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Instituto Tecnológico de Aeronáutica

Divisão de Engenharia Aeronáutica


AED-11 LAB

Aerodinâmica de Perfis em Regime


Incompressível

Autores:
Alexandre Liberal Cavalcanti
Dirk Brandenburg
Professores:
Erlano Guimarães Cordeiro
Dr André Cavalieri
Fernando Fiorini
Dr Rodrigo Moura
João de Barro Monteiro Cavalcanti
Dr Tiago Barbosa
Marcus Vinicius Rodrigues de Lima
Mateus de Paula Ribeiro
Walter Lopes Marinho

30 de Agosto de 2018
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA

Alexandre Liberal Cavalcanti


Dirk Brandenburg
Erlano Guimarães Cordeiro
Fernando Fiorini
João de Barro Monteiro Cavalcanti
Marcus Vinicius Rodrigues de Lima
Mateus de Paula Ribeiro
Walter Lopes Marinho

Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

LABORATÓRIO DE AERODINÂMICA BÁSICA (AED-11)

Relatório Técnico de prática laboratorial da disci-


plina de AED-11 do Instituto Tecnológico de Ae-
ronáutica, sob a orientação dos Prof. Dr André
Cavalieri, Dr Rodrigo Moura e Dr Tiago Barbosa.

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP


2018
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Lista de Figuras
1 Gráfico de calibração da mola D. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2 Gráfico comparativo dos perfis com literatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3 Gráfico das curvas cL × α . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
4 Ilustração do corpo efetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
5 Variação do cM com α para os diversos perfis utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . 9
6 Variação do cD com α para os perfis utilizados no experimento. . . . . . . . . . . . 12
7 Variação do cD com cL para os perfis utilizados no experimento. . . . . . . . . . . . 13
8 Escoamento sobre o perfil NACA 0012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
9 Escoamento sobre o perfil NACA 2412 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
10 Escoamento sobre o perfil NACA 2412 com flap a 20o . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
11 Escoamento sobre uma placa plana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
12 Propriedades da bolha de separação laminar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
13 Efeito do Re no CL para o NACA 0012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
14 Variação do CL,max com t/c dos perfis NACA 24xx para variados Re . . . . . . . . . 19
15 Curvas características do perfil NACA0012. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
16 Curvas características do perfil NACA2412. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
17 Curvas características do perfil NACA0012 com flape. . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
18 Curvas características da Placa Plana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
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Lista de Tabelas
1 Dados ambientais no decorrer do experimento [SI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2 Características geométricas dos perfis utilizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
3 Características geométricas dos perfis utilizados (SI). . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
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Lista de Símbolos

hbetz Altura da Coluna de Água


α Ângulo de Ataque
αL=0 Ângulo de Sustentação Nula
δ Ângulo de Deflexão do Flap
cD Coeficiente de Arrasto
cL Coeficiente de Sustentação
cL,max Coeficiente de Sustentação Máximo
cM Coeficiente de Momento
R Constante dos Gases Ideais
c Corda Média Aerodinâmica
λf Corda Relativa do Flape ao Aerofólio
ρH2 O Densidade da Água
ρ∞ Densidade do Ar
ρ0 Densidade de Referência
cLα Derivada da Sustentação com relação à α
h Distância entre as Paredes do Túnel
Re Número de Reynolds
Rec Re com Relação à Corda Média
Pamb Pressão Ambiente
xCA/c Posição do Centro Aerodinâmico
t/h Razão de Bloqueio
Tamb Temperatura Ambiente
T0 Temperatura de Referência
µ∞ Viscosidade do Ar
µ0 Viscosidade de Referência
V∞ Velocidade do Escoamento Livre
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Sumário
1 Objetivos 1

2 Condições Ambientais e Valores de Referência 1

3 Calibração 2
3.1 Análise Estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
3.2 Acoplamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

4 Características aerodinâmicas de perfis previstas pela teoria potencial e resul-


tados experimentais 3
4.1 Derivada da curva de sustentação com ângulo de ataque - cLα . . . . . . . . . . . . 4
4.1.1 Efeito do arqueamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
4.1.2 Efeito da espessura e da forma do perfil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.1.3 Efeito da deflexão do flape . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.2 Ângulo de ataque de sustentação nula - α0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4.2.1 Efeito do arqueamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4.2.2 Efeito da espessura e da forma do perfil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4.2.3 Efeito da deflexão do flape . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
4.3 Coeficiente de momento de arfagem no centro aerodinâmico - cM 0 . . . . . . . . . . 8
4.3.1 Efeito do arqueamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4.3.2 Efeito da espessura e da forma do perfil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4.3.3 Efeito da deflexão do flape . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4.3.4 Efeito da viscosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4.4 Posição do centro aerodinâmico - xCA/c . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4.4.1 Efeito do arqueamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4.4.2 Efeito da espessura e da forma do perfil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4.4.3 Efeito da deflexão do flape e viscosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

5 Características aerodinâmicas não previstas pela teoria potencial e visualização 11


5.1 Coeficiente de arrasto (cD ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5.1.1 Efeito do arqueamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5.1.2 Efeito da espessura e da forma do perfil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
5.1.3 Efeito da deflexão do flape . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5.2 Estol do perfil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5.2.1 Posição do descolamento em função do ângulo de ataque . . . . . . . . . . . 14
5.2.2 Efeitos do estol sobre os coeficientes aerodinâmicos . . . . . . . . . . . . . . 17

6 Conclusão 20

Referências Bibliográficas 22

Apêndices 23
Apêndice A - Gráficos característicos dos perfis utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
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1 Objetivos
O experimento consistiu no ensaio em túnel de vento dos perfis aerodinâmicos NACA 0012 e
NACA 2412, além de uma placa plana, à baixa velocidade, para atingir os seguintes objetivos:

1. Comparacão das características aerodinâmicas de perfis previstas pela teoria potencial com
os resultados experimentais.

2. Estudo das características aerodinâmicas não previstas pela teoria potencial, e descrição dos
fenômenos por meio da visualização do escoamento com os fios de lã.

2 Condições Ambientais e Valores de Referência


A determinação das condições ambientes relevantes foi feita a partir de tomadas de temperatura
Tamb e pressão Pamb no termômetro e no barômetro, respectivamente, disponíveis no laboratório. As
medidas foram feitas no início de cada ensaio e adotou-se que as condições ambientes permaneciam
invariantes durante o curto período de cada ensaio. A partir dos valores de temperatura e pressão
ambientes, calculou-se a viscosidade µ∞ e a densidade do ar ρ∞ segundo as Eq. 2.1 e 2.2, de [12],
para ρ0 = 1, 7894 × 10−5 kg/(m.s), T0 = 288, 16 K e R = 287 m2 /(s2 .K).
 3/2
Tamb T0 + 110
µ∞ = µ0 (2.1)
T0 Tamb + 110
Pamb
ρ∞ = (2.2)
RTamb

Tabela 1: ]
Dados ambientais no decorrer do experimento [SI].

