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PLANEJAMENTO E PROJETO DA INDÚSTRIA

QUÍMICA I-A

OBJETIVO DA DISCIPLINA:

Elaboração e execução de anteprojeto de unidades


industriais, incluindo o desenvolvimento do processo produtivo e a
sua viabilidade econômica.

1.1. SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (SI):


Na engenharia as propriedades dos materiais e outras manifestações
moleculares podem ser expressas em termos das seguintes dimensões
básicas: força (F), comprimento (L), massa (M), tempo (t) e temperatura (T).
A "lei da homogeneidade dimensional" estabelece que uma equação
analítica representando um fenômeno físico deve ser válida para todos os
sistemas de unidades.
O sistema internacional de unidades (SI) foi criado para se obter uma
homogeneidade de unidades usadas na engenharia.

1.2. O PROJETO DA PLANTA INDUSTRIAL:


O projeto de uma nova planta industrial ou a expansão de uma unidade
já existente requer conhecimentos técnicos combinados com os limites
impostos pelas condições operacionais. Geralmente, o projeto é algo complexo
que passa por uma série de etapas listadas a seguir:

ANTEPROJETO
(a) Concepção (objetivos - o que se deseja produzir);
(b) Avaliação de mercado (local, regional, nacional e internacional);
(c) Definição da capacidade produtiva;
(d) Escolha da rota tecnológica;
(e) Balanços de massa e de energia;
(f) Dimensionamento preliminar dos equipamentos e das utilidades;
(g) Projeto preliminar de tratamento de efluentes;
(h) Localização industrial preliminar;
(i) Avaliação econômica preliminar (investimentos, custos de produção);
PROJETO BÁSICO
(j) Avaliação final do mercado e da rota tecnológica;
(k) Definição final da capacidade produtiva;
(l) Dimensionamento final dos equipamentos;
(m)Projeto de instrumentação e controle;
(n) Projeto de tubulações e acessórios;
(o) Projeto de utilidades;
(p) Elaboração de folhas de dados;
(q) Estudos de lay-out industrial;
(r) Localização industrial final;
(s) Licenciamento ambiental;
(t) Análise preliminar de risco industrial;
(u) Manual de operação e de parada da planta industrial;
(v) Avaliação econômica final (investimento final e custos de produção);

PROJETO CONSTRUTIVO
(w) Projeto detalhado dos equipamentos;
(x) Fabricação dos equipamentos e construções prediais;
(y) Montagem da planta industrial;
(z) Pré-operação e ajustes de produção;
Produção e venda dos produtos.

1.3. ANATOMIA DE UM PROCESSO PRODUTIVO:


A anatomia de um processo produtivo passa pelas seguintes etapas:
(a) Armazenagem de matérias-primas: a reserva necessária dependerá da
natureza das matérias-primas, do método de distribuição e do grau de
garantia que se pode ter quanto à continuidade do abastecimento. As
características físico-químicas das matérias-primas, bem como as
condições de armazenagem das mesmas devem ser consideradas
(umidade, temperatura, perecibilidade, etc);
(b) Preparação da alimentação: normalmente é necessária uma purificação e
preparação das matérias-primas até que estas fiquem suficientemente
puras ou na forma devida para serem introduzidas na etapa de reação
(secagem, moagem, peneiração, etc);
(c) Reação: no reator as matérias-primas são postas em contato sob condições
adequadas para promover a fabricação do produto desejado. Nesta etapa
formar-se-ão, também, subprodutos e produtos indesejados;
(d) Separação dos produtos: nesta etapa separam-se os produtos de algum
material que não tenha reagido, além dos sub-produtos;
(e) Purificação dos produtos: antes da venda, o produto principal necessita ser
purificado para respeitar as especificações exigidas pelos consumidores;
(f) Armazenagem dos produtos: geralmente deve-se manter uma certa
quantidade de produto acabado em estoque, a fim de conjugar a produção
com as vendas;
(g) Venda do produto final: atendimento das necessidades exigidas pelos
clientes.
2. DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO DE
ENGENHARIA

As formas de desenvolvimento de um projeto de engenharia variam de


acordo com as especificidades de cada projeto, mas academicamente podem
ser divididas em 3 etapas, a saber:

(a) Estimativa preliminar ou anteprojeto: nesta etapa os cálculos são


aproximados onde poucos detalhes são incluídos (por exemplo, nesta
etapa não são feitos projetos de tubulações nem de instrumentação e
controle, sendo que normalmente estima-se um percentual da ordem
de 10 a 20% do valor dos equipamentos para estes itens). Para a
elaboração desta etapa, um escritório de engenharia normalmente
gasta pouco tempo (2 a 3 meses dependendo das características do
projeto). Uma estimativa preliminar de custos também é preparada
nesta etapa, sendo que os erros admissíveis tanto para os dados
técnicos quanto econômicos podem ficar na faixa de 30%.
(FALAR UM POUCO DAS DIVERSAS FASES DO ANTEPROJETO).

(b) Estimativa detalhada ou projeto básico: se os resultados da etapa


anterior são animadores, parte-se então para uma estimativa mais
detalhada do projeto de processo. É definida a capacidade produtiva do
Processo e a alternativa tecnológica de obtenção do produto final. São
detalhados e dimensionados os equipamentos principais e auxiliares,
as tubulações, a instrumentação e controle, os serviços auxiliares e,
também, são feitos estudos de lay-out, tratamento de efluentes
industriais, análise de riscos industriais, etc. Nesta etapa o custo do
investimento e os custos de produção são avaliados com mais
detalhes, sendo que os erros admissíveis tanto para dados técnicos
quanto econômicos podem ficar na faixa de 10%.
(FALAR UM POUCO DAS DIVERSAS FASES DO PROJETO BÁSICO)

(c) Projeto detalhado visando a construção da unidade fabril: se a etapa


anterior mostra indícios que o projeto poderá ser um sucesso
comercial, então efetivamente é preparado um projeto completo com o
detalhamento construtivo da unidade industrial. Nesta etapa deve-se ter
certeza da disponibilidade de recursos financeiros para a implantação
da indústria.
(FALAR UM POUCO DO ENVOLVIMENTO DE OUTROS
PROFISSIONAIS DA ÁREA TÉCNICA NESTA FASE DO PROJETO,
COMO POR EXEMPLO, ENGENHEIROS MECÂNICOS NO
DETALHAMENTO CONSTRUTIVO DE EQUIPAMENTOS,
ENGENHEIROS ELETRICISTAS NO DETALHAMENTO DO PROJETO
ELÉTRICO E ESPECIFICAÇÃO DA INSTRUMENTAÇÃO,
ENGENHEIROS CIVIS NO PROJETO DAS EDIFICAÇÕES, ETC)
2.1. ESTUDOS DE VIABILIDADE PRELIMINAR:

Às vezes o engenheiro químico (ou a equipe de engenharia de um


projeto) deve escolher entre uma série de alternativas de rotas tecnológicas a
mais adequada para a realização do projeto.

