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Faculdade de Letras – Universidade do Porto

Técnicas de Expressão Jornalística – Televisão

HISTÓRIA DE UM CANAL INFORMATIVO

RTP – Radio e Televisão Portuguesa

Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e


Multimédia

Mariana Carvalho e Pedro Morais

(turma 5, 1º ano)
ÍNDICE

Introdução...................................................................................................................................3

O Nascimento da RTP..................................................................................................................4

As primeiras imagens ................................................................................................. 5

As emissões regulares ................................................................................................ 6

O direto ...................................................................................................................... 7

As alterações do 25 de abril....................................................................................... 7

A criação da RTP2, Açores e madeira ........................................................................ 8

A idade da cor ............................................................................................................ 9

A Rtp internacional .................................................................................................. 10

50 anos de história ................................................................................................... 10

A rtp na actualidade ................................................................................................. 11

Conclusão ..................................................................................................................................12

Bibliografia ................................................................................................................................13

Webgrafia..................................................................................................................................13
INTRODUÇÃO

Este trabalho, proposto pela unidade curricular Técnicas de Expressão Jornalística,


vertente televisão, tem como objetivo a pesquisa e análise da história de um canal de
televisão informativo

A televisão, tal como a rádio, trouxe uma enorme transformação em termos


comunicacionais. A imprensa tornava-se um meio de comunicação para uma classe
privilegiada da população pois era necessário saber ler mas, com o aparecimento da
televisão, qualquer pessoa passou a ter acesso aos conteúdos noticiosos, bastando ter a
capacidade de ver e ouvir.

Mas a televisão desde cedo se destacou da rádio e atingiu uma maior popularidade
porque a perceção dos conteúdos é mais fácil, a imagem possibilita o entendimento do
conteúdo que a articulação do discurso verbal pode dificultar. No inicio, o principal
obstáculo que a massificação mediática consistiu nas diferenças sociais que definiam quem
tinha ou não dinheiro para comprar o aparelho recetor. Actualmente a televisão é um meio
de comunicação a que praticamente toda a população tem acesso, sendo este facto um dos
aspectos base para a popularidade alcançada pelo meio.

Uma vez que estamos no curso de Ciências da Comunicação que tem como uma
vertente em opção o jornalismo, é importante a realização deste trabalho porque nos
permite conhecer melhor a história de um canal informativo. A nossa escolha recaiu na RTP,
pois é o canal televisivo mais antigo de Portugal e porque é um canal de carácter público.

Neste trabalho vamos, portanto, contar toda a história da Rádio e Televisão


Portuguesa, desde o seu nascimento até ao panorama actual.
O NASCIMENTO DA RTP

Foi em 1955, a 15 de Dezembro que se cumpriu o disposto no artigo 1º do


Decreto-Lei nº40341, que constituiu, por iniciativa do Governo, uma sociedade anónima
de responsabilidade limitada, com a designação de RTP – Radiotelevisão Portuguesa.
Neste documento foram incluídos, também, os estatutos da sociedade.
No artigo 3º desses estatutos pode ler-se que “A RTP tem por objecto a
instalação e exploração, em território português, mediante concessão outorgada pelo
Estado, do serviço de radiodifusão, na sua modalidade de Televisão, e bem assim o
exercício das seguintes explorações de publicidade:
a) Cedência de tempo das suas emissões;
b) Emissões de Televisão e de Radiodifusão com inclusão de
publicidade;
c) Venda e aluguer de filmes com programas;
d) Venda e aluguer de aparelhos de Televisão e de Radiodifusão e seus
acessórios;
e) Serviço de assistência técnica aos aparelhos de Televisão e de
Radiodifusão;
f) Quaisquer outras actividades comerciais ligadas ou relacionadas com
a exploração destes serviços, autorizadas pelo Governo.”

