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n. 137 - junho- 2011

Av. José Cândido da Silveira, 1.647 - União - 31170-495


Belo Horizonte - MG - site: www.epamig.br - Tel. (31) 3489-5000

Adubação nitrogenada da bananeira ‘prata-anã’ com diferentes fontes1

José Tadeu Alves da Silva2


Maria Geralda Vilela Rodrigues3

INTRODUÇÃO competição com os patógenos, o que reduz a inci-


dência de pragas e doenças.
A adubação orgânica proporciona muitos be-
Fontes orgânicas de nitrogênio (N) podem
nefícios ao solo, melhora suas propriedades físicas
substituir adubos nitrogenados como a ureia, re-
(aeração, densidade, porosidade, retenção e infil-
duzindo os impactos ambientais que as adubações
tração de água) e biológicas, por promover maior
com fertilizantes químicos podem causar. A aduba-
diversidade de microrganismos; modifica suas ca-
ção orgânica da bananeira favorece o aumento do
racterísticas químicas e fornece nutrientes para
potencial produtivo do solo, aumentando a vida útil
as plantas. A liberação dos nutrientes dos adubos
do bananal.
orgânicos é mais lenta que a dos adubos minerais
solúveis, pois é dependente da mineralização da
matéria orgânica (MO). FORNECIMENTO DE NITROGÊNIO À BANANEIRA
A contínua aplicação de adubos minerais ‘PRATA-ANÃ’
pode provocar efeitos negativos na microfauna do O experimento foi conduzido com a bananei-
solo, podendo desencadear o aparecimento de pra- ra ‘Prata-Gurutuba’ (clone da ‘Prata-Anã’), cultiva-
gas e doenças nos bananais. A utilização de MO, da em Neossolo Flúvico (solo aluvial), de textura
por outro lado, pode promover enriquecimento e di- arenosa, com as características químicas apresen-
versificação da microfauna do solo, aumentando a tadas no Quadro 1. As mudas foram plantadas no

QUADRO 1 - Características químicas e físicas do Neossolo Flúvico (NF) - Nova Porteirinha, MG, 2011

Solo pH (1)
P (1)
K Al Ca Mg (2)
MO Argila Silte Areia

mg/dm3 cmolc/dm3 dag/kg

Neossolo
6,5 5,9 70 0,0 1,6 0,4 0,7 12 15 73
Flúvico
(1)Extrator Melich 1. (2)Matéria orgânica.

1
Circular Técnica produzida pela EPAMIG Norte de Minas. Tel.: (38) 3834-1760. Correio eletrônico: ctnm@epamig.br
2
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG Norte de Minas/Bolsista FAPEMIG, CEP 39401-046 Montes Claros-MG. Correio
eletrônico: josetadeu@epamig.br
3
Enga Agra, D.Sc., Pesq. EPAMIG Norte de Minas/Bolsista FAPEMIG, Caixa Postal 12, CEP 39525-000 Nova Portei-
rinha-MG. Correio eletrônico: magevr@epamig.br
2

espaçamento de 3,0 m entrelinhas e 2,5 m entre d) 100% do N na forma de ureia;


as plantas, totalizando 1.333 mudas/ha. No plantio e) 100% do N na forma de esterco bovino;
foram aplicados 450 g de superfosfato simples por f) sem aplicação de N.
cova, complementados por mais 150 g a cada seis Para a produção do composto orgânico foram
meses. Para fornecimento de potássio (K), mag- feitas camadas intercaladas de palha de capim-bra-
nésio (M), zinco (Zn) e boro (b), foram aplicados, quiarão e esterco bovino, visando atingir a relação
respectivamente, por família: 60 g de cloreto de po- carbono/nitrogênio (C/N) próxima de 10/1. Os adu-
tássio/mês, 50 g de sulfato de magnésio, 20 g de bos foram aplicados ao redor das plantas, em forma
sulfato de zinco e 10 g de ácido bórico a cada três de meia-lua, à frente do filhote, em aplicações par-
meses. celadas mensalmente. No Quadro 2 estão apresen-
Com o objetivo de fornecer 12 g de N/família/mês, tadas as composições químicas do esterco bovino e
utilizou-se a seguinte combinação de adubos, em do composto orgânico utilizado, e a Figura 1 mostra a
porcentagem da adubação recomendada para a ba- aplicação do composto orgânico na bananeira ‘Prata-
naneira: Anã’ irrigada.
a) 50% do N na forma de composto orgânico e Quando atingiram o ponto de colheita, os ca-
50% na forma de ureia; chos foram colhidos, despencados e pesados. Amos-
b) 75% do N na forma de composto orgânico e tras de solo foram coletadas nos locais onde foram
25% na forma de ureia; aplicadas as diferentes fontes de N, para determina-
c) 100% do N na forma de composto orgânico; ção da atividade dos microrganismos.

