O Modelo do CPTED como

Ferramenta Aplicada para

Vistorias de Edificações e
Captação de Recursos na
PMGO1 Fernando Jardim2
Marinéia Mascarenhas Bittencourt Marques3
Pollyanny Moreira Alves4

Resumo: O presente estudo tem como objetivo apresentar o modelo da CPTED

(Crime Prevention Through Environmental Design) como ferramenta de captação
de recursos para a Polícia Militar de Goiás, haja vista o grande potencial preventivo
da interferência adequada no desenho ambiental. Analisando o Corpo de
Bombeiros Militar de Goiás, que, realiza vistorias preventivas em construções
comerciais e multifamiliares, captando recursos mediante a prestação
deste serviço e, contribuindo eficientemente para a segurança estrutural e
patrimonial do cidadão, vemos a necessidade de uma legislação específica que
torne obrigatória a observação dos princípios do modelo da CPTED em todas as
novas construções e reformas de prédios comerciais e multifamiliares, devendo
este serviço ser prestado por especialistas em Análise Criminal, do quadro da
Polícia Militar de Goiás, prevendo-se, também, a captação de recursos por esse
serviço. Embora existam outras formas de prevenção contra o crime patrimonial,
o modelo da CPTED se mostra o mais acertado e eficiente para a realidade da
sociedade do Estado de Goiás.

Palavras-chave: Segurança; Criminalidade; Prevenção; Estratégia; Recursos.

Introdução

O presente trabalho versa sobre a utilização do modelo, e

conceito, de CPTED (Crime Prevention Trough Enviromental Design –
Prevenção do Crime através do Desenho Ambiental), por parte da Polícia
Militar do Estado de Goiás, de forma que esta venha a auxiliar a população
a se organizar quando da feitura de edificações ou locais, para que esses
dificultem ou impossibilitem qualquer ação criminosa, podendo para
tanto, após aprovação de lei pertinente, cobrar uma taxa, que venha a
ser revertida em benefício da própria sociedade, através de estruturação
das ferramentas da Análise Criminal.

