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Autores:
Alexandre Liberal Cavalcanti
Dirk Brandenburg
Professores:
Erlano Guimarães Cordeiro
Dr André Cavalieri
Fernando Fiorini
Dr Rodrigo Moura
João de Barro Monteiro Cavalcanti
Dr Tiago Barbosa
Marcus Vinicius Rodrigues de Lima
Mateus de Paula Ribeiro
Walter Lopes Marinho
30 de Agosto de 2018
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
Lista de Figuras
1 Gráfico de calibração da mola D. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2 Gráfico comparativo dos perfis com literatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3 Gráfico das curvas cL × α . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
4 Ilustração do corpo efetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
5 Variação do cM com α para os diversos perfis utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . 9
6 Variação do cD com α para os perfis utilizados no experimento. . . . . . . . . . . . 12
7 Variação do cD com cL para os perfis utilizados no experimento. . . . . . . . . . . . 13
8 Escoamento sobre o perfil NACA 0012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
9 Escoamento sobre o perfil NACA 2412 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
10 Escoamento sobre o perfil NACA 2412 com flap a 20o . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
11 Escoamento sobre uma placa plana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
12 Propriedades da bolha de separação laminar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
13 Efeito do Re no CL para o NACA 0012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
14 Variação do CL,max com t/c dos perfis NACA 24xx para variados Re . . . . . . . . . 19
15 Curvas características do perfil NACA0012. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
16 Curvas características do perfil NACA2412. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
17 Curvas características do perfil NACA0012 com flape. . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
18 Curvas características da Placa Plana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
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Lista de Tabelas
1 Dados ambientais no decorrer do experimento [SI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2 Características geométricas dos perfis utilizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
3 Características geométricas dos perfis utilizados (SI). . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
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Lista de Símbolos
Sumário
1 Objetivos 1
3 Calibração 2
3.1 Análise Estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
3.2 Acoplamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
6 Conclusão 20
Referências Bibliográficas 22
Apêndices 23
Apêndice A - Gráficos característicos dos perfis utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
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1 Objetivos
O experimento consistiu no ensaio em túnel de vento dos perfis aerodinâmicos NACA 0012 e
NACA 2412, além de uma placa plana, à baixa velocidade, para atingir os seguintes objetivos:
1. Comparacão das características aerodinâmicas de perfis previstas pela teoria potencial com
os resultados experimentais.
2. Estudo das características aerodinâmicas não previstas pela teoria potencial, e descrição dos
fenômenos por meio da visualização do escoamento com os fios de lã.
Tabela 1: ]
Dados ambientais no decorrer do experimento [SI].
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3 Calibração
3.1 Análise Estatística
Para calibração da balança de três componentes localizada na lateral do túnel de vento Plint
& Partners, foram feitas três calibrações separadas aplicando através de um garfo:
1. Calibração de Sustentação: uma força na vertical centralizada ao eixo.
2. Calibração de Arrasto: uma força na horizontal.
3. Calibração de Momento: uma força vertical decentralizada do eixo.
Como a balança possui três molas, A (vertical a jusante), F (vertical a montante) e D (hori-
zontal), considerou-se que na Calibração 1 cada mola vertical recebeu metade da força aplicada
e na Calibração 2 considerou-se que a apenas a força horizontal contrapõe a mola horizontal. A
análise estatística foi feita no MATLAB utilizando o pacote CFTool (Curve Fitting Tool), como
mostrado na Fig. 1. Com isso, obtiveram-se os coeficientes angulares da reta de calibração de cada
mola e seus respectivos coeficiente de determinação (R2 ) e raiz do erro médio quadrático (RMSE)
para posterior análise estatística de erros, Tab. 3.
Dado os valores da Tab. 3, utilizou-se a soma quadrática da medida RMS com o valor com
RMSE da curva de calibração, uma vez que os erros são independentes. Após ter determinado para
cada tomada de dados do experimento a força exercida por cada mola, propagou-se o erro a fim
de encontrar também o erro dos coeficientes aerodinâmicos a serem posteriormente estudados. As
curvas características de cada perfil encontram-se no Apêndice A, com as suas respectivas barras
de erros (omitidas durante a análise comparativa para melhor apresentação).
