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Direito Internacional

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
Sumário ........................................................................................................................... 1
1. Prova do TRF 1ª Região de 2013 ............................................................................ 3
1.1 Questão de n. 93 ............................................................................................... 3
1.2 Questão de n. 94 ............................................................................................... 6
1.3 Questão de n. 95 ............................................................................................... 9
1.4 Questão de n. 96 ............................................................................................. 12
1.5 Questão de n. 97 ............................................................................................. 14
1.6 Questão de n. 98 ............................................................................................. 15
1.7 Questão de n. 99 ............................................................................................. 15
1.8 Questão de n. 100 ........................................................................................... 16
2. Prova TRF 5ª Região de 2012................................................................................ 18
2.1 Questão de n. 97 ............................................................................................. 20
2.2 Questão de n. 98 ............................................................................................. 21
2.3 Questão de n. 99 ............................................................................................. 22
2.4 Questão de n. 100 ........................................................................................... 23
3. Prova MPF de 2013 ............................................................................................... 26
3.1 Questão de n. 11 ............................................................................................. 26
3.2 Questão de n. 12 ............................................................................................. 27
3.3 Questão de n. 13 ............................................................................................. 28
3.4 Questão de n. 14 ............................................................................................. 29
3.5 Questão de n. 15 ............................................................................................. 30
3.6 Questão de n. 16 ............................................................................................. 31
3.7 Questão de n. 17 ............................................................................................. 33
3.8 Questão de n. 18 ............................................................................................. 34
3.9 Questão de n. 19 ............................................................................................. 35
3.10 Questão de n. 20 ......................................................................................... 36
3.11 Questão de n. 51 ......................................................................................... 38
3.12 Questão de n. 52 ......................................................................................... 39

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3.13 Questão de n. 53 ......................................................................................... 40


3.14 Questão de n. 54 ......................................................................................... 40
3.15 Questão de n. 56 ......................................................................................... 41

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1. Prova do TRF 1ª Região de 2013


1.1 Questão de n. 93
 TRF1 – 2013 – 93 – Considerando as fontes jurídicas do direito internacional
público, assinale a opção correta. (ANULADA)
 A) Conforme precedentes da Corte Internacional de Justiça, a autoridade de
coisa julgada é princípio fundamental do direito internacional público.
Comentários: a questão foi anulada, porém o gabarito oficial considerou tal assertiva
correta. Sobre a questão faz-se necessário algumas observações.
Observação1. O rol do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça que arrola
as fontes de direito internacional, divididas em fontes principais e meios auxiliares.
As fontes principais segundo o estatuto são os tratados, os costumes e os princípios
gerais de Direito. Segundo o art. 38, os meios auxiliares são a doutrina e a jurisprudência. O
art. 38 não esgota as fontes do Direito Internacional Público, é por isto que estas fontes
mencionadas no art. 38, chamadas de fontes estatutárias, porque previstas no Estatuto da
Corte internacional. As outras fontes são chamadas de fontes extra estatutárias, porque não
previstas no estatuto, tais como: a equidade, soft law, jus cogens.
Observação2. O conceito: princípios gerais de direitos são normas jurídicas dotadas de
um grau maior de generalidade e abstração.
Estes “princípios gerais de direito” diferem de “princípios gerais do direito”. Segundo
a doutrina internacionalista, os princípios gerais de direito são aqueles de ordem interna do
Estado, possuem reconhecimento pela generalidade dos Estados e por isso têm
repercussão/importância no direito internacional. Já os princípios gerais do direito, segundo
a doutrina internacionalista, são aqueles princípios próprios do direito internacional, são
adotados pela humanidade. Quando o rol do art. 38 fala em princípios de direito internacional,
não está se referindo aos princípios de direito internacional, está falando sobre os princípios
de ordem domestica com repercussão no direito internacional.
 Princípios gerais de direito: boa-fé, coisa julgada e pacta sunt servanda.
 Princípios gerais do direito: princípio da não intervenção, autodeterminação
dos povos, princípio da proteção dos direitos humanos. Ou seja, são princípios inerentes ao
direito internacional.
Observação3. Celso Albuquerque Mello afirma que a jurisprudência internacional
consagra como exemplo de princípio geral do direito a coisa julgada.
Observação4. Caso Efeito da sentença do Tribunal Administrativo das Nações Unidas
(1954). Precedente da Corte Internacional de Justiça no qual a corte afirma que a coisa julgada
é um princípio geral de direito.
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Observação5. O único problema na assertiva “A” é que sua redação usa a terminologia
diferente da usada no Estatuto, a questão trata de “princípio fundamental do direito
internacional público” enquanto que o Estatuto nomeia como “princípio geral de direito”.
Mesmo assim a assertiva está correta.
 B) Não se admite a realização, pelo Congresso Nacional, de denúncia de tratado
internacional.
Comentários: esta assertiva, de acordo com o posicionamento oficial do governo
brasileiro, está correta.
Observação1. Conceito de denúncia: é um ato unilateral por meio do qual o Estado
manifesta firmemente a sua intenção de sair do tratado.
Observação2. Procedimento da denúncia. No Direito Brasileiro a tese consagrada é a
de que a competência para denuncia tratado é exclusiva do presidente da república,
entendimento que vigora desde 1926.
Em 1926 o presidente da república fez uma consulta ao Itamaraty e Clóvis Bevilaqua
então consultor jurídico do Itamaraty, apresentou parecer no qual dizia que a competência da
denunciar tratados é exclusiva do presidente da república. Ou seja, apesar da incorporação
do tratado há a necessidade de participação do Congresso Nacional, a denúncia dispensa a
participação do legislativo.
Ocorre que este entendimento é muito controverso na doutrina, a exemplo, Pontes de
Mirante diz que isto contraria os princípios constitucionais, bem como contraria o princípio do
paralelismo das formas. Como já foi dito, se o CN participa do processo de incorporação,
deveria participar também do processo de denúncia do tratado.
Observação3. A questão foi posta no STF por meio da ADI 1625 na qual impugnou-se
um decreto presidencial que denunciou a Convenção n. 158 da OIT em 2001. E esta ADI está
pendente de julgamento no STF, nela o Supremo irá decidir se o Congresso deve ou não
participar do processo de denuncia dos tratados.
Em que pese o questionamento no STF, o entendimento atual é o de que o Congresso
Nacional não participa da denúncia (competência exclusiva do presidente da república) e,
portanto a assertiva “B” está correta.
 C) Em decorrência do exercício da soberania, a reserva pode ser aposta ao
tratado internacional, ainda que não expressamente prevista e independentemente de seu
teor.
Comentário: reserva é ato por meio do qual o Estado ao assinar/adotar/ratificar o
tratado informa que não adota determinada previsão no texto do tratado. A assertiva “C” está
errada, sobre isto veja os dispositivos da Convenção de Viena de 1969:

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Art. 19. Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele
aderir, formular uma reserva, a não ser que:
a) a reserva seja proibida pelo tratado.
b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as
quais não figure a reserva em questão; ou
c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e
a finalidade do tratado.

Ainda que não haja proibição, se a reserva dor incompatível com o tratado a reserva
será incabível e é por isto que a assertiva “C” está errada.
 D) O Brasil não ratificou formalmente a Convenção de Viena sobre Direito dos
Tratados, de 1969, embora a aplique em situações concretas.
Comentário: cinco anos atrás esta assertiva dizendo que o Brasil não ratificou a
Convenção de Viena de 1969 estaria correta, mas atualmente está errada, porque a
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 foi ratificada pelo Brasil, aprovada
pelo Legislativo através do Decreto Legislativo n. 496/09 e promulgada pelo Executivo através
do Decreto n. 7.030/09.
Observação. A que ainda não foi ratificada é a Convenção de Viena de 1986, que trata
de direito dos tratados entre organizações internacionais. Ainda não entrou em vigor e
continua pendente de ratificação pelo Brasil.
 E) No Estatuto da Corte Internacional de Justiça, constam expressamente
princípios do direito internacional, além de estar prevista sua aplicação.
Comentário: esta assertiva está errada. O Estatuto da CIJ não fala de princípios do
internacional, fala de princípios do direito interno que foram consagrados por várias nações e
que por isto tem relevância no Direito Internacional. Ademais, o Estatuto não menciona
nenhum princípio em específico, veja o art. 38 do Estatuto da CIJ:
Art. 38. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as
controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:
(...)
c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;

Observação. A expressão “pelas nações civilizadas” causa certo desconforto porque


revela que na época da elaboração do Estatuto havia uma visão eurocêntrica, pela qual apenas
os países europeus seriam nações civilizadas, apenas os princípios adotados nos países
europeus é que deveriam ser aplicados. É claro que tal posição não pode prevalecer hoje,
porém a análise do Estatuto revela esta visão eurocêntrica.

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1.2 Questão de n. 94
 TRF1 – 2013 – 94 - Com relação ao instituto da personalidade jurídica
internacional, assinale a opção correta.
 A) O STF entende ser relativa a imunidade de jurisdição das organizações
internacionais.
Comentário: sobre a assertiva “A” veja o Info 706, STF:
A Organização das Nações Unidas - ONU e sua agência Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento - PNUD possuem imunidade de jurisdição e de execução relativamente
a causas trabalhistas (RE 578543/MT, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min.
Teori Zavascki, 15.5.2013).

A assertiva está errada porque o STF não entende como imunidade relativa e sim uma
imunidade absoluta, isto porque o fundamento da imunidade dos Estados é diferente do
fundamento da imunidade das organizações internacionais.
O que fundamenta a imunidade dos Estados é o costume antigo, representado pela
máxima par in parem non habet iudicis – entre iguais não há jurisdição. Então há este costume
já consagrado de que os Estados tem imunidade.
Observação1. Inicialmente a imunidade dos Estados era absoluta, depois se elaborou
diferenciação entre atos de império e atos de gestão. Os atos de império são aqueles em que
o Estado atua como Estado, com sua soberania, enquanto os atos de gestão são aqueles atos
nos quais em tudo o Estado se assimila a um particular. Atualmente há um entendimento
consagrado no STF de que não se aplica imunidade de jurisdição quando o Estado pratica atos
de gestão.
Observação2. Segundo o Supremo, em relação aos atos de gestão não se aplica
imunidade de jurisdição, aplica-se apenas a imunidade de execução. Imunidade de jurisdição
é impedimento de um Estado ser julgado por outro. Imunidade de execução é o impedimento
de um Estado ter seus bens conscritos por outro Estado. Então em relação a imunidade de
jurisdição dos Estados não se aplica aos atos de gestão, já a imunidade de execução é absoluta.
Observação3. Já o fundamento da imunidade das organizações internacionais é
diverso, ao invés de ser um costume, a imunidade advém de tratados. As organizações
internacionais celebram tratados e neles são previstas as imunidades. Saliente-se que
inicialmente a imunidade dos Estados não estava prevista em tratados, posteriormente o
foram, já sobre as organizações internacionais a imunidade sempre foi prevista em tratados.
Observação4. Os atos das organizações internacionais não são divididas entre atos de
império e atos de gestão. Por isto, para o Supremo a imunidade das organizações
internacionais é absoluta.
Neste sentido, a Min. Hellen Grace no info. 706 STF:

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Reclamação trabalhista contra a ONU/PNUD: imunidade de jurisdição e execução - 3


A Organização das Nações Unidas - ONU e sua agência Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento - PNUD possuem imunidade de jurisdição e de execução relativamente
a causas trabalhistas. Essa a conclusão do Plenário que, por votação majoritária, conheceu
em parte de recursos extraordinários interpostos pela ONU e pela União, e, na parte
conhecida, a eles deu provimento para reconhecer afronta à literal disposição contida na
Seção 2 da Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas, promulgada pelo
Decreto 27.784/50 (“Seção 2 - A Organização das Nações Unidas, seus bens e haveres,
qualquer que seja sua sede ou o seu detentor, gozarão da imunidade de jurisdição, salvo
na medida em que a Organização a ela tiver renunciado em determinado caso. Fica,
todavia, entendido que a renúncia não pode compreender medidas executivas”). Na
espécie, a ONU/PNUD questionava julgado da justiça do trabalho que afastara a
imunidade de jurisdição daquele organismo internacional, para fins de execução de
sentença concessiva de direitos trabalhistas previstos na legislação pátria a brasileiro
contratado pelo PNUD. A União ingressara no feito, na condição de assistente simples da
ONU/PNUD, apenas na fase executiva — v. Informativo 545.
RE 597368/MT, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki,
15.5.2013. (RE-597368)
RE 578543/MT, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki,
15.5.2013. (RE-578543)

 B) Os elementos considerados na identificação do Estado como sujeito de


direito internacional não incluem a capacidade para entabular relações internacionais.
Comentário: está errado porque incluem sim a capacidade para entabular relações
internacionais. Esta assertiva exige o conhecimento sobre a Convenção de Montevideo sobre
direitos e deveres dos Estados:
Art. 1 º. O Estado como pessoa de Direito Internacional deve reunir os seguintes requisitos.
I. População permanente.
II. Território determinado.
III. Govêrno.
IV. Capacidade de entrar em relações com os demais Estados.

