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NOVO TESTE PARA DIAGNÓSTICO DAS AFASIAS

JOSÉ G. ALBERNAZ *

W A R D C. HALSTEAD * *

A f a s i a é uma p e r t u r b a ç ã o da linguagem resultante de lesão ou disfun-


1
ção c e r e b r a l . Desde o t r a b a l h o o r i g i n a l de B r o c a em 1 8 6 1 , muito se tem
escrito a respeito da localização das lesões c e r e b r a i s responsáveis p e l o apa-
recimento das diferentes f o r m a s de a f a s i a . Não queremos e n t r a r nos deta-
lhes das v á r i a s doutrinas surgidas e polêmicas t r a v a d a s sobre este assunto
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d u r a n t e os ú l t i m o s 9 0 anos (Broca . Jackson , Wernicke , Pick , Pierre
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M a r i e , Goldstein , Head , W e i n s e n b u r g e M c B r i d e , Nielsen e outros).
Basta f r i s a r que j á não se discute a v e r a c i d a d e da localização, no c é r e b r o
do a d u l t o , dos centros da linguagem no hemisfério dominante (geralmente
o esquerdo) e j á se aceita como certa a existência de centros residuais da
linguagem, colocados possivelmente no h e m i s f é r i o não dominante, os quais
p o d e r ã o ser treinados p a r a substituírem as funções p e r d i d a s devido a lesões
destrutivas nas áreas o r i g i n a i s da linguagem. Daí a i m p o r t â n c i a de serem
os afásicos estudados p o r métodos de e x a m e a p r o p r i a d o s , com o fim de
d e t e r m i n a r as funções mais a f e t a d a s e que estejam a e x i g i r m a i o r atenção
por p a r t e do t e r a p e u t a .

No presente artigo descreve-se novo teste p a r a diagnóstico das diferen-


tes m o d a l i d a d e s de a f a s i a em pacientes de Jíngua portuguesa. O teste em
questão, que se baseia no teste descrito o r i g i n a l m e n t e p a r a a l í n g u a inglesa
4
por Halstead e W e p m a n , p r o p o r c i o n a ao clínico uma idéia imediata dos
tipos de a f a s i a , f a c i l i t a o p l a n e j a m e n t o de um p r o g r a m a terapêutico ade-
q u a d o p a r a cada caso i n d i v i d u a l e a j u d a a a n a l i s a r os progressos do tra-
tamento.

CLASSIFICAÇÃO DAS AFASIAS

4
Usamos a classificação proposta por Halstead e Wepman , a qual
se mostra muito conveniente para o estabelecimento do plano terapêutico

* Do I n s t i t u t o R a u l S o a r e s ( B e l o H o r i z o n t e ) ; d i p l o m a d o pelo A m e r i c a n B o a r d
of N e u r o l o g i c a l S u r g e r y ; b o l s i s t a d a " W . K. K e l l o g g F o u n d a t i o n " , n o D e p a r t a -
mento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade de Illinois ( C h i c a g o ) .
** P r o f e s s o r d e P s i c o l o g i a E x p e r i m e n t a l e D i r e t o r d e P s i c o l o g i a M é d i c a , D e -
p a r t a m e n t o de Medicina, U n i v e r s i d a d e de Illinois (Chicago, U . S . A . ) .
a p r o p r i a d o p a r a cada caso. Estes a u t o r e s dividem os distúrbios afásicos em
q u a t r o c a t e g o r i a s diagnosticas principais : ] ) Afasia global, em que a ca-
pacidade de comunicação d i r e t a está inteiramente d e s t r u í d a ; 2) Afasia ex-
pressivo-receptiva, em que a e x p r e s s ã o e a compreensão da l i n g u a g e m es-
tão seriamente perturbadas; 3) Afasia receptiva,, em que a maior parte
da d i f i c u l d a d e está na c o m p r e e n s ã o da linguagem: 4) Afasia expressiva,
c a r a c t e r i z a d a p e l a p e r d a completa da e x p r e s s ã o da p a l a v r a , exceto p o r al-
gumas interjeições ou m a l d i ç õ e s .

A c r e d i t a m o s que cada um dos q u a t r o g r u p o s citados exige um plano


terapêutico diferente.

