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Resumo
Nem todas as disciplinas que fazem parte do currículo obrigatório na formação dos estudantes de
graduação despertam o interesse deles. A falta de envolvimento emocional com o conteúdo da disciplina,
eventualmente, até os distancia daquele assunto. Contudo, alguns estímulos podem ser propostos para
incentivar o engajamento dos estudantes nas atividades propostas na disciplina. Um desses estímulos, a
gameficação contribui para o aumento do interesse no conteúdo da disciplina através da competição.
Neste trabalho discutimos o conceito de gameficação e apresentamos alguns resultados da aplicação desse
conceito nas disciplinas Sistemas Operacionais (1º e 2º semestres de 2016) e Organização e Arquitetura
de Computadores (1º semestre de 2017). Os resultados mostram que o engajamento dos estudantes na
resolução dos exercícios propostos tem correlação com o desempenho da turma nas disciplinas.
Introdução
Há vários fatores que podem despertar o interesse dos estudantes para cursar uma disciplina.
Curiosidade sobre o conteúdo da disciplina e necessidade da utilização daquele conhecimento para atingir
objetivos pessoais ou profissionais estão entre esses fatores.
No entanto, não são todas as disciplinas que fazem parte da matriz curricular de um curso de
graduação que atraem o interesse de todos os estudantes indistintamente. Afinal, dentro de um único
curso de graduação há interesses e motivações diversas para cada disciplina.
Portanto, é preciso dispor de outras estratégias que funcionem como estímulos para motivar o
engajamento dos estudantes na disciplina mesmo que, num primeiro momento, eles não se sintam atraídos
por ela. Nesse caso, apela-se para uma motivação mais primitiva: o desafio. Associado ao desafio é
preciso adicionar o reconhecimento, isto é, a evidenciação de que aquele indivíduo aceitou e venceu
aquele desafio proposto com méritos.
Gameficação
A definição mais geral de gameficação é dada por Sanchez-Martin et al. (2017) que define esse
conceito como o uso de elementos de jogos e técnicas para projetos de jogos em contextos diversos (não
diretamente ligado aos jogos), de maneira a engajar pessoas na solução de problemas. Os elementos de
jogos aos quais o autor se refere são diversos, mas alguns deles são comuns na literatura. Entre eles
destacam-se os seguintes:
Embora haja outros elementos para a criação de jogos interessantes para diversos fins, no caso dos
jogos educacionais esses elementos são os mais relevantes. A propósito, o conceito de gameficação
quando aplicação ao processo de aprendizado ganha algumas nuances. Assim, Dichev et al. (2017)
definem gameficação na Educação como uma abordagem para encorajar e engajar os estudantes no
processo de aquisição de conhecimento, utilizando alguns princípios do projeto de jogos no ambiente de
aprendizado. Portanto, a maior importância da gameficação está no processo para atingir o objetivo do
que na recompensa.
É preciso destacar que os conceitos de jogos e gameficação não são sinônimos. Os jogos, em
particular os jogos educacionais, apresentam desafios a serem vencidos e nesse percurso é preciso utilizar
de estratégias para chegar ao objetivo. Eles possuem toda uma mecânica, isto é, ações a serem tomadas a
cada instante para implementar uma estratégia e atingir um objetivo.
Na gameficação, por sua vez, interessa apenas um pequeno subconjunto de objetos comum aos
jogos, especialmente aqueles que trazem as chamadas motivações extrínseca e intrínseca. Estão entre os
objetos desse subconjunto:
Metodologia
Para avaliar o impacto da utilização da gameficação no estímulo aos alunos de graduação, utilizou-se
as disciplinas Sistemas Operacionais, oferecida nos 1º e 2º semestre de 2016, e Organização e Arquitetura
de Computadores, oferecida no 2º semestre de 2016, como estudos de casos. Ambas as disciplinas
utilizaram o software Moodle como Ambiente de Virtual de Aprendizagem (AVA), disponibilizado pelo
sistema Ensino Aberto da UNICAMP.
No Moodle, foram cadastrados três emblemas digitais (digital badges), ilustrados na Figura 1 a
seguir. Foram elaborados três blocos de questões que cobrem, juntos, todo o conteúdo da disciplina. Na
Figura 1 (a) está o emblema para aqueles alunos que completaram com sucesso o primeiro bloco de
questões. A Figura 1 (b) apresenta o emblema para aqueles que completaram com sucesso tanto o
primeiro quanto o segundo bloco de questões. Finalmente, a Figura 1 (c) mostra o emblema para aqueles
que completaram com sucesso os três blocos de questões.
A resolução dos blocos de questões não era obrigatória e não estava atrelada à nota do estudante na
disciplina. No entanto, no início de cada disciplina foi mencionado que os estudantes poderiam conquistar
os emblemas, caso resolvessem as questões propostas em cada aula de conteúdo.
Para cada aula, havia um conjunto de questões (entre 2 e 4 questões) referentes ao conteúdo daquela
aula. As questões eram sempre objetivas, isto é, do tipo em que o estudante poderia escolher as opções
corretas dentre um conjunto de opções. A escolha por esse tipo de questão se justifica pela possibilidade
de correção automática, ou seja, ao criar a questão, o elaborador já se informava quais as opções corretas.
Dessa forma, o estudante teria a resposta imediatamente após confirmar que a questão estava respondida,
bem como o número de questões respondidas corretamente.
As questões foram elaboradas pelos monitores das disciplinas e depois discutidas com o professor
que, por sua vez, sugeria modificações ou atualizações, se fosse o caso. Depois de propostas e revisadas,
as questões eram colocadas no banco de questões. Na seção a seguir, discute-se os resultados obtidos nas
disciplinas e sua correlação com o desempenho dos estudantes.
Resultados
Na primeira coluna da Tabela 1 está o nível de expertise atingidos pelos estudantes (Principiante,
Avançado e Expert). Nas segunda, terceira e quarta colunas estão os dados das disciplinas Sistemas
Operacionais, oferecida nos 1º e 2º semestres de 2016, e Organização e Arquitetura de Computadores,
oferecida no 1º semestre de 2017, respectivamente. Além disso, na penúltima linha está a quantidade de
estudantes matriculados na disciplina e na última linha a percentagem de estudantes aprovados sem
exame na disciplina, isto é, com nota maior ou igual a seis.
Importante destacar que os estudantes que chegaram ao nível Expert, conquistaram também os
emblemas Principiante e Avançado. Assim como os estudantes que chegaram ao nível Avançado, também
conquistaram o emblema Principiante.
Conclusões
Os resultados apresentados indicam que a promoção do engajamento dos estudantes nas atividades
complementares das disciplinas é possível sem que haja uma nota associada às práticas. Esse estímulo aos
estudantes, motivados pela gameficação, desperta o interesse pela disciplina através dos desafios a serem
superados.
Além disso, o reconhecimento do esforço dos estudantes pelo docente responsável pela disciplina,
bem como pelos seus pares, é um fator motivador para o bom desempenho dos estudantes na disciplina.
No entanto, mais estudos qualitativos são necessários para tentar entender o quanto desse interesse é
realmente motivado pelo desafio em si ou pelos conteúdos da disciplina.
Referências
Dichev, C. & Dicheva, D. Gamifying education: what is known, what is believed and what remains
uncertain: a critical review. Int. J. Educ. Technol. High. Educ. 14, 9 (2017).
Sánchez-Martín, J., Cañada-Cañada, F. & Dávila-Acedo, M. A. Just a game? Gamifying a general science
class at university. Think. Ski. Creat. 26, 51–59 (2017).
Como é possível as universidades acompanharem as inovações no
telejornalismo brasileiro?
Resumo
Este trabalho faz parte de uma pesquisa desenvolvida a nível de mestrado e busca apresentar
propostas de atividades que promovam o aprendizado do fazer telejornalismo visto o contexto atual das
inovações tecnológicas e não tecnológicas realizadas no telejornalismo brasileiro. Parte-se do pressuposto
que as inovações estão ocorrendo de forma cada vez mais acelerada e que as universidades necessitam
ampliar as possibilidades de ensino para que os futuros jornalistas cheguem ao mercado de trabalho com
amplo conhecimento prático e teórico, não só técnico, mas dos processos de produção de imagens que são
alterados constantemente por consequência das inovações.
