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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA A DISTÂNCIA

MARCELINO MACHADO DE MELO (MAT. 2012019484)

ESTUDO INDIVIDUALIZADO – TREINAMENTO ESPORTIVO APLICADO A


EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

NOVA CRUZ
2016
1. Revisão de bibliografia com pelo menos 3 autores da bibliografia sugerida com os
conceitos de pelo menos 4 (quatro) PRINCIPIOS DO TREINAMENTO
ESPORTIVO, argumentando qual classificação adotaria como mais adequada em
função de se tratar de treino esportivo no âmbito escolar de um estado do Nordeste
que representa menos de 1% do PIB nacional.

O treinamento desportivo existe desde os primórdios de nossa civilização, sendo uma


atividade bastante antiga, que vem evoluindo em uma progressão geométrica através dos
tempos. Há milhares de anos, no Egito e na Grécia, já era possível constatar o uso de alguns
princípios do treinamento para preparar atletas para os Jogos Olímpicos e para a guerra
(BARBANTI, 1997). Sem dúvida, é na Antiguidade grega que se encontra o ponto de partida
para o desenvolvimento dessa área, fato que se deve ao grande número de jogos lá praticados,
principalmente os Jogos Olímpicos, que serviram, inclusive, de inspiração ao barão Pièrre de
Coubertin para a criação das Olimpíadas modernas (TUBINO, 1984).
Todo o trabalho desenvolvido na periodização do treinamento deve encontrar-se
enquadrado nos métodos ou princípios do treinamento desportivo, esses princípios interagem
entre si e garantem a aplicação correta do processo de treinamento (Verkhoshansky, 1988).
Destes princípios, serão indicados neste trabalho apenas: 1) o princípio da
individualidade biológica, 2) princípio da especificidade, 3) princípio da adaptação e 4) o
princípio da sobrecarga.

1. O Princípio da Individualidade Biológica

De acordo com Tubino, “chama-se individualidade biológica o fenômeno que explica


a variabilidade entre elementos da mesma espécie, o que faz que com que não existam pessoas
iguais entre si. ” (TUBINO, 1984, p. 100). Cada ser humano possui uma estrutura e formação
física e psíquica própria, neste sentido, o treinamento individual tem melhores resultados, pois
obedeceria as características e necessidades do indivíduo. Grupos homogêneos também
facilitam o treinamento desportivo. Cabe ao treinador verificar as potencialidades, necessidades
e fraquezas de seu atleta para o treinamento ter um real desenvolvimento. Há vários meios para
isso, além da experiência do treinador, que conta muito, os testes específicos são primordiais.

Segundo Benda & Greco, uma das Capacidades do Rendimento Esportivo é a


Capacidade Biotipológica, que está dividida em Capacidade constitucional Fenótipo e
Capacidade constitucional Genótipo:
O genótipo é o responsável pelo potencial do atleta. Isso inclui fatores como
composição corporal, biótipo, altura máxima esperada, força máxima possível e
percentual de fibras musculares dos diferentes tipos, dentre outros. O fenótipo é
responsável pelo potencial ou pela evolução das capacidades envolvidas no genótipo.
Neste se inclui tanto o desenvolvimento da capacidade de adaptação ao esforço e das
habilidades esportivas como também a extensão da capacidade de aprendizagem do
indivíduo. (BENDA & GRECO, 2001, p. 34).

Segundo Dantas: “O indivíduo deverá ser sempre considerado como a junção do


genótipo e do fenótipo, dando origem ao somatório das especificidades que o caracterizarão.”
(DANTAS, 1995, p. 39), “deve-se entender o genótipo como a carga genética transmitida à
pessoa e que determinará preponderantemente diversos fatores” (ibidem, 1995, p. 39) e, “os
potenciais são determinados geneticamente, e que as capacidades ou habilidades expressas são
decorrentes do fenótipo.” (ibidem, 1995, p. 39). Para este autor, o campeão seria aquele que
nasceu com um “dom da natureza” e que, aproveitando totalmente esse dom, o desenvolve
através de um perfeito treinamento (ibidem, 1995, p. 40).

Segundo BOMPA (2002) a individualidade é uma das principais exigências do


treinamento contemporâneo. Refere-se à ideia de que o treinador precisa tratar cada atleta de
forma individualizada, levando em conta suas habilidades, seu potencial, suas características de
aprendizagem e, também, a especificidade do desporto, independentemente de seu nível de
desempenho. Deve-se modelar todo o conceito de treinamento de acordo com as características
fisiológicas para naturalmente, elevar os objetivos do treinamento.