QUADRO 2 - Composição química do esterco bovino curtido e do composto orgânico - Nova Porteirinha, MG, 2011

C N P K Ca Mg S
Fonte orgânica de N pH C/N
dag/kg

Esterco bovino curtido 7,7 8,4 1,2 0,27 0,51 1,30 0,70 0,20 7/1

Composto orgânico 6,3 10,9 1,1 0,20 0,25 1,40 0,30 0,18 10/1

NOTA: MO - Matéria orgânica; C/N - Relação carbono/nitrogênio.

José Tadeu Alves da Silva

Figura 1 - Aplicação do composto orgânico na bananeira


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PESO DO CACHO DE BANANA NOS 1O, 2O E 3O CI- QUADRO 4 - Respiração dos microrganismos do solo
CLOS DE PRODUÇÃO DA BANANEIRA ‘PRATA- (quantidade de CO2 liberado) - Nova
ANÃ’ EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO DE DIFEREN- Porteirinha, MG, 2010
TES FONTES DE N Fonte de N µg CO2 – C/g solo
Não houve efeito significativo da aplicação de
Sem aplicação de N 6,6 b
N sobre o peso do cacho de bananas no primeiro ciclo
de produção, porém o N proporcionou maior peso de 50% composto orgânico: 50%
cacho no segundo e terceiro ciclos (Quadro 3). O fato 7,2 b
de ureia
de o solo utilizado ter apresentado baixo teor de MO fa- 75% composto orgânico: 25%
voreceu o efeito positivo da aplicação de N nos segun- 12,3 a
de adubo mineral (ureia)
do e terceiro ciclos. A produção da bananeira ‘Prata-
Anã’ geralmente cresce até o quarto ciclo, aumentando 100% composto orgânico 10,5 a
também as exigências nutricionais, a partir desse ci-
clo estabiliza-se. Infere-se, então, que nos segundo e 100% adubo mineral (ureia) 8,7 b
terceiro ciclos houve aumento da demanda por N em
relação ao primeiro ciclo, favorecendo o aumento do 100% esterco bovino 7,9 b
peso do cacho em resposta à aplicação de N.
NOTA: Médias seguidas das mesmas letras entrelinhas
Não se verificou diferença entre as fontes de
não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de
N utilizadas, ou seja, tanto a ureia como o composto probabilidade.
orgânico e esterco bovino proporcionaram efeitos se-
melhantes sobre o aumento no peso do cacho. Exce-
ção feita para a aplicação do esterco bovino no tercei- microrganismos no solo é limitado na ausência de al-
ro ciclo, que não elevou o peso do cacho de bananas. guma fonte de C, e a adição de MO pode influenciar
no tamanho e na atividade da comunidade microbia-
na. Apesar de o esterco e o composto serem fontes
QUADRO 3 - Peso do cacho de banana nos 1o, 2o e 3o ciclos
de MO, o composto apresentou teor de MO 29% su-
de produção da bananeira ‘Prata-Anã’ em
função da aplicação de diferentes fontes de perior ao esterco, além de maior relação C/N (Qua-
N - Nova Porteirinha, 2010 dro 2), sendo mais favorável à atividade microbiana.
Peso do cacho A incorporação de MO no solo afeta a dinâ-
Fonte de N (kg) mica populacional dos microrganismos e também a
1o ciclo 2o ciclo 3o ciclo disponibilidade de alguns nutrientes, em especial do
N. Materiais com alta concentração de C, mas pouco
Sem aplicação de N 9,0 a 13,8 b 20,0 b
N (alta relação C/N) geralmente são lentamente mi-