A s a f a s i a s se r e l a c i o n a m i n t i m a m e n t e c o m - a s agnosias e a p r a x i a s (dis-
túrbios focais da l i n g u a g e m ) e com os altos processos mentais (que são di-
fusamente i n t e g r a d o s ) . Estas relações estão r e p r e s e n t a d a s esquemáticamente
na f i g u r a 1.

MÉTODO DE EXAME

No começo da segunda g u e r r a m u n d i a l , Halstead introduziu uni teste


p a r a diagnóstico das a f a s i a s , consistente em um q u a d r o contendo um disco
com os estímulos impressos. Rodando-se o disco, os estímulos poderiam
ser m o s t r a d o s sucessivamente ao paciente, a t r a v é s de uma pequena janela
no quadro. Para facilitar o t r a b a l h o do examinador, uma outra janela,
colocada nas costas do q u a d r o , m o s t r a v a as questões r e l a c i o n a d a s com o es-
tímulo presente na j a n e l a a n t e r i o r (fig. 2). Além disso, um f o r m u l á r i o
foi p r e p a r a d o com o fim de a n o t a r sistematicamente as respostas e facili-
tar a i n t e r p r e t a ç ã o dos r e s u l t a d o s . 0 teste de Halstead, mais t a r d e amplia-
4
do p o r Halstead e W e p m a n , teve g r a n d e aceitação nos Estados l'nidos,
tendo sido adotado oficialmente pelo Exército daquele país em 1 9 4 5 como
p a r t e do exame de r o t i n a de afásicos e e m p r e g a d o em l a r g a escala no pro-
1 1
g r a m a de r e a b i l i t a ç ã o dos afásicos v e t e r a n o s de g u e r r a .

0 presente teste se baseia no teste descrito em 1 9 4 9 p o r Halstead e


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Wepman . Consiste em 2 7 r e t â n g u l o s com desenhos, letras, palavras, al-
garismos ou sentenças curtas, os quais se m o s t r a m ao paciente em ordem
pré-estabelecida, de m a n e i r a a passar-se r a p i d a m e n t e do mais simples ao
mais c o m p l i c a d o , mantendo em nível satisfatório a atenção e o interesse do
paciente. Cada um dos 2 7 r e t â n g u l o s fornece m a t e r i a l p a r a u m a ou mais
questões; com a adição de umas poucas questões v e r b a i s , obtém-se um total
de 5 1 respostas, as quais cobrem de m a n e i r a completa e sistematizada os
diferentes distúrbios da linguagem.

A f i g u r a o mostra as 2 7 r e t â n g u l o s usados, assim como a r e l a ç ã o de


cada um às 5 1 questões f o r m u l a d a s ( n ú m e r o s 1 a 5 1 colocados à esquer-
da de cada r e t â n g u l o ) . Cada um dos r e t â n g u l o s é apresentado sucessiva-
mente ao paciente e o e x a m i n a d o r lhe p e d e p a r a c o p i a r , e s c r e v e r , s o l e t r a r ,
etc., segundo as instruções p r ó p r i a s p a r a cada f i g u r a .

A m a n e i r a mais conveniente de u s a r o teste consiste em m o n t a r os 2 7


retângulos em um disco, o qual se coloca dentro do q u a d r o , c o n f o r m e se
vê na f i g u r a 2 . P a r a que cada um dos r e t â n g u l o s a p a r e ç a sucessivamente
na j a n e l a do q u a d r o , deve h a v e r g r a n d e precisão na montagem desse a r r a n -
jo. P a r a f a c i l i t a r , sugerimos o u t r a m a n e i r a de a p l i c a r o teste: uma cole-
ção de 2 7 cartões, nos quais se colocam, de um l a d o , cada um dos retân-
gulos: e do l a d o oposto, p a r a benefício do e x a m i n a d o r , as questões rela-
cionadas com o estímulo apresentado, conforme se v ê na f i g u r a 4.