Nos Jogos Pan-americanos de 2007 verificamos em entrevistas de atletas brasileiros


considerados fenômenos pela mídia, um discurso que os bons resultados obtidos não eram
frutos somente de um Dom, e sim de muito esforço, trabalho, treinamento, incentivos
financeiros e técnicos. Elevando a importância dos fatores ambientais, do fenótipo do atleta,
consequentemente, elevamos a importância do treinador, do profissional de Educação Física e
sua intervenção para o sucesso do atleta, de um campeão.

Não cabe aqui discutir fatos históricos ligados às tentativas de manipulações das
características genéticas, do genótipo de atletas, através, principalmente, dos ideais da Eugenia
no decorrer do século XX. Mas sempre irá caber em qualquer lugar o alerta em relação às
tentativas de manipulação e violação do corpo, da integridade e dos direitos de todo o homem.
2. O Princípio da Especificidade

De acordo com Dantas (1995), a partir do conceito de treinamento total, quando todo o
trabalho de preparação passou a ser feito de forma sistêmica, integrada e voltada para objetivos
claramente enunciados, a orientação do treinamento por meio de métodos de trabalho veio,
paulatinamente, perdendo a razão de ser. Hoje em dia, nos grandes centros desportivos, esta
forma de orientação do treinamento foi totalmente abandonada em proveito da designação da
forma de trabalho pela qualidade física que se pretende atingir. Associando-se este conceito à
preocupação em adequar o treinamento do segmento corporal ao do sistema energético e ao
gesto esportivo, utilizados na performance, ter-se-á o surgimento de um sexto princípio
esportivo: o princípio da especificidade, que vem se somar aos já existentes. Podemos dizer que
este princípio sempre esteve intrínseco em todo o treinamento esportivo, desde o mais rústico
nas práticas utilitárias, mas tê-lo como princípio norteador e como um dos parâmetros que
devem ser levados em consideração é essencial ao estudo e planejamento crítico e consciente
nos treinamentos contemporâneos.

O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto


essencial, que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos
específicos da performance desportiva, em termos de qualidade física
interveniente, sistema energético preponderante, segmento corporal e
coordenações psicomotoras utilizados (ibidem, 1995, p. 50).

Segundo Dantas, ao se estudar o princípio da especificidade, de imediato sobressai um


fator determinante, que é o princípio da individualidade biológica, estabelecendo limites
individuais a esta capacidade de transferência. O princípio da especificidade irá se refletir em
duas amplas categorias de fundamentos fisiológicos: os aspectos metabólicos e os aspectos
neuromusculares. Para Dantas, “O princípio da especificidade preconiza, ... que se deve, além
de treinar o sistema energético e o cardiorrespiratório dentro dos parâmetros da prova que se
irá realizar, fazê-lo com o mesmo tipo de atividade de performance.” (ibidem, 1995, p. 50):

Isto serve, cada vez mais, para firmar na consciência do treinador que o treino,
principalmente na fase próxima à competição, deve ser estritamente específico,
e que a realização de atividades diferentes das executadas durante
a performance com a finalidade de preparação física, se justifica se for feita
para evitar a inibição reativa (ou saturação de aprendizagem). (ibidem, 1995, p.
50).
De acordo com Dantas (1995), o segundo componente dos aspectos neuromusculares é
controlado, principalmente pelo sistema nervoso central ao nível de cérebro, bulbo e medula
espinhal e pressupõe que todos os gestos esportivos, realizados durante a performance, já
estejam perfeitamente “aprendidos” de forma a permitir que, durante a performance, não se
tenha que criar coordenações neuromusculares novas, mas tão somente “lembrar-se” de um
movimento já assimilado e executá-lo. A psicologia da aprendizagem ensina que o
conhecimento, ou movimento, uma vez aprendido fica armazenado no neocórtex sob forma de
engrama, que consiste num determinado padrão de ligação entre os neurônios. O engrama, que
é sempre utilizado, fica cada vez mais “nítido” e “forte” ao passo que aquele que não é utilizado
se enfraquece e pode até se extinguir. Se um gesto esportivo for repetido com constância, seu
engrama ficará tão forte a ponto de permitir a execução do gesto de forma reflexa, através de
uma rápida comparação, pelo bulbo, entre as reações neuromusculares e o engrama. Este
aspecto está ligado a mielinização das fibras nervosas e à velocidade de condução dos impulsos,
e à caracterização dos tipos de movimentos.