Introdução
Para tal, durante um total de 140 horas, foram analisados os processos de produção de imagens de
dois telejornais distintos: o RIC Notícias, da emissora RIC TV em Santa Catarina, e o TJUFSC,
Telejornal Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina. Através de observação participante e
pesquisa aplicada, foi possível analisar os processos de produção de imagens em cada telejornal, avaliar a
capacidade dos alunos em se adaptarem a inovações e realizar experimentações a fim de testar hipóteses e
criar novas técnicas e métodos tanto para o ensino, quanto para a prática telejornalística.
Resultados
A partir das análises realizadas com base nos resultados obtidos por meio da observação
participante, aplicação de métodos e experimentações de hipóteses é possível sustentar que é através da
prática, da vivência, por meio de imersão, mesmo que de modo laboratorial, e com auxílio das teorias que
os estudantes de jornalismo e futuros jornalistas conseguem obter conhecimento amplo e prático sobre as
novas maneiras de se fazer telejornalismo. Uma solução já apresentada (BRASIL, 2011) é criar parcerias
entre universidade e empresas emissoras de TV, não só através de estágios onde alunos tem a
possibilidade de trabalhar por tempo e funções limitados, mas visando a realização de pesquisas e testes
de novas tecnologias através dos estudos realizados por pesquisadores em universidades. Desta maneira,
as experimentações podem ser realizadas e testadas dentro dos centros de pesquisa antes de irem para o
mercado de trabalho, reduzindo de certa forma os riscos que a inovação possui, pois “as barreiras à
entrada nesse campo sempre incluíram extensos recursos de pesquisa e desenvolvimento e a capacidade
de absorver perdas e os riscos inerentes às experiências” (KOULOPOULOS, 2011, p.7). Teremos assim
possibilidade de bons resultados tanto para o ensino do telejornalismo quanto para as empresas.
Outra solução que apresentamos já é realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina que desde
2012 possui um telejornal, diário, 100% produzido por alunos da graduação em Jornalismo e transmitido
ao vivo, de segunda à sexta-feira, via streaming pelo Youtube. Sem ligação com empresas privadas, esta
alternativa tem como objetivo formar profissionais com espírito crítico e criativo, porém com
responsabilidade e ética através de uma prática de extensão. O TJUFSC, Telejornal Universitário da
Universidade Federal de Santa Catarina, possibilita aos alunos o ganho de experiências antes mesmo de
entrarem no mercado de trabalho. De cunho laboratorial, o telejornal oportuniza o aprendizado de
técnicas de produção audiovisual, reportagem, edição e transmissão via internet, na mesma velocidade
que as novas tecnologias e inovações do mercado de trabalho avançam, pois trata-se de um jornal de
verdade, com assuntos de verdade, produzido por alunos com o auxílio de equipamentos digitais, ou seja,
salva as limitações financeiras, da mesma categoria que os equipamentos utilizados pelas empresas
telejornalísticas que atuam no mercado. Essa prática oportuniza aos alunos não só a vivência
telejornalística, nem tampouco a rotina de produção, mas o conhecimento de novas tecnologias e
equipamentos que eles irão se deparar ao entrar no telejornalismo profissional.
Este tipo de projeto, por si só, já é uma inovação (ser um telejornal diário, produzido 100% por alunos, e
com transmissão ao vivo) e pode ser replicado por outras instituições de ensino que pretendam maximizar
o aprendizado de seus graduandos em jornalismo, sem grandes custos. Este modelo apresentado pela
UFSC pode ser facilmente adaptado à instituições com orçamentos mais modestos através de
equipamentos mais simples, como câmeras fotográficas digitais encontradas facilmente no mercado ou
webcam's e microfones de qualidade e valor inferior. O importante é oportunizar a prática jornalística de
maneira imersiva. Desta forma, prática com auxilio teórico, possivelmente teremos profissionais melhores
capacitados para exercerem funções no telejornalismo que o mercado de trabalho demanda. Aumentando
não só a qualidade das produções televisivas, como também a qualidade no ensino do jornalismo.
Considerações finais
Projetos de extensão que priorizem a prática telejornalística podem ser ferramentas de grande
potencial para as empresas privadas através de parcerias estabelecidas com universidades. "A relação
menos preconceituosa e dogmática entre academia e mercado só teria a fortalecer ambos, privilegiando a
sociedade, o receptor final de todo este processo” (BRASIL, 2012. p.4). Através das parcerias, estudos
empíricos e etnográficos poderiam ser desenvolvidos a fim de obter resultados que auxiliem, por
exemplo, parâmetros para a contratação de profissionais, possibilitando a criação de critérios de
contratação para as empresas em trabalho conjunto com os professores (BRASIL, 2011). Estes, por
estarem inseridos nos projetos, têm maior capacidade de avaliação dos alunos e de uma melhor
observação sob as demandas de pessoal existentes no mercado de trabalho. Da mesma forma, as
universidades poderiam potencializar o ensino de tal forma que seria possível formar mais profissionais e
de maior qualidade. Assim, teríamos a oportunidade de melhorar a qualidade não só do ensino, mas do
telejornalismo.
O processo de produção do telejornalismo está em transformação e entendemos que cabe à academia
adaptar-se a nova realidade que é criada e recriada a cada dia por consequência das inovações. Neste
artigo apresentamos algumas propostas de atividades que já estão em prática e que acreditamos ser
possibilidades de ampliar a qualidade do ensino em telejornalismo e inovar de dentro para fora. Ou seja,
as universidades, por maiores que sejam suas limitações físicas e financeiras, podem ser referencias para
empresas privadas em relação a inovações e dessa forma, aumentar a qualidade do telejornalismo e do
ensino.
Referências
BRASIL, Antonio; EMERIM, Cárlida. Por um modelo de análise para os telejornais universitários.
Seminário Internacional Análise de Telejornalismo: desafios teórico metodológicos, 2011.
CANAVILHAS, João; SATUF, Ivan. (Orgs.). Jornalismo para Dispositivos Móveis: produção,
distribuição e consumo. Covilhã: Livros LabCom, 2015.
KOULOPOULOS, Thomas. Inovação com resultado: o olhar além do óbvio. São Paulo: Editora
Gente/Editora SECAC São Paulo, 2011.
Avaliação formativa: contribuições para avaliação de atitudes e
comportamentos profissionais em uma Escola Médica
Resumo
As Diretrizes Nacionais para o Curso de Graduação em Medicina enfatizam que o médico deve ter
formação humanista, crítica e ética, da compreensão biopsicossocial do processo saúde-doença. A
avaliação formativa do Studium Generale (AFSG) é tida como parte do processo ensino-aprendizagem, à
medida que variáveis referentes à postura ética-profissional são desenvolvidas. Objetivos: Relatar o
processo de avaliação formativa no curso de medicina do módulo Studium Generale (SG) da Faculdade
de Ciências da Saúde de Barretos. Relato: O SG é um módulo que trabalha a humanização em saúde,
ocorre semestralmente. São vários os critérios referenciados da AFSG, sobretudo em relação ao saber ser
e ao saber fazer preconizados de acordo com as Diretrizes, para a assimilação de uma prática humanizada
da profissão. Aos acadêmicos são trabalhados esses critérios com feedback formais e informais de
maneira individualizada, resultando em uma progressão ou não no curso. Resultados: A AFSG vem
colaborando com o entendimento dos alunos em relação as suas fragilidades e fortalezas em relação ao
comportamento ético e humanizado que tal profissão preconiza. Conclusões: A escola médica é um
espaço oportuno para trabalhar comportamentos em relação a prática profissional. AFSG vem sinalizando
ao discente o caminho para prática humanizada na saúde.
Introdução e objetivo
Este trabalho tem como objetivo relatar o processo de avaliação formativa no curso de Medicina
dentro do módulo Studium Generale (SG) da Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos – Dr. Paulo
Prata (FACISB). O Studium Generale é um módulo curricular transversal que ocorre nos oito semestres
da formação do discente na FACISB. É um programa de aprendizagem que colabora para a formação
cidadã dos estudantes, uma vez que possibilita a ampliação do repertório analítico e cultural dos
discentes.
É um módulo transversal que tem como objetivo trabalhar com as questões cognitivas, de habilidade
e competência em relação a temas sociais, culturais e econômicas da sociedade vigente, por meio de
conceitos providos das ciências humanas e afins, corroborando assim com o desenvolvimento do
pensamento crítico-reflexivo, autônomo e humanístico dos discentes do Curso de Medicina no sentido de
uma prática profissional cada vez mais humanizada no campo da saúde.