Ex: Produção de formaldeído

(a) Desidrogenação catalítica do metanol


CH3-OH → HCHO + H2

(b) Oxidação do gás natural


CH4 + ½ O2 → HCHO + H2

(c) A partir do gás de síntese


CO + H2 → HCHO

Um estudo preliminar de alguns itens de viabilidade (técnica e


econômica) poderá dar uma ideia do provável sucesso do projeto e, também,
indicar quais as informações adicionais que devem ser procuradas a fim de
realizar uma análise preliminar. Os principais itens de viabilidade são:
(a) Matérias-primas: deve-se verificar a disponibilidade das matérias-
primas, o preço, a procedência, a qualidade (grau de pureza), o custo do
transporte, etc;
(b) Levantamento de dados termodinâmicos e cinéticos das reações
envolvidas no processo: taxas de reações, entalpia das reações,
rendimento, curvas de equilíbrio, condições de operação do processo
(temperatura, pressão), etc;
(c) Mercado: demanda, preço da concorrência, caracterização e localização
do mercado consumidor, conhecimento do mercado atual, projeções de
mercado futuro, etc;
(d) Disponibilidade de equipamentos necessários: verificar no mercado
fornecedor a existência de equipamentos necessários ao processo
produtivo (equipamentos adquiridos via especificação de catálogos, tais
como bombas, compressores, extrusoras, filtros, etc), verificar no
mercado a existência de fabricantes de equipamentos a serem
construídos sob encomenda, etc;
(e) Materiais de construção: escolha de materiais de construção adequados
às condições operacionais do processo produtivo;
(f) Propriedades dos produtos: conhecer bem as propriedades físico-
químicas dos produtos fabricados de tal modo que atendam as
especificações do mercado consumidor, condições de armazenagem,
durabilidade, perecibilidade, logística de produção, estocagem e
distribuição dos produtos, etc;
(g) Localização da planta industrial: verificar a infraestrutura disponível do
local (água, esgoto, luz, telefone, rodovias asfaltadas, etc);
(h) Lucros: estimar os lucros desejados com a venda dos produtos visando
o retorno do investimento, avaliação do ponto de equilíbrio operacional
da empresa, etc;
(i) Vendas: avaliar a concorrência, verificar técnicas de vendas e de
distribuição de produtos, etc;
(j) Situação de patentes e restrições legais: verificar a existência ou não de
patentes relativas ao processo ou produto que se deseja fabricar.

2.2. DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO PRODUTIVO:

(FALAR NAS VANTAGENS E DESVANTAGENS DE COMPRAR UMA


TECNOLOGIA OU UM PROCESSO PRODUTIVO)

O desenvolvimento de um novo processo produtivo pode demorar


alguns anos e envolver várias etapas, a saber:

(a) Escala laboratorial: nos estudos em escala de laboratório se trabalha


com pequenas quantidades de reagentes (matérias-primas), sendo que
nesta escala se avaliam parâmetros cinéticos (taxas de reações,
rendimentos, catalisadores, etc), parâmetros termodinâmicos (curvas de
equilíbrio, entalpia de reações, etc) e parâmetros operacionais
(temperatura, pH, pressão, etc);
Quantidades utilizadas: 1 a 10 gramas (para processos em batelada)

(b) Escala de bancada: nos estudos em escala de bancada se avaliam


parâmetros de engenharia (geometria de equipamentos, fluidodinâmica
dos materiais, etc), parâmetros de processo (processo em batelada ou
contínuo, temperatura, pressão, etc). Nesta escala também de avaliam
os materiais de construção dos equipamentos;
Quantidades utilizadas: 1 a 10 kg/h (para processos contínuos)

(c) Escala piloto: nos estudos em escala piloto se estudam formas de


tratamento dos efluentes e se confirmam os parâmetros de engenharia
obtidos na escala anterior;
Quantidades envolvidas: 100 a 200 kg/h nos processos contínuos.

Às vezes faz-se necessário realizar estudos em escala semi-industrial


que é uma réplica da unidade industrial. Nesta escala se obtém os produtos
desejados nas especificações definidas pelo mercado consumidor.
3. FLUXOGRAMAS OU DIAGRAMAS DE FLUXO

Os fluxogramas servem para mostrar a seqüência dos equipamentos e


das operações unitárias ao longo do processo, simplificando as etapas de
fabricação mas indicando as quantidades de material e de energia transferidas.
Os fluxogramas são desenhos preparados por equipes de engenharia
durante as diversas fases de desenvolvimento do projeto.

Os fluxogramas são divididos em três tipos, ou seja:

(a) Fluxograma qualitativo ou de processo: mostra o fluxo de materiais, as


operações unitárias envolvidas, os equipamentos necessários e algumas
informações sobre as condições operacionais dos equipamentos, tais como
temperatura e pressão.

(b) Fluxograma quantitativo: é apresentado na forma de diagrama de blocos


e serve para representar esquematicamente o balanço de massa do
processo. É usual dividir o fluxograma em três conjuntos de blocos da
seguinte forma: à esquerda são colocadas as entradas de material, ou seja
as matérias-primas; no centro são colocados os blocos que representam o
processo e suas principais transformações e à direita são colocadas as
saídas de material, ou seja os produtos e subprodutos do processo. A base
mássica em que é feito o fluxograma deve ser expressa no cabeçalho do
desenho (kg/dia, t/mês, t/ano, etc) devendo, também, ser indicado dentro
dos blocos o nome e a quantidade dos produtos e das matérias-primas.

