You are on page 1of 14

Morfologia do Português

UNIDADE 1
Palavras do Professor

Prezado (a) aluno (a)!

A disciplina que ora iniciamos, partindo do princípio de que a morfolofia do português é um estudo formal
da Língua Portuguesa em suas partes mínimas significativas, tem como objetivo trazer a você caro(a)
aluno(a), conhecimentos quanto às estruturas da língua em sua forma constitutiva mais elementar, que é
a palavra e o morfema.

A partir desse objetivo, a disciplina está organizada em quatro unidades, assim estabelecidas: Na pri-
meira unidade introduzimos o estudo pelo conceito de morfologia, seu campo de atuação e estrutura do
vocábulo português;

Na segunda unidade tratamos dos principios básicos e auxiliares da análise mórfica (morfológica); Na
terceira unidade voltamos nossa atenção para a classificação das palavras e as funções da formação das
palavras;

Por último, na quarta unidade, tratamos da ampliação do léxico, empréstimo linguístico, morfologia lexical
e flexional.

Espero que a disciplina, de fato, contribua para o seu conhecimento sobre as palavras, sua formação,
classificação a partir de critérios formais, funcionais e semânticos, conforme estabelecido, e é requisito
básico para você, estudante de letras.

Bons estudos !

1
Orientações da Disciplina

CONHECIMENTO DA LÍNGUA

O século XX avançou com relação aos estudos da linguagem e por meio de estudos filosóficos neste
século, compreendeu-se que o sentido e validade das coisas que existem no mundo são mediados pela
linguagem, ou seja, a linguagem é que dá sentido a tudo o que existe e faz o elo entre sujeito e objeto, ou
seja, sobre toda a comunicação humana.

A comunicação humana independente de que idioma se estiver falando abriga vários conhecimentos e a
nossa língua portuguesa não poderia ser diferente, e um dos conhecimentos que devemos ter do nosso
idioma é que ele se constitui de palavras.

É bíblica a frase “No começo era o verbo”, ou seja, a palavra. É por meio das palavras que conseguimos
saber o que são as coisas e como elas são construídas.

É por meio das palavras que nomeamos as coisas, que identificamos as pessoas, damos nomes a elas,
descrevemos suas ações e as nossas ações também, expressamos o que queremos e o que não queremos
e entendemos o que os outros querem ou não querem.

O nosso conhecimento sobre as palavras é plural, isso quer dizer que a palavra abarca o conhecimento
de sentido, que se chama semântica, o conhecimento gramatical, ou seja, da escrita, da pronúncia e o
conhecimento dessa palavra em determinada situação de uso e o sintático, a forma como ela se comporta
na frase.

E na intenção de ampliar o nosso conhecimento sobre a nossa língua portuguesa e as partes que a com-
põe que iniciaremos nosso trabalho por saber:

O QUE É MORFOLOGIA?

A língua se estrutura a partir de um conjunto de sons tipo chamados fonemas.

Na Língua Portuguesa essa estrutura se dá em torno de 19 (dezenove) consoantes e 7 (sete) vogais.

Cada unidade desse conjunto são elementos distintivos da língua, assim caso é diferente de vaso.

A perfeita harmonia em bases combinatórias desses fonemas obedece a padrões silábicos específicos de
cada língua. Em nosso idioma português a base silábica é a vogal, ou seja, não existe silaba na Língua
Portuguesa sem vogal.

Assim, há combinações como /gh/ e /rx/, por exemplo, impossíveis de serem realizadas na Língua Portu-
guesa.

2
Outra questão interessante de nosso idioma é que não há correspondência entre o número de letras e de
fonemas, de forma que, há mais fonemas do que letras, dado que há 18 consoantes (letras) e 19 fonemas
consonantais, 5 vogais (letras) e 7 fonemas (em posição tônica)

Há sons que são graficamente representados por:

a) Por figuras diferentes: o som de sê, por exemplo, o qual pode ser grafado com /c/, /s/, /ss/, /ç/,
/x/, /sc/, /sç/ ou /xc/;
b) Mais de uma figura combinada: o som de /rê/, pode aparecer grafado com /r/ ou /rr/;
c) Há letras que podem representar sons diferentes: como nos exemplos ramo e areia em que o /r/
possui sons diferentes

Essas são algumas das especificidades da Língua Portuguesa que acabam por causar dificuldades na
aprendizagem de nosso idioma, uma vez que há tendência à memorização dos nomes sem a devida inter-
nalização do seu significado.