E' de toda conveniência o uso de u m f o r m u l á r i o estandardizado para


o registro das respostas, de m o d o a proporcionar um relatório permanente
p a r a o f i c h á r i o do paciente e u m a fonte de r e f e r ê n c i a nos casos em que se
r e p e t i r o teste depois de um p e r í o d o de t r a t a m e n t o . Uma cópia do f o r m u -
l á r i o p o r nós usado se apresenta no q u a d r o 1 . P a r a r e s u m i r os resultados
do teste e obter uma indicação t e r a p ê u t i c a , usamos o quadro diagnóstico e
perfil (quadro 2 ) .

INSTRUÇÕES PARA O USO DO TESTE

0 paciente, provido de lápis e papel, deve estar sentado confortàvel-


mente à direita ou em f r e n t e do e x a m i n a d o r . P r e p a r a - s e o e s p í r i t o do pa-
ciente mostrando-lhe o quadro-disco (ou os cartões) com os estímulos e
explicando em detalhe o que êle deverá fazer.

A s p a l a v r a s que f o r a m i m p r e s s a s em negrito no f o r m u l á r i o se r e f e r e m
a estímulos que não se a p r e s e n t a m nos retângulos; são itens que se a p r e -
sentam v e r b a l m e n t e ou p o r tacto. P a r a r e l e m b r a r esse f a t o ao examinador
d u r a n t e o teste, convencionamos escrevê-los em l e t r a s de f ô r m a (o que está
impresso em g r i f o nas linhas seguintes) nas costas do disco ou dos cartões.

Item 1 ( E s t í m u l o — q u a d r a d o ) . M o s t r e ao p a c i e n t e a p r i m e i r a f i g u r a e diga:
Co fie isto. S e o paciente n ã o obedece, r e p i t a a s instruções, dizendo: Faca um
desenho assim. A o mesmo t e m p o , a p o n t e p a r a o q u a d r a d o ou mesmo passe o
d e d o nos l a d o s do mesmo. O b t i d a ou n ã o u m a r e s p o s t a depois de i n s t r u ç õ e s v a -
r i a d a s , r e g i s t r e o r e s u l t a d o no f o r m u l á r i o e p a s s e p a r a a q u e s t ã o seguinte.
Item 2 ( E s t í m u l o — q u a d r a d o ) . D i g a ao p a c i e n t e : Dê-me o nome disto! ou en-
t ã o : Como se chama isto? Não diga ao p a c i e n t e o nome do o b j e t o ; se êle n ã o
souber r e s p o n d e r , p a s s e p a r a o item seguinte.
Item 3 (Estímulo — quadrado). Mesmo que o paciente não tenha podido dizer
o nome do objeto, pergunte: Você pode soletrar o nome disto? Se o paciente
der a e n t e n d e r que êle g o s t a r i a de e s c r e v e r o nome do objeto, deve-se permitir
que êle o f a ç a , m a s n ã o se d e v e s u g e r í - l o ao p a c i e n t e .
Item 4 (Estímulo — cruz). Mesmas i n s t r u ç õ e s do item 1.
Item 5 (Estímulo — cruz). Mesmas i n s t r u ç õ e s do item 2.
Item 6 (Estímulo -— c r u z ) . Mesmas instruções do item 3.
Item 7 (Estímulo — triângulo). Mesmas i n s t r u ç õ e s do item 1.
Item 8 (Estímulo — triângulo). Mesmas i n s t r u ç õ e s do item 2.
Item 9 (Estímulo — triângulo). Peça ao paciente p a r a e s c r e v e r o nome do ob-
jeto. S e êle n ã o e n t e n d e r , e x p l i q u e u s a n d o gestos, mas não escreva p a r a êle.
Item 10 (Estímulo — gato). Diga: Que é isto? ou então: Você sabe o nome
disto aqui?

