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A Cadeia de União
Editorial
Mais uma vez, aproveitamos o espaço
deste Editorial, para nos dirigirmos aos nossos
diletos leitores, os quais, ao longo desses 11 anos
de profícua trajetória de nossa Revista, têm nos
prestigiado, carinhosamente, acolhendo-nos e
nos brindando com sugestões, críticas, elogios e
considerações, o que tem, em muito, nos ajudado em
nossa infinita busca da excelência, deste altruístico
trabalho em prol da cultura maçônica.
Assim como a matéria “O Simbolismo da Os textos publicados nesta edição não visam,
Cadeia de União”, de autoria do Irmão português em hipótese alguma, esgotar o tema, devido sua
Luís Conceição, Mestre Maçom, pertencente a Loja profundidade. Nosso objetivo é espalhar a semente
Maçônica Convergência nº 501, do Oriente de Lisboa, da pesquisa, fazendo com que você seja mais um
jurisdicionada ao Grande Oriente Lusitano, publicado a explorar o assunto e dividir a sua verdade com
no site www.maconaria.net, em 2003. os demais Irmãos. Com isso, todos estaremos
aprendendo e engrandecendo, culturalmente, nossa
Autores brasileiros, como o irmão Cláudio excelsa Ordem.
Américo, da Loja Maçônica Vera Lux, do Oriente de
Maringá-PR, da Grande Loja Maçônica do Paraná, Boa leitura para todos. Encontrar-nos-emos
também, contribuem, com a matéria “A Cadeia de na próxima edição!
União”, publicada em 2010, na Revista Universo
A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade
mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 27.874 e-mails de leitores cadastrados,
no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005
JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.
www.revistaartereal.com.br - redacao@revistaartereal.com.br - Facebook RevistaArteReal - (35) 99198-7175 Whats App.
Cadeias
de União Francisco Feitosa
O
temário desta edição, criteriosamente processo ritualístico, realizado em um Templo, que,
escolhido, visa, além de elucidar o leitor para necessariamente, tenha passado por uma cerimônia
o aspecto histórico da criação da Cadeia de de sagração, dedicado ao GADU, onde em seus
União, muito especialmente, também, para os seus Trabalhos figura um Livro das Sagradas Escrituras,
reais objetivos: o aspecto esotérico. Lembremos que com evocações, etc.?
quando do processo por que passou a nossa Ordem,
Voltando às influências oriundas de outras
da fase Operativa para a Especulativa, por volta do
Escolas, culturas e civilizações, assim como outras
início do século XVII, quando ilustres personagens,
tantas inseridas na ritualística desenvolvida em
que nada tinham a ver como o ofício de pedreiro,
nossas Trabalhos, chega a nossa Ordem, em
como John Boswell, Elias Ashmole, Nicholas
determinado momento, a realização da Cadeia de
Stone e Robert Morey, além de outros tantos,
União. Não conseguimos, em nossas pesquisas, de
igualmente famosos, oriundos das mais diversas
fato, desvendar sua real origem, mas curiosamente a
Escolas Iniciáticas da época, como o Hermetismo,
identificamos em outras culturas, como na dos povos
Cabala, Rosacrucionismo e outras, proibidas de
gnósticos andinos, no Peru.
realizarem suas reuniões, por força da Igreja Católica
Inquisitória, passaram a encontrar abrigo nas fileiras Para a cultura andina, quando da formação
das Lojas Maçônicas. Com isso, nossa Ordem foi da Cadeia de União, os braços cruzados formam a
se reformatando com a absorção das influências “cruz de São André, onde cada um liga suas mãos
dessas Escolas em nossa ritualística. A própria com os que lhe são mostrados em ambos os lados,
Iniciação, como conhecemos atualmente, na época, de tal forma que, em cada caso, a mão direita seja
era chamada de “Aceitação”, e não possuía essa
riqueza de detalhes, ornamentada de passagens em
mistérios de Ordens do antigo Egito, Grécia, Roma,
Índia, Pérsia, entre outras.
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Revista Arte Real nº 95 - Mar/18 - Pg 05
A Cadeia
de União Cláudio Américo
A
Cadeia de União é amplamente utilizada como portanto, quando estão unidos pela Cadeia de União, não
recurso espiritual, não necessariamente por iniciados estão absorvidos nem diluídos, mas ligados através da
que, nesse caso, nem sempre estão atentos para a soma das forças físicas e mentais, existindo individualmente,
dimensão e responsabilidade do seu uso. Em Maçonaria, porém vinculados ao todo.
a sua prática tem alto significado, pois condensa os mais
O corpo humano, por meio de seu sistema nervoso,
sublimes pressupostos da nossa Ordem.
registra estímulos que vêm do mundo externo, e seus órgãos
Os termos cadeia e prisão são sinônimos e, e músculos dão a esses estímulos as respostas apropriadas.