Por isso, principiamos observando que vogal é o som da voz, ou seja, aquele som que resulta da respiração
integral, livre de obstáculos, melhor dizendo do som vocálico, resultante de uma corrente de ar que sai
direito dos pulmões e transita sem obstáculos pelo canal respiratório.

Ao contrário disso, o som consonantal ou som consoante é um ruído, um som impuro que resulta de
corrente de ar que vem forçando passagem. Diferente da suavidade da vogal, a consoante vem abrindo
passagem ruidosamente pelo canal respiratório até sair.

Por esse motivo a vogal tem sua existência livremente, já a consoante precisa de um apoio vocálico, as-
sim, por exemplo, não é possível em Português a formação de uma sílaba digamos com a consoante /b/
sem a junção a uma vogal, isso faz-nos compreender a regra “a vogal é a base da silaba, não existe sílaba
sem vogal”, estudos estes que mesmo estando atrelados à fonética, por exemplo, tem sua ligação direta
com a morfologia por tais sons vocálicos ou consonantais estarem dentro das palavras.

E qual então seria o estudo da morfologia? O que compreenderia esse estudo? Qual seu campo
de atuação?

A Morfologia é o estudo da palavra e como ela se posiciona, qual sua função na nossa língua portuguesa,
é o estudo do aspecto formal das palavras.

Estudar morfologia significa estudar as partes que compõem uma estrutura física linguística, ou, seja, sig-
nifica estudar a palavra em sua individualidade sem considerar especificamente a relação dessa palavra
com as frases, orações, períodos, parágrafos ou textos em que se insere.

Para entender o que é morfologia, vamos tentar fazer uma comparação: imaginemos um espaço constru-
ído, uma casa, uma estrutura inteira, mas esse imóvel é composto de partes e dependendo do tamanho
da casa, a referida estrutura pode ter salas, quartos, cozinha, banheiros, área de serviço, pátio, garagem
e outras partes.

3
Para se entender como se interligam cada uma dessas partes é possível fazer um estudo do imóvel de
maneira integral, observando o todo, mas para compreender, conhecer como é cada dependência isola-
damente, ou seja, o quarto, a cozinha, a sala, por exemplo, faz-se necessário estudar cada parte indivi-
dualmente.

Assim faz a morfologia do português, estuda a palavra que compõe a língua portuguesa isoladamente,
identifica qual a sua classificação, estrutura, como esse vocábulo é composto, se ela vem de outra palavra
ou não.

Observe a imagem:

Fonte: http://sereduc.com/zNX8vD

??? Você sabia?

A característica da morfologia é estudar a palavra sozinha, fora da sua organização na


frase. Então, aos estudos morfológicos da língua portuguesa cabe debruçar-se sobre
as palavras da língua, isoladamente, olhando para cada uma, verificando como é sua
estrutura, sua especificidade, sua composição e a que grupo pertence, pois, como você
já deve saber, as palavras agrupam-se em classes, assim discriminadas: Substantivo,
Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição, Conjunção e Inter-
jeição.

Além do estudo em classes cabe à morfologia estudar as unidades mínimas que também tem um signi-
ficado dentro da palavra, como se fossem “os tijolos que compõem a casa”, o significado de cada parte
constitutiva e elementar da palavra, denomina-se morfema, e é um assunto que estudaremos ainda nesta
unidade.

4
A partir dessas informações, podemos chegar à conclusão que Morfologia é a parte da gramática da
língua que estuda os morfemas; é a parte da gramática que estuda as palavras observadas isoladamente;

É o estudo da estrutura e da formação das palavras da língua portuguesa; é por meio da morfologia que
compreendemos que as palavras têm suas flexões e sua classificação. E que os elementos que formam
cada palavra denominam-se elementos mórficos ou morfemas.

O campo de atuação da morfologia/Delimitação do campo da morfologia

Vimos anteriormente o que é morfologia, agora vamos delimitar o campo de atuação da morfologia.

Campo de atuação é uma forma de delimitar qual realmente o espaço de atuação, os limites utilizados por
determinado conhecimento.

Distingue-se a morfologia e seu campo de atuação de duas formas:

1) A morfologia em sentido restrito, especificado, claramente delimitado, a qual se ocupa de proble-


mas gramaticais como classes de palavras, flexões de palavras e outras categorias;
2) A morfologia em sentido lato, abrangente, geral: a qual se debruça sobre problemas lexicais
como estrutura, formação e sentido das palavras.

