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Resumo
A conservação de recursos genéticos é uma alternativa para diminuir
a perda contínua dos animais devido à degradação ambiental. O ápice da
conservação exige estratégias in situ e ex situ, para que sejam mantidas as po-
pulações ainda existentes no meio ambiente. Devido às grandes dificuldades
para implantação e manutenção de programas de conservação dos animais no
seu habitat natural, a conservação ex situ tem ganhado destaque em razão de
sua praticidade. Esta revisão teve como objetivo demonstrar a necessidade de
se criarem estratégias para conservação da mastofauna em risco de extinção,
especialmente por meio da utilização das biotécnicas de reprodução animal.
1 Introdução
A extinção é um processo lento e natural que deve manter equilíbrio em
relação ao número de especiações, mutações e modificações das freqüências
dos alelos que geram novas espécies. A exploração excessiva do meio ambiente
desencadeia a diminuição da biodiversidade, uma vez que a taxa de extinção se
torna maior que a especiação. A atual perda de espécies é algo sem precedentes
e pode ser irreversível (PRIMACK; RODRIGUES, 2002).
Com base nessas categorias, a IUCN preparou várias listas vermelhas de espé-
cies ameaçadas de extinção, em diferenciados táxons, nas quais estão incluídos animais e
plantas de todo o planeta (IUCN, 2006).
Em
Ordem Família Criticamente Vulnerável
perigo
Artiodactyla Cervidae 0 0 2
Carnívora Canidae 0 0 2
Carnívora Felidae 0 0 7
Carnívora Mustelidae 0 0 1
Cetácea Balaenidae 0 1 0
Cetácea Balenopteridae 1 1 2
Cetácea Physeteridae 0 0 1
Cetácea Pontoporidae 0 1 0
Chiroptera Phyllostomidae 0 0 3
Chiroptera Vespertilionidae 0 0 2
Didelphimorphia Didelphidae 1 0 0
Primates Atelidae 3 2 1
Primates Callitrichidae 3 3 1
Primates Cebidae 2 0 2
Primates Pitheciidae 2 1 6
Rodentia Echimyidae 2 2 1
Rodentia Erethizontidae 0 0 1
Rodentia Muridae 3 0 2
Rodentia Octodontidae 0 0 1
Sirenia Trichechidae 1 0 1
Xenarthra Bradypodidae 0 0 1
Xenarthra Dasypodidae 0 0 2
Xenarthra Myrmecophagidae 0 0 1
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (MMA), 2006.
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Priscila de Melo Costa e Carlos Frederico Martins
Assim, a conservação deve ser realizada não só pelo direito que os animais
têm de existir, mas, também, pelas aplicações possíveis em atividades humanitá-
rias. Espécies de plantas e animais que poderiam ser úteis no futuro estão sendo
perdidas antes que seja comprovada tal serventia para os seres humanos (WIL-
SON, 1997). Dessa forma, ações para sua conservação merecem esforços.
des possibilitam que se evite a retirada de indivíduos selvagens de seu habitat para a
pesquisa ou para serem colocados como vitrine. Quando estão à mostra, esses animais
em cativeiro podem ser um instrumento de conscientização sobre a importância da
conservação de espécies in situ e ex situ (PRIMACK; RODRIGUES, 2002).
6 Bancos de germoplasma
A criopreservação de germoplasma é uma alternativa que diminui as li-
mitações impostas pelo tempo e pela distância para a conservação de diversas
espécies silvestres em risco de extinção (LOSKUTOFF, 1998). Com a criopre-
servação de germoplasma em botijões de nitrogênio líquido a -196 °C, o mate-
rial biológico mantém quase as mesmas características após o descongelamento
(SANTOS, 2000).
7 Criopreservação de sêmen
Há a estimativa de que embriões e espermatozóides criopreservados em nitro-
gênio líquido a –196°C podem resistir até 3.000 anos em condições viáveis. Entretanto,
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a relativa infância da reprodução assistida permite comprovar, com fatos, pouco menos
de 50 anos de sobrevivência dos espermatozóides em botijões criogênicos (LOSKU-
TOFF, 1998).
A caça esportiva é um problema para espécies silvestres, uma vez que causa
a diminuição do número de indivíduos das populações e, concomitantemente, da
variabilidade genética. Na Espanha, por exemplo, existem propriedades privadas
que permitem a caça desde que seja de forma controlada. Esses locais podem servir
como fonte de espermatozóides do epidídimo dos animais caçados, por exemplo, o
Cervus Elaphus Hispanicus (MARTINEZ-PASTOR et al., 2005a).
Tem sido relatado, ainda, que mamíferos de pequeno porte podem ter seus
corpos armazenados, resfriados por completo para a conservação espermática.
Nesse caso, cadáveres de ratos mantidos no refrigerador a 4 °C por dez dias após a
morte, tiveram 30% de seus espermatozóides viáveis. Eles tiveram habilidade limi-
tada na fecundação in vitro (FIV); porém, na injeção intracitoplasmática de esper-
matozóide (ICSI), 80% das fertilizações tiveram êxito (KISHIKAWA et al., 1999).
10 Considerações finais
A conservação ex situ vem-se tornando uma das principais opções para res-
gatar o germoplasma de pequenas populações, principalmente devido ao avanço das
biotécnicas de reprodução e ao fato da conservação in situ necessitar de grandes áreas
para manter os animais. O uso dessas técnicas deve-se intensificar, especialmente
para animais silvestres. No entanto, a conservação ex-situ deve ser conduzida junta-
mente com esforços de conservação in situ.
Abstract
The genetic resources conservation is an alternative to decrease the conti-
nuous loss of the animals due to environmental degradation. The apex of conser-
vation demands in situ and ex situ strategies, for the populations’ present in the en-
vironment are still maintained. Due to the great difficulties of the implementation
and maintenance of animals conservation programs into the natural habitat, the ex
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Conservação de recursos genéticos animais através de biotécnicas de reprodução
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