(c) Fluxograma de engenharia ou P & I (Process and Instrumentation): é


preparado na fase final do projeto básico e serve de base para o projeto
das redes de tubulação (pipe lines) e das redes de instrumentação e
controle. Este documento deve conter todos os vasos com suas dimensões
e características básicas; todos os equipamentos com a indicação do tipo,
identificação e características básicas; todas as tubulações, inclusive as
secundárias e auxiliares, com indicação do diâmetro, sentido do fluxo,
identificação, exigências especiais de serviço (temperatura, pressão,
isolamento térmico, etc); todas as válvulas colocadas nas respectivas
linhas, com indicação do tipo (bloqueio, regulagem, segurança, controle,
etc) por meio de convenções usuais; todos os instrumentos com indicação
do tipo, identificação, arranjos, etc sendo que também devem ser
desenhadas as linhas de ar comprimido do comando das válvulas de
controle e suas respectivas ligações. Este documento serve de base para a
aquisição de tubulações, equipamentos e montagem da planta.
3.1 SÍMBOLOS USADOS NOS FLUXOGRAMAS:

Os engenheiros de processo defrontam-se rotineiramente com o uso de


símbolos nos fluxogramas de processo, que são formas comuns de
comunicação entre os diversos segmentos de uma empresa.
Entretanto, é muito comum, ocorrerem erros de interpretação e
avaliação devido a má representação dos equipamentos ou mesmo pela má
compreensão de alguns símbolos. Em geral, os símbolos usados nos
fluxogramas são normatizados, havendo uma tendência de universalizá-los.
Caso não exista simbologia para um dado equipamento, a equipe do projeto
pode criar um símbolo adequado que deve ser simples e representar
adequadamente o equipamento.

Nota: Falar do software Visio para a elaboração de fluxogramas.


Falar do TAG dos equipamentos.
Mostrar os principais símbolos usados nos equipamentos.
Mostrar os diversos tipos de fluxogramas.
4. LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL:

A localização geográfica final de uma planta tem fundamental influência


em seu futuro sucesso industrial. Para tanto, diversos fatores precisam ser
considerados. Primeiramente, a planta deve ser localizada onde se possam
minimizar os custos de produção e de distribuição dos produtos. Porém,
existem outros fatores que também precisam ser considerados tais como
expansão futura, cuidados com o meio ambiente, disponibilidade de energia,
infraestrutura, etc.

Uma ideia aproximada da localização da planta pode ser obtida no


anteprojeto, porém uma análise detalhada de todas as vantagens e
desvantagens das áreas geográficas disponíveis irá definir a localização final
da planta industrial.

Os seguintes fatores são importantes na escolha da localização da


planta:

(a) Matérias-primas: as fontes de matérias-primas são um dos principais


fatores na escolha da localização da planta. Em particular, quando grandes
volumes de matérias-primas são consumidas, a proximidade da fábrica
junto às jazidas permite considerável redução nos custos de transporte e
armazenamento. Deve-se dar atenção especial no preço de compra das
matérias-primas, distância entre a fonte e a fábrica, despesas de transporte,
viabilidade e potencialidade da fonte, pureza das matérias primas
(qualidade) e requisitos de armazenamento;

(b) Mercado: a localização do mercado consumidor ou os centros de


distribuição dos produtos afetam seu custo final. É importante que a planta
fique localizada o mais próximo possível do mercado consumidor;

(c) Disponibilidade de energia: a exigência de energia e vapor, em geral, é


alta nas plantas industriais, bem como o combustível ordinariamente
requerido para gerar estas utilidades. Consequentemente, a disponibilidade
de energia e combustível é um fator importante na escolha da localização
da planta industrial. Processos eletrolíticos, por exemplo, que requerem
altos consumos de energia elétrica, são normalmente localizados próximos
às grandes centrais geradoras de energia (hidroelétricas, termoelétricas,
usinas nucleares, etc). Se a planta utiliza grandes quantidades de óleo ou
carvão, a sua localização próxima às jazidas é essencial para a economia
no custo operacional da unidade;
(d) Clima: se a planta for localizada em uma região fria, haverá acréscimo no
custo das construções e na proteção dos equipamentos, requerendo-se
torres de resfriamento especiais ou equipamentos de ar condicionado
compatíveis. Regiões com umidade excessiva ou com calor extremo pode
afetar seriamente os custos operacionais da planta, devendo também
serem considerados quando da escolha da localização industrial. A direção
predominante dos ventos também deve ser levada em conta quando o
processo produtivo gera efluentes gasosos com algum potencial poluidor
(problemas com odores, chuva ácida, etc);

(e) Facilidades de transporte: rodovias, ferrovias e hidrovias são as vias


normais de escoamento dos bens produzidos. O tipo e a quantidade de
produtos, bem como o volume das matérias-primas necessárias, em geral,
requerem condições específicas de transporte. A localização deve
considerar a proximidade das vias de acesso, tais como rodovias, canais,
portos, aeroportos, ferrovias, etc. É interessante que a localização da planta
contemple, de preferência, os três tipos de transporte possíveis: terrestre,
aéreo e marítimo ou fluvial;

(f) Suprimento de água: Os processos industriais, em geral, usam grandes


quantidades de água para resfriamento, lavagem, geração de vapor,
matéria-prima (indústrias de bebidas), etc. A planta deve ser localizada
onde não haja problemas de abastecimento de água. Um grande rio ou lago
são favoritos, podendo ser um manancial subterrâneo (poço artesiano) caso
a quantidade requerida não seja muito grande. O nível médio do rio ou lago
deve ser considerado. Caso haja problemas de sazonalidade na capacidade
dos reservatórios naturais, a unidade deve precaver-se com reservatórios
artificiais compatíveis. A temperatura da água, a composição físico-química
e bacteriológica e os custos para o seu tratamento, também, devem ser
avaliados;

(g) Depósito de resíduos: Nos últimos anos muitas restrições legais têm
surgido relativas à forma de descarte dos resíduos industriais. A localização
da planta pode ser afetada por este particular, visto que é preciso prever o
correto destino dos resíduos industriais. Mesmo em regiões onde a restrição
a poluição são mínimos, deve-se assumir a condição que esta situação não
deve durar por muito tempo. Ao escolher o local de instalação da planta
deve-se pensar, também, no espaço requerido para os resíduos industriais,
bem como as condições necessárias para a instalação de tratamento de
efluentes, se for o caso;

