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ENSAIO ESSAY 1371

Suplementos vitamínicos e/ou minerais:


regulamentação, consumo e implicações à saúde

Vitamin and mineral supplements:


regulation, consumption, and health implications

Suplementos de vitaminas y/o minerales:


normativas, consumo e implicaciones en la salud

Lucile Tiemi Abe-Matsumoto 1,2

Geni Rodrigues Sampaio 2


Deborah H. M. Bastos 2

Abstract Resumo

1 Núcleo de Química, Física


Micronutrient supplementation to reduce nutri- Em decorrência das mudanças no padrão alimen-
e Sensorial do Centro de
Alimentos, Instituto Adolfo
tional deficiencies has grown in recent years due tar da população, a suplementação da dieta com
Lutz, São Paulo, Brasil. to changes in the population’s dietary patterns. micronutrientes é prática comum. A preocupação
2 Faculdade de Saúde
Widespread preoccupation with health, ease in com a saúde e a facilidade de comercialização dos
Pública, Universidade de
São Paulo, São Paulo, Brasil. marketing vitamin and mineral supplements, suplementos vitamínicos e/ou minerais, aliadas
and strong advertising appeal have encour- ao forte apelo publicitário, têm estimulado a po-
Correspondência
aged increasing consumption of these products, pulação ao consumo indiscriminado desses pro-
D. H. M. Bastos
Departamento de Nutrição, thereby posing health risks. The current study dutos, o que pode acarretar riscos à saúde. Este
Faculdade de Saúde Pública, addresses legislation, consumption, and health trabalho teve como objetivo avaliar a legislação
Universidade de São Paulo.
risks related to vitamin and mineral supple- relativa ao cenário do consumo e segurança do
Av. Dr. Arnaldo 715,
São Paulo, SP 01246-904, ments in Brazil. The Brazilian legislation on di- uso de suplementos vitamínicos e/ou minerais no
Brasil. etary supplements is complex. Studies on their Brasil. Verificou-se que as legislações brasileiras a
dmbastos@usp.br
consumption by the Brazilian population are esse respeito são complexas, dificultando o enten-
limited, and inappropriate use due to gaps in dimento das normas e a aplicação destas. Estudos
knowledge poses a potential health risk to the sobre o consumo de suplementos pela população
population. The study concludes that public pol- brasileira são limitados, e o consumo inadequado
icies are needed to raise awareness on this topic por falta de conhecimento é um potencial risco à
among the general public, health professionals, saúde da população. Concluiu-se que há necessi-
and sales personnel. dade de implementação de políticas públicas que
promovam o esclarecimento da população, dos
Dietary Supplements; Vitamins; Food profissionais da área de saúde e do comércio sobre
Legislation o assunto.

Suplementos Nutricionais; Vitaminas; Legislação


sobre Alimentos

http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00177814 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 31(7):1371-1380, jul, 2015


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Introdução nem serem considerados como dieta exclusiva”.