O módulo consta de duas formas de avaliações a saber: a de produção, chamada de APSG (avaliação
produtiva do Studium Generale) que possui uma vertente voltada para as questões de caráter mais
cognitivo e a de avaliação formativa AFSG (avaliação formativa do Studium Generale) a qual são
valorizadas as questões relacionadas a atitudes e comportamentos, sendo dividida em “saber ser” e “saber
fazer”, ambas as avaliações são critério referenciadas.
Os critérios selecionados para a AFSG são fundamentados nas Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Medicina (2014, p. 1), de acordo com o perfil do egresso, onde se espera do futuro profissional
médico uma
(...) formação geral, humanista, crítica, reflexiva e ética, com capacidade para atuar nos diferentes
níveis de atenção à saúde, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, nos
âmbitos individual e coletivo, com responsabilidade social e compromisso com a defesa da cidadania, da
dignidade humana, da saúde integral do ser humano e tendo como transversalidade em sua prática,
sempre, a determinação social do processo saúde doença.
Os componentes a serem avaliados consistem na participação dos alunos nas atividades propostas,
tais como análise de filmes, participação em dinâmicas, dramatizações, trabalho de campo, trabalhos de
sensibilização, trabalho em grupo, pesquisa e elaboração de conhecimentos, leituras e discussões de
textos, com criatividade, iniciativas de aprendizagem, pontualidade e atitudes positivas que facilitam a
convivência em grupo, dentre outros.
Metodologia
Discente: X
Docente: X
As informações coletadas nesta ficha serão utilizadas para a avaliação do estudante e melhoria do
processo de ensino-aprendizagem. Os campos abertos devem ser preenchidos de maneira a justificar a
avaliação final e permitir a identificação dos pontos fortes e dos aspectos que requerem melhoria.
O discente:
O discente apresentou:
( ) atitude ética;
( ) responsabilidade;
( ) pontualidade;
( ) assiduidade;
( ) soube respeitar as demandas das atividades e dos encontros (não se envolveu em conversas
paralelas, fazer uso de outros materiais acadêmicos, fazer uso de aparelhos eletrônicos sem fins
pedagógicos etc).
Nota Final: ( )
É interessante notar que, há um espaço para os comentários tanto para os docentes e como para os
discentes poderem manifestar o seu entendimento em relação a sua percepção da avaliação.
Na avaliação formativa o discente irá receber uma pontuação de 0 a 10 que representará 30% (0.3)
da nota final. A avaliação formativa será acompanhada durante todos os encontros dos eixos. Esta
avaliação do desempenho critério referenciada do discente será entregue em uma data específica que
sinaliza o "meio" do cada módulo e outra avaliação formativa no final de cada módulo. No final de cada
período, após as duas avaliações dos eixos temáticos serem concluídas será realizada uma média
aritmética das duas avaliações e este valor será multiplicado por 0.3.
Resultados e discussão
E de fato esses espaços são utilizados e a AFSG de maneira individualizada vem colaborando com a
percepção e entendimento dos alunos em relação as suas fragilidades e fortalezas em relação ao
comportamento ético e humanizado que tal profissão preconiza. Pode-se perceber isso no relato de uma
acadêmica: "Professor admiro muito a sua esperança de fazer nós alunos refletirmos e até mesmo
mudarmos nossas posturas sobre algumas questões. Obrigada pelas críticas e por acreditar na gente".
A escola médica é um espaço oportuno para trabalhar comportamentos, valores, posturas em relação
a prática profissional. Para além da atenção do Curriculum Oculto a avaliação formativa vem sinalizando
ao discente o caminho para prática humanizada na saúde.
Referências
Resumo
O presente trabalho objetiva uma análise crítica acerca da possibilidade de repensar a função do
acesso às informações jurídicas, de modo a permitir uma verdadeira ampliação do acesso à justiça,
especialmente ao refletir sobre o papel das escolas, na formação cidadã das crianças e adolescentes. Com
a utilização de metodologias diferenciadas, realizadas num projeto de extensão universitária, na
Faculdade de Direito, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, na cidade de Campinas/SP, durante os
anos de 2014 e 2015. Valendo-se de uma didática de fácil acesso, especialmente no que tange ao emprego
de uma linguagem mais aberta e de compreensão mais simples, foi explicitado a crianças e jovens de
algumas escolas públicas da cidade de Campinas, estado de São Paulo o papel do direito na vida das
pessoas. Fundamentando-se nas disposições constitucionais, especialmente o artigo 5°, inciso XXXV,
buscou-se, por meio do acesso às informações, concretizar o conhecimento jurídico, como disponível a
todos, sem qualquer tipo de restrição ou impedimento. Trazer o direito para a vida das pessoas, por meio
de ações específicas, como a realização das atividades extensionistas universitárias, por exemplo, foi uma
experiência que enriqueceu a todos, tornando possível a modificação do status quo.
Introdução e objetivos
Somado a isso, mostra-se fundamental aproximar as pessoas de seus direitos, quando nem sempre
tem conhecimento disso, de modo a colaborar para o seu crescimento pessoal, melhorando suas
expectativas de vida, almejando algo melhor para si e para a sua família.
Com a perfeita identificação dos problemas mais usuais e o contato direto com a comunidade, o
objetivo passou a ser, também, a demonstração da possibilidade de prevenção de muitos dos conflitos que
eventualmente possam surgir, como forma de garantir a paz social. Por fim, não sendo possível a
prevenção ou a composição extrajudicial dos conflitos, serão feitos os encaminhamentos aos órgãos e
locais necessários para a satisfação das eventuais pretensões jurídicas.
Alcançando-se os objetivos gerais acima elencados estar-se-á não só propiciando a adequada
extensão, como também fomentar-se-á a pesquisa e o ensino com base nos dados e trabalhos realizados, o
que evidentemente preenche os objetivos do projeto pedagógico do curso, como também os próprios
anseios da Universidade.
Importante destacar que o desenvolvimento das ações de extensão possui seis principais etapas,
resumidas da seguinte maneira: seleção e capacitação de alunos para a identificação dos principais
problemas jurídicos do grupo a ser trabalhado; trabalhos de campo com os alunos selecionados para
efetiva identificação dos problemas de maior incidência e interesse do grupo social a ser trabalhado;
capacitação dos alunos para preparação de material didático e realização dos encontros com a
comunidade para troca de experiências e esclarecimentos quanto aos problemas levantados; preparação
do material didático necessário para o desenvolvimento das ações de extensão e maior esclarecimento da
comunidade; e realização prática de diversas ações de extensão por meio de cursos, palestras, orientações
básicas e entrega de material didático nas localidades previamente selecionadas e que passaram pelas
entrevistas anteriores, com o objetivo de capacitar os cidadãos e para melhor compreensão do significado
de cidadania e de seus direitos, bem como pela busca da prevenção como forma de pacificação social,
bem como encaminhamento aos órgãos competentes para satisfação das eventuais pretensões resistidas.
Resultados
Evidentemente que, com o desenvolvimento adequado dos trabalhos, tornar-se-á possível demonstrar
aos alunos a importância da aplicação prática e social daquilo que aprendem e, com isso, fazê-los atuar
corretamente como protagonistas do processo de aprendizagem, tornando viável a transformação da
informação em conhecimento e fomentando o ensino, pesquisa e extensão. Dessa forma, propiciará o
desenvolvimento de alunos em agentes transformadores e protagonistas do processo de ensino
aprendizagem.
Discussão
Quando se diz que alguém tem uma “teoria” sobre determinado tema ou assunto, pretende-se com
isso, na maioria das vezes, dizer que esse alguém tem uma hipótese ou um conjunto de argumentos
adequados para explicar ou compreender um determinado fenômeno ou uma determinada conexão de
fenômenos. Nesse sentido, a “teoria”, ao pretender explicar ou compreender uma conexão de
acontecimentos, tem como intuito mostrar “como as coisas são”. Em se tratando de uma teoria científica,
a explicação deve também prever os eventos futuros, ou então de compreender os eventos no mundo de
tal maneira a produzir também prognósticos a partir de conexões significativas encontradas. E uma teoria
é confirmada ou refutada conforme as previsões e os prognósticos se mostrem corretos ou incorretos.