Essa especificidade deve ser o mais próximo possível da realidade do esporte praticado,
ou seja, a posição do movimento no treino poderá trazer respostas diferenciadas caso não esteja
adequada à posição normalmente utilizada durante a prática esportiva. Segundo Weineck;1986,
os fusos musculares reagem de maneira semelhante àquela já habituada (treinada) e a cada novo
processo de utilização diferenciado, este deve ser ajustado ou regulado mediante a nova
exigência motora.

Mesmo nas atividades com a mesma característica de movimento e energética, obtêm-


se respostas diferentes, e em comum acordo com a exigência motora aplicada. Howley &
Powers; 2000, citam as modificações induzidas por treinamento de corrida e ciclismo, sobre o
limiar de lactato sangüíneo. Foram comparadas amostras por meio de testes realizados no início
e no final do tempo de treinamento. Os testes foram realizados em tapete rolante e bicicleta.
Respectivamente os resultados foram: o treinamento de corrida aumentou 58%, e elevou em
20% os resultados dos testes na esteira e na bicicleta. O treinamento de ciclismo elevou em 39%
os resultados na bicicleta e sem nenhuma melhoria no limiar na esteira. Zatsiorski (1999) ainda
cogita que a transferência dos ganhos de treinamento pode diferir significativamente, mesmo
em exercícios muito similares.

Finalizando, Dantas (1995) nos diz que, o aprimoramento da habilidade técnica e a


execução de todos os movimentos possíveis durante o treinamento, visando a aquisição e
reforço dos engramas requeridos pelo esporte considerado, tomarão tanto mais tempo quanto
mais complexo ele for em termos neuromotores.

Então, se a especificidade do movimento, e consequentemente da modalidade


esportiva, está atrelada à memória do gesto motor, de seu treinamento, podemos dizer que o
Princípio da Especificidade está ligado diretamente aos gestos específicos de uma determinada
modalidade e o treinamento utilizado para o aprendizado e o desenvolvimento destes
respectivos gestos específicos.

3. O Princípio da Adaptação

Podemos dizer que a adaptação é um dos princípios da natureza. Não fosse a capacidade
de adaptação, que se mostra de diferentes modos e intensidades, várias espécies de vida não
teriam sobrevivido ou conseguido sobreviver por longos tempos e em diferentes ambientes. O
próprio homem conseguiu prevalecer no planeta, como espécie, devido à sua capacidade de
adaptação.

De acordo com Weineck, a adaptação é a lei mais universal e importante da vida.


Adaptações biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em quase todos
os sistemas. Sob “adaptações biológicas no esporte”, entendem-se as alterações dos órgãos e
sistemas funcionais, que aparecem em decorrência das atividades psicofísicas e esportivas
(WEINECK, 1991):

Na biologia, compreende-se “adaptação” fundamentalmente como uma


reorganização orgânica e funcional do organismo, frente a exigências internas
e externas; adaptação é a reflexão orgânica, adoção interna de exigências. Ela
ocorre regularmente e está dirigida à melhor realização das sobrecargas que
induz. Ela representa a condição interna de uma capacidade melhorada de
funcionamento e é existente em todos os níveis hierárquicos do corpo.
Adaptação e capacidade de adaptação pertencem à evolução e são uma
característica importante da vida. Adaptações são reversíveis e precisam
constantemente ser revalidadas (Israel 1983, 141). (ibidem, 1991, p. 22).

Weineck diz que, no esporte, devido aos múltiplos fatores de influência, raramente o
genótipo é completamente transformado em fenótipo, mesmo com o treinamento mais duro.
Para este autor, fases de maior adaptabilidade, encontram-se em diferentes períodos para os
fatores de desempenho de coordenação e condicionados, são designadas “fases sensitivas”. A
zona limite destas fases sensitivas, isto é, o período em que justamente ainda é possível uma
melhor expressão das características, geralmente é chamada de “período crítico” (ibidem,
1991).

Capacidade de adaptação” ou “adaptabilidade” é o nome que se dá à diferente


assimilação dos estímulos, frente à mesma qualidade e quantidade de exercícios
ou carga de treinamento. Ela pode ser atribuída à correlação
organismo/ambiente, sob o ponto de vista da predisposição hereditária e sua
expressão (genética) (Gürtler 1982, 35). (ibidem, 1991, p. 23).