Item 1 1 ( E s t í m u l o — m e s a ) . D i g a : Escreva o nome disto. S e o p a c i e n t e não


conseguir escrever mas fale o nome do o b j e t o , a n o t e a m a n e i r a como se o b t e v e
a resposta.
Item 12 (Estímulo — garfo). Mesmas instruções do item 10.
Item 13 (Estímulo — 7 DEZ 5). Diga: Leia isto em voz alta,. Se o paciente
não compreende, aponte p a r a o p r i m e i r o n ú m e r o , p e r g u n t a n d o o que é, e em se-
g u i d a p a r a os demais, m a s sem u s a r a p a l a v r a "número".
Item 14 (Estímulo — M G II). Mesmas i n s t r u ç õ e s do item 1 3 .
Item 15 ( E s t í m u l o — p r i m e i r a sentença p a r a l e i t u r a ) . D i g a : Leia isto em voz
alta. P r e s t e a t e n ç ã o n a m a n e i r a pela q u a l o p a c i e n t e lê, isto é, se l e t r a p o r l e -
t r a , se p a l a v r a p o r p a l a v r a , se êle t r o c a a posição de l e t r a s ou p a l a v r a s , etc. S e
o p a c i e n t e n ã o c o n s e g u i r 1er essa p r i m e i r a sentença, s a l t e os dois itens seguintes.
Item 16 (Estímulo — segunda sentença para leitura). Mesmas instruções do
item 1 5 .
Item 17 (Estímulo — terceira sentença para leitura). Mesmas instruções do
item 1 5 .
I t e m 1 8 ( E s t í m u l o — d i r e ç õ e s i m p r e s s a s p a r a o item seguinte, em d i s c r i m i n a ç ã o
d e t a m a n h o s ) . D i g a : Leia isto em voz alta e guarde na memória. A s s i m que S 3
o b t i v e r u m a r e s p o s t a , p a s s e i m e d i a t a m e n t e p a r a o item seguinte.
I t e m 1 9 ( E s t í m u l o — t r ê s c í r c u l o s ) . D i g a : Mostre! S e o p a c i e n t e p a r e c e r con-
f u s o , v o l t e à q u e s t ã o a n t e r i o r e n o v a m e n t e à q u e s t ã o p r e s e n t e . S e mesmo assim
n ã o se c o n s e g u i r u m a r e s p o s t a , d i g a : Qual é o circulo maior? Obtendo resposta
c o r r e t a , p e r g u n t e qual é o c í r c u l o m e n o r e a n o t e m - s e as r e s p o s t a s assim como a
m a n e i r a como f o r a m o b t i d a s .
I t e m 2 0 ( E s t í m u l o — u m a m ú s i c a comum c a n t a r o l a d a ou a s s o v i a d a ) . P o n h a o
q u a d r o - d i s c o (ou os c a r t õ e s ) de l a d o . A s s o v i e ou c a n t a r o l e o H i n o N a c i o n a l ou
o u t r a m ú s i c a bem conhecida. P e r g u n t e ao p a c i e n t e : Que estou fazendo?
I t e m 2 1 ( E s t í m u l o — o mesmo do item a n t e r i o r ) . T e n d o o p a c i e n t e r e s p o n d i d o
c o r r e t a m e n t e a o item 2 0 , p e r g u n t e : Que é que assoviei? ou e n t ã o : Que cantarolei?
T e n t e o b t e r o nome d a música ou c a n ç ã o t e m m e n c i o n a r e s t a s p a l a v r a s a n t e s que
o p a c i e n t e as use.
I t e m 2 2 ( E s t í m u l o — t r i â n g u l o v e r m e l h o ) . D i g a : Descreva isto para mim, Se o
p a c i e n t e r e s p o n d e r dizendo a p e n a s que é um t r i â n g u l o , a c r e s c e n t e : Que mais você
pode dizer-me a respeito disto? S e mesmo assim n ã o se conseguir u m a r e s p o s t a
de d i s c r i m i n a ç ã o de cores, p e r g u n t e d i r e t a m e n t e : Qual a cor deste triângulo? Se
necessário p e r g u n t e : E' azul? é verde? ou vermelho? S e mesmo assim n ã o se
conseguir u m a r e s p o s t a , use o u t r o s m é t o d o s que lhe p a r e ç a m convenientes p a r a de-
m o n s t r a r a c a p a c i d a d e do p a c i e n t e r e c o n h e c e r c o r e s , como, p o r e x e m p l o , dizer se
a c o r em q u e s t ã o é a m e s m a ou d i f e r e n t e d a c ô r de a l g u n s o b j e t o s p r e s e n t e s na
sala.

Item 23 (Estímulo — estrela azul). Mesmas instruções do item 22.