Já os medicamentos à base de vitaminas e mine-
Nas últimas décadas, tem-se observado, na po- rais são definidos como aqueles cujos esquemas
pulação brasileira, maior consumo de alimen- posológicos diários situam-se acima dos 100%
tos processados com alta densidade calórica e da IDR 6.
pobres em nutrientes essenciais, em substitui- O conceito atual de recomendação nutricio-
ção ao consumo de alimentos mais nutritivos, nal é baseado na Dietary Reference Intake (DRI),
como as frutas e as verduras (Instituto Brasilei- estabelecida conjuntamente pelos Estados Uni-
ro de Geografia e Estatística. http://www.ibge. dos e Canadá, tendo como referência a popula-
gov.br/home/estatistica/populacao/condicao ção destes países. Tais valores de referência são
devida/pof/, acessado em 30/Set/2014) 1. Em utilizados na avaliação e planejamento de dietas,
decorrência das mudanças no estilo de vida e, com os objetivos de promover a saúde, diminuir
consequentemente, no padrão alimentar da o risco de doenças e evitar o consumo excessi-
população, suplementos vitamínicos e alimen- vo de algum nutriente por um indivíduo ou um
tos enriquecidos tornam-se veículos práticos grupo. As recomendações nutricionais da DRI
de vitaminas para a população. O aumento da compreendem quatro conceitos para consumo
expectativa de vida e a preocupação com uma de nutrientes: (i) Necessidade Média Estimada
vida saudável passaram a ser prioridades para (Estimated Average Requirements – EAR); (ii) In-
uma parcela crescente da população, que está gestão Dietética Recomendada (Recommended
disposta a investir tempo e recursos a fim de vi- Dietary Allowance – RDA); (iii) Ingestão Adequa-
ver mais e melhor. A grande variedade de usos da (Adequate Intake – AI); (iv) Limite Superior
terapêuticos aliada ao lucrativo mercado desses Tolerável de Ingestão (Tolerable Upper Intake
produtos estimulam o aumento da publicidade Level – UL). O UL não é um nível de ingestão re-
e, consequentemente, o seu consumo com fina- comendado, e seu estabelecimento surgiu como
lidades diversas, tais como retardar o envelheci- um alerta para se evitar o consumo excessivo de
mento, combater o estresse, prevenir doenças e micronutrientes devido ao crescente uso de su-
melhorar a saúde 2,3,4. plementos nutricionais e de alimentos fortifica-
Considerando o significativo aumento no dos 7. A RDC no 360/2003 8 da Agência Nacional
consumo de suplementos vitamínicos e/ou mi- de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece os
nerais, os possíveis riscos da ingestão indiscrimi- valores de IDR de nutrientes, tendo como base
nada e, ainda, a aparente deficiência nas ações as recomendações da DRI, porém sua principal
de fiscalização, foi avaliado o panorama dos su- finalidade é padronizar, na rotulagem de alimen-
plementos vitamínicos e/ou minerais no Brasil. tos, informações quanto à porcentagem de aten-
Objetivou-se, ainda, esclarecer equívocos de no- dimento às necessidades nutricionais.
menclaturas, por meio da correta interpretação A legislação brasileira segue a tendência
das legislações, e verificar os potenciais riscos à mundial no que diz respeito à preocupação com
saúde do consumidor. a qualidade e segurança dos alimentos, estabe-
lecendo cooperações internacionais. O Brasil é
membro integrante do MERCOSUL (Mercado
Aspectos regulatórios Comum do Sul), que, por meio de amplos deba-
tes entre os países membros, determina normas,
No Brasil, os produtos à base de vitaminas e adaptadas às políticas e aos programas públicos
minerais são divididos em duas categorias: su- de cada país, a fim de estabelecer a livre circula-
plementos vitamínicos e/ou minerais e medica- ção de alimentos seguros e saudáveis. Na mesma
mentos à base de vitaminas e minerais. O que os linha de cooperação internacional, o Codex Ali-
diferencia são os níveis de micronutrientes ofere- mentarius é um programa conjunto da Organiza-
cidos na dosagem diária recomendada. Segundo ção das Nações Unidas para Agricultura (FAO) e
a Portaria no 32/1998 5 da Secretaria de Vigilância Alimentação e da Organização Mundial da Saúde
em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), “su- (OMS), criado em 1963, cuja finalidade é proteger
plementos vitamínicos são alimentos que servem a saúde da população e incentivar práticas justas
para complementar com estes nutrientes a dieta no comércio internacional de alimentos 9.
diária de uma pessoa saudável, em casos onde Em relação aos suplementos vitamínicos e/
sua ingestão, a partir da alimentação, seja insu- ou minerais, a Portaria no 32/1998 tem como refe-
ficiente ou quando a dieta requerer. Devem conter rência as normas do Codex Alimentarius (http://
um mínimo de 25% e no máximo até 100% da www.codexalimentarius.org/, acessado em 21/
Ingestão Diária Recomendada (IDR) de vitami- Jan/2014), que define suplementos de vitaminas
nas e/ou minerais, na porção diária indicada pelo e minerais como fontes de nutrientes na forma
fabricante, não podendo substituir os alimentos, concentrada, isolados ou em combinação, co-

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SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS E/OU MINERAIS 1373

mercializados em cápsulas, comprimidos, pós, minação, são frequentemente anunciados nos