Para Tubino, este princípio do Treinamento Esportivo está intimamente ligado ao


fenômeno do stress. As investigações sobre o stress tiveram início em 1920 com Cânon e
Hussay, tendo uma grande ênfase no período entre 1950 e 1970, onde praticamente surgiu uma
literatura científica básica sobre este fenômeno (TUBINO, 1984). Segundo Tubino:

Definindo-se Homeostase, de acordo com CANNON, como o equilíbrio


estável do organismo humano em relação ao meio ambiente, e sabendo-se que
esta estabilidade modifica-se por qualquer alteração ambiental, isto é, para
cada estímulo há uma resposta, e, ainda, entendendo-se por estímulos o calor,
os exercícios físicos, as emoções, as infecções, etc., conclui-se, com base num
grande número de experiências e observações de diversos autores, que em
relação ao organismo humano:

a. estímulos débeis => não acarretam conseqüências;


b. estímulos médios => apenas excitam;
c. estímulos médios para fortes => provocam adaptações;
d. estímulos muito fortes => causam danos.” (ibidem, 1984, p. 101).

Segundo Dantas, o conceito de Homeostase, que é necessário para compreender este


princípio, é: “Homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas
constitutivos do organismo vivo, e o existente entre este e o meio ambiente.” (DANTAS, 1995,
p. 40). Para este autor, a homeostase pode ser rompida por fatores internos, geralmente oriundos
do córtex cerebral, ou externos, como: calor, frio, situações inusitadas, provocando emoções e,
variação da pressão, esforço físico, traumatismo, etc. Dantas diz que, sempre que a homeostase
é perturbada, o organismo dispara um mecanismo compensatório que procura restabelecer o
equilíbrio, quer dizer, todo estímulo provoca reação no organismo acarretando uma resposta
adequada (ibidem, 1995). Neste sentido, o organismo, buscando o equilíbrio constante, estaria
sempre em um estado constante de equilibração.

Tubino pensa que, quando o organismo é estimulado, imediatamente aparecem


mecanismos de compensação para responder a um aumento de necessidades fisiológicas.
Assim, constata-se que existe uma relação entre a adaptação de estímulos de treinamento e o
fenômeno de stress, o que é explicado pelo princípio científico da adaptação. A definição dada
ao stress por Tubino é a seguinte: Stress ou Síndrome de Adaptação Geral (SAG), segundo
SELYE (1956) é a reação do organismo aos estímulos que provocam adaptações ou danos ao
mesmo, sendo que esses estímulos são denominados agentes stressores ou stressantes.”
(TUBINO, 1984, p. 102).

A síndrome de adaptação geral (SAG) é dividida em três fases, até que o agente
stressante na sua ação atinja o limite da capacidade fisiológica de compensação do organismo:
1ª Fase: Reação de alarme; 2ª Fase: Fase da resistência (adaptação) e; 3ª Fase: Fase da exaustão
(ibidem, 1984).

Para este autor, na fase de reação de alarme, os mecanismos auxiliares são mobilizados
para manter ávida, a fim de que a reação não se dissemine. É caracterizada pelo desconforto, e
está dividida em duas partes choque e contrachoque: sendo o choque a resposta inicial do
organismo a estímulos aos quais não está adaptado, provocando a diminuição da pressão
sanguínea, enquanto o contrachoque ocasiona uma inversão de situação, isto é, ocorre um
aumento da pressão sanguínea. (ibidem, 1984, p. 102).

A fase da resistência é a fase da adaptação, a qual é obtida pelo desenvolvimento


adequado dos canais específicos de defesa, sendo esta etapa caracterizada pela dor e pela ação
do organismo resistindo ao agente stressante inicial, sendo a fase que realmente mais interessa
ao treinamento desportivo.

A fase da exaustão é aquela em que as reações se disseminam, em conseqüência da


saturação dos canais apropriados de defesa, apresentando como característica a presença do
colapso, podendo chegar até a morte (ibidem, 1984).

Tubino ainda menciona que, “EÜLER observou 3 tipos de stress, de acordo com a
origem dos estímulos stressantes” (ibidem, 1984, p. 103), são eles: o stress físico,
o stress bioquímico e, o stressmental.
De acordo com Tubino, é importante a utilização correta do princípio de adaptação,
onde se deve haver cuidado na aplicação das cargas de treinamento, agentes stressantes.