Como a sociedade era concessionária do serviço público de televisão, o governo


nomeou um comissário para superintender na fiscalização dos serviços concedidos. A
parte técnica, por sua vez, era fiscalizada por intermédio da direcção dos Serviços
Radioeléctricos da Administração-Geral dos Correios, Telégrafos e Telefones, e os
programas através da entidade designada no “Estatuto da Radiodifusão Nacional”. Ao
comissário do Governo competia acompanhar a actividade da sociedade, com direitos
de suspender as deliberações que considerar ilegais ou inconvenientes nas reuniões da
assembleia geral e dos corpos gerentes.
A 16 de Janeiro realizou-se no palácio de S.Bento o acto de concessão do serviço
público à RTP.
Camilo de Mendonça, engenheiro agrónomo e amigo de Marcello Caetano, foi
nomeado para o mais alto cargo da administração da televisão portuguesa. Este soube
lidar com a fase de arranque deste projecto apesar das dificuldades que foram
surgindo, uma das quais era a oposição de Oliveira Salazar. No entanto, as ideias de
Salazar foram postas em causa pela inevitabilidade da situação de progresso inerente à
sociedade de consumo e, acima de tudo, pela urgência em ter um meio de comunicação
que tornasse tudo diferente e servisse os desígnios do poder. Há mesmo quem diga que
Salazar só ponderou os argumentos de Marcello Caetano, que apoiava
incondicionalmente a criação da RTP, depois de falar com Franco.
Tendo os papéis que tratavam do “nascimento” da RTP todos em ordem, seguiu-
se o processo para equipar os estúdios. Começou também a trabalhar-se na
implantação da primeira fase da rede metropolitana de TV e foram montados centros
emissores em Lisboa, Porto, Lousã, Montejunto e Fóia.
A 3 de Julho, uma camara que estava instalado no castelo de São Jorge, captou
uma série de planos da capital portuguesa que foram transportadas até um receptor
instalado em S. Domingos. As condições desta recepção
foram consideradas satisfatórias.
Ainda em 1956 celebrou-se o contrato de compra de
cinco emissores que iriam ser instalados na serra de
Monsanto, em Lisboa, no monte da Virgem, em Vila Nova de
Gaia e nas serras da Lousã, Monchique e Montejunto. Foi
através do emissor instalado em Monsanto que passou, a
partir de 3 de Dezembro de 1956, os ensaios técnicos e as
transmissões de mira para a afinação de aparelhos
receptores. Para além disso, foi desse emissor que, em 7 de
Março de 1957, começaram a ser transmitidas as emissões
regulares.
Na primeira fase do plano de cobertura, o objectivo era servir as três áreas
populacionais mais importantes do país: Lisboa, Coimbra e Porto, onde habitava cerca de
60% da população de Portugal Continental.
Depois da venda por todo o país dos pequenos aparelhos receptores, alguns
milhares de pessoas puderam defrontar-se, pela primeira vez, com a Televisão. O impacto
foi de tal ordem que as conclusões retiradas foram deveras animadoras e, aquilo que era
uma pequena experiência, terminou num contributo importante para que fossem iniciadas
as emissões regulares no nosso país.

AS PRIMEIRAS IMAGENS

A primeira emissão televisiva da RTP aconteceu no dia 4 de Setembro de 1956, às


21:30, com Raúl Feio a apresentar o programa da noite. Este primeiro programa foi apenas
emitido para os lisboetas, mas a equipa da RTP já pensava mais além, querendo emitir para
todo o país. Maria Armanda Falcão apresentou uma das rubricas do
programa, introduzindo um documentário acerca de ourivesaria. Seguiu-
se uma rubrica desportiva, denominada de “Revista Desportiva”,
apresentada por Domingos Lança Moreira, que entrevistou Alves
Barbosa, recente vencedor da Volta a Portugal, e a equipa de ténis de
mesa do Benfica, encerrando, de seguida, o primeiro programa
desportivo da RTP. “Música e Artistas” foi a rubrica seguinte, que incluiu
um documentário acerca da cidade de Lisboa e um dueto musical de Leonor de Sousa Prado
e Nella Maissa. Seguidamente, introduziram-se notícias do panorama internacional, que
incluiu uma reportagem realizada pela RTP. Por fim, Barradas de Oliveira apresentou a
última rubrica, “Comentário do Dia”, fazendo um resumo de todas as temáticas do
panorama nacional e internacional.

