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L’Abbate S, Mourão LC, Pezzato LM, organiza- na produção de pesquisas, de livros, de projetos, de
que nos convidam às reflexões sobre os caminhos A quinta parte é dedicada à articulação entre
metodológicos que escolhemos. A primeira é a “Análise institucional e saúde mental”. Luzio nos
contribuição a um debate muito atual de Pezzato apresenta o contraponto entre a atenção psicosso-
e Prado sobre as diferenças e as aproximações cial e a psiquiatria biológica em sua historicidade.
entre a pesquisa-ação e a pesquisa-intervenção. Jesus se dedica a analisar a institucionalização
No segundo texto, Sól reconstitui, à luz da análise de um serviço de saúde mental em um pequeno
institucional, na abordagem sócio-histórica, a município. Severo e Dimenstein discutem o am-
trajetória da medicina geral comunitária no Brasil. bulatório de saúde mental como analisador da
No terceiro, Jesus, Pezzato e Abrahão tratam do política de atenção psicossocial. Dorigan traz os
tema do uso de diário em pesquisas filiadas à AI, fóruns colegiados da saúde mental revisitados pela
trazendo reflexões sobre o uso dessa ferramenta análise institucional.
para o profissional de saúde. Na sexta e última parte, “Compartilhando re-
A terceira parte, “Análise institucional na flexões em análise institucional e outras análises”,
Atenção Primária: intervenções e novas análises”, o professor Emerson Merhy, de acordo com suas
apresenta textos relativos às pesquisas desenvolvi- próprias palavras, um autor implicado e militante3,
das em Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Nesse elabora um diálogo muito rico entre micropolí-
sentido, temas que vêm sendo abordados recente- tica do trabalho, educação permanente e análise
mente no campo da saúde como doenças crônicas institucional; Nascimento & Tedesco analisam os
degenerativas, grupos educativos com diabéticos efeitos de contágio entre a cartografia e a análise
e práticas integrativas e complementares, ganham institucional e Figueiredo aborda sua experiência
cores e contornos muito interessantes. Bilharinho com a formação acadêmica em Saúde Coletiva na
Júnior apresenta um estudo sobre o Lian Gong perspectiva da análise institucional socioanalítica
através de depoimentos dos seus praticantes, em e da esquizoanálise.
grande parte idosos; Fernandes Júnior aborda a Finalizando, não poderia deixar de exercitar
articulação entre o planejamento e a utilização das “minimalistamente” minha análise de implicação,
UBSs no cuidado às doenças crônico-degenerati- registrando aqui meu afeto e gratidão a todos
vas e Malaman analisa criticamente as atividades esses autores que são referências bibliográficas
de grupo desenvolvidas com diabéticos como um de minha formação acadêmica e referências de
analisador do caráter educativo desses arranjos. humanidade e generosidade na minha formação
A quarta parte, “Análise Institucional e im- inacabada de pessoa: que privilégio lê-los, que
plicações nas práticas profissionais”, é aberta por privilégio conhecê-los!
Abrahão trazendo a relação entre a gestão e a sub- Sem dúvida, este é um livro de grande rele-
jetividade nas equipes de saúde; a seguir é Spagnol vância para os estudiosos que buscam outros re-
que que interroga sobre os conflitos vivenciados e ferenciais para análise dos objetos de investigação
produzidos nas equipes de enfermagem, propondo e intervenção no campo da Saúde Coletiva, campo
o dispositivo socioanalítico para abordá-los. Os esse em tessitura, tensionado por forças instituídas
textos que vêm a seguir tratam da formação dos e instituintes: campo aberto para a invenção de
trabalhadores da saúde: Mourão e Luzio trazem novas formas de viver e de cuidar.
a trama da formação em medicina e psicologia
intermediada pelo dispositivo da vivência dos es- Referências
tudantes em unidades de saúde. Pensar a residência
médica e a análise de implicação dos residentes 1. Deleuze G. Conversações. Rio de Janeiro: Editora 34;
1992.
como dispositivo de formação é uma aposta de
2. Baremblitt G. Compêndio de análise institucional e
L’Abbate. A seguir, Vivot e Osório discutem a re- outras correntes: teoria e prática. Belo Horizonte: FGB/
levância da educação permanente em saúde para a IFG; 2012.
produção de redes de combate à dengue. Por fim, 3. Merhy EE. O conhecer militante do sujeito implicado:
Garcia retrata a vigilância e as redes de atenção, o desafio de reconhecê-lo como saber válido. In: Franco
TB, Peres MAA, organizadores. Acolher Chapecó: uma
abordando o processo de institucionalização da
experiência de mudança do modelo assistencial, com
atual vigilância em saúde. base no processo de trabalho. São Paulo: Hucitec; 2004.
v. 1. p. 21-45.