(h) Aspectos da mão-de-obra: O tipo e a disponibilidade de mão-de-obra nas


vizinhanças da possível localização industrial devem ser analisados.
Também, deve-se considerar a existência ou não de mão-de-obra
qualificada, condições de treinamento, custos e restrições trabalhistas
(jornada de trabalho, insalubridade, periculosidade, etc);
(i) Impostos e incentivos fiscais: Outros aspectos fundamentais na escolha
do local são os impostos e incentivos fiscais que a indústria pode dispor ou,
então, que deve pagar (regularização do terreno, impostos municipais,
imposto de renda, etc);

(j) Características geográficas do local: As características físicas,


geológicas e topográficas do terreno devem ser avaliadas, bem como a
possibilidade de aproveitar a topografia natural a favor do processo
produtivo, custos de preparação do terreno (terraplenagem), consistência
do solo (fundações e estruturas), etc. O custo do metro quadrado também
precisa ser analisado, assim como as possibilidades de futuras expansões e
infraestrutura disponível para a planta;

(k) Proteção contra incêndios e inundações: Muitas plantas são, às vêzes,


instaladas as margens de rios ou cursos de água, havendo riscos de
inundações e alagamentos. É importante analisar este aspecto e se for o
caso precaver-se com diques ou processos similares. A proteção contra o
fogo é outro aspecto que também deve ser considerado. A localização da
planta industrial próxima a recursos de combate a incêndios ou a sua
localização próxima a outras unidades com risco de sinistro, deve
igualmente ser analisada;

(l) Infraestrutura da comunidade: A infraestrutura e as características da


comunidade devem ser analisadas. Caso não haja na comunidade local
condições satisfatórias de vida moderna, é importante que a companhia
invista neste setor para atrair mão-de-obra mais qualificada (clubes,
escolas, farmácias, supermercados, etc). A proximidade de um centro onde
seja possível aos empregados disporem de igrejas, bibliotecas, teatros,
cinemas, clubes, associações e outros itens de lazer é um fator importante
para atrair mão-de-obra, pois o problema da recreação deve merecer
consideração especial.

4.1. Seleção final do local:


Os principais fatores a serem avaliados na escolha da localização da planta
industrial são:
(a) Proximidades das matérias-primas;
(b) Mercado consumidor dos produtos;
(c) Disponibilidade de energia;
(d) Clima;
(e) Facilidades de transporte;
(f) Suprimento de água.
Para uma análise inicial, os quatro primeiros fatores são os mais
importantes, sendo a seguir considerados os dois seguintes e se for o caso os
remanescentes.
Para uma análise final, todos os fatores devem ser considerados e
quantificados, com dados confiáveis e valores bem definidos.
5. INVESTIMENTO DE CAPITAL FIXO

5.1. INTRODUÇÃO:
O investimento de capital fixo é o capital necessário para a implantação da
planta industrial. Ele se subdivide em:

(a) Capital fixo de produção: representa o capital que deve ser empregado para
a instalação de todos os equipamentos e unidades auxiliares necessários
para o processo produtivo;

(b) Capital fixo não relacionado com a produção: representa o capital que deve
ser empregado na aquisição do terreno, veículos, construção de prédios,
depósitos, laboratórios, etc, ou seja, o capital não relacionado com a
operação da planta industrial.

5.2. ESTIMATIVA DE GASTOS COM CAPITAL FIXO:


Para fins práticos existem três tipos de estimativas úteis na avaliação de
gastos com capital fixo, ou seja:

(a) Estimativa de ordem de grandeza: é apenas uma regra prática aplicável


somente para instalações repetitivas de uma mesma indústria e sobre a
qual existem bons registros. Incluem-se neste caso as fábricas de ácido
sulfúrico, de ácido nítrico, de amônia e as unidades de geração de vapor de
água e de refrigeração;

(b) Estimativa preliminar: é adotada para avaliar a viabilidade econômica do


projeto antes de se aplicarem fundos significativos em trabalhos prévios,
estudos de mercado, levantamento de terreno e aquisições. Pode
apresentar um erro de 30%, mas pode ser preparado a um custo
relativamente baixo;

(c) Estimativa detalhada: exige levantamento completo de dados do projeto,


tais como capacidade produtiva, mercado consumidor, dimensionamento de
equipamentos, tubulações e serviços auxiliares, lay-out da empresa,
tratamento de efluentes, especificações e levantamento do terreno, etc. A
estimativa detalhada possibilita previsões de gastos com capital fixo com
erros na ordem de 10%.
EXEMPLO DE INVESTIMENTO COM CAPITAL FIXO:

Fábrica de cerveja
(capacidade produtiva: 2.500.000 L/mês)

ITENS PREÇO
(R$) X 103
1.EQUIPAMENTOS 9.233
Beneficiamento
Fabricação
Adega
Engarrafamento
Silo de malte e acessórios 7.151
2.UTILIDADES
Tratamento de água
Tratamento de efluentes
Instalação frigorífica
Vapor
Energia elétrica
Pipe rack
Ar comprimido
3.PRÉDIOS 2.900
Pavilhão industrial
Prédio administrativo
Portarias
4.VEÍCULOS 626
Empilhadeiras
Automóveis
5.ENGRADADOS E VASILHAMES 2.570
6.EQUIPAMENTOS DE LABORATÓRIO 306
Cromatógrafos, balanças analíticas, etc
7.MATERIAL DE ADMINISTRAÇÃO 1.461
Móveis, computadores, telefones, etc
8.TERRENO 255
TOTAL 25.818
5.3. DESCRIÇÃO DOS ITENS DE INVESTIMENTO:

Deve ser feita uma descrição detalhada dos itens de investimento a fim
de se ter uma ideia do capital necessário a ser investido na instalação da
unidade industrial, ou seja:

EQUIPAMENTOS:

(a) Beneficiamento:
Sistema de limpeza de malte (capacidade de 4 t/h)
Balança para malte (capacidade de 4 t/h)
Moinho de malte – processo úmido (capacidade de 4 t/h)
Silo para malte moído (capacidade de 4 t/h)