Raúl Feio retomou a emissão para encerrar este primeiro programa da RTP, após três
horas de emissão. O ambiente no estúdio foi de euforia e de dever cumprido. Por toda a
cidade, a multidão aglomerava-se junto das montras para assistir ao programa, a cidade
parou para seguir atentamente este grande feito para Portugal. As idas da população ao
pavilhão da RTP e as emissões de ensaio da RTP começaram a tornar-se um hábito e o sinal
começou a chegar a vários locais nos arredores de Lisboa. Assim se iniciaram as emissões
regulares.
AS EMISSÕES REGULARES

A primeira emissão regular deu-se a 7 de Março de 1957 e foi considerada, por


muitos, como a oficial. Essa data marca o aniversário da RTP, pois desde esse dia se conta a
idade da estação de radiotelevisão, e, para além disso, marca também o retomo das
emissões, que haviam sido suspensas em Dezembro de 1956. A justificação desta suspensão
prende-se com a necessidade de vários ajustes a nível de conteúdos e, também, a nível
técnico, pois era necessário um melhor aproveitamento do estúdio nas emissões em direto.
Assim, instalaram-se 3 canais de câmara, uma régie, e procedeu-se a uma melhoria na
iluminação do estúdio. Após toda esta evolução, no dia 7 de Março de 1957, pelas 21h30m,
o genérico da RTP volta a entrar no ar. Maria Varela dos Santos, a locutora, saudou os
telespectadores e, de seguida, anunciou o programa. Durante 8 minutos, Domingos de
Mascarenhas falou sobre o projeto da RTP e sobre o seu futuro. Por volta das 22h,
transmitiu-se o “Noticiário”, que durou 17 minutos e onde se falou acerca do panorama
nacional e internacional. De seguida, na rubrica “Miradoiro”, Domingos Lança Moreira falou
sobre futebol, apresentando o filme dos jogos entre as seleções militares de Portugal e
França e correndo, seguidamente, uma entrevista com um jogador português, Rocha. Na
sequência apresentou-se a última rubrica de estúdio, que precedeu um teatro de TV e um
bailado. “Últimas notícias” marcou o fecho de duas horas da primeira emissão regular da
RTP, um dia marcante para a história da televisão e uma grande evolução na sociedade
portuguesa. Obviamente e devido à falta de experiência, muitas falhas aconteceram nesta
primeira emissão, como por exemplo falhas de som, cortes de microfone, atrasos no
genérico, mas, ainda assim, esta primeira emissão regular foi marcante e bastante
importante. Contudo, isso iria mudar alguns meses depois, pois a experiência foi aparecendo
e as condições técnicas melhorando. Todavia, os programas faziam dividir-se as opiniões. O
público não estava totalmente satisfeito com os teleteatros, mas a crítica louvava estes
programas, dizendo que “carinhoso bravo de louvor e de incitamento” era merecido.
Contudo, houve uma ligeira alteração no alinhamento da RTP, sendo os teleteatros vistos
como “pedra de toque” da emissão, ou seja, como meio de finalizar.

Em 57, a RTP enviou o seu primeiro repórter ao estrangeiro, Carlos Tudela, operador
de imagem, que foi para Barcelona com o objetivo de captar imagens dos jogos da seleção
nacional de Hóquei em Patins que aí se encontrava a participar no XXIII campeonato da
Europa. De seguida, em Junho de 57, Baptista Rosa e Hélder Mendes, foram enviados para o
Brasil com o intuito de fazerem a cobertura da visita do presidente da República a terras de
Vera Cruz. Todos estes feitos foram vistos como autênticos marcos para a história e
autênticos recordes, uma vez que a RTP conseguia apresentar peças gravadas 3 horas antes,
e é necessário ter em conta que todo o processo de tratamento de imagens era demoroso.

Um dos episódios mais marcantes na história da RTP foi quando Carlos Tudela e
Vasco Hogan Teves se dirigiram aos Açores para acompanhar a erupção do vulcão dos
Capelinhos, que deu origem a um ilhéu. Carlos Tudela captou, com a sua câmara, imagens
aéreas do vulcão, uma vez que o piloto do avião da Força Aérea onde seguiam Tudela e
Teves sobrevoou o vulcão e perfurou a nuvem negra que deste saía. Durante dias os
enviados especiais filmaram e acompanharam a atividade do vulcão, tendo Tudela arriscado
a sua vida, pois pisou o ilhéu ainda com a montanha magmática em atividade.
Outro dos episódios marcantes destas primeiras emissões regulares foi a utilização
de um membro do governo, professor Marcello Caetano, para se dirigir à parte do país que
recebia as emissões da RTP, foi a primeira vez que um membro do governo utilizou a
televisão para o fazer.