soluções etc., que são formulados para serem in- informes publicitários.
geridos em pequenas quantidades, diferindo de Em relação à rotulagem de suplementos vita-
alimentos convencionais e cujo propósito seja mínicos, além das exigências de rotulagem gerais
suplementar a ingestão de vitaminas e/ou mi- para alimentos, a Portaria nº 32/1998 estabele-
nerais na dieta normal. Essa norma estabelece ce algumas determinações específicas, tais co-
que o teor mínimo de vitaminas e minerais em mo a obrigatoriedade de destacar em negrito as
suplementos, na porção diária sugerida pelo fa- expressões: “Consumir este produto conforme a
bricante, deve ser de 15% da IDR; já a quantidade Recomendação de Ingestão Diária constante da
máxima deve ser estabelecida tendo como crité- embalagem” e “Gestantes, nutrizes e crianças até
rios níveis seguros de vitaminas e minerais de- 3 (três) anos somente devem consumir este pro-
terminados por avaliações de risco baseados em duto sob orientação de nutricionista ou médico”.
dados científicos e ingestão diária de vitaminas e Diferentemente dos medicamentos, os suple-
minerais de outras fontes dietéticas. mentos não apresentam funções curativas, sen-
O Codex Alimentarius tornou-se referência do, portanto, proibida toda e qualquer expressão
mundial para os consumidores, produtores de que se refira ao uso do suplemento para preve-
alimentos e para os organismos internacionais nir, aliviar, tratar uma enfermidade, ou alterar o
de controle e comércio de alimentos. Sua influ- estado fisiológico 5. Já os medicamentos à base
ência se estende a todos os continentes, ofere- de vitaminas e minerais devem apresentar a de-
cendo aos países a oportunidade de se unirem nominação “polivitamínicos e/ou poliminerais”,
à comunidade internacional, com o objetivo de porém não se exige que conste no rótulo a pala-
formular e harmonizar as normas alimentares. A vra “medicamento”, dificultando a distinção en-
harmonização dessas normas ajuda a eliminar as tre suplemento e medicamento 11.
barreiras comerciais e permite maior liberdade Segundo o Código de Defesa do Consumi-
de comércio de alimentos entre os países. dor 12, todo o produto deve trazer informações
O Food and Drug Administration (FDA) é o claras, precisas e em língua portuguesa, sendo
órgão governamental dos Estados Unidos res- que os rótulos de alimentos, os quais incluem os
ponsável pelo controle de alimentos e medica- suplementos vitamínicos, devem indicar o pra-
mentos, promovendo a proteção da saúde da zo de validade, quantidade, ingredientes, nome
população. Segundo o FDA (http://www.fda. e endereço do fabricante, entre outros dados,
gov/food/dietarysupplements/consumerinfor como forma de conservação e de consumo. As
mation/ucm191930.htm, acessado em 05/Ago/ informações constantes na rotulagem dos ali-
2014), suplementos dietéticos são produtos que mentos são de extrema importância, visto que a
podem conter múltiplos ingredientes, incluin- informação é um dos direitos básicos do consu-
do vitaminas, minerais, ervas, aminoácidos, midor. É por meio da rotulagem que os consu-
substâncias dietéticas para suplementar a dieta midores são orientados a escolher produtos que
aumentando a ingestão dietética total, concen- contribuam para sua adequada alimentação,
trados, metabólitos, constituintes e extratos, a além de se conscientizarem sobre o que estão
combinação de um ou mais destes ingredientes, ingerindo.
não existindo definição legal e classe específica
para suplementos vitamínicos e/ou minerais.
No Brasil, os produtos definidos como suple- Fiscalização
mentos dietéticos pelo FDA são subdivididos de
acordo com legislações específicas, abrangendo Os suplementos vitamínicos e minerais, junta-
uma classificação muito mais ampla, os quais mente com outras 14 categorias de produtos, fo-
estão descritos na Tabela 1. ram classificados como alimentos de baixo risco
No nosso país, legalmente, o conceito de su- pela ANVISA e passaram a ser dispensados de
plemento se restringe aos alimentos para atle- registro sanitário a partir de 2010 13. Segundo a
tas 10 e aqueles à base de vitaminas e minerais 5, ANVISA, pretendia-se otimizar as ações de con-
foco deste artigo. Segundo a RDC no 18/2010 10, trole sanitário, focando na análise e fiscalização
os alimentos para atletas podem, ainda, ser dos alimentos expostos ao consumo da popula-
compostos por vitaminas e minerais, conforme ção, já que o volume de pedidos de registro era
regulamento técnico específico sobre adição de muito alto, e a finalização de um processo de
nutrientes essenciais. A complexidade na clas- registro chegava a demorar até dois anos 14.
sificação desses produtos faz com que aqueles Os produtos alimentícios de competência da
que tenham algum apelo voltado à saúde ou a ANVISA são divididos em dois grupos: alimentos
finalidade de suplementar a dieta, sejam deno- com registro obrigatório prévio à comercializa-
minados de suplemento; assim, com esta deno- ção e alimentos dispensados da obrigatorieda-

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Tabela 1

Portarias e Resoluções que aprovam o regulamento técnico para cada classe de produtos.

