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TERRITORIAL
período 2004-2017, observa-se a diminuição de seu no período de quatorze anos. Entre 2004 e 2012 hou-
ritmo ao longo dos anos, especialmente até 2012. Em ve uma tendência de redução do desmatamento mais
2004, 27.772 km² foram desmatados, em oposição a acentuada, chegando a 86%. Nesse período, impor-
6.624 km² de floresta desmatada em 2017. Isso signi- tantes medidas foram tomadas pelos governos Lula e
fica uma redução do ritmo de desmatamento em 76% Dilma para que se conseguisse essa desaceleração.
Segundo o Grupo de Trabalho pelo Desmatamento Zero, mente, empresas e países que compram e investem no
existe um caminho possível para se chegar à redução do Brasil também deveriam ser responsabilizados pelas leis
desmatamento na Amazônia Legal. Esse caminho seria ambientais, recusando aqueles que as infringem.
o resultado de ações governamentais, empresariais e da
sociedade. O poder público se responsabilizaria por po-
líticas ambientais que tenham efetividade e durabilidade Preocupação com desmatamento no período pós-golpe
ao longo do tempo. Nesse sentido, o grupo propõe que O período pós-golpe oferece preocupações devido ao
haja medidas mais eficazes de fiscalização e de repres- novo rumo dado pelo governo federal e pelo Poder Le-
são da grilagem de terras, a criação e manutenção de gislativo para a questão referente à redução do desma-
áreas protegidas e a melhoria da coordenação interfe-
tamento na Amazônia Legal. É evidente que as medidas
derativa entre os estados e o governo federal.
tomadas vêm favorecendo os ruralistas em detrimento
Também seria papel do governo encorajar atividades do meio ambiente, pois houve um afrouxamento em
sustentáveis. O poder público poderia contribuir por relação às ações realizadas durante os governos petistas
meio de incentivo ao extrativismo florestal sustentável. para fiscalizar e coibir o desmatamento ilegal.
Além disso, o governo federal deveria apoiar práticas
Nesse sentido, são ameaças a essa tendência de redu-
agropecuárias que reduzam o desmatamento, estabe-
ção do desmatamento leis e projetos de leis que ga-
lecendo prioridade de crédito rural para os municípios
nham cada vez mais espaço com o fortalecimento dos
que atinjam a determinadas metas de desaceleração
ruralistas pelos golpistas. Dessa maneira, destaca-se a
desse processo. Idealmente, o crédito rural deveria ser
alocado apenas via Programa ABC do governo federal, Lei n° 13.465/2017, que facilita a regularização de ter-
que é o programa de crédito rural para a agricultura de ras provenientes da grilagem, ao possibilitar a extensão
baixa emissão de carbono. de prazo e o subsídio de aproximadamente 21 bilhões
de reais aos grileiros pela concessão de descontos. Os
O setor privado, por sua vez, pode contribuir com o fim
Projetos de Lei 8.107/2017 e 3.729/2004, que tratam
do desmatamento na Amazônia Legal por meio do mo-
da redução da Floresta Nacional do Jamanxim e de ou-
nitoramento da origem dos produtos comprados, com
tras Unidades de Conservação, assim como da redução
o boicote daqueles provenientes de desmatamento.
do rigor do licenciamento ambiental, também podem
Além disso, as empresas podem apoiar os produtores
ser considerados ameaças.
rurais fornecedores a se adequarem às regras ambien-
tais. De acordo com o Grupo de Trabalho pelo Desmata- Se o Brasil já foi liderança mundial na proposição de
mento Zero, também seria importante que as empresas ações ambientais para a redução de mudanças climá-
fossem mais transparentes com a sociedade em relação ticas, hoje essa posição se encontra fragilizada e o país
a seus esforços contra o desmatamento. Internacional- corre o risco de perder mais da sua biodiversidade.
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