Todo este processo evolutivo culminou na instalação de 4 grandes antenas no


território continental. O emissor definitivo de Lisboa entrou em funcionamento a 23 de
Novembro de 1957, no mesmo dia que o emissor de Lousã. O de Vila Nova de Gaia – Porto
foi colocado em transmissão efetiva a 31 de Dezembro de 57. O emissor de Montejunto
emitiu pela primeira vez a 10 de Março de 58 e o grande transmissor do Sul, instalado em
Fóia (Serra do Monchique) começou a emitir a 25 de Abril desse mesmo ano. Deste modo,
44% da superfície continental e 58% da população recebiam a emissão da RTP.

O DIRETO

O direto era o género mais utlizado nos primeiros dez anos da RTP, embora
fosse quase sempre carente de soluções de continuidade e desse aso a algumas
situações complicadas de gerir. Num esforço para levar as emissões para o exterior, a
RTP comprou uma carrinha devidamente equipada que serviria para que se fizessem
reportagens fora de estúdio. Em Novembro, o carro foi
instalado junto ao estádio José de Alvalade, para um
primeiro ensaio de exterior, um direto. A reportagem-piloto
que transmitiu um treino nocturno do Sporting, correu
conforme o esperado.
Para o serviço foram destacados seis operadores e um
assistente radiotécnico, que colocaram as câmaras e as
orientaram segundo as indicações do realizador Artur Ramos.
Com este realizador, do mesmo local e com a mesma
modalidade desportiva, realizou-se, a 9 de Fevereiro de 1958, a
primeira reportagem directa do exterior transmitida pela RTP.

O público-espectador reagiu muito bem às


transmissões, o que mostrou a importância que os exteriores começavam a ganhar na
produção da RTP. Esta tinha ao seu dispor um único estúdio, e encontrou, assim, uma forma
de criar um maior número de conteúdos e de ir ao encontro de acontecimentos que podia
divulgar e valorizar.

AS ALTERAÇÕES DO 25 DE ABRIL

Com a Revolução de 25 de Abril de 1974, o estatuto da empresa concessionária da


radiotelevisão foi alterado. Em 1975, a RTP foi nacionalizada, transformando-se na empresa
pública Radiotelevisão Portuguesa, através do Decreto – Lei nº 674-D/75.

No primeiro ponto do Comunicado nº1, assinado por Teófilo da Silva Bento, delegado
do Movimento das Forças Armadas, pode ler-se: “A RTP é tida como um dos mais
importantes meios postos ao serviço do povo português e deve-o servir com exemplar
cuidado e escrúpulo, contribuindo para a sua livre informação, recreio e progresso cultural.
Sendo assim, não se admitirá que, por qualquer forma, directa ou indirectamente, haja
desvios na orientação da produção e das emissões, dos propósitos enunciados no programa
político da Junta de Salvação Nacional trazidos a público pelo seu Presidente, Sua Excelência
o General António de Spínola.”

Durante o período revolucionário a RTP viu as suas estruturas internas serem


alteradas várias vezes, sendo que a maior parte das vezes os seus presidentes eram militares
com ligações políticas.

Depois de eliminadas algumas rubricas tradicionais, a RTP procurou manter-se


actualizada e dar aos seus telespectadores a informação que achava mais pertinente e que
mais interessava e por isso alterou a sua programação, passando a ter um maior número de
programas com um caracter político, quer debates, mesas redondas ou mesmo intervenções
de cariz político. Isto também ia de encontro a uma sentida necessidade de informação do
auditório nacional, o público quer saber o que mudou ou vai mudar, quer conhecer os rostos
que são condutores das ideias e dos actos que vão mudar os cenários tradicionais. Percebeu-
se “um claro reconhecimento de que se à RTP compete papel
determinante na divulgação de pedagogia adequada às
circunstâncias, ao espectador compete a triagem dos
conteúdos recebidos, de modo a estabelecer o seu quadro
de convicções.”

