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jusbrasil.com.br
3 de Outubro de 2017

Processo de Execução no novo CPC

No Código de Processo Civil de 1973, existem três tipos de processo:

1) Processo de conhecimento: é aquele em que o juiz decide qual das partes tem
razão na lide;

2) Processo Cautelar: é o processo que tem por finalidade proteger o objeto da ação
principal;

3) Processo de execução.

No Novo Código de Processo Civil, não haverá mais o processo cautelar autônomo.
Existirá no diploma processual medidas e providências com as mesmas
características cautelares, mas que não darão origem a um processo autônomo.

O processo de execução está disciplinado a partir do art. 771, CPC e compreende a


duas espécies, de maneira que são definidas quanto ao título que está sendo
executado.

A execução que tem como fundamento um título extrajudicial é a execução de


título extrajudicial. A execução cujo objeto é o título judicial é denominada
cumprimento de sentença.

A estrutura das duas espécies é o título. O credor precisa ter um título para
executar em juízo exatamente o que determinar seu conteúdo. O título precisa ser
líquido, com valor estipulado; certo e exigível, isto é, estar vencido e não houver
sido pago.

Dentro do processo de execução, não há previsão de defesa para o devedor. O meio


de defesa do devedor se dá fora do processo de execução e por meio dos embargos
do devedor.

Princípios do processo de execução


1) Toda execução é real – art. 789, NCPC.

Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Em última análise, a execução se consuma sobre o patrimônio do devedor. Existe


uma exceção a este princípio, que é o chamado patrimônio mínimo. Alguns bens
são considerados como mínimo existencial à pessoa, o mínimo para garantir o
direito fundamental da dignidade da pessoa humana.

Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis
ou inalienáveis.

Art. 833. São impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência


do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades
comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de


elevado valor;

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os


proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor
e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de
profissional liberal, ressalvado o § 2o;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros


bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;

VI - o seguro de vida;

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem


penhoradas;

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação


compulsória em educação, saúde ou assistência social;

X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta)


salários-mínimos;

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;

XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de


incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio
bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.

§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora


para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem
como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais,
devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.

§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os


equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa
física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham
sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico
ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou
previdenciária.

2) A execução deve ser útil – art. 836, NCPC.

Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da
execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das
custas da execução.

§ 1o Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de


determinação judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os bens
que guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado, quando este for
pessoa jurídica.

§ 2o Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado


depositário provisório de tais bens até ulterior determinação do juiz.

Não se admite a penhora de bens que não representem utilidade ao credor. Isto é,
em razão de a execução ser um meio de pagamento ao credor, se os bens
penhorados forem inúteis, de nada servirão, de modo que não se pode proceder à
execução como forma de punição ao devedor.

3) A execução deve ser econômica – art. 805, NCPC:

Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.

Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa
incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de
manutenção dos atos executivos já determinados.

A execução deverá ser feita pelo meio menos gravoso possível para o devedor. No
entanto, a ausência de meios menos gravosos não exclui a possibilidade do modo
mais gravoso.

4) Livre disponibilidade da execução pelo credor – art. 755, NCPC:


Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas
alguma medida executiva.

Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:

I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões


processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários
advocatícios;

II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do


embargante.

O credor pode desistir da execução, já que não existe previsão de defesa para o
devedor dentro do processo de execução. Se o devedor, todavia, houver constituído
advogado, mesmo que não haja apresentado defesa pela via separada, haverá
sucumbência. A desistência, porém, pode ser feita sem a anuência do devedor.

O modo pelo qual o Código de Processo Civil confere defesa ao devedor é a ação de
embargos do devedor. É uma ação voltada ao combate da execução em questão. A
matéria dos embargos pode ser processual ou de mérito. Como exemplo de matéria
processual, pode-se citar a alegação de ilegitimidade passiva na execução; e de
matéria de mérito, cita-se a inexigibilidade do débito.

Se o credor desistir da execução após o devedor ter proposto ação de embargos do


devedor com matéria processual, a desistência estará condicionada ao pagamento
da sucumbência e não necessitará de anuência do devedor, pois a execução será
extinta por ausência de interesse processual. De outra maneira, se a matéria dos
embargos for de mérito, a desistência da execução por parte do credor embargado
depende da concordância do devedor embargante.

5) Princípio do contraditório na execução:

O fato de não haver previsão de defesa do devedor dentro da ação de execução não
significa que não existe o contraditório. Dentro do processo o devedor pode opor
defesas com relação a incidentes processuais e não especificamente quanto ao
objeto da execução que é o título. Um exemplo destes incidentes diz respeito à
avaliação de um bem, que será penhorado, abaixo do seu valor real. Assim, discute-
se incidentalmente o valor e a avaliação errada, e não o título que estiver sendo
executado.

Título executivo extrajudicial

Quem define o que é um título executivo extrajudicial é o sistema normativo, mais


precisamente o art. 784, NCPC.