Legislações Regulamento técnico aprovado Subclassificação ou exemplos de produtos

Portaria no 32/1998 5 Suplemento vitamínico e/ou mineral Suplemento de vitaminas e/ou minerais
Suplemento de vitaminas
Suplemento de minerais
RDC no 18/1999 50 Alimento com alegações de propriedades Óleo de peixe
funcionais e/ou de saúde Carotenóides
(licopeno, luteína e zeaxantina)
RDC no 16/1999 51 Novo alimento Óleo de cártamo
Óleo de prímula
RDC no 18/2010 10 Alimento para atleta Suplemento hidroeletrolítico para atletas
Suplemento energético para atletas
Suplemento proteico para atletas
Suplemento para substituição parcial de
refeições de atletas
Suplemento de creatina para atletas
Suplemento de cafeína para atletas

de de registro, conforme estabelecido na RDC no a melhor forma de disponibilizar um alimento


27/2010 13. A solicitação de registro de um pro- com mínimo risco para o consumidor. Além dos
duto é efetuada pela empresa interessada, junto suplementos vitamínicos e minerais, outra ca-
ao órgão de Vigilância Sanitária local, median- tegoria cuja isenção de registro é questionável
te apresentação de documentos específicos e é a dos alimentos para atletas. Em estudo rea-
formulários de petição, além de pagamento de lizado por Yano et al. 15, verificou-se presença
taxa. Para os produtos dispensados da obriga- de substâncias ativas não declaradas no rótulo,
toriedade de registro, a empresa deve somente como a metoclopramida e o cloridrato de sibu-
informar o início da fabricação ao órgão de Vigi- tramina, em amostras de alimentos para atleta
lância Sanitária, podendo dar início imediato à coletadas pela Vigilância Sanitária e pelo Depar-
comercialização. A autoridade sanitária terá um tamento de Polícia do Estado de São Paulo. Com
prazo de sessenta dias para proceder à inspeção a isenção de registro, há necessidade de efetiva
na unidade fabril, e a empresa terá um prazo de fiscalização destes produtos por parte da Vigi-
trinta dias para solicitar à Coordenação de Vigi- lância Sanitária, pois estarão sendo consumidos
lância em Saúde (COVISA) que proceda à coleta pela população antes de qualquer verificação.
de amostra, visando a uma análise de controle, O registro no Ministério da Saúde garante-lhes
ou seja, a uma análise a ser realizada em um la- maior confiabilidade, já que, entre as documen-
boratório de referência. No caso de a empresa e/ tações solicitadas para o seu registro, constam a
ou de o produto estarem em desacordo com as licença de funcionamento da empresa, aprova-
legislações vigentes, aquela será notificada para ção do local de produção na inspeção sanitária,
suspender a produção, recolher os produtos do sendo exigido, ainda, um laudo oficial de análise
mercado e notificar a população. Para os suple- do produto antes da comercialização 14. No caso
mentos importados, o importador ou a empre- dos produtos isentos, uma parcela da popula-
sa representante no Brasil será responsável por ção já terá consumido o produto se for detecta-
enquadrá-los na categoria prevista na legislação, da qualquer inconformidade neste ou no local
responsabilizando-se, ainda, por comunicar a de fabricação.
importação de produtos dispensados de registro; Em relação aos produtos importados, so-
no caso dos medicamentos, deve registrá-los no mente a legislação brasileira estabelece limite de
Ministério da Saúde 14. 100% da IDR para suplementos vitamínicos e/ou
A isenção de registro sanitário para algumas minerais 5. Sendo assim, produtos importados
categorias de alimentos é um fato questionável, contendo maior teor de micronutrientes (acima
já que a ANVISA exige que as empresas busquem de 100% da IDR), no Brasil, seriam classificados

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SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS E/OU MINERAIS 1375

como medicamentos e estariam sujeitos à obri- mulheres, como a suplementação de ácido fólico
gatoriedade de registro. Existem, no mercado e ferro durante o período reprodutivo 2,21.
nacional, diversos produtos importados dos Es- Observou-se, também, que, em trabalhos
tados Unidos ou do Canadá, por exemplo, países recentes, a prevalência de consumo de suple-
nos quais a dosagem máxima de micronutrientes mentos é maior em comparação à encontrada
em suplementos dietéticos não é limitada a 100% em trabalhos realizados há cerca de uma déca-
da IDR; ao serem exportados para o Brasil como da, sendo possível presumir que houve aumen-
suplementos, as empresas importadoras ape- to no consumo de suplementos pela população
nas os rotulam como suplementos vitamínicos 17,18,20,22. Estes artigos avaliaram o consumo de