Em um outro sentido, entretanto, a “teoria” se contrapõe à “prática” segundo a idéia de que há uma
diferença qualitativa entre “como as coisas são” e “como as coisas deveriam ser”. Nesse segundo sentido,
a prática não é a aplicação simples da teoria, mas um conjunto de ideias que orientam a ação, com base
em princípios, segundo os quais se deve agir para moldar a própria via e o mundo. Na tradição de
pensamento do idealismo alemão, por exemplo, inaugurada por Immanuel Kant (1724-1804), esse
segundo sentido de “prática” é o mais elevado, aquele que é objeto da “filosofia prática”, que abrange
disciplinas como a moral, a ética, a política e o direito.
Referências bibliográficas
AQUINO, Líbia Maria Serpa; BOPP, Marjie Dee Weber. Direito aplicado à educação. Universidade
luterana do Brasil (ULBRA). Curitiba: Ibpex, 2008.
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avaliação. Dissertação (Mestrado em Educação). Campinas: Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, 2009.
BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Ética, educação, cidadania e direitos humanos: estudos filosóficos
entre cosmopolitismo e responsabilidade social. Barueri: Manole, 2004.
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Trad. Ellen Gracie Nortfleet. Porto Alegre:
Sérgio Antônio Fabris, 2002.
DOS SANTOS, Marcos Pereira. Contributos da extensão universitária brasileira à formação acadêmica
docente e discente do século XXI: um debate necessário. In: Revista Conexão. 6. ed. Ponta Grossa:
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LOPEZ, Elaine Marta Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, Cynthia Greive (Org.). 500
anos de educação no Brasil. Belo Horizoente: Autêntica, 2000.
ORTIZ, Mara Fernanda Alves. Educação para o consumo: diagnóstico da compreensão do mundo
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Universidade de Campinas, 2009.
TRINDADE, Edi Aparecido; MELLIM FILHO, Oscar (Org.). Acesso à justiça. Campinas: Alínea, 2012.
Método educacional psicodramático como estratégia inovadora em curso
de licenciatura em química
Resumo
Este trabalho relata uma experiência realizada no âmbito de um curso de licenciatura em química de
uma universidade federal, que utilizou o método educacional psicodramático (MEP) como estratégia de
ensino e cujo objetivo era promover uma reflexão sobre o livro didático. Por meio do MEP foi possível
levantar as percepções dos licenciados sobre os seus livros didáticos, considerados como objetos da
conserva cultural (MORENO, 2013), acompanhar a reavaliação dessas percepções e a construção de
novas concepções, como resposta espontânea e criativa ao livro de química atual.
Introdução e objetivos
Para que os futuros professores adquiram posturas inovadoras, é preciso que os formadores ousem
em suas propostas pedagógicas, mostrando na prática e pela prática que é possível fazer diferente
(ALTARUGIO, 2017).
Neste trabalho relataremos uma experiência que consideramos inovadora, dentre as várias já
realizadas no curso de licenciatura em Química da Universidade Federal do ABC, utilizando o Método
Educacional Psicodramático (MEP) como estratégia de ensino, em uma das turmas da disciplina de
Práticas de Ensino de Química. O objetivo da atividade aplicada foi promover uma reflexão sobre o livro
didático de química do ensino médio a partir das percepções iniciais dos licenciandos, acompanhar o
processo de reavaliação e geração de novas concepções contidas na proposta de um livro melhor.
Metodologia
Maria Alicia Romaña criou o MEP com base na teoria e nas técnicas do psicodrama (MORENO,
2013), inspirada também em Paulo Freire e em diversos filósofos, psicólogos e educadores. Seu método
educacional tem a preocupação central de desenvolver uma consciência crítica e reflexiva em seus atores
para obter uma compreensão do mundo com autonomia e compromisso (ROMAÑA, 2004).
Depois de acumular experiências, Romaña (1992) estruturou sua metodologia em três passos no que
se refere à aproximação ao conteúdo ou tema que será desenvolvido pelo professor: aproximação intuitiva
ou afetiva; racional ou conceitual, e funcional. Cada um deles ajustado aos três planos de vivência
dramática (real, simbólico e fantasia) e aos três níveis de operação do pensamento (análise, síntese e
generalização).
No caso dessa experiência, quatorze alunos desenvolveram uma atividade cujo objetivo era refletir
sobre um dos recursos mais utilizados pelos professores em sala de aula, o livro didático. A atividade foi
iniciada pela aproximação afetiva com o tema, sugerindo que os alunos resgatassem suas memórias
acerca dos seus livros didáticos de química do ensino médio. Em seguida, pediu-se que reproduzissem,
individualmente, numa folha de papel, uma página desse livro por meio de uma ilustração e de um
pequeno texto retratando as lembranças ligadas a essa página. O segundo passo do método consistiu em
fazer a aproximação conceitual, solicitando aos licenciandos que, coletivamente, reunissem todas as
memórias em um único livro, escolhendo capa, título e sumário. Por fim, a aproximação funcional exigiu
que os alunos formassem um comitê responsável por propor um novo livro de química, definindo sua
capa, título e sumário.
Os dados coletados foram analisados com base no registro em vídeo e nas produções escritas dos
alunos e discutidas à luz da teoria do MEP e dos conceitos de conserva cultural, espontaneidade e
criatividade no psicodrama moreniano.
Resultados
O livro didático, fruto do primeiro e segundo passos do MEP, mostrou as percepções dos alunos em
relação aos conteúdos químicos e às estratégias de ensino abordadas pelos livros. Nele, emergiram
também as dificuldades enfrentadas durante a aprendizagem dessa disciplina, tanto em relação aos
conceitos quanto às metodologias de seus professores. A aproximação afetiva ao tema também trouxe à
tona emoções e sentimentos que acompanharam esses alunos nessa fase da educação básica.
O terceiro passo do MEP, que resultou na construção de um novo livro, mostrou as concepções
iniciais reavaliadas. No entanto, em alguns aspectos, o novo livro manteve características do livro anterior
(parte dos conteúdos e da estrutura do sumário); por outro lado, os licenciandos sugeriram algumas
inovações (capa e título), na tentativa de tornar o material, segundo eles, mais atrativo e interessante para
seus usuários.
Discussão
Moreno, criador do Psicodrama, cunhou a noção de conserva cultural para se referir a todos os
objetos materiais, comportamentos, usos e costumes de uma dada cultura, resultados da criação humana,
mas que se cristalizam no tempo. O livro didático é um exemplo de conserva cultural dentro do contexto
escolar porque leva muito tempo para sofrer transformações, mesmo mínimas.
O problema das conservas culturais é que, se não forem reavaliadas, podem se transformar em
obstáculos para a manifestação da criatividade e da espontaneidade. O fato dos alunos preservarem alguns
aspectos do livro didático, demonstra que as crenças e representações sobre a prática docente adquiridas
no período pré-profissional e no ambiente escolar são muito fortes, o que torna difícil a tarefa de mudá-
los na formação inicial (TARDIF; RAYMOND, 2000).
A análise desse conteúdo memorístico real dos indivíduos foi possível por meio da aproximação
afetiva. Num esforço conceitual de síntese, os alunos dramatizaram simbolicamente todo o conteúdo
memorístico do grupo por meio da construção do primeiro livro.
A espontaneidade, “resposta do indivíduo a uma nova situação e a nova resposta a uma antiga
situação” (MORENO, 2013, p. 101) e a criatividade, que possibilita alcança-la, são qualidades humanas
que o psicodrama se propõe a resgatar, convidando o indivíduo a reavaliar as conservas que, porventura,
estejam inibindo sua ação no mundo.
Referências bibliográficas
ALTARUGIO, M. H.; CAPECCHI, M.C.V M. Sociodrama Pedagógico: uma Proposta para a Tomada de
Consciência e Reflexão Docente. Revista Alexandria, v.9, n.1, p. 31-55, 2016.
MORENO, J.L. Psicodrama. Tradução de Álvaro Cabral. 16ª ed. São Paulo: Cultrix, 2013
ROMAÑA, M.A. Construção coletiva do conhecimento através do psicodrama. Campinas: Papirus, 1992,
112p.
___. Pedagogia do drama: 8 perguntas & 3 relatos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
TARDIF, M.; RAYMOND, D. Saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no magistério. Educação &
Sociedade, n.73, dez, p.209-244, 2000.