(Carlos Cruz durante as eleições para a

Assembleia Constituinte - 25 de Abril de 1975)

A CRIAÇÃO DA RTP2, AÇORES E MADEIRA

A 25 de Dezembro de 1968, nasceu o segundo canal da RTP, a RTP2, que tinha como
objectivo oferecer aos telespectadores uma alternativa, com programas complementares
aos do 1º canal, ou com programas de géneros diferentes, o que daria ao espectador a
oportunidade de optar conforme as suas preferências. Contudo, o 2º canal começou a ser
utilizado para a repetição de programas do 1º canal, pelo que o espectador começou a
procurar o 2º canal para ver o que lhe havia escapado do 1º. Contudo, isto não gerou uma
boa opinião na crítica, pois o público desesperava por uma alternativa viável de
programação. Assim, o 2º canal, tornado em 1978, RTP2, passou a transmitir programas
alternativos, pelo que hoje transmite programas culturais, conteúdos europeus,
programação infantil e programas de defesa da língua portuguesa. É, da televisão de sinal
aberto, o canal com menor número de audiências. Em 2004, deixou de ser RTP2, passando a
denominar-se de 2. Contudo, em 2007 retornou à sua designação antiga e que desde sempre
constara no 2º lugar da grelha televisiva: RTP2.

A televisão chegou mais cedo aos Açores do que se previra, devido aos esforços de
um homem, de seu nome Ramalho Eanes. Logo após se tornar Presidente da RTP, estudou o
assunto e, logo em 75, a 10 de Agosto, transmitiu-se pela primeira vez nos Açores. A RTP
instalou-se em Ponta Delgada, num pequeno edifício. A primeira emissão desta estação
durou 7 horas, abrindo às 15 com uma intervenção do general Altino de Magalhães,
seguindo-se de “Tarde de Cinema”, até à abertura do Telejornal, que havia de terminar pelas
22h.
A primeira delegação da RTP na Madeira é inaugurada a 6 de Agosto de 1972. Durante o ano
transacto vários foram os ajustes técnicos na rede de distribuição, de modo a que a emissão
fosse possível. A primeira emissão era para ter sido neste mesmo ano, mas o atraso na
montagem das antes de emissão adiou este acontecimento para o dia 6 de Agosto de 72.
Nesta data inaugurou-se a RTP Madeira, assegurando-se a transmissão de emissões
regulares na Madeira.

A IDADE DA COR

Em 1980, iniciaram-se as emissões regulares a cor. O programa escolhido para este


feito marcante foi o 17º Festival da Canção, realizado a 7 de Março de 1980, data do 23º
aniversário da RTP. Contudo, a história da cor na televisão portuguesa começa em fins de
1977, com um grande investimento na compra de novos equipamentos e montagem de
instalações completamente novas, como por exemplo nos Açores e na Madeira. Esta
evolução dos equipamentos forçou a substituição dos emissores que distribuíam o sinal, pois
estes eram já antigos. Deste modo, substituíram-se os emissores de Lisboa e Porto, e
também os de Fóia e de S. Miguel, o que fez com o 2º canal fosse recebido em todo o
Algarve. Mas nem só a evolução dos equipamentos foi importante para a RTP: as ligações
entre a RTP e a Eurovisão foram-se fortalecendo, e isto foi vital para RTP, uma vez que lhe
permitiu transmitir a cores programas como “Jogos sem Fronteiras”, o 23º festival infantil
“Sequim D’ouro”, o campeonato da Europa das Nações, de futebol, e os Jogos Olímpicos de
Moscovo. Este último, nomeadamente, fez com que as vendas de televisores aumentassem
drasticamente, estando estes esgotados 2 semanas depois do início das provas olímpicas.

