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Introdução
Casos observados como do Banco Barings e da crise do subprime possuem
fatores em comum: gerenciamento inadequado de fatores de risco, importância de
elementos relacionados ao risco operacional, erros de hedging, falta de
instrumentos de disclosure de risco/supervisão, inexistência de gerenciamento de
risco eficazes. Isso revela a necessidade de criar instrumentos de controle de risco
que podem ser utilizados por órgãos reguladores, instituições financeiras, asset
managers e empresas e que são importantes no que diz respeito aos relatórios, à
alocação de recursos e à avaliação de performance.
O processo de implementação de um sistema de gerenciamento de riscos é
o seguinte: (1) identificação, em cada atividade, dos fatores de rico, (2) avaliação
da freqüência e da severidade das perdas oriundas destes fatores, (3) criar uma
escala de prioridade para o controle e mitigação do risco, (4) implementar e
controle o planejamento de controle dos riscos.
Tipos de riscos: (1) Risco de mercado – pode ser definido como a medida
numérica da incerteza relacionada aos retornos esperados de um investimento, em
decorrência de variações em fatores como taxas de juros, taxas de câmbio, preços
de ações e commodities. (2) Risco de liquidez - o risco de perdas devido à
incapacidade de se desfazer rapidamente uma posição, ou obter “funding”, devido
às condições de mercado. (3) Risco de crédito - medida numérica da incerteza
relacionada ao recebimento de um valor contratado/compromissado, a ser pago por
um tomador de um empréstimo, contraparte de um contrato ou emissor de um
título, descontadas as expectativas de recuperação e realização de garantias. (4)
Risco operacional - medida numérica da incerteza dos retornos de uma instituição
caso seus sistemas, práticas e medidas de controle não sejam capazes de resistir a
falhas humanas, danos à infra-estrutura de suporte, utilização indevida de modelos
matemáticos ou produtos, alterações no ambiente dos negócios, ou a situações
adversas de mercado. (5) Risco legal – possibilidade de perda devido à
impossibilidade de executar termos de um contrato e a incapacidade de
implementar uma cobrança mediante quebra ou insolvência da contraparte.
A gestão de riscos não é capaz de eliminar a incerteza, restringindo-se tão
somente a reduzir as conseqüências do fato de desconhecermos o que ocorrerá no
futuro. O risco pode ser interpretado como os desvios previsíveis dos fluxos futuros
de caixa resultantes de uma decisão de investimento estando associado a fatos de
natureza incerta. Portanto, para avaliar um investimento, deve-se estimar seu
retorno esperado ou retorno médio e também o desvio-padrão do retorno futuro,
que é uma medida de risco.
Aspectos Regulatórios
Os Bancos Centrais devem garantir a solvabilidade do sistema financeiro e,
para isso, exigem que os bancos tenham um nível mínimo de patrimônio (ou
capital) para absorver os prejuízos em caso de recessão. O Acordo de Basiléia é um
sistema que define padrões mínimos de capital para fazer frente à exposição dos
bancos ao risco de crédito. A revisão do acordo incorporou a exigência de capital
para fazer frente ao risco de mercado e ofereceu a alternativa de alocação de
capital baseada em modelos internos.
No Brasil, a resolução 2099/94 é a norma que está de acordo com os
padrões estabelecidos pelos acordos de Basiléia. É um normativo que estabelece,
entre outros fatores, limites mínimos de capital realizado e de patrimônio líquido
compatível com o grau de risco de seus ativos, passivos e contas de compensação,
denominado de Patrimônio Líquido Exigido (PLE). A principal mudança na revisão do
acordo de Basiléia está na transferência do cálculo da capacidade de alavancagem
de cada banco do passivo para o ativo. O risco de crédito passa a ser medido sobre
o tipo de aplicações feitas como capital que ela administra e não mais sobre o
volume de recursos captados de terceiros.