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; Nota promissória e cheque
sem data não são títulos executivos. A duplicata só é título executivo se houver o aceite, porém será título
executivo se houver prova da entrega da mercadoria e protesto da duplicata. Estes títulos precisam ser
executados no original, a fim de se evitar que passe adiante e posteriormente haja cobranças indevidas
realizadas por terceiros de boa-fé, conforme o princípio da inoponibilidade das exceções pessoais.
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;

Trata-se da escritura pública, lavrada no Cartório de Notas. É um documento que


possui clareza e força suficientes para ser executado em razão de ser emanado de
cartório e possuir credibilidade.

III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;

Segundo entendimento do STJ, as duas testemunhas não precisam estar presentes


na elaboração do documento. A presença deve ser verificada somente em casos
especiais.

IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela


Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou
por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; transação é um contrato, no
qual, havendo um conflito prévio entre as partes, cada uma faz uma concessão para
outra, de maneira a entrarem em um consenso.

V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de


garantia e aquele garantido por caução

VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; é um título executivo para os


beneficiários da vítima. Não abrande outros tipos de seguro.

VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; é a remuneração da enfiteuse. O não


pagamento legitima a execução.

VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel,


bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; O
documento comprobatório de locação de imóvel é o contrato de locação. Para
executar o contrato de locação não precisa das duas testemunhas. Pode-se provar a
locação com outro documento que não seja o contrato, como recibos, e-mails etc.

IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; é uma maneira de executar tributos não
pagos.

X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na


respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; O
CPC em vigor diz que taxas e despesas de condomínio serão cobradas por meio da execução (art. 585).
Porém, prevaleceu o entendimento de que o inciso possibilita a cobrança de condomínio ligado ao aluguel
(não poderia o condomínio cobrar por meio da execução). Novo CPC mudou, possibilitando a execução.

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais
despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; o cartório pode
executar o contratante de um serviço que não tenha pago.

XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

§ 1o A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo


não inibe o credor de promover-lhe a execução.

§ 2o Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não


dependem de homologação para serem executados.
§ 3o O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos
pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da
obrigação.

Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar
pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.

A ação de conhecimento proposta para discutir o título não suspende o andamento


da ação de execução. Esse artigo não se refere aos embargos do devedor.

Exemplo: uma pessoa está executando um cheque e o executado perdeu prazo para
os embargos. Assim, este executado entra com uma ação um processo autônomo
que não são os embargos e diz que o título foi emitido mediante coação, sendo que
vai provar que assim aconteceu e pede sentença que anule o cheque por conta da
coação. Essa ação não é embargos do devedor. É uma ação de conhecimento que
está subordinada ao art. 785.

Essa ação em que digo que assinei um cheque mediante coação não justifica a
suspenção da execução porque o art. 785 diz expressamente que qualquer ação
relativa ao título não suspende o processo de execução.

Toda vez em que há uma obrigação, há uma prestação a cumprir. Se o devedor não
cumpre a prestação devida, a consequência é a penhora do seu patrimônio.

Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Este artigo significa que o devedor responde com os bens que possui no momento
da execução. Falar que vai penhorar os bens futuros se tornaria estranho, porém
significa que, mesmo que o devedor tenha comprado bens após a dívida, estes
podem responder pelas dívidas.

Bens que respondem pelo patrimônio especificamente

Art. 790. São sujeitos à execução os bens:

I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real


ou obrigação reipersecutória; Execução baseada em direito real é aquela que tem
vinculação com algum bem. É real porque está ligada à res. Para saber se está
vinculada a uma coisa, basta olhar ao título e ver qual título está na execução para
o credor. Ex: caso haja um título garantido por um imóvel, no momento da
execução a intenção é de executar o imóvel. Pode-se pensar que a obrigação pode
alcançar a obrigação repersecutória, que, embora não seja um direito real (logo,
não será encontrada na lista do art. 1.225) é uma obrigação ligada a uma coisa. Ex:
um comprador adquire uma safra de commodities e executa o devedor para
entregar este bem móvel. É um título que permite ao credor de ir buscar uma coisa.

II - do sócio, nos termos da lei; Nessa hipótese, deve-se analisar junto com o inciso VII. Quando se fala em
responsabilidade dos bens pela dívida e respondem os bens primeiramente do sócio e depois os
decorrentes da desconsideração da personalidade jurídica, esta regra não é importante quando se trata da
penhora dos bens do devedor. Neste caso, o Código prevê que podem ser penhorados os bens dos sócios
e da pessoa jurídica cuja personalidade tenha sido desconsiderada.
Alguns tipos de sociedade viabilizam ao lado dos bens da pessoa o jurídica os bens
do sócio. Caso o sócio não tenha integralizado o capital social da sociedade, o
credor pode executar tanto os bens da sociedade quanto os bens do sócio que não
tenha integralizado. Essa hipótese não é a do inciso VII. A hipótese do inciso VII
não tem relação com os casos em que a lei diz que o sócio pagará para integralizar
o capital social, pois a integralização do capital social não se trata de
desconsideração da personalidade jurídica.

Nos casos da desconsideração da personalidade jurídica, os sócios integralizaram o


capital social e mesmo assim não possui capital para pagar os credores. Neste caso,
não se pode cobrar dos sócios.