portanto, “Cadeia de União” quer dizer “prisioneiros de Por isso tem o homem grande capacidade receptiva, e essa
um amor fraterno universal”, lembrando que os maçons existe desde que ao seu lado exista em corpo doador; pois
encontram- -se presos aos seus Irmãos na solidariedade não existe receptividade sem que haja doação. A união
do bem comum e do crescimento espiritual. Quando dessas duas “forças” completa o ciclo da natureza durante
da formação da Cadeia de União, o contato mental é a Cadeia de União, onde as trocas são realizadas pelos
instantâneo, o que quer dizer: nenhum “elo” permanecerá nervos periféricos, também, chamados de nervos sensitivos,
isolado e fora do todo, tendo essa formação mental e a que ao receberem os estímulos (mensagens), seja
Palavra Semestral o dom mágico de unir elos esparsos. A superficial, pelo toque, ou pelos órgãos dos sentidos, esses
palavra união encontra seu sentido no Salmo 133, onde se lê: “Oh! formam impulsos que são enviados para os demais órgãos do
Quão bom e quão suave é que os Irmãos vivam em união”. corpo.
Numa perspectiva física, é notório que uma série É dessa forma que os Irmãos, quando unidos pelo
de átomos ligados entre si formam uma cadeia. Dentro de corpo e espírito, em “Cadeia”, acham-se submetidos a uma
nossa Ordem, a Maçonaria representa cada um desses constante troca de vibrações, provocadas pela sintonia
átomos, e os maçons a cadeia de elementos, formando mental, que as células nervosas têm condições de captar.
um só símbolo “O Homem Universal”. Os elos da Cadeia
Como podemos ver, recepções e doações de
de União são os mesmos de uma cadeia mental comum,
energia não passam de simples permuta, havendo, após
isto é, os elos interligados entre si, embora individualmente
determinado lapso de tempo, perfeito equilíbrio, em que
soltos, procedendo como os elementos do próprio átomo, que
ninguém mais terá a dar ou receber. Haverá nesse instante
conservam sua individualidade e personalidade, mas, quando
uma só identidade, que denominamos de a “Vida em União”,
em cadeia, estão unidos sem estarem soldados entre si.
que pode ser compreendida com exatidão na palavra do
O Objetivo primário da Maçonaria é unir os Divino Mestre: “Eu e o Pai somos um”. As permutas não
Irmãos de tal forma que possam parecer um só corpo, são meramente psicológicas, mas de conteúdo físico, pois a
uma só vontade, um só espírito, formando um Templo “energia” que se desprende de um pode passar para o outro
coeso, compacto, enfim, uma unidade formada por partes e vice-versa, como uma verdadeira corrente.
heterogêneas que, ao constituir um todo, resulta uma
Vale considerar que, apesar da Cadeia de União ser
só instituição. Desse modo, não diminui nem absorve
admitida, apenas, para a transmissão da Palavra Semestral,
personalidades isoladas, como o Universo, que também
seus efeitos devem se prolongar ao cotidiano da Loja, por
subsiste como um todo, tem perfeitamente individualizado
meio da sintonia entre os Irmãos no transcorrer de seus
cada átomo, cada parte de que é composto. Os maçons,
trabalhos.
e a Cadeia
de União William Steve Burkle
A
corda de nós é um antigo símbolo maçônico, Em representações da versão da corda de nós
comumente, associado com à Borda de Franjas, da Borda de Franjas, o “Nó do Amor Maçônico” ou “Nó
que, em tempos modernos, é representado infinito” é o tipo de nó empregado. Também, chamado
por uma série de triângulos equiláteros contíguos, do nó em “Oito”, exemplos desse nó eram encontrados
estendendo em torno do perímetro do piso da Loja. A em locais de enterro do Médio Império Egípcio
história da transformação da Borda de Franjas de uma incorporadas em pulseiras e tornozeleiras.
corda de nós ondulada, usada como uma moldura para
O Nó de Amor Maçônico, o Nó de Amor, Nó
o Painel da Loja, para a sua configuração moderna,
de Hércules, Nó Infinito ou Nó em Oito, é descrito
como um ornamento para o Piso da Loja, parece estar
como um nó contínuo, tendo a forma de um oito que
envolta nas brumas do tempo e permanece muito
se originou de um encanto de cura no antigo Egito.
mais como uma conjectura. No entanto, o simbolismo
É bem conhecido por sua utilização em Roma e na
esotérico da corda de nós sobreviveu, mais ou menos,
Grécia antiga como um amuleto de proteção ou como
intacto e é muito mais interessante.
um símbolo do casamento. Outras fontes identificam
Falando sobre a Borda de Franjas, os o Nó do Amor como uma adaptação de um dos oito
franceses a chamam “la houppe dentelee”, que é, símbolos budistas, tendo origem no Tibete. Vários nós
literalmente, a “franja dentada” e eles a descrevem
como uma corda formando nós de verdadeiro-amor,
que contorna o painel da loja. Já, os alemães a
chamam “die Schnur von starken Faden” ou a “corda
de fios fortes”, e a definem como uma borda ao redor
do painel da loja de Aprendiz, consistindo em uma
corda amarrada com nós do amor, com duas borlas
presas às extremidades.