Metodologia ativa - o uso da sala de aula invertida
na disciplina de Ciências Moleculares e Celulares
Resumo
No referido modelo, estuda-se antes da aula e essa se torna o lugar de aprendizagem ativa. O
material didático utilizado é previamente disponibilizado online. O modelo aplicado na Kroton, é baseado
em três tempos (a) pré-aula, (b) aula e (c) pós-aula. Na pré-aula o aluno tem acesso ao material didático
para se preparar para aula; no tempo da aula, as atividades que envolvem uma quantidade significativa de
questionamentos são fundamentais, assim como resolução de problemas e discussões, já no pós-aula, os
alunos são incentivados a desenvolverem atividades online, que podem ser computadas como
diagnósticos da deficiência de aprendizagem. Os resultados obtidos até o momento, foram mensurados
por meio das avaliações bimestrais e pela participação na avaliação ENADE (aumento de nota do curso)
de 2016, comprovando o ganho de conhecimento por parte dos alunos.
Introdução
A Kroton baseada na concepção de que o mundo mudou, e que a mentalidade das pessoas e o
mercado de trabalho também mudaram, buscou uma evolução para seu método de ensino, e concordando
com a opinião de Tapscott e Williams (2010), mostra que o modelo pedagógico baseado em aulas
expositivas em sua totalidade, deixou de ser interessante ou atrativo para o aluno. A aprendizagem
baseada na transmissão pode ter sido adequada no passado, atendendo aos aspectos da economia e das
formas de produção da época. Para atender uma geração de estudantes que estão inseridos numa
sociedade conectada e com economia globalizada, mas também com profundas e marcantes assimetrias,
do mundo contemporâneo, são necessárias novas formas de ensino-aprendizagem.
Apesar de ter fortes influencias do mercado de trabalho na construção de seus materiais didáticos,
não é negligenciado o conteúdo exigido pela diretriz curricular de cada curso de graduação, sendo que a
construção destes materiais possibilita um referencial de aprendizagem de conteúdo, que oferece aos
estudantes uma educação personalizada, ajustada sob medida as suas necessidades profissionais.
Objetivo
Esse projeto visa demostrar como ocorre a produção do material didático e sua disponibilização,
para utilização dos três tempos didáticos estabelecidos por essa metodologia. Usaremos como exemplo a
disciplina de Ciências Moleculares e Celulares.
A metodologia de estudo envolvida neste projeto consiste na produção do material didático, dividida
em:
-BSC (Balanced Scorecard) que foi usado pela IES como forma de disponibilizar todas as
informações pertinentes de cada disciplina, em formato de excel, contem: nome da disciplina, área de
atuação primária e secundária, competências gerais e técnicas, as unidade de ensino, os temas de seção, os
conteúdos que estão ligados a cada seção (variáveis de acordo com a carga horária), o produto (atividade)
que o aluno deve elaborar ao final de cada unidade, a carga horária teórica e prática e os locais onde
acontecerão as aulas. Ainda a natureza da disciplina se é de fundamentação teórica (a antiga disciplina
básica) ou se é profissionalizante, possibilitando a aquisição de experiência prática ao que se refere a
disciplina.
-Livro didático – divido em 4 unidades com 3 seções cada, completando 12 seções, correspondente a
12 semanas de aula. Portanto, cada seção se refere a um dia de aula. Os conteúdos de cada aula são
interligados e o aprendizado se dá em espiral, com conhecimento crescente. Assim o aluno terá a
construção do conhecimento em determinada área de estudo, com colocações atuais, tendo motivação em
aprender.
-Arquivo de pré-aula com questões conceituais, da seção que será tratada em aula, trabalhando o
autodesenvolvimento e a autoaprendizagem.
-Arquivo de pós-aulas com questões conceituais, que irão proporcionar ao aluno uma verificação da
aprendizagem, ou se houve a compreensão dos conceitos trabalhados no Livro didático e posteriormente
explicados em sala de aula.
-Roteiro de aulas práticas – para disciplina que possuam carga horária prática, esse roteiro será
redigido mediante informações do conteúdo trabalho na disciplina, bem como de acordo com as
instalações laboratoriais disponíveis.
-Disponibilização dos demais materiais – pelo moodle - AVA, facilitando o acesso em celulares,
tablets, computadores de modo geral.
Resultados
Discussão
A implantação da metodologia de ensino ativa KLS 2.0 passou por um processo que buscou
mudanças de paradigmas, os professores antes habituados as aulas convencionais, passaram por intenso
treinamento, que se estendem até a data presente. Os alunos de primeiro semestre são incentivados aos
estudos preparatórios, com bônus de notas, para assim se acostumarem a efetuar os estudos prévios. Isso
traz para a sala de aula, uma população de alunos um pouco mais preparada para ouvir, e ter argumentos
para discutir, tirar dúvidas a respeito de conteúdos diversos, facilitando o aprendizado. A argumentação
teórica que se forma com o trabalho da pré–aula, é notória, pois os alunos contemplam uma preparação
prévia para os assuntos que serão discutidos em aula, fazendo com que a aula possa fluir com mais
facilidade, permitindo muitas vezes o aprofundamento do assunto. Para os alunos de segundo semestre o
benefício desta metodologia já fica evidente e os bônus não são mais necessários.
O ENADE realizado para os cursos de Fisioterapia deste ano, tiveram alunos KLS, e a conquista de
melhores notas, demonstrou que a Kroton está no caminho certo, conciliando educação com tecnologia,
tendo inúmeros ganhos no processo de ensino-aprendizado de maneira significativa, valorizando a
capacidade dos discentes em estudos prévios e autodirigidos.
Referências bibliográficas
TAPSCOTT, D.; WILLIAMS, A. Innovating the 21st-century university: It’s time! Educause review,
New York: Penguin Group, v. 45, n.1, p. 16-29. 2010.
Simulação interprofissional como
metodologia de ensino-aprendizagem
Co-authors: Sônia Santiago, Ana Zurron, Nicolle Sant'Ana, Paula Orofino Moura Costa
RESUMO
As propostas pedagógicas que substituem o ensino fragmentado, por aquelas que ofereçam subsídios
para a formação de indivíduos crítico-reflexivos e propõem um currículo baseado em competências na
integração de saberes, valores, habilidades e atitudes têm substituído o ensino tradicional em ciências da
saúde. A simulação é uma metodologia de ensino apoiada na tecnologia, que permite segurança no
processo de assistência ao paciente e eficácia no desenvolvimento de habilidades e competências do
aluno. Esse relato tem como objetivo apresentar as atividades de simulação desenvolvidas na disciplina
Programa Interdisciplinar Comunitário nos cursos de saúde do Centro Universitário do Norte –
Manaus/AM, que propõe atividades de ensino-aprendizagem com alunos de diferentes cursos da saúde,
juntos, focando na atenção básica em saúde. Assim, a simulação remete a situações reais e significativas
para a vida profissional, ampliando o desenvolvimento dos domínios cognitivo, afetivo e psicomotor que
resultam em eficácia formativa na integração de saberes e da colaboração interprofissional. Essa
disciplina, até o momento, apresenta resultados positivos, decorrentes da participação das diferentes
profissões com o mesmo propósito de atendimento à comunidade. Para a região amazônica a simulação é
uma metodologia de ensino inovadora que representa uma possibilidade de mudança para o ensino em
ciências da saúde.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Divisão dos alunos (2º semestre de 2015 e no 1º e 2º semestres de 2016) dos cursos de biomedicina,
estética e cosmética, farmácia e serviço social em grupos.
Preenchimento das planilhas após “conversa” com moradores sobre as condições de vida dos
mesmos.
Avaliação da participação e aprendizado dos alunos nas simulações por meio de debates pós
cenários.
Aplicação dos projetos nas comunidades e preenchimento da planilha durante e ao final do projeto
ter sido implantado.
Discussão dos resultados obtidos com professores/tutores, após aplicação dos projetos para resolução
das problemáticas encontradas (análise das planilhas, relatos de moradores e fotos).
RESULTADOS E CONCLUSÃO
Os resultados mostraram que houve envolvimento (aproximadamente 65%) dos moradores das
comunidades, onde pode ser observado participação ativa na coleta seletiva de lixo, agendamento de
consultas médicas na rede pública para exames diagnósticos de rotina, participação ativa nas palestras de
educação e orientações sobre os diversos temas, como educação ambiental e de saúde, violência,
educação sexual, entre outros.