Ensaio Pamb Tamb µ∞ ρ∞


Calibração arrasto (9, 480 ± 0, 001).104 297, 0 ± 0, 3 (1, 832 ± 0, 001).10−5 1, 112 ± 0, 001
Calibração sustentação (9, 474 ± 0, 001).104 297, 6 ± 0, 3 (1, 835 ± 0, 001).10−5 1, 109 ± 0, 001
Calibração momento (9, 473 ± 0, 001).104 298, 2 ± 0, 3 (1, 837 ± 0, 001).10−5 1, 107 ± 0, 001
NACA0012 (9, 468 ± 0, 001).104 298, 7 ± 0, 3 (1, 840 ± 0, 001).10−5 1, 104 ± 0, 001
PLACA PLANA (9, 468 ± 0, 001).104 298, 7 ± 0, 3 (1, 840 ± 0, 001).10−5 1, 104 ± 0, 001
NACA2412 (9, 470 ± 0, 001).104 299, 3 ± 0, 3 (1, 842 ± 0, 001).10−5 1, 103 ± 0, 001
NACA2412 (δ = 20o ) (9, 470 ± 0, 001).104 299, 3 ± 0, 3 (1, 842 ± 0, 001).10−5 1, 103 ± 0, 001

Tabela 2: Características geométricas dos perfis utilizados.

Perfil Corda [mm] Envergadura [mm]


NACA0012 152, 64 ± 0, 02 453 ± 0, 5
NACA2412 153, 73 ± 0, 02 450 ± 0, 5
Placa plana 106, 73 ± 0, 02 456 ± 0, 5

1
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

3 Calibração
3.1 Análise Estatística
Para calibração da balança de três componentes localizada na lateral do túnel de vento Plint
& Partners, foram feitas três calibrações separadas aplicando através de um garfo:
1. Calibração de Sustentação: uma força na vertical centralizada ao eixo.
2. Calibração de Arrasto: uma força na horizontal.
3. Calibração de Momento: uma força vertical decentralizada do eixo.
Como a balança possui três molas, A (vertical a jusante), F (vertical a montante) e D (hori-
zontal), considerou-se que na Calibração 1 cada mola vertical recebeu metade da força aplicada
e na Calibração 2 considerou-se que a apenas a força horizontal contrapõe a mola horizontal. A
análise estatística foi feita no MATLAB utilizando o pacote CFTool (Curve Fitting Tool), como
mostrado na Fig. 1. Com isso, obtiveram-se os coeficientes angulares da reta de calibração de cada
mola e seus respectivos coeficiente de determinação (R2 ) e raiz do erro médio quadrático (RMSE)
para posterior análise estatística de erros, Tab. 3.

Figura 1: Gráfico de calibração da mola D.

Tabela 3: Características geométricas dos perfis utilizados (SI).

Mola Coeficiente angular [N/V] R2 RMSE


A 2,423 0,9994 0,07529
F 3,325 0,9999 0,0344
D 2,074 0,9996 0,01121

Dado os valores da Tab. 3, utilizou-se a soma quadrática da medida RMS com o valor com
RMSE da curva de calibração, uma vez que os erros são independentes. Após ter determinado para
cada tomada de dados do experimento a força exercida por cada mola, propagou-se o erro a fim
de encontrar também o erro dos coeficientes aerodinâmicos a serem posteriormente estudados. As
curvas características de cada perfil encontram-se no Apêndice A, com as suas respectivas barras
de erros (omitidas durante a análise comparativa para melhor apresentação).

2
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

3.2 Acoplamento
Para o estudo do acoplamento, buscou-se inicialmente comparar o máximo valor encontrado
na mola D na Calibração 1 com a menor medida de D na Calibração 2, obteve-se o desvio relativo
de 50%, equivalente a menos de 1 N , desconsiderando a presença de um acoplamento na força
horizontal provocada por forças verticais. Já observando o maior valor encontrado em nas molas A
e F na Calibração 2 com a menor medida de A e F na Calibração 1, obteve-se um desvio relativo
de 3, 5% para A e 2, 8% para F, o que mostra ser irrisória a presença de um acoplamento.
Dada a Calibração 3 comparou-se o resultado das forças utilizando os coeficientes da Tab. 3
com os valores das forças obtidas pelos pesos de referência utilizados na calibração. Obteve-se um
erro médio de 6, 5%. Já o momento calculado com os coeficientes mencionados acima, teve um
erro médio de 7, 4%. Pôde-se, portanto, prosseguir com as calibrações independentes, uma vez que
essa se mostrou validada, além de se constatar o acoplamento desprezível das molas da balança.

4 Características aerodinâmicas de perfis previstas pela teo-


ria potencial e resultados experimentais
Com a finalidade de facilitar a comparação entre as características aerodinâmicas previstas pela
teoria potencial e os resultados obtidos experimentalmente, foi realizada a separação desta seção
entre as quatro características destacadas a seguir, de maneira que a análise de cada elemento do
experimento fosse feita de maneira mais clara.
Sabe-se que, pela teoria clássica do aerofólio fino, simula-se, ao longo da linha de curvatura,
uma folha de vórtex, de tal forma que é possível obter a equação fundamental da teoria do aerofólio
fino, dada pela Eq. 4.1. Z c  
1 γ(ε)dε dz
= V∞ α − (4.1)
2π 0 x − ε dx
Resolver o aerofólio é encontrar a curva γ que torna a linha de curvatura uma linha de corrente
e satisfaça a condição de Kutta (γ(π) = 0), tal que a substituição da Eq. 4.2 é válida.
c
ε = (1 − cosθ) (4.2)
2
Desta forma, obtém-se, resolvendo a equação integral, que é além do escopo deste relatório, as
Eq. 4.3 e 4.4.
2 π dz
Z
An = cos(nθ0 )dθ0 (4.3)
π 0 dx
1 π dz
Z
α − A0 = dθ0 (4.4)
π 0 dx
O que leva à conclusão das Eq. 4.5 a 4.7.
Z π
1 dz
cL = 2π(α + cos(θ0 − 1)dθ0 ) (4.5)
π 0 dx
dcL
= 2π (4.6)

1 π dz
Z
αL=0 =− cos(θ0 − 1)dθ0 (4.7)
π 0 dx

3
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Sendo dz/dx a variável dependente do perfil analisado, que no caso do perfil simétrico vale zero.
Além disso, a fim de se verificar a validade dos dados obtidos pelo experimento, comparou-se as
curvas cL × α obtidas com as de experimentos realizados pela NACA, conforme [5], como mostra
a Fig. 2.

