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Prática 5: Ensaio a vazio e de curto-

circuito do gerador síncrono


I – Objetivos

Levantamento da característica de funcionamento a vazio (característica


de magnetização) e de curto-circuito do gerador síncrono (determinação da
reatância síncrona (Xs)).

II – Introdução Teórica

O transformador (assim como o motor de indução trifásico) é,


essencialmente, um dispositivo de fluxo constante, isto é, a amplitude do fluxo
de operação resultante é determinada pela tensão C.A. aplicada. Em contraste,
o fluxo resultante no entreferro na máquina síncrona depende do módulo da
corrente de campo (ou de excitação) no enrolamento de campo (colocado,
normalmente, na estrutura do rotor), assim como do valor da corrente de
armadura (ou carga – está-se considerando aqui a máquina síncrona como
uma unidade isolada; se ela fosse considerada conectada ao barramento
infinito, o fluxo no entreferro seria invariante).
Consequentemente, quando se analisa o gerador síncrono, torna-se
necessário introduzir a curva de magnetização que se aplica para seu circuito
magnético. Se os dados de projeto estão disponíveis, a curva de magnetização
pode ser calculada. Caso contrário, se a máquina está disponível em um
laboratório, a curva de magnetização pode ser obtida fazendo-se um simples
ensaio de circuito aberto.
O rotor é acionado na velocidade síncrona ao longo do teste por um
agente motor. A corrente de campo c.c. varia por meio de um reostato e, a
cada ponto, a tensão correspondente de fase é medida. Uma curva com estes
pontos está representada como (a) na Figura 1 e é freqüentemente chamada
de característica em vazio. A parte reta desta curva é chamada de
característica do entreferro (b) porque considera a máquina sem saturação.
Outra característica útil relacionada com a análise de geradores
síncronos é a característica de curto-circuito. É determinada aplicando-se um
curto-circuito nos terminais a, b e c do diagrama da Figura 4.1, acionando o
rotor na velocidade síncrona e medindo as correntes de linha durante o curto-
circuito, para vários valores de corrente de campo. O gráfico da corrente de
linha de curto-circuito versus corrente de campo conduz à curva (c) da
Figura 1.
Uma vez determinadas as curvas características da máquina síncrona
(conforme mostrado na Figura 1), pode-se determinar a reatância síncrona.
Observe que, apesar do ensaio ter sido feito com a máquina funcionando como
gerador, as curvas obtidas são válidas também para a condição da máquina
funcionando como motor. Se os dados de projeto estão disponíveis, de forma
que tanto as espiras efetivas como a relutância do circuito magnético podem
ser calculadas, então também pode ser obtido o valor da reatância síncrona da
máquina. Caso contrário, Xs pode ser calculada da característica do
entreferro e de curto-circuito, isto é, através do uso das curvas (b) e (c) da
Figura 1.

Figura 1 - Curvas características: (a) característica de circuito aberto não-linear;


(b) característica de entreferro (linear); (c) característica de curto-circuito.

Para se entender como isso acontece, deve-se examinar o diagrama


fasorial do gerador síncrono sob condições de curto- circuito, com a corrente de
campo ajustada ao valor que causa circulação da corrente de armadura
nominal. A f.m.m. do enrolamento de armadura permanece a mesma, mas a
tensão no terminal é zero. Conseqüentemente, o diagrama fasorial é aquele
mostrado na Figura 4.3 (a). Observa-se que a corrente de campo é usada
quase inteiramente para neutralizar o efeito da f.m.m. do enrolamento de
armadura. O restante, Rsc, é suficientemente grande apenas para superar a
queda na impedância de dispersão, que, para todos os propósitos práticos, é
igual à queda na reatância de dispersão. Observa-se também que a corrente
de armadura em condições de curto-circuito está atrasada em relação à tensão
de excitação de aproximadamente 90º. Por razões óbvias, para valores tão
baixos de fator de potência, as grandezas R , A e F são essencialmente
colineares.
Além disso, outro aspecto a ser observado na Figura 2 (a) é que a
tensão de excitação em curto-circuito é praticamente igual à queda na
impedância síncrona. Essa observação fornece a chave para a determinação
de Xs. Se Fsc for mantida e o curto-circuito removido, a tensão de circuito aberto
produzida por esta corrente de campo é, obviamente, E fsc. Portanto, conhecido
Fsc, a característica do entreferro pode ser usada do modo ilustrado na Figura 2
(b) para se obter Efsc. De modo similar, da característica de curto-circuito, a
corrente correspondente produzida por F sc pode ser calculada. A reatância
síncrona é, então, a relação entre estas duas grandezas. Dessa forma a
reatância síncrona não saturada pode ser escrita como:

𝐸𝑓𝑠𝑐
𝑋𝑠´ =
𝐼𝑎
Lembre-se que este é o valor não-saturado da reatância síncrona, porque se
está usando a característica do entreferro.

Figura 2 - Determinação da reatância síncrona não-saturada: (a) diagrama fasorial


em curto-circuito; (b) características em vazio e de curto-circuito.