 C) O princípio da autodeterminação aplica-se aos casos de secessão de Estado.


Comentário: esta assertiva “C” está errada, veja as observações que seguem.
Observação1. Princípio da autodeterminação dos povos. Este princípio sempre teve
duas concepções, a primeira delas é que o direito a autodeterminação significava um direito
a um autogoverno, ou seja, um povo diz quem o governará. E a segunda concepção é o direito
a secessão.
Inicialmente, na elaboração teórica do princípio da autodeterminação dos povos, o
primeiro autor a defender o direito a secessão com base no autodeterminação dos povos foi
Lenin (sim, o teórico russo). No entanto quando a ONU consagrou este princípios em seus arts.

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1º e 55 da Carta da ONU, a concepção ali consagrada não reconhece o direito a secessão


(versão moderada).
Observação2. E a CIJ tem adotado este entendimento moderado em diversos
precedentes. Inclusive nos precedentes da CJI há sempre um conflito entre a
autodeterminação dos povos versus a integridade territorial dos Estados, v.g. povos como
Kosovo reivindicando independência em relação à Sérvia, alguns povos da Espanha, conflitos
separatistas na Geórgia, ou seja, existem vários povos que buscam a sua independência e
querem a sua autodeterminação. Então a CIJ em diversos casos teve que decidir ponderando
estes princípios. Ao mesmo que tempo que estes povos possuem o direito a secessão, a CIJ
tem que observar o princípio da integridade territorial, segundo o qual o Estado tem o direito
de manutenção sobre o seu território.
Em resumo: atualmente o princípio da autodeterminação dos povos não contempla o
direito a secessão.
 D) Aos grupos nacionais beligerantes que se rebelarem contra o governo
constituído com vistas à criação de um novo Estado não será reconhecida a personalidade
jurídica internacional.
Comentário: a assertiva “B” está correta. A questão fala sobre nacionais beligerantes,
é necessário então algumas observações sobre os sujeitos de DIP.
Observação1. O Estado é um sujeito de direito internacional por excelência, é formado
por povo, soberania e capacidade para estabelecer relações com outros estados, é a principal
estrela da constelação do direito internacional.
Observação2. As Organizações Internacionais são entidades formadas por meio de
tratados, reunião de vários Estados com estrutura institucional estabelecida e com fins
previstos em seus tratados constitutivos. Há algum tempo as organizações internacionais não
tinham a sua personalidade jurídica reconhecida, porém hoje não há dúvida que têm
personalidade jurídica de direito internacional.
Observação3. Outras coletividades: beligerantes, insurgentes e nações em luta pela
soberania. Quem são estas figuras?
Os beligerantes são movimentos que buscam independência nacional, buscam uma
modificação do regime constitucional, uma ruptura institucional. São movimentos
organizados que podem chegar a um grau de organização tão grande a ponto de serem
reconhecidos como entidade internacional e, neste caso, terão personalidade jurídica de
direito internacional. Exemplo: os confederados da guerra de secessão dos EUA.
Os insurgentes são a mesma coisa, apenas com um grau menor de importância, com
grau menor de organização. Geralmente se restringem a movimentos militares e locais.
Exemplo: Revolta da Armada no Brasil.

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Nações em luta pela soberania são as nações que buscam o reconhecimento, que
buscam um Estado para si. Exemplo: autoridade Palestina.
Observação4. A personalidade jurídica de Indivíduos no DIP ainda é controversa. A
tendência é começar a considerar os indivíduos também como sujeitos de DIP, sob os
seguintes argumentos: a) os indivíduos são destinatários de normas específicas, destinatários
diretos de normas de direito internacional; b) os indivíduos podem responder na ordem
internacional por seus crimes, como o que acontece no Tribunal Penal Internacional.
 E) Conforme entendimento do STF, admite-se a perda da nacionalidade de
brasileiro cuja naturalização seja cancelada por sentença judicial condenatória pela prática de
atividade nociva ao interesse nacional.
Comentário: o examinador colocou “conforme o entendimento do STF”, mas na
verdade a assertiva é uma transcrição do art. 12, CRFB:
CRFB. Art. 12. § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva
ao interesse nacional;

Observação. O art. 12, CRFB sempre cai em prova, outra coisa que sempre cai é a
LINDB. Recomenda-se a leitura destes dispositivos antes da prova. Nacionalidade e condição
jurídica do estrangeiro (especialmente para magistratura) são os pontos de maior incidência.

1.3 Questão de n. 95
 TRF1 – 2013 – 95 - No que se refere à condição jurídica do estrangeiro, assinale
a opção correta de acordo com o direito brasileiro.
 A) Conforme entendimento do STF, não se admite a expulsão de estrangeiro
que possua filho brasileiro, ainda que esse filho nunca tenha vivido sob sua guarda.
Comentário: a assertiva “A” está errada pelo trecho final “ainda que esse filho nunca
tenha vivido sob sua guarda”, é disposição literal do Estatuto de Estrangeiro (Lei n. 6.815/80):
Art. 75. Não se procederá à expulsão:
II - quando o estrangeiro tiver:
b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa
economicamente.

STF, HC 100793:
EXPULSÃO – CÔNJUGE BRASILEIRO. O óbice à expulsão, previsto na alínea “a” do inciso II
do artigo 75 da Lei nº 6.815/80, pressupõe esteja o estrangeiro casado há mais de cinco
anos e, em se tratando de união estável, não haver impedimento para a transformação
em casamento. EXPULSÃO – FILHO BRASILEIRO – REQUISITO LEGAL. Conforme versado na
alínea “b” do inciso II do artigo 75 da Lei nº 6.815/80, a existência de filho brasileiro

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somente obstaculiza a expulsão quando, comprovadamente, esteja sob a guarda e


dependência do estrangeiro. PORTUGUÊS COM RESIDÊNCIA PERMANENTE NO BRASIL –
DIREITOS INERENTES AO BRASILEIRO – ALCANCE DO ARTIGO 12, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. A eficácia do disposto no referido preceito depende de requerimento do súdito
português e da aquiescência do Estado brasileiro, não operando efeitos automáticos.
Precedentes: Extradição nº 890, relatada pelo Ministro Celso de Mello, no Plenário, em 5
de agosto de 2004, com acórdão publicado no Diário da Justiça de 28 de outubro de 2004.
(HC 100793, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 02/12/2010,
DJe-020 DIVULG 31-01-2011 PUBLIC 01-02-2011 EMENT VOL-02454-03 PP-00542 RT v.
100, n. 907, 2011, p. 398-403)

Observação. Expulsão e deportação são coisas diferentes. A deportação tem como fato
gerador a irregularidade na entrada ou na estada do estrangeiro no Brasil. Já a expulsão tem
como fato gerador algum ato nocivo, algum ato atentatório a soberania à ordem pública
brasileira.
 B) Não se admite a concessão de visto a estrangeiro condenado em outro país
pela prática de crime doloso, sendo a concessão admitida, entretanto, se o estrangeiro estiver
sendo processado no momento da requisição.
Comentário: pode-se pensar em observar o princípio da presunção da inocência,
porém é preciso lembrar que o visto é um ato discricionário e de soberania, veja a disposição
do Estatuto do Estrangeiro (Lei n. 6.815/80):
Art. 7º Não se concederá visto ao estrangeiro:
(...)
IV - condenado ou processado em outro país por crime doloso, passível de extradição
segundo a lei brasileira;

Ou seja, a simples processamento do indivíduo é país estrangeiro já é motivo para


negar visto a ele.
 C) Conforme entendimento do STF, o ato de entrega de extraditando, de
competência do presidente da República, pode ser analisado pelo Poder Judiciário.
Comentário: a assertiva “C” está errada. Provavelmente esta assertiva se baseou na
Questão de Ordem n. 1085, o famoso caso de Cesare Battisti.
Questão de Ordem na Extradição nº 1.085: “A decisão de deferimento da extradição não
vincula o Presidente da República, nos termos dos votos proferidos pelos Senhores
Ministros Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Carlos Britto, Marco Aurélio e Eros Grau”.

O entendimento do Supremo a respeito da competência da extraditar é o seguinte:


Observação1. Há uma participação tanto do Poder Executivo quanto do Judiciário. O
Poder Judiciário resolve o dilema jurídico e o Executivo o dilema político. Então o Judiciário

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analisa se é possível extraditar ou não, se há alguma vedação legal ou não. Depois da


manifestação do Supremo o presidente da república decide se irá ou não extraditar.
Observação2. A decisão do Judiciário só vincula o presidente da república se disser que
não é possível extraditar, neste caso o presidente da república não poderá analisar a
extradição. Noutro giro, se o Judiciário disser que pode extraditar, o presidente da república
tem um ato discricionário (e de soberania) e decidirá por extraditar ou não.
 D) Admite-se a extradição de estrangeiros independentemente da celebração
de tratado internacional com o país solicitante.
Comentário: correto, não é preciso haver tratado basta uma promessa de
reciprocidade. Veja o que diz o Estatuto do Estrangeiro (Lei n. 6.815/80):
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo requerente se fundamentar
em tratado, ou quando prometer ao Brasil a reciprocidade.