Figura 2: Gráfico comparativo das curvas cL × α dos três perfis analisados. Fontes: [5] e [14]

Uma análise geral da Fig. 2 permite enxergar a coerência dos dados obtidos para o NACA 0012
e para o NACA2412. Entretando, uma análise mais criteriosa, permite verificar que tanto para
o NACA0012, quanto para o NACA2412, existe um deslocamento lateral do gráfico para valores
maiores de ângulo de ataque, o que influencia diretamente nos valores de ângulo de sustentação
nula e ângulo de estol.

4.1 Derivada da curva de sustentação com ângulo de ataque - cLα


4.1.1 Efeito do arqueamento
Pela Eq. 4.6, espera-se que a derivada de CL por α seja independente do perfil analisado, ou
seja, tanto para o NACA0012 e o NACA2412, o valor esperado é de 2π. Observa-se que, pelo
gráfico da Fig. 3, pode-se observar que de fato existe uma linearidade esperada para os ângulos
de ataques iniciais.

4
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Figura 3: Gráfico das curvas cL × α obtidas experimentalmente dos três perfis analisados e da
placa plana representante do perfil fino.

Verificando a Fig. 3, obteve-se o valor da derivada das curvas para o NACA0012 (dcL /dα =
5, 308 rad−1 ) e o NACA2412 (dcL /dα = 5, 088 rad−1 ). Observa-se ainda que, embora as duas
ficaram diferentes do valor esperado de 2π, ambas foram muito próximas com uma diferença
relativa de apenas 4, 15%, mostrando que o arqueamento, de fato, não possui grande efeito perante
a derivada da curva.
Vale ressaltar que uma premissa da teoria adotada é que o escoamento em questão é incompres-
sível e invíscido e, embora se possa assumir, peremptoriamente, a hipótese de incompressibilidade,
a viscosidade é um efeito que não se pode desprezar. Desta forma, uma das hipóteses cabíveis de
se constatar é a mesma descrita em [2], uma vez que para perfis em escoamentos reais viscosos
existe uma evolução polar de CP com gradiente adverso e intenso no extradorso e com gradiente
favorável e pouco intenso no extradorso, a espessura da camada limite registrada ao longo do
extradorso deve ser muito superior à evidenciada no intradorso, de tal forma que o escoamento
potencial exterior percebe o corpo com uma camada fictícia, ou seja, obtém-se o chamado corpo
efetivo de escoamento, como ilustra a Fig. 4.

5
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Figura 4: Ilustração do espessamento do perfil devido ao aumento da camada limite por gradiente
de pressão. Fonte: [2]

Pelo ilustrado na Fig. 4, o perfil que de fato é estudado, passa a se comportar efetivamente para
o escoamento potencial como um novo perfil, com menor arqueamento e em um menor ângulo de
ataque que o perfil original. Tais afirmações levam à conclusão que o CL para um dado α em um
perfil sob escoamento real deve ser menor que o produzido em fluido perfeito. Desta forma, uma
vez que para cada valor de α obtém-se um valor de CL menor que o esperado pela teoria potencial,
ocorre como se o gráfico de CL ×α fosse deslocado para baixo. Entretanto, uma vez que a espessura
da camada limite aumenta conforme se aproxima do bordo de fuga, tem-se uma situação que se
assemelha a como se os valores de CL se tornassem cada vez menores que o esperado, fazendo
com que a curva diminua a sua inclinação e, consequentemente, alterando-se o valor da derivada
esperada de constante com valor 2π rad−1 .
Assim, conforme [2], passa-se a ser esperado para um fluido real uma inclinação de dcL /dα ≈
5, 6 rad−1 , que de certa forma foi a encontrada, mostrando a coerência dos valores obtidos perante
os resultados experimentais da literatura.

4.1.2 Efeito da espessura e da forma do perfil


Neste contexto, pela teoria, espera-se que a inclinação da curva para a placa plana seja aproxi-
madamente a mesma que para os aerofólios. Realizando os mesmos cálculos pela Fig. 3, obtém-se
que o valor da derivada para a placa plana (dcL /dα = 6, 461 rad−1 ) que se mostra extremamente
próximo do valor de 2π, fato que deve ocorrer, principalmente, por se assemelhar a um perfil fino
(de espessura muito pequena) que se ajusta de maneira correta à teoria desenvolvida. Entretanto,
possui grande diferença se comparado aos perfis analisados, tal fato deve-se à pequena alteração da
espessura da camada limite ao longo do extradorso e intradorso, o que acarreta em uma diminuição
geral da curva cL × α como um todo, sem alterar fortemente a sua inclinação.

4.1.3 Efeito da deflexão do flape


Uma vez que a curvatura não é deveria influenciar o valor da derivada, a deflexão do flape não
deve alterar o valor esperado de 2π calculado em Eq. 4.6. Entretanto, o valor da derivada obtido
para o NACA2412 com flape foi de dcL /dα = 4, 052 rad−1 . Perceba que houve uma diferença
considerável entre o perfil com flape e o sem flape, de tal forma que, o efeito do flape no perfil é o
de aumentar a sua curvatura a fim de se obter maiores valores de cL;M ax . Contudo, ao aumentarmos
a sua curvatura, evidenciamos o efeito da diferença entre a espessura da camada limite do bordo de
ataque ao bordo de fuga, de tal forma que diminuímos ainda mais a inclinação da curva, obtendo-se
um valor menor que para o NACA2412 sem flape, como foi observado.

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AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

4.2 Ângulo de ataque de sustentação nula - α0


4.2.1 Efeito do arqueamento
Espera-se, pela teoria do aerofólio fino, como mostra a Eq. 4.7, que a alteração da curvatura
entre o perfil NACA0012 e NACA2412 acarrete em uma diminuição do ângulo de sustentação nula
à medida que se aumenta a curvatura do perfil.
Para o perfil NACA 2412 de corda c, a linha de curvatura média possui derivada dada pela
Eq.4.8.
2x0, 02  x

 0, 4 − se 0 < x < 0, 4c
0, 42

dz 
 c
= (4.8)
dx  2x0, 02  x 
0, 4 −


 se 0, 4c < x < c
(1 − 0, 4)2 c
Para o perfil NACA 0012, sabemos que o gradiente é zero, devido à sua simetria. Por conse-
c
guinte, substituindo a Eq.4.8 na Eq. 4.7, sabendo que x = (1 − cosθ0 ), obtemos o resultado da
2
Eq.4.9 independentemente da corda, uma vez que a teoria é bidimensional.