Preenchidos determinados requisitos, pode ocorrer a desconsideração da


personalidade jurídica. (Art. 50, CC e Art. 28, § 5º, CDC). A desconsideração da
personalidade jurídica ocorre nos casos em que a PJ é utilizada como meio de
causar danos a terceiros, seja por violação da lei ou por confusão patrimonial.

Portanto, somente pode penhorar bens dos sócios desde que haja desconsideração
da personalidade jurídica.

No NCPC, se houver necessidade da desconsideração, será por meio de um


incidente no processo.

III - do devedor, ainda que em poder de terceiros; Podem ser penhorados bens do
devedor estiver em poder de terceiros. A hipótese se trata somente do caso em que
o devedor é proprietário do bem. Está subentendido, logo, que pode ser penhorado
pois o devedor ainda é proprietário do bem.

IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua


meação respondem pela dívida; é a hipótese em que o patrimônio de um cônjuge
responde pela dívida contraída pelo outro cônjuge. Na obrigação assumida por um
dos cônjuges individualmente, em qualquer que seja o regime de bens, se a dívida
tenha sido contraída individualmente a benefício da família, ainda que o outro
cônjuge não tenha assinado, este responderá pela dívida na execução. (Arts. 1.643
e 1.644).

V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução; A fraude de


execução é um instituto que tem por objeto evitar que o devedor prejudique o
credor simplesmente tirando seus bens de seu nome para não pagar a dívida.

A fraude contra credores é um defeito do negócio jurídico (defeito social, pois as


partes que fizeram o negócio fraudulento têm consciência) que tem por objeto
prejudicar terceiros (art. 158, CC). Ex: duas pessoas celebram negócio jurídico para
a transmissão de propriedade. Aquele que aliena, entra em insolvência. Os dois
requisitos, vender e alienar, estão presentes na fraude contra credores e na fraude
à execução.

Na fraude contra credores, a existência de uma ação de conhecimento ou de


execução contra o devedor é irrelevante. Basta que haja um credor, um devedor e
que este caia em insolvência alienando seu patrimônio. Logo, neste defeito, os
interesses importantes são apenas os das partes, de maneira que não há um ato
judicial de cobrança das partes. A vítima da fraude contra credores pede que seja
anulada a operação de alienação para que o bem retorne ao patrimônio do
devedor. É irrelevante, salienta-se, uma ação de execução do credor contra o
devedor.

VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;

VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.

Fraude contra credores e fraude à execução

A fraude contra credores é um defeito do negócio jurídico anulável, uma vez que há
prejuízo ao credor, pois, alguém sendo devedor de outra pessoa se desfaz de seu
patrimônio de modo a ficar insolvente. Esta lógica é a prevista nos artigos 158 e
159, do Código Civil.

Quando são preenchidos os requisitos da fraude contra credores, o credor pode


entrar com uma ação e anular a venda ou a doação (ação pauliana). Uma vez
anulada a venda ou a doação, o bem retornará ao patrimônio do alienante
(devedor) e o credor que entrou com a ação pauliana poderá penhorar o bem.

Se outra pessoa que não foi aquela que propôs a ação pauliana desejar penhorar
também poderá fazê-lo, pois a anulação decorrente da ação pauliana significa que a
venda foi desfeita, de maneira a ser resgatado o status quo ante. Assim, todos
podem penhorar o bem como se nunca tivesse saído do patrimônio do devedor.

Na fraude contra credores a anulação que vaga pelo direito privado. A


preponderância do interesse jurídico é privado.

Quando se diz que se pretende anular a venda em fraude contra credores, é preciso
olhar o artigo 158, CC. O artigo trata de doação e, quando se faz a transferência de
um bem para o patrimônio de outra pessoa, o credor ajuíza ação pauliana e terá
grandes chances de procedência no julgamento. Não é preciso levar em
consideração a ciência ou não do donatário (concilium fraudes) quanto à existência
da dívida, pois em seu patrimônio nada será afetado, somente deixará de ganhar
algo, ao contrário do credor que estará perdendo seu patrimônio.

De maneira diferente ocorre no caso de uma venda, a anulação da venda somente


se dará caso o credor comprove o concilium fraudes, ou seja, a anuência do
comprador quanto à existência de uma dívida e a concordância com a realização do
negócio.

Tanto na fraude contra credores quanto na fraude à execução há prejuízo ao credor


uma vez que o patrimônio do devedor será delapidado. A grande diferença é que
enquanto a fraude contra credores exige uma ação específica e independente para
ser reconhecida, a fraude à execução não precisa de uma ação específica para
reconhece-la.
Na fraude contra credores, o interesse predominante é privado, isto é, são apenas
das partes. Quando se fala em fraude de execução, não se fala somente de uma
proteção particular, pois o Estado também será afetado, de maneira a ser vítima
desta fraude. Assim, na fraude de execução o instituto é mais intenso, mais efetivo
para reprimir o devedor. Por isso, preenchidos os requisitos da fraude de execução,
pede-se ao juiz para que reconheça que a venda feita pelo devedor é ineficaz.
Ineficaz significa que não produz efeitos em relação à vítima da fraude.

A diferença é importante pois, se houver fraude de execução será mais fácil


proteger o credor.

