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26/09/2018 · Processo Judicial Eletrônico - TRE-DF

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DISTRITO FEDERAL

REPRESENTAÇÃO (11541) - Processo nº 0602829-71.2018.6.07.0000

RELATOR(A): DIVA LUCY DE FARIA PEREIRA

REPRESENTANTE: COLIGAÇÃO BRASÍLIA DE MÃOS LIMPAS, RODRIGO SOBRAL ROLLEMBERG

Advogados do(a) REPRESENTANTE: RODRIGO DA SILVA PEDREIRA - DF029627, BARBARA DO NASCIMENTO


PERTENCE - DF56000, CAROLINA LOUZADA PETRARCA - DF16535, CASSIO THITO ALVARES DE CASTRO -
DF50568, DANIEL LOUZADA PETRARCA - DF23104, GABRIELA ROLLEMBERG DE ALENCAR - DF25157,
JANAINA ROLEMBERG FRAGA - DF52708, PEDRO IVO GONCALVES ROLLEMBERG - DF54535, RAISSA ALVES
ARAUJO - DF50947
Advogados do(a) REPRESENTANTE: RODRIGO DA SILVA PEDREIRA - DF029627, BARBARA DO NASCIMENTO
PERTENCE - DF56000, CARLA LOUZADA MARQUES CARMO - DF20422, CAROLINA LOUZADA PETRARCA -
DF16535, CASSIO THITO ALVARES DE CASTRO - DF50568, DANIEL LOUZADA PETRARCA - DF23104,
GABRIELA ROLLEMBERG DE ALENCAR - DF25157, JANAINA ROLEMBERG FRAGA - DF52708, PEDRO IVO
GONCALVES ROLLEMBERG - DF54535, RAFAEL SASSE LOBATO - DF34897, RAISSA ALVES ARAUJO -
DF50947
 

REPRESENTADO: COLIGAÇÃO JUNTOS DE VOCÊ, ELIANA MARIA PASSOS PEDROSA

Advogado do(a) REPRESENTADO:

DECISÃO

Cuida-se de Representação, com pedido de tutela de urgência e direito


de resposta, ajuizada pela COLIGAÇÃO BRASÍLIA DE MÃOS LIMPAS (PSB, PDT,
PV, REDE, PCdoB) e RODRIGO SOBRAL ROLLEMBERG em desfavor da
COLIGAÇÃO JUNTOS DE VOCÊ (PROS, PTB, PHS, PATRI, PMN, PTC, PMB) e
ELIANA MARIA PASSOS PEDROSA.

Queixam-se os Representantes de veiculação, durante o horário


eleitoral gratuito, de propaganda realizada pelos Representados e difundida no
Rádio em 17 de setembro de 2018, por meio de bloco (7h21 e 12h21), na qual
veicularam fato sabidamente inverídico a ensejar a concessão do direito de
resposta.

Sustentam que a indigitada propaganda eleitoral veiculou a


informação sabidamente inverídica de que o Governo do Distrito Federal estaria
gastando mais de R$ 23 milhões de reais em passagens aéreas e diárias, apenas no
ano de 2018. Negam tal gasto.
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Apontam que simples consulta ao sítio do Portal da Transparência do


Governo do Distrito Federal (www.transparencia.df.gov.br
(http://www.transparencia.df.gov.br/)) permite observar que o montante
empenhado com gastos referentes a passagens aéreas e diárias no ano corrente foi
de apenas R$ 11.281.463,45 (onze milhões duzentos e oitenta e um mil
quatrocentos e sessenta e três reais e quarenta e cinco centavos).

Dizem que o Portal, em cumprimento à Lei de Acesso à Informação,


garante e amplia a transparência da gestão pública, bem como promove a
participação social na fiscalização dos gastos. Entendem, por isso, que os
candidatos não podem “utilizar de dados que não sejam os oficiais, lançando
números que não condizem com a realidade. E foi o que ocorreu no presente caso.”
Descrevem cada passo na execução de tarefas que viabilizam a realização de
consulta pelo mencionado site de informações sobre como o dinheiro público é
utilizado. Ensinam o meio e modo de identificar o total empenhado em 2018 com
passagens aéreas e diárias. Citam empenho de despesas em prol da população para
arcar com “Tratamento Fora do Domicílio – TFD” e gastos com passagens e diárias
utilizados pela Secretaria de Vigilância Sanitária.

