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Prática Processual
Penal
Aula 2
Atuação em Fase Inquisitorial, Prisão
Cautelar, inovações trazidas pela
Lei nº 12.403/11
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Da Prisão
Espécies de Prisão
1. Penal ou prisão-pena
Ocorre em virtude de sentença penal condenatória transitada em julgado.
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3. Prisão civil
Estipula o art 5º, inc LXVII, da Constituição Federal que “não haverá prisão
civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”.
Ocorre, contudo, que os dispositivos legais que, com amparo na
Constituição Federal, permitiam a prisão do depositário infiel passaram a
ter, a partir de 1992, ano em que ocorreu a internalização do Pacto de San
Jose da Costa Rica (Convenção Americana sobre Direitos Humanos) e do
Pacto Internacional dos Direitos Civis Políticos, sua validade questionada.
Essa alegação foi utilizada como fundamento no Habeas Corpus nº 88.240,
julgado em 07/10/08, pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. Firmou
aquela Corte que
“A esses diplomas internacionais sobre direitos humanos é
reservado o lugar específico no ordenamento jurídico, estando
abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna. O
status normativo supra legal dos tratados internacionais de
direitos humanos subscritos pelo Brasil, torna inaplicável a
legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior
ou posterior ao ato de ratificação. Na atualidade a única hipótese
de prisão civil, no Direito brasileiro, é a do devedor de alimentos.”
4. Prisão administrativa
Foi abolida pela Constituição Federal/88, exceto no que se refere à prisão
administrativa de estrangeiro, durante o procedimento administrativo de
extradição (Lei nº 6.815/80). Neste caso, entende o Supremo Tribunal
Federal que ela ainda subsiste em nosso ordenamento jurídico, contudo,
sua decretação deve ocorrer por autoridade judiciária.
Também é cabível essa forma de prisão no caso de prisão disciplinar para
os militares (art. 5º, inc. LXI da Constituição Federal), contudo, essa não é
tratada pelo direito processual penal, mas sim pelo direito administrativo.
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Prisão para Averiguação
Mandado
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O mandado é passado em duplicata, sendo que uma das vias deve ser
entregue ao preso, que dará recibo desse ato. Se o preso, “se recusar, não
souber ou não puder escrever, o fato será mencionado em declaração,
assinada por duas testemunhas”.
Uso de Algemas
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Prisão em Domicílio – art. 293 e 294
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Tem direito a esse benefício:
• Ministros de Estado;
• Governadores de Estados, do Distrito Federal ou Territórios;
• Secretários Estaduais, Distritais e Territoriais;
• Prefeitos e vereadores;
• Senadores e Deputados Federais, Estaduais e Distritais;
• Cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
• Oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios;
• Magistrados;
• Diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
• Ministros de confissão religiosa;
• Ministros do Tribunal de Contas;
• Cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado,
salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o
exercício daquela função;
• Delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios,
ativos e inativos.
O preso especial não pode ser transportado juntamente com o preso comum.
Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso
comum.
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Prisão de Advogado
Art.7º [...]
IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em
flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para
lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos,
a comunicação expressa à seccional da OAB;
V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado,
senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades
condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão
domiciliar;
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Da Prisão Processual
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Outras espécies de prisão em flagrante:
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Os sujeitos do flagrante podem ser os seguintes:
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A Lei Nº 12.403/11 trouxe inovações também com relação à prisão em
flagrante.
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Segundo Edilson Mougenot Bonfim, "com a novel legislação, não mais subsiste o entendimento, antes
chancelado pela doutrina, da absoluta autonomia da modalidade de prisão em flagrante, segundo a qual a
prisão em flagrante poderia perdurar durante todo o processo, sem que em momento algum fosse
convertida em preventiva. Isso porque a prisão em flagrante visa, justamente, impedir a continuidade
delitiva e, dessa forma, pôr fim ao estado de flagrância do sujeito, nas hipóteses do art. 302 do CPP.
Assim, a prisão se faz necessária única e exclusivamente para obstar e cessar a prática criminosa, não
sendo bastante, sob essa condição, para a manutenção do réu em custódia cautelar durante todo o
processo" (Reforma do Código de Processo Penal. Prisão preventiva. Medidas Cautelares. Liberdade
Provisória. Fiança. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 76). No mesmo sentido, Silvio Maciel em "Prisão e
Medidas Cautelares". Coordenação: Luiz Flávio Gomes e Ivan Luis Marques. São Paulo: RT, 2011, p.131-
135). Ainda deixando transparecer a mesma linha de pensamento, Guilherme de Souza Nucci: "A nova
redação do art. 310 é tecnicamente superior à anterior, abrangendo, efetivamente, todas as hipóteses que
o juiz possui para apreciar o auto de prisão em flagrante" (Prisão e Liberdade, RT, 2011, p. 58).
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RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO
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Decretação
Somente por autoridade judicial, em decisão fundamentada:
• De ofício;
• A requerimento do Ministério Público ou mediante representação da
autoridade policial.
Cabimento
Em qualquer fase do inquérito ou do processo.