Assim, o estudo da estrutura e formação das palavras refere-se à Morfologia no sentido lato, externo,
lexical, enquanto que o estudo da flexão das palavras, gênero e número, por exemplo, e da classificação
em substantivo, adjetivo e outras classes são preocupações da Morfologia em sentido restrito, interno.

A estrutura do vocábulo português: afixos (prefixos e sufixos)

A palavra vocábulo advém do latim “voz” que significa “a voz”, entretanto é possível utilizar ambos os
termos, tanto vocábulo quanto palavra.

Entretanto, é preciso considerar que as duas formas geram coincidências que podem ocasionar certa con-
fusão de forma que é preciso esclarecer que toda palavra é vocábulo, mas nem todo vocábulo é palavra,
pois para ser palavra precisa apresentar significação lexical, assim há dois tipos de vocábulos o lexical e
o gramatical.

Entendendo-se que são vocábulos lexicais os vocábulos que representam ideias, e são vocábulos grama-
ticais os vocábulos que não traduzem ideias, mas servem para promover relação entre palavras.

O Gramático Evanildo Bechara discorre que toda palavra deve ser classificada levando em conta três pris-
mas diferentes: o seu aspecto material, fônico, a sua significação gramatical e a sua significação lexical.

A palavra não pode ser observada, levando-se em consideração somente a sua constituição formal, isto
é, considerando somente as letras ou os fonemas que a constituem.

5
Para que os estudos morfológicos dos vocábulos sejam feitos através de uma base rigorosa, é necessário
atentarmos para as suas unidades mínimas significativas às quais se denominam morfemas, assim a pa-
lavra deve ser observada como significante ou expressão material da língua (falada ou escrita).

A palavra se apresenta sob o seu aspecto formal, isto é, deve ser observada segundo uma classificação
morfológica e deve-se observar a palavra em relação a outras palavras.

Guarde essa ideia!

Para o estudo das palavras faz-se necessário compreender que em português as pala-
vras estão constituídas de uma base fônica e de duas formas semânticas, a gramatical
e a lexical. Essas unidades são conhecidas pelo nome técnico de morfema.

As palavras, como já dissemos, são signos linguísticos e como signos linguísticos não são apenas ele-
mentos que possuem significante sonoro, a que chamamos vocábulo, capaz de subdividir-se em sílabas e
fonemas, mas também são elementos que possuem significado, e neste caso denominamos palavras, os
quais são integrantes do código linguístico.

Como palavras podem tais elementos ser decompostos, subdivididos, em pequenas outras partes que
possuem significação lexical e gramatical, dos quais são conhecidos o radical, o tema, a vogal temática.

Vimos também que no plano do significante, ou seja, no plano fonológico da língua, as menores partículas
que se distinguem são os fonemas que unidos ordenadamente formam as sílabas; no plano do significado
chamado morfológico-semântico, as menores partículas formadoras das palavras que se distinguem são
os morfemas.

Estudo dos morfemas

O que são morfemas?


Morfema é a unidade mínima dotada de significado que integra a palavra.

Em português é possível precisar quais os tipos usuais de morfemas?

Sim. Quanto ao aspecto formal os morfemas podem ser considerados como: Morfemas aditivos, subs-
tantivos, modificativos, zero, etc, os quais estudaremos detalhadamente na Unidade II desta disciplina.

Classificação geral dos morfemas

O morfema que é a matriz, o núcleo da palavra, é o radical, os demais são periféricos, estes últimos
dividem-se em derivativos e flexivos.

Os morfemas receberam a classificação de periféricos por agregar-se ao morfema nuclear que é o radical,
ou seja, em comparação ao radical estes, possuem um valor secundário, periférico.

6
Morfemas periféricos flexivos

Os morfemas periféricos flexivos possuem esta denominação porque servem para exemplificar as catego-
rias gramaticais, fazem parte deste grupo a vogal temática e as desinências.

Os morfemas periféricos derivativos tem a função de, agregados ao radical, derivar palavras. A este gru-
po, inserem-se os afixos, os quais funcionam acoplados antes ou depois do radical.

Observe o diagrama abaixo que ilustra a organização dos morfemas:

??? Você sabia?

O radical é o elemento irredutível e comum às palavras de uma mesma família, abriga


o sentido nuclear da palavra.

A partir do momento em que se retira as desinências e a vogal temática de uma palavra, todo o restante
que se mantém é o radical. Assim na série pedra, pedreiro, pedreira – o segmento pedr é o radical, pois
satisfaz as exigências de manter o sentido nuclear da palavra e por ser o elemento irredutível e comum
às palavras de uma mesma família.