αL=0;N ACA2412 = −2, 07724o (4.9)

Como era esperado, analisando a Fig.3, verificou-se que o NACA0012 obteve um ângulo de
sustentação nula (αL=0;N ACA0012;Exp = 0, 7457o ) maior que o do NACA2412 (αL=0;N ACA2412;Exp =
−0, 1965o ). Entretanto, verifica-se que ambos não corresponderam aos valores esperados de 0o e
−2, 07724o respectivamente.
Analisando perante a mesma abordagem de corpo efetivo descrita por [2], vejamos que para
cada valor de α obtemos um valor de cL menor que o esperado pela teoria potencial. Desta forma,
onde se esperava um valor nulo para o coeficiente de sustentação, obteremos um valor negativo,
indicando que o ângulo de sustentação nula medido será ligeiramente maior que o previsto pela
teoria potencial. Veja que, era previsto para o NACA0012, um αL=0;N ACA0012 = 0o , no entanto,
encontrou-se αL=0;N ACA0012;Exp = 0, 7457o , que corresponde e se encaixa perfeitamente na hipótese
descrita, pois para o ângulo de 0, 7457o obtido o valor de cL embora encontrado nulo, é ligeiramente
maior devido à redução geral por efeito do corpo efetivo e viscosidade.

4.2.2 Efeito da espessura e da forma do perfil


Para o efeito sob o ângulo de sustentação nula, perante à placa plana ou ao perfil - contanto
que seja simétrico - não haverá alteração, mantendo-se o valor esperado de αL=0 = 0o . Observando
os valores de sustentação nula, na Fig.3, obtém-se que o valor do ângulo para a placa plana
(αL=0;P lacaP lana;Exp = 0, 8024o ) foi muito próximo do obtido para o NACA0012, com uma diferença
relativa de apenas 7, 06%, mostrando que de fato, dado o não arqueamento de ambos os elementos,
não gera-se grande deslocamento lateral no gráfico de cL x α obtido. Sob a mesma reflexão
descrita para o caso do perfil NACA0012, a obtenção de valores maiores de ângulo de sustentação
nula consiste da diminuição dos valores de cL obtidos experimentalmente para cada valor de α.
Apesar de que para a placa plana, não haja grande alteração na espessura da camada limite ao
longo do extradorso, ainda existe uma diferença de espessura entre o extradorso e o intradorso, de
tal forma que, obtém-se a diminuição do cL como ocorre para os perfis, apenas não alterando a
inclinação da curva.

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AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

4.2.3 Efeito da deflexão do flape


Uma vez que o ângulo de sustentação nula é diretamente influenciado pela curvatura do perfil,
espera-se que haja uma mudança do valor ao aumentarmos a deflexão do flape. O esperado ao
aumentarmos o ângulo de flape positivamente é que o gráfico da curva cL ×α sofra um deslocamento
a noroeste da curva do perfil sem flape, de tal forma que o ângulo de sustentação nula seja mais
negativo que para o perfil sem o flape acionado. O valor de ângulo de sustentação nula será dado
pela Eq.4.10, onde ∆cL é o aumento de sustentação devido ao flape.
∆cL
|αL=0;F lape | = (4.10)

Além disso, conforme derivado de [9], percebe-se que para um perfil com flape acionado, obtém-
se uma curva de coeficiente de sustentação dada pela Eq. 4.11, com a Eq. 4.12.
2δ q p
cL,f lape = 2π(α + ( λf − λ2f + arcsin λf )) (4.11)
π
cf
λf = (4.12)
c
De fato, analisando a Fig.3, observa-se que o ângulo de sustentação nula sob o efeito da deflexão
N ACA 2412 o
do flape (αL=0;F lap;Exp = −10, 0708 ) é mais negativo que o obtido para o NACA2412 sem o
flape acionado, como era de se esperar. Além disso, calculando através da Eq. 4.11, obteve-se
N ACA 2412 o
(αL=0;F lap;T eo = −13.21 ), o que se mostrou uma boa estimativa perante as hipóteses adotadas em
[9] para o escoamento no perfil com deflexão de flape.

4.3 Coeficiente de momento de arfagem no centro aerodinâmico - cM 0


O coeficiente de momento de arfagem é o coeficiente adimensional no CA é dado em sua forma
geral por [1]:
π
cM 0 = (A2 − A1 ) (4.13)
4
sendo An dado pela Eq. 4.4
A partir dos dados experimentais, foi traçada a curva cM x α para que o comportamento do
coeficiente de momento possa ser analisado segundo as características de cada perfil empregado.

8
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Figura 5: Variação do cM com α para os diversos perfis utilizados. Fonte: [14]

4.3.1 Efeito do arqueamento


Para o perfil simétrico, a teoria potencial vai indicar o cM,c/4 = 0, enquanto que para o perfil
curvado esse valor é finito. Segundo [2], um valor já elevado de cM,c/4 = 0 para um perfil assimétrico
seria de -0,1; ou seja, o valor obtido experimentalmente confere com o esperado pela literatura.
Comparando o comportamento do perfil NACA0012 e NACA2412, vemos que o perfil simétrico
mantém seu cM nulo e constante até que α atinja o ângulo de stall, onde ocorre sua queda busca,
comportamento. Já o perfil assimétrico manteve o valor negativo de cM próximo de −0, 04 até
atingir o stall. Logo, a expectativa teórica correspondeu ao resultado experimental. No caso, o
valor negativo do cM indica uma tendência de rotação no sentido anti-horário.
Os resultados justificam a aplicabilidade de cada formato de perfil. Como para a asa busca-se
usualmente um grande valor de sustentação, o perfil arqueado atenderá a esse requisito. Já para as
superfícies de controle (empenagens vertical e horizontal), que não possuem função de sustentação
mas sim de gerar momento em torno do CG da aeronave, o valor nulo de cM em sua faixa de
operação é favorável à estabilidade da aeronave.

4.3.2 Efeito da espessura e da forma do perfil


É notória a discrepância entre o comportamento da curva da placa plana em relação ao perfil
simétrico NACA0012. Enquanto a placa plana possui uma curta região de estabilidade (valor
constante) do coeficiente de momento na região em torno do α ∈ [−3o , +3o ], esse intervalo é muito
maior para o NACA0012 (±12o ), indicando que a maior espessura do perfil proporciona uma maior
faixa de operação da asa, antes de atingir o ponto de stall, característica essa desejável para a asa

9
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

de uma aeronave. A suavidade na queda do valor de cM da placa plana após o stall reflete a
suavidade da curva de cL após o stall. Além disso, a queda de cM na região antes do stall na
placa plana (próximo do α = 3o ) condiz com o resultado apresentado por [14] para a placa plana,
mostrando a validade do experimento.

Já analisando segundo a teoria potencial, como não há previsão de stall, a espessura não
provocaria efeitos com relação ao cM , sendo esperado um cM nulo no quarto de corda do perfil
simétrico para todas as espessuras ao longo de todos os ângulos de ataque.

4.3.3 Efeito da deflexão do flape


Comparando as curvas do NACA2412 com e sem a deflexão do flape, temos que a estrutura
hiper-sustentadora tem o efeito de intensificar o efeito do escoamento sobre o cM do perfil. Tal
efeito está previsto na Teoria Potencial, uma vez que alterando a forma do perfil também alteramos
dz
a equação da linha de arqueamento, no caso, intensificando o valor de dx ao longo do perfil, com
consequente incremento no valor absoluto de cM (Eq. 4.13).