Cenário Aprendizado
Educação ambiental e de saúde Registro dos problemas mais evidentes encontrados na comunidade;
DISCUSSÃO e CONCLUSÃO
O PIC está inserido no currículo de todos os cursos de graduação da Escola de Ciências da Saúde do
Centro Universitário do Norte (UniNorte/Laureate), promovendo ações de atenção básica, atendimento a
comunidades e projetos sociais. A unidade curricular acontece com a formação de subgrupos que são
compostos por estudantes de diferentes cursos e orientados por professores da escola, de formação em
saúde. Os estudantes visitam as comunidades, buscam a problemática que mais a atinge e retornam à
universidade para desenvolver um projeto de solução.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Faria, ALJ. & Cocato, ML. Aprendizagem Baseada em Projetos, p 125 -137. In: Metodologias Ativas:
Aplicações e Vivências em Educação Farmacêutica, 2a Ed. 2013
2. OMS. Marco para Ação em Educação Interprofissional e Prática Educativa. 2010. Ed. Freelance,
Genebra, Suiça. Disponível em: http://www.fnepas.org.br/oms_traduzido_2010.pdf Acesso em 03-10-
2017.
RESUMO
A inovação pedagógica tem sido tema atual na universidade, porém, pensá-la para além da aplicação
técnica e metodológica, configurada como ruptura epistemológica, não é uma constante. Deste modo, a
partir de abordagem qualitativa, o objetivo deste trabalho foi trazer a discussão acerca da concepção de
inovação identificada em três estudos realizados, sendo dois deles resultados de dissertação de mestrado
no campo da formação pedagógica do docente universitário, e um referente a projeto de pesquisa
financiado pelo MCTI/CNPq/Capes. Os resultados mostram que muito há a trabalhar a formação
pedagógica do docente universitário, proporcionando-lhe aquisição de saberes próprios da docência. O
assessoramento pedagógico surge como responsável pela construção de espaços institucionais de
formação, que devem fomentar a inovação pedagógica como ruptura epistemológica.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Partimos, então, da concepção de inovação pedagógica como prática protagônica que acontece no
processo de ensino e que leva a rupturas com práticas habituais desse processo. De tal forma, interrompe
comportamentos que se repetem no tempo e determinam o paradigma dominante (LUCARELLI, 2003). A
ruptura, a partir da ótica epistemológica, se dá ao compreender que a inovação se diferencia dos
rearranjos metodológicos e acontece quando se assume que a produção do conhecimento se dá para além
da perspectiva dominante (CUNHA, 2006).
Esse cenário emoldura o estudo, que objetiva trazer a discussão acerca da concepção de inovação, a partir
da identificação desse conceito em três estudos realizados, sendo dois deles resultados de dissertação de
mestrado no campo da formação pedagógica do docente universitário, e um deles referente a projeto de
pesquisa que desenvolveu formação pedagógica junto a docentes de uma universidade federal brasileira.
A partir de abordagem qualitativa, esse estudo se desenvolveu por meio da articulação de três trabalhos
empíricos realizados ao longo dos anos de 2014 e 2017. A análise dos dados se efetivou à luz da teoria
produzida no campo da Pedagogia Universitária, com vistas a trazer à discussão o conceito de inovação
pedagógica, produzido pelos atores que compõem os estudos
No primeiro, Xavier (2014) tratou dos desafios da prática docente em contextos de inovação curricular,
especificamente no modelo da Universidade Nova. No segundo estudo, Carrasco (2016) discutiu as
concepções que orientam a prática de assessoramento nos espaços responsáveis pela formação
pedagógica do docente universitário, dentre as quais se destacou a concepção de inovação. O último
estudo diz respeito a um projeto de pesquisa financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação, em parceria com o CNPq/Capes, intitulado “Inovação curricular implica em inovação
pedagógica? Investigação da prática pedagógica na Universidade Nova”. Essa pesquisa foi desenvolvida
junto a docentes de uma universidade federal no estado de Minas Gerais, que assumiu um modelo
curricular dos Bacharelados Interdisciplinares. Relacionou inovação curricular com a inovação
pedagógica, a partir de atividades de formação, que se organizaram em seminários participativos e
dinâmicas de grupo, leituras e escritas refletidas,
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para que as práticas pedagógicas atinjam os objetivos almejados em projetos que contemplam inovações
curriculares, é necessário que os docentes compreendam tais propostas, uma vez que estas impactam
diretamente na construção dos projetos pedagógicos dos cursos e em suas próprias práticas. A partir dessa
premissa, a pesquisa desenvolvida por Xavier (2014) evidenciou que 70% dos sujeitos pesquisados, todos
docentes universitários de um curso de Bacharelado Interdisciplinar, modelo curricular derivado da
Universidade Nova, declararam ter conhecimento das propostas de inovação curricular para o ensino
superior brasileiro. Demonstrou que os docentes têm consciência de que impor inovação curricular não é
condição suficiente para que a inovação pedagógica aconteça, visto que para 100% dos participantes essa
não é uma relação de consequência. Ainda assim, a concepção de inovação pedagógica que demonstram
se refere, de acordo com 60% dos docentes participantes, a mudanças metodológicas no processo de
ensino, sem a necessária mudança paradigmática que caracteriza a inovação pedagógica.
Nessa direção, a pesquisa de Carrasco (2016) buscou entender a concepção de inovação dos centros de
formação de três universidades públicas estaduais, visto que tais centros se responsabilizam pela
formação oferecida ao corpo docente universitário. Constatou que sobre a concepção de inovação há
divergência institucional, o que, por vezes, dificulta o trabalho dos centros de formação pedagógica.
Evidencia que há preocupação por parte dos centros estudados, no sentido de não definirem a inovação
apenas como instrumentalização da aula por meio da tecnologia ou de metodologias diferenciadas.
Segundo os assessores entrevistados, a instrumentalização pode fazer parte do processo, mas sozinha não
se configura como inovação (CARRASCO, 2016).
Ao passo em que a literatura referenda que os docentes precisam se ver como atores do processo de
formação, tendo interesse e sendo ativos nesse processo, também verificamos que a construção de saberes
pedagógicos continua desqualificada na docência universitária. Essas questões potencializam o desafio
vivenciado tanto por docentes que se veem frente a necessidade de inovarem suas práticas, como para os
espaços responsáveis pela formação pedagógica do docente, vez que as concepções de inovação
necessitam ser construídas, para que se reflitam em processos de ruptura na prática pedagógica.
REFERÊNCIAS
Esse texto busca relatar uma experiência realizada numa disciplina oferecida no curso de Pedagogia
da Faculdade de Educação da Unicamp, no primeiro semestre de 2015: EP 107 – Introdução à Pedagogia
– Orientação ao Trabalho Pedagógico.
Já dissemos antes (Sadalla e Azzi, 2004) que a temática da afetividade é tão antiga quanto o homem
e tem sido pesquisada por diversos autores a partir de diferentes expressões. Engelmann (1978), buscando
analisar os estados subjetivos, pesquisou as variações semânticas de palavras como emoções, sentimentos,
estados de ânimo, paixão, afeto esperando conseguir precisar as especificidades de diferentes línguas.
Descobriu que a maioria dos autores reconhece a necessidade de fazer distinções e que, apesar de não
haver um consenso na diferenciação desses termos, há uma concordância em relação ao que não está
sendo precisado pela literatura.
Pensamentos e ideias sobre Educação e ensino derivam do passado de experiências que têm
influências importantes na formação e nos fundamentos da prática docente. O professor, então, seria
simplesmente o reflexo de suas memórias? Ensinaria sempre da forma como foi ensinado? Não. Sabemos
que a maneira como cada professor desempenha seu papel de formador, evidenciando através de sua
prática os saberes que possui sobre Educação (mesmo quando tais ações não são intencionais), está
diretamente relacionada com sua história cultural e social, permeada pelas experiências educativas que
vivencia e pelas relações que estabelece nos diferentes espaços formativos. O educador não pode ser
considerado, dentro da perspectiva histórico-cultural, como um reprodutor ingênuo de práticas
preestabelecidas ou das normas oficiais que lhe são impostas; ele é, acima de tudo, sujeito em “um
processo de construção coletivo seletivo, onde se reproduzem, ratificam ou se rejeitam a tradição e as
concepções anteriores e, individual ou coletivamente, se elaboram novas práticas” (Andaló, 1989, p.189).