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3.2 Acoplamento
Para o estudo do acoplamento, buscou-se inicialmente comparar o máximo valor encontrado
na mola D na Calibração 1 com a menor medida de D na Calibração 2, obteve-se o desvio relativo
de 50%, equivalente a menos de 1 N , desconsiderando a presença de um acoplamento na força
horizontal provocada por forças verticais. Já observando o maior valor encontrado em nas molas A
e F na Calibração 2 com a menor medida de A e F na Calibração 1, obteve-se um desvio relativo
de 3, 5% para A e 2, 8% para F, o que mostra ser irrisória a presença de um acoplamento.
Dada a Calibração 3 comparou-se o resultado das forças utilizando os coeficientes da Tab. 3
com os valores das forças obtidas pelos pesos de referência utilizados na calibração. Obteve-se um
erro médio de 6, 5%. Já o momento calculado com os coeficientes mencionados acima, teve um
erro médio de 7, 4%. Pôde-se, portanto, prosseguir com as calibrações independentes, uma vez que
essa se mostrou validada, além de se constatar o acoplamento desprezível das molas da balança.
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Sendo dz/dx a variável dependente do perfil analisado, que no caso do perfil simétrico vale zero.
Além disso, a fim de se verificar a validade dos dados obtidos pelo experimento, comparou-se as
curvas cL × α obtidas com as de experimentos realizados pela NACA, conforme [5], como mostra
a Fig. 2.
Figura 2: Gráfico comparativo das curvas cL × α dos três perfis analisados. Fontes: [5] e [14]
Uma análise geral da Fig. 2 permite enxergar a coerência dos dados obtidos para o NACA 0012
e para o NACA2412. Entretando, uma análise mais criteriosa, permite verificar que tanto para
o NACA0012, quanto para o NACA2412, existe um deslocamento lateral do gráfico para valores
maiores de ângulo de ataque, o que influencia diretamente nos valores de ângulo de sustentação
nula e ângulo de estol.
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Figura 3: Gráfico das curvas cL × α obtidas experimentalmente dos três perfis analisados e da
placa plana representante do perfil fino.
Verificando a Fig. 3, obteve-se o valor da derivada das curvas para o NACA0012 (dcL /dα =
5, 308 rad−1 ) e o NACA2412 (dcL /dα = 5, 088 rad−1 ). Observa-se ainda que, embora as duas
ficaram diferentes do valor esperado de 2π, ambas foram muito próximas com uma diferença
relativa de apenas 4, 15%, mostrando que o arqueamento, de fato, não possui grande efeito perante
a derivada da curva.
Vale ressaltar que uma premissa da teoria adotada é que o escoamento em questão é incompres-
sível e invíscido e, embora se possa assumir, peremptoriamente, a hipótese de incompressibilidade,
a viscosidade é um efeito que não se pode desprezar. Desta forma, uma das hipóteses cabíveis de
se constatar é a mesma descrita em [2], uma vez que para perfis em escoamentos reais viscosos
existe uma evolução polar de CP com gradiente adverso e intenso no extradorso e com gradiente
favorável e pouco intenso no extradorso, a espessura da camada limite registrada ao longo do
extradorso deve ser muito superior à evidenciada no intradorso, de tal forma que o escoamento
potencial exterior percebe o corpo com uma camada fictícia, ou seja, obtém-se o chamado corpo
efetivo de escoamento, como ilustra a Fig. 4.
