim a lesão do anel fibroso, mais comumente em sua porção póstero-lateral, e consequente
exposição do núcleo pulposo. Este extravasa e comprime as estruturas nervosas próximas. A
hérnia de disco mais comum é aquela que ocorre entre L4 e L5. Nesse nível, não temos mais
medula espinal (ela acaba em L2, lembram?), mas existe uma estrutura rica em raízes nervosas
chamada cauda equina (porque as fibras juntas dão a ela um aspecto de crina de cavalo [ou
não aeuhaeueha]). A sintomatologia pode ser bastante rica, porque há fibras de diversos tipos
(motora, sensitiva, etc) e segmentos medulares .
• Enfoques sobre articulações sinoviais:
o As articulações sinoviais são ditas diartroses porque apresentam, em essência, grande liberdade de movimento, e
são ditas contíguas porque os ossos não estão unidos por um tecido sólido, e sim por um saco fibroso que os
mantêm juntos, mas não fundidos.
o Os elementos fundamentais de uma articulação sinovial são:
A cápsula articular (dividida em partes [ou cápsulas] fibrosa e sinovial):
• A parte fibrosa da cápsula articular é feita de grossas faixas de tecido conjuntivo denso
modelado – o mesmo tipo de tecido que os tendões e ligamentos – que se ancoram aos ossos
envolvidos na articulação através da fusão com o periósteo dos mesmos. O local de inserção da
cápsula, no osso, é chamado de êntese, e é o sítio de um grupo rico de doenças reumáticas: as
espondiloartropatias. A cápsula fibrosa também é ricamente irrigada e inervada. De fato, há,
nela, uma grande quantidade proprioceptores. Propriocepção é a capacidade que nós temos de
situar como cada parte de nosso corpo está configurada em relação às demais, com ou sem
estímulo visual concomitante. Ou seja: é o que nos permite saber como cada pequeno parte de
nosso corpo está localizada em relação às demais, mesmo quando estamos de olhos fechados. O
tecido fibroso das cápsulas, ocasionalmente, apresenta espessamentos que remetem,
morfologicamente, a ligamentos fundidos ao restante da cápsula: São os chamados ligamentos
capsulares. Quando um ligamento não está fisicamente aderido à capsula, mas faz parte da
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• Tendões são estruturas cilíndricas que ligam um músculo a virtualmente qualquer outra coisa; aponeuroses fazem o
mesmo que os tendões, mas têm formato laminar; ligamentos são estruturas que unem ossos a ossos ou vísceras a
vísceras (exemplo? Lig. largo do útero).
• Cada fibra (célula) muscular está envolta numa matriz de tecido conjuntivo chamada de endomísio. Um conjunto de
fibras forma, por sua vez, um feixe muscular, e este é envolto pelo perimósio. Os feixes, reunidos, dão origem ao músculo
propriamente dito, e este é envolto pelo epimísio.
• Existem alguns tipos de contração.
o Na contração tônica, os músculos estão ligeiramente contraídos, não porque ordenamos, mas sim porque todos
eles apresentam, em condições normais, um tônus passivo, que é particularmente importante nos músculos
posturais. Exceções a essa regra ocorrem durante o sono profundo, durante o coma e, evidentemente, após a
morte (rerere).
o Na contração reflexa, o músculo – suposto voluntário – contrai alheio à nossa vontade, figurando respostas a
estímulos específicos.
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• A principal divisão do sistema nervoso diz respeito a sua localidade. O dito sistema nervoso central é aquele cujo tecido
fica encerrado no interior do esqueleto axial (encéfalo e medula espinal), enquanto que o dito sistema nervoso periférico é
aquele em que o tecido fica localizado do lado de fora do esqueleto axial (nervos espinais e cranianos e seus gânglios).
Existem 31 pares de nervos espinais: 8 cervicais; 12 torácicos; 5 lombares; 5 sacrais; e 1 coccígeo. Existem 12 pares de
nervos cranianos.
o O encéfalo é dividido em três porções.
O cérebro reúne o telencéfalo, que é aquela porção mais parecida com o que o imaginário popular
concebe (cheio de circunvoluções, sulcos, etc), e o diencéfalo, mais inferior, que reúne os “álamos” da
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vida (tálamo, hipotálamo, subtálamo e epitálamo). Saber o nome de cada uma dessas porções do
cérebro não nos diz respeito, por ora, e só foram citadas por questões didáticas (ou não, muahaha).
O tronco encefálico reúne, no sentido crânio-caudal, mesencéfalo, ponte e bulbo.
O cerebelo fica localizado entre o cérebro, ântero-superiormente, e o mesencéfalo e a ponte,
anteriormente.
• Outra divisão do sistema nervoso diz respeito a sua funcionalidade. Antes de discutí-la, vamos lembrar que eferência diz
respeito à informação que segue o sentido SNC SNP, enquanto que aferência diz respeito à informação que segue o
sentido SNP SNC. Lembre, ainda, que aferência não é sinônimo de sensibilidade: sensibilidade é a aferência que
provoca em você uma sensação – seja ela localizada ou difusa –, enquanto que aferência pode provocar sensação ou não
(exemplos de aferências não sensitivas seriam aquelas trazidas, por exemplo, por quimio- e baroceptores). Portanto: toda
fibra sensitiva é aferente, mas nem toda fibra aferente é sensitiva. A partir daí, temos:
o O sistema nervoso somático diz respeito àquele da relação com o mundo externo. Sua vertente aferente
transmite impulsos via fibras que recebem informações das terminações nervosas livres, principalmente de nossa
pele, até o SNC, onde eles são interpretados e traduzidos como nosso entendimento em relação a tal estímulo.