e/ou minerais, comercializando-os sem registro produtos categorizados como suplementos nu-
prévio, ou seja, sem a verificação da real con- tricionais, suplementos alimentares, suplemen-
centração de micronutrientes presente (http:// tos dietéticos ou simplesmente suplementos, im-
www.fda.gov/food/dietarysupplements/consu possibilitado discriminar se o consumo se referia
merinformation/ucm191930.htm, acessado em a suplemento vitamínico e/ou mineral, alimento
05/Ago/2014) 5. Neste caso, cabe às autoridades para atleta, ou medicamento. Tais categorias não
da Vigilância Sanitária proceder à fiscalização estão previstas na lei brasileira, assim como não
desses produtos, notificando a empresa para que estão previstas nos regulamentos técnicos da
suspenda a produção e os recolha do mercado, ANVISA. Além disso, a população de estudo era
além de informar a população. restrita e específica.
O único estudo disponível no Brasil sobre
consumo de suplementos alimentares numa po-
Consumo de suplementos vitamínicos pulação heterogênea foi realizado por Brunacio
e/ou minerais: panorama nacional e et al. 23, no qual se observaram 6,35% de preva-
internacional lência de consumo de suplementos alimentares
na população residente no Município de São
O consumo de produtos à base de vitaminas e Paulo. Os suplementos compostos por vitami-
minerais é amplamente difundido em países co- nas, minerais e multivitamínicos lideraram o uso.
mo os Estados Unidos e Alemanha 16. No Brasil, Os autores concluíram que essa prevalência é si-
informações sobre a extensão e frequência de milar à encontrada na Grécia, Espanha e Itália, e
consumo desses produtos são escassas, porém menor que a verificada nos Estados Unidos, Rei-
alguns estudos disponíveis, apesar de restritos no Unido, Suécia e Alemanha.
a determinados segmentos da população, mos- O National Health and Nutrition Examina-
tram que o consumo de suplementos vitamíni- tion Survey (NHANES) é um programa que avalia
cos e/ou minerais chega a ser comparável ao en- o estado nutricional de adultos e crianças nos
contrado nos Estados Unidos 17,18. Estados Unidos, por meio de entrevista e exame
Santos & Barros Filho 19 verificaram que cerca físico. O NHANES faz parte do Centers for Dise-
de 30% dos universitários de uma universidade ase Control and Prevention (CDC) e tem a res-
privada faziam uso de algum produto vitamínico, ponsabilidade de produzir estatísticas de vida e
a maioria consumindo multivitamínicos, segui- de saúde para a nação 24. De acordo com esse
dos de suplementos de vitamina C. Neste estudo, programa, observou-se que 40% da população
não foram obtidas informações sobre a dosagem americana consumia um ou mais suplemento
consumida, não sendo possível concluir se os dietético durante o período de 1988 a 1994; entre
produtos vitamínicos referiam-se a suplementos 2003 e 2006, essa prevalência passou a ser supe-
ou medicamentos. Há maior prevalência de con- rior a 50%. Os multivitamínicos/multiminerais
sumo de suplementos entre os frequentadores foram o tipo de suplemento mais reportado em
de academias, os quais buscam suplementação todas as pesquisas realizadas pelo NHANES 25.
com objetivos específicos, tais como aumentar No Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Fami-
a massa muscular, repor perdas e melhorar o de- liares (POF) é a pesquisa domiciliar por amos-
sempenho no exercício físico. Trata-se de pro- tragem que avalia, principalmente, o orçamento
pósitos típicos dessa população, principalmente domiciliar, mas também permite obter infor-
do público masculino, fato que já foi confirmado mações sobre consumo alimentar da popula-
em algumas cidades de São Paulo 17,18,20. Ao con- ção e prevalência de inadequação do consumo
trário, quando se avalia a população em geral, de nutrientes (Instituto Brasileiro de Geografia
observa-se baixa prevalência de consumo de su- e Estatística. http://www.ibge.gov.br/home/esta
plementos, que ainda é maior entre o público fe- tistica/populacao/condicaodevida/pof/, acessa-
minino, possivelmente porque as mulheres têm do em 30/Set/2014). Apesar de sua abrangência
preocupação maior com a saúde; ademais, exis- nacional, não há qualquer menção sobre suple-
tem, ainda, recomendações específicas para as mentos, não sendo possível verificar o real con-