PRESSUPOSTOS FUNDAMENTOS
(“fumus boni iuris”) (“periculum in mora”)
Garantia da ordem pública:
Prova da materialidade ou
+ Conveniência da instrução criminal
Indício suficiente de autoria ou
Assegurar a aplicação da lei penal
ou
Garantia da ordem econômica
(acrescido ao art. 312 do CPP pelo art.
86, Lei 8.884/94): grave violação da
ordem econômica do país
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A Lei Nº 12.403/11 e a Prisão Preventiva: Inovações
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Nesse sentido, Luiz Flávio Gomes, que não admite exceções nesse tema, em Prisão e Medidas
Cautelares. São Paulo, RT, 2011, p. 64-71.
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Anote-se que o art. 310 impõe deveres de ofício ao magistrado,
à vista do auto de prisão em flagrante, e ao dispor no inciso II
que o magistrado deverá converter a prisão em flagrante em
preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art.
312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes
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as medidas cautelares diversas da prisão, mas não vedou ao
juiz que o faça de ofício nessa hipótese de conversão, nem
remeteu ao art. 311 do Código de Processo Penal, que
estabelece como regra geral a não-decretação de medidas
cautelares de ofício pelo magistrado, na investigação criminal,
permitindo a decretação de cautelares de ofício pelo juiz
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somente no curso da ação penal. Fosse intuito do legislador
vedar tal hipótese de conversão de ofício pelo juiz, o teria feito
expressamente.
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Mais uma previsão expressa do princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade, como se dá no art.
282, I e II, do CPP.
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Idéia lançada pelo Promotor de Justiça Substituto Alexandre de Oliveira Daruge, do 87º concurso
MP/SP.
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Posição da Professora Alice Bianchini, em evento sobre o tema, pela Rede LFG, ressaltando que as
estatísticas demonstram que a maioria das infrações penais contra a mulher, principalmente, no âmbito
doméstico, são pelas figuras dos arts. 129, §§ 1º e 9º, 147 do CP.
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2.6 A reincidência em crime doloso (art. 313, II) poderá dar
ensejo a duas posições diversas:
a) deverá ser conjugada com as hipóteses dos incisos I (pena
superior a 4 anos), ou III (violência de gênero ou contra
determinadas pessoas) ou parágrafo único (para identificação).
Não se aplicará isoladamente, sob pena de se permitir, então, a
prisão preventiva, em quaisquer infrações penais, até nas
contravenções punidas com prisão simples, o que violaria a regra
geral do teto mínimo de pena máxima superior a 4 anos para o
cabimento da prisãpo preventiva (art. 313, I, CPP);
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Observação de Gianpaolo Poggio Smanio, no evento da ESMP, CEAF, em Ribeirão Preto, em 28 de junho de 2011.
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2.9 Prisão preventiva para identificação civil da pessoa (art.
313, § único).
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Prisão Temporária - Lei nº 7.960/89
Requisitos
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• Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou
medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art.
285);
• Quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
• Genocídio (art. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956),
em qualquer de suas formas típicas;
• Tráfico de drogas;
• Crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, d e 16 de junho de
1986).
Decretação
Duração
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Prisão decorrente de sentença condenatória recorrível
Art. 387, parágrafo único, e art. 492, inciso I, alínea “e”, ambos do CPP
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Prisão Decorrente de Sentença de Pronúncia - Art. 413, § 3º, do CPP
Liberdade Provisória
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O instituto substitui, com ou sem fiança, a prisão provisória, em hipóteses de:
a) Prisão em flagrante;
b) Prisão decorrente de sentença de pronúncia;
c) Sentença condenatória recorrível.
Conceito
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Espécies
Isso deve inspirar cautela na aplicação da lei, pois poderá ocorrer inaceitável
contrassenso: autores de delitos menores sujeitos à liberdade provisória com
fiança, pois não vedada sua aplicação àqueles delitos (não elencados no rol
proibitivo do art. 323); autores de crimes mais graves, aos quais se defira ainda
que de forma excepcional a liberdade provisória, livres da exibição de fiança,
pois vedada por lei.
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• Crimes contra o Sistema Financeiro punidos com reclusão – art. 31
da Lei nº 7.492/86;
• Crimes de ocultação e lavagem de dinheiro – art. 3º da Lei nº
9.613/98;
• Aos agentes que tenham tido intensa e efetiva participação na
organização criminosa – art. 7º da Lei nº 9.034/95.
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Os valores da fiança revistos, visando atingir infratores da lei penal de
todos os potenciais econômicos.
...podendo ser dispensada na forma do art. 350 do CPP (I), reduzida em até 2/3
(II), ou aumentada em até 1000 vezes (III), e chegar a 200.000 salários
mínimos, ou seja, os valores vão de 545 reais a 109 milhões de reais, se assim
recomendar a situação econômica do preso (200 salários mínimos em valores
atuais x 1.000, cf. art. 325, II, c.c. § 1º, III, do CPP). A abertura maior permitirá,
em tese, alcançar infratores da lei penal de todos os estratos sociais.
Concessão
Neste caso, ela poderá ser prestada a qualquer tempo, enquanto não transitar
em julgado a sentença condenatória.
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