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Aula 09- Português para Enem e vestibulares – Literatura: Carlos Drummond de Andrade

Segunda Geração Modernista (Poesia)


1. Vida (Itabira, MG, 1902 – Rio de Janeiro, 1987)
• Descendente de fazendeiros e mineradores da cidade mineira de Itabira (jazidas de ferro).
• Expulso de um colégio de padres; estudou Farmácia em Belo Horizonte.
• Contato com o Modernismo paulista; fundação de A Revista (1925), primeiro periódico de literatura moderna em Minas.
• Funcionário público no Rio de Janeiro.
• Autor de crônicas jornalísticas bastante populares.
2. Obra
2.1 Poesia Corpo (1984)
Alguma Poesia (1930) Amar se Aprende Amando (1985)
Brejo das Almas (1934) Tempo Vida Poesia (1986)
Sentimento do Mundo (1940) Poesia Errante (1988)
Poesias (1942) O Amor Natural (1992)
A Rosa do Povo (1945) Farewell (1996)
Poesia até Agora (1948) 2.2 Prosa
Claro Enigma (1951) Confissões de Minas (ensaios e crônicas, 1944)
Viola de Bolso (1952) Contos de Aprendiz (1951)
Fazendeiro do Ar & Poesia até Passeios na Ilha (ensaios e crônicas, 1952)
Agora (1953) Fala, Amendoeira (1957)
Viola de Bolso Novamente Encordoada (1955) A Bolsa e a Vida (crônicas e poemas, 1962)
Poemas (1959) Cadeira de Balanço (crônicas e poemas, 1970)
A Vida Passada a Limpo (1959) O Poder Ultrajovem e mais 79 Textos em Prosa e Verso
Lição de Coisas (1962) (1972)
Versiprosa (1967) Os Dias Lindos (1977)
Boitempo (1968) 70 Historinhas (1978)
Menino Antigo (1973) Boca de Luar (1984)
As Impurezas do Branco (1973) O Observador no Escritório (1985)
Discurso da Primavera & Algumas Moça Deitada na Grama (1987)
Sombras (1978) O Avesso das Coisas (1987)
A Paixão Medida (1980)
3. TEMÁTICA DRUMMONDIANA
3.1. O indivíduo: “um eu todo retorcido”
- O indivíduo complicado, torturado, fragmentado. Exemplo: O “Poema de Sete Faces” (Alguma Poesia, 1930).
- As inquietações do indivíduo drummondiano envolvem preocupação com a velhice, como em “Dentaduras Duplas”.
- A morte e o sentido (ou falta de sentido) da existência, a consciência culpada, a busca de sabedoria são outros dos temas.
3.2. A terra natal: “uma província: esta”
- A profunda, dura, triste relação com o lugar de origem, que o indivíduo abandona, mas que não o abandona, caracteriza
o tema da “terra natal”. Exemplo: “Confidência do Itabirano”.
- Mas o tema pode ser tratado também de forma bem humorada e crítica, como em “Cidadezinha Qualquer”.
3.3. A família: “a família que me dei”
- Sem qualquer sentimentalismo – bem ao contrário – o indivíduo interroga, sem alegria, a misteriosa realidade da família,
que existe nele, em seu corpo, é parte de suas emoções e de seu imaginário. Exemplo: “Convívio”.
3.4. Amigos: “cantar de amigos”
- Homenagens a figuras admiradas, como Machado de Assis, Charles Chaplin, Mário de Andrade ou Manuel Bandeira.
3.5. O choque social: “na praça de convites”
- Temática político-social abordam os horrores da guerra, da opressão, da injustiça, da violência. Exemplo: “Elegia 1938”.
3.6. O conhecimento amoroso: “amar-amaro”
- Numa visão nada romântica ou sentimental, o amor é entendido como uma forma privilegiada e incontornável de
exploração da existência e, portanto, de conhecimento – conhecimento de si e do outro.
3.7. A própria poesia: “poesia contemplada”
- Trata-se das “artes poéticas” de Drummond: poemas sobre o quê e o como da poesia. Exemplo: “Poesia”.
3.8. Exercícios lúdicos: “uma, duas argolinhas”
- Aqui temos os jogos com as palavras – atividade aparentemente infantil, mas poética em sua essência Exemplo: “Áporo”.
3.9. Uma visão, ou tentativa de, da existência: “tentativa de exploração e de interpretação do estar-no-mundo”
- Poemas em torno de questões e conjecturas sobre a existência, o “estar-aqui”, sobre o que há “no meio do caminho”.
Questões
Confidência do Itabirano E esse alheamento do que na vida é porosidade e
Alguns anos vivi em Itabira. [comunicação.