Item 24 (Estímulo — triângulo amarelo). Mesmas instruções do item 22.
I t e m 2 5 ( E s t í m u l o — reconhecimento de m o e d a ) . D i g a : Feche os olhos e deixe-
lhe ver a palma de sua mão. F e i t o isto, p o n h a u m a m o e d a q u a l q u e r na m ã o do
p a c i e n t e e d i g a : Sem abrir os olhos diga-me o que é que pus na sua
y mão.
I t e m 2 6 ( E s t í m u l o — reconhecimento de lápis). Mesmas instruções do item an-
t e r i o r , u s a n d o - s e um l á p i s .
I t e m 2 7 ( E s t í m u l o — a p a l a v r a " Q u a d r a d o " ) . D i g a : Escreva esta palavra. O
p a c i e n t e d e v e r á e s c r e v e r a p a l a v r a n a sua p r ó p r i a c a l i g r a f i a , m a s n ã o d e v e f a z e r
u m a m e r a cópia l e t r a p o r l e t r a .
Item 28 (Estímulo — a palavra "Cruz"). Diga: Leia esta palavra; em seguida
f a l e : Repita esta palavra, em voz alta... e acrescente: Cruz.
Item 29 (Estímulo — a palavra "Cruz"). Diga: Escreva, esta palavra.
Item 3 0 (Estímulo — a palavra "Triângulo"). Ponha o quadro-disco (ou os car-
tões) de l a d o e d i g a : Repita esta palavra em voz alta... triângulo.
Item 31 (Estímulo — a palavra "Sete"). Mesmas i n s t r u ç õ e s do item 2 8 .
Item 32 (Estímulo — a palavra "Sete"). Mesmas instruções do item 2 9 .
Item 33 (Estímulo — a palavra "Pindamonhangaba"). Ponha o quadro-disco (ou
os cartões) de l a d o e d i g a : Repita esta palavra... Pindamonhangaba. Anote em
detalhe a resposta o b t i d a , m o s t r a n d o os erros fonéticos ou de articulação.
Item 34 (Estímulo — a expressão "Meteorologista de Araraquara"). Mesmas ins-
truções do item 33.
Item 3 5 ( E s t í m u l o — cálculo 85 — 2 7 ) . D i g a ao p a c i e n t e : Você pode escrever o
resultado desta conta? N e s t e p o n t o e s t a m o s i n t e r e s s a d o s na c a p a c i d a d e de cálculo
a p e n a s . S e n d o assim, e s c r e v a o p r o b l e m a p a r a o p a c i e n t e , se necessário.
Item 3 6 ( E s t í m u l o — cálculo o r a l 1 7 x 3 ) . Diga: Tente fazer esta conta de cabeça:
Quanto é dezessete vezes três? Se o paciente não acertar, deve-se permitir que
êle e s c r e v a os f a t o r e s , ou o e x a m i n a d o r p o d e escrevê-los para êle.
Item 37 (Estímulo — cálculo o r a l 4 2 - = - 6 ) . Mesmas instruções do item 36.
Itens 38 e 39 (Estímulo — p r i m e i r a sentença p a r a l e i t u r a em voz b a i x a ) . Mostre
o estímulo a o p a c i e n t e e d i g a : Leia em voz baixa e mostre-me a resposta correta.
Se o paciente p a r e c e r confuso, mostre-lhe as q u a t r o possibilidades pacientemente.
Itens 40 e 41 (Estímulo — s e g u n d a sentença p a r a l e i t u r a em voz b a i x a ) . Mesmas
instruções dos i t e n s 38 e 39.
Item 42 (Estímulo — paisagem). Diga: Explique este desenho ou Diga o mais
que você puder a respeito deste desenho.
I t e m 43 ( E s t í m u l o — c h a v e ) . D i g a : Explique que é isto. S e a r e s p o s t a se li-
m i t a r a d a r o nome do o b j e t o , a c r e s c e n t e : Para que serve? ou e n t ã o : Que você'
pode fazer com isto?
Item 44 (Estímulo -— c h a v e ) . Diga: Desenhe isto.
Item 45 (Estímulo — a p a l a v r a "Bola"). D i g a : Explique esta palavra para mim.
S e n e c e s s á r i o , a c r e s c e n t e : Para que serve uma bola?
Item 46 (Estímulo — a palavra "Selo"). Mesmas instruções do item 4 5 .
Item 4 7 ( E s t í m u l o —- r e p e t i r u m a s e n t e n ç a ) . P o n h a o q u a d r o - d i s c o (ou os c a r -
tões) de lado e d i g a : Repita esta frase em voz alta — Êle pediu socorro. Obtida
a r e s p o s t a , p e r g u n t e : Que é que significa?
Item 4 8 ( E s t í m u l o — a mesma sentença a n t e r i o r ) . D i g a : Escreva esta frase - —
Êle pediu socorro. R e p i t a se necessário. S e o p a c i e n t e p u d e r e s c r e v e r a p e n a s
u m a p a l a v r a de cada vez, a n o t e esse f a t o .
I t e n s 49 e 5 0 ( E s t í m u l o — sentença e s c r i t a ) . M o s t r e a o p a c i e n t e o estímulo e
d i g a : Leia isto em voz alta e faça o que aí está escrito. Se o paciente não puder
1er a f r a s e , leia p a r a êle e a c r e s c e n t e : Vamos! Ponha a sua mão esquerda no ou-
vido direito! A n o t e a m ã o u s a d a e a m a n e i r a com que o p a c i e n t e executa o m o -
vimento.
Item 5 1 ( E s t í m u l o — comando o r a l ) . D i g a : Agora ponha sua mão esquerda no
•seu cotovelo esquerdo. A questão pode ser r e p e t i d a . A n o t e os d i f e r e n t e s movi-
mentos que o p a c i e n t e t e n t a r ; a n o t e t a m b é m se o p a c i e n t e considera isto i;ma
questão humorística.