A proposta educativa reflexiva aqui defendida aponta para a necessidade da formação continuada
como maneira de o profissional perceber as questões emergentes da prática, promover o debate sobre elas
e contribuir para a ampliação da ciência. Pressupõe autoria e compromisso. Falamos de uma relação
indissociável entre o conhecimento científico e a prática cotidiana, bem como da maneira como nos
apropriamos e transformamos a ambos através da atitude reflexiva.
Essa disciplina – EP 107 - é oferecida regularmente aos alunos ingressantes do nosso Curso de
Pedagogia. Apesar de seu caráter obrigatório e de ter uma ementa que nos oriente, cada docente que a
assume pode escolher ir por diferentes percursos teóricos e práticos.
Foram 15 aulas com esta turma. O que temos de (guar)dados são textos e discussões riquíssimas que
nos emocionaram e nos alimentaram semanalmente.
ENGELMANN, A. (1978). Os estados subjetivos: uma tentativa de classificação de seus relatos verbais.
São Paulo: Ática.
SADALLA, A.M.F.A. e AZZI. R.G. (2004). “Contribuições da afetividade para a Educação”, in:
RIBEIRO DO VALLE, L.E.L. (Org.), Neuropsicologia e Aprendizagem. São Paulo: Robe Editorial. p.
343 – 354.
VIGOTSKI, L.S. (1984). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.
INCLUSÃO E TRAJETÓRIA DE UM ALUNO COM CEGUEIRA NO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA DA
FCM/UNICAMP
Authors: Maria Elisabete Gasparetto, Rita de Cassia Montilha, Christiane Marques Couto, Zelia Zilda
Bittencourt, Roberto Benedito Paiva e Silva, Angelica Bronzatto Silva, Fatima Aparecida Mendes, Mayla
Myrina Monteiro, Leticia Coelho Ruiz
Resumo
A inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior supõe adoção de ações pedagógicas e
estruturais que garantam não só o acesso, mas sua permanência e formação adequada. Este estudo que se
caracteriza como estudo de caso, visa descrever as ações realizadas para o acesso e a permanência de um
aluno com cegueira que ingressou no curso de Graduação em Fonoaudiologia da FCM/Unicamp em 2016.
A análise dos resultados foi realizada por meio de observações do desempenho do aluno em diferentes
atividades, relato dos professores, notas e aproveitamento acadêmico do aluno. Para atender às demandas
desse aluno, foi necessária a contratação de recursos humanos, a aquisição de equipamentos e de
materiais específicos, variações nas estratégias de ensino, orientações aos colegas de turma e aos docentes
do curso e adequação de materiais. Todas essas ações permitiram a inclusão do aluno no Curso de
Graduação em Fonoaudiologia.
Introdução
A partir da análise das necessidades do aluno para seu desenvolvimento pleno em todas as atividades
oferecidas no ensino superior, é possível pensar coletivamente no Projeto Pedagógico do Curso, nas
estratégias de ensino, nas adequações e recursos de Tecnologia Assistiva necessários.
Segundo Vygotsky (1989), essas ações devem estar enraizadas nas interações sociais vivenciadas
pelo aluno e oportunizar a participação em todas as atividades acadêmicas oferecidas durante a
graduação. O aluno com deficiência pode encontrar barreiras nessas interações. Por isso é relevante
analisar, discutir, compartilhar ações e recursos de acessibilidade que visem a participação do aluno com
autonomia.
Considerando as ações específicas para a inclusão do aluno cego no ensino superior, este estudo
apresenta o caso de um aluno com cegueira (Amaurose Congênita de Leber), que ingressou no Curso de
Graduação em Fonoaudiologia, em 2016, por meio do processo seletivo do vestibular.
Para garantir sua inclusão, foram necessárias ações com base na Lei Brasileira de Inclusão da pessoa
com deficiência, Nº 13.146, “destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício
dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoas com deficiência, visando à sua inclusão social e
cidadania”.
As ações visaram à organização de serviços que possibilitaram a participação do aluno nas diferentes
disciplinas, o acesso aos conteúdos e materiais do curso de Fonoaudiologia.
Objetivo
Descrever as ações realizadas para o acesso e a permanência de um aluno com cegueira no Curso de
Graduação em Fonoaudiologia da FCM/Unicamp.
Este estudo foi realizado na abordagem metodológica do estudo de caso (Gil, 2010), visando
apresentar as etapas percorridas pela equipe do CEPRE, docentes do Departamento de Desenvolvimento
Humano e Reabilitação, Coordenação do Curso de Graduação, Diretoria da Unidade e a Pró-Reitoria de
Graduação da Unicamp para a inclusão do aluno com cegueira. A análise dos resultados deu-se por meio
de observação do desempenho do aluno nas diferentes atividades, relato dos professores, notas e
aproveitamento acadêmico do aluno.
Resultados
Para atender às demandas do aluno com cegueira, foi necessária a realização de reuniões, inicialmente
com o Pro- Reitor de Graduação da Unicamp, Coordenação e a equipe de Reabilitação do CEPRE,
docentes do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação e a Coordenação do Curso de
Graduação em Fonoaudiologia, para definir a contratação de recursos humanos, a aquisição de
equipamentos e de materiais específicos, as variações nas estratégias de ensino, orientação aos colegas de
turma, orientações aos docentes do curso e adaptação de materiais.
Em relação aos recursos humanos, foi necessária a contratação temporária de um Professor de
Orientação e Mobilidade para que ensinasse o aluno a se locomover na área física do Campus e a
contratação temporária de um pedagogo especializado em deficiência visual.
Em relação aos recursos materiais foram adquiridos para uso do aluno os seguintes equipamentos: um
notebook, fone de ouvido, um display braile e o leitor de tela JAWS.
Para uso dos docentes da Graduação em fonoaudiologia foram necessárias adaptações de materiais
sendo adquiridas peças anatômicas da orelha, ouvido, cavidade nasal, laringe, pulmão e músculos da face.
No primeiro dia de aula, foi realizado pelos docentes envolvidos um processo de sensibilização com
os alunos da turma do aluno, com dinâmicas para que entendessem questões específicas da deficiência
visual, tais como, formas de guiar o aluno e descrever os ambientes e imagens.
Foram realizadas também, reuniões com todos os professores que ministrariam aula para o aluno,
onde foram apresentadas as características da deficiência visual, as possibilidades do aluno e as
necessidades para a sua inclusão. Alguns professores alegavam não estarem preparados para tal desafio e
inicialmente resistiam às orientações.
Foi elaborado um tutorial com informações para a atuação dos docentes com o aluno, com ênfase na
necessidade de descrição das imagens utilizadas em sala de aula.
Como o aluno utilizava a máquina braile que apresenta ruído muito alto, realizou-se adaptação da
mesma para que tivesse seu som abafado. Para que o barulho não atrapalhasse os demais alunos, em dias
de prova o aluno utilizava outra sala.
Para o acesso ao restaurante universitário foi solicitada a reserva de lugar em mesa próxima ao local
onde é servida a refeição.
Foi informado aos professores que o aluno tinha direito ao tempo extra de uma hora, em cada dia de
prova e que este direito deveria ser concedido.
Entre as ações acordadas entre a equipe foi montado um plantão de dúvidas para atendimento aos
professores. Em função das dúvidas sobre a descrição das imagens, foi necessária a orientação de um
profissional de audiodescrição.
Para o acesso do aluno aos exercícios da disciplina FN 307 – Fundamentos de Audiologia, foram
produzidos um audiograma e um timpanograma táteis com todas as marcações em braile. As imagens
utilizadas em listas de exercícios e provas, foram colocadas em formato acessível por meio papel imã,
texturas feitas de cola colorida, cola quente, barbantes e linhas.
Discussão
O aluno com cegueira está matriculado no quarto semestre do Curso de Graduação e é um dos
melhores alunos da turma. Tem como característica evidente a vontade, o desejo de aprender. É
respeitado e admirado pelos colegas e pelos professores.
Todas as ações pedagógicas e estruturais realizadas para incluir esse aluno também foram
aproveitadas pelos demais alunos da turma. À medida que os conteúdos foram concretizados para o aluno
com cegueira, todos os alunos da turma tiveram o acesso mais rápido e compreensivo do foi apresentado.