4.3.4 Efeito da viscosidade


Os valores constantes de cM na faixa analisada para todos os perfis, conforme prevista pela te-
oria potencial, propõe a desprezível influência da viscosidade no comportamento do cM,c/4 antes do
stall. Após este ponto, enquanto a teoria prevê a constância do cM,c/4 , no experimento observamos
a queda em seu valor.

4.4 Posição do centro aerodinâmico - xCA/c


De maneira geral, o momento sobre um aerofólio é função de α. Entretanto, existe um ponto
sobre o aerofólio em que o momento é um valor constante e independente do ângulo de ataque,
sendo este ponto definido como centro aerodinâmico.
Para o cálculo de xCA/c , [1] fornece a seguinte relação:
m0
xCA/c = − + 0, 25 (4.14)
a0
sendo a0 = dcl /dα e m0 = dcm/0,25c /dα. Assim, para aerofólios com ângulo de ataque abaixo
do ângulo de stall, teremos a inclinação nula da curva de cm e consequentemente m0 = 0, sendo
o xCA/c = 0, 25. A Eq. 4.14 mostra que, para um corpo com curvas lineares de sustentação e
momento, ou seja, a0 e m0 constantes, o xCA/c também é constante.
A importância do xCA/c para uma aeronave está relacionada à estabilidade longitudinal da
mesma, uma vez que quando as posições do CG e do CA coincidem, não há geração de momento
da asa em torno do CG, não sendo necessário ações de controle para sobrepor este efeito.

4.4.1 Efeito do arqueamento


Antes de atingir o stall, o arqueamento do perfil não irá interferir no valor de xCA/c , mantendo a
posição no quarto de corda dos perfis. No entanto, ao iniciar a queda na sustentação, o incremento
no valor absoluto de dcm/0,25c /dα sugere o deslocamento da posição de xCA/c na direção do bordo
de ataque do perfil, conforme na Eq. 4.14, fato que ocorre para um valor de α menor no perfil
arqueado NACA2412 se comparado ao NACA0012.

10
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

4.4.2 Efeito da espessura e da forma do perfil


Comparando as curvas de cM e cL do NACA0012 e da placa plana, percebemos que em ambos
os casos o valor de xCA/c será de 0,25 até atingir o stall. A partir deste ponto, os valores negativos
da inclinação da curva curva cM provocam o deslocamento do xCA/c em direção ao bordo de ataque,
conforme Eq.4.14. A maior inclinação na curva cM do NACA0012 sugere que o xCA/c seja menor
(mais próximo do bordo de ataque) que o da placa plana, que possui gráfico com curva suave.

4.4.3 Efeito da deflexão do flape e viscosidade


Comparando as curvas de de cM e cl do perfil com e sem o flape, o comportamento semelhante
das curvas, com inclinações de mesmo ângulo faz com que o xCA/c esteja muito próximo um do
outro antes e após o stall.
Como a teoria potencial não prevê o fenômeno de stall, segundo ela a posição do xCA/c seria
fixa e independente do ângulo de ataque do perfil.

5 Características aerodinâmicas não previstas pela teoria po-


tencial e visualização
5.1 Coeficiente de arrasto (cD )
Um corpo imerso em uma corrente de fluido está sujeito a uma força de arrasto, consequência
da viscosidade do fluido. Essa força é resultante da tensão de cisalhamento atuante na superfície
do corpo, e do gradiente de pressão adverso estabelecido pela separação do fluxo na superfície do
corpo. No modelo da teoria potencial para o escoamento, o fluido é considerado invíscido, portanto,
esse modelo não prevê o arrasto sobre o corpo.
Para pequenos coeficientes de sustentação, pequenos ângulos de ataque, o arrasto sobre um
perfil é causado essencialmente pela tensão cisalhante, chamado de arrasto de atrito. Em um
intervalo limitado de pequenos coeficientes de sustentação, o arrasto sobre o perfil é aproximada-
mente constante, independente do ângulo de ataque. Isso está bem representado nas Fig. 6 e 7
para α entre −5◦ e 5◦ e cL entre -0.5 e 0.5.
Na região do cL,max o coeficiente de arrasto do perfil aumenta acentuadamente devido ao au-
mento do gradiente de pressão. Esse aumento do chamado arrasto de pressão está associado ao
ponto de descolamento da camada limite. Para pequenos ângulos de ataque o descolamento ocorre
na região do bordo de fuga de modo que o arrasto de pressão não tem grande relevância. Mas com
o aumento do ângulo de ataque há o deslocamento do ponto de separação em direção ao bordo de
ataque que reflete no aumento no coeficiente de arrasto do perfil.
Nos dados obtidos de coeficiente de arrasto há uma interferência não desejada, consequência do
ensaio em túnel de vento de seção de testes fechada. Tal fato está associado ao efeito de bloqueio,
que é significante quando a espessura do perfil é comparável às dimensões do túnel. Neste caso,
a redução da seção de passagem do fluido pela presença do perfil acelera o escoamento ao redor
do corpo, consequentemente o arrasto medido é maior que o na condição de voo livre. Para a
maior razão de bloqueio encontrada t/h ≈ 0, 04 a correção proposta em [8] não foi relevante em
comparação com os dados do experimento.
Um outro fator que influencia os valores de coeficiente de arrasto medidos é a presença de
rugosidade nos perfis. Segundo [2], a introdução de rugosidade causa um aumento substancial
no cD , pois induz perturbações no fluxo que antecipam o ponto de separação do escoamento. No

11
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

experimento esse efeito é representado pelo presença dos fios de lã distribuídos no extradorso dos
perfis. Além disso há um arrasto inerente a cada fio de lã que não pôde ser mensurado frente ao
valores medidos.
Logo, os valores de coeficiente de arrasto obtidos no experimento são superiores àqueles es-
perados para cada perfil liso em voo livre. Entretanto, os valores obtidos são suficientes para as
analises desejadas.

Figura 6: Variação do cD com α para os perfis utilizados no experimento.

12
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Figura 7: Variação do cD com cL para os perfis utilizados no experimento.

5.1.1 Efeito do arqueamento


O arqueamento tem pouco efeito sobre os valores absolutos do coeficiente de arrasto. Para
pequenos ângulos de ataque, α entre −5◦ e 5◦ na Fig. 6, os coeficientes de arrasto dos perfis
NACA0012 e NACA2412 são aproximadamente contantes e próximos a zero. O ponto que marca
o crescimento de cD para cada perfil é o que os diferencia. Tal ponto, também, caracterizado pelo
ângulo de sustentação máximo do perfil é distinto para o NACA0012 e NACA2412.
O efeito do arqueamento sobre o arrasto é melhor avaliado na curva de cL por cD da Fig.7.
Uma curvatura eficiente reduz o efeito do arrasto, ou seja, para um mesmo valor de coeficiente de
arrasto o perfil NACA2412 produz um maior coeficiente de sustentação, como observado para os
pontos dos perfis NACA0012 e NACA2412 na região de cL entre 0.5 e 1.