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sumo de suplementos vitamínicos e/ou minerais exercendo importante função de defesa do or-
pela população brasileira. ganismo contra os radicais livres 29,30,31. Hoje, é
Em 2003, o mercado que engloba vitaminas, comum observar no mercado uma categoria de
minerais, fitoterápicos e suplementos nutricio- suplementos vitamínicos com apelo comercial
nais faturou aproximadamente 10 bilhões de dó- de antioxidantes.
lares nos Estados Unidos, sendo esse mercado Assim como as vitaminas antioxidantes, a vi-
composto principalmente por multivitamínicos, tamina D também tem sido alvo de muitas pes-
suplementos vitamínicos e bebidas destinadas a quisas nos últimos anos. Embora sua função de
atletas. Em 2007, o faturamento anual foi maior manter o metabolismo do cálcio e de prevenir o
que 30 bilhões de dólares 26. Em 2010 e 2011, es- raquitismo tenha sido descrita pela primeira vez
tudos realizados pela Euromonitor International há cerca de cem anos, estudos atuais têm rela-
demonstraram que 175 bilhões de dólares foram cionado a deficiência de vitamina D com o de-
gastos no mundo em suplementos vitamínicos senvolvimento de várias doenças, como diabetes
e minerais, enquanto suplementos para atletas tipo II, esclerose múltipla, doença inflamatória
movimentaram cinco bilhões de dólares 27. intestinal, lúpus eritematoso sistêmico e artrite
No Brasil, o faturamento do comércio de reumatoide 32. Nos últimos anos, a deficiência
complementos vitamínicos aumentou quase de vitamina D tem aumentado em virtude dos
55% em apenas quatro anos 26. Segundo a Asso- hábitos da vida moderna e principalmente por
ciação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos causa do tempo limitado de exposição ao sol pela
(BRASNUTRI), de 2008 até 2012, houve aumento população, a fim de evitar câncer de pele 33. Se-
no faturamento, de 150 milhões de reais para 600 guindo essa tendência, foram lançados diversos
milhões de reais, com uma média de crescimento suplementos à base de vitamina D no mercado,
de 15% ao ano. A indústria de suplementação te- alguns específicos para o público infantil e outros
ve um crescimento de 21% em sua produção no destinados ao uso adulto.
ano de 2013, com faturamento médio de um bi- Durante várias décadas, defendeu-se a utili-
lhão de reais, e a expectativa para o setor é atingir zação de suplementos de cálcio para prevenção
15% de crescimento em 2014 28. e tratamento da osteoporose, porém estudos re-
As projeções dos principais fabricantes indi- centes demonstraram que esse uso pode aumen-
cam que o consumo de complementos vitamíni- tar o risco de eventos cardiovasculares, formação
cos continua em ascensão 26. A forte expansão do de cálculos renais e causar problemas gastroin-
mercado de produtos vitamínicos é o principal testinais 34,35. Após revisar mais de mil estudos
indício de aumento no consumo destes pela po- sobre suplementação com cálcio e vitamina D
pulação brasileira. e os possíveis efeitos adversos do consumo em
excesso, o Institute of Medicine (Estados Unidos)
publicou, em 2010, novas recomendações de
Cenário atual: há necessidade de cálcio e vitamina D 36. Pesquisas demonstraram
consumo de suplementos? que indivíduos saudáveis que ingerem as reco-
mendações de cálcio e vitamina D na dieta e se
Novos produtos à base de vitaminas e minerais expõem ao sol não necessitam de suplementos
são frequentemente lançados no mercado, sen- para manter a saúde óssea; no entanto, a dieta
do visível o aumento da oferta de suplementos da população brasileira tem se mostrado mui-
vitamínicos e/ou minerais no comércio. Esse tas vezes inadequada com relação ao consumo
crescimento certamente foi impulsionado pela de cálcio e vitamina D, levando à necessidade de
isenção da obrigatoriedade de registro no Minis- suplementação 33. O cálcio com a vitamina D é
tério da Saúde 13. uma das associações mais comuns de nutrientes
Há algum tempo, a importância das vitami- em suplementos, já que esta vitamina age como
nas era atribuída somente às funções nutritivas um hormônio fundamental para a homeostase
e de prevenção de doenças decorrentes de sua do cálcio e para o desenvolvimento saudável do
deficiência. Recentemente, diversas pesquisas sistema ósseo 36,37.
têm se concentrado no papel que esses micro-
nutrientes desempenham na manutenção da
saúde, especificamente na redução do risco de Riscos à saúde
desenvolvimento de patologias crônicas, como
doenças coronarianas, câncer e diabetes. Muitas A quantidade de micronutrientes necessária
dessas investigações têm como foco os alimen- para cada indivíduo depende de vários fatores,
tos que contêm vitaminas C e E, além de beta- tais como sexo, idade, nível de atividade física,
caroteno, precursor da vitamina A, reconheci- presença de patologias, entre outros. Em geral,
dos por apresentarem atividade antioxidante, não há necessidade de se fazer suplementação