 E) A concessão de refúgio é medida discricionária, ao passo que a concessão de


asilo depende do preenchimento de determinados requisitos pelo solicitante.
Comentário: a assertiva “E” está errada, na verdade está invertida. A concessão de
refúgio é medida vinculada e a de asilo, segundo doutrina majoritária, é discricionária.
Observação1. Do Asilo.
O asilo é a proteção dada por um Estado a um indivíduo cuja vida, liberdade ou
dignidade estejam ameaçadas pelas autoridades de outro Estado.
O asilo tem duas características importantes: a) a motivação da perseguição é política;
b) sua concessão é ato discricionário (isto segundo a doutrina majoritária, porque há vozes
divergentes).
Existem dois tipos de asilo, o asilo territorial e o asilo diplomático. Asilo territorial: a
proteção se dá no próprio território do Estado que concede o asilo. Asilo diplomático: a
proteção se dá na embaixada diplomática que concede o asilo, exemplo: Zelaya preso em
Honduras, ficou na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, foi o caso em que o Brasil concedeu
asilo diplomático ao presidente de Honduras.
O asilo diplomático é sempre preliminar, ele não se exaure em si, é sempre
considerado uma fase preliminar ao asilo territorial.
Observação2. Do refúgio.
Semelhante ao asilo, também é concedido à pessoa que sobre perseguição, em risco a
sua liberdade, vida e dignidade. Porém, a motivação das perseguições é em razão de raça,
grupo social, religião e penúria. Enquanto a motivação da perseguição do asilo tem natureza
política, a do tão o refúgio é diversa, tem natureza humanitária.
No refúgio, geralmente a perseguição é coletiva.
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E a doutrina entende que a concessão do refúgio é obrigatória em razão do princípio


non refoulement – não se deve negar refúgio a quem necessidade – então é um ato vinculado,
se a pessoa precisa de refúgio e se enquadra na situação o Estado não pode negar.
Observação3. Alguns autores entendem que também não é possível negar asilo, mas
esta ainda não é posição majoritária.

1.4 Questão de n. 96
 TRF1 – 2013 – 96 - Considerando a proteção internacional dos direitos
humanos, assinale a opção correta.
 A) O direito de asilo, admitido por diversos ordenamentos jurídicos, como, por
exemplo, o brasileiro, não é expressamente previsto como um direito humano em normas
internacionais.
Comentário: errado, pois o direito a asilo está previsto no art. 4º, X, CRFB e também
na convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose de Costa Rica).
CRFB. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais
pelos seguintes princípios:
X - concessão de asilo político.

Convenção Americana de Direitos Humanos.


7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro, em caso
de perseguição por delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo
com a legislação de cada Estado e com as Convenções internacionais.

Então o asilo é direito reconhecido no DIP por tratados de direitos internacionais.


 B) Conforme previsão expressa no Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, as normas dele constantes têm aplicação imediata.
Comentário: ainda que o candidato não conheça o teor do pacto internacional, pela
natureza dos direitos já se pressupões que estes direitos não tem aplicação imediata, são
progressivos, não podem ser todos estabelecidos/efetivados de uma só vez.
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais:
Art. 2º. 1. Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a adotar medidas, tanto
por esforço próprio como pela assistência e cooperação internacionais, principalmente nos
planos econômico e técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a
assegurar progressivamente, por todos os meios apropriados, o pleno exercício dos
direitos reconhecidos no presente Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas
legislativas.

Então os direitos econômicos, sociais e culturais reconhecidos no pacto acima tem


efetivação progressiva, e isto é previsto no próprio tratado.

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 C) Dado o princípio da tipicidade, não se admite a estipulação, em normas


consuetudinárias, da proibição de tortura, prevista em diversos tratados internacionais.
Comentário: a assertiva está errada, pois admite-se a proibição de tortura em normas
consuetudinárias. A jurisprudência da CIJ reconheceu que a proibição da tortura é um direito
consuetudinário. Trata-se do famoso Caso Habré.
Observação. O caso Habré. Habré foi um ditador no país de Chade na África, Habré se
escondeu no Senegal e a Bélgica, o que gerou um conflito entre os dois estados, porque a
Bélgica pediu a extradição do ex-ditador ao Senegal por conta dos crimes que ele havia
cometido contra a humanidade, Senegal se negou a extraditar. Esta questão chegou à Corte
Internacional de Justiça e lá foram consagradas duas teses:
Tese1. A Convenção de 1984 estabelece uma obrigação internacional de processar e
uma opção do Estado de extraditar (aut dedere aut judicare). Esta tese significa que os Estados
tem a obrigação ou de processar ou extraditar a pessoa, a lógica deste entendimento é de que
a pessoa não pode ficar sem punição. Este foi inclusive o entendimento consagrado pela CIJ
no Caso Habré.
Tese2. A proibição da tortura é norma consuetudinária, mas esta obrigação só é exigível
após a entrada em vigor da Convenção. Ou seja, o reconhecimento da proibição da tortura
não necessita de tratado porque já era reconhecida pelo direito consuetudinário, porém a
obrigação só é exigível a partir da entrada em vigor da Convenção sobre a tortura.
 D) O direito dos povos indígenas recebe, nas normas de direito internacional,
tratamento idêntico ao reservado ao direito de qualquer outra minoria.
Comentário: está errado porque o direito dos povos indígenas recebe tratamento
específico dado pela Declaração da ONU sobre os direitos dos povos indígenas.
 E) Em caso de violação de direitos humanos, admite-se a mitigação da norma
que apregoa a negação de intervenção em assuntos internos.
Comentário: correto, pois este é o atual entendimento da ONU. Está se tratando da
tese “Responsibility to protect” – responsabilidade de proteger. O que é isto?
Observação1. Histórico. Esta teoria surgiu a partir de graves violações aos direitos
humanos que ocorreram no Kosovo e a comunidade internacional começou a discutir se
aquele Estado que não garante a proteção de direitos humanos de sua população tem a
obrigações de admitir a intervenção de outros Estados ou se é possível admitir a intervenção
de outros Estados em assuntos internos para proteção de direitos humanos. Isto foi discutido
na ONU até que o então secretário geral Kofi Annan adotou o entendimento de que é possível
a intervenção humanitária para proteção de direito humano em caso de grave violação.
Observação2. Os requisitos para esta intervenção são rigorosos. Primeiro, esta violação
deve ser realmente muito grave, não é qualquer violação que autoriza a intervenção

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humanitária. Segundo, a intervenção humanitária deve ser a ultima ratio, a última medida a
disposição para resolver aquele problema.
Em resumo: a intervenção humanitária é admitida hoje em caso de grave violação de
direito humano e por isto a assertiva “E” está correta.

1.5 Questão de n. 97
 TRF1 – 2013 – 97 - Conforme expressamente estabelecido no Estatuto de
Roma, o Tribunal Penal Internacional (TPI) pode aplicar (ANULADA)
 A) os princípios gerais de direito interno das organizações internacionais.
 B) os contratos de Estado.
 C) o regulamento processual do TPI.
 D) a equidade.
 E) a doutrina.
Comentário: esta questão foi anulada, o gabarito preliminar era a assertiva “C”
regulamento processual do TPI. Veja o que diz o Estatuto do TPI:
1. O Tribunal aplicará:
a) Em primeiro lugar, o presente Estatuto, os Elementos Constitutivos do Crime e o
Regulamento Processual;
b) Em segundo lugar, se for o caso, os tratados e os princípios e normas de direito
internacional aplicáveis, incluindo os princípios estabelecidos no direito internacional dos
conflitos armados;
c) Na falta destes, os princípios gerais do direito1 que o Tribunal retire do direito interno
dos diferentes sistemas jurídicos existentes, incluindo, se for o caso, o direito interno dos
Estados que exerceriam normalmente a sua jurisdição relativamente ao crime, sempre que
esses princípios não sejam incompatíveis com o presente Estatuto, com o direito
internacional, nem com as normas e padrões internacionalmente reconhecidos.
2. O Tribunal poderá aplicar princípios e normas de direito tal como já tenham sido por si
interpretados em decisões anteriores. [Ou seja, está tratando da jurisprudência]

Esta questão foi anulada porque segundo a Banca quando a assertiva utilizou a
expressão “pode aplicar” retirou a objetividade da assertiva, a Banca queria a disposição literal
do Estado do Roma. Saliente-se que apesar de não estar previsto expressamente o TPI pode
aplicar o seu regulamento.

1
Foi traduzido como princípios gerais do direito, porém quer dizer princípios gerais de direito, tanto é que o dispositivo
prossegue com “que o Tribunal retire do direito interno dos diferentes sistemas jurídicos existentes”.

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1.6 Questão de n. 98
 TRF1 – 2013 – 98 - Considere que o Estado A tenha adentrado o espaço aéreo
do Estado B sem a sua autorização e que, após tratativas diplomáticas, ele tenha reconhecido
que cometera uma violação ao direito do Estado B, tendo apresentado pedido formal de
desculpa pelo ocorrido. Nessa situação, de acordo com os artigos da Comissão de Direito
Internacional da ONU sobre Responsabilidade Internacional dos Estados, o reconhecimento
da violação e o pedido de desculpas realizado pelo Estado A caracterizam a forma de
reparação denominada:
 A) danos morais.
 B) garantia de não repetição.
 C) restituição.
 D) compensação.
 E) satisfação.
Observação1. Draft Articles on Responsability of States for Internacionally Wrongful
Acts. O tema sobre a responsabilidade internacional sempre foi objeto de normas
costumeiras, não existe um tratado internacional que regule a responsabilidade internacional
por atos ilícitos. Em 2001 a CDI da ONU numa tentativa de codificar a responsabilidade
internacional elaborou estes esboços de artigos, o nome está em inglês porque foi assim
citado tanto na prova do TRF1 quanto na prova do MPF.
Observação2. Estes artigos citam as seguintes formas de reparação: restituição
(restaurar o status quo ante), indenização (pagamento de quantia pelo ato ilícito) e satisfação
(é modalidade de reparação que pode assumir diversas formas como reconhecimento do ato
e pedido de desculpas, dentre outros).
Comentário: o gabarito da questão é a assertiva é a letra “E” satisfação, pois o Estado
reconheceu o seu ato como ilícito e encaminhou pedido de desculpas.

1.7 Questão de n. 99
 TRF1 – 2013 - 99 - Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
aos bens móveis que o proprietário trouxer ao país ou àqueles que se destinarem a transporte
para outros lugares aplicar-se-á a lei
 A) Do país que tiver regido a última transmissão de propriedade.
 B) de nacionalidade do possuidor de boa-fé.
 C) mais favorável ao adquirente.
 D) do país em que estiverem situados.
 E) de domicílio do proprietário.

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Comentário: o conhecimento aqui exigido é saber qual elemento de conexão será


aplicado para o objeto de conexão “bens móveis”. A resposta está na literalidade da LINDB,
veja:
LINDB: Art. 8º. § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto
aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.

Então o elemento de conexão neste caso é o domicílio.


As normas de direito internacional privado não resolvem os litígios em si, apenas dizem
quais as normas aplicáveis à resolução do caso, pois isto as normas de DIPRI são chamadas de
normas indiretas.
A norma de DIPRI é formada por duas partes: objeto de conexão e elemento de
conexão. Objeto de conexão: é a matéria que aquela norma de DIPRI está tratando. Elemento
de conexão: é critério que a norma utiliza para dizer qual direito será utilizado para resolver
aquela questão. Exemplo: o objeto de conexão da assertiva acima são os bens que o
proprietário trouxer consigo (matéria de que trata a norma indireta), e o elemento de conexão
é o domicílio (que é o critério para escolha a norma).
Na LINDB o domicílio é o elemento de conexão mais utilizado para resolver os casos:
a) Começo e fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família
(art. 7º);
b) Regime de bens do casamento (art.7º, § 4º), se o domicílio dos cônjuges for o
mesmo;
c) Invalidade do matrimônio (art. 7º, § 3º), se o domicílio dos cônjuges for o
mesmo;
d) Sucessão por morte ou por ausência (art. 10);
e) Capacidade para suceder (art. 10, § 2º);
f) Bens móveis que o proprietário trouxer consigo (art. 8º, § 1º);
g) Penhor (art. 8º, § 2º);
Conclusão: diante do exposto, o gabarito da questão é a letra “E” domicílio do
proprietário.