50% de composto orgânico + neralizados e induzem deficiência de N às plantas,
9,8 a 15,8 a 22,7 a
50% de ureia pois os microrganismos absorvem grande parte do N
75% de composto orgânico + disponível, e este só volta a ser disponibilizado após
8,8 a 15,0 a 22,7 a
25% de ureia a decomposição do material adicionado.
100% de composto orgânico 9,5 a 15,1 a 22,8 a A compostagem constitui importante alternati-
va para obtenção de fertilizantes orgânicos, que são
100% de ureia 10,2 a 15,5 a 23,9 a utilizados como condicionadores de solo e fornece-
dores de nutrientes, principalmente do N, em diver-
100% de esterco bovino 10,3 a 15,2 a 21,1 b sos sistemas de produção agrícola.
NOTA: Médias seguidas das mesmas letras na coluna,
não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de
VIABILIDADE ECONÔMICA DA APLICAÇÃO DO
probabilidade.
COMPOSTO ORGÂNICO NO CULTIVO DA BANA-
NEIRA
ATIVIDADE DOS MICRORGANISMOS NO SOLO Para verificar a viabilidade econômica do com-
EM FUNÇÃO DAS DIFERENTES FONTES DE N
posto orgânico faz-se necessário calcular os custos
A maior atividade microbiana foi encontrada da aplicação de N, utilizando as diferentes fontes
nos tratamentos constituídos por 75% e 100% de (composto orgânico, esterco bovino e ureia). As apli-
composto orgânico (Quadro 4). O crescimento dos cações das doses de N com a utilização do adubo
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orgânico podem ser parceladas a cada dois ou três custa R$ 30,00, então o valor da mão de
meses, enquanto o fertilizante químico é parcelado obra gasta foi de R$ 300,00,
mensalmente, quando aplicado manualmente, ou se- - o custo total em material e serviço para pro-
manalmente, via fertiirrigação. dução de 30 m3 de composto orgânico foi
de R$ 1.068,00 (R$ 768,00 + R$ 300,00);
CUSTO DA APLICAÇÃO DA UREIA, COMPOSTO b) a densidade do composto orgânico é 0,526 kg/L,
ORGÂNICO E ESTERCO BOVINO ou seja, 1 m3 de composto orgânico (1.000 L)
tem 526 kg de composto orgânico. Portanto,
De acordo com os resultados obtidos, verificou-
30 m3 de composto pesam 15.780 kg:
se que as aplicações da ureia, do composto orgânico
- considerou-se que o composto orgânico
e do esterco bovino curtido apresentaram efeitos se-
tem 1,1% de N, portanto 1 m3 de compos-
melhantes sobre a produção, nos três ciclos da bana-
to orgânico tem 5,8 kg de N, e 30 m3 de
neira, exceto pelo esterco no terceiro ciclo.
composto têm 174 kg de N,
Na utilização de alguma fonte de N devem-se
- como os 30 m3 de composto orgânico cus-
considerar os custos de cada uma e os benefícios
tam R$ 1.068,00 e pesam 15.780 kg, o
que estas podem proporcionar às características
custo do quilo de composto é R$ 0,068,
químicas, físicas e biológicas do solo. A seguir es-
tão descritos os cálculos dos custos de cada fonte - já que os mesmos 30 m3 de composto, que
de Nitrogênio utilizada neste trabalho: ureia, esterco pesam 15.780 kg, têm 174 kg de N, o custo
bovino curtido e composto orgânico. do quilo de N do composto é R$ 6,14.