Depois de t e r m i n a d o o teste, é conveniente r e p e t i r os itens que, por


qualquer razão, tenham deixado dúvidas ao examinador, particularmente
quando as respostas forem inconstantes; por exemplo, se o paciente acer-
tar a c ô r no item 2 2 , e r r a r no item 2 3 e a c e r t a r o u t r a vez no item 2 4 , êle
p r o v a v e l m e n t e não tem agnosia visual para cores, e, muito provavelmente,
acertará a côr do item 2 3 , se se lhe repetir a questão mais tarde. Tal
fato é comum em doentes com lesões o r g â n i c a s que apresentem dificuldade
€ m concentração e atenção. A s respostas que mostrem o f e n ô m e n o de per-
s e r v e r a ç ã o também devem ser cuidadosamente anotadas. Em casos de di-
sartria, é importante o b s e r v a r se a d i s a r t r i a é v e r d a d e i r a ou o resultado
de lesão periférica do nervo facial. Finalmente, além da avaliação de
cada resposta em separado, deve-se avaliar a " p e r f o r m a n c e " total do pa-
ciente.

USO DO QUADRO DIAGNÓSTICO E PERFIL

0 q u a d r o diagnóstico e perfil (quadro 2 ) apresenta as várias agno-


s i a s e a p r a x i a s r e l a c i o n a d a s com o p r o b l e m a da a f a s i a .

O p e r f i l está d i v i d i d o em 5 categorias p r i n c i p a i s , a s a b e r : I, agnosias;


II, apraxias; III, arvomia; I V , disartria; V, parafasia.