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:

I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão
reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no
respectivo registro público, se houver;

Qualquer figura de ação que tenha por objeto uma coisa pode ser objeto de fraude
à execução. Nestas hipóteses não precisa haver insolvência pois o objeto da
demanda é algo específico. A ação reipersecutória é uma ação com o objetivo de
anular a venda de um imóvel.

Para saber que uma pessoa moveu uma ação para anular a venda realizada a outra
é preciso fazer uma averbação na matrícula do imóvel no Cartório de Registro de
Imóveis. Ex: X move uma ação para anular a venda de um imóvel realizada de Y a
Z.

II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de


execução, na forma do art. 828; Esse artigo permite ao credor, quando ajuíza uma
execução, que consiga uma certidão informando os dados da petição antes de ser
despachada pelo juiz. O credor retira esta certidão e averba à margem do registro
dos bens do devedor. Ex: o credor pega a certidão, se dirige aos cartórios nos quais
o devedor tem imóveis, e pede ao funcionário para que averbe à margem da
matrícula que está sendo objeto de execução. Assim, caso um terceiro compre o
imóvel averbado estará praticando fraude à execução, pois estará registrado que o
imóvel estava sendo objeto de execução.

Quando se faz a averbação da certidão de execução, o credor deve avisar o juiz


quais bens estão sujeitos à execução e tão logo ocorra a penhora de bens suficientes
para pagamento da dívida, o credor também deverá pedir o cancelamento do que
estiver em excesso. Caso não seja feito e o excesso causar prejuízo ao devedor, o
credor deverá indenizá-lo.

III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial
originário do processo onde foi arguida a fraude;

Nesse caso há a penhora do imóvel, devidamente registrada, e o credor se dirige ao


cartório com certidão de penhora e registra nos imóveis do devedor. Caso este os
venda, será fraude à execução.
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor
ação capaz de reduzi-lo à insolvência;

Uma ação é proposta no momento em que é distribuída. O inciso se refere ao


momento em que tramitava a ação contra o devedor, isto é, a fraude à execução só
se caracteriza após a citação devedor. Para caracterizar a fraude à execução nessa
modalidade do inciso IV a alienação deverá ser feita somente após a citação do
devedor.

Se houver venda depois da averbação da certidão de execução na matrícula do


imóvel, será fraude à execução, mas se a venda for antes da averbação não será
fraude.

O primeiro requisito é a necessidade de citação prévia do devedor alienante.


Embora o instituto seja fraude à execução, não é preciso ter um processo de
execução para que se caracterize fraude. Assim, a fraude à execução não se
caracteriza só na ação de execução.

Exemplo: uma pessoa citada e que antes da sentença de um processo de


conhecimento aliena seu patrimônio. Pode-se ter fraude à execução no processo de
conhecimento com a venda depois da citação e antes do fim da fase de
conhecimento.

Como dito, na fraude contra credores haveria necessidade do reconhecimento do


concilium fraudes para prejudicar o credor. Na fraude à execução não há previsão
de concilium fraudes, mas a jurisprudência deu origem a uma Súmula do STJ, a
súmula 375, que dispõe: “caso se verifique a venda no curso da demanda de um
bem do devedor que possa reduzi-lo à insolvência, só se vai reconhecer a fraude à
execução se houver má-fé pelo comprador”.

Súmula 375, STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da


penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.

Se não houver registro, para que se reconheça a má-fé, é ônus do credor provar que
o comprador tinha conhecimento da execução. Para haver fraude à execução deve-
se ter prova da ciência da execução pelo adquirente.

Na fraude contra credores, a consequência prevista no CC é a anulação do negócio


fraudulento. Por causa da anulação, o bem volta para o patrimônio do devedor
vendedor.

Na fraude de execução não se anula, não é anulável. O pedido de reconhecimento


de fraude de execução não significa que a venda foi anulada. Embora tenha havido
fraude de execução, o proprietário do bem continua sendo o executado. Porém, a
venda realizada pelo executado por um terceiro é ineficaz somente perante o
exequente.

A ineficácia da venda realizada a terceiro não faz o bem voltar ao executado. O


credor-exequente pode ignorar esta venda, sendo ineficaz perante este, mas é
válido perante outros credores, de modo que não pode penhorar o imóvel porque o
imóvel não é do executado.

OBS: O STJ está entendendo que fraude contra credores seria um motivo de
ineficácia.

Da necessidade de reconhecimento na ação pauliana para o reconhecimento da


fraude contra credores, o credor-exequente não pode penhorar o bem pois estará
vendido a terceiro.

Imaginando que este credor-exequente peça a penhora do bem vendido a terceiro,


antes da procedência da ação (fraude contra credores), sem que haja conhecimento
da venda em razão do não registro, o terceiro pode interpor embargos de terceiro.
O credor pode alegar na ação de embargos de terceiro que o terceiro comprou o
imóvel em fraude contra credores, havendo o concilium fraudes. Nessa ação, o juiz
não pode reconhecer a fraude contra credores na ação de embargos de terceiro
contra o credor-exequente e o devedor-executado.

Súmula 195, STJ: Não se pode reconhecer a fraude contra credores em ação de
embargo de terceiro.

Art. 792, § 4º, NCPC: Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o
terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de
15 (quinze) dias.