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SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS E/OU MINERAIS 1377

de qualquer nutriente quando se tem uma dieta beta-caroteno e retinol aumentou em 28% a inci-
equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Como dência de câncer no grupo suplementado 46. Al-
consta em sua definição, suplementos vitamíni- gumas críticas a estes estudos estão relacionadas
cos e/ou minerais são indicados somente para à dose utilizada para suplementação, que clara-
pessoas que necessitem complementar a dieta mente ultrapassou a quantidade que seria ingeri-
caso a ingestão não seja suficiente, já que a ca- da por meio de fontes alimentares; além disso, já
rência de nutrientes pode levar ao desenvolvi- foi demonstrado que altas doses de antioxidan-
mento de doenças. A carência de vitamina A, por tes podem agir como pró-oxidantes 47. Portanto,
exemplo, leva ao desenvolvimento da cegueira toda suplementação deve ser cautelosa, para se
noturna; a falta de vitamina C é responsável pelo evitarem riscos desnecessários à saúde.
escorbuto; a deficiência de ferro causa a anemia Suplementos vitamínicos comerciais anali-
ferropriva 38. sados quanto aos teores de vitaminas A e E, uti-
Atualmente, a deficiência de vitamina D é lizando técnica de cromatografia líquida com
considerada uma epidemia, e a suplementação detecção por arranjo de diodos e espectrometria
desta vitamina tem sido cada vez mais recomen- de massas, mostraram resultados preocupantes,
dada 39. A suplementação com micronutrientes pois os valores verificados diferiram dos declara-
pode ajudar a evitar o desenvolvimento de do- dos no rótulo entre 46% e 245% 48. No Brasil, não
enças, contudo sua ingestão excessiva, princi- existem ainda análises confrontando os teores
palmente das vitaminas lipossolúveis, pode tra- encontrados com os declarados nos rótulos de
zer consequências à saúde, causando diversos suplementos vitamínicos. É evidente a necessi-
problemas, como danos hepáticos, descamação dade de fiscalização imediata desses produtos
na pele, enxaqueca e vômito 40. Têm sido relata- após a notificação de início da comercialização.
dos alguns casos de intoxicação por excesso de As vigilâncias sanitárias de estados e municí-
vitamina D, principalmente em crianças. Araki pios têm autonomia administrativa; ademais,
et al. 41 reportaram dois casos em crianças por os estados têm laboratórios públicos, os quais
erro do fabricante na formulação e na recomen- devem garantir a qualidade desses suplementos,
dação de ingestão, resultando em hipercalcemia incluindo o controle da conformidade entre os
e sintomas como náusea, poliúria e fadiga após teores declarados e os apresentados para consu-
consumirem uma quantidade aproximadamen- mo. Tal controle é de extrema importância, já que
te mil vezes acima da dose recomendada. Kara a legislação (RDC no 27/2010 13) permite a isenção
et al. 42 observaram sete casos de intoxicação de registro, mas não permite que o teor de vita-
por vitamina D em crianças, em decorrência de minas e minerais nesses produtos seja livre.
erro de fabricação de um suplemento de óleo
de peixe. O produto apresentou dose excessiva-
mente alta de vitamina D, causando hipercalce- Considerações finais
mia, perda de apetite, vômito, perda de peso e
constipação após a ingestão de uma quantidade Nota-se dificuldade, por parte tanto dos profis-
4 mil vezes superior à dose indicada. sionais de saúde e do comércio, como dos con-
Na década de 1980, diversos estudos epide- sumidores, em se diferenciar o que é suplemento
miológicos reconheceram o beta-caroteno e o vitamínico e/ou mineral de medicamento à base
alfa-tocoferol como fatores de proteção contra o de vitaminas e/ou minerais. Esse quadro pode
desenvolvimento de câncer por suas proprieda- levar os consumidores mais desavisados ao risco
des antioxidantes, mas os resultados se mostra- de consumir produtos com doses acima das re-
ram controversos 43,44. Conclusões consistentes comendadas, sem real necessidade.
sobre o papel protetor desses antioxidantes na Não é raro observar, no comércio, ambas
prevenção do câncer foram obtidas somente a as categorias de produtos dispostas à venda na
partir de 1994 com o The Alpha-Tocopherol, Beta- mesma prateleira, verificando-se total desconhe-
Carotene (ATBC) Lung Cancer Prevention Study, cimento por parte de comerciantes e profissio-
ensaio clínico em larga escala, o qual testou a hi- nais de saúde, confundindo ainda mais os con-
pótese de que o aumento no consumo de alfa-to- sumidores leigos. Ressalta-se a importância de se
coferol e/ou beta-caroteno em fumantes poderia diferenciarem os suplementos dos medicamen-
prevenir o câncer de pulmão e outros tipos de tos, uma vez que as dosagens de micronutrientes
câncer. Porém, os resultados demonstraram que contidos nos medicamentos são sempre muito
a incidência de câncer de pulmão aumentou 17% superiores às IDRs, podendo ser prejudiciais à
entre a população que recebeu suplementação saúde de quem os ingere sem a real necessidade
de beta-caroteno 45. Outro estudo, denomina- e sem a devida orientação, causando problemas
do The Beta-Carotene and Retinol Efficacy Trial de intoxicação. Sugere-se que os profissionais de
(CARET), demonstrou que a suplementação de saúde, principalmente médicos, farmacêuticos