(b) Fabricação:
Tanque pré-misturador de aço inox 304 (capacidade de 42.000 litros)
Tanque de maceração em aço inox 304 (capacidade de 42.000 litros)
Cozinhador de macerados/mosto em aço inox 304 (capacidade de 280.000
litros)
Resfriador de mosto de dois estágios (mosto entrando à 96 ºC e saindo à
6 ºC)
Trocador de calor tubular para aquecer água de 25 ºC à 80 ºC (capacidade
de 600.000 kcal/h)
Silo de bagaço em aço carbono (capacidade de 30 m3)
Tanque para condensado em aço carbono (capacidade de 52.000 litros)
Plataforma de serviço
Tubulações
Instalação elétrica de força e de iluminação com quadro de comando

(c) Adega de fermentação e maturação


20 tanques em aço inox 304 (capacidade de 20.000 litros cada)
2 tanques de coleta de fermento em aço inox 304 (capacidade de 5.000
litros cada)
Instalação CIP completa
Resfriador de cerveja (capacidade de 150.000 litros)
Filtro para cerveja (capacidade de 150.000 litros/hora)
Carbonatador de cerveja
Tubulações
Instalação de força e iluminação com quadro de comando

(d) Engarrafamento
Lavadora de garrafas
Máquina para encher e tampar
Pasteurizador
Rotuladora
Transportador de caixas
UTILIDADES

(a) Tratamento de água


Sistema de tratamento de água com capacidade de 53 m 3/h, composto de
reservatórios e tanques, motobombas e bombas dosadoras, tubulações,
válvulas, misturadores, rotâmetros, purgadores, filtros de areia, antracito e
pedregulho, filtros de carvão ativado, quadro de comando elétrico, etc

(b) Tratamento de efluentes


Sistema de tratamento de efluentes com capacidade de 22 m 3/h, composta
de reservatórios de aeração, decantação, adensadores e leitos de secagem

(c) Instalação frigorífica


Instalação frigorífica completa com capacidade de 1.200.000 kcal/h,
composta de 3 compressores, 3 chillers, 3 condensadores evaporativos,
painel de comando, tubulações e acessórios

(d) Vapor
3 caldeiras fumotubulares de vapor com capacidade de 5.000 cal/h e
pressão de 8-10 bar, utilizando como combustível lenha

(e) Energia elétrica


Instalação de força com potência de 3.000 KVA, composta de cabine
primária para entrada e medição, subestação rebaixadora e unidade
geradora de emergência operando com óleo diesel

(f) Pipe rack


Pipe rack completo para os serviços e utilidades, composto de tubulação de
aço carbono, bombas, válvulas, suportes, etc

(g) Ar comprimido
3 compressores de ar com capacidade de 300 Nm3/h cada e pressão de 7
kgf/cm2

PRÉDIOS

(a) Pavilhão industrial com 1.500 m2 de área construída em alvenaria


(b) Prédio da administração incluindo vestiário e refeitório com 500 m 2 de área
(c) Portaria
(d) Laboratório

VEÍCULOS
(a) Empilhadeiras
(b) Automóveis
(c) Caminhões transportadores
EQUIPAMENTOS DE LABORATÓRIO
(a) Balança analítica
(b) Vidraria
(c) Cromatógrafo

MATERIAL DE ADMINISTRAÇÃO
(a) Móveis
(b) Computadores
(c) Telefone, fax, xeróx
(d) Material de expediente

TERRENO
(a) Terreno localizado no distrito industrial de Gravataí medindo 10.000 m2
6. AVALIAÇÃO ECONÔMICA

6.1. CUSTOS DE PRODUÇÃO E DE COMERCIALIZAÇÃO


O custo de um determinado produto pode ser definido, genericamente,
como sendo o total dos gastos envolvidos na sua fabricação e comercialização.
A determinação precisa do custo total de um produto é sempre uma
tarefa de relativa dificuldade, devido ao grande número de elementos de custos
envolvidos.
As estimativas de custo de produção, em diversos graus de exatidão,
são necessárias para:
(a) Avaliar a rentabilidade de novos investimentos;
(b) Julgar a conveniência de fabricação de novos produtos na planta já
existente;
(c) Justificar pequenas modificações no processo produtivo;
(d) Avaliar a posição dos competidores.

Tradicionalmente são utilizadas duas classificações de custos, ou seja:


(a) Custos diretos: aqueles diretamente ligados à produção;
(b) Custos indiretos: aqueles envolvidos de forma indireta à produção;
Ou ainda:
(a) Custos fixos: se conservam constantes para qualquer nível de produção
(exemplo: salários);
(b) Custos variáveis: aqueles que variam de forma proporcional com o nível
de produção efetiva da planta (exemplo: matérias-primas).

6.2. DISCRIMINAÇÃO DOS ITENS DO CUSTO TOTAL DE


PRODUÇÃO
Os itens relacionados com o custo total de produção dependem de cada
projeto que está sendo executado.

Exemplo: fabricação de cerveja


CUSTOS VARIÁVEIS:
(a) Matérias-primas:
Malte
Lúpulo
Água de processo
Fermento
Produtos químicos (antioxidantes e estabilizantes)
(b) Utilidades
Energia elétrica
Vapor
Água de refrigeração
Combustível para a caldeira
Produtos químicos para o tratamento da água de processo
(c) Tampas e etiquetas

CUSTOS FIXOS:
(a) Mão-de-obra
Operadores
Laboratoristas
Engenheiros
Manutenção
Gerência e administração
Etc...
(b) Serviços terceirizados
Vigilância
Refeitório
Transporte dos funcionários
Contabilidade
Serviços médico-hospitalares
Limpeza
Etc...

CUSTOS DE COMERCIALIZAÇÃO:
(a) Escritório de vendas
(b) Despesas com publicidade e propaganda
(c) Pesquisa de mercado e análise de vendas

Para se ter uma ideia dos custos mensais, deve-se elaborar uma planilha
de custos, onde conste as principais informações dos diversos itens que
compõem o custo total de produção e de comercialização.