Sua vertente eferente envia fibras a nossa musculatura esquelética.
o O sistema nervoso autônomo (SNA) diz respeito àquele da vida vegetativa. Suas fibras aferentes trazem
informações das vísceras de nosso corpo até o SNC, que, por sua vez, envia fibras para glândulas, órgãos e
músculos liso e cardíaco. De modo geral, salvando suas devidas exceções (que serão abordadas, com sua devida
pertinência, em fisiologia e neuroanatomia), temos:
O sistema nervoso simpático é uma vertente do SNA que está associada à resposta ao estresse.
Lembrem da regra de Cannon: to fight or to flight: lutar ou correr.
O sistema nervoso parassimpático é uma vertente do SNA que está associado à preservação,
relaxamento, corporal.
O sistema nervoso entérico é uma vertente peculiar do SNA em que os neurônios não guardam relação
física com o SNC. Ao invés disso, estão distribuídos ao longo do trato gastrointestinal.
• A neuróglia reúne o conjunto de células do sistema nervoso central que NÃO são neurônios. São mais numerosas do que
estes últimos (a união faz a força, hehe) e suas funções variam desde nutrição do SNC à produção de líquor e fagocitose.
Os detalhes pertinentes aos seus diferentes tipos serão estudados em neuroanatomia (de novo, hehe).
• O neurônio é um tipo de célula – dentre uma variedade de muitas outras – do sistema nervoso. No nosso curso, interessa-
nos dois tipos: os eferentes, que transmitem informações do SNC para o corpo, e que podem ser somáticos, quando tais
informações são enviadas para fibras de músculos esqueléticos, ou viscerais, quando as mesmas são levadas para
glândulas ou para fibras de músculos cardíaco ou liso; e aferentes, que transmitem informações diversas, conscientes ou
não, das diversas partes do corpo para o SNC. A diferenciação dos neurônios aferentes como viscerais ou somáticos
possui uma complexidade que não nos interessa muito, e será abordada, com sua devida pertinência, em neuroanatomia
e fisiologia (de novo, hehe [2]).
• O neurônio é divido em três porções principais: um corpo; um ou mais axônio(s); e (geralmente) bastantes dendritos.
Quando falamos em fibra nervosa, estamos nos referindo a estes dois últimos componentes. Classicamente, admite-se que
os axônios são as porções que transmitem informação do núcleo em diante (anterogradamente), enquanto que os
dendritos são as porções que recebem informações dos axônios vizinhos ou
terminações diversas (sensitivas, por exemplo) e as transmitem para o
núcleo (retrogradamente). Exceções não fazem regras e fogem aos objetivos
da apostila. O modo como o núcleo, os axônios e os dendritos do neurônio se
organizam nos permite classificá-lo em três principais tipos:
o Os neuronios multipolares são aqueles que possuem um corpo com
curtos e numerosos dendritos e um longo axônio que se projeta
para longe. Os motoneurônios são o exemplo clássico (o corpo está
no corno ventral da substância cinzenta da medula, e o axônio se
projeta até a placa motora associada).
o Os neurônios bipolares são encontrados em alguns órgãos dos
sentidos especiais (como na retina e no epitélio olfatório, por
exemplo), e possuem um único dendrito que traz informações ao
corpo do neurônio, que, por sua vez, envia um axônio, a partir do
polo oposto, para o SNC. Os interneurônios (assunto do semestre
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o Paresia diz respeito à diminuição da potência, força, de determinado músculo ou grupamento muscular.
Paralisia diz respeito à total abolição da mesma. A paralisia pode ser espástica (com hipertonia) ou flácida (sem
hipertonia), dependendo do componente do sistema nervoso que foi envolvido (central e periférico,
respectivamente). “Não entendi a lógica disso, Albertinho :/”
o Pense assim: se você lesa um nervo (sistema nervoso periférico), o músculo que seria por ele inervado deixa de
receber estímulo. Daí ele fica parado (paralisado) e flácido (afinal). Agora, se a coisa acontecer, por exemplo, na
medula espinal, o que muda? Simples: o nervo não recebe comandos (e, portanto, não pode nem transmitir
“vontades” do SNC nem muito menos ser “regulado” pelo mesmo), mas o músculo continua a receber estímulos.
Daí a estrutura que seria movimentada fica “parada” do mesmo jeito (paralisado), mas o músculo fica num
estado de constante contração (espasticidade), porque as fibras nervosas não recebem mais controle do SNC
(quando o gato não está, os ratos passeiam, hehe).
• Hipoestesia diz respeito à diminuição da sensibilidade de determinada região do corpo. Anestesia diz respeito à total
perda da mesma. Os termos hipoalgesia e analgesia são usados para, mais especifica e respectivamente, se referir às
diminuição e perda da sensibilidade dolorosa em particular.
• Parestesia diz respeito a sensações aberrantes em determinada porção do corpo, como, por exemplo – e mais comumente
– formigamentos e queimações.
• Propriocepção, como já foi dito, diz respeito à capacidade que nós temos de reconhecer como as diferentes partes do
nosso corpo estão configuradas em relação ao espaço à nossa volta. Ela pode ser consciente ou inconsciente. A primeira
está relacionada, por exemplo, ao reconhecimento que seu pé está “em cima” de seu joelho quando você está de cabeça
pra baixo, mesmo quando seus olhos estão fechados. A segunda, que não nos interessa, nesse semestre, está associada à
regulação fina das contrações musculares durante os movimentos (função que vocês, mesmo no ensino médio, já sabem
estar – juntamente com o equilíbrio – associada ao cerebelo, não é mesmo?).