Aduzem irregular a propaganda eleitoral da segunda Representada


porque, ao contrário do que foi veiculado, o Governo do Distrito Federal não
gastou mais de R$ 23 milhões com passagens aéreas e diárias, motivo pelo qual
deve ser suspensa sua divulgação, bem como assegurado o exercício do necessário
direito de resposta para que informação verdadeira seja dada aos eleitores.

Asseveram que a peça publicitária tem a exclusiva finalidade de


ofender a honra e reputação do Governador do Distrito Federal, Rodrigo
Rollemberg, candidato da coligação Representante à reeleição, criando no
eleitorado a falsa impressão de que o atual governo não estaria utilizando de forma
eficiente os recursos públicos que tem a sua disposição.

Ressaltam que, desde o início da sua gestão, o segundo Representante


vem tomando providências para reduzir gastos públicos, inclusive com passagens
aéreas e diárias, como, por exemplo, se verifica da edição do Decreto nº
36.240/2015, que “dispõe sobre mecanismos de Governança no âmbito do
Governo do Distrito”, e que estabelece disciplina segundo a qual gastos com
passagens aéreas e diárias somente são realizados mediante autorização do Comitê
de Qualidade dos Gastos Públicos.

Alegam que a propaganda eleitoral gratuita, financiada pelo erário,


deve ter caráter programático e propositivo, dado que voltada a conferir
publicidade a propostas e programas de quem se habilite a exercer função
executiva ou legislativa para zelar pela coisa pública. Insistem na tese de que
importa o esclarecimento do eleitor quanto a questões de interesse público e que
simples ofensas ou acusações a adversários, ainda que decorrentes de reprodução
de manifestações de terceiros ou de matérias divulgadas pela imprensa, fogem ao
objetivo da lei porque em nada contribuem para divulgação de projetos de
governo.

Falam que os Representados buscam criar estados mentais e


emocionais no eleitorado, veiculando inverdades e projetos inexequíveis,
incidindo, inclusive, na prática de conduta tipificada no Código Penal (crime de
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difamação – art. 139 do CP).

Mencionam decisão proferida pelo Desembargador Souza Prudente na


Rp nº 0601678-70.2018.6.07.0000, a qual concedeu direito de resposta em face da
afirmativa de que Rodrigo Rollemberg, como Governado do Distrito Federal, “teria
deixado sem uso mais de 360 milhões de recursos federais que deveriam ter sido
aplicados na saúde”. Requerem seja adotada a conclusão do julgado paradigmático
para declarar a irregularidade da propaganda criadora de estados mentais
artificiais por veicular informação sabidamente inverídica.

Dizem que a verossimilhança das alegações que aduzem está


configurada na exibição da propaganda dita irregular. Afirmam configurado o
perigo da demora pelo risco de que o segundo Representante venha a suportar
prejuízo em sua imagem e em face do possível desequilíbrio que tais informações
podem trazer ao processo eleitoral.

Pedem a concessão, inaudita altera pars, de tutela de urgência para


suspender a divulgação da propaganda veiculada pela COLIGAÇÃO JUNTOS DE
VOCÊ (PROS, PTB, PHS, PATRI, PMN, PTC, PMB) e ELIANA MARIA PASSOS
PEDROSA no Rádio e TV, bem como em qualquer meio de comunicação. Dizem
necessária posterior intimação das emissoras de Rádio para que tomem ciência da
decisão proferida, com o que deverão se abster de divulgar o anúncio objeto da
presente Representação.