Mas não só de modo pragmático devemos enxergar o Princípio da Adaptação. Acredito


que em termos de treinamento, o critério adaptação pode ser estendido a vários outros fatores
além do treinamento fisiológico propriamente dito. Um bom exemplo são as capacidades de
adaptações emocionais, ambientais, entre outras, além da comum capacidade do treinador ou
professor se adaptar, às vezes com um “jeitinho brasileiro”, às péssimas condições de trabalho
ou dificuldades encontradas em condições sociais desfavorecidas. O treinador ou professor
deve ter em mente que é preciso seadaptar à atitude de adaptação, uma atitude consciente e
crítica, pois, com a velocidade da dinâmica das mudanças hodiernas e a possível e quase certa
aceleração que deve vir adiante em tempos futuros, a capacidade de adaptação será cada vez
mais necessária e requisitada.

4. O Princípio da Sobrecarga

De acordo com Dantas: “Imediatamente após a aplicação de uma carga de trabalho, há


uma recuperação do organismo, visando restabelecer a homeostase” (DANTAS, 1995, p. 43).
O aproveitamento do fenômeno da assimilação compensatória ou supercompensação, que
permite a aplicação progressiva do princípio da sobrecarga, pode, ainda, ser severamente
comprometido por uma incorreta disposição do tempo de aplicação das cargas. Esse equilíbrio
entre carga aplicada e tempo de recuperação é que garantirá a existência da supercompensação
de forma permanente. ” (ibidem, 1995, p. 44).

Segundo Tubino, o momento exato em que se produz à adaptação aos agentes


stressantes (estímulos), é, sem dúvida, um dos pontos mais discutíveis do Treinamento
Esportivo. Existem pontos de vista que estabelecem a adaptação durante intervalos
intermediários dos treinos, enquanto que outras pesquisas defendem a tese da adaptação após o
último intervalo da sessão de treino (TUBINO, 1984). Tubino comenta que:

Segundo HEGEDUS (1969), os diferentes estímulos produzem diversos


desgastes, que são repostos após o término do trabalho, e nisso podemos
reconhecer a primeira reação de adaptação, pois o organismo é capaz de restituir
sozinho as energias perdidas pelos diversos desgastes, e ainda preparar-se para
uma carga de trabalho mais forte, chamando-se este fenômeno de assimilação
compensatória. Assim, sabe-se que não só são reconduzidas as energias
perdidas como também são criadas maiores reservas de energia de trabalho. A
primeira fase, isto é, a que recompões as energias perdidas, chama-se período
de restauração, o qual permite a chegada a um mesmo nível de energia anterior
ao estímulo. A segunda fase é chamada de período de restauração ampliada,
após o qual o organismo possuirá uma maior fonte de energia para novos
estímulos” (ibidem, 1984, p. 105 e 106).

Para Tubino, estímulos mais fortes devem sempre ser aplicados por ocasião do final da
assimilação compensatória, justamente na maior amplitude do período de restauração ampliada
para que seja elevado o limite de adaptação do atleta. Este é o princípio da sobrecarga, também
chamado princípio da progressão gradual, e será sempre fundamental para qualquer processo
de evolução desportiva.

Tubino (1984) cita algumas indicações de aplicação do Princípio da Sobrecarga,


referenciado nas variáveis: Volume (Quantidade) e Intensidade (Qualidade); em vários Tipos
de Treinamento, como: Contínuo, Intervalado, em Circuito, de Musculação, de Flexibilidade e
Agilidade, e Técnico.

O conceito de sobrecarga proposto por Howley & Powers; 2000, considera apenas as
cargas de trabalho, que impõem aos sistemas orgânicos e tecidos corporais, um estímulo acima
daquele limite, ao qual o organismo já esteja acostumado. Neste caso, seguindo-se o conceito
proposto no presente parágrafo, os estímulos que provocam destreinamento não seriam
classificados como sobrecargas e sim como estímulos débeis. Forçosamente devemos empregar
a estas condições que propiciam ao estado de destreinamento, o conceito de princípio da
reversibilidade. Este princípio será abordado juntamente com o princípio da continuidade.