5.1.2 Efeito da espessura e da forma do perfil


Em pequenos ângulos de ataque foi observado que o coeficiente de arrasto é muito próximo para
a placa plana e para o NACA0012. Nessa região prevalece os efeitos de espessura que nesse caso
não tem grande influência sobre coeficiente de arrasto. Tal fato é coerente com a aproximação,
para pequenos ângulos de ataque, do coeficente de arrasto do perfil simétrico como o de uma placa
plana em ângulo de ataque nulo [1].
Os efeitos de forma do perfil são evidentes com o aumento do ângulo de ataque. O perfil

13
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

com bordo de ataque arredondado tem um coeficiente de arrasto menor do que a placa plana de
borda afilada, como observado para α superior a 5◦ na Fig. 6. O bordo arredondado garante um
escoamento suave sobre o perfil que retarda a separação, já a borda afilada induz perturbações no
escoamento que antecipam a separação no bordo de ataque [9].

5.1.3 Efeito da deflexão do flape


O uso do flape defletido é um método simples de aumentar o cL,max . Tal efeito é obtido porque
a deflexão do flape aumenta a curvatura efetiva da asa, resultando em um aumento considerável
de sustentação. Em contra partida, a deflexão, além de aumentar a área frontal ao escoamento,
antecipa o ponto de separação do fluxo devido à instabilidade no ponto de deflexão no extradorso,
que refletem no aumento do coeficiente de arrasto. Logo, para um mesmo ângulo de ataque o perfil
com deflexão de flape tem um maior coeficiente de arrasto em comparação ao perfil sem deflexão,
como observado na Fig. 6.
O efeito do flap também se destaca na Fig. 7. Não só há uma aumento considerável nos valores
de cL obtidos para perfil NACA2412 com flap, mas também é considerável o aumento nos valores
de cD correspondentes, o que concorda com [9].

5.2 Estol do perfil


5.2.1 Posição do descolamento em função do ângulo de ataque

Figura 8: Escoamento sobre o perfil NACA 0012. (a) Escoamento colado. (b) Início da separação
no bordo de fuga. (c) Perfil estolado.

Da Fig. 8, observa-se que, com o aumento do ângulo de ataque, a separação da camada


limite inicia-se do bordo de fuga caminhando-se para o bordo de ataque. Ademais, percebe-se
uma influência causada pela interferência da parede lateral do túnel de vento sobre o estol do
perfil. Esse efeito é caracterizado pela propagação do movimento desordenado dos fios de lã mais
rapidamente na região próxima à parede do túnel, como se observa na Fig. 8 (b).

14
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Figura 9: Escoamento sobre o perfil NACA 2412. (a) Escoamento colado. (b) Início da separação
no bordo de fuga. (c) Perfil estolado.

Analisando-se a Fig. 9 em comparação com a Fig. 8, nota-se um aumento no ângulo de ataque


para que se tenha o estol do perfil. Quanto à presença do flape, nota-se que esse acaba por diminuir
o ângulo de estol do perfil, como pode-se observar na Fig. 10 (c). Essa observação está de acordo
com aquilo que é abordado em [1], que aponta para o fato de, conforme o flape é defletido para
baixo, a curva de sustentação simplesmente transladar para a esquerda pois αL=0 passa a se tornar
mais negativo.

Figura 10: Escoamento sobre o perfil NACA 2412 com flap a 20o . (a) Escoamento colado. (b)
Início da separação no bordo de fuga. (c) Perfil estolado.

Figura 11: Escoamento sobre uma placa plana. (a) Escoamento colado. (b) Início da separação
no bordo de fuga. (c) Perfil estolado.

O tipo de estol observado em aerofólios extremamente finos é caracterizado como um estol


de bordo de ataque [1]. Tal fato é observado na Fig. 11 (b), em que se percebe que o primeiro
conjunto de fios de lã está estolado, e ainda é perceptível que os dois outros conjuntos de fios
de lã estão submetidos a um escoamento colado. Segundo [9], mesmo em ângulos de ataque
pequenos, a separação do escoamento sobre o bordo de ataque do aerofólio fino ocorre diretamente
no nariz do perfil, seguido de um recolamento. O perfil de velocidades da camada limite no

15
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

ponto de recolamento não se apresenta nem tipicamente laminar nem tipicamente turbulento. O
recolamento ocorre mais e mais a jusante à medida que o ângulo de ataque aumenta. Outrossim,
diferentemente das Fig. 8 a 10, o descolamento ocorre em direção ao bordo de fuga à medida que
se aumenta o ângulo de ataque.
Um fator que não pôde ser observado no experimento mas pode estar relacionado com o estol
dos perfis e da placa plana estudados se trata das bolhas de separação laminar. A existência do
gradiente adverso de pressão é um dos fatores que acarreta a formação dessa bolha, ocasionando
uma separação da camada limite laminar, conforme descrito em [15]. O ponto de separação da
camada limite é indicado por S na Fig. 12. Conforme a borda da camada limite é levantada, o es-
coamento separado interage com o fluxo livre. Consequentemente, pequenas pertubações presentes
se propagam por todo o perfil e a transição para a turbulência ocorre.

Figura 12: Propriedades da bolha de separação laminar. Fonte: [15].

De acordo com a referência [15], a transição ocorre em uma zona da camada limite, podendo ser
descrita em três estágios. O primeiro está relacionado ao início da formação da bolha em função de
perturbações externas, criando pequenas ondas no interior da camada limite. No segundo estágio,
essas oscilações são amplificadas exponencialmente à jusante, formando inicialmente ondas de
Tollmien-Schlichting, que são antecipadas pela presença dos fios de lã, conforme explicitado em
[2] e [13], até o momento da separação em que as ondas de Kelvin-Helmhotz se tornam mais
preponderantes. O terceiro estágio é um pequeno período de transição em que as distorções
crescem até a magnitude de saturação. Isso pode ser seguido pela geração de novas perturbações,
acarretando na quebra da estrutura laminar, gerando um escoamento turbulento.
Essas bolhas de separação, ainda segundo a referência [15], tem um efeito depreciativo sobre
as propriedades aerodinâmicas dos aerofólios. Esses efeitos são mais observados pela redução das

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AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

capacidades de sustentação e aumento do arrasto.


Se a bolha explodir, maiores consequências são observadas sobre as propriedades aerodinâmicas.
Isso significa que o recolamento da camada de cisalhamento turbulenta não ocorre e o fluxo é
separado até o bordo de fuga. Essa situação pode ser causada por um gradiente de pressão adverso
relativamente forte e um processo de transição lento.