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Figura 4: Ilustração do espessamento do perfil devido ao aumento da camada limite por gradiente
de pressão. Fonte: [2]
Pelo ilustrado na Fig. 4, o perfil que de fato é estudado, passa a se comportar efetivamente para
o escoamento potencial como um novo perfil, com menor arqueamento e em um menor ângulo de
ataque que o perfil original. Tais afirmações levam à conclusão que o CL para um dado α em um
perfil sob escoamento real deve ser menor que o produzido em fluido perfeito. Desta forma, uma
vez que para cada valor de α obtém-se um valor de CL menor que o esperado pela teoria potencial,
ocorre como se o gráfico de CL ×α fosse deslocado para baixo. Entretanto, uma vez que a espessura
da camada limite aumenta conforme se aproxima do bordo de fuga, tem-se uma situação que se
assemelha a como se os valores de CL se tornassem cada vez menores que o esperado, fazendo
com que a curva diminua a sua inclinação e, consequentemente, alterando-se o valor da derivada
esperada de constante com valor 2π rad−1 .
Assim, conforme [2], passa-se a ser esperado para um fluido real uma inclinação de dcL /dα ≈
5, 6 rad−1 , que de certa forma foi a encontrada, mostrando a coerência dos valores obtidos perante
os resultados experimentais da literatura.
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Como era esperado, analisando a Fig.3, verificou-se que o NACA0012 obteve um ângulo de
sustentação nula (αL=0;N ACA0012;Exp = 0, 7457o ) maior que o do NACA2412 (αL=0;N ACA2412;Exp =
−0, 1965o ). Entretanto, verifica-se que ambos não corresponderam aos valores esperados de 0o e
−2, 07724o respectivamente.
Analisando perante a mesma abordagem de corpo efetivo descrita por [2], vejamos que para
cada valor de α obtemos um valor de cL menor que o esperado pela teoria potencial. Desta forma,
onde se esperava um valor nulo para o coeficiente de sustentação, obteremos um valor negativo,
indicando que o ângulo de sustentação nula medido será ligeiramente maior que o previsto pela
teoria potencial. Veja que, era previsto para o NACA0012, um αL=0;N ACA0012 = 0o , no entanto,
encontrou-se αL=0;N ACA0012;Exp = 0, 7457o , que corresponde e se encaixa perfeitamente na hipótese
descrita, pois para o ângulo de 0, 7457o obtido o valor de cL embora encontrado nulo, é ligeiramente
maior devido à redução geral por efeito do corpo efetivo e viscosidade.
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de uma aeronave. A suavidade na queda do valor de cM da placa plana após o stall reflete a
suavidade da curva de cL após o stall. Além disso, a queda de cM na região antes do stall na
placa plana (próximo do α = 3o ) condiz com o resultado apresentado por [14] para a placa plana,
mostrando a validade do experimento.
Já analisando segundo a teoria potencial, como não há previsão de stall, a espessura não
provocaria efeitos com relação ao cM , sendo esperado um cM nulo no quarto de corda do perfil
simétrico para todas as espessuras ao longo de todos os ângulos de ataque.
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experimento esse efeito é representado pelo presença dos fios de lã distribuídos no extradorso dos
perfis. Além disso há um arrasto inerente a cada fio de lã que não pôde ser mensurado frente ao
valores medidos.
Logo, os valores de coeficiente de arrasto obtidos no experimento são superiores àqueles es-
perados para cada perfil liso em voo livre. Entretanto, os valores obtidos são suficientes para as
analises desejadas.
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com bordo de ataque arredondado tem um coeficiente de arrasto menor do que a placa plana de
borda afilada, como observado para α superior a 5◦ na Fig. 6. O bordo arredondado garante um
escoamento suave sobre o perfil que retarda a separação, já a borda afilada induz perturbações no
escoamento que antecipam a separação no bordo de ataque [9].
Figura 8: Escoamento sobre o perfil NACA 0012. (a) Escoamento colado. (b) Início da separação
no bordo de fuga. (c) Perfil estolado.
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Figura 9: Escoamento sobre o perfil NACA 2412. (a) Escoamento colado. (b) Início da separação
no bordo de fuga. (c) Perfil estolado.