As sobrecargas de treinamento segundo Zatsiorski; 1999, podem ser classificadas como


sobrecarga estimulante, sobrecarga de manutenção ou sobrecarga de destreinamento. A
sobrecarga estimulante é sempre mais elevada que o nível neutro e produz adaptações sobre o
organismo. A sobrecarga de manutenção é aquela onde o nível está dentro da zona neutra
(compreende-se como zona neutra a sobrecarga que não produz modificações significativas
nem positivas, nem negativas sobre o organismo do atleta) e por este motivo não estimula
melhorias sobre o organismo, havendo apenas a manutenção do estado de treinamento. A
sobrecarga de destreinamento* localiza-se abaixo da zona neutra e impossibilita a manutenção
ou elevação de um estado de treinamento, desta forma identifica-se um decréscimo no
rendimento. Verifica-se uma queda na condição física mais acentuada nos primeiros dias de
sobrecargas de destreinamento, quando estas situam-se em limiares próximos aos de repouso.

O que o professor ou o treinador deve ter é o bom senso ao definir a sobrecarga que vai
trabalhar com o seu aluno ou atleta, observando todos os outros Princípios do Treinamento
Esportivo, sempre respeitando as necessidades e anseios do atleta e, principalmente, os limites
éticos do treinamento.

Diante do exposto e segundo sugestão, podemos inferir que dentre os Princípios


elencados no presente trabalho respaldados por um posicionamento democrático na prática
desportiva, pode-se escolher como mais ADEQUADA para o âmbito escolar em nosso contexto
seria: o princípio da individualidade biológica por considerar as características individuais de
cada aluno-atleta.

2. Planejamento de uma equipe INFANTIL ou JUVENIL de uma modalidade


esportiva com os períodos de treino do mesociclo de 6 (seis) meses anteriores à
participação no JERNs em outubro de 2016, distribuindo os microciclos adequados
à cada período e estabelecendo os momentos dos microciclos de controle
(especificar que testes de capacidades motoras, físicas, fisiológicas, técnicas e
táticas e em que dias devem ser aplicados).

O Judô é um esporte que demanda: força estática e dinâmica, equilíbrio, agilidade,


tempo de reação, flexibilidade, velocidade, resistência, tática e técnica. Para que possamos
avaliar bem as condições dos alunos-atletas ao longo do ano, serão necessárias algumas
observações:
Controle 1 – realizado ao término do Mesociclo de preparação e serão aplicados os seguintes
testes:

Desempenho motor – força de MMSS (flexão de cotovelo), força de MMII


(agachamento com med-ball), teste de agilidade e teste de velocidade (tai-sabaki), teste
de equilíbrio (kuzushi)
Capacidades Físicas, fisiológicas – teste de capacidade aeróbia (movimentação com
kimono) e anaeróbia (sprawl), IMC, massa corporal.
Técnicas e táticas – Equilíbrio dinâmico e estático, tempo de reação em contragolpes
(kaeshi-waza), aplicação das técnicas (uchikomi-renshu).

Controle 2 – realizado no período de competição para dar polidez ao treinamento e


avaliar os atletas para a competição. Serão aplicados os mesmos protocolos para
comparação de parâmetros.

3. Proposta de democratização dos jogos escolares do seu município polo ou de


trabalho na área, considerando o regulamento JERNs de 2010 com 32 modalidades
esportivas (capítulo Esporte Escolar do material didático do Tópico 1) em pelo
menos dois indicadores.

CONSIDERANDO que a Resolução CND n.° 19/85 adota a Recomendação como forma
válida de pronunciamento oficial do Conselho, sempre que coveniente ou necessário para
oferecer subsídios às decisões de órgãos públicos, e orientação às entidades particulares; e que
as recomendações oriundas de tal resolução estabelecem que:
1. Que os Congressistas, na elaboração da Nova Lei de Diretrizes e
Bases da Educação tem o seguinte conceito de Desporto Educacional:
O Desporto Educacional, responsabilidade pública assegurada pelo Estado,
dentro e fora da Escola, tem como finalidade democratizar e gerar cultura,
através de modalidades motrizes de expressão da personalidade do indivíduo
em ação, desenvolvendo este indivíduo, numa estrutura de relações sociais
recíprocas e com a natureza, a sua formação corporal e as próprias
potencialidades, preparando-o para o lazer e o exercício crítico da cidadania,
evitando a seletividade, a segregação social e a hipercompetitividade, com
vistas a uma sociedade livremente organizada, cooperativa e solidária.