Preço do N contido no composto orgânico


Ureia produzido manualmente = R$ 6,14/kg
Preço da ureia = R$ 1,50/kg. Como a ureia
possui 44% de N em sua composição, então: Quando a fabricação do composto orgânico é
mecanizada, com a utilização de trator, picadeira e
Preço do N contido na ureia = R$ 3,41/kg outros implementos agrícolas para auxiliar no corte
do capim e no revolvimento do composto orgânico, o
Esterco bovino custo de produção reduz em torno de 40%. Quando
o volume de composto produzido aumenta, conse-
a) preço do esterco bovino = R$ 40,00/m3;
quentemente, o custo do quilo de N de sua compo-
b) densidade do esterco = 0,403 kg/L, ou seja,
sição diminui para R$ 3,69/kg de N, aproximando do
1 m3 de esterco (1.000 L) equivale a 403 kg
custo do quilo de N oriundo da ureia.
de esterco;
c) considerou-se que o esterco possui 1,2% de
Preço do N contido no composto orgânico
N, portanto 1 m3 de esterco contém 4,84 kg
produzido mecanicamente = R$ 3,69/kg
de N;
d) 1 kg de N = R$ 40/4,84 kg = R$ 8,26.
Diante dos custos calculados para o N das
diferentes fontes, verificou-se que o menor valor
Preço do N contido no esterco bovino unitário de N foi obtido com a utilização da ureia.
= R$ 8,26/kg Entretanto, devem-se considerar os benefícios que
a aplicação do composto orgânico pode proporcio-
Composto orgânico nar às características químicas, físicas e biológi-
a) para produzir 30 m3 de composto orgânico cas do solo. A melhoria na qualidade do solo é um
gastaram-se: processo lento, percebido a médio e longo prazos,
- material: 19,2 m3 de esterco bovino + proporcionando maior sustentabilidade e vida útil ao
76,5 m3 de capim-braquiarão. Como 1 m3 bananal.
de esterco custa R$ 40,00, os 19,2 m3 Uma opção que pode ser utilizada para reduzir
necessários custam R$ 768,00, o custo da aplicação de N na forma de composto orgâ-
- serviço: foram necessários 10 dias/ho- nico, já que apresenta vantagens agronômicas, é for-
mens. Considerando que 1 dia/homem necer 50% a 75% deste na forma de composto, e 50%
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a 25% na forma de ureia. Isto considerando a dose de OBS: para este custo de R$ 1.039,74/ha/ano,
N para a bananeira igual a 12 g de N/família/mês, ou considerou-se a utilização de composto preparado
seja, 144 g de N/família/ano. manualmente.

Custo utilizando somente ureia Para o composto preparado mecanicamente,


o custo é de R$ 693,16
Tendo por base que a ureia tem 44% de N,
e que ao utilizar 144 g de N/família/ano, serão uti- Custo utilizando 50% de ureia e 50% de com-
lizados 327,3 g de ureia/família/ano. Isto equivale posto orgânico
a R$ 0,49/família/ano (R$ 1,50 x 0,327 kg). Consi- 144 g de N/família/ano, constituídos por: 72 g
derando que 1 ha de bananeira tem 1.333 famílias, de N como ureia + 72 g de N como composto orgânico.
serão gastos: Como o preço do N contido na ureia é de
R$ 3,41/kg, para os 72 g de N a serem utilizados
R$ 653,84/ha/ano com aplicação de
em cada família, o preço será de R$ 0,24. Como
ureia na bananeira
o preço do N contido no composto orgânico é de
Custo utilizando somente composto orgânico R$ 6,14/kg, para os 72 g de N a serem utilizados
em cada família, o preço será de R$ 0,44. Portanto,
Tendo o composto orgânico 1,1% de N, se- será gasto R$ 0,68/família/ano (R$ 0,24 + R$ 0,44),
rão utilizados 144 g de N/família/ano e 18 kg de pela mistura.
composto orgânico/família/ano. Isto equivale a Considerando que 1 ha de bananeira tem
R$ 0,88/família/ano (R$ 0,068 x 13 kg). Conside- 1.333 famílias, serão gastos:
rando que 1 ha de bananeira tem 1.333 famílias,
serão gastos:
R$ 906,44/ha/ano com aplicação de 50% de
R$ 1.173,04/ha/ano com aplicação de composto orgânico e 50% de ureia na bananeira
composto orgânico na bananeira
OBS: para este custo de R$ 906,44/ha/ano,
OBS: para este custo de R$ 1.173,04/ha/ano, considerou-se a utilização de composto preparado
considerou-se o composto preparado manualmente. manualmente.