1 - Artigo apresentado ao Curso de Análise Criminal como um dos pré-requisitos para conclusão do curso sob a
orientação da Professora Karoline Andrade de Alencar Isecke.
2 - Capitão no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás - bomberfer05@hotmail.com.
3 - 1º Tenente na Polícia Militar do Estado de Goiás - dramarineia@hotmail.com.
4 - 1º Tenente na Polícia Militar do Estado de Goiás - pollyanny.alves@hotmail.com.
187
 É objetivo deste trabalho demonstrar que
assim como o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de
Goiás, que possui sua missão definida na Constituição
Federal, possa também a Polícia Militar do Estado de
Goiás, PMGO, proceder a orientação e a fiscalização
da população para que a arquitetura ambiental
não produza, por si só, riscos à incolumidade geral,
devido a uma edificação, comércio ou residência
propícios ou indutivos à prática delitiva, incidindo
em um dos vértices do triângulo do crime, qual seja
a oportunidade.
O artigo em tela foi dividido em pontos
relevantes, tratando para tanto de temas como:
reflexão em nível mundial de manipulação espacial
como forma de prevenção e redução criminal; teorias
de prevenção criminal que fazem apontamentos ao
perfil antissocial e criminoso e a influência do local
para a ocorrência ou não da prática delitiva. Opta-
se pela abordagem de que CPTED é um modelo
que representa a ideia de que um ordenamento
adequado e uma utilização apropriada do espaço
podem conduzir a uma redução da incidência
criminal, de maneira que no ponto relevante seguinte,
se informa a relação entre o modelo de policiamento
comunitário e a relevância das estruturas físicas.
É percebido no presente estudo que a função
precípua da Polícia Militar, de atuar na prevenção e
na garantia da incolumidade pública terá avançado
significativamente, afinal, cumprir-se-á o descrito no
artigo 144 da Constituição Federal, o qual elenca a
função de cada ente ou órgão da segurança pública,
principalmente no que tange ao quesito prevenção.
1 - Metodologia
A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica, sendo enriquecida com experiências
sociais por parte do Corpo de Bombeiros Militar do
Estado de Goiás, o qual, hodiernamente realiza este
tipo inspeção e/ou fiscalização atribuída à atividade
preventiva de Segurança Pública e de Defesa Civil.
188
Tal atividade no CBMGO, de inspeção em edificações
comerciais e residências, foi impulsionada pela
necessidade de ações preventivas que garantissem
a não ocorrência de acidentes de grande proporção,
como os grandes incêndios.
2 - Desenvolvimento
O desenvolvimento urbano trouxe consigo
inúmeras mudanças no âmbito da sociedade como o
crescimento, muitas vezes desordenado, das cidades,
o aumento populacional e a crescente necessidade
na melhoria dos serviços prestados pelo Estado. A
Segurança Pública possui a eminente necessidade de
acompanhar esse desenvolvimento e, logicamente,
direitos e deveres somam-se a isto.
Segundo Paul e Patrícia Brantingham (1981),
o crime é caracterizado por quatro dimensões: a
lei, o infrator motivado, a vítima/alvo vulnerável e
o ambiente favorável. Sendo assim, as estratégias
preventivas deverão incidir não só nos potenciais
autor e vítima, como também no ambiente onde
pode ocorrer o crime.
Figura 01 - Relações entre agressor, vítima/alvo e
local do crime
Fonte: BRANTINGHAM, P. J.; BRANTINGHAM, P. L., (1981)
2.1 - Histórico e Conceitos do CPTED físicas, sociais e psicológicas dos utilizadores deste,
bem como às atividades que nele irão desenvolver
Desde 1950, muitas reflexões a nível mundial e, ainda, a previsão dos comportamentos dos
têm vindo a explorar a manipulação do espaço, utilizadores legítimos ou dos potenciais criminosos
como forma de prevenir e reduzir a criminalidade e, (CROWE, 2000). “Para que um crime ocorra deve
consequentemente, aumentar os níveis de segurança. haver convergência de tempo e espaço em, pelo
Autores como Jacobs (1961), Newman (1972), Jeffery menos, três elementos: um provável agressor, um
(1971, 1977) e Crowe (1991) começam a encarar o alvo adequado, na ausência de um guardião capaz
espaço urbano, a forma de sua concepção e o tipo de de impedir o crime” (CLARKE e FELSON, 1998, p. 4).
utilização dado a este como um possível fator criador De fato, os níveis de crime podem ser determinados
ou inibidor de oportunidades para a prática de crimes pelas oportunidades proporcionadas para que eles
e incivilidades. Com estes autores, começam a surgir ocorram, envolvendo a organização física, social e de
conceitos encarados como abordagens preventivas, atitudes da sociedade.
que explicam a influência do espaço físico nas No desenvolvimento de estudos de conceitos
ocorrências criminais. (FERNANDES, 2011). aplicáveis à segurança, há soluções utilizando os mais
O conceito conhecido internacionalmente diversos tipos de ferramentas existentes. Analisando
como CPTED destaca-se devido sua eficiência e alguns estudos, toma-se conhecimento dos dados de
eficácia. Criado em 1971 por Dr. C. Ray Jeffery, uma pesquisa realizada através de questionamentos
publicando-o na obra Crime Prevention Through feitos aos internos de estabelecimentos penais, que
Environmental Design, que marcou um importante demonstram que a Arquitetura Contra o Crime possui
ponto de viragem no modo de pensar acerca do influência determinante na escolha do local para a
comportamento antissocial e criminoso. Para Jeffery prática do delito, conforme podemos observar no
(1971), CPTED é manipular o próprio desenho do quadro a seguir:
espaço, com o efetivo uso da construção do ambiente,
podendo proporcionar a redução do medo do crime
e sua incidência, aumentando a qualidade de vida. O
conceito de CPTED tem seu maior desenvolvimento
em 1972, por Newman (1972), onde definiu o que
seria CPTED – Crime Prevention Through Environmental
Design  (Prevenção Criminal Através do Desenho
Ambiental). Tal conceito passou a ser utilizado
mundialmente, representando um grande avanço
na teoria criminológica ao lançar as bases para uma
perspectiva única de “sistemas integrados” aplicadas
ao estudo do crime.
CPTED é um modelo que representa a
ideia de que um ordenamento adequado e uma
utilização apropriada do espaço podem conduzir a
uma redução da incidência criminal, melhorando
consequentemente a qualidade de vida. Suas
estratégias desenvolvem soluções compatíveis com
uma concepção do espaço atendendo as necessidades