Figura 10: Escoamento sobre o perfil NACA 2412 com flap a 20o . (a) Escoamento colado. (b)
Início da separação no bordo de fuga. (c) Perfil estolado.
Figura 11: Escoamento sobre uma placa plana. (a) Escoamento colado. (b) Início da separação
no bordo de fuga. (c) Perfil estolado.
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ponto de recolamento não se apresenta nem tipicamente laminar nem tipicamente turbulento. O
recolamento ocorre mais e mais a jusante à medida que o ângulo de ataque aumenta. Outrossim,
diferentemente das Fig. 8 a 10, o descolamento ocorre em direção ao bordo de fuga à medida que
se aumenta o ângulo de ataque.
Um fator que não pôde ser observado no experimento mas pode estar relacionado com o estol
dos perfis e da placa plana estudados se trata das bolhas de separação laminar. A existência do
gradiente adverso de pressão é um dos fatores que acarreta a formação dessa bolha, ocasionando
uma separação da camada limite laminar, conforme descrito em [15]. O ponto de separação da
camada limite é indicado por S na Fig. 12. Conforme a borda da camada limite é levantada, o es-
coamento separado interage com o fluxo livre. Consequentemente, pequenas pertubações presentes
se propagam por todo o perfil e a transição para a turbulência ocorre.
De acordo com a referência [15], a transição ocorre em uma zona da camada limite, podendo ser
descrita em três estágios. O primeiro está relacionado ao início da formação da bolha em função de
perturbações externas, criando pequenas ondas no interior da camada limite. No segundo estágio,
essas oscilações são amplificadas exponencialmente à jusante, formando inicialmente ondas de
Tollmien-Schlichting, que são antecipadas pela presença dos fios de lã, conforme explicitado em
[2] e [13], até o momento da separação em que as ondas de Kelvin-Helmhotz se tornam mais
preponderantes. O terceiro estágio é um pequeno período de transição em que as distorções
crescem até a magnitude de saturação. Isso pode ser seguido pela geração de novas perturbações,
acarretando na quebra da estrutura laminar, gerando um escoamento turbulento.
Essas bolhas de separação, ainda segundo a referência [15], tem um efeito depreciativo sobre
as propriedades aerodinâmicas dos aerofólios. Esses efeitos são mais observados pela redução das
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Em relação ao efeito do flape, tem-se que ele adiciona um incremento ao valor de máxima
sustentação, com diminuição do ângulo de estol; sendo essas características observadas no gráfico
da Fig. 2. Acerca disso, tem-se que, segundo [5], o comportamento com o flap difere do comporta-
mento com o aumento do arqueamento, pois a distribuição de pressão no extradorso aparentemente
não é afetada de tal maneira a aumentar a tendência em direção ao estolamento no bordo de fuga.
Segundo [1], esse incremento no CL,max será responsável por uma diminuição na velocidade de
estol, melhorando as características de manobrabilidade, pouco e decolagem.
Considerando a espessura do perfil, quanto maior o seu valor, maior será o CL,max . Entretanto,
a espessura irá influenciar diretamente no tipo de estol (estol de bordo de fuga ou estol de bordo
de ataque, Fig. 8 a 11), caracterizando o formato da curva nas vizinhanças do CL,max . Com isso,
tem-se um valor ótimo para a espessura de um aerofólio considerando-se o arqueamento invariável,
confome se tem na Fig. 14 [7].
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Figura 14: Variação do CL,max com t/c dos perfis NACA 24xx para variados Re. Fonte: [7]
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6 Conclusão
A partir do experimento em questão, pôde-se realizar a comparação das características aero-
dinâmicas de perfis previstas pela teoria potencial com os resultados experimentais. Além disso,
pôde-se também estudar as características aerodinâmicas não previstas pela teoria potencial, rea-
lizando a descrição dos fenômenos pela visualização com fios de lã.