Principalmente nasci em Itabira. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e
Noventa por cento de ferro nas calçadas. [sem horizontes.
Oitenta por cento de ferro nas almas. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana. este orgulho, esta cabeça baixa...
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, Hoje sou funcionário público.
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; Itabira é apenas uma fotografia na parede.
este couro de anta, estendido no sofá da sala de Mas como dói! ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de
visitas; Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
1. (ENEM) Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas,
penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de
uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema Confidência do
Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas,
conclui-se que o poema acima
a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos
típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma
como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas
resgatadas de Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra
natal, por meio de recursos retóricos pomposos.
Aquele bêbado
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.
O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um
pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.
— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.
Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr
do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos. ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio
de Janeiro: Record, 1991.
2. (ENEM) A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao
longo da narrativa, ocorre uma
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.
“Mundo mundo vasto mundo, Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo mais vasto é meu coração.”
seria uma rima, não seria uma solução.
3. (FAAP) Sobre esses versos de Carlos Drummond de Andrade só não é possível afirmar que:
a) presenciamos alguém que se sente questionado, conturbado em meio aos conflitos exteriores, o que resulta vez ou outra
nos muitos questionamentos interiores.
b) refletem uma época demarcada pelo período pós-guerra e que, sem sombra de dúvida, deixou inúmeros conflitos
advindos da condição de estar no mundo.
c) o eu lírico acredita que mudando poeticamente o nome, o mundo mudaria.
d) apresenta um eu-lírico revestido por inquietações diante de uma realidade, diante de um mundo que não o satisfaz.
e) não aceita o mundo em que vive, pois o concebe totalmente oposto daquele que realmente idealiza.
ANEDOTA BÚLGARA
Era uma vez um czar naturalista Ficou muito espantado
que caçava homens. e achou uma barbaridade.
Quando lhe disseram que também se caçam Carlos Drummond de Andrade – Alguma Poesia
[borboletas, e andorinhas,
4. Sobre o poema pode-se afirmar que:
a) a chave do seu humor está no fato de o governante respeitar a vida humana.
b) sua estrutura se fundamenta numa tensão entre os valores estéticos e éticos.
c) seu humor reside numa inversão dos valores políticos e éticos.
d) o poder do governante é usado para servir os seus súditos e proteger os animais.
e) o procedimento do czar é tirano e desumano tanto para com os animais quanto para com os homens.
QUADRILHA
João amava Teresa que amava Raimundo Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não tinha entrado na história.
que não amava ninguém. [...]
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Carlos Drummond de Andrade
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
5. Este poema de Drummond desenvolve o tema:
a) dos desencontros de amor. c) do casamento de Teresa . e) da eternidade do amor.
b) da morte prematura. d) da destruição de Lili.
Apresenta-se abaixo o poema de Drummond, importante poeta do Modernismo brasileiro.
No meio do caminho na vida de minhas retinas tão fatigadas.
No meio do caminho tinha uma pedra Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. (ANDRADE, Carlos
Nunca me esquecerei desse acontecimento Drummond de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003).
6. (UEMA 2017) O poeta Drummond identificou, na sua exposição poética, a inesquecível lembrança do acontecimento
de se deparar com uma pedra no caminho. A atitude do poeta diante da pedra nos remete à filosofia, quando somos
puxados para alguma coisa que nos incomoda e exige de nós o pensar de forma reflexiva. Nesse sentido, o pensar
filosófico não é algo comum, mas um acontecimento que produz mudanças significativas em nossas vidas e, portanto,
ocorre quando estamos diante de um
a) conflito. c) sofrimento. e) acontecimento.
b) protesto. d) problema.
Aula de português
A linguagem tão fácil de falar
na ponta da língua e de entender.
A linguagem Já esqueci a língua em que comia,
na superfície estrelada de letras, em que pedia para ir lá fora,
sabe lá o que quer dizer? em que levava e dava pontapé,
Professor Carlos Gois, ele é quem sabe, a língua, breve língua entrecortada
e vai desmatando do namoro com a priminha.
o amazonas de minha ignorância. O português são dois; o outro, mistério.
Figuras de gramática, esquipáticas, Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1979.
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
7. (ENEM) Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos
da linguagem em
A) situações formais e informais. C) escolas literárias distintas. E) diferentes épocas.
B) diferentes regiões do país. D) textos técnicos e poéticos.
PROCURA DA POESIA Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Não faças versos sobre acontecimentos. Estão paralisados, mas não há desespero,
Não há criação nem morte perante a poesia. há calma e frescura na superfície intata.
Diante dela, a vida é um sol estático, Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
não aquece nem ilumina. (...)
(...) Carlos Drummond de Andrade, "A rosa do povo".
