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Proc. n° 0002368-86.2013.5.02.0020 1
Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006.
Disponibilização e verificação de autenticidade no site www.trtsp.jus.br. Código do documento: 4638038
Data da assinatura: 26/11/2015, 05:21 PM.Assinado por: SILVANA ABRAMO MARGHERITO ARIANO
Presentes os pressupostos de admissibilidade,
conheço dos recursos interpostos pelas partes.
O recurso ordinário da reclamante será
primeiramente apreciado ante a arguição de preliminar de nulidade.
2. Do vínculo de emprego.
Tem razão a autora quanto ao reconhecimento do
vínculo de emprego, em relação ao período anterior ao registro.
Nos termos de sua inicial e depoimento, a
reclamante foi empregada da Caixa Econômica Federal por 27 anos, dos
quais 15 na função de gerente de projetos T.I, o que lhe possibilitou
aquisição de know how específico. Mencionou que com sua
aposentadoria teve de constituir a empresa Carmen Dinaura Ortolani
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
15ª TURMA
Proc. n° 0002368-86.2013.5.02.0020 3
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necessariamente voltava para a empresa após as reuniões - sendo que o
fato da reclamante em depoimento ter dito que não precisava retornar
após as reuniões, ao contrário do que pareceu na audiência de fl. 309, em
face da robustez do conjunto probatório, não se mostrou contradição
comprometedora ou inaceitável - também asseverou a testemunha que a
reclamante reportava ao sr. Eduardo, no mesmo andar em que
trabalhavam, nas dependências da reclamada.
Já o fato da autora deter significativo know how,
adquirido pelos anos de trabalho na CEF, por si só, não legitima o
trabalho na condição de pessoa jurídica, quando subsistentes a
subordinação jurídica e a pessoalidade, inerentes à relação de emprego,
sob previsão dos arts. 2º e 3º da CLT. Nem mesmo a constituição da
pessoa jurídica de forma espontânea afasta os elementos do contrato
realidade. Não bastasse, a extensa jornada de trabalho da autora, nas
dependências da reclamada, inibia a constituição de clientela, elemento
caracterizador da condição do verdadeiro empresário, em sujeição de
dependência econômica alheia à figura do trabalho autônomo ou
empresarial, e caracterizadora do trabalho sob pessoalidade e
subordinação jurídica, inerente à índole do vínculo empregatício.
Destarte, o fenômeno da “pejotização” nas relações
de trabalho se constitui em fraude aos direitos consolidados, quando
realizado mediante subordinação jurídica e pessoalidade, no âmbito da
atividade fim do tomador. Desnecessária comprovação de coação no ato
do trabalhador de constituir empresa, ante a natureza do de trabalho.
Nesse sentido, julgados do C. TST:
“ ... a utilização de prática conhecida como -pejotização-, que
consiste na imposição/estímulo à constituição de pessoa jurídica por
parte dos empregados para a continuidade da prestação dos
serviços, com o objetivo de afastar a aplicação das leis trabalhistas,
e que merece ser rechaçada, a teor dos princípios da proteção e da
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de fl. 11. Deverá a reclamada proceder à retificação da CTPS, no prazo
de 08 dias da ciência de sua juntada nos autos, após o trânsito em
julgado, sob pena de multa diária de 1/30 do salário, até o limite do art.
412 do Código Civil, na omissão, sendo providenciada pela Secretaria da
Vara.
3. Da composição salarial.
A r. sentença reconheceu o salário mensal de
R$4.577,04, consoante defesa, mais o ganho trimestral de R$3.000,00,
uma vez não comprovada a remuneração de prêmios ou bonificações,
além do importe R$1.350,00 mensais, pelo afastamento de sua natureza
indenizatória, a título de propriedade intelectual, perfazendo R$6.927,04.
Alega a reclamante ser excessivo o pagamento de
R$2.400,00 de ajuda alimentação, assim como R$1.000,00 de reembolso
educação, o que evidencia fraude. Razão lhe assiste.
Os documentos de fls. 32/34, comprovam a
obrigação de pagamento mensal a título de ajuda alimentação/refeição,
no desproporcional importe total de R$2.400,00, significando mais de 50%
do salário fixo mensal de R$4.577,04, o que descaracteriza sua natureza
indenizatória e impõe o reconhecimento de seu caráter salarial, consoante
analogia ao art. 457, parág. da CLT, concernente à ajuda de custo,
quando ultrapassam 50%. Em relação ao reembolso educação (fl.29), no
importe mensal de R$1.000,00, sua natureza é de salário in natura, pelo
trabalho e não para o trabalho.
Reconhece-se portanto a natureza salarial da ajuda
alimentação/refeição, no importe de R$2.400,00, bem como do reembolso
educação de R$1.000,00, com condenação nos reflexos do FGTS,
consoante limites do pedido de fl.05 e de letra “k” de fl. 11.
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Razão lhe assiste.
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tempo de contribuição previdenciária para as mulheres (CF, art. 201,
§ 7º, I e II) . A própria diferenciação temporal da licença-maternidade
e paternidade (CF, art. 7º, XVIII e XIX; ADCT, art. 10, § 1º) deixa
claro que o desgaste físico efetivo é da maternidade. A praxe
generalizada, ademais, é a de se postergar o gozo da licença-
maternidade para depois do parto, o que leva a mulher, nos meses
finais da gestação, a um de s gaste físico cada vez maior, o que
justifica o tratamento diferenciado em termos de jornada de trabalho
e período de descanso.
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15ª TURMA
Mantém-se.
2. Da verba de propriedade intelectual.
Melhor sorte não se reserva à alegação recursal de
que a verba de R$1.350,00, a título de “propriedade intelectual”, teria
natureza indenizatória, por convenção das partes.
Da mesma forma, a reclamada não fez prova de que
referidos pagamentos mensais referiam-se à produção intelectual da
autora e não eram mera parcela salarial de sua remuneração. Não
correlacionou respectivos pagamentos ao que teria sido objeto de
produção intelectual da autora, não bastando a simples alegação.
Mantém-se.
Proc. n° 0002368-86.2013.5.02.0020 11
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PROVIMENTO PARCIAL ao recurso ordinário da reclamante, para
acrescer à condenação: a)13º salários, férias com 1/3 em dobro e FGTS
com multa de 40% do período sem registro de 01.08.08 a 30.03.11; b)
integração da ajuda alimentação/refeição e do reembolso educação no
FGTS; c)horas extras, inclusive do intervalo intrajornada de lei e do art.
384 da CLT, com adicionais convencionais e seus respectivos reflexos em
descansos semanais remunerados e com eles em 13º salário, inclusive
proporcional, férias com 1/3, inclusive proporcionais, FGTS com 40% e
aviso prévio.Deverá a reclamada proceder à retificação da CTPS, com
admissão em 01.08.08, no prazo de 08 dias da ciência de sua juntada nos
autos, após o trânsito em julgado, sob pena de multa diária de 1/30 do
salário, até o limite do art. 412 do Código Civil, na omissão, sendo
providenciada pela Secretaria da Vara.
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