E ainda as sugestões do ensaio da carta proposto como circular nos termos:

A) PARA UM CONCEITO DE ESPORTE-EDUCAÇAO


O ESPORTE-EDUCAÇÃO DEVE: CONSTITUIR-SE numa responsabilidade
pública, assegurada pelo Estado, dentro e fora da Escola, que tem como
finalidade democratizar e gerar cultura através de modalidades motrizes de
expressão da personalidade do indivíduo em ação; DESENVOLVER os
indivíduos, numa estrutura de relações recíprocas e com a natureza, sua
formação corporal e as próprias potencialidades, preparando-os para o lazer e o
exercício crítico da cidadania; EVITAR a seletividade, a segregação social, a
hipercompetitividade, com vistas a uma sociedade livremente organizada,
cooperativa e solidária.

Em documento da Assembleia do CND foram aprontadas algumas resoluções tendo em


vista uma maior e melhor adequação do desporto escolar objetivando sua democratização. Em
comentários surgidos e posicionamentos estabelecidos fica evidente que a função do esporte na
escola difere de outras funções que ele exerce em outras instâncias, segundo João Batista Freire.
Na escola seu papel é educar, é levar o aluno para adiante no seu conhecimento. Começando
por democratizar os meios; que todos façam esporte, e não apenas os mais talentosos. O grande
desafio do professor não é ensinar esporte a um ou outro privilegiado que corre ou salta mais
que os outros. O desafio é ensinar a todos. E, ensinando a todos, cumprir com os verdadeiros
objetivos da escola: formar o cidadão, encarregando-se, com o aluno, da tarefa de produzir o
conhecimento.

Foi por isso que os organizadores dos JEBs decidiram realizar a I Conferência Brasileira
do Esporte na Escola, reunindo profissionais da área de Educação Física, áreas afins e atletas
para discutirem os rumos que os JEBs devem tomar. Neste dia 23/07/89 foi discutido: "O
Esporte na Escola: Estrutura e Organização". Falaram sobre o assunto o Prof. Laércio Elias
Pereira, Prof. Paulo Roberto de Oliveira e Prof. Paulo Roberto Gomes de Lima.
O Simpósio foi iniciado com a exposição do Prof. Laércio sobre o "O Grêmio Escolar:
Gestão Democrática ou Auto-gestão?". Há mais de 10 anos atrás as propostas do Prof. Listello,
francês, chegaram ao Brasil. O Prof. Laércio foi uma das pessoas que as acolheram e
defenderam. Como boa parte das propostas de mudanças no nosso país, algumas atitudes com
relação ao livro do Prof. Listello foram do tipo "não li e não gostei". De qualquer maneira, o
regime autoritário que vivíamos bloqueava qualquer tentativa de democratizar os meios de
ensino. E o grêmio escolar, com propunha aquele professor francês, era uma proposta
democrática, democrática demais para a época. No entanto, finda a ditadura, respiraram-se ares
mais propícios às mudanças. Por que o aluno não começar a assumir suas próprias
organizações? O aluno não pensa? O aluno tem que pensar por si e não pela cabeça do professor
na escola ou pela cabeça do técnico nos JEBs. E não basta chegar aos JEBs e perguntar ao aluno
o que ele acha disso ou daquilo.

Nos poucos dias em que fica distante do seu ambiente familiar e escolar ele pode ser
facilmente influenciado pela opinião dos adultos, dos técnicos ou dirigentes, pois o aluno tem
vindo aos JEBs apenas para correr, chutar, arremessar e nunca para discutir ou decidir. Ele
precisa ser ouvido inicialmente é na sua escola, na sua organização estudantil.
A criação do grêmio estudantil promoveria a emancipação do aluno e ampliaria as
possibilidades de participação no esporte. O aluno já pode votar aos 16 anos, mas não pode
decidir sobre seu corpo. Afinal, o corpo que está sendo mexido, às vezes violentado no esporte,
é o do aluno e não o do professor, do técnico ou do dirigente.

Ao término da fala do Prof. Laércio, um abaixo-assinado feito por técnicos de Atletismo


participantes dos JEBs foi lido aos presentes pela Profa. Vera Lúcia. Os técnicos protestavam
contra o regulamento da competição de Atletismo para estes Jogos, que não mais contempla o
indivíduo vencedor, mas a equipe vencedora. Desloca o foco da atenção do individual para o
coletivo. Em decorrência desse episódio, o Prof. Paulo Roberto de Oliveira começou seu
discurso abordando essa questão.