Especificação Unidade Preço Consumo Salário Custo mensal


(R$) mensal (R$) (R$)
1. Matérias-
primas
- Malte kg
- Lúpulo kg
- Prod.quím. kg
- H2O de L
processo

2. Mão-de-
Obra
- Operadores
- Mecânicos
- Eletricistas
A composição dos itens de custo total pode ser feita da seguinte forma:
(a) Mão-de-obra: de acordo com a lei, referente a 14 salários por ano;
(b) Despesas de gerência e administração: considera-se 50% do valor da mão-
de-obra;
(c) Manutenção: estima-se como sendo 2% ao mês do investimento fixo
realizado com a compra de máquinas e equipamentos;
(d) Encargos sociais: em torno de 80 a 100% do valor da mão-de-obra (INSS,
salário família, FGTS, depósito para recisão de contrato, salário
maternidade, salário educação, 13 salário, etc)
(e) Seguros e taxas: estima-se como sendo 1% ao mês do investimento fixo
total;
(f) Depreciação: a depreciação não corresponde a um desembolso efetivo e
por isso mesmo é classificada por muitos como sendo um custo econômico.
Sendo um custo, a depreciação reduz o lucro apurado e, como
consequência, reduz também o imposto de renda devido pela empresa a
cada exercício. De forma geral, considera-se a depreciação anual como
sendo 10% do investimento realizado com a compra de máquinas e
equipamentos e 2,5% do investimento realizado com a construção de
prédios e edificações;
(g) Custo de comercialização: depende do porte da empresa, mas em geral o
custo comercial pode variar na ordem de 2 a 10% do custo de produção;
(h) Custos eventuais: possíveis gastos não previstos e podem ocorrer durante
o ano. Estima-se como sendo 5% do custo fixo.

6.3. CUSTO UNITÁRIO DE PRODUÇÃO:


O custo unitário de produção é obtido pela divisão entre o custo total de
produção e o número total de unidades produzidas.

custototal deprodução
Custounitá riodeprodução 
nº deunidades produzidas

6.4. PREÇO UNITÁRIO DE VENDA:


O preço unitário de venda, obviamente, deve ser maior que o custo
unitário de produção. Ele é estabelecido em função da lucratividade que a
empresa deseja obter e em função do preço estabelecido pela concorrência.
6.5. ESTIMATIVA DO CAPITAL DE GIRO:

Este item é influenciado pela política da empresa e pelo tipo de atividade


que a mesma exerce. Cabe ressaltar que para uma cadeia produtiva (exemplo
de uma montadora de automóveis) as empresas sistemistas (fornecedoras de
peças e de componentes) não tem capital de giro pelo fato deste item
representar um capital "parado". Para determinado tipo de atividade da
empresa, o capital de giro é mais alto em função do elevado tempo de
processamento das matérias-primas (exemplo de indústria coureira) em
detrimento de outras empresas em que o tempo de processamento é
relativamente baixo (exemplo de indústria de pães, bolos, biscoitos, etc). Em
linhas gerais, o capital de giro pode ser definido como sendo os fundos, em
complementação ao investimento fixo, que a empresa deve prover para um
projeto a fim de dar partida na fábrica e atender as obrigações na medida que
elas ocorrem. Em termos contabilistas, o capital de giro representa a diferença
entre os créditos e os débitos correntes:
(a) Matérias-primas e produtos químicos: estoque de 15 dias ou de 1 a 2
meses, dependendo do que é produzido;
(b) Material secundário: estoque de 1 mês;
(c) Combustível para caldeira (óleo diesel ou lenha): estoque de 1 mês;
(d) Produto final: estoque de 1 mês ao custo de produção;
(e) Almoxarifado: valor tomado como sendo 1% do investimento fixo;
(f) Crédito à clientes: prazo de recebimento de 2 meses ao preço de
venda;
(g) Caixa mínimo: valor de mês de mão-de-obra e de encargos sociais;
(h) Desconto de duplicatas: valor de 60% sobre o faturamento de 1 mês
ao preço de venda;
(i) Crédito de fornecedores: valor de 1 mês de matéria-prima e produtos
químicos.

Total do capital de giro = (a + b + c + d + e + f + g) - (h + i)

6.5. PONTO DE EQUILÍBRIO OPERACIONAL:


O ponto de equilíbrio operacional de uma unidade fabril é definido como
sendo o ponto onde o custo total de produção é equivalente à receita da planta.
Ele define a capacidade operacional mínima da planta. A operação acima deste
ponto proporcionará lucros à empresa e a operação abaixo deste nível será
deficitária.
Para o cálculo do ponto de equilíbrio operacional da empresa, devem ser
admitidas as seguintes condições:
(a) Os custos de produção são função do volume de produção ou das
vendas;
(b) O volume de produção é igual ao volume de vendas;
(c) Os custos fixos operacionais são constantes para cada volume de
produção;
(d) Os custos variáveis unitários variam em proporção com o volume de
produção e, consequentemente, os custos totais de produção se
alteram em proporção com o volume de produção;
(e) Os preços unitários de vendapara um produto ou para um misto de
produtos são os mesmos para todos os níveis de produção. O valor
das vendas é, todavia, uma função linear dos preços unitários de
venda e da quantidade vendida;
(f) Os dados utilizados correspondem a um ano normal de operação;
(g) O nível dos preços unitários de venda, custos operacionais variáveis
e fixos permanece constante;
(h) É fabricado somente um tipo de produto, mas se forem fabricados
produtos diferentes, devem ser convertidos num só produto;
(i) O "mix" de produção deve permanecer o mesmo durante todo o
tempo.

O ponto de equilíbrio operacional da empresa (PE) pode ser


determinado como segue:
CF
PE 
RT  CV
onde:
CF = custo fixo anual
RT = receita anual (nível operacional de 100%)
CV = custo variável anual

R$ 20,00
R$ 18,00
R$ 16,00
Milhões de R$/ano

R$ 14,00
R$ 12,00
R$ 10,00
R$ 8,00
R$ 6,00
R$ 4,00
R$ 2,00
R$ 0,00
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Nível operacional

Receita Total Custo Total Custo Variável Custo Fixo


MÉTODO DO FLUXO DE CAIXA

Um dos melhores critérios de análise econômica de projetos é a


utilização do método do fluxo de caixa, o qual avalia o projeto anualmente ao
longo de sua vida útil, além de possibilitar a visualização e controle, a cada
ano, da receita e despesas da empresa.
Este critério consiste na determinação de uma taxa de crescimento,
aplicada ao fluxo de caixa anual, que reduzirá o investimento anual a zero (ou
ao valor do terreno e valor residual dos equipamentos mais o capital de giro) ao
longo da vida útil do projeto.
A abrangência temporal de um fluxo de caixa gira em torno de 10 a 12
anos, 1 ou 2 anos para a implantação da indústria e 10 anos para a operação.