O que nos leva a compreender que o que mantém o sentido básico, elementar, fixo e definitivo da palavra
é o radical. Assim, palavras que tem o mesmo radical como pedra, pedreiro, pedregulho, empedrar, por
exemplo, fazem parte da mesma família de palavras, cuja menor base é o radical pedr.

7
Morfemas periféricos derivativos

Afixos são elementos mórficos que se agregam ao radical e uma vez ocorrido referido processo tais ele-
mentos são capazes de mudar o sentido da palavra. Ex: animado/desanimado; podem ainda inserir uma
ideia secundaria como, por exemplo, gente/ gentalha ou inclui-la em uma das categorias de palavras
como civil/civilizar.

Os afixos dividem-se em prefixos quando se agregam antes do radical, como Infeliz, por exemplo, e sufixos
quando se agregam depois do radical como felizmente.

Os afixos, tanto prefixo quanto sufixo tem em comum principalmente o fato de serem partículas que se
agregam ao radical, mas além de que o prefixo acopla-se antes do radical e o sufixo depois.

Há ainda o fato de que o prefixo seja ele agregado a qualquer palavra da língua portuguesa não muda a
classe gramatical nuclear, ou seja, se uma palavra é substantivo e a ela se anexa um prefixo, a palavra
derivada dessa junção será também um substantivo ou adjetivo, como nos exemplos a seguir: a forma
adjetiva feliz, acrescida do prefixo –in dá origem a palavra infeliz que também é adjetivo.

Já o sufixo pode mudar a classe da palavra, em alguns casos. Assim, digamos que uma palavra seja verbo
e ao lhe ser anexada um sufixo, a palavra derivada dessa formação pode ser verbo ou pode, por exemplo,
ser um substantivo.

De forma que há casos em que o sufixo muda a classe da palavra e há casos em que não muda, como nos
seguintes exemplos: a forma substantiva gente, acrescida do sufixo –alha dá origem a palavra gentalha,
que também é substantivo, o mesmo acontece com os substantivos cozinha/cozinheiro, diferente da for-
ma verbal diverte que acrescida do sufixo –mente dá origem ao substantivo divertimento.

Além das características já expostas, os sufixos dividem-se em nominais e verbais:

Os sufixos nominais são aqueles que podem ser anexados a um radical e certamente formarão palavras
que podem ser substantivos ou adjetivos, como por exemplo –ada: carta: cartada, -udo cabeça: cabeçudo.

Os sufixos verbais são aqueles que necessariamente são justapostos a uma forma verbal e formarão
palavras cuja classe pode ser verbo ou outra classe. Ex: -ecer emagrece: Emagrecer.

Vogal Temática

É uma pequena partícula, fisicamente grafada por uma única letra, mas que tem a função de uma vez
acrescida ao radical, marcar uma classe de palavras. É um elemento gramatical ao qual imediatamente
se anexam as desinências.

A vogal temática é um elemento, como o próprio nome diz: representado por uma vogal átona, que pode
ser tanto nominal quanto verbal, dependendo de a que radical ela for anexada, a um nome ou a um verbo.

8
Assim, em radicais como bol-a, a vogal temática é nominal, por tratar-se de um substantivo e em radicais
como fal-a r, a vogal temática é verbal, por tratar-se de um verbo.

As vogais temáticas verbais determinam as três conjugações a que o verbo pertence, identificando – a
para a primeira conjugação: fal-a-r, - e para a segunda conjugação: verd-e-r e - i para a terceira conju-
gação: part-i-r.

As vogais temáticas nominais, a exemplo das verbais, dividem-se em três, os grupos de nomes substan-
tivos e adjetivos.

Assim, no primeiro grupo temos a vogal temática –a: bol-a, no segundo grupo temos a vogal temática –e:
bul-e e no terceiro grupo a vogal temática –o: barc-o. 

Faz-se necessário aqui diferenciar desinência de vogal temática, assim cabe esclarecer que as vogais
átonas –o e –a só serão desinências, quando existir uma forma masculina e outra feminina para as
palavras que as mesmas encerram.

Caso contrário serão vogais temáticas.

1ª configuração – a- (and-a-r). O: livr-o, urs-o       


2ª configuração – e – (colh-e-r) ≠ A: cart-a, cas-a
3ª configuração – i- (part-i-r) E: mont-e, val-e
   
Tema

O tema não deve ser chamado de morfema, pois não é, ele na verdade, congrega um contínuo de morfe-
mas, pois é constituído da sequência: radical e vogal temática, anexados um ao outro.