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e nutricionistas, sejam orientados por seus con- seguir o Codex Alimentarius ou o FDA. No caso
selhos de classe quanto à diferenciação entre su- dos medicamentos, estes deveriam ser prescritos
plementos e medicamentos, essencial para que o somente em caso de deficiência ou necessidades
profissional esteja apto a indicar ou recomendar específicas, estabelecendo-se uma dose superior.
o produto que melhor atenda às necessidades do Estudos sobre o consumo de suplementos
consumidor. pela população brasileira são escassos, havendo
A publicação de uma RDC que regulamente uma lacuna quando se tenta comparar tais dados
todos os produtos em uma categoria única de- com os de estudos americanos. Todavia, o fatu-
nominada suplemento dietético, como acontece ramento da indústria de produtos vitamínicos,
em outros países, resultaria na definição de uma o forte apelo publicitário e o visível aumento na
legislação estável e harmonizada com os princi- oferta de suplementos no mercado indicam au-
pais órgãos reguladores do mundo, facilitando o mento no consumo desses produtos.
seu entendimento. Esse tipo de regulamentação Portanto, a falta de estudos suficientes e con-
é também encontrado em outros países, como clusivos sobre suplementos vitamínicos e/ou
os da União Europeia, Estados Unidos, Chile, Ar- minerais deve-se não ao fato de ser um assun-
gentina, México, Colômbia, além dos países do to recente, mas, principalmente, ao constante
continente asiático, como o Japão e a Coreia do aparecimento de novos produtos no mercado.
Sul, entre outros 49. A padronização é importante, Políticas públicas que promovam campanhas
tanto para a comercialização de produtos entre de esclarecimento a respeito do consumo de su-
os países, quanto para facilitar o entendimento plementos são necessárias e urgentes, já que o
do consumidor. As doses de vitaminas e minerais consumo desse tipo de produto parece ser sig-
para os suplementos devem ser definidas como nificativo na população brasileira. É preciso ga-
um valor que represente um consumo seguro rantir a saúde reduzindo o risco de consumo de
para a população, independentemente de se suplementos em excesso.

Resumen Colaboradores

Como resultado de los cambios en los hábitos alimen- L. T. Abe-Matsumoto participou da concepção e de to-
ticios de la población, el consumo de suplementos ali- das as etapas de produção do artigo, sendo responsável
menticios con micronutrientes es una práctica común. pela sua redação. G. R. Sampaio realizou o planeja-
La preocupación sobre la salud y la comercialización de mento, a elaboração do rascunho e a revisão crítica do
suplementos de vitaminas y/o minerales, combinadas conteúdo; aprovou a versão final do manuscrito. D. H.
con el fuerte atractivo de la publicidad, han animado M. Bastos participou da concepção e planejamento do
a la población al consumo indiscriminado de estos pro- artigo, da revisão crítica do conteúdo e da aprovação da
ductos, que pueden ocasionar riesgos a la salud. Este versão final do manuscrito.
trabajo tuvo como objetivo evaluar la legislación exis-
tente, en relación con el consumo y seguridad en el uso
de suplementos de vitaminas y/o minerales. Se descu- Agradecimentos
brió que la legislación brasileña -en materia de suple-
mentos alimenticios- es compleja y difícil de entender, À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
así como la aplicación de la normativa. Los estudios de Paulo (FAPESP), pelo auxílio financeiro (processo
su consumo por parte de la población son limitados, y FAPESP 2013/23006-4).
el consumo inadecuado por falta de conocimientos es
un riesgo potencial para la salud pública. Se concluye
que existe la necesidad de implementar políticas públi-
cas que promuevan la transparencia de la información
a la población, profesionales de la salud y comercio so-
bre este tema.

Suplementos Dietéticos; Vitaminas; Legislación sobre


Alimentos

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SUPLEMENTOS VITAMÍNICOS E/OU MINERAIS 1379

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