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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CRIMINAL

DA COMARCA DE IMAGINÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

JOSÉ, qualificado a fls. X, nos autos do processo em que o Ministério Público


lhe move, por seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
inconformado com a respeitável sentença de fls. X, interpor RECURSO DE
APELAÇÃO, com fundamento no art. 593, inciso I, do Código de Processo Penal.
Requer, após o recebimento desta, com as razões inclusas, seja intimado o
Ministério Público para, querendo, apresentar contra-razões, encaminhando-se os
autos, na sequência, ao Egrégio Tribunal de Justiça, onde será processado e provido o
presente recurso.

Termos em que,

Pede deferimento.

Cidade Imaginária, segunda-feira, 04 de dezembro de 2017.

________________________________
Advogado
Autos nº XXXXX
Apelante: JOSÉ
Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO

RAZÕES

Egrégio Tribunal de Justiça,

I – SINTESE DA DEMANDA

JOSÉ, qualificado nos autos, foi denunciado pelo Ministério Público pela prática
do crime previsto no art. 289, §1º porque ao sair de uma loja de conveniências em um
Posto de Gasolina da capital, foi abordado por policiais militares que encontraram, em
seu poder, uma nota falsa de cinquenta reais. No entanto, recebera a nota no caixa da
Loja de Conveniências, sem ter percebido se tratar de nota falsificada, o que foi
corroborado pela namorada, que o acompanhava.
Após, laudo pericial constatou a falsidade da moeda, apontando a semelhança
a uma verdadeira, apta a enganar as pessoas. Ao final da instrução criminal, instruída
pelo juízo estadual, foram apresentados os memoriais, através dos quais, o Ministério
Público requereu a condenação de José pautada nas circunstâncias da abordagem e
condução policial declarada nos autos e no laudo pericial sobre o objeto de delito.
Entretanto, José apresentou em seus memoriais a incidência principiológica do
favor rei, haja vista a circunstância em que o réu foi abordado e outros elementos
subjetivos não serem identificados na demanda.
Contudo, ainda assim, José foi condenado ao máximo de penal legal em
decisão proferida pelo juiz titular da 5ª Vara Criminal da Comarca de Imaginária do
Estado de São Paulo, cuja finalidade foi atingida na data de 27 de novembro de 2017.

O MM. Juiz, julgando procedente a pretensão punitiva, condenou-o ao


cumprimento da pena privativa de liberdade de doze anos de reclusão.

II - DA FUNDAMENTAÇÃO

Das preliminares

Da preliminar de nulidade por incompetência absoluta do juízo

O crime de moeda falsa, disciplinado no artigo 289, do Código Penal, é crime


de competência da Justiça Federal. Pelo que se observa, portanto, a nulidade por
incompetência absoluta do juízo estadual que condenou José ao máximo de pena
legal.
Nesse sentido, colacionamos alguns precedentes do Egrégio Tribunal
Regional Federal,
PROCESSUAL PENAL. MOEDA FALSA. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL. 1. Compete a Justiça Federal processar e julgar
o crime de moeda falsa previsto no artigo 289, § 1º , do Código Penal,
quando a falsificação, conforme o Laudo Pericial, é capaz de enganar
o homem comum. 2. Recurso provido. (RECURSO EM SENTIDO
ESTRITO RSE 31579 MG 0031579-95.2010.4.01.3800. Rel.
Desembargador Federal Mário César Ribeiro. TRF1, Quarta Turma.
Pub.: 23/01/2012, e-DJF-1, p.215).

Bem como o Superior Tribunal de Justiça,

CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA. CRIME DE MOEDA FALSA.
FALSIFICAÇÃO DE BOA QUALIDADE CONSTATADA PELA
PERÍCIA. APTIDÃO PARA ENGANAR TERCEIROS.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. Para a
configuração do crime de moeda falsa, previsto no art.
289, § 1º, do Código Penal , é necessário que se
evidencie a chamada imitatio veri, ou seja, é preciso que
a falsidade seja apta a enganar terceiros, dada a
semelhança da cédula falsa com a verdadeira. 2.
Constatada pela perícia que a falsificação das cédulas
contrafeitas poderia iludir o homem comum, como de
fato ocorreu, verifica-se, em princípio, a configuração do
referido crime, cuja competência é da Justiça Federal.
3. Conflito conhecido para declarar competente o
Juízo Federal e Juizado Especial Cível de Guarapuava -
SJ/PR, o suscitante. (CONFLITO DE COMPETENCIA CC
117751 PR 2011/0141218-9. Rel. Ministro Marco Aurélio
Bellizze. STJ, Terceira Seção. Pub.: 14/05/2012, e-DJe).