1.8 Questão de n. 100


 TRF1 – 2013 - 100 - Assinale a opção correta no que se refere à Convenção de
Nova Iorque sobre a prestação de alimentos no estrangeiro.
 A) A convenção estabelece a competência obrigatória da Corte Interamericana
de Direitos Humanos para resolver controvérsias sobre sua interpretação e aplicação.
Comentário: a Convenção de Nova Iorque sobre a prestação de alimentos é uma
convenção onusiana, ou seja, celebrada no âmbito da ONU, enquanto que a assertiva cita a

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Corte Interamericana de Direito Humanos, pertencente à organização dos estados


americanos.
Ademais a própria Convenção de Nova Iorque determinar que as controvérsias
surgidas da interpretação da mesma convenção serão solvidas pela CIJ, que é o órgão
jurisdicional da ONU:
Art. 16. Se surgir entre quaisquer das Partes Contratantes uma controvérsia relativa a
interpretação ou à aplicação da presente Convenção, e se esta controvérsia não tiver sido
resolvida por outros meios, será submetida à Côrte Internacional da Justiça, seja por
notificação de um acôrdo especial, seja a pedido de uma das partes na controvérsia.

 B) A invocação de suas disposições por um Estado-parte contra outro Estado-


parte somente será possível se o estado invocativo estiver obrigado pela convenção.
Comentário: está correto, pois é literalidade da convenção:
Art. 18. Uma Parte Contratante poderá invocar as disposições da presente Convenção
contra outras Partes Contratantes somente na medida em que ela mesma estiver obrigada
pela Convenção.

 C) A formulação de reservas é vedada pela convenção.


Comentário: está errado, porque o art. 17 da convenção prevê a possibilidade de
reserva.
Art. 17. 1. Se, no momento da assinatura, da ratificação ou da adesão, um Estado fizer
uma reserva a um dos artigos da presente Convenção, o Secretário Geral comunicará o
texto da reserva às demais Partes Contratantes e aos outros Estados referidos no art. XIII;
(...)

 D) A convenção veda a adesão.


Comentário: está errado, a convenção admite a adesão:
Art. 13. (...) 3. Qualquer um dos Estados mencionados no parágrafo 1 do presente artigo
[são os estados membros da ONU] poderá, a qualquer momento, aderir à presente
Convenção. Os instrumentos de adesão serão depositados em poder do Secretário Geral.

 E) A convenção não se aplica aos pedidos de modificação das decisões


judiciárias sobre prestação de alimentos.
Comentário: está errado, a própria convenção dispôs no art. 8º que:
Art. 8º. As disposições da presente Convenção serão igualmente aplicáveis aos pedidos de
modificação das decisões judiciárias sôbre prestação de alimentos.

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2. Prova TRF 5ª Região de 2012


 TRF5 – 2012 – 96 - A respeito da incorporação do direito internacional ao direito
brasileiro, assinale a opção correta.
Observação. O processo de incorporação dos tratados.
Não confundir o processo de elaboração do tratado (processo externo) com o processo
de incorporação do tratado (processo interno).
O processo de elaboração é aquele conhecido que começa com as negociações
preliminares, depois há a assinatura do tratado, a ratificação, a entrada do tratado em vigor
no âmbito internacional e por último o registro de publicidade.
Depois da assinatura (2ª fase externa) é que começam as fases de incorporação do
tratado (processo interno). O processo de incorporação brasileiro dos tratados também possui
cinco fases. Vale lembrar que o processo brasileiro é diferente dos dois processos adotados
internacionalmente: o modelo tradicional de incorporação e o modelo automático.
O modelo tradicional é aquele em que é necessário um ato final do presidente (chefe
de estado), para que o tratado seja internalizado pela ordem jurídica do Estado. A
incorporação automática dispensa este último ato do chefe de estado.
Vejamos o modelo brasileiro de incorporação:
Etapa1. Após a assinatura do tratado (2ª fase do âmbito externo) o Ministro das
Relações exteriores encaminha uma Exposição de Motivos ao presidente da república.
Etapa2. Recebida a exposição de motivos o presidente da república se quiser (é ato
discricionário, é ato de soberania) encaminha uma Mensagem ao congresso nacional -
Mensagem do Presidente da República.
Etapa3. Encaminha da mensagem ao Congresso o mesmo delibera se aprova ou não o
tratado, o procedimento se inicia na Câmara dos Deputados e depois passa ao Senado Federal.
Se ambas as casas aprovarem o tratado internacional edita-se um Decreto Legislativo.
Etapa4. Após o decreto legislativo a matéria retorna para o presidente da república, se
o chefe de estado quiser, ratificará o tratado – Ratificação.
Etapa5. Ratificado o tratado o presidente da república edita um Decreto Presidencial
para dar executoriedade e publicidade ao ato.
 A) A casa iniciadora, no que diz respeito a projetos de decreto legislativo de
aprovação de tratados, é o Senado Federal.
Comentário: errado, a casa iniciadora é a Câmara dos Deputados.
 B) A ratificação de tratado pelo presidente da República é ato discricionário.
Comentário: correto, a ratificação é ato de soberania, é discricionário.

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 C) Diferentemente dos tratados-lei, tratados-contrato não necessitam de


aprovação do Congresso Nacional para passar a integrar o ordenamento jurídico nacional.
Comentário: errado, não há esta distinção e de acordo com o STF todos os tratados se
submetem ao modelo de incorporação brasileiro, todos eles passam pelas cinco etapas para
serem considerados como incorporados.
 D) Tratados de direitos humanos ratificados antes ou depois da CF incorporam-
se ao direito pátrio com força de emenda constitucional.
Comentário: é preciso lembrar que desde a década de 1970 o STF entende que todos
os tratados internacionais (comuns ou de direitos humanos) possuem status de lei ordinária,
portanto aos tratados de direitos internacionais seriam aplicáveis as regras de conflitos de lei
no tempo, lei posterior revoga lei anterior, lei especial derroga lei geral. Recentemente com o
famoso do depositário infiel no RE 466.343 o STF consagrou entendimento diverso em relação
aos tratados internacionais de direitos humanos.
O entendimento atual do STF é: i) tratados comuns possuem status de lei ordinária (há
o que ser discutido em relação a previsão do CTN que dá uma especificidade aos tratados em
matéria tributária, mas em princípio o entendimento do Supremo é o de que tratados
internacionais comuns tem status de lei ordinária. ii) Para o STF os tratados de direitos
humanos deve observar um duplo estatuto, um anterior à EC n. 45/2004 e um posterior. A EC
45 inseriu o § 3º no art. 5º, CRFB, dizendo que aqueles tratados aprovados segundo
procedimento próprio das emendas constitucionais terão status equivalentes as emendas
constitucionais.
CRFB. Art. 5º. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

O Supremo entendeu que até a EC 45 todos tratados internacionais de direitos


humanos internalizados possuem status supralegais, ou seja, abaixo da Constituição e
superior a lei. Depois da EC 45 os tratados internalizados que versem sobre direitos humanos
podem ser inseridos em duas situações: terão status supralegal (se aprovados pelo
procedimento de lei ordinária) ou terão status de emenda constitucional (caso aprovados pelo
procedimento equivalente ao de emenda constitucional do art. 5º, § 3º, CRFB). É por isto que
a assertiva “D” está errada.
 E) É proibido ao Congresso Nacional aprovar os tratados com ressalvas.
Comentário: errado, pois o CN pode aprovar com ressalvas.

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2.1 Questão de n. 97
 TRF5 – 2012 – 97 – Acerca da imunidade de jurisdição estatal, assinale a opção
correta.
Observação1. Da imunidade de estatal. Há diferença entre imunidade de jurisdição de
imunidade de execução. A primeira é o impedimento de um Estado ser julgado por outro
Estado, e imunidade de execução é o impedimento de um Estado ter os seus bens conscritos
por outro Estado.
Observação2. Fundamento. Sobre a imunidade estatal (a de jurisdição) a
fundamentação na visão clássica é a de que entre iguais não há juízo - par in parem no habet
iudicium. Ou seja, na visão tradicional um Estado jamais poderia processar outro.
No entanto a visão moderna foi consagrada pelo STF na Apelação Civil 9696 é que deve
distinguir atos de impérios de atos de gestão. Atos de império aqueles que o Estado pratica
como tal e atos de gestão são aqueles praticados pelo Estado que se equiparam a atos de
particulares (STF, ACi 9696). Em relação aos atos de império há imunidade de gestão, em
relação aos atos de império não há imunidade de jurisdição. Já a imunidade de execução se
aplica tanto a atos de império quanto sobre atos de gestão.
Observação3. Renúncia. Um Estado pode renunciar tanto a sua imunidade de
execução, quanto a sua imunidade de jurisdição. Sendo que a renúncia da imunidade de
jurisdição não implica na renúncia à imunidade de execução. Ademais, é possível acionar o
judiciário contra um Estado ainda que se trate de um ato de império, isto porque este Estado
pode renunciar á sua imunidade, foi o que decidiu o STJ no Ag 1.118.724/RS. A primeira
providência não é citar o Estado e sim, notifica-lo para saber se ele irá renunciar a sua
imunidade ou não. Segundo o STJ ajuizada uma ação contra um Estado versando sobre atos
de império, o juiz não deve de imediato extinguir o processo, primeiro deve indagar ao Estado
se ele renuncia a sua imunidade de jurisdição.
Observação4. A competência para julgar estados estrangeiros e organizações
internacionais está nos seguintes dispositivos constitucionais: arts. 102, I, e; 105, II, c; 109, II,
Constituição.
Caso1. Município ou pessoa domiciliada no Brasil versus organização internacional ou
estado estrangeiro, a competência será da Justiça Federal de 1º grau. Neste caso, da sentença
cabe um Recurso Ordinário direto no STJ.
Caso2. Estado membro, DF ou União versus Estado estrangeiro ou organização
internacional, a competência será do STF.
 A) No Brasil, a imunidade de jurisdição, assim como a imunidade de execução,
é absoluta para todas as matérias.

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Comentário: errado, a imunidade de jurisdição não é absoluta para todas as matérias,


pois a imunidade não alcança atos de gestão, alcança apenas atos de império.
 B) O STF tem competência para julgar, em única e última instância, casos que
envolvam a aplicação desse tipo de imunidade.
Comentário: errado, em alguns casos a competência será da Justiça Federal de 1º grau.
 C) A Convenção das Nações Unidas sobre Imunidades Jurisdicionais dos Estados
e de sua Propriedade não está em vigor, pois ainda não foi ratificada por, no mínimo, trinta
Estados.
Comentário: isto é verdade, esta convenção ainda não conta com a ratificação mínima
para entrar em vigor no âmbito internacional.
 D) A aplicação do princípio par in parem no habet judicium, hoje aplicado a
Estados, iniciou-se na prática das organizações internacionais.
Comentário: errado, é justamente o contrário, o costume da imunidade iniciou-se
entre os estados, vindo a ser positivado mais tarde em tratados, no caso das organizações
internacionais a imunidade é sempre prevista em seus tratados constitutivos.
 E) A Corte Internacional de Justiça entende que esse tipo de imunidade não é
aplicável em casos de violações a direitos humanos, como, por exemplo, aqueles que
envolvam trabalhos forçados.
Comentário: futuramente este será o entendimento, mas ainda não o é. A tendência
é que futuramente não seja mais aplicada a imunidade de jurisdição e a de execução quando
houver violação de direitos humanos.

2.2 Questão de n. 98
 TRF5 – 2012 – 98 – À luz da Convenção de Aviação Civil Internacional, assinale
a opção correta no que se diz respeito à navegação aérea.
 A) Para efeito de delimitação do espaço aéreo, considera-se território do
Estado sua zona contígua.
Comentário: está errado porque a zona contígua não é considerada território, veja o
que dispõe o art. 2º da citada convenção de aviação:
Art. 2º. Para os fins da presente Convenção, considera-se como território de um Estado, a
extensão terrestre e as águas territoriais adjacentes, sob a soberania, jurisdição, proteção
ou mandato do citado Estado.