189
 Quadro 1 – Influência do ambiente na escolha do local para a prática do delito

Fatores determinantes para a escolha do local para prática de delito Percentual

Preferem atuar a noite (local sozinho); 46

Preferem atuar de manhã (vítima desatenta e sonolenta); 31

Preferem como vítimas o sexo masculino; 62

Preferem como vítimas o sexo feminino; 38

Preferem locais onde há muro; 71

Preferem locais com grades; 29

Preferem locais próximos a terrenos baldios; 21

Preferem locais com pouca luminosidade; 20

Não carregavam ferramentas; 56

Dos que não carregavam ferramentas, utilizam barras de ferro, pedras, objetos encontrados no local; 56

Preferem casa sem cães; 43

Dizem que luz acesa durante o dia indica que a casa está sozinha; 29

Dizem que correspondência não recolhida também indica que a casa está sozinha. 18

Fonte: Bondaruk, (2008)

Qualquer tipo de solução de segurança, todos, não deixa de colocar responsabilidades à

facilmente se torna oportuna, a partir do momento
em que a ameaça aos valores humanos envolvidos
num cometimento de crime ou num ato de violência
justifica o emprego de qualquer medida ou conceito.
Nesta linha de raciocínio, só o fato de empregar
qualquer técnica, e em especial, desenvolver o estudo
do CPTED, pode ser considerado como solução ao
problema (ZAMITH, 2006).
2.2 - Legislação e Referências Teóricas
A Constituição Federal do Brasil diz em seu
Art. 144 que “a segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para
a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio (...)”. Desta forma,
mesmo sendo um dever do Estado e um direito de
sociedade que deve primar por sua segurança. A
sociedade acusa o Estado de ser omisso em relação a
esse problema, sendo que a Constituição afirma que
a segurança pública é, além do dever do Estado, uma
responsabilidade de todos.
A atividade policial será mais efetiva
se os órgãos de segurança pública, se aliando
à comunidade, estabelecerem um modelo de
prevenção criminal. Logicamente, por ser um dever,
o Estado atribui e direciona estas responsabilidades
dentro da sociedade sob forma de lei. Assim como
as Polícias Militares, os Corpos de Bombeiros
Militares dos estados possuem suas atribuições
dentro da Segurança Pública. O mesmo Art. 144, em
seu parágrafo 5º, nos traz que “às Polícias Militares
cabem à polícia ostensiva e a preservação da ordem
pública; aos Corpos de Bombeiros Militares, além das
atribuições definidas em lei, incumbe a execução de