Outra das evoluções levadas a cabo pela RTP foi, quando a 10 de Junho de 1981, uma
emissão originada no Centro Regional (Madeira) foi transmitida para todo o espaço
português. Contudo, estes tempos não foram só de glórias para a RTP. A tragédia abateu-se
sobre algumas ilhas açorianas, logo no primeiro dia de 1980. Um terramoto abalou toda a
região açoriana, deixando em ruínas as instalações da RTP na Terceira, pelo que se perdeu
muito equipamento. Mas este contratempo também teve os seus prós, uma vez que
conseguiu enviar-se uma equipa de reportagem para as ruas, a qual gravou imagens que
pouco tardaram a correr o mundo. Este foi, sem margem para dúvidas, uma ano complicado
para a delegação da RTP na ilha Terceira. Alguns projectos tiveram, também, de ser
cancelados no Faial e em S. Miguel, mas aqui começou a funcionar um edifício destinado aos
Serviços Administrativos e à redacção do Telejornal. A 24 de Setembro de 1982 inauguram-
se os melhoramentos instalados no edifício da RTP na Madeira, que passou a contar com
material moderno que possibilitava o início das transmissões de todos os programas a cores.
O mesmo sucedeu nos Açores a 16 de Novembro do mesmo ano, que passou a poder emitir
os seus programas em direto. Assim, no dia 16 de Novembro todo o país pôde ver o mesmo
programa, dividido em três partes: a primeira produzida em Lisboa, a segunda pela RTP –
Açores e a terceira pela RTP – Madeira. Esta data marcou, também, a chegada definitiva da
transmissão a cores.
A RTP INTERNACIONAL

“PELA PRIMEIRA VEZ, UM CANAL DE TELEVISÃO QUE FALA PORTUGUÊS CHEGARÁ ÀS DISTANTES
COMUNIDADES ONDE SE FIXARAM, TRABALHAM E DIGNIFICAM MILHÕES DE NOSSOS COMPATRIOTAS” – LIA-
SE NUMA FOLHA INFORMATIVA DISTRIBUÍDA PELO GABINETE DE IMPRENSA DA RTP. QUE ACRESCENTAVA:
“TRATA-SE DE UM CANAL DE TV QUE ACENTUARÁ A PENETRAÇÃO DA LÍNGUA E DA CULTURA PORTUGUESA E
QUE, APROVEITANDO POTENCIALIDADES TECNOLÓGICAS IMPENSÁVEIS ANOS ATRÁS, NOS APROXIMARÁ A
TODOS, TORNANDO MAIS PEQUENO O NOSSO MUNDO. É O QUE, AFINAL, SE ESPERA DA RTPI, SENDO ISTO,
TAMBÉM, E CERTAMENTE, O QUE AS COMUNIDADES PORTUGUESAS DESEJAM.”

Teves, Vasco Luís Soares Hogan (2007), Livro 50 anos RTP

A RTP Internacional, o 5º canal do grupo, iniciou as suas emissões regulares a 10 de


Junho de 1992. Esta acção veio desmentir o imobilismo da atitude empresarial após os
severos golpes que representaram o fim da taxa, a cedência da rede difusora do sinal
televisivo e as dúvidas geradas pela ausência de uma definição clara da política de
participações financeiras.

Alguns meses antes, o secretário de Estado, Marques Mendes, anunciou o arranque


do novo canal da RTP, um dos mais estimados objectivos do governo. A ideia era chegar cada
vez mais longe, onde quer que estivessem portugueses, isto era considerado uma prioridade
para o serviço público de televisão.

A criação deste novo canal só foi possível graças às inovações tecnológicas dos
serviços via satélite que pretendia levar às comunidades portuguesas que se encontram
espalhadas pelo Mundo os melhores programas dos 4 canais que faziam, na altura, parte do
grupo RTP. Inicialmente, a RTP Internacional transmitia durante 5 horas nos dias úteis, 7
horas ao sábado e 9 ao domingo.

50 ANOS DE HISTÓRIA

7 DE MARÇO DE 2007 É O DIA.

LONGOS E DIFÍCEIS FORAM OS CAMINHOS ATÉ AQUI – MAS CÁ ESTAMOS, TODOS, EUFÓRICOS, REUNIDOS SOB
O MESMO CÉU AZUL DAS CORES QUE OSTENTAMOS. VAMOS OUVIR DIZER, DAQUI A POUCO, QUE “A RTP ESTÁ
E ESTARÁ COM OS PORTUGUESES, NOS BONS E NOS MAUS MOMENTOS”. É VERDADE. ASSIM TEM SIDO E
ASSIM SERÁ.