Os embargos de terceiro são uma ação específica que pretende evitar que um
terceiro sofra um dano decorrente de um processo. Pelo prazo no artigo, infere-se
que os embargos são opostos antes da efetivação do dano.

§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução


verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende
desconsiderar.

No processo, respondendo pela dívida, haverá o sócio e a pessoa jurídica. A PJ é a


devedora e, depois da desconsideração, o sócio também será.

Somente pode haver se a alienação for posterior à citação. Com relação à pessoa
jurídica, ela está no processo desde o começo. O sócio, ao saber do risco de
desconsideração da personalidade jurídica após a citação, passa a vender seu
patrimônio particular, depois da citação da pessoa jurídica, mas antes da citação
da pessoa física.

Este artigo diz que para fins de fraude de execução o sócio, pessoa física, será
considerado citado na data em que a pessoa jurídica foi citada. Tem o fundamento
de que, a partir do momento em que a pessoa jurídica for citada, o sócio não
poderá dispor de seus bens. No entanto, continua sendo necessário o
conhecimento do comprador para constituir fraude à execução. É preciso que haja
a ciência da má-fé pelo adquirente na fraude de execução.
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem
o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a
exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local
onde se encontra o bem.

Quando a penhora atinge bens sujeitos a registro, como imóveis, pode-se tornar
pública a execução ou a penhora. Ocorre que não há como tornar pública a
penhora de alguns bens, como gado, pois não há registro. Nestes casos em que o
registro é inviabilizado, o credor deve provar que o comprador sabia que o bem era
de devedor que não pagava a dívida. A ideia deste artigo é obrigar o credor a provar
a má-fé do comprador, mas a boa-fé se presume.

Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa
pertencente ao devedor não poderá promover a execução sobre outros bens senão
depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.

O credor que estiver em posse de coisa pertencente ao devedor, sendo classificado,


assim, como um credor pignoratício – pois possui uma garantia real do débito do
devedor, não poderá executar outros bens antes do objeto empenhado. Trata-se,
portanto, do penhor.

Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam
executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e
desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora.

O contrato de fiança é um contrato de natureza acessória que tem por objeto


oferecer uma terceira pessoa para garantir o conteúdo de outro contrato.
Tipicamente, é verificado em contrato de locação. Como regra geral, somente é
possível penhorar bens do fiador se o afiançado não tiver patrimônio. Deve-se
entrar com uma ação contra o inquilino e contra o fiador. O fiador pode alegar que
sua responsabilidade é subsidiária, devendo primeiro serem penhorados os bens
do afiançado. Logo, poderá indicar os bens do devedor, caso houver, para que
sejam penhorados antes de ser atingido em seu patrimônio.

Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da
sociedade, senão nos casos previstos em lei.

§ 1o O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem


o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade.

§ 2o Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1o nomear quantos bens da


sociedade situados na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar
o débito.

§ 3o O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo
processo.

§ 4o Para a desconsideração da personalidade jurídica é obrigatória a observância


do incidente previsto neste Código.
O sócio pode agir do mesmo modo que o fiador. Isto é, o sócio diante da intenção
de penhorar seus bens, pode alegar que sejam penhorados primeiramente os bens
da pessoa jurídica, indicando-os. Caso contrário, seus bens pessoais serão
penhorados.

Em ambos os artigos, se o fiador ou o sócio pagar a dívida em nome do afiançado,


na própria execução em que ocorrer, o fiador ou o sócio poderão mover, na
chamada via de regresso, em face do devedor principal. O fiador se sub-roga na
dívida em relação ao devedor, de modo que não precisa de outra demanda e pode
proceder à execução nos mesmos autos.

Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada
herdeiro responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte
que lhe coube.

É um artigo que cuida de regra material consistente em quem responde pelas


dívidas em caso de morte do falecido. Quando uma pessoa morre e deixa dívidas,
estas são pagas pelo patrimônio do falecido. Este patrimônio, no entanto, ao
mesmo tempo em que responde pela dívida, é o limite patrimonial sobre o qual o
credor do falecido receberá. Isto significa que nenhuma herança pode exigir que
nenhuma dívida pode ser paga com o patrimônio do herdeiro. Porém, pode ser que
a partilha de bens termine e esteja em nome dos herdeiros e, nesta hipótese, o
credor procede uma execução sobre o patrimônio que estiver em nome dos
herdeiros, no limite daquilo proveniente por herança.

SUCESSÃO DOS ATOS DA EXECUÇÃO DA QUANTIA CERTA –


EXECUÇÃO POR DÍVIDA BASEADA EM QUANTIA CERTA.

Quando há uma hipótese de execução de quantia certa, precisa-se saber que só há


possibilidade de se valer dessa execução se houver um título executivo
extrajudicial.

Entre os arts. 771 a 782 do NCPC, está disposto que a execução se baseia em um
título executivo líquido, certo e exigível. Líquido significa que pode ser expresso
em um valor determinado.

Pode-se executar quem figura no título como devedor, pois é em seu conteúdo que
se tiram legitimidade, a causa de pedir e o limite do pedido. No entanto, há
possibilidade de alguém que não figure no título ser titular do crédito e, embora
não estar diretamente no título, ser parte no processo.