A Política de Esportes do Paraná, caracteriza as atividades esportivas como sendo ação


eminentemente competitiva, desenvolvida com a participação efetiva dos diversos segmentos
(Rendimento, escolar e popular). O esporte escolar recebe uma atenção especial, por ser na
escola onde se encontra o maior contingente populacional em condições de receber uma
adequada formação e aquisição de hábitos esportivos.
Tendo como objetivo democratizar a prática esportiva, respeitar a realidade concreta da
comunidade escolar e oportunizar o surgimento de novos talentos, a Secretaria Especial de
Esportes e Turismo/Fundação de Esportes do Paraná e a Secretaria de Estado da Educação, em
ação conjunta vêm desde 1987 otimizando os Jogos Escolares do Paraná, de forma que em 1989
contaram com a participação de 20.673 atletas, 863 escolas e 252 Municípios, números estes
expressivos em relação aos anos anteriores, E importante salientar que tal processo só foi
possível graças a uma divisão do Estado em 13 regiões, e à realização do evento para 2 faixas
etárias (com nascidos a partir de 1972 e 1975). E preciso deixar claro que, para atingir uma
parcela significativa da comunidade escolar, deve-se intensificar o incentivo para a realização
da Semana Cultural Esportiva nas Escolas e aos Jogos Escolares Municipais, pois só assim irá
se atingir uma verdadeira democratização.

O estado do Paraná não tem sido o único a se manifestar a favor de medidas mais práticas
e realizáveis na realização do desporto nas escolas e nos jogos escolares. O nosso estado, o Rio
Grande do Norte, também vem tentando democratizar os jogos, mas tem esbarrados em
momentos devido a inúmeros fatores, dentre eles, a politicagem, uma possível pressão de
escolas da rede particular, etc.

Algumas iniciativas que acabam não dando tão certo, acabam frustrando alunos e esses
por sua vez, acabam desistindo de vez da prática do exercício físico. Alguns fatores devem ser
levados em consideração, como exemplo, os que são elencados na Carta dos Direitos da Criança
no esporte Lançada em 1988 em Genebra e relançada no congresso de Panathlon (1996):
1 – Direito de praticar esporte;
2 – Direito de se divertir e de jogar;
3 – Direito de usufruir de um ambiente sadio;
4 – Direito de ser tratado com dignidade;
5 – Direito de ser rodeado e treinado por pessoas competentes;
6 – Direito de seguir treinamentos apropriados aos ritmos individuais;
7 – Direito de competir com jovens que possuem as mesmas possibilidades de sucesso;
8 – Direito de participar de competições apropriadas;
9 – Direito de praticar o próprio esporte com absoluta confiança;
10 – Direito de tempos de repouso;
11 – Direito de não ser um campeão.

Segundo Thomas, (1977)


1. Ter oportunidade de participar nos esportes independentemente do nível de
habilidade;
2. Participar de um nível que seja proporcional ao nível de desenvolvimento de cada
criança;
3. Ter uma liderança adulta qualificada;
4. Participar em ambientes seguros e saudáveis;
5. Compartilhar da liderança e da tomada de decisões para sua participação nos esportes;
6. Divertir-se como uma criança e não como um adulto
7. Receber um preparo apropriado para a participação no esporte;
8. Ter uma oportunidade igual de se esforçar para obter sucesso;
9. Ser tratado com dignidade por todos envolvidos;
10. Poder divertir-se através dos esportes.

Como isso pode se tornar viável e real em nosso estado? Por meio da ação dos
professores de Educação Física que atuam nas redes de ensino, que pública, quer privada. Com
ações simples de conscientização e formação de opiniões as mudanças poderiam ir
acontecendo.

Se houver a compreensão que o esporte é para todos, independentemente de classe, côr,


credo ou categoria, as diferenças iram diminuir e a inclusão iria aumentar. Uma DIVISÃO DE
MODALIDADES POR CLASSE DE HABILIDADE (A, B, C, D, etc.), como no ponto dois
da citação de Thomas (1977) e ponto sete da carta, poderia minimizar algumas diferenças.
Um critério que poderia ser adotado, uma vez que o esporte precisa ser de todos e para todos, é
que em todas as modalidades coletivas, deveria haver a obrigatoriedade de todos os integrantes
das equipes participassem de pelo menos alguma fração do jogo, podendo haver uma
desclassificação se tal critério não fosse observado.

Assim, acredito que estaríamos caminhando rumo a uma verdadeira observância de


preceitos que regem a democratização do desporto escolar nas competições como o nosso
JERN’s e Jerninhos, por exemplo, e auxiliando a formação do verdadeiro caráter individual,
coletivo e espirito esportivo.

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