Em relação à derivada de cL por α, o esperado era de que a inclinação fosse independente
do perfil analisado. Alguns fatores foram analisados para verificar essa proposição. Analisando o
efeito do arqueamento, observou-se que existe uma linearidade para os ângulos de ataque iniciais,
com derivadas para as curvas do NACA0012 e NACA 2412 sendo 5,308 rad−1 e 5,088 rad−1 ,
respectivamente, que corresponde a uma diferença relativa de apenas 4,15% entre elas, o que
mostra o pequeno efeito do arqueamento em relação à derivada da curva. A diferença entre esses
valores e o valor de 2π, esperado teoricamente, pode ser explicado pelo fato de o corpo se comportar
como um perfil com menor arqueamento e em um menor ângulo de ataque que o perfil original,
correspondendo a um menor Cl que aquele esperado para um fluido ideal. Soma-se isso ao fato
de a camada limite aumentar ao se caminhar para o bordo de fuga, determinando um valor de
derivada menor que 2π.
No caso da espessura e forma do perfil, verificou-se que o valor da derivada para a placa plana
foi de 6,461 rad−1 , valor próximo ao esperado. Esse fato se encaixa de maneira correta à teoria
desenvolvida, pelo fato de a placa se assemelhar a um perfil fino. Nota-se também uma diferença
entre a placa plana e os perfis, fato que se deve à pequena alteração da camada limite ao longo do
corpo, gerando diminuição geral da curva cL × α sem alterar a inclinação.
Como análise final dessa primeira característica aerodinâmica, nota-se que o flape altera o valor
da derivada significativamente, evidenciando o efeito da diferença entre a espessura da camada
limite do bordo de ataque ao bordo de fuga, explicando a diminuição em relação à teoria e aos
valores obtidos para os perfis não defletidos.
Em relação ao ângulo de sustentação nula, pôde-se observar que o arqueamento acarreta uma
diminuição do ângulo de sustentação nula, o que era esperado pela teoria. Entretanto, os valores
não correspondem aos valores teóricos esperados, o que se deve à abordagem de corpo efetivo
mencionada anteriormente. Assim, temos um valor acima de zero (que deveria ser nulo) para o
NACA0012 e um valor negativo maior que o esperado para o NACA2412, situações que se encaixam
nas hipóteses de corpo efetivo e da presença de viscosidade.
Ainda se tratando do ângulo de sustentação nula, nota-se que a espessura também acarreta a
mesma um aumento do valor nulo previsto para a placa plana, resultando em um valor próximo ao
do NACA0012. Nesse caso, apesar de não haver grande alteração da espessura da camada limite ao
longo do extradorso, existe uma diferença e espessura entre o extradorso e intradorso que diminui
o cL , sem alterar a inclinação da curva. Por fim, nota-se que o efeito do flape nessa característica
aerodinâmica acaba diminuindo ainda mais o valor do aL=0 .
O coeficiente de momento de arfagem no centro aerodinâmico, por sua vez, apresentou boa
coerência com a teoria se tratando do efeito do arqueamento. Dessa forma, o cM se manteve nulo
e constante até ser atingido o ângulo de stall para o perfil simétrico - com posterior queda brusca
-, enquanto o perfil assimétrico manteve o valor negativo próximo de -0,04 até atingir o stall.
Entretanto, notou-se que houve uma discrepância entre o comportamento da curva da placa plana
em relação ao perfil simétrico NACA0012. No caso do NACA2412 com deflexão, foi notado que
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o flape intensificou o efeito do escoamento sobre o cM do perfil. Por fim, pôde-se observar que a
viscosidade acaba por influênciar no cM,c/4 acarretando uma queda em seu valor, diferentemente
da constância que era prevista pela teoria.
Quanto ao centro aerodinâmico constatou-se que antes de atingir o estol sua posição foi inva-
riante e no quarto de corda. Após isso, o incremento no valor absoluto de dcm/0,25c /dα sugeriu um
deslocamento da posição de xCA /c em direção do bordo de ataque do perfil. Tal fato, mostrou-se
pouco dependente dos efeitos de arqueamento, deflexão do flape, espessura e forma do perfil.