O executado nesta demanda será ou o espólio, se o inventário estiver aberto, ou os


herdeiros. O mesmo vale para o falecido que tiver um crédito. Neste caso, a ação
será movida ou pelo espólio ou pelo herdeiro que herdar esta parte.

Se houver uma cessão de crédito, um credor for substituído por outro, aquele que
adquirir o título terá legitimidade para propor ação, de maneira que a cessão pode
estar em outro instrumento que não seja o título.
Ainda dentro destas regras, há a que trata da competência. Na propositura da
execução, os arts. 781 e 782 preveem as regras de competência.

Quando se fala que há um processo de conhecimento e um de execução, existem


diferenças de finalidade entre os processos. Essa afirmação significa que ao se
buscar regras no processo de execução e dentro dele não haver regras específicas,
aplica-se as regras do processo de conhecimento para supri-las. Esta importação
de regras, porém, deve ser feita considerando a compatibilidade de cada processo.
O processo de execução, por exemplo, não comporta produção de provas. Para se
provar que o título foi pago, porém, utiliza-se os embargos do devedor, que
caracterizam um processo autônomo.

O processo de execução começa pela certeza do credor de que tem direito de


receber a dívida. Este credor se baseia no fato de possuir um título executivo.
Como a lei atribui a este título a convicção de que o título existe e não foi pago, o
processo de execução trabalha com a presunção relativa de que o título não foi
pago. É uma presunção de que goza o credor porquanto possui o título.

O processo se desenvolve do seguinte modo: o devedor não paga o credor. O credor


precisa do Estado para obrigar o pagamento pelo devedor, fazendo com que o
devedor aliene seus bens para pagar a dívida.

O processo de execução caminha neste sentido. O juiz penhora bens do devedor,


vende e entrega o dinheiro para o credor.

OBS: a execução de dinheiro não é prevista especificamente no CC, e há quem


entende que deva ser incluída.

A primeira grande característica do processo de execução é penhora. A execução


deve iniciar vinculando um bem do devedor ao crédito.

No processo de conhecimento não há certeza de quem tem razão. Esse


desenvolvimento da sequência não permite que se causa um prejuízo ao devedor
em razão da incerteza, motivo pelo qual não pode inicia-lo já com a penhora. No
processo de execução, como há a certeza, deve-se começar pela penhora.

Isto não quer dizer que, embora tendo um título executivo extrajudicial, o credor
não possa optar por um processo de conhecimento. Neste caso, o título se torna
princípio de prova. O CPC dispõe que esta é uma faculdade do credor. É comum
optar pelo processo de conhecimento no caso de o credor ter dúvidas acerca do
título, fazendo-o de modo a ter uma garantia.

Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o


concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire,
pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.

Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada
exequente conservará o seu título de preferência.
Este artigo diz que a penhora oferece ao credor, naquele processo, a preferência.
Significa que se houver um devedor e vários credores, aquele que penhorar
primeiro receberá primeiro. Esta regra não é absoluta, sendo aplicada em situações
específicas.

Caso haja um crédito com garantia real, este se sobrepõe às demais, gerando um
privilégio ao credor que possui garantia real, não importando o momento em que
se propõe o processo de execução. Logo, a preferência não será do credor que
penhorar o bem anteriormente. A garantia real prevalece, desta maneira, sobre a
penhora realizada anteriormente, sendo que o credor pignoratício receberá
primeiramente.

Existem outras hipóteses em que a preferência não se dá sobre anterioridade da


penhora. É o caso de privilégios de créditos correspondentes às questões
tributárias, trabalhistas e, também, às despesas condominiais.

Caso esteja na hipótese de não haver garantia real e nem incorrer sobre estas
hipóteses de privilégios, procede-se com base na anterioridade da penhora.

A petição inicial do processo de execução tem alguns requisitos.

Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:

I - instruir a petição inicial com:

a) o título executivo extrajudicial;

b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando


se tratar de execução por quantia certa;

O primeiro deles é a apresentação do título executivo que será executado.

O segundo requisito é a apresentação do demonstrativo de débito. O exequente


deve apresentar cálculos junto com o título para o devedor ter ciência do valor
atualizado da dívida.

c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;

Normalmente, o título expressa o requisito de exigibilidade. Presume-se que,


quando interposta uma ação de execução, a dívida seja exigível. Para executar um
contrato, cuja executividade esteja vinculada à entrega da contraprestação, deve-se
comprovar a contraprestação realizada.

d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou


que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua
prestação senão mediante a contraprestação do exequente;

II - indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder
ser realizada;

b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição


no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;

c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.

Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:

I - o índice de correção monetária adotado;

II - a taxa de juros aplicada;

III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da


taxa de juros utilizados;

IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;

V - a especificação de desconto obrigatório realizado.

O art. 799 diz que para executar um crédito e penhorar um bem ou crédito
proveniente de contrato, deve-se intimar certas pessoas. Penhorado um bem que
tenha relação com interesse de terceira pessoa, a penhora deve ser comunicada ao
terceiro, devendo ser intimado da penhora do bem.