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Histograma no Excel: Definir mínimo, máximo, amplitude, nº de classes (arbitrado – regra de bolso é a
raiz quadrada do número de observações) e amplitude das classes. Calcular freqüência (cálculo
concatenado – CTRL, SHIFT, ENTER com células selecionadas – da matriz de retornos e dos limites das
classes). Construir gráfico de colunas com limites das classes sendo eixo x e freqüência sendo y.
correspondente) e intervalo de tempo, (3) calcular o VaR relativo ou o absoluto
(horizontes de tempos curtos – 1 dia, por exemplo, porque o retorno esperado é
pequeno podendo ser aproximado de zero).
(
VaR Absoluto: VaR Abs = X 0 Z1−α ⋅ σ ⋅ t − µt ) VaR Relativo:
(
VaR Re l = X 0 Z 1−α ⋅ σ ⋅ t)
Ainda que os valores estejam positivos, representam prováveis perdas
(negativo).
VaR Não-Paramétrico - Histórico: Existem casos específicos, como o
mercado cambial em certas situação de mercado, em que supor uma distribuição
normal compromete a precisão do risco calculado. Nesses mercados em que
existem maiores ocorrências de observações longe da média (distribuições com
caudas pesadas ou distintas), adotar a distribuição pode ser problemática e incorrer
em erros. O VaR não-paramétrico vem como alternativa para esses casos e
consiste no cálculo da carteira segundo uma série de dados definidos. O VaR
Histórico consiste em usar séries históricas dos ganhos/perdas do ativo ou carteira,
que possibilitem a representação da distribuição desses ganhos/perdas com vistas à
estimação do VaR.
Calculando o VaR Histórico: (1) calcular o retorno do ativo/carteira, (2)
calcular o ganho/perda da posição atual, (3) reordenar os dados/construir
histograma (opcional no cálculo do Excel), (4) Calcular o Var do percentil desejado.
Cálculo no Excel: calcular o retorno do ativo ou da carteira (multiplicando
pelos pesos – função somarproduto – quando é uma carteira), calcular as perdas e
ganhos (multiplicas retornos pelo montante investido), calcular percentil usando
função percentil (matriz de perdas e ganhos, nível de significância – ex.: 5%).
Observações: o número de cenários (observações) a serem utilizados
depende de cada situação – preferencialmente não se usa intervalos longos para
investimentos de curto prazo, para que eles não incorporem mudanças drásticas
que podem ter ocorrido no passado. Usar poucos cenários também não é bom, pois
a estimação provavelmente será ruim e quanto maior a amostra, melhor a
estimação.
VaR de Monte Carlo: Em muitas situações, a distribuição passada não é
boa para antecipar a distribuição futura dos retornos do ativo ou carteira. Nesse
caso, a solução é simular uma distribuição. O método de simulação de cenários
mais empregado é a simulação estruturada de Monte Carlo, a qual utiliza um
modelo estatístico que busca descrever a trajetória futura do preço do ativo. Os
retornos da carteira são simulados a partir de um processo aleatório baseado em
parâmetros (média, variâncias e covariâncias) que melhor descrevem na opinião do
analista a trajetória futura dos retornos dos componentes da carteira, tomando os
valores correntes como valores iniciais.
O cálculo do VaR de Monte Carlo se dá através da seguinte fórmula:
(
VaR MC : ∆S t = S ( t −1) µ∆t +σZ ∆t )
onde µt e σt representam o desvio e a volatilidade instantânea no momento t, e
serão trabalhadas de forma constante (há maneiras de trabalhar com elas
evoluindo no tempo).
Cálculo do VaR de Monte Carlo: (1) Determinar o modelo que descreva a
trajetória dos preços da ação (movimento browniano), (2) Determinar horizonte de
tempo de interesse, (3) Cálculo da média e do desvio padrão de uma pequena
amostra histórica de dados, (4) Gerar números aleatórios para preços futuros dos
ativos da carteira, (5) Converter aleatórios para distribuição normal (função
inv.normp do Excel) para obter retornos, (6) Cálculo dos valores simulados dos
retornos (aplicar modelo), (7) Multiplicar retornos pelo montante do investimento,
(8) Montar histograma (opcional), (9) Calcular o VaR (função percentil do Excel).