 B) A convenção em apreço aplica-se a aeronaves civis e, excepcionalmente, a


aeronaves de propriedade do governo usadas para fins alfandegários.

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Comentário: a convenção não se aplica as aeronaves de governos.


Art. 3º. a) Esta Convenção será aplicável unicamente a aeronaves civis, e não a aeronaves
de propriedades do Govêrno.

 C) No caso de a aeronave de um Estado sofrer acidente em território de outro


Estado, ocasionando a morte de passageiros, ao Estado de registro será oferecido designar
observadores para assistirem às investigações.
Comentário: está correto, é a literalidade do art. 26 da convenção em comento.
Art. 26. No caso em que uma aeronave de um Estado contratante, acarretando morte ou
ferimentos graves, ou indicando sérios defeitos técnicos na aeronave ou nas facilidades de
navegação aérea, os Estados onde tiver ocorrido o acidente procederá a um inquérito
sobre as circunstâncias que provocaram o acidente, de conformidade, dentro do
permissível por suas próprias leis com o procedimento que possa ser recomendado nas
circunstâncias pela Organização Internacional de Aviação Civil. Será oferecida ao Estado
de registro da aeronave a oportunidade de designar observadores para assistirem as
investigações, e o Estado onde se esteja processando o inquérito transmitirá ao outro
Estado as informações e conclusões apuradas.

 D) Admite-se o registro duplo para aeronaves comerciais que façam rotas


internacionais periódicas entre dois Estados.
Comentário: errado, não se admite registro duplo, veja a disposição do art. 18 da
convenção de aviação.
Art. 18. Nenhuma aeronave poderá registrar-se legalmente em mais de um Estado para
outro.

 E) As aeronaves terão a mesma nacionalidade da pessoa física ou jurídica que


as tiver registrado.
Comentário: está errado, porque o critério é diferente, a aeronave terá a
nacionalidade na qual forem registradas.
Art. 17. As aeronaves terão a nacionalidade do Estado em que estejam registradas.

2.3 Questão de n. 99
 TRF5 – 2012 – 99 – Conforme previsão no direito brasileiro, será passível de
deportação o estrangeiro que
Observação. Art. 57 do Estatuto do Estrangeiro (Lei n. 6.815/80).
Art. 57. Nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, se este não se retirar
voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento, será promovida
sua deportação.

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§ 1º Será igualmente deportado o estrangeiro que infringir o disposto nos artigos 21, § 2º,
24, 37, § 2º, 98 a 101, §§ 1º ou 2º do artigo 104 ou artigo 105.

Recomenda-se a leitura dos dispositivos citados, porém o critério básico para a


deportação é a entrada/estada irregular de estrangeiro no território nacional.
 A) atentar contra a ordem política ou social.
 B) entrar irregularmente no país e não se retirar voluntariamente do território
nacional.
 C) entregar-se à vadiagem.
 D) atentar contra a economia popular.
 E) entregar-se à mendicância.
Comentário: o gabarito é a letra B, todas as outras assertivas são hipóteses que são
ensejo a uma expulsão.

2.4 Questão de n. 100


 TRF5 – 2012 – 100 – Com relação aos crimes de competência do TPI, assinale a
opção correta.
Observação. Dos crimes de competência do TPI previstos no Estatuto de Roma.
Art. 5º. 1. (...) Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência para julgar
os seguintes crimes:
a) O crime de genocídio;
b) Crimes contra a humanidade;
c) Crimes de guerra;
d) O crime de agressão.

O Estatuto de Roma do TPI delimita e conceitua cada um destes crimes, exceto o crime
de agressão que ficou a encargo da doutrina.
 A) A transferência, à força, de crianças de um grupo religioso para outro é
classificada como crime contra a humanidade.
Comentário: está errado, porque este é o conceito de genocídio, veja o art. 6º do
Estatuto de Roma.
Art. 6º. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "genocídio", qualquer um dos
atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte,
um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal: (...)
e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.

 B) O TPI pode exercer jurisdição sobre o Estado como um todo apenas em caso
de crime de agressão.

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Comentário: está errado, porque o TPI não exerce sua jurisdição sobre estados, a
exerce sobre pessoas físicas, veja o art. 25.
Art. 25. 1. De acordo com o presente Estatuto, o Tribunal será competente para julgar as
pessoas físicas.

 C) O crime de apartheid é praticado no contexto de um regime


institucionalizado de opressão e domínio sistemático de um grupo racial sobre um ou mais
grupos nacionais e com a intenção de manter esse regime.
Comentário: a assertiva está correta é transcrição do art. 7º, § 2º, alínea “h” do
Estatuto de Roma.
Art. 7º. (..) 2. (...) h) Por "crime de apartheid" entende-se qualquer ato desumano análogo
aos referidos no parágrafo 1°, praticado no contexto de um regime institucionalizado de
opressão e domínio sistemático de um grupo racial sobre um ou outros grupos nacionais
e com a intenção de manter esse regime;

 D) O TPI não tem jurisdição em relação aos crimes de guerra cometidos em


conflitos armados não internacionais se não existir declaração formal de guerra.
Comentário: a assertiva está errada, vide art. 8º, alíneas “c”, “d”, “e” e “f” do Estatuto
que indica que a jurisdição do TPI se aplica a conflitos armados não internacionais e não há
exigência de declaração formal de guerra.

Artigo 8o. Crimes de Guerra.


1. O Tribunal terá competência para julgar os crimes de guerra, em particular quando
cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou como parte de uma
prática em larga escala desse tipo de crimes.
2. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crimes de guerra":
c) Em caso de conflito armado que não seja de índole internacional, as violações graves
do artigo 3o comum às quatro Convenções de Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber,
qualquer um dos atos que a seguir se indicam, cometidos contra pessoas que não
participem diretamente nas hostilidades, incluindo os membros das forças armadas que
tenham deposto armas e os que tenham ficado impedidos de continuar a combater devido
a doença, lesões, prisão ou qualquer outro motivo:
i) Atos de violência contra a vida e contra a pessoa, em particular o homicídio sob todas
as suas formas, as mutilações, os tratamentos cruéis e a tortura;
ii) Ultrajes à dignidade da pessoa, em particular por meio de tratamentos humilhantes e
degradantes;
iii) A tomada de reféns;
iv) As condenações proferidas e as execuções efetuadas sem julgamento prévio por um
tribunal regularmente constituído e que ofereça todas as garantias judiciais geralmente
reconhecidas como indispensáveis.
d) A alínea c) do parágrafo 2o do presente artigo aplica-se aos conflitos armados que não
tenham caráter internacional e, por conseguinte, não se aplica a situações de distúrbio e

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de tensão internas, tais como motins, atos de violência esporádicos ou isolados ou outros
de caráter semelhante;
e) As outras violações graves das leis e costumes aplicáveis aos conflitos armados que não
têm caráter internacional, no quadro do direito internacional, a saber qualquer um dos
seguintes atos:
i) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou civis que não participem
diretamente nas hostilidades;
ii) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, unidades e veículos sanitários,
bem como ao pessoal que esteja usando os emblemas distintivos das Convenções de
Genebra, em conformidade com o direito internacional;
(...)
f) A alínea e) do parágrafo 2o do presente artigo aplicar-se-á aos conflitos armados que
não tenham caráter internacional e, por conseguinte, não se aplicará a situações de
distúrbio e de tensão internas, tais como motins, atos de violência esporádicos ou isolados
ou outros de caráter semelhante; aplicar-se-á, ainda, a conflitos armados que tenham
lugar no território de um Estado, quando exista um conflito armado prolongado entre as
autoridades governamentais e grupos armados organizados ou entre estes grupos.

 E) As normas costumeiras sobre crimes de guerra somente podem ser base


para o julgamento do TPI se estiverem codificadas em tratados.
Comentário: não há esta obrigatoriedade, vide art. 8º, “b” e “e”.

Artigo 8o. Crimes de Guerra


1. O Tribunal terá competência para julgar os crimes de guerra, em particular quando
cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou como parte de uma
prática em larga escala desse tipo de crimes.
2. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crimes de guerra":
b) Outras violações graves das leis e costumes aplicáveis em conflitos armados
internacionais no âmbito do direito internacional, a saber, qualquer um dos seguintes
atos:
i) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou civis que não participem
diretamente nas hostilidades;
ii) Dirigir intencionalmente ataques a bens civis, ou seja bens que não sejam objetivos
militares;
iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, material, unidades ou
veículos que participem numa missão de manutenção da paz ou de assistência
humanitária, de acordo com a Carta das Nações Unidas, sempre que estes tenham direito
à proteção conferida aos civis ou aos bens civis pelo direito internacional aplicável aos
conflitos armados;
iv) Lançar intencionalmente um ataque, sabendo que o mesmo causará perdas acidentais
de vidas humanas ou ferimentos na população civil, danos em bens de caráter civil ou
prejuízos extensos, duradouros e graves no meio ambiente que se revelem claramente
excessivos em relação à vantagem militar global concreta e direta que se previa;

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(...)
e) As outras violações graves das leis e costumes aplicáveis aos conflitos armados que não
têm caráter internacional, no quadro do direito internacional, a saber qualquer um dos
seguintes atos:
i) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou civis que não participem
diretamente nas hostilidades;
ii) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, unidades e veículos sanitários,
bem como ao pessoal que esteja usando os emblemas distintivos das Convenções de
Genebra, em conformidade com o direito internacional;
iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, material, unidades ou
veículos que participem numa missão de manutenção da paz ou de assistência
humanitária, de acordo com a Carta das Nações Unidas, sempre que estes tenham direito
à proteção conferida pelo direito internacional dos conflitos armados aos civis e aos bens
civis;
iv) Atacar intencionalmente edifícios consagrados ao culto religioso, à educação, às artes,
às ciências ou à beneficência, monumentos históricos, hospitais e lugares onde se
agrupem doentes e feridos, sempre que não se trate de objetivos militares;
v) Saquear um aglomerado populacional ou um local, mesmo quando tomado de assalto;
(...)
3. O disposto nas alíneas c) e e) do parágrafo 2o, em nada afetará a responsabilidade que
incumbe a todo o Governo de manter e de restabelecer a ordem pública no Estado, e de
defender a unidade e a integridade territorial do Estado por qualquer meio legítimo.