No mérito, postulam a confirmação da tutela liminar com definitiva


proibição de difusão da propaganda impugnada. Requerem, ainda, seja-lhes
reconhecido o direito de apresentar resposta, na modalidade inserção, em todas as
emissoras de Rádio, nos mesmos horários em que foi veiculada a mensagem
inverídica, por pelo menos um minuto. Pedem a devida intimação das emissoras
de Rádio responsáveis pela veiculação do programa eleitoral gratuito.

É o relatório.

Decido.

Os autos me foram distribuídos por prevenção tendo em vista


distribuição anterior da Representação nº 0602826-19.2018.6.07.0000.

Existe prevenção como bem afirmam os Representantes e a causa está


na narrativa posta na Rp. nº 0602826-19, que tem configuração fática semelhante
à posta nos presentes autos. Quanto ao elemento de diferenciação entre uma e
outra demanda, identifico-o apenas nas datas, horários e veículos de divulgação da
propaganda dita irregular.

Vale registrar que a primeira demanda é relativa à veiculação havida


"durante o horário eleitoral gratuito, de propaganda realizada pelos Representados
e difundida na televisão em 17 de setembro de 2018, no primeiro bloco (13h21), por
meio da qual veicularam fato sabidamente inverídico a ensejar a concessão do
direito de resposta." A mensagem dita inverídica é a que encerra afirmativa de que
"o Governo do Distrito Federal estaria gastando mais de R$ 23 milhões de reais em
passagens aéreas e diárias, apenas no ano de 2018". Já o presente feito

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consubstancia lide relativa a propaganda realizada com idêntico conteúdo "durante


o horário eleitoral gratuito (...) e difundida no rádio em 17 de setembro de 2018,
por meio de bloco".

Quanto aos fundamentos jurídicos adotados para amparar o pedido de


antecipação de tutela - suspensão da propaganda - e a pretensão principal -
retirada definitiva e direito de resposta, formulados em ambos os feitos, vejo que
nenhuma diferença há.

Dito isso, passo a examinar a demanda consubstanciada nos presentes


autos, o que faço consignado logo de início, após sucinta análise comparativa das
demandas propostas, que apenas na reiteratividade da conduta supostamente
caracterizadora de ilícito eleitoral está o elemento de diferenciação entre a
presente Representação e a anteriormente proposta.

A situação processual assim constituída leva-me, mais uma vez, a


apreciar a verossimilhança da alegação inicial no ponto em que assevera constituir
fato sabidamente inverídico a mensagem repetidamente divulgada pelos
Representados.

Vejamos.

A tutela de urgência cautelar postulada pelos Representantes encontra


fundamento na aparência do bom direito e tem como objetivo combater o perigo
de dano a que possam estar sujeitos pelo tempo de duração do processo.

Mister, portanto, novamente efetivar exame perfunctório para avaliar


o conjunto das provas trazido aos autos junto à peça vestibular ao fim de constatar
se as provas carreadas pelos Representantes a eles confere, ou não, situação
jurídica substancial reveladora da existência de direito subjetivo reconhecível
prima facie.

Ora, conquanto renovado o argumento de que é manifestamente


inverídica a mensagem divulgada no horário eleitoral gratuito pelos
Representados, uma vez que não teriam sido efetivadas despesas com passagens
aéreas e diárias, no ano de 2018, em quantia superior a 23 milhões de reais, não
cuidaram os Representantes de atentar ao indispensável ônus probatório que lhes
cabe. Nenhum elemento de convicção trouxeram a reforçar o conjunto probatório
produzido na demanda anterior e agora reproduzido. Acréscimo houve apenas
para demonstrar a ocorrência de continuada divulgação da mensagem atacada.

Descuidaram os Representantes de trazer a conhecimento do Juízo


novos elementos de convicção. Deixaram de apresentar outras provas. Descuraram
do dever de reunir o que permitisse ao Magistrado avaliar sob novo enfoque a
matéria já examinada em sede de antecipação de tutela nos autos da
Representação nº 0602826-19.2018.6.07.0000.