Teves, Vasco Hogan (2007), Livro 50 anos RTP

Foi em 2007, no dia 7 de Março que a RTP completou 50 anos de existência. A


celebração foi também a inauguração de um novo Centro de Produção de Televisão, uma
cerimónia que contou com inúmeras pessoas ligadas à política e também à história da
estação. A chegada do Presidente da República, do Ministro dos Assuntos Parlamentares e
da Ministra da Cultura foi acompanhada pelo hino nacional, tocado pela banda da GNR.
Na pedra de inauguração do edifício pode ler-se: “Por ocasião dos 50 anos da RTP, no
dia 7 de Março de 2007, este novo Centro de Produção de Televisão foi inaugurado por S.
Exa. O Presidente da República, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva”. O projecto foi do
arquitecto Frederico Valsassina e conta com 9 andares, 5 deles acima do solo. O lado
oriental destina-se a serviços como a Produção, Multimédia e o Arquivo, enquanto no lado
ocidental se situam os estúdios principais.

Mas não foi só o Centro de Produção de Televisão que chamou a atenção da


multidão que festejava as bodas de ouro do mais antigo canal português. A RTP tinha outra
nova aquisição: “um autocarro digital de alta definição, 14 m. de comprimento, dois andares
e um arsenal tecnológico de respeito”. O interior do autocarro impressionava ainda mais, “a
superfície interior de trabalho tem 68 m² e o piso operacional dispõe de uma régie de vídeo
em anfiteatro, com 3 filas desniveladas, o que permite uma melhor relação de trabalho com
os equipamentos.”

Os 50 anos da RTP podem ser resumidos em algumas frases que fizeram parte do
discurso de Almerindo Marques, presidente do Conselho de Administração da RTP na data:
“A RTP faz parte da história dos últimos 50 anos de Portugal, numa memória viva que ajuda
a compreender melhor o País que somos e de que os seus recuperados arquivos são
testemunho actual e futuro. Por ela passaram os grandes artistas e comunicadores, homens
e mulheres da cultura e do saber, do cinema e do teatro, juntos neste propósito de levar aos
portugueses as melhores formas de expressão artística e o melhor da nossa cultura.“

A RTP NA ACTUALIDADE

A RTP, Rádio e Televisão de Portugal, é uma empresa estatal que inclui a rádio e a
televisão públicas. A Radiodifusão Portuguesa e a Rádiotelevisão Portuguesa, eram, em
2004, empresas distintas, mas neste mesmo ano foram reestruturadas e fundiram-se numa
só, dando origem à Rádio e Televisão de Portugal. Este ano a RTP comemora 55 anos de
emissões em Portugal. Atualmente, como canais de televisão, conta com a RTP1, a RTP2
(canal dedicado à cultura, aos conteúdos europeus e à programação infantil), a RTP Memória
(canal dedicado a programas antigos), a RTP Madeira, a RTP Açores, a RTP Internacional
(canal que emite para os portugueses no estrangeiro), a RTP África, a RTP Mobile (canal para
telemóveis), a RTP Macau (canal dedicado à comunidade portuguesa em Macau), a RTP
Informação (canal de informação), a RTP HD e a RTP Música. Como canais de Rádio, a RDP
conta com canais como a Antena 1 (rádio generalista), a Antena 2 (rádio cultural), a Antena 3
(dedica a um público-alvo mais jovem), a RDP Internacional (canal que emite para os
portugueses no estrangeiro), a RDP África, a Antena 1 – Madeira, a Antena 3 – Madeira, a
Antena 1 – Açores, a Rádio Lusitana, a Rádio Vivace, a Rádio Antena 1 Vida, a Antena 3
Dance, a Antena 3 Rock, a Antena 1 Fado, e a Rádio Vila Verda (rádio que emite para
Macau).

Atualmente, a RTP é constituída por um conselho de Administração (presidido por


Guilherme Costa), um Conselho Fiscal (presidido por António Lima Guerreiro) e por um
Conselho de Opinião. Esta empresa estatal emite para cerca de 50 milhões de pessoas em
todo o mundo. A RTP1 é, actualmente, a 3ª televisão mais vista, mas os seus programas de
informação, como o Telejornal e o Jornal da Tarde, são os mais vistos nos respectivos
horário.
CONCLUSÃO