5.2.2 Efeitos do estol sobre os coeficientes aerodinâmicos


Coeficiente de sustentação (CL )
De acordo com [1], a teoria de escoamento potencial sozinha é incapaz de realizar previsões
acerca do valor de CLmax . A distribuição de pressão sobre o extradorso de um perfil convencional
para coeficientes de sustentação na vizinhança do máximo é caracterizado por um ponto de baixa
pressão a uma distância pequena do bordo de ataque e pelo aumento da pressão desde esse ponto
na direção do escoamento até o bordo de fuga, caracterizando o gradiente adverso de pressão. Sob
essas condições, a baixa energia do ar na camada limite pode falhar a progredir contra o gradiente
de pressão. Quando esse ar falha em progredir ao longo da superfície, ele se acumula, produzindo
a separação do escoamento principal. A separação, por sua vez, reduz a sustentação. A resposta
para a separação ou não é dependente da resistência à separação da camada limite, sendo que a
camada turbulenta apresenta maior resistência à separação que a camada limite laminar.
Observa-se, da Fig. 2, que ao se comparar o perfil NACA 0012 com o NACA 2412 (com e sem
flap), tem-se nítida a influência do arqueamento no formato da curva a partir do CL máximo ou
estol, segundo [5]. Ainda conforme [5], alguns dos aerofólios arqueados apresentam uma repentina
perda de sustentação no máximo, indicando que a separação está ocorrendo perto do bordo de fuga
com a curva de sustentação se tornando mais arrendondada à medida que o arqueamento aumenta.
Além disso, essa característica de variação suave no coeficiente de sustentação com o aumento do
α após o estol é desejável sob o ponto de vista das qualidades de voo, uma vez que evita a perda
repentina de sustentação à medida que o piloto desacelera o avião, conforme explicitado em [7].
Outrossim, através da comparação entre as Fig. 2 e 13, conclui-se que o descolamento ocorre no
bordo de fuga, fato já observado na Fig. 8.

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AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Figura 13: Efeito do Re no CL para o NACA 0012. Fonte: [6]

Em relação ao efeito do flape, tem-se que ele adiciona um incremento ao valor de máxima
sustentação, com diminuição do ângulo de estol; sendo essas características observadas no gráfico
da Fig. 2. Acerca disso, tem-se que, segundo [5], o comportamento com o flap difere do comporta-
mento com o aumento do arqueamento, pois a distribuição de pressão no extradorso aparentemente
não é afetada de tal maneira a aumentar a tendência em direção ao estolamento no bordo de fuga.
Segundo [1], esse incremento no CL,max será responsável por uma diminuição na velocidade de
estol, melhorando as características de manobrabilidade, pouco e decolagem.
Considerando a espessura do perfil, quanto maior o seu valor, maior será o CL,max . Entretanto,
a espessura irá influenciar diretamente no tipo de estol (estol de bordo de fuga ou estol de bordo
de ataque, Fig. 8 a 11), caracterizando o formato da curva nas vizinhanças do CL,max . Com isso,
tem-se um valor ótimo para a espessura de um aerofólio considerando-se o arqueamento invariável,
confome se tem na Fig. 14 [7].

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AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Figura 14: Variação do CL,max com t/c dos perfis NACA 24xx para variados Re. Fonte: [7]

Coeficiente de arrasto (CD )


Considerando a região antes do estol, todo o arrasto do corpo será praticamente devido à tensão
de cisalhamento na camada limite, ou seja, será arrasto de fricção, pois os corpos analisados são
essencialmente aerodinâmicos. Portanto, espera-se que até a região do CL,max (ou de ângulo de
estol), o CD seja constante e com valores baixos. No entanto, como se observa na Fig. 6, a partir do
descolamento do escoamento da camada limite, há um aumento abrupto do coeficiente de arrasto,
uma vez que o arrasto de pressão passa a ser presente e predominante.
Segundo [9], com o aumento do ângulo de ataque, o ponto de pressão mínima desloca-se para
frente do bordo de ataque e, de maneira geral, o ponto de transição move-se abruptamente a
jusante, causando elevado aumento no arrasto de perfil. Ademais, dado que o arrasto de perfil
é extremamente dependente da localização do ponto de transição na camada limite, o aumento
deste arrasto com a espessura pode ser atribuído, essencialmente, ao aumento do arrasto de pressão.
Considerando a presença do flape, de acordo com a Fig. 6, observa-se um aumento do arrasto, pois
um dos principais requisitos para os flapes é prover arrasto para rápida desaceleração com desejável
manutenção da sustentação, compensação e estabilidade conforme observado em [5].

Coeficiente de momento de arfagem (CM )


Considerando esse coeficiente, percebe-se que, para ângulos de ataque menores que o de estol, os
valores de CM, 4c são praticamente constantes conforme a Fig. 5 e o observado em [5]. Entretanto,
após verificação do estol, os valores de CM tendem a variar, evidenciando mais uma vez a não
validade da teoria potencial para modelar esse tipo de escoamento. No caso do perfil com flape,
o coeficiente de momento diminui com o aumento da deflexão desse. Ademais, a deflexão nula do
flape faz com que se tenha mais sustentação, de modo que é necessário um aumento do momento

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AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

para que continue ocorrendo o equilíbrio do perfil, conforme verificado na Fig. 5.