Originalidade não há nas considerações apresentadas quanto aos


dados disponibilizados por meio da internet no Portal da Transparência do Distrito
Federal, informe segundo o qual foi de apenas R$ 11.281.463,45 (onze milhões
duzentos e oitenta e um mil quatrocentos e sessenta e três reais e quarenta e cinco

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centavos) o valor empenhado com gastos referentes a passagens aéreas e diárias.


Diferença alguma existe nas consistentes explicações acerca da metodologia a ser
utilizada para verificação da mencionada quantia.

Assim sendo, por imperativo de coerência lógica, outro caminho não


há senão reafirmar os fundamentos lançados em decisão que anteriormente
proferi.

É fato amplamente reconhecido que o site Portal da Transparência


do Distrito Federal, de livre acesso ao público em geral, foi criado e instituído
para permitir ao cidadão/eleitor encontrar com clareza e simplicidade informações
sobre como o dinheiro público é utilizado. Trata-se, portanto, de meio
indispensável aos governados para fiscalizar a gestão do governo que deve ser do
povo, e não para o povo. Como importante instrumento de controle social, deve
fundamentalmente atender à obrigação de transparência, o que se verifica, entre
outras formas, pelo modo de apresentação dos dados e pelos mecanismos de busca
adotados.

Sendo certo que o acesso às informações disponibilizadas a


conhecimento público constituirá mera falácia se inadequada a plataforma
utilizada ao fim de assegurar a fiscalização da correta aplicação de recursos
públicos, cuidou esta Relatoria de realizar pesquisa na fonte indicada pelos
Representantes - o Portal da Transparência (www.transparencia.df.gov.br
(http://www.transparencia.df.gov.br/)) - de modo a aferir a clareza e eficiência
com que dados de execução orçamentária são ali divulgados. Constatei então em
Despesa – Diárias, Passagens e Despesas com Locomoção 2018 – o empenho de
R$ 24.668.083.58.

A perplexidade quanto à substancial divergência de valores veio a final


esclarecida, não sem antes observar com atenção e disciplina o conjunto de
instruções estabelecidas em tutorial devidamente esmiuçado pelos Representantes.
Ao fim e ao cabo, tendo minudentemente navegado pelas páginas do Portal, entre
um emaranhado de categorias e subcategorias, elementos e subelmentos, foi
possível desvendar a natureza e valor de cada uma das despesas efetivadas.

O custoso caminho seguido, data maxima venia, configura expressão


eloquente da abstrusa vereda traçada para conhecimento e identificação dos gastos
de fato realizados pelo atual Governo, o que, por si só, afasta a tese de que estamos
a tratar de fato claro, simples e acessível ao conhecimento de todos.

Falta ao ambiente virtual a necessária singeleza e facilidade de


utilização para permitir alcançar com essencial clareza e transparência a
informação buscada relativamente a gastos efetivados com recursos públicos.
Logo, a falta de confiabilidade na interpretação dos dados informativos ali colhidos
se deve ao modo de construção do instrumento, não ao intérprete a quem falta
condições de apreender a intricada estrutura informativa do Portal da
Transparência do Distrito Federal.

De consequência, em exame preliminar da matéria, não identifico o


que possa caracterizar ilicitude pela divulgação de fatos sabidamente inverídicos,
porque não são de fácil e pronta compreensão os dados indicativos dos gastos
realizados pelo atual Governo, no ano de 2018, com passagens aéreas e diárias.
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Enfim, não havendo provas com aptidão para conferir verossimilhança


à narrativa inicial, indefiro a tutela de urgência postulada.

Citem-se os Representados para apresentar resposta, no prazo de 1


(um) dia (art. 58, § 2, Lei nº 9.504/1997; art. 8º, caput, Resolução TSE nº
23.547/2017).

Após, intime-se pessoalmente o d. representante do Ministério Público


Eleitoral (art. 12, Resolução TSE nº 23.547/2017).

Brasília-DF, 26 de setembro de 2018.

Desembargador(a) Eleitoral DIVA LUCY DE FARIA PEREIRA


Relator(a)

Assinado eletronicamente por: DIVA LUCY DE FARIA PEREIRA


26/09/2018 09:16:49
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web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
ID do documento: 83134

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