Quando um imóvel é dado em garantia a uma pessoa, não faz com que o
proprietário perca a propriedade do bem.

Hipótese: uma pessoa tem uma garantia real sobre um imóvel de um devedor e
houve posterior penhora deste imóvel por outro credor e uma consequente
alienação do imóvel, sem a ciência do credor pignoratício. A alienação é ineficaz
perante o credor pignoratício, de modo que este credor poderá ignora-la, como se
não houvesse ocorrido. Há essa permissão do credor pignoratício em razão do
direito de sequela, dispondo que o credor tem o direito de perseguir a res ainda
que em posse de terceiro.

Intimado o credor pignoratício da penhora do bem em um processo de execução,


este credor poderá: I – exercer a preferência da garantia real que possui, de modo
que consente com a alienação do bem e terá direito a parte do valor
correspondente ao seu crédito; II – não exercer a preferência e permanecer inerte,
de maneira que resultará em uma “renúncia” da garantia, e a penhora será válida
para todos os efeitos.

Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:

I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou


fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca,
anticrese ou alienação fiduciária;
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a
penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou habitação;

III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair


sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada;

IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre


direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada;

V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de


direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou
concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre imóvel submetido
ao regime do direito de superfície, enfiteuse ou concessão;

VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de direito de


superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão
de direito real de uso, quando a penhora recair sobre direitos do superficiário, do
enfiteuta ou do concessionário;

VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de


ação de sociedade anônima fechada, para o fim previsto no art. 876, § 7o;

VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;

IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos de constrição
realizados, para conhecimento de terceiros.

Art. 803. É nula a execução se:

I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e


exigível;

II - o executado não for regularmente citado;

III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.

Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de
ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução.

Essas hipóteses de nulidade dispensam os embargos para serem reconhecidos. Se


for caso de nulidade, é uma exceção aos embargos do devedor pois há a
possibilidade de peticionar nos próprios autos alegando que não há título. É
denominada Exceção de Pré-Executividade.

Quando a execução é distribuída, ocorre a interrupção da execução. Porém, há um


problema prático que o NCPC resolverá. A interrupção da prescrição ocorrerá com
a citação e retroagirá à data de propositura da ação.
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que realizada em
observância ao disposto no § 2o do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que
proferido por juízo incompetente.

Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da


ação.

O credor precisa, toda vez em que distribui uma ação de execução, averbar junto
aos locais onde houver bens penhoráveis a certidão expedida pelo distribuidor
forense. Se o credor averba a execução que distribuir às margens dos locais onde
houver bens penhoráveis, gera fraude de execução na hipótese de alienação
posterior. Este procedimento é feito antes do despacho do juiz e antes de o devedor
ser citado para que qualquer venda que seja feita posteriormente seja considerada
como fraudulenta.

Se este procedimento não for realizado e a venda for feita, não ocorrerá a fraude de
execução.

O NCPC diz que o exequente, ao ajuizar a execução, poderá pleitear medidas


cautelares na execução para evitar que o credor aliene seus bens.

Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos


bens quantos bastem para garantir a execução.

§ 1o Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça


procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de
ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o
ocorrido.

§ 2o Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa.

§ 3o Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto


converter-se-á em penhora, independentemente de termo.

O credor precisa de uma medida de natureza cautelar para evitar que o devedor-
executado aliene bens que não se tratem de bens imóveis ou que a averbação se
encontra impossibilitada (não é registrável), como uma safra de soja. O juiz, a
pedido do credor, poderá decidir liminarmente, antes mesmo da citação do
executado, pela apreensão desta mercadoria para que não seja alienada pelo
executado.

Supondo que o credor tenha distribuído a inicial, mas não tenha apresentado o
demonstrativo do valor da dívida havendo uma irregularidade na inicial. Nessa
hipótese haveria ausência de pressuposto válido para o desenvolvimento do
processo. O juiz é obrigado, nessa hipótese, a conceder o prazo de 15 dias para a
emenda da inicial. Caso não seja feito, haverá o indeferimento da petição inicial.

Estando a petição inicial regular, o juiz mandará citar o devedor para: I – conceder
3 (três) dias para o devedor pagar a dívida; ou II – o devedor apresentar, em 15
dias, embargos à execução. O juiz, ao despachar, supõe que o devedor pode preferir
pagar a dívida em 3 dias. Caso opte por esta decisão, o NCPC concede uma
vantagem ao devedor que é a de pagar honorários pela metade. Nesta etapa
processual, já há a discussão dos honorários pois o juiz deve determinar a
porcentagem de 10% sobre o valor da dívida já no despacho inicial. Assim, se o
devedor escolher pagar a dívida, arcará com 5% de honorários.

Se o devedor opor embargos de devedor, os honorários determinados nestes


embargos substituirão os honorários iniciais da execução. Logo, o arbitramento
dos honorários arbitrados na execução somente prevalece se houver o pagamento
pelo devedor no prazo concedido; do contrário, serão levados em consideração os
honorários dos embargos.

Quando se trata do prazo de três dias para pagamento, há uma complicação quanto
ao prazo de contagem. A regra geral é a de que o prazo se conta a partir da juntada
do mandado. No entanto, nessa situação há uma regularidade prática, pois, se
conta o prazo a partir da citação do devedor, sem contar da juntada do mandado.