I
nicialmente, para melhor compreensão do lado (por isso, a necessidade da formação da Cadeia
místico que está inserido numa “Cadeia de União”, de União). Eram essas as ideias e argumentos que
convém lembrar aos irmãos da necessidade de se maçons ocultistas tinham, a respeito da formação e
despir, um pouco do seu lado racional (razão) e deixar condução da Cadeia de União, já no final do século
fluir livremente, o seu lado emocional (coração). XIX.
A Cadeia de União, sob o ponto de vista Segundo, ainda, Marius Lépage, “É aqui que
ocultista/esotérico, pode ser encontrada na “Teoria do se manifesta em toda a sua força, o papel unificador
Ponto” ou, também, conhecido como “Sinal de Apoio”, do Venerável Mestre, daquele que dirige a Oficina, da
conforme nos ensinou o escritor Marius Lépage, que qual é a emanação e a síntese”
em seu artigo na Revista “O Simbolismo”, de Fevereiro
Entre ele e os irmãos se estabelece uma dupla
de 1936, dizia: “,O segredo da ‘cadeia mágica’
corrente, e suas forças são decuplicadas para, depois,
resume-se em criar um ponto fixo que sirva de apoio,
serem usadas da melhor forma, segundo os interesses
nele desenvolver uma bateria psicodinâmica, a desse
espirituais da Ordem, em geral, e dos membros da
ponto eleito por centro, irradiar através do mundo a
Loja, em particular!
“Luz Astral”, excitada por uma vontade claramente
definida”. Para entendermos um pouco melhor da “força”
que dela emana, basta lembrar-nos de que “tudo é
Ao mesmo tempo criadora-receptora, a Cadeia
energia” e a matéria nada mais é do que transmutação
de União representa junto ao maçom, o duplo papel de
energética. Albert Einstein já dizia que “as várias
escudo protetor e de aparelho receptor de influências
formas existentes de matéria no plano físico, são
benéficas, ou seja: aquilo que os irmãos estão
manifestações diferenciadas de energia no Universo”.
transmitindo, estão inconscientemente (cada irmão),
recebendo as mesmas vibrações que estão sendo Da mais rudimentar pedra do Reino Mineral,
emanadas pela Cadeia de União. até a forma mais elaborada do Reino Humano,
que é o Homem, nada mais é que simples e meras
Toda a associação e/ ou coletividade tem a
manifestações diferenciadas de energias. O homem,
sua correspondência nos mundos invisíveis. O espírito
como sabemos, possui dentro de si, em determinados
de um agrupamento de pessoas é um ser vivo, mais
pontos específicos do corpo humano, canais (chacras)
poderoso que cada uma das pessoas que a compõe
H
á, em Magia, palavras de pronunciação Mas antes de mais nada convém rememorar
perigosa; há, também, ritos maçônicos aos o fato de que o rito da “Cadeia de União” é a
quais será melhor não nos associarmos dinamização, a tomada de ação do princípio sugerido
quando não temos plena consciência do seu poder pela corda que serpenteia nos 3 lados da Loja, ligando
oculto. O tema da “Cadeia de União” é um desses a coluna J à coluna B, sem, contudo, as unir. Torna-
que, apesar da sua aparente simplicidade, encarna se, assim, indispensável compreender, à partida, a
uma das figuras mais complexas do Ritual, no sentido mensagem muda dessa corda de nós abertos, em
em que implica “entrelaçamentos secretos”, que suas relações com o conceito arcaico de “laço”, de
ultrapassam largamente a simples ideia de União no serpente protetora, do nó cerrado que se torna lasso
sentido simbólico. Do mesmo modo que, no plano e, enfim, de suas borlas terminais. Teremos, assim,
físico, ao pretender estudar a qualidade de uma sondado, em profundidade, o valor e a força de um
corrente metálica, o engenheiro terá que se preocupar “rito constrangedor, que envolve o indivíduo e a
com o número dos seus anéis, o seu encadeamento, coletividade”. Dessa forma, se a simbólica da corda
o metal que os compõe, a sua seção e curvatura. se assemelha ao da serpente que, fechada sobre
Para se entrar no sentido profundo da nossa “Cadeia si própria, com a cauda na boca, transmite a Luz e
de União”, é necessária uma apropriação dos seus encarna o Sol; de corpo esticado e cabeça pendente,
componentes, para os integrar numa síntese simbólica toma o papel do cetro mágico egípcio, arquétipo da
irrefutável. iniciação libertadora - patente na simbólica da serpente
do Éden. Os nós indicam um sentido evolutivo: a
Os principais elementos de que nos
divindade ligante é vencida pelo Conhecimento; a
ocuparemos serão: o círculo que forma a Cadeia,
coação dogmática não consegue já fechar a sua rede.
obrigatoriamente fechado; a polaridade, posta em
evidência pelo cruzamento dos braços. O terceiro, Mas o iniciado, promovido ao posto de herói,
seria a mão, de que não me ocuparei aqui, e que se for bom entendedor da Arte, aceitará e submeter-
detém um papel ativo na formação da Cadeia. se-á, voluntariamente, às regras tradicionais da Ordem