3. Prova MPF de 2013


3.1 Questão de n. 11
 MPF – 2013 - 11. No tocante à aplicabilidade, à proteção internacional de
direitos humanos, dos Draft Articles on Responsibility of States for Internationally Wrongful
Acts (Esboço de artigos sobre a responsabilidade de Estados por atos ilícitos internacionais)
de 2001, da Comissão de Direito Internacional da ONU, é correto dizer que:
Observação1. O tema da responsabilidade internacional é regido pelos costumes, em
2001 se tenteou codificar normas a respeito. Isto foi feito pela Comissão de Direito
Internacional da ONU, são os Draft Articles on Responsability of States for Internacionally
Wrongful Acts.
Observação2. Estes artigos tratam de atos ilícitos internacionais de forma geral, no
entanto, as violações de direitos humanos são uma subcategoria dos atos ilícitos
internacionais.
 a) ( ) O documento é completamente inaplicável, pois trata de responsabilidade
decorrente de ilícitos praticados na relação entre Estados e não na relação entre um Estado e
seus jurisdicionados;

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Comentário: não é possível falar que o documento é completamente inaplicável isto


porque violação de direitos humanos também é espécie de atos ilícitos internacionais.
 b) () o documento é parcialmente aplicável, pois pelo menos parte das
obrigações decorrentes do direito internacional dos direitos humanos são erga partes ou erga
omnes e, por isso, são oponíveis por Estados vis à vis a outros;
Comentário: esta assertiva diz que, pelo menos, nas partes em que os atos ilícitos
correspondem às violações de direitos humanos estes artigos são aplicáveis, isto porque estas
obrigações são erga partes ou erga omnes. Assertiva correta.
 c) ( ) o documento é aplicável em todos os seus termos, pois não existem
obrigações de Estados vis à vis seus jurisdicionados no direito internacional;
Comentário: o tema da responsabilidade internacional em princípio seria apenas entre
Estados, porém quando se fala em violações de direitos humanos é violação dos Estados em
relação aos indivíduos. A assertiva está errada.
 d) ( ) o documento é completamente inaplicável, pois o regime de proteção
internacional dos direitos humanos não tem qualquer relação com a responsabilidade
internacional dos Estados.
Comentário: assertiva errada, pois a proteção de direitos humanos tem sim relação
com a responsabilidade internacional dos Estados, pois a violação dos direitos humanos é
subcategoria de atos ilícitos internacionais.

3.2 Questão de n. 12
 MPF – 2013 – 12 – A Responsibility to Protect (r2p), como conjunto de princípios
orientadores de ação da comunidade internacional:
Observação1. “r2p” é utilizado como sinônimo de Responsibility to Protect.
Observação2. Responsibility to Protect (r2p). Histórico: violação de direitos humanos
no Kosovo, inércia da Servia, discussão no âmbito internacional sobre a possibilidade e
intervenção humanitária para proteger direitos humanos. Requisitos: gravidade das violações,
intervenção como ultima ratio.
 a) ( ) diz respeito, apenas, à proteção da população civil em conflitos
internacionais;
Comentário: não é apenas em conflitos internacionais, serve para qualquer violação
de direitos humanos.
 b) ( ) diz respeito, apenas, à proteção da população civil em conflitos não
internacionais;

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 c) ( ) exclui a possibilidade de intervenção militar para proteção da população


civil;
Comentário: ao contrário, admite a possibilidade.
 d) () inclui a possibilidade de intervenção militar para proteção da população
civil como ultima ratio.
Comentário: correta.

3.3 Questão de n. 13
 MPF – 2013 – 13 – Segundo a Carta Democrática Interamericana de 2001,
 a) ( ) a Assembleia Geral da OEA suspenderá, por voto de maioria simples dos
partícipes, Estado membro do exercício de seu direito de participação na Organização quando
constatar que nele tenha ocorrido ruptura da ordem democrática;
Comentário: está errado porque o quórum não é de maioria simples e sim de dois
terços.
Art. 21: Quando a Assembléia Geral, convocada para um período extraordinário de
sessões, constatar que ocorreu a ruptura da ordem democrática num Estado membro e
que as gestões diplomáticas tenham sido infrutíferas, em conformidade com a Carta da
OEA tomará a decisão de suspender o referido Estado membro do exercício de seu direito
de participação na OEA mediante o voto afirmativo de dois terços dos Estados membros.
A suspensão entrará em vigor imediatamente.

 b) () a ruptura da ordem democrática ou uma ordem constitucional que afete


gravemente a ordem democrática num Estado membro constitui, enquanto persista,
obstáculo insuperável à participação de seu governo em órgãos estabelecidos da OEA;
Comentário: assertiva correta, é a literalidade do art. 19 da Carta da OEA.
Art. 19: Com base nos princípios da Carta da OEA, e sujeito às suas normas, e em
concordância com a cláusula democrática contida na Declaração da Cidade de Québec, a
ruptura da ordem democrática ou uma alteração da ordem constitucional que afete
gravemente a ordem democrática num Estado membro constitui, enquanto persista, um
obstáculo insuperável à participação de seu governo nas sessões da Assembleia Geral, da
Reunião de Consulta, dos Conselhos da Organização e das conferências especializadas,
das comissões, grupos de trabalho e demais órgãos estabelecidos na OEA.

 c) ( ) os Estados membros são responsáveis pela organização, realização e


garantia de processos eleitorais livres e justos, independentemente de partidos políticos
existirem ou não;
Comentário: ao contrário, a carta democrática estimula a existência dos partidos
políticos, observe o art. 23:

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Artigo 23: Os Estados membros são os responsáveis pela organização, realização e


garantia de processos eleitorais livres e justos.
Artigo 5: O fortalecimento dos partidos e de outras organizações políticas é prioritário
para a democracia. (...)

 d) ( ) o financiamento de campanhas eleitorais deve ser feito preferencialmente


com recursos públicos, a fim de realizar indistintamente o direito ao acesso ao poder como
elemento essencial da democracia representativa.
Comentário: não há obrigatoriedade na Carta da OEA de que o financiamento seja com
recursos públicos, fala apenas que o financiamento se dá em regime equilibrado e
transparente.
Art. 5: O fortalecimento dos partidos e de outras organizações políticas é prioritário para
a democracia. Dispensar-se-á atenção especial à problemática derivada dos altos custos
das campanhas eleitorais e ao estabelecimento de um regime equilibrado e transparente
de financiamento de suas atividades.

3.4 Questão de n. 14
 MPF – 2013 – 14 – O monitoramento da implementação do Protocolo de San
Salvador de 1988 (ANULADA)
Observação. O Protocolo de San Salvador trata de direitos culturais, sociais e
econômicos. O monitoramento ocorre conforme a previsão detalhada do art. 19, cujo resumo
segue:
1) Os Estados elaboram relatórios sobre a aplicação dos direitos previstos no
protocolo e o apresentam ao Secretário Geral da OEA. Relatórios periódicos apresentados ao
Secretário-Geral.
2) O Secretário-Geral transmite ao Conselho I. Econômico e Social e ao Conselho
I. de Educação, Ciência e Cultura. Encaminha cópia para a Comissão I. de Direitos Humanos e
para os organismos especializados.
3) Em seguida estes Conselhos fazem os seus próprios relatórios. Relatórios do
Conselho I. Econômico e Social e do Conselho I. de Educação, Ciência e Cultura.
4) Em relação a direitos sindicais e à educação previstos no Protocolo de San
Salvador pode admitir o sistema de petições individuais, com participação da Corte e da
Comissão.
5) A CIDH pode formular observações e recomendações sobre direitos
econômicos, sociais e culturais.
O motivo da anulação da questão: Em princípio da atuação da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos se dá apenas em relação a direitos sindicais e de

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educação, porém há um detalhe, há previsão expressa no art. 19 que diz que em relação a
todos os direitos econômicos, sociais e culturais e Comissão pode formular recomendações.
 a) () se dá pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos no tocante à
realização de todos os direitos reconhecidos;
Comentário: em princípio está errado porque o monitoramento é feito pelos dois
Conselhos e a CIDH participaria apenas no que toca a direitos sindicais e a educação. Ocorre
que a CIDH pode formular recomendações, o que significa que ela participa do
monitoramento. No gabarito preliminar a assertiva “A” foi considerada como errada, porém
como visto, ela está correta, por conta disto a questão foi anulada.
 b) ( ) se dá exclusivamente pelo Conselho Econômico e Social Interamericano;
Comentário: errado, vimos que também tem o Conselho de Educação.
 c) () se dá pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos no tocante à
realização dos direitos sindicais e do direito à educação;
Comentário: pelo gabarito preliminar esta era a assertiva correta.
 d) ( ) se dá pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos no tocante à
realização dos direitos das crianças e do direito à saúde.
Justificativa de Anulação: O art. 19 do Protocolo comete tanto ao Conselho
Interamericano Econômico Social, quanto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos a
função de monitoramento do cumprimento das obrigações. Assim, o Conselho recebe os
relatórios periódicos transmitidos, cuidando de todos os direitos, bem como a Comissão
poderá, sem prejuízo de buscar a responsabilização de Estados pela violação dos direitos
sindicais e à educação (§6º), "formular as observações e recomendações que considerar
pertinentes sobre a situação dos direitos econômicos, sociais e culturais estabelecidos neste
Protocolo em todos ou em alguns dos Estados Partes, as quais poderá incluir no Relatório
Anual à Assembleia Geral ou num relatório especial, conforme considerar mais apropriado"
(§7º). Assim, não há exclusão da apreciação da realização de outros direitos pela Comissão,
além daqueles previstos no §6º".

3.5 Questão de n. 15
 MPF – 2013 – 15 – As Regras de Brasília sobre acesso à justiça das pessoas em
condição de vulnerabilidade dispõem que
 a) ( ) a condição de pertencer à comunidade indígena pode implicar
vulnerabilidade quando seu integrante exercita seus direitos perante o sistema de justiça
estatal;
Comentário: correto, é a literalidade do texto das Regras de Brasília no item 09.

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(9) As pessoas integrantes das comunidades indígenas podem encontrar- se em condição


de vulnerabilidade quando exercitam os seus direitos perante o sistema de justiça estatal.
(...)

 b) ( ) os integrantes das comunidades indígenas reclamarão seus direitos em


sistemas judiciais comunitários próprios de sua cultura, devendo ser evitado obrigá-los a litigar
no sistema de justiça estatal;
Comentário: errado, vide o item 48 que defende não o banimento dos indígenas e sim
que deve-se buscar uma harmonização dos sistemas de administração de justiça estatal e
indígena.
(48) Com fundamento nos instrumentos internacionais na matéria, é conveniente
estimular as formas próprias de justiça na resolução de conflitos surgidos no âmbito da
comunidade indígena, assim como propiciar a harmonização dos sistemas de
administração de justiça estatal e indígena baseada no principio de respeito mútuo e de
conformidade com as normas internacionais de direitos humanos.

 c) ( ) os integrantes das comunidades indígenas terão sempre o direito de fazer


uso de seus sistemas judiciais comunitários, ainda que se trate de litígio extraindígena;
Comentário: errado, veja o destaque no item 48:
(48) Com fundamento nos instrumentos internacionais na matéria, é conveniente
estimular as formas próprias de justiça na resolução de conflitos surgidos no âmbito da
comunidade indígena, assim como propiciar a harmonização dos sistemas de
administração de justiça estatal e indígena baseada no principio de respeito mútuo e de
conformidade com as normas internacionais de direitos humanos.

 d) ( ) os integrantes das comunidades indígenas resolverão seus conflitos


internos exclusivamente por meios próprios, dentro da tradição de sua cultura.
Comentário: errado, o item 48 diz que devem ser estimuladas as formas próprias de
justiça e também deve ser buscado a harmonização dos sistemas estatal e indígena.
(48) Com fundamento nos instrumentos internacionais na matéria, é conveniente
estimular as formas próprias de justiça na resolução de conflitos surgidos no âmbito da
comunidade indígena, assim como propiciar a harmonização dos sistemas de
administração de justiça estatal e indígena baseada no principio de respeito mútuo e de
conformidade com as normas internacionais de direitos humanos.

3.6 Questão de n. 16
 MPF – 2013 - 16. O conceito de tortura no direito internacional dos direitos
humanos

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Observação. Há previsão do crime de tortura no direito consuetudinário (costume


internacional). Então veja alguns marcos internacionais sobre a tortura, o questionamento é
se exige-se a presença de um agente estatal para a configuração da tortura.
Convenção da ONU sobre tortura:
Art. 1º. 1. Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato
pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente
a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões;
de castigá-la por ato cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou
por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores
ou sofrimento são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de
funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. (...)