COMPOSIÇÃO DO FLUXO DE CAIXA:

Conforme descrito, o fluxo de caixa resume todo o movimento de moeda


corrente, no seu tempo, ao longo da vida útil do projeto, a partir da sua fase de
implantação. No fluxo de caixa ocorrem, logicamente, entradas e saídas de
caixa que se relacionam da seguinte maneira:
(a) Receita: é a única entrada de caixa proveniente da venda dos
produtos;
(b) Custo total de produção: inclui os custos fixos, variáveis e de
comercialização;
(c) Lucro bruto: é o resultado da diferença entre a receita e o custo total
de produção;
(d) Depreciação: este item não corresponde a um desembolso efetivo.
Entretanto, a depreciação pode ser considerada como um custo de
produção e, portanto, dedutível do lucro bruto para fins de imposto de
renda. Como a depreciação não consiste numa saída de caixa ela
deve ser somada ao saldo final para se ter o fluxo de caixa anual.
Para máquinas e equipamentos a depreciação corresponde a 10%
anual do investimento feito na aquisição dos mesmos (considerando
a vida útil do projeto de 10 anos). Para prédios e edificações a
depreciação pode ser considerada como sendo 2,5% anual do
investimento feito na construção dos mesmos;
(e) Contribuição social: é um valor embutido, interno ao lucro tributável.
É regida por lei e incide sobre o lucro bruto descontando-se a
depreciação;
Contribuição social = 10% (lucro bruto - depreciação)
(f) Lucro tributável: é o saldo obtido pela empresa antes do pagamento
do imposto de renda;
Lucro tributável = (lucro bruto - depreciação - contribuição social)
(g) Imposto de renda: estabelecido por lei federal e seu cálculo é feito
com base percentual sobre o lucro tributável, sendo atualmente de
30%. Este imposto é progressivo e tem como fato gerador a
disponibilidade econômica do rendimento. O ano em que é gerado o
lucro denomina-se "ano base" e o exercício em que se paga o
imposto de renda, "ano financeiro".
IR = 30% do lucro tributável
(h) Lucro líquido: mede o desempenho econômico da empresa e, em
condições normais, tende a ser crescente. O lucro líquido é obtido
pela diferença entre o lucro tributável e o imposto de renda.
Lucro líquido = lucro tributável - imposto de renda
(i) Imposto de renda sobre o lucro líquido: é estabelecido por lei e
representa 8% do lucro líquido.
IR sobre o lucro líquido = 8% do lucro líquido
(j) Saldo final: é obtido pela diferença entre o lucro líquido e o imposto
de renda sobre o lucro líquido.
Saldo final = lucro líquido - IR sobre o lucro líquido
(k) Fluxo de caixa: é o resultado da soma entre o saldo final e a
depreciação.
Fluxo de caixa = saldo final + depreciação
OBS.:
1. Na composição do fluxo de caixa acima não foi considerado o pagamento
do financiamento bancário, nem os juros do empréstimo. Caso a empresa
tenha conseguido financiamento para a implantação da unidade fabril, estes
valores devem ser considerados na composição do fluxo de caixa uma vez
que consistem numa saída de caixa anual.
2. Na tabela do fluxo de caixa, normalmente, considera-se 2 anos para a
construção da planta industrial onde ocorrem somente saídas de caixa
(aquisição do terreno, aquisição de máquinas e equipamentos, construção
de prédios, montagem industrial, capital de giro, etc). Nos 10 anos
seguintes considera-se a planta operando normalmente onde ocorrem
entradas e saídas de caixa. Geralmente, nos 3 primeiros anos a planta
opera com capacidade crescente (exemplo de 55% de capacidade
operacional no primeiro ano, 75% no segundo ano e 85% no terceiro ano)
pois o produto ainda não está consolidado no mercado consumidor.
3.
Itens 2005 2006 2007 2008
Financiamento á juros de 12%aa (70%
R$ 2.746.783,90 R$ 3.103.865,81 R$ 2.935.358,31 R$ 2.744.944,84
docapital fixo) -
Dinheiro aplicado na bolsa rendendo
15% (30% do capital fixo não - R$ 1.177.193,10 - - -
financiável) -
Dinheiro aplicado na bolsa rendendo
R$ 3.075.805,98
15% (capital de giro) - - - -
Total do dinheiro retirado da bolsa - R$ 4.252.999,08 R$ 4.890.948,94 R$ 4.650.059,61 R$ 4.373.036,89
Receita - R$ 18.599.339,15 R$ 18.599.339,15 R$ 18.599.339,15
Custos de produção - R$ 13.661.017,19 R$ 13.661.017,19 R$ 13.661.017,19
Lucro bruto - R$ 4.938.321,96 R$ 4.938.321,96 R$ 4.938.321,96
Prestação Financiamento - R$ 572.010,05 R$ 572.010,05 R$ 572.010,05
Devolução dinheiro aplicado na bolsa - R$ 974.531,66 R$ 974.531,66 R$ 974.531,66
Depreciação - R$ 275.399,70 R$ 275.399,70 R$ 275.399,70
Contribuição social - R$ 466.292,23 R$ 466.292,23 R$ 466.292,23
Lucro tributável - R$ 2.650.088,32 R$ 2.650.088,32 R$ 2.650.088,32
Imposto de renda - R$ 795.026,50 R$ 795.026,50 R$ 795.026,50
Lucro líquido - R$ 1.855.061,82 R$ 1.855.061,82 R$ 1.855.061,82
Imposto de renda sobre o lucro líquido - R$ 148.404,95 R$ 148.404,95 R$ 148.404,95
Saldo final - R$ 1.706.656,88 R$ 1.706.656,88 R$ 1.706.656,88
Lucro Líquido Acumulado R$ 1.706.656,88 R$ 3.413.313,76 R$ 5.119.970,64
Fluxo de caixa (R$) -R$ 6.999.782,98 -R$ 6.012.758,16 -R$ 3.896.704,47 -R$ 1.722.611,40