6 Conclusão
A partir do experimento em questão, pôde-se realizar a comparação das características aero-
dinâmicas de perfis previstas pela teoria potencial com os resultados experimentais. Além disso,
pôde-se também estudar as características aerodinâmicas não previstas pela teoria potencial, rea-
lizando a descrição dos fenômenos pela visualização com fios de lã.
Em relação à derivada de cL por α, o esperado era de que a inclinação fosse independente
do perfil analisado. Alguns fatores foram analisados para verificar essa proposição. Analisando o
efeito do arqueamento, observou-se que existe uma linearidade para os ângulos de ataque iniciais,
com derivadas para as curvas do NACA0012 e NACA 2412 sendo 5,308 rad−1 e 5,088 rad−1 ,
respectivamente, que corresponde a uma diferença relativa de apenas 4,15% entre elas, o que
mostra o pequeno efeito do arqueamento em relação à derivada da curva. A diferença entre esses
valores e o valor de 2π, esperado teoricamente, pode ser explicado pelo fato de o corpo se comportar
como um perfil com menor arqueamento e em um menor ângulo de ataque que o perfil original,
correspondendo a um menor Cl que aquele esperado para um fluido ideal. Soma-se isso ao fato
de a camada limite aumentar ao se caminhar para o bordo de fuga, determinando um valor de
derivada menor que 2π.
No caso da espessura e forma do perfil, verificou-se que o valor da derivada para a placa plana
foi de 6,461 rad−1 , valor próximo ao esperado. Esse fato se encaixa de maneira correta à teoria
desenvolvida, pelo fato de a placa se assemelhar a um perfil fino. Nota-se também uma diferença
entre a placa plana e os perfis, fato que se deve à pequena alteração da camada limite ao longo do
corpo, gerando diminuição geral da curva cL × α sem alterar a inclinação.
Como análise final dessa primeira característica aerodinâmica, nota-se que o flape altera o valor
da derivada significativamente, evidenciando o efeito da diferença entre a espessura da camada
limite do bordo de ataque ao bordo de fuga, explicando a diminuição em relação à teoria e aos
valores obtidos para os perfis não defletidos.
Em relação ao ângulo de sustentação nula, pôde-se observar que o arqueamento acarreta uma
diminuição do ângulo de sustentação nula, o que era esperado pela teoria. Entretanto, os valores
não correspondem aos valores teóricos esperados, o que se deve à abordagem de corpo efetivo
mencionada anteriormente. Assim, temos um valor acima de zero (que deveria ser nulo) para o
NACA0012 e um valor negativo maior que o esperado para o NACA2412, situações que se encaixam
nas hipóteses de corpo efetivo e da presença de viscosidade.
Ainda se tratando do ângulo de sustentação nula, nota-se que a espessura também acarreta a
mesma um aumento do valor nulo previsto para a placa plana, resultando em um valor próximo ao
do NACA0012. Nesse caso, apesar de não haver grande alteração da espessura da camada limite ao
longo do extradorso, existe uma diferença e espessura entre o extradorso e intradorso que diminui
o cL , sem alterar a inclinação da curva. Por fim, nota-se que o efeito do flape nessa característica
aerodinâmica acaba diminuindo ainda mais o valor do aL=0 .
O coeficiente de momento de arfagem no centro aerodinâmico, por sua vez, apresentou boa
coerência com a teoria se tratando do efeito do arqueamento. Dessa forma, o cM se manteve nulo
e constante até ser atingido o ângulo de stall para o perfil simétrico - com posterior queda brusca
-, enquanto o perfil assimétrico manteve o valor negativo próximo de -0,04 até atingir o stall.
Entretanto, notou-se que houve uma discrepância entre o comportamento da curva da placa plana
em relação ao perfil simétrico NACA0012. No caso do NACA2412 com deflexão, foi notado que

20
AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

o flape intensificou o efeito do escoamento sobre o cM do perfil. Por fim, pôde-se observar que a
viscosidade acaba por influênciar no cM,c/4 acarretando uma queda em seu valor, diferentemente
da constância que era prevista pela teoria.
Quanto ao centro aerodinâmico constatou-se que antes de atingir o estol sua posição foi inva-
riante e no quarto de corda. Após isso, o incremento no valor absoluto de dcm/0,25c /dα sugeriu um
deslocamento da posição de xCA /c em direção do bordo de ataque do perfil. Tal fato, mostrou-se
pouco dependente dos efeitos de arqueamento, deflexão do flape, espessura e forma do perfil.
Em relação às características aerodinâmicas não previstas pela teoria potencial, pôde-se obser-
var o comportamento do coeficiente de arrasto bem como o estol do perfil no experimento. Para o
coeficiente de arrasto, notou-se que em um intervalo limitado de pequenos coeficientes de sustenta-
ção, o arrasto sobre o perfil foi aproximadamente constante, não dependendo do ângulo de ataque.
Na região do cL,max , notou-se um aumento do cD devido ao aumento do gradiente de pressão, fator
relacionado ao ponto de descolamento da camada limite.
O arqueamento teve pouco efeito sobre os valores absolutos do coeficiente de arrasto. Já, em
relação aos valores de cL o arqueamento reduziu os efeitos do arrasto de modo que para um mesmo
coeficiente de arrasto, o coeficiente de sustentação foi maior para o perfil arqueado.
Em pequenos ângulos de ataque prevaleceram os efeitos da espessura. Nessa região a espessura
não teve grande influencia, já que os valores do coeficiente de arrasto se mantiveram próximos para
a placa plana e para o NACA0012. Tal fato, justificou as aproximações do perfil fino simétrico
descritas na literatura.
Os efeitos de forma estavam relacionados ao aumento do ângulo de ataque. O bordo de ataque
arredondado do perfil induziu um escoamento suave na sua superfície, enquanto que o bordo afilado
da placa induziu perturbações no escoamento que anteciparam a separação no bordo de ataque.
Como consequência, houve maiores coeficientes de arrasto para a placa plana.
A deflexão do flape antecipou o ponto de separação do escoamento com consequente aumento do
arrasto. Tal fato, foi resultado das instabilidades estabelecidas no ponto de deflexão do flape. Além
disso, o flape aumentou a área frontal frente ao escoamento que induz um aumento substancial
no arrasto. Esses fatores justificam os maiores valores de coeficiente de arrasto observados para o
perfil NACA2412 com flape defletido.
Em relação ao estol, notou-se que para os perfis NACA0012 e NACA2412 o estol iniciou-se no
bordo fuga, enquanto na placa plana esse se deu no bordo de ataque, sendo que para o NACA2412
com flape ocorre uma diminuição no ângulo de estol devido ao fato de o flape transladar a curva
de sustentação para a esquerda. Ao se comparar o NACA0012 com o NACA2412 - em ambas as
situações utilizadas - nota-se uma nítida influência do arqueamento no formato da curva de CL
máximo ou estol. Ainda se pode notar a influência da espessura do perfil no CL,max , influenciando
também no tipo de estol observado (de bordo de fuga ou de bordo de ataque).
Por fim, pôde-se constatar que os dados adquiridos no laboratório possuem uma precisão su-
ficiente para atender os objetivos listados. Cabe-se observar que, para o estudo de alguns efeitos
em específico, como por exemplo o efeito do corpo efetivo, seria melhor a adoção de tomadas de
velocidade no bordo de fuga. No entanto, entende-se que tal mudança não possui uma boa rela-
ção custo-benefício, uma vez que ou o aparato seria custoso ou o mesmo geraria pertubações que
atrapalhariam as outras análises antes feitas.

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AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Referências
[1] ANDERSON, J. D. Fundamentals of aerodynamics. 5. ed. New York: McGraw-Hill, 2001.

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[4] CHAPMAN, S. J. Programação em MATLAB para Engenheiros. 2. ed. São Paulo:


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[5] JACOBS, E. N.; SHERMAN, A. Airfoil section characteristics as affected by variations


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[10] SCHLICHTING, H. (Deceased); GERSTEN, K. Boundary-Layer Theory. 9. ed. Berlin:


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at Low Reynolds Numbers. Dissertação (Mestrado) - Helsinki University of Technology,
March 2009.

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AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Apêndices
Apêndice A - Gráficos característicos dos perfis utilizados

Figura 15: Curvas características do perfil NACA0012.

Figura 16: Curvas características do perfil NACA2412.

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AED-11L: Aerodinâmica de Perfis em Regime Incompressível

Figura 17: Curvas características do perfil NACA0012 com flape.

Figura 18: Curvas características da Placa Plana.

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