190
atividades de defesa civil”.
Bem antes da promulgação da Carta
Magna, Oscar Newman defendeu a importância
da concepção e do ordenamento do espaço físico,
no que tange à prevenção criminal, lançando em
1972 o seu conceito Defensible Space exposto no
seu livro Defensible Space: Crime Prevention Through
Environmental Design (Espaço Defensável: Prevenção
do Crime Através do Desenho Ambiental), onde
concentra a sua análise nos bairros sociais.
Para este autor, o Espaço Defensável é um
conjunto de estratégias capazes de reestruturar
os espaços residenciais das cidades, tornando-
os controlados pela comunidade que os partilha.
Defende também o aumento das oportunidades de
vigilância, para que se crie um espaço capaz de ser
controlado pelos seus residentes (NEWMAN, 1996 p.
2).
O conceito CPTED foi alvo de críticas por
apresentar algumas lacunas graves, desancando-se:
a) Muita importância dada ao espaço
físico em detrimento do fator social,
subvalorizando-se o delinquente e a vítima;
b) Centralização na planificação urbana e na
concepção arquitetônica: faltou a parte da
manutenção do espaço;
c) Ausência de um trabalho conjunto por
parte dos diferentes atores que deveriam
participar no processo de concepção e
manutenção do espaço urbano (CROWE,
2000).
Todos estes problemas iniciais foram
superados por Timmothy Crowe, com a 2ª geração
da CPTED. Nesta nova geração, a CPTED foi
aperfeiçoada passando, por um lado, a incorporar a
dimensão social, de forma a assegurar que o espaço
se torne defendido por seus residentes, e por outro
a preocupar-se com a criação de atividades sociais
positivas e diversificadas para encorajar os residentes
a apropriarem-se do espaço e a retirar proveito da
vigilância natural (COZENS, 2008:437).
Assim, a 2ª geração CPTED é um modelo que
crê que um ordenamento adequado e uma utilização
apropriada do espaço por seus moradores podem
conduzir a uma redução da incidência criminal,
melhorando assim a qualidade de vida. Exatamente
o que prega o art. 144 da Constituição Federal. É
uma forma de policiamento comunitário que é em
sentido amplo, uma interação entre a polícia e a
comunidade, de forma que a comunidade coopere
com o aparelho policial e materialize o preceito “dever
e responsabilidade de todos” do artigo 144, caput, CF
(FERNANDES, 2011).
2.3 - Experiência do Corpo de Bombeiros Militar
Em 24 de fevereiro  de  1972, o Edifício
Andraus, na cidade de São Paulo, foi palco de um
incêndio deixando 16 mortos e 330 feridos. No
dia 01 de fevereiro de 1974, também na cidade de
São Paulo, outra tragédia aconteceria: o incêndio
do Edifício Joelma, que provocou a morte de 191
pessoas e deixou mais de 300 feridas. Estes dois
grandes incêndios, num período inferior a dois anos,
reabriu a discussão popular com relação aos sistemas
de prevenção e combate a incêndio nas metrópoles
brasileiras, cujas deficiências foram evidenciadas
nos dois grandes incêndios. Na ocasião, o Código
de Obras do Município de São Paulo em vigor era o
de 1934, um tempo em que a cidade tinha 700.000
habitantes, prédios de poucos andares e não havia a
quantidade de aparelhos elétricos dos anos 70.
Com isso, os Corpos de Bombeiros Militares
criaram normas e parâmetros, definidos em lei, para as
questões de segurança contra incêndio e pânico para
as edificações, sejam elas residenciais multifamiliares,
comerciais, locais de reunião de público e entre
outras de modo que estas se cercassem de sistemas
preventivos móveis e/ou fixos e de padrões de
construção, minimizando potencialmente os riscos
de incêndios e acidentes. No Estado de Goiás, tais
normas começaram a vigorar com a Lei Estadual
9.292, de 24 de novembro de 1982, passando por
191
sua primeira atualização no ano de 1993, feita pela
Lei Estadual 12.111, de 22 de setembro de 1993,
segunda modificação instituída pela Lei 15.802, de 11
de setembro de 2006 e, finalmente, pela mais nova
atualização através da Lei 18.204, de 20 de novembro
de 2013. Devemos ressaltar que a população da
cidade de Goiânia aumentou de 749.849 habitantes
em 1982 para 1.393, 579 habitantes em 2013,
justificando incrementos e atualizações na lei devido
às mudanças ocorridas na sociedade como um todo.
As vistorias e inspeções realizadas pelo
Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás -
CBMGO possuem uma relevante participação nas