Como em uma operação matemática, acha-se o tema nas formas verbais separando o –r indicador do
infinito verbal, como nos exemplos amar: ama-r, tema: ama, vender: vende-r, tema: vende, partir: parti-r,
tema: parti.

Quanto às formas nominais, substantivo ou adjetivo, afasta-se o –s indicador de número plural, como nos
exemplos: malas: mala-s, tema: mala, potes: pote-s, tema: pote, bolos: bolo-s, tema: bolo.

Vogal e consoante de ligação



As vogais e consoantes de ligação, são elementos que funcionam como meras figuras decorativas, seu
papel na palavra é puramente eufônico, ou seja, existem para que a sonoridade da palavra seja melhor.

Diferente de outros elementos mórficos que se agregam ao radical, como os afixos, por exemplo, as vo-
gais e consoantes de ligação não afetam em nada a significação das palavras. São, portanto, elementos
que surgem apenas com a função de ligar dois radicais formando uma nova palavra.

As vogais de ligação no português são apenas duas: /i/, que compõe elementos de origem latina, e /o/,
que compõe elementos de origem grega. Ex.: facilidade _ fácil + i+ dade. O /i/ e o /o/ só serão vogais de
ligação, quando puderem ser isoladas como nos exemplos acima.
9
Nas composições a partir de adjetivos terminados em –io, o /i/ possui variante /e/, que servem para evitar
a eufonia. É o caso de: sério/ seriedade e próprio/ propriedade.

Em síntese, as vogais que funcionam como vogais de ligação no interior dos vocábulos são -i e –o. O –i
aparece em palavras de origem latina, pois já ocorria na forma de origem e –o antes de radicais ou sufi-
xos gregos, pois também já existia na forma grega original, como se exemplifica na forma cristal que ao
juntar-se à forma fobia, resulta na palavra cristalofobia ou na forma música ao juntar-se à forma -logia
resultando na palavra musicologia.

As consoantes de ligação servem para os mesmos propósitos das vogais de ligação: ligar um termo a
outro e assim como as vogais de ligação possuem papel puramente eufônico.

Exemplo

Temos exemplos como na junção da forma nominal pau ao sufixo –ada, dando origem à palavra paulada
ou na junção da forma nominal café à forma sufixal –eira, resultando na palavra cafeteira.

As consoantes de ligação mais frequentes são /z/ e l/, que fazem parte de palavras como: café –z –al;
capin-z –al; pau-l – ada e cha-l-eira. São raras as ocorrências de outras vogais de ligação, como /g/ e /t/
que se fazem presentes em palavras como: mata-g- al e café-t-eira.

Desinências nominais (de gênero e de número)

As desinências são os últimos elementos mórficos significativos, presentes, e, portanto, que compõem um
nome na língua portuguesa. São os morfemas terminais das palavras variáveis.

As desinências não são a base da palavra, pois esta função é do radical, como já estudamos anteriormen-
te, mas as desinências têm uma função muito importante: elas abarcam sentidos fundamentais que são
as indicações de categorias de gênero e número nos nomes e modo, tempo número e pessoa, nos verbos.

Tanto sufixos quanto as desinências são morfemas terminais das palavras. No entanto, existem duas
diferenças entre eles: a primeira é que, as desinências fazem a concordância das palavras na frase, assim:

O determinante (artigo) Os e o adjetivo dedicados concordam com o sujeito alunos em gênero e número;
o sujeito alunos e o verbo avançam concordam em número e pessoa.

Enquanto que os sufixos possibilitam a criação de novas palavras. Se acrescentarmos o sufixo eira ao
substantivo porta, teremos outro substantivo, porteira; outra diferença é que as desinências são morfe-
mas que não se pode excluir – toda forma verbal portuguesa está associada às noções de modo e tempo
e de número e pessoa.

Entretanto, tal caso não constitui um caso de flexão é que o substantivo flexiona-se apenas em gênero e
número, haja vista que a expressão do grau não implica concordância, não havendo, portanto, obrigato-
riedade do uso desse elemento em: casinha bonita, em vez de casinha poderíamos dizer casa pequena.
10
??? Você sabia?

A expressão de grau é um caso de derivação prefixal, não flexão, portanto o uso da


expressão que tornou-se chavão: “Concordo em gênero, número e grau” não deve ser
usada, pois grau não é flexão, é derivação.

