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Os lugares por onde andei, por onde ainda ando...

(Simões, Janice – 2018)

“Até onde posso vou deixando o


melhor de mim... Se alguém não
viu... Não me sentiu com o
coração." Clarice Lispector

Nada mais apropriado do que iniciar uma reflexão a partir das palavras tão
profundas brotadas da maestria poética de Lispector, uma dentre os diversos aos quais
rendo constantes homenagens e paixão.

Somos únicos, ao mesmo tempo somos diversos “eus”, visto que como disse
Heráclito de Éfeso, um homem não conseguirá adentrar em um mesmo rio duas vezes,
visto que na segunda vez este já não será o mesmo rio e aquele não será o mesmo
homem. Vivemos sobre o efeito do tempo, no sentido cronológico no sentido social,
somos expostos aos ditames, às cobranças. A socialização tão indispensável à
sobrevivência humana, ao mesmo tempo culmina por expor os partícipes a conviver
com cenários e situações umas nas quais desagrada e despreza, nesta parece que os
protagonistas fazem a questão de incluir a todos, sem questionar se os fatos ferem a
liberdade de escolha de outrem, outros fatos de prazer nos quais os protagonistas, ainda
bem, partilham de momentos de felicidade, porém fazem questão de excluir estes
mesmos aos quais expõem seus momentos desagradáveis, e outros tantos que se
mesclam de forma geral extrapolando a esfera do fazer social comum, alcançando uma
dimensão maior dentro de nossa dimensão sócio-política.

Somos julgados por nossas escolhas, a despeito da tão famosa “Democracia”


pregada, se de um lado corremos risco, do outro esta situação também está presente. A
violência entre torcidas organizadas já não se resume ao entorno dos estádios. Muitas
famílias estão digladiando por questões, como se estivesse em sua orçada o poder da
decisão final. É lógico que algo pode ser feito, mas nada garante que uma gota de água
faça ou não o copo transbordar.

O certo é que estes lugares onde andei e onde ando me faze perceber o quando
ainda minha ignorância é grande, o quanto ainda preciso aprender da vida, e constatar o
quanto minhas mudanças que provocaram em mim este olhar mais aprofundado foram
consequências dos diversos “eus” que ficaram por onde passei, para que um novo eu
surgisse, na certeza que novos “eus” estão sendo construídos...

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