A lógica deste dispositivo é a de que o oficial de justiça cita o réu e fica com duas
vias. Uma ele junta no cartório e, desta juntada, corre o prazo de embargos. A
outra permanece consigo pois desta maneira correrá o prazo citatório. Se não
houver o pagamento, o Oficial de Justiça retornará ao encontro do devedor e
penhorará os bens para o pagamento da dívida.

Incumbe ao credor indicar os bens do devedor a serem penhorados. O devedor,


porém, poderá pedir a substituição do bem a ser penhorado, devendo indicar outro
bem e o juiz avaliará conforme a situação.

Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias,
contado da citação.

§ 1o Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação


a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no
prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado.

§ 2o A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros


forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que
a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.

O prazo para a apresentação de embargos é de 15 dias contado da juntada dos


embargos, mas não se aplicam as regras do prazo em dobro se houver vários
executados. É vedado pois a finalidade da execução é proporcionar ao credor o
recebimento do crédito e porque os devedores opõem três embargos diferentes
pois são devedores diferentes, motivo pelo qual não se pode alegar prazo em dobro
em razão de se tratarem de ações diferentes.

Mesmo que os devedores entrem juntos no mesmo embargos, é vedado o prazo em


dobro.

Na execução, além disso, o prazo é individual. A partir da juntada do mandado,


cada prazo corre individualmente, e não apenas a partir da última citação.
Assim, não se aplica a regra do prazo em dobro para advogados distintos e o prazo
corre individualmente, e não apenas após a última juntada.

Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado,


conforme o caso, na forma do art. 231.

§ 1o Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar


conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de
cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último.

§ 2o Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado:

I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente


sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens;

II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4o deste artigo ou, não havendo este,
da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso
I deste parágrafo.

§ 3o Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se


aplica o disposto no art. 229.

§ 4o Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização da citação será
imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante.

No processo de execução, é proibida a citação por Correio. Após a citação, o Oficial


de Justiça é encarregado de determinadas providências e não seria lógico citar por
Correio e somente após o Oficial de Justiça proceder com as providências.

A citação pode ser feita somente pessoalmente ou por edital. A por edital é cabível
quando o réu estiver em local incerto ou ignorado; a pessoalmente é feita
diretamente com o réu.

A citação pode ser real ou por hora certa. Durante muito tempo a citação por hora
certa era incabível. A justificativa é a de que se o Oficial de Justiça não localizar o
devedor, o legislador o oferece um modo de agir nos casos de não localização do
devedor. O Oficial de Justiça deve arrestar bens do devedor.

Este arresto é distinto daquele verificado em casos de cautelar ordenado pelo juiz
na presença de determinadas circunstâncias. O arresto do art. 830 tem outra
natureza não depende de ordem do juiz. É um desdobramento da conduta que o
Oficial de Justiça deve ter quando não localizar o devedor.

Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos


bens quantos bastem para garantir a execução.

§ 1o Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça


procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de
ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o
ocorrido.

§ 2o Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa.
§ 3o Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto
converter-se-á em penhora, independentemente de termo.

Depois de arrestar, o Oficial de Justiça tenta citar novamente o devedor. Se não


conseguir, deve informar na certidão e apresentar ao juiz. E, por isto, o credor deve
pedir a citação por edital. Por este motivo não cabe a citação por hora certa, pois
cabe o arresto e posteriormente a citação por edital.

Atualmente, imaginando que o Oficial de Justiça não encontre o devedor e também


não encontre bens e perceba que está havendo ocultação do devedor, há vantagens
ao credor. Uma delas é a dispensa com custas da publicação no edital e começa a
correr o prazo para embargos. Esta é uma vantagem sobre a qual a doutrina e a
jurisprudência passaram a admitir a citação por hora certa.

Quando o Oficial de Justiça penhorar os bens, deve tomar algumas exigências: I –


encarregar alguém de cuidar dos bens penhorados, sendo denominado depositário;
II – intimar o devedor da penhora realizada, sendo um ato diferente da citação
pois dá ciência ao devedor sobre o que foi penhorado; III – avaliar o bem
penhorado, de modo que somente haverá a nomeação de um especialista se o
devedor impugnar a avaliação.

Atualmente, o depositário do bem em execução não pode ser preso. Significa que o
NCPC passou a preferir que o bem penhorado fique na posse do credor.

No caso de haver penhora e citação, o NCPC autoriza algumas condutas que o


devedor tomará. Uma delas é permanecer silente, deixando o processo de execução
seguir até o leilão do bem. O outro caminho do devedor está no art. 916. Este
caminho é oferecido ao devedor para pagar a dívida de maneira parcelada.

Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e


comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de
custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja
permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção
monetária e de juros de um por cento ao mês.

§ 1o O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos


pressupostos do caput, e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias.

§ 2o Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as


parcelas vincendas, facultado ao exequente seu levantamento.

§ 3o Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os atos executivos.

§ 4o Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será convertido em
penhora.

§ 5o O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente:

I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato reinício


dos atos executivos;

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