Pode-se ainda, determinar a reatância síncrona saturada aproximada. O


método geralmente aceito para considerar um valor saturado da reatância
síncrona é lidar com a condição de densidade de fluxo que é associada com a
f.m.m. necessária para gerar a tensão terminal em vazio. Para ilustrar, faça a
corrente de campo que é necessária para gerar a tensão nominal (Vr) ser
representada por 0a na Figura 3. Agora, se esta mesma corrente de campo for
usada num teste de curto-circuito, ter-se-á uma corrente de armadura de curto-
circuito (Isc) que está freqüentemente próxima do valor nominal (IR). Na
Figura 3 esta corrente está indicada como ligeiramente menor que a corrente
nominal. As condições que prevalecem no caso de curto-circuito são tais que
existe uma queda na reatância síncrona, Iscxs, que é de valor praticamente
igual à tensão terminal nominal porque a correspondente corrente de campo 0a
é comum. Desta forma pode-se escrever

𝐼𝑠𝑐 𝑋𝑠 = 𝑉𝑅
Ou ainda,
𝑉𝑅
𝑋𝑠∗ =
𝐼𝑠𝑐

Para servir de comparação, é instrutivo observar-se que o valor não-


saturado da reatância síncrona é, evidentemente, um valor maior que o
representado na equação anterior, visto que nos cálculos é feito uso da tensão
(Efsc) na linha do entreferro, ao invés da tensão (VR) na característica de
circuito aberto, para excitação 0a.
Figura 3 - Dados gráficos usados para calcular o valor saturado da reatância
síncrona (valor aproximado).

III – Equipamento utilizado

1 - Máquina síncrona trifásica com fonte para excitação de campo


2 - Motor de corrente contínua em derivação
3 - Amperímetro
4 - Voltímetro
5 - Frequencímetro
6 - Chave Trifásica
7 - Tacômetro

IV – Montagem e execução do experimento

Ensaio a Vazio

Esquema de ligação – Ensaio a vazio da máquina síncrona.


Ler o esquema do circuito, selecionar o equipamento e registrar as
características do mesmo na lista da folha de ensaio. Executar as ligações e
abrir o circuito de excitação. Consultar o professor e, se este aprovar, continuar
o ensaio conforme descrição a seguir:

(i) Dar partida ao motor de acionamento.


(ii) Ajustar a velocidade do conjunto à velocidade nominal do gerador, utilizando
um tacômetro para controle.
(iii) Observar o valor da tensão existente entre os terminais do estator. Esta
tensão é devido ao magnetismo residual.
(iv) Inserir a excitação de campo com valor mínimo.

Antes de iniciar o ensaio deve-se tentar eliminar o magnetismo residual


do rotor. Para isso, deve-se variar a corrente de excitação, procurando, por
tentativas, o ponto em que a tensão terminal é zero quando a corrente de
excitação se anula.

Em seguida, deve-se iniciar o ensaio variando a corrente de excitação


(Iexc) e registrar o valor da tensão terminal da máquina (E a). É importante notar
que a velocidade do gerador deve permanecer constante durante todo o
ensaio. Este controle será feito mediante a observação do frequencímetro.
Após atingir os valores limites de tensão e/ou corrente de excitação, deve-se
diminuir a corrente de excitação até zero, passando pelos mesmos valores
considerados na fase de aumento, registrando os valores conforme a tabela
abaixo:
Ensaio de curto-circuito

Esquema de ligação – Ensaio de curto-circuito da máquina síncrona.

Ler o esquema do circuito, executar as ligações e curto-circuitar os


terminais do estator da máquina. Consultar o professor e, se este aprovar,
continuar o ensaio conforme descrição a seguir:

(i) Dar partida ao motor de acionamento.


(ii) Ajustar a velocidade do conjunto à velocidade nominal do gerador, utilizando
um tacômetro para controle.
(iv) Inserir a excitação de campo com valor mínimo.

Fixar uma série de valores de corrente de excitação (I exc) do gerador, de


zero até o máximo admissível, seguindo os mesmos valores adotados no
ensaio a vazio. Anotar o valor da corrente de curto-circuito nos terminais da
máquina (Icc). O valor máximo de Icc deve corresponder ao valor nominal de
corrente. No decorrer do ensaio é necessário que a velocidade do gerador
síncrono permaneça inalterada. Finalmente, deve-se registrar os valores de
tensão do ensaio a vazio da máquina (Ea).
Em posse dos valores medidos, deve-se calcular, para cada condição de
excitação, a impedância síncrona usando a relação Z s=Ea/Icc. Medir a
resistência de uma das fases do gerador síncrono. Em seguida, calcular, para
cada condição de excitação, a reatância síncrona de acordo com a expressão:

𝑋𝑠 = √𝑍𝑠2 − 𝑅2
A tabela a seguir deve ser usada como modelo para registro dos valores
medidos e calculados

V. Análise dos dados

1) Traçar a curva de magnetização do gerador (E a x Iexc) e determinar o


valor da reatância síncrona da máquina.
2) Traçar a curva de corrente de curto-circuito versus corrente de
excitação (Icc x Iexc) em escala conveniente.
3) A partir dos ensaios, determine X’s e X*s conforme mostrado na teoria
4) Os valores obtidos para X’s e X*s estão de acordo com o que foi
exposto na Teoria? Justifique.

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