Nos substantivos e adjetivos, como já se disse, as desinências são elementos indicativos de gênero e
número. Assim o –a, por exemplo, é o morfema indicativo de gênero feminino e quando este morfema
não aparece na palavra temos então o morfema zero (ø) indicando a ausência de marcação de feminino ou
portanto, o masculino, como nos exemplos: menin-a, (-a feminino) menin-ø (,ø masculino).

Quanto ao número compreende-se o –s como o morfema indicativo de número plural, como nos exemplos:
menina-s (-s marcador de plural) ou menina- ø (-ø marcador de ausência de plural, ou singular).

Desinências verbais (de tempo e de modo, de número e pessoa)

As desinências verbais, como o próprio nome diz são morfemas que agregados às formas verbais, como
já foi dito anteriormente, marcam as categorias de modo-tempo e número-pessoa.

Assim, por exemplo, em uma forma verbal como amávamos, a desinência –va indicando categoria de tem-
po e modo marca que o verbo amar está flexionado no modo indicativo e no tempo pretérito imperfeito.

No mesmo exemplo, amávamos, tem-se a desinência –mos indicando número plural e ao mesmo tempo
indicando a pessoa verbal. Referida desinência, marca que o verbo amar está flexionado na terceira pes-
soa do plural.

Assim como os nomes tem desinências mais ou menos fixas indicando gênero e número, os verbos tam-
bém possuem esta característica, de modo que é possível elencar os elementos flexionais (desinências de
modo-tempo e desinências de número-pessoa) aplicados às formas verbais e também às formas verbo-
-nominais.

Morfema zero

O morfema zero é um elemento que aparece como marca da ausência de determinada categoria grama-
tical, nota-se o morfema zero pelo isolamento de um morfema em oposição outro, ou seja, identifica-se
pela posição oposta à significação de um termo a outro, como em exemplos já vistos neste guia de estu-
dos, tanto de nomes como verbos. Um exemplo claro do morfema zero se vê em palavras como flor, cuja
ausência da marcação de plural /-es/ indica o singular.

Alomorfe

Os morfemas podem, em determinadas situações apresentar variação formal. Essas variações chamam-
-se alomorfia e o termo variado, alomorfe, assim, por exemplo, na 2ª pessoa do plural o -a, varia para o
alomorfe –e, como nos exemplos do verbo cantar: cantáveis, vendíeis, cantáreis, cantareis e cantaríeis.
11
Para Resumir

Para melhor compreender como se constituem morficamente as palavras, observe o esquema abaixo:

Nominais gênero: ø - zero (masculino) /-a (feminino)


Número: ø – zero (singular) / -s (plural)

-va*; imperf. ind. 1ª conjugação


-ia*; imperf. Ind. 2ª e 3ª conjugações
a) modo- -ra; perf. Ind. 3ª pessoa do plural
temporais -u; perf. Ind. 3ª pessoa do singular
-ra; mais-que-perf. Ind. (átono)
-sse; imperf.. do subjuntivo
-ra; futuro do presente (tônico)
-ria; futuro do pretérito
-r; futuro do subjuntivo
Desinências verbais -e; pres. do subj. 1ª conjugação
-a; pres. do subj. 2ª e 3ª conjugação

3ª pess. Sing. ø(zero)


1ª pess. Sing. Pres. Ind. –o; pret. Perf. –i;
ø (zero no restante)
b) número- 2ª pess. Sing. –s /z/; -ste (pret. Perf.)
pessoais 1ª pess. plur./moZ/
2ª pess. Plur. –is /iZ/,-des/deZ/;-
stes(pret.perf.)
3ª pess. Plur. –n(-m)

-r (e): do infinitivo
verbo-nominais -ndo: do gerúndio
-do: (regular);-to e –so (irregulares)

12
Palavra Final

Prezado (a) aluno (a)!

Chegamos ao término do conteúdo da primeira unidade da nossa disciplina.

Espero que o assunto estudado tenha contribuído para expandir seus conhecimentos sobre a Morfologia
do Português.

A partir desse momento, é fundamental que você realize as atividades avaliativas que estão no Ambien-
te Virtual de Aprendizagem (AVA). Elas irão ajudá-lo (a) na compreensão do assunto e fortalecer o seu
aprendizado

Lembre-se! Faça a leitura na íntegra do livro-texto e em caso de dúvidas, consulte o seu tutor. Ele está a
sua disposição para orientá-lo (a).

Nos encontramos na próxima unidade.

Bons estudos e até lá!

13

You might also like