ações preventivas e de segurança da sociedade
goiana. Embora não sejamos acometidos por
grandes catástrofes e/ou tragédias, são exigidas nas
edificações comerciais, residenciais, locais de reunião
de público e outros ações e instalações preventivas,
normatizadas e fiscalizadas pelo CBMGO.
O conceito de prevenção e segurança já
deveria estar intrínseco no seio da sociedade. No
entanto, existe em alguns casos a resistência quanto à
instalação e/ou adequação das edificações às normas
de segurança contra incêndio e pânico. Alguns fatores
como custo ou subutilização são amplamente citados
pelos proprietários das edificações. Mesmo sendo
por força de lei, muitas vezes as inspeções e vistorias
detectam a inexistência dos sistemas preventivos.
Com isso, o CBMGO criou-se um Certificado de
Conformidade – CERCON, expedido conforme a
edificação atenda as normas legais previstas.
2.4 - Operacionalização
Trazendo esta experiência do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado de Goiás como agente
atuante na Segurança Pública, faz-se necessário que
a Polícia Militar do Estado de Goiás se posicione na
vanguarda da prevenção, e repressão, de crimes
contra a ordem pública, pessoas e patrimônio através
192
dos atributos instituídos pelo CPTED. A padronização
e normatização de construção e arranjo do espaço
físico (layout) das edificações e ambientes, nas mais
diversas finalidades, se colocam como uma potencial
frente de atividades técnicas preventivas da Polícia
Militar junto à sociedade, sendo o elo entre o dever do
Estado e a responsabilidade de todos. Fundamentos
básicos da Segurança Pública.
No Anexo III do Código Tributário Estadual, Lei
n.º 11.651, de 26 de dezembro de 1991, é instituída
a cobrança de uma taxa de vistoria pelo Corpo de
Bombeiros Militar do Estado de Goiás, tendo em vista
a necessidade de investir em prevenção e segurança
contra incêndios, pânico e acidentes. Nos dias
atuais, não é mais aceitável contarmos apenas com
a repressão de crimes. Devemos ir além, cercando-
nos do que prevê nossa Carta Magna: “A segurança
pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos (...)” (Art. 144, caput, CF). Isto se mostra
premente à instituição da obrigatoriedade da
aprovação de projetos de todas as novas edificações,
a fim de garantir que estas sejam adaptadas aos mais
recentes estudos que tratam da prevenção de crimes
utilizando o desenho ambiental. A prevenção se
tornou a palavra de ordem.
Da mesma forma como hoje é exigido dos
responsáveis por edificações comerciais, residenciais
multifamiliares ou coletivas que seja realizada uma
inspeção pelo Corpo de Bombeiros Militar, embasada
por Legislação Aplicada, a fim de que seja verificado
se a edificação atende aos padrões de construção e da
existência de sistemas preventivos para a prevenção
de incêndios, pânico e/ou acidentes, e com isso é
arrecadada uma taxa para a prestação desse serviço,
traçamos um paralelo ressaltando a necessidade da
criação de Legislação Específica que estabelecerá
critérios de construção e vistoria à escala micro e
macro-urbana, relacionados com a planificação de
espaços comuns, os planos de edificação, as estruturas
específicas no ambiente residencial, a participação e
responsabilização dos residentes, principalmente ao
nível da manutenção com a concepção arquitetônica.
Ao final, sendo preenchidos todos os requisitos, será
expedido pela Polícia Militar do Estado de Goiás,
através de um Setor dedicado à Análise Criminal,
um certificado de conformidade, necessário para a
continuidade ou conclusão da obra e funcionamento.
A inserção de taxa para a prestação do
serviço de vistoria por parte da Polícia Militar do
Estado de Goiás justifica-se, pois o CPTED resguarda
o patrimônio individual e coletivo, além de minimizar
os riscos de crimes, assegurando maiores condições
preventivas à integridade física da população que irá
frequentar as construções voltadas para a prevenção.
Encarar a alteração na arquitetura, paisagem e/ou
espaço ambiental e físico como desperdício é um
erro. Os recursos aplicados são investimentos contra
perdas futuras, que normalmente trariam maiores
custos diretos (contramedidas) e indiretos (imagem,
medo, insegurança, desconfiança, entre outros). Os
recursos captados devem ser destinados à melhoria
da prestação dos Serviços de Segurança Pública,