Para o composto preparado mecanicamente,


Para o composto preparado mecanicamente, o
o custo é de R$ 666,50
custo é de R$ 703,83/ha/ano

Custo utilizando 25% de ureia e 75% de com- VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DE ADUBOS OR-
posto orgânico: GÂNICOS

144 g de N/família/ano, constituídos por: 36 g A utilização de adubos orgânicos com adubos


de N como ureia + 108 g de N como composto orgâ- minerais pode reduzir os impactos negativos cau-
nico. sados ao solo pelos adubos minerais utilizados de
Como o preço do N contido na ureia é de forma exclusiva, como salinização, dispersão de ar-
R$ 3,41/kg, para os 36 g de N a serem utilizados gilas, redução da atividade microbiana, etc. Além do
em cada família, o preço será de R$ 0,12. Como adubo orgânico ser utilizado como fonte de N, em sua
o preço do N contido no composto orgânico é de composição, ocorre a presença de outros nutrientes
R$ 6,14/kg, para os 108 g de N a serem utilizados como K, Ca, Mg e micronutrientes, que podem ser
em cada família, o preço será de R$ 0,66. Portanto disponibilizados para as plantas.
será gasto R$ 0,78/família/ano (R$ 0,12 + R$ 0,66), Na utilização do composto orgânico na aduba-
pela mistura. ção da bananeira, deve-se destacar sua importância
Considerando que 1 ha de bananeira tem na atividade microbiana do solo. Verificou-se relação
1.333 famílias, serão gastos: direta, sendo a respiração microbiana superior quan-
do aplicado o composto orgânico no solo (Quadro 4).
R$ 1.039,74/ha/ano com aplicação de 75% de
O crescimento dos microrganismos no solo é limitado
composto orgânico e 25% de ureia na bananeira
na ausência de fonte de carbono e a adição de MO
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pode influenciar no tamanho e na atividade da comu- va em altas temperaturas e em presença de umida-


nidade microbiana. Quando a fonte é o composto or- de. Como MO na superfície dos solos, altas tempera-
gânico, este efeito é potencializado, já que apresenta turas e presença de umidade são condições comuns
teores de C superiores àqueles apresentados pelo e importantes para os bananais, têm-se aí condições
esterco bovino (Quadro 2). adequadas para altas perdas de N por volatilização.
Fertilizantes como a ureia e o sulfato de amô- Apesar de presente no solo, o N só poderá
nio, ao serem utilizados na adubação da bananeira, ser absorvido pelas plantas se estiver de forma so-
rapidamente dissociam-se formando NH4+, que é lúvel. É exatamente esse N que poderá ser perdido,
parcialmente retido pelas cargas do solo, difundindo- quando a água de chuva ou de irrigação atravessa a
se depois para a solução do solo, sofrendo posterior superfície para as camadas mais profundas do solo.
processo de nitrificação que é a transformação de O N contido nos compostos orgânicos é menos sus-
amônio (NH4+) em nitrato (NO3-). O nitrato, por ser cetível às perdas por lixiviação ou por volatilização,
ânion, não se liga às cargas do solo e apresenta alta porque são liberados para a solução do solo de for-
mobilidade. Com isso, o N pode-se perder por ação ma gradativa.
da água no solo, em um processo de lixiviação. Compostos orgânicos com maiores teores de
Quando a fonte de N utilizada é a ureia, há N e menores relações C/N proporcionam maiores
também a possibilidade de perda do nutriente por vo- taxas de recuperação de N pelas plantas. As aplica-
latilização na forma de amônia (NH3), que é gasosa. ções de compostos orgânicos para aumentar a ferti-
A volatilização da amônia formada durante a hidrólise lidade do solo certamente contribuem positivamente
de ureia (N amídico), em condições alcalinas produ- para a redução da perda de N, contribuindo para re-
zidas pela própria hidrólise, é catalisada pela urease duzir o custo de produção da bananeira e impactos
(encontrada na MO do solo) que é especialmente ati- ambientais.

Departamento de Publicações

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