Convenção Interamericana:
Art. 2º. Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por tortura todo ato pelo qual são
infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com
fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como
medida preventiva, como pena ou com qualquer outro fim. Entender-se-á também como
tortura a aplicação, sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade
da vítima, ou a diminuir sua capacidade física ou mental, embora não causem dor física
ou angústia psíquica.

Declaração Universal dos Direitos Humanos:


Artigo V: Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel,
desumano ou degradante.

Então, o primeiro marco prevê o elemento “funcionário público” para caracterizar a


tortura e os dois últimos não.
 a) ( ) se aplica exclusivamente à tortura perpetrada por agente público ou por
sua instigação, sua tolerância ou sua aquiescência;
Comentário: o conceito de tortura não se aplica apenas a atos perpetrados por agentes
públicos, alguns marcos normativos colocam o funcionário público como elemento e outros
não. Assertiva errada.
 b) () se aplica à tortura perpetrada direta ou indiretamente por agente
público no marco das Convenções de 1984 e de 1985, da ONU e do sistema interamericano
respectivamente; e se aplica, também, à tortura perpetrada por atores não estatais no marco
da Declaração Universal dos Direitos Humanos, do Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos e da Convenção Americana de Direitos Humanos;
Comentário: assertiva correta.
 c) ( ) se aplica à tortura perpetrada por agentes públicos e por atores não
estatais tanto no marco das Convenções de 1984 e de 1985, da ONU e do sistema
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interamericano respectivamente, quanto no marco da Declaração Universal dos Direitos


Humanos, do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e da Convenção Americana de
Direitos Humanos;
Comentário: errado.
 d) ( ) se aplica exclusivamente à tortura perpetrada por agente público no
marco do art. 7.º do Estatuto de Roma e, também, à tortura perpetrada por não combatente
civil no marco do art. 8.º do Estatuto de Roma.
Comentário: errado, porque no Estatuto de Roma também não prevê a presença de
agente público para a configuração do crime de tortura.

3.7 Questão de n. 17
 MPF – 2013 – 17 – No atual estágio de evolução do direito internacional dos
direitos humanos, a pena de morte (ANULADA)
Observação. São três fases de regulação/tratamento jurídico internacional da pena de
morte.
Fase1. Convivência tutelada. É a fase em que admite a aplicação da pena de morte em
alguns crimes e em algumas situações.
Fase2. Banimento, com exceções. Fase em que a pena de morte é proscrita, mas se
admite não excepcionalmente. É o caso do Brasil, que está nesta fase, aqui a pena de morte é
vedada, mas se admite em caso de guerra declarada.
Fase3. Banimento em qualquer circunstância. Fase mais avançada, a pena de morte é
vedada em qualquer situação.
 a) ( ) é universalmente repudiada como grave violação do direito à vida;
Comentário: não é verdade, porque a pena de morte ainda é adotada em muitos
estados.
 b) ( ) só sofre limitações quanto à sua execução em detrimento de menor de
idade e de mulher grávida;
Comentário: esta não é a única limitação, no caso dos Brasil só é aplicável em caso de
guerra declarada.
 c) ( ) embora não universalmente repudiada, sofre diversas limitações quanto
à sua adoção, sendo vedada no sistema regional europeu;
Comentário: esta foi a assertiva considerada incialmente como o gabarito. Porém a
assertiva não está totalmente corrente como se verá abaixo na justificativa de anulação.

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 d) ( ) embora não universalmente repudiada, sofre diversas limitações quanto


à sua adoção, sendo vedada, nos sistemas regionais europeu e interamericano, sua
reintrodução por Estados que a tenha abolido.
Comentário: no sistema interamericano a pena de morte ainda não é totalmente
vedada, os estados que já aboliram não podem readmiti-la e os estados que ainda permitem
a pena de morte devem progressivamente aboli-la.
Justificativa de anulação: A única resposta certa seria a de letra (c) (...) com a adoção
do Protocolo nº 6, passou-se a impor proibição à pena de morte em tempos de paz, sem
prejuízo de se adotá-la em tempos de guerra ou na iminência de ameaça de guerra. A resposta
tida como correta não levou em consideração essa particularidade, sugerindo que haveria
uma vedação geral, o que não é verdadeiro.
Atualmente a União Europeia também admite a pena de morte em caso de guerra ou
ameaça de guerra, por isto a assertiva “C” está errada, pois a pena de morte não é totalmente
vedada na União Europeia.

3.8 Questão de n. 18
 MPF – 2013 – 18 – A Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com
deficiência promulgada pelo Decreto nº 6.949, de 25 de Agosto de 2009:
Observação1. A Convenção sobre os direitos da pessoa com deficiência foi incorporada
ao direito brasileiro de acordo com o rito do art. 5º, § 3º, CRFB de modo que a citação
convenção tem status de emenda constitucional no direito brasileiro. É o único tratado
aprovado com quórum de emenda até o momento.
Observação2. Há um dispositivo nesta convenção que admite a denúncia.
Observação3. Uma vez que uma convenção que trate sobre direitos humanos é
incorporada com o quórum de emenda constitucional, incide o óbice do art. 60, § 4º, CRFB
que diz que os direitos e garantias individuais não podem ser objeto de emenda constitucional
que vise sua abolição. De modo que, uma vez incorporado ao direito brasileiro como emenda
constitucional estes direitos não poderiam mais ser abolidos.
E então surgem dois entendimentos, que são confrontados na questão:
1) Segundo Valério Mazzuole e Flávia Piovesan este tratado não poderia ser
objeto de denuncia pelo Estado brasileiro por conta o óbice do art. 60, § 4º, CRFB, esta
emenda não poderia ser abolida.
2) O entendimento de André Carvalho Ramos é diverso, diz que é possível sim a
denuncia, por meio dela o Brasil se desobrigaria no âmbito internacional, porém no âmbito
interno, por seres direitos com status constitucional, teria a obrigação de reconhecer e
proteger estes direitos, vez que se tornaram cláusulas pétreas.
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 a) ( ) pode ser denunciada pelo Brasil conforme previsto em seu art. 48,
tornando-se efetiva, a denúncia, em qualquer caso, um ano após a data de recebimento da
notificação respectiva pelo Secretário-Geral da ONU, caso em que deixam de viger no direito
brasileiro, os direitos ali reconhecidos;
Comentário: errado, de acordo com qualquer uma das duas correntes, pois para a
primeira corrente a denuncia não pode ocorrer, enquanto que para a segunda corrente,
mesmo havendo denuncia, os direitos continuam a vigorar no âmbito interno.
 b) ( ) não pode ser denunciada pelo Brasil por meio dos mecanismos ordinários,
pois sua promulgação, decorrente de aprovação pelo Congresso Nacional no rito do art. 5.º, §
3.º, da Lei Maior, lhe confere condição de cláusula constitucional pétrea (art. 60, § 4.º, IV, da
Constituição Federal);
Comentário: este seria o entendimento de Mazzuoli e Piovesan, porém não foi o
entendimento adotado pela Banca do MPF.
 c) () pode ser denunciada pelo Brasil conforme previsto em seu art. 48,
permanecendo, todavia, vigentes, no direito brasileiro, os direitos ali reconhecidos, em
virtude de sua promulgação precedida de aprovação pelo Congresso Nacional no rito do art.
5.º, § 3.º, da Constituição Federal, o que lhe confere condição de cláusula constitucional
pétrea (art. 60, § 4.º, IV, da Constituição Federal);
Comentário: assertiva dada como correta – entendimento de André Carvalho Ramos.
 d) ( ) não pode ser denunciada em virtude do princípio de não retrocesso da
proteção de direitos, amplamente reconhecido no direito internacional.
Justificativa da Banca: a única resposta correta é a de letra (c). (...) a assertiva
verdadeira parte da premissa da separação entre vigência doméstica de norma internacional
e sua vinculação externa. (...) nada obsta que o Brasil denuncie o tratado na forma nele
prevista, desvinculando-se do sistema internacional de monitoramento. (...)

3.9 Questão de n. 19
 MPF – 2013 – 19 – Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça
expresso no voto do relator do incidente de deslocamento de competência n.º 1 – PA, a grave
violação de direitos humanos que dá ensejo à iniciativa do Procurador-Geral da República para
instauração do incidente (IDC)
Observação1. O IDC (incidente de deslocamento de competência) está previsto no art.
109, § 5º da CRFB, ocorre no caso de violação de direitos humanos.
Observação2. No IDC n. 01 (Caso Dorothy Stang) fixou-se dois entendimentos:

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1) O art. 109, §5º, tem eficácia plena. Na ocasião, observou-se que o constituinte
originário não mencionou quais dos direitos humanos ensejam o IDC, discutiu-se se este fato
não ocasionaria uma eficácia limitada ou contida ao dispositivo constitucional. O STJ afastou
esta tese e disse que tem aplicabilidade imediata, eficácia plena. Não precisa de uma ação do
legislador para que o art. 109, § 5º, CRFB tenha aplicabilidade.
2) O IDC deve atender ao princípio da proporcionalidade, compreendido na
demonstração concreta de risco de descumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais firmados pelo Brasil. o que é configurado pela inércia do Estado m investigar,
perseguir e punir a violação de direitos humanos. Lembrando que o IDC não se aplica apenas
para questões criminais, também se aplica para violações no âmbito civil.

 a) ( ) deve ser articulada apenas com a ameaça efetiva e real de


descumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos
dos quais o Brasil seja parte, como condição de admissibilidade;
Comentário: esta não é o único requisito da admissibilidade, deve ser considerado
também o princípio da proporcionalidade.
 b) () deve ser aferida, como condição de admissibilidade, em articulação com
considerações sobre a necessidade e a imprescindibilidade do deslocamento de competência
para a garantia do cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, em decorrência da observância dos princípios
da proporcionalidade e da razoabilidade;
Comentário: correta.
 c) ( ) prescinde de melhor definição legislativa, configurando, por isso, o art.
109, V-A, da Constituição Federal, norma de eficácia contida;
Comentário: esta tese foi afastada pelo STJ.
 d) ( ) deve ser articulada, como condição de admissibilidade, com a necessidade
de se resguardar, sempre que possível, o juízo natural estadual, somente se justificando o
deslocamento quando houver pedido das autoridades estaduais, dando conta de sua
incapacidade de garantir a prestação jurisdicional em tempo razoável com todas as garantias
processuais.
Comentário: errado, não há necessidade impulso das autoridades estaduais.