“A RTP ESTÁ E ESTARÁ COM OS PORTUGUESES NOS BONS E NOS MAUS MOMENTOS. MOSTRA-LHES O
MUNDO E MOSTRA-LHES PORTUGAL. COM ELA, TUDO FICA MAIS PRÓXIMO DE TODOS. A TELEVISÃO
APROXIMOU-NOS UNS DOS OUTROS, NA PARTILHA COMUM DA INFORMAÇÃO, DO ENTRETENIMENTO E DO
LAZER. COM A RTP, REVIMOS VEZES SEM CONTA AS COMÉDIAS PORTUGUESAS DE OUTROS TEMPOS,
ACOMPANHÁMOS SÉRIES TELEVISIVAS, SEM PERDER UM EPISÓDIO, ASSISTIMOS A DEBATES QUE NOS
AJUDARAM A FORMAR A NOSSA OPINIÃO, VIBRÁMOS FRENTE AO ECRÃ COM A PARTICIPAÇÃO DE
PORTUGUESES EM COMPETIÇÕES INTERNACIONAIS, DOS CAMPEONATOS DE FUTEBOL AOS FESTIVAIS DA
CANÇÃO, PASSANDO PELAS OLIMPÍADAS.(…) O PODER QUE ESTE MEIO DE COMUNICAÇÃO POSSUI JUNTO DOS
CIDADÃOS É ALGO QUE DEVE MOTIVAR E RESPONSABILIZAR OS PROFISSIONAIS DE TELEVISÃO. POR OUTRO
LADO, A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO É UMA TAREFA QUE TRÁS, PARA OS QUE
TRABALHAM NA RTP, ESPECIAIS EXIGÊNCIAS DE RIGOR, DE IMPARCIALIDADE E DE QUALIDADE DE
PROGRAMAÇÃO. E A CONCORRÊNCIA COM OS OPERADORES PRIVADOS, NUM QUADRO DE SAUDÁVEL
PLURALISMO, DEVE IGUALMENTE CONSTITUIR UM ELEMENTO DE ESTÍMULO PARA QUE A RTP CONTINUE A
MODERNIZAR-SE. “

Cavaco Silva na Cerimónia de 50 anos da RTP

A RTP deu origem à televisão em Portugal. Com 55 anos de história, a RTP foi a
grande impulsionadora de grande parte das evoluções no meio televisivo no nosso país. A
emissão em direto, a emissão a cores, as reportagens, as peças gravadas e editadas
praticamente na hora, tudo isto foi introduzido pela RTP e foi deveras importante para a
evolução dos media em Portugal. Hoje em dia, os portugueses dispõem de vários serviços a
nível televisivos, como outras televisões em sinal aberto (SIC e TVI) e a televisão por cabo. A
RTP não é a televisão com mais audiências, é actualmente a 3ª televisão em sinal aberto no
que toca a audiências. Contudo, é a cadeia televisiva com mais história, é a mais antiga e a
grande responsável pela televisão em Portugal. O 1º lugar dos seus programas de
informação (Telejornal e Jornal da Tarde), patenteiam o seu rigor e responsabilidade no que
toca a fazer chegar a notícia às pessoas.

Por estas razões achámos importante conhecer mais sobre a sua história, porque
mais do que a história de um canal, a RTP faz parte da história de Portugal e nem sempre lhe
é atribuído o devido valor.
Como Vera Íris Paternostro escreveu em O texto na TV: Manual de Telejornalismo, “A TV é
um veículo abrangente de grande alcance. Ela não distingue classe social ou económica, atinge a
todos. O jornalismo na TV tem, portanto, que considerar como vai tratar uma noticia, já que ela
pode ser “vista” e “ouvida” de várias maneiras diferentes.” Por esta razão é que a televisão assume
um papel fundamental no que toca a meios de comunicação. Mais do que qualquer outro tipo de
jornalismo, a televisão chega a todo o lado e é para todos. Tendo em conta os fracos hábitos de
leitura da população portuguesa, factor que põe a imprensa um pouco ao lado dos restantes meios
de comunicação, a televisão tem um papel educativo na sociedade, sendo também uma mais valia
para a população menos instruída.
BIBLIOGRAFIA

TEVES, Vasco Hogan (2007) “Livro 50 anos RTP”

PATERNOSTRO, Vera Íris (1999) “O texto na TV: Manual de Telejornalismo”, Editora Campus,
Rio de Janeiro.

WEBGRAFIA

RTP 50 anos de história: http://seed2.rtp.pt/50anos/

RTP: www.rtp.pt

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