Em relação às características aerodinâmicas não previstas pela teoria potencial, pôde-se obser-
var o comportamento do coeficiente de arrasto bem como o estol do perfil no experimento. Para o
coeficiente de arrasto, notou-se que em um intervalo limitado de pequenos coeficientes de sustenta-
ção, o arrasto sobre o perfil foi aproximadamente constante, não dependendo do ângulo de ataque.
Na região do cL,max , notou-se um aumento do cD devido ao aumento do gradiente de pressão, fator
relacionado ao ponto de descolamento da camada limite.
O arqueamento teve pouco efeito sobre os valores absolutos do coeficiente de arrasto. Já, em
relação aos valores de cL o arqueamento reduziu os efeitos do arrasto de modo que para um mesmo
coeficiente de arrasto, o coeficiente de sustentação foi maior para o perfil arqueado.
Em pequenos ângulos de ataque prevaleceram os efeitos da espessura. Nessa região a espessura
não teve grande influencia, já que os valores do coeficiente de arrasto se mantiveram próximos para
a placa plana e para o NACA0012. Tal fato, justificou as aproximações do perfil fino simétrico
descritas na literatura.
Os efeitos de forma estavam relacionados ao aumento do ângulo de ataque. O bordo de ataque
arredondado do perfil induziu um escoamento suave na sua superfície, enquanto que o bordo afilado
da placa induziu perturbações no escoamento que anteciparam a separação no bordo de ataque.
Como consequência, houve maiores coeficientes de arrasto para a placa plana.
A deflexão do flape antecipou o ponto de separação do escoamento com consequente aumento do
arrasto. Tal fato, foi resultado das instabilidades estabelecidas no ponto de deflexão do flape. Além
disso, o flape aumentou a área frontal frente ao escoamento que induz um aumento substancial
no arrasto. Esses fatores justificam os maiores valores de coeficiente de arrasto observados para o
perfil NACA2412 com flape defletido.
Em relação ao estol, notou-se que para os perfis NACA0012 e NACA2412 o estol iniciou-se no
bordo fuga, enquanto na placa plana esse se deu no bordo de ataque, sendo que para o NACA2412
com flape ocorre uma diminuição no ângulo de estol devido ao fato de o flape transladar a curva
de sustentação para a esquerda. Ao se comparar o NACA0012 com o NACA2412 - em ambas as
situações utilizadas - nota-se uma nítida influência do arqueamento no formato da curva de CL
máximo ou estol. Ainda se pode notar a influência da espessura do perfil no CL,max , influenciando
também no tipo de estol observado (de bordo de fuga ou de bordo de ataque).
Por fim, pôde-se constatar que os dados adquiridos no laboratório possuem uma precisão su-
ficiente para atender os objetivos listados. Cabe-se observar que, para o estudo de alguns efeitos
em específico, como por exemplo o efeito do corpo efetivo, seria melhor a adoção de tomadas de
velocidade no bordo de fuga. No entanto, entende-se que tal mudança não possui uma boa rela-
ção custo-benefício, uma vez que ou o aparato seria custoso ou o mesmo geraria pertubações que
atrapalhariam as outras análises antes feitas.
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Referências
[1] ANDERSON, J. D. Fundamentals of aerodynamics. 5. ed. New York: McGraw-Hill, 2001.
[6] KATZ, J.; PLOTKIN, A. Low-Speed Aerodynamics. 2. ed. New York: Cambridge Uni-
versity Press, 2001.
[8] ROSHKO, A. Experiments on the flow past a circular cylinder at very high Reynolds
number. California Institute of Technology, Nov. 1960.
[11] WEIDMAN, P. D. Wake transition and blockage effects on cylinder base pressures.
Tese (Doutorado) | California Institute of Technology, 1968.
[13] WHITE, F. M.; CORFIELD, I. Viscous fluid flow. 3. ed. New York: McGraw-Hill, 1991.
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Apêndices
Apêndice A - Gráficos característicos dos perfis utilizados
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