3.10 Questão de n. 20
 MPF – 2013 – 20 – Os relatórios periódicos que devem ser apresentados por
estados-parte a órgãos de monitoramento de tratados internacionais de direitos humanos

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Observação1. Os relatórios estatais surgiram da necessidade de fiscalização e


monitoramento dos tratados de direitos humanos.
Quando os primeiros tratados de direitos humanos começaram a serem elaborados,
era necessário criar uma forma de fiscalizar/monitorar a aplicação destes tratados, surgiu uma
possibilidade de criar um Tribunal Internacional de Direitos Humanos, porém muitos Estados
se opuseram à criação deste tribunal e ameaçaram não ratificar os tratados de direitos
humanos.
Então a solução intermediária foi a dos relatórios estatais. Sendo assim os Estado
signatários devem elaborar relatórios periódicos a respeito da proteção e da efetividade dos
direitos humanos em seus territórios.
Observação2. Estes relatórios são sempre analisados por um Comitê formado por
representantes de vários estados para garantir a imparcialidade na análise dos relatórios,
serve também para garantir a eficácia destes relatórios.
Observação3. Relatórios sombras. Não só os Estado membros fazem os relatórios,
como também as organizações internacionais os fazem e os submetem à análise para que
sejam confrontados com os relatórios estatais.
 a) ( ) são de limitada utilidade porque esses instrumentos conferem aos Estados
ampla flexibilidade de formulação de seus esforços de cumprimento das obrigações
convencionais, podendo omitir informações essenciais ou incorrer em autopropaganda;
Comentário: não é verdade, aliás, atualmente é a única forma que dispomos para
monitorar a efetivação dos tratados de direitos humanos.
 b) ( ) são, em regra, de relativa idoneidade, já que quase sempre contestados
por relatórios-sombra elaborados pela oposição política ao governo incumbido de relatar;
Comentário: os relatórios sombras são criados por organismos internacionais e não
pela oposição política.
 c) () se destinam a aferir avanços na implementação de standards de proteção
adotados por esses tratados e, por isso, costumam seguir formatos preestabelecidos pelos
órgãos de monitoramento, de modo a permitir a quantificação de resultados;
Comentário: correto.
 d) ( ) se destinam ao exercício de autocrítica por parte dos Estados-Parte, o que
nem sempre é alcançado à vista dos relatórios- sombra da sociedade civil, que os contestam.
Comentário: errado.

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3.11 Questão de n. 51
 MPF – 2013 – 21 - Em matéria de conflito de jurisdições estatais no direito
internacional:
Observação1. Questão afeta ao DIPRI. É verdade que o direito internacional privado
fala bastante de conflito de leis e conflito de jurisdição, que são duas coisas diversas. Conflito
de leis é quando há mais de uma lei aplicável a determinado caso. Conflito de jurisdição é
quando há mais de um Estado para julgar determinado caso.
Observação2. Tradicionalmente o critério aplicável no conflito de jurisdições é a
critério da territorialidade – jurisdição territorial – ou seja, o Estado é competente para
resolver os fatos que ocorrem no seu território. Porém, o critério da jurisdição territorial não
é suficiente para resolver todos os casos, v.g. nacional de país A, comete algum ato contra
nacional de país B, no território de um país C. Quando há elementos de internacionalidade,
aumenta a complexidade do caso, de forma a ser necessário aplicar a jurisdição
extraterritorial, com os seguintes critérios:
i) Nacionalidade. Para alguns autores a jurisdição é acionada quando o fato
envolver um nacional fora de seu Estado.
ii) Segurança nacional. Segundo este princípio, está autorizada a jurisdição
extraterritorial quando a soberania/segurança/integridade de um Estado está ameaçada em
outro território.
iii) Universalidade. Pelo Princípio da Universalidade o Estado pode julgar fatos que
ocorreram em outros Estados quando se tratam de casos de proteger a própria humanidade,
quando estes fatos violam direitos universais/gerais.
iv) Personalidade passiva. De acordo com este princípio o estado poderia julgar
um fato ocorrido em outro território desde que um nacional seu seja vítima daquele fato.
Observação3. A questão em tela parte da premissa de que não há primazia entre a
jurisdição territorial e jurisdição extraterritorial. Aqui, mais uma vez há polêmica, alguns
autores entendem que há sim primazia da jurisdição territorial e que a jurisdição
extraterritorial só poderia ser acionada em casos excepcionais. Porém, a corrente adotada
pela banca é que não há primazia.
 a) ( ) o exercício da jurisdição territorial tem primazia sobre o exercício da
jurisdição extraterritorial, independentemente do critério que legitime a extraterritorialidade;
Comentário: considerada errada, pois a depender do critério pode prevalecer a
extraterritorialidade.
 b) ( ) o exercício da jurisdição territorial tem primazia sobre o exercício da
jurisdição extraterritorial pelo critério do sujeito passivo, não a tendo, contudo, pelos demais
critérios legitimadores da extraterritorialidade;
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Comentário: errado, pelo critério do sujeito passivo não gera primazia da jurisdição
territorial.
 c) () o exercício da jurisdição territorial, ainda que mais frequente, não tem
qualquer primazia sobre o exercício da jurisdição extraterritorial, resolvendo-se o conflito pelo
princípio ne bis in idem;
Comentário: correto, a corrente adotada é que não há primazia da jurisdição territorial
sobre a extraterritorial.
 d) ( ) a primazia do exercício da jurisdição extraterritorial só é admitida em
casos excepcionais, sob pena de se incorrer em ingerência ilícita nos assuntos de exclusiva
competência doméstica do Estado territorial.
Comentário: errado, pois não há primazia de uma jurisdição sobre a outra.

3.12 Questão de n. 52
 MPF – 2013 – 22 - No direito internacional privado, a remissão feita por lei
estrangeira:
Observação1. Conceito de reenvio ou remissão, fenômeno que ocorre quando a norma
de DIPRI, quando a norma indireta indica uma norma estrangeira para resolver aquele caso e
aquela norma remete a outra norma de outro estado. Quando existem dois estados
envolvidos, v.g. o direito brasileiro remete a norma de outro estado, ocorre o reenvio de 1º
grau. Pode envolver três estados, v.g. a norma brasileira remeter para estado B e este remeter
para estado C, neste caso, estar-se-á diante de um reenvio de segundo grau.
Observação2. O ordenamento brasileiro não admite o reenvio, é a vedação contida no
art. 16, LINDB.
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei
estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão
por ela feita a outra lei.

 a) () não é de ser considerada quando se tiver que aplicá-la;


Comentário: correto, se a lei estrangeira remeter para outra não deve ser considerada.
 b) ( ) é de ser considerada sempre em sua aplicação, sob pena de mutilar o
elemento de qualificação;
 c) ( ) é de ser considerada em sua aplicação nos estritos limites da Lei de
Introdução à Normas do Direito Brasileiro;
 d) ( ) só é de ser considerada quando a remissão for de 2.º grau, não, porém,
quando for de 1.º grau.

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3.13 Questão de n. 53
 MPF – 2013 – 23 – As normas de direito internacional peremptório (jus cogens)
Observação1. No art. 38 do Estatuto da CIJ elenca-se as fontes principais do DIP, que
são: tratados, costumes e princípios gerais de direito, sendo que os meios auxiliares são a
doutrina e a jurisprudência. Além das fontes previstas há as fontes extra estatutárias, dentre
elas está o jus cogens.
Observação2. Jus cogens são normas dotadas de primazia de maior importância no DIP.
A doutrina ainda vacila em sua definição, o certo é que o jus cogens são normas acima de
outras normas. A respeito dele é preciso destacar que possui efeito erga omnes, ou seja, valem
para pessoas que participaram ou não da elaboração destas normas.
Observação3. O art. 53 da Convenção de Viena faz referencia ao jus cogens dizendo
que nenhum tratado pode revogar o jus cogens.
Observação4. A doutrina tem dificuldade em apontar exemplos de jus cogens, nem
todos os direitos humanos são exemplo, porém um exemplo que é dado pela doutrina é a
proibição da tortura como norma jus cogens.
 a) ( ) podem ser derrogadas por tratado;
 b) ( ) só podem ser derrogadas por costume internacional;
 c) () pressupõem uma ordem pública internacional não disponível para os
Estados individualmente;
 d) ( ) não guardam qualquer relação com o conceito de obrigações erga omnes.
Comentário: gabarito “C”.

3.14 Questão de n. 54
 MPF – 2013 – 24 - Segundo a Convenção da ONU sobre o direito do mar
(UNCLOS ou Convenção de Montego Bay) de 1982:
 a) ( ) as ilhas e os Estados arquipelágicos dispõem de zona econômica exclusiva
de, no máximo, 12 milhas;
Comentário: esta assertiva está cobrando a literalidade do art. 57 da convenção sobre
direito do mar.
Art. 57. A zona econômica exclusiva não se estenderá além de 200 milhas marítimas das
linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial.

Observação. Os três conceitos mais importantes da Convenção são o conceito de mar


territorial (vai até a 12ª milhas marítimas), zona contigua (da 12ª milha até a 24ª milhas) e
zona econômica exclusiva (até 200 milhas).

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 b) ( ) a zona econômica exclusiva coincide com a plataforma continental, ambas


com limite extremo de 200 milhas;
Comentário: errado, veja a disposição da convenção:
Art. 76. 1. A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo
das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão
do prolongamento natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem
continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das
quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem
continental não atinja essa distância.

 c) ( ) Estados podem reivindicar soberania parcial sobre recursos do alto-mar,


dependendo de acordo multilateral;
Comentário: errado, os Estados não podem reivindicar recursos do alto-mar.
Art. 89. Nenhum Estado pode legitimamente pretender submeter qualquer parte do alto
mar à sua soberania

 d) () a chamada zona contígua, de 12 milhas adjacentes ao mar territorial,


coincide parcialmente com a zona econômica exclusiva que tem extensão de até 200 milhas a
partir do limite do mar territorial.
Comentário: assertiva correta.
Art. 33. 2. A zona contígua não pode estender-se além de 24 milhas marítimas, contadas
a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.

3.15 Questão de n. 56
 MPF – 2013 – 56 – De acordo com a Corte Internacional de Justiça, no
julgamento de 20 de julho de 2012 do caso “questões relativas à obrigação de perseguir ou
extraditar” (Bélgica vs. Senegal),
Observação1. Caso Habré, ex-ditador do Chade se escondeu no Senegal, a Bélgica
pediu a extradição e o Senegal negou, o caso foi para CIJ que entendeu que a obrigação há a
obrigação aut dedere aut judicare (ou extradita ou julga). A Convenção de 1984 estabelece
uma obrigação internacional de processar e uma opção do Estado de extraditar (aut dedere
aut judicare).
Observação2. A proibição da tortura é norma consuetudinária, mas esta obrigação só
é exigível após a entrada em vigor da Convenção.
 a) ( ) O crime de tortura é, no direito internacional, de natureza
consuetudinária e, por isso, prevalece a obrigação do Senegal de extraditar ou promover a
persecução penal (aut dedere aut judicare) contra o ex-presidente do Chade, Hissène Habré,

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para fatos que tiveram lugar antes mesmo da entrada em vigor da Convenção da ONU contra
a Tortura para o Senegal;
Comentário: errado, a obrigação só começa com a entrada em vigor do tratado.
 b) ( ) o crime de tortura não é, no direito internacional, de natureza
consuetudinária, sendo sua criminalização resultado do direito convencional e, por isso,
prevalece a obrigação do Senegal de extraditar ou promover a persecução penal (aut dedere
aut judicare) contra o ex-presidente do Chad, Hissène Habré, apenas para fatos que tiverem
lugar após a entrada em vigor da Convenção da ONU contra a Tortura para o Senegal;
Comentário: errado, de acordo com este caso Bélgica vs. Senegal a proibição da tortura
é sim um direito consuetudinário.
 c) () o crime de tortura é, no direito internacional, de natureza
consuetudinária, mas, a obrigação do Senegal de extraditar ou promover a persecução penal
(aut dedere aut judicare) contra o ex-presidente do Chade, Hissène Habré, somente prevalece
para os fatos que tiveram lugar após a entrada em vigor da Convenção da ONU contra a
Tortura para o Senegal;
Comentário: correto.
 d) ( ) o crime de tortura é, no direito internacional, de natureza
consuetudinária, mas, a obrigação do Senegal de extraditar ou promover a persecução penal
(aut dedere aut judicare) contra o ex-presidente do Chade, Hissène Habré, somente prevalece
para os fatos que tiveram lugar após a entrada em vigor da Convenção da ONU contra a
Tortura para a Bélgica.
Comentário: o erro está em prever a entrada em vigor para a Bélgica, e sim para o
Senegal.

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