10

4
Milhões de R$

-2

-4

-6

-8

-10
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Anos
MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO - VPL

O valor presente líquido - VPL de projeto é definido como o valor obtido


descontando-se, separadamente para cada ano, a diferença de todas as
saídas e entradas de caixa acumuladas durante a duração de um projeto a
uma taxa de juro fixa e pré-determinada. Esta diferença é descontada até o
ponto em que a implementação do projeto, supostamente tem início. Os VPL's
obtidos para os anos de venda do empreendimento são agregados para se
obter o VPL do projeto da seguinte maneira:

VPL = FCL1 + (FCL2 x a2) + (FCL3 x a3) + ......+ (FCLn x an)

Onde:
FCLi = fluxo de caixa líquido de um projeto em anos 1, 2, 3,.....n;
ai = fator de desconto em anos 2, 3,......n apropiado a taxa de desconto
aplicada.

Os fatores de desconto são obtidos através de tabelas de valor presente


(tabelas financeiras) ou, então, calculados pela seguinte expressão:

ai = (1 + i) -n

onde:
i = taxa de juros anual;
n = anos 2, 3,.....n.

Exemplo:
Quanto deverei aplicar, de uma só vez, a juros de 12% ao ano, para
obter R$ 12.000,00 ao final de 3 anos?

Cn = R$ 12.000,00
i = 0,12
n=3
Portanto:
C = Cn (1 + i) -n
C = R$ 12.000,00 (1 + 0,12) -3
C = R$ 8.541,30

A taxa de desconto deve ser igual à real taxa de juros em empréstimos a


longo prazo no mercado de capitais ou à taxa de juros paga pelo tomador.
O período de desconto deverá ser igual a vida do projeto. Por exemplo,
a vida útil de equipamentos geralmente é entre 10 e 15 anos. Para as
construções de fábricas a vida útil normalmente é de 30 a 40 anos, os veículos
de 4 a 5 anos, etc. Na maioria dos casos, o período de desconto inclui o
período de construção (digamos, 2 anos) mais cerca de 10 anos da vida do
projeto.
Se o VPL de um projeto for positivo, a lucratividade do investimento
estará acima da taxa de desconto. Se for zero, a lucratividade será igual à taxa
de desconto. Um projeto com um VPL positivo ou zero pode, portanto, ser
considerado aceitável. Se o VPL for negativo, a lucratividade estará abaixo da
taxa e o projeto deverá ser abandonado.
O VPL tem vantagens maiores como método discriminatório comparado
com o período de retorno ou a taxa anual de retorno já que leva em
consideração a vida inteira do projeto e a programação dos fluxos de caixa.

TAXA INTERNA DE RETORNO - TIR


A taxa interna de retorno - TIR é a taxa de desconto pela qual o valor
presente das saídas de caixa é igual ao valor presente das entradas de caixa.
Em outras palavras é a taxa pela qual o valor presente das entradas do projeto
é igual ao valor presente do investimento, e o valor presente é zero.
O procedimento utilizado para calcular a TIR é igual àquele utilizado
para calcular o VPL, ou seja o mesmo tipo de tabela pode ser utilizado, exceto
quanto ao fluxo de caixa, descontado a uma taxa de juro pré-fixada. Algumas
taxas de desconto devem ser aplicadas (processo de tentativas) até que seja
encontrada a taxa pela qual o VPL seja nulo. A taxa é a TIR e representa a
exata rentabilidade do projeto.
A TIR indica a taxa de rentabilidade do investimento total realizado e, se
necessário, do capital próprio. A TIR do investimento total pode também ser
utilizada para determinar as condições de financiamento pois ela indica a maior
taxa de juro que pode ser paga sem criar prejuízo para o projeto.

Exemplo:
Ano FCL a = 17% VPL a = 18% VPL
(R$x103) (R$x103) (R$x103)
1 -3.300 0,854 -2.818 0,847 -2.795
2 -5.000 0,730 -3.650 0,718 -3.590
3 -532 0,624 -334 0,609 -326
4 1.775 0,533 935 0,516 906
5 2.240 0,456 1.021 0,437 979
6 3.270 0,389 1.272 0,370 1.210
7 3.500 0,333 1.165 0,314 1.099
8 1.140 0,284 324 0,266 303
9 2.140 0,243 520 0,225 482
10 2.140 0,208 445 0,191 409
11 2.140 0,177 379 0,162 347
12 5.640 0,151 851 0,137 773
 = 110  = -203
A tabela acima mostra que o fluxo de caixa líquido descontado a 17% é
ainda positivo, mas torna-se negativo a 18%. Consequentemente, a TIR deve
estar entre 17% e 18%. Para objetivos práticos isto é suficiente para se calcular
a exata TIR usando uma interpolação linear.

110(18  17)
TIR  17 
110  203

TIR = 17,35%

taxa de juros (%) 20,000


ANOS FCL (R$ milhões) an (20%) VPL (R$ milhões)
1 -2,75 0,83 -2,29
2 -7,00 0,69 -4,86
3 -6,01 0,58 -3,48
4 -3,90 0,48 -1,88
5 -1,72 0,40 -0,69
6 0,52 0,33 0,17
7 2,83 0,28 0,79
8 5,24 0,23 1,22
9 7,74 0,19 1,50
10 10,35 0,16 1,67
11 13,10 0,13 1,76
12 15,99 0,11 1,79
13 20,04 0,09 1,87
14 22,75 0,08 1,77
15 25,45 0,06 1,65
16 28,15 0,05 1,52
17 30,86 0,05 1,39
18 33,56 0,04 1,26
19 36,26 0,03 1,13
20 38,96 0,03 1,02
SOMATÓRIO 7,33

0,20
0,15
0,10
Milhões de R$

0,05
0,00
-0,05
-0,10
-0,15
-0,20
25,00 25,20 25,40

TIR (%)

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