Da preliminar de nulidade por cerceamento de defesa

Da preliminar de extinção da punibilidade

Da preliminar de nulidade por violação ao método trifásico de fixação da pena privativa


de liberdade

Data vênia, percebe-se também, Excelência, que houve violação ao método


trifásico de fixação da pena privativa de liberdade ao ter sido o ora apelante
condenado ao máximo de pena legal, quando, portanto, deixaram de ser analisadas as
circunstâncias atenuantes que repercutiriam na diminuição da pena então imposta.
Dessa forma, com a devida análise das circunstâncias do suposto crime
imputado ao apelante, encontrar-se-ia a possibilidade de substituição da pena privativa
de liberdade por pena restritiva de direitos, conforme dispõe o art. 59, IV do Código
Penal, que prevê no momento da fixação da pena, que seja estabelecida a
“substituição de da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se
cabível”.
Da preliminar de nulidade por ausência de manifestação quanto à suspensão
condicional da execução da pena

Do mérito
(Ao iniciar o mérito, lembre-se de fazer a “passagem”, ex. “Pelo princípio da
eventualidade, superada a matéria preliminar” ou “Por amor ao debate, superada
a matéria preliminar”)

Da absolvição por estar provada a inexistência do fato11


Da absolvição por não haver prova da existência do fato12
Da absolvição por não constituir o fato infração penal13
Da absolvição por não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal14
No caso em questão, deve-se ressaltar Excelência, que não foi levado em
consideração a ausência do elemento subjetivo do dolo para a prática da conduta do
crime previsto no art. 289, §1º. Já é assente no entendimento doutrinário, bem como
nos posicionamentos dos Tribunais pátrios, que no caso de recebimento por boa-fé, a
simples guarda das cédulas não constitui crime. De forma que, não se identificando o
animus delinquendi na conduta, não constitui crime.
Sendo assim, chega-se à conclusão de que a modalidade de guarda do crime
de moeda falsa não deve ser interpretada literalmente, sob pena de se punir quem na
verdade merece ser protegido. No caso em questão, analisando-se as circunstâncias
da abordagem, é possível apreender que não havia intenção da conduta típica, visto
que, a própria semelhança da única nota encontrada com uma nota verdadeira
demonstra que o apelante não tinha conhecimento da nota falsificada, muito menos,
portanto, a intenção de praticar a conduta descrita no tipo penal do art. 289, §1º do
Código Penal.
Como o MPF não comprovou que o suspeito sabia da falsificação e não foram
encontradas outras notas falsas com ele, não é possível comprovar o dolo. A não
comprovação que o réu tinha conhecimento da falsidade, além do fato de não terem
sido encontradas outras notas falsas em seu poder, faz prosperar a alegação de
ausência de dolo. Aplica-se, ao caso, o princípio in dubio pro reo por haver dúvida
quanto à configuração do elemento subjetivo.
A materialidade mostra-se comprovada pelo auto de apresentação e
apreensão, bem como o laudo de exame de moeda (cédula), o qual afirma que a
cédula de 50 reais encaminhada para exame é falsa, podendo passar como autêntica
no meio circulante, a autoria, entretanto, não se fez aparente nos autos. Em seu
depoimento perante a 5ª Vara Criminal da Comarca de Imaginária do Estado de São
Paulo, o apelado alega que não sabia que a nota era falsa, o que carece atribuir a ele
a autoria.
O delito imputado ao acusado só admite a forma dolosa. Assim, o agente
precisa ter consciência da falsidade do objeto para que lhe sobrevenha as sanções
previstas no art. 289, § 1º do Código Penal.

Da absolvição por existir circunstância excludente de ilicitude15


PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, AUSÊNCIA DE DOLO

Da absolvição por existir circunstância excludente de culpabilidade16


Da absolvição por não existir prova suficiente para a condenação17
Da necessidade de redução da pena privativa de liberdade e adoção de regime
prisional mais brando

Da necessidade de reforma da sentença para a substituição da pena privativa de


liberdade por restritiva de direitos18

Da necessidade de reforma da sentença para a concessão da suspensão condicional


da execução da pena

9 Determina a norma prevista no art. 59, IV, do Código Penal, a obrigatória manifestação quanto à substituição da pena
privativa de liberdade.
10 Determina a norma prevista no art. 157 da Lei de Execução Penal, a obrigatória manifestação quanto à substituição
da pena privativa de liberdade.
11 Artigo 386, I, do Código de Processo Penal.
12 Artigo 386, II, do Código de Processo Penal.
13 Artigo 386, III, do Código de Processo Penal.
14 Artigo 386, IV, do Código de Processo Penal.
15 Artigo 386, V, do Código de Processo Penal.
16 Artigo 386, V, do Código de Processo Penal.
17 Artigo 386, VI, do Código de Processo Penal.
18 Os requisitos estão inseridos no art. 44 do Código Penal.

III - DO PREQUESTIONAMENTO

Concessa venia, para efeitos de atendimento à orientação sumulada pelo E.


Supremo Tribunal Federal, fica prequestionada a matéria infraconstitucional (ou
constitucional) debatida nestes autos, especialmente em relação ao artigo _________
(indicar o dispositivo infraconstitucional ou constitucional violado).

IV – DAS CONCLUSÕES

Isso posto, invocando em prol os doutos subsídios desta AUGUSTA CORTE,


conhecido o recurso, requer o Apelante:

1 – (matéria preliminar)

2 – Superada a preliminar, pelo princípio da eventualidade, no mérito, ____.

3 - Por fim, requer sejam debatidas todas as questões versadas no presente


recurso para fins de prequestionamento.

(nome da cidade), 27 de novembro de 2017.

_______________________
Advogado

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