Para facilitar o trabalho de computação, cada uma das agnosias e


apraxias recebeu uma letra c ó d i g o ; assim, Ia e n g l o b a as agnosias visuais
para forma; lib inclui as a p r a x i a s v e r b a i s e, assim por diante, como se
vê em detalhe no quadro 2. A categoria III se reservou para Anomia,
a qual se e n c o n t r a freqüentemente tanto nos casos de a f a s i a e x p r e s s i v a co-
mo nos de afasia receptiva. A categoria IV resume o fenômeno da Di-
sartria, quando r e s u l t a n t e de distúrbios corticais inespecíficos e generaliza-
dos. A categoria V , r e s e r v a d a p a r a Parafasia, inclui paragr.amatismo (que
g e r a l m e n t e a p a r e c e em casos de a f a s i a r e c e p t i v a ) e agramatismo (que ge-
r a l m e n t e se associa com afasia expressiva).
À direita das categorias, no p e r f i l , estão catalogados os números dos
itens r e l a c i o n a d o s com cada um dos distúrbios em estudo. À medida que
se a p l i c a o teste, marcam-se na coluna-código do f o r m u l á r i o as respostas
de valor diagnóstico. A v a l i a d a s as respostas, transferem-se os resultados
marcados no código do formulário para o quadro diagnóstico e perfil.
Desta m a n e i r a obter-se-á o diagnóstico diferencial dos tipos de a f a s i a pre-
sentes, uma vez que o p e r f i l , depois de completo, mostrará imediatamente
as á r e a s em que o paciente tem maiores dificuldades com a linguagem,
assim como as á r e a s em que o defeito é mínimo ou ausente. Essas são
as i n f o r m a ç õ e s de que se precisa p a r a o p l a n e j a m e n t o de um plano tera-
pêutico adequado, o que, a l i á s , está fora da a l ç a d a do presente t r a b a l h o .
O t r a t a m e n t o dos distúrbios afásicos é explicado em detalhe no livro de
1 2
Wepman .

FINALIDADES DO TESTE

Diagnóstico preliminar — E' de suma i m p o r t â n c i a , sob os pontos de


vista de prognóstico e t r a t a m e n t o , que se obtenha i n f o r m a ç ã o precisa sobre
o grau da d i f i c u l d a d e presente nos casos de a f a s i a . Esta i n f o r m a ç ã o , por
ó b v i a s razões, não se p o d e obter diretamente do paciente, cabendo ao exa-
minador a tarefa de obtê-la p o r todos os meios ao seu alcance. Achamos
que o presente teste s i m p l i f i c a este aspecto da questão.

Planejamento de um programa terapêutico adequado — 0 teste de-


m o n s t r a a presença de a l g u n s tipos de agnosias ou a p r a x i a s que permane-
ceriam despercebidos sem o emprego de um método sistemático de inves-
tigação. Além disso, o p e r f i l m o s t r a c l a r a m e n t e q u a i s as m o d a l i d a d e s de
comunicação que estão suficientemente intactas p a r a s e r v i r e m como portas
de e n t r a d a s p a r a os n o v o s ensinamentos.

Avaliação dos progressos da reeducação da linguagem — A repetição


do teste de tempos em tempos permite comparação com os resultados ob-
tidos no exame anterior, fornecendo um índice seguro dos progressos do
tratamento; além disso, a repetição do teste s u g e r i r á freqüentemente modi-
ficações no p l a n o de t r a t a m e n t o , q u a n d o estas se fizerem necessárias.

SUMÁRIO

Um novo teste p a r a d i a g n ó s t i c o e c o n t r ô l e do t r a t a m e n t o das diferen-


tes f o r m a s de afasia, especialmente adaptado para a língua portuguêsa, é
apresentado e descrito em detalhe. O teste, q u e s e r á de v a l o r p a r a clíni-
cos e p s i c ó l o g o s interessados no t r a t a m e n t o e r e a b i l i t a ç ã o de p a c i e n t e s afá-
sicos, se e x e c u t a e m c ê r c a de 30 minutos, interpreta-se fàcilmente e for-
nece os elementos necessários p a r a o planejamento da reeducação da lin-
guagem. A l é m disso, a r e p e t i ç ã o do teste de t e m p o s em tempos indicará
o s p r o g r e s s o s d o p a c i e n t e e s u g e r i r á m o d i f i c a ç õ e s do plano de tratamento
no momento oportuno.

SUMMARY

A n e w test f o r d i a g n o s i s a n d c o n t r o l of t r e a t m e n t of t h e d i f f e r e n t t y p e s
of aphasia, specially adapted for the Portuguese language, is presented
and described in detail. The test, w h i c h w i l l be useful to clinicians and
psychologists i n t e r e s t e d in the treatment and r e h a b i l i t a t i o n of aphasic pa-
tients, r e q u i r e s about 3 0 m i n u t e s to administer, is quickly interpreted and
furnishes the necessary elements for planning the speech reeducation. Be­
sides, the test may be repeated from time to t i m e to check on the progress
attained and to s u g g e s t c h a n g e s of the program of treatment.

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