sendo investidos em cursos e na profissionalização
do Setor de Análise Criminal da Instituição, além
de auxiliar no reforço do Policiamento Ostensivo
Preventivo, somando esforços para a diminuição da
criminalidade.
3 - Discussão
A segurança é um dever e um direito de
todos. Ações individuais, num primeiro momento,
garantem maior segurança pontual. No entanto, estas
se tornam coletivas ao se multiplicarem, atingindo
progressivamente maiores parcelas da sociedade.
A criação de uma legislação que normatize
o desenho ambiental das edificações, baseado no
conceito de CPTED, trará grandes e satisfatórios
resultados quanto à segurança e a prevenção de
crimes na sociedade. A instituição da Gerência de
Análise Criminal que execute a aplicação da Lei,
instruída e orientada pela Polícia Militar, fará com que
todo cidadão se responsabilize por sua segurança, e
a de terceiros, edificando ambientes seguros para si
mesmo e a coletividade.
Contudo, estas ações de formulação da
uma legislação específica, cobrança de taxa para as
análises e inspeções nas edificações, criação de uma
Gerência de Análise Criminal, entre outras, geram
custos, desgastes, adaptações e modificações no
âmbito da sociedade, e da própria Polícia Militar.
Será necessário a criação de um departamento
especializado em segurança de instalações,
devendo ser priorizado o treinamento de policiais
militares especialistas em análise criminal, porém
com conhecimentos em projetos de edificações, tal
como arquitetos e engenheiros, para que os mesmos
tenham condições de analisar os projetos do ponto
de vista do CPTED. Todas essas situações deverão ser
administradas e superadas a curto e médio prazo. A
resistência ao novo está presente no contexto social.
A quebra de paradigmas faz parte, e é necessária para
que o processo se desenvolva.
A inserção e aplicação do conceito do CPTED
na sociedade goiana, através de uma lei de análises de
projetos e vistorias de ambientes pela Policia Militar,
elevará substancialmente a segurança, e sensação
desta pela população do Estado de Goiás, dentro das
ações preventivas executadas.
Considerações Finais
A Prevenção do Crime Através de Desenho
Ambiental se mostra uma importante ferramenta
da Segurança Pública, sendo a integração do CPTED
como política de prevenção de delitos e captação de
recursos para a Segurança Pública um meio utilizado
para que se chegue ao fim objetivado, que é a
inocorrência ou a não incidência delitiva/criminosa.
A participação da Polícia Militar, como órgão
de orientação e fiscalização social, denota a relevância
193
técnica daquele que se encontra diuturnamente
dedicado à missão de Segurança Pública ou coletiva.
Sabendo-se quais os pontos vulneráveis ou de
exposição residualmente perigosos, poderá o policial
intervir antecipadamente na ocorrência, podendo
preveni-la ou facilitar a detenção do autor.
Como proposto no trabalho, uma lei
específica poderia ser criada, de forma que à Polícia
Militar caberia a atividade preventiva e tutelar do
cidadão, que teria a certeza que seu patrimônio
fora construído dentro de padrões de segurança
certificados. Claramente com isso, poderia a PM
receber taxas, que teriam previsão tributária, sendo
que tais taxas teriam sua reversão em benefícios
eminentemente sociais ou voltados à expansão da
Análise Criminal em âmbito estadual.
Conclui-se que cabe à Polícia Militar de Goiás
estruturar essa proposta, suscitando uma discussão
aprofundada quanto a aplicabilidade dessa função
complementar da Polícia Militar, uma vez que tal
conceito se mostra viável e vai ao encontro do que a
sociedade anseia nos dias atuais, que nada mais é do
que o direito de viver pacificamente e em segurança
ao lado dos seus entes e familiares, apresentando-a,
posteriormente, aos entes governamentais que
possuem poder decisório para viabilizar tal proposta.
No que tange às questões especificamente financeiras
(taxas, etc.), a discussão se estenderia aos demais
órgãos da administração pública para o seu devido
provimento.
Com isso, tira-se como aprendizado e
conclusão a importância do tema e sua contribuição
à Polícia Militar e à própria sociedade, que será a
maior beneficiada pela intervenção especializada na
manutenção do seu direito de ir, vir e sobreviver.

194
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