Penetra surdamente no reino das palavras.
8. (FUVEST) No contexto do livro, a afirmação do caráter verbal da poesia e a incitação a que se penetre "no reino das
palavras", presentes no excerto, indicam que, para o poeta de "A rosa do povo",
a) praticar a arte pela arte é a maneira mais eficaz de se opor ao mundo capitalista.
b) a procura da boa poesia começa pela estrita observância da variedade padrão da linguagem.
c) fazer poesia é produzir enigmas verbais que não podem nem devem ser interpretados.
d) as intenções sociais da poesia não a dispensam de ter em conta o que é próprio da linguagem.
e) os poemas metalingüísticos, nos quais a poesia fala apenas de si mesma, são superiores aos poemas que falam
também de outros assuntos.
Fazendeiro de cana diante da moenda
Minha terra tem palmeiras? Não. movida gravemente pela junta de bois
Minha terra tem engenhocas de rapadura e cachaça de sólida tristeza e resignação.
e açúcar marrom, tiquinho, para o gasto.
[...] As fazendas misturam dor e consolo
Tem cana caiana e cana crioula, em caldo verde-garrafa
cana-pitu, cana rajada, cana-do-governo e sessenta mil-réis de imposto fazendeiro.
e muitas outras canas de garapas, Carlos Drummond de Andrade.
e bagaço para os porcos em assembleia grunhidora
9. (UFOP-MG) Assinale a alternativa incorreta:
Carlos Drummond de Andrade, neste poema, valendo-se das linguagens desenvolvidas pelo Modernismo:
a) retoma a linguagem do poema romântico, de maneira simétrica e linear, apontando a ideologia nele subjacente.
b) retoma parodisticamente um importante poema do Romantismo brasileiro.
c) faz, em relação ao romântico, uma ruptura ao nível da consciência e ao nível da linguagem.
d) satiriza o sentimento ufanista, comum aos poetas românticos.
e) desmitifica a visão ingênua dos românticos, operando uma leitura crítica da realidade.
10. (Famih – MG)
Cidadezinha qualquer Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras Devagar... as janelas olham.
pomar amor cantar. Eta vida besta, meu Deus.
Carlos Drummond de Andrade
Um homem vai devagar.
Todas as características modernistas citadas abaixo podem ser identificadas no poema de Drummond, exceto:
a) Reaproveitamento do popular e do coloquial, uso de uma linguagem simples, fácil, próxima da expressão oral.
b) Concepção do poético como um texto aberto; um discurso que oferece multiplicidade de sentidos e interpretações.
c) Crítica ao mundo rural, ao universo primitivo, distante do progresso, da civilização mecânica e industrial.
d) Exploração do imprevisível, do inesperado; o corte brusco, a fragmentação de ideias possibilita o surgimento do
humor.
e) Interesse pelo homem comum, ordem social e pela vida cotidiana.
Leia o fragmento pertencente ao poema José, de Carlos Drummond de Andrade. A seguir, observe o quadro O Grito do pintor norueguês Edvard
Munch, e responda ao que se pede:
“E agora, José? que ama, protesta, o dia não veio,
A festa acabou, e agora, José? o bonde não veio,
a luz apagou, o riso não veio,
o povo sumiu, Está sem mulher, não veio a utopia
a noite esfriou, está sem discurso,
e agora, José? está sem carinho, e tudo acabou
e agora, você? já não pode beber, e tudo fugiu
você que é sem nome, já não pode fumar, e tudo mofou,
que zomba dos outros, cuspir já não pode, e agora, José? [...]”
você que faz versos, a noite esfriou,
Pintura, trazem à tona questionamentos semelhantes,
como:
I- A questão das emoções humanas mais
profundas frente ao mundo.
II- A possibilidade de a arte discutir o estar no mundo.
III- A angústia como sentimento inerente ao
ser humano.
Das afirmações acima:
a) Somente a afirmação I está correta.
b) Somente a afirmação II está correta.
c) Somente a afirmação III está correta.
11. UFAC As duas obras de arte, o poema e a tela, d) As afirmações I, II e III estão incorretas.
embora pertençam, respectivamente, à Literatura e à e) As afirmações I, II e III estão corretas.
12. UFAC Carlos Drummond de Andrade é um grande poeta da denominada Segunda Geração do Modernismo cujas
principais características são:
I. Grande preocupação com a renovação da linguagem.
II. Arte pela arte.
III. Produção com forte dimensão social.
Das afirmações anteriores:
a) Somente a afirmação I está correta. d) As afirmações I e III estão corretas.
b) Somente a afirmação II está correta. e) As afirmações II e III estão corretas.
c) Somente a afirmação III está correta.

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