A palavra incluir significa abranger, compreender, somar e é assim que tem sido vista a inclusão do
aluno com cegueira, com engajamento em todas atividades curriculares e também em atividades extra
classe. Em janeiro de 2017, o referido aluno foi bolsista de um Projeto do CAF e atualmente é bolsista de
um Curso de Extensaõ à Distância.
Todas as ações realizadas estão propiciando a inclusão do aluno com cegueira nas atividades da
graduação. Para os próximos semestres, novos desafios virão, mas com a dedicação do aluno e do corpo
docente do curso esses desafios certamente serão superados.
Referências Bibliográficas
BRASIL. LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).Diário Oficial da União, Brasília, DF, 07 de Julho de
2015. Disponível em: http://www. Planalto.gov.br/ccivil_03 Ato 2015-
2018/2015/Lei/L13146.htm.Acesso em 02 outubro de 2017.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisas. 10a ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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da graduação: trajetórias escolares e profissionais. In: GUIMARÃES,D.N. & MELO, D.C.F. Educação e
Direito: Inclusão das pessoas com deficiência visual. Rio de Janeiro: Brasil Multicultural, 2016.
Authors: Maria de Lourdes Leal dos Santos Santos, Denice Bárbara Catani
RESUMO
As instituições permanecem ou não, na história, a partir das relações com as pessoas, com os valores
que perpetuam, com o conhecimento que é construído historicamente. A Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras Santo Tomás de Aquino, FISTA, de Uberaba, Minas Gerais, Brasil, foi a única instituição
confessional de ensino superior no Brasil, criada e administrada pelas Irmãs Dominicanas. A Série
Estudos trouxe um salto qualitativo na história da formação docente da FISTA e foi referência para
muitas universidades. Uma publicação anual, com 12 volumes (1972 a 1986), idealizada e coordenada por
Dr. Eduardo Roberto Guimarães, tinha a participação de especialistas em linguística de outras
universidades brasileiras que divulgaram pesquisas e estudos pertinentes ao estudo crítico da língua.
Destacam-se: Francis H. Aubert (USP), Eni Orlandi (USP e UNICAMP), Marta Steinberg (USP), Maria
Beatriz Luti e Maria Bernardette de Oliveira (UFRN), Maria Stela Gonçalves (USP) e Peter Fry. O eixo
norteador do periódico é a construção do conhecimento, do saber, aliando a linguagem e o discurso às
dimensões do “aprender a ser” e “aprender a fazer”: uma formação docente humanista. Campos
documentais, narrativas auto(biográficas) e novas perspectivas:
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1989, p.3-15.
Resumo
Introdução e objetivos
A atualidade está repleta de informações que são transmitidas diariamente em ritmo alucinante pelos
meios de comunicação, que não se limitam apenas à televisão, ao rádio, a livros e jornais, como em outras
épocas; são transmitidas também por redes sociais, CD, DVD, Internet etc. Saber filtrar aquilo que se
recebe é, sem dúvida, um dos grandes desafios da atualidade, com vistas a um futuro mais consistente, em
termos, digamos, da propagação da verdade. Caso um filtro adequado não seja instaurado, corre-se o risco
de ter um aglomerado de informações desconexas e sem contexto, podendo facilmente acarretar, no
sentido linguístico, contradições. Uma situação semelhante pode se estabelecer também na matemática.
As facilidades de comunicação, que, por um lado, podem gerar contradições, por outro podem também
clarear contextos anteriormente confusos. Um conceito que no passado levava anos para que fosse
“digerido” pela comunidade, hoje em dia, em algumas situações, isso pode ser imediato [3]. O acesso
rápido a um determinado conceito não significa sua compreensão, mas sim um contato efetivo que pode
possibilitar seu entendimento, haja vista que o acesso às informações parece que está, atualmente, mais
facilitado. Quais são então seus benefícios para o processo de ensino–aprendizagem em matemática? [2].
Pode-se pensar nisso tudo — nas informações, na matemática, na tecnologia —como uma analogia a
peças a serem juntadas para formar um cenário (como num jogo de quebra-cabeça), o qual revelará a
“figura” que representa a essência de um conceito, seja ele matemático ou tecnológico. Enquanto as peças
estão sendo descobertas, criadas, projetadas, fica difícil saber, a priori, da figura que será formada. Isso é
uma característica dos desenvolvimentos matemáticos e tecnológicos. Inúmeros exemplos podem ser
citados para mostrar a relação entre aquilo que se busca descobrir e aquilo que se descobre. Pode-se citar
a descoberta do forno de micro-ondas em 1945, por Percy Spencer, na questão da tecnologia, ou a
descoberta do cálculo por I. Newton e G. Leibniz, no tocante à matemática, século XVII. Mas, após o
passar de um determinado período histórico, torna-se possível discorrer sobre cenários e criar contextos
sobre suas trajetórias, exibindo com isso uma exposição consistente de conceitos facilitadores para o
processo de ensino–aprendizagem [2, 3, 4, 6].
Essa é uma proposta cujo método de investigação deve pautar-se pela observação dos aspectos
históricos relevantes à formação dos conceitos — os quais estejam direta ou indiretamente relacionados a
alguma característica tecnológica, mesmo que incipiente —e, é claro, pela formação matemática
consistente. Com base nisso, um cenário deve ser criado de tal forma que o conceito investigado possa
emergir, sedimentando, desta feita, o espaço em que se situam o conceito matemático e sua inter-relação
com a tecnologia.
Resultados
Um cenário interessante que revela um resultado de estudo sobre matemática e tecnologia pode ser
exposto no assunto Análise de Fourier. No Natal de 1807, J. B. J. Fourier entregou ao Institut de France
de Paris um ensaio sobre Condução de Calor [1]. Naquela época, o conceito de funções, teoria de
integração e convergência de séries, não se encontrava em bases sólidas, gerando interrogações sobre
quais funções satisfazem ou não a solução proposta por Fourier [4]. No intuito de resolver esse problema,
B. Riemann “constrói” um dos pilares da Teoria da Integração, as Integrais de Riemann [5]. De modo
análogo, outros matemáticos desenvolvem ferramentas que solidificam a matemática e abrem espaço para
novos desenvolvimentos, entre eles a Teoria de Integrais de Henri Lebesgue [3,4,5,6] e o Sistema de
Números Reais [3,6]. Ou seja, a tecnologia (útil ao bem-estar humano) voltada aos problemas de
condução de calor (como motores a combustão, por exemplo) acarretou desenvolvimentos matemáticos.
Por outro lado, esses mesmos desenvolvimentos matemáticos (voltados aos fundamentos da análise
matemática) propiciaram ferramentas, tais como a Teoria da Integração de Lebesgue [4,6], que indicaram
desenvolvimentos, por exemplo, na estatística, no início do século XX. Por sua vez o avanço da estatística
favorece desenvolvimentos na Teoria da Informação de C. Shannon [7], que possibilita o surgimento da
era digital, tal como se vê hoje em dia. Assim, tecnologia e matemática, em termos de desenvolvimentos,
estão interligadas. Uma exposição desse porte, se bem planejada, pode indicar, sem recorrer demais à
matemática pura, uma compreensão clara, por exemplo, do porquê do surgimento de integrais, derivadas,
limites e conjuntos, em ordem cronológica histórica oposta à exposta nos livros, e como isso pode
facilitar o processo de ensino–aprendizagem.
Discussão
A proposta pedagógica a ser indicada é a de construir cenários factíveis para uma boa compreensão
de conceitos matemáticos, situação possível de ser realizada hoje em dia, graças ao acesso às
informações. Para isso, não somente a investigação histórica é relevante, mas principalmente a construção
apropriada de um cenário matemático em que se deu a inter-relação entre problemas tecnológicos e a
matemática. Sabe-se que essa metodologia não é tarefa fácil de implementar, mas a visualização da
compreensão de conceitos matemáticos por parte dos alunos pode ser um norte compensador. A exibição
aos alunos do cenário formado pelos desenvolvimentos tecnológicos e matemáticos não deixa de ser uma
pedagogia inclusiva, que pode ser facilitadora da captação de conceitos matemáticos, propiciando aos
alunos atingir um nível matemático mais elevado em menos tempo.
Referências bibliográficas
[1] Bressoud, David M. A radical approach to real analysis, vol. 2, Mathematical Association of America,
2007.
[2] Bressoud, D.; Ghedamsi, I.; Martinez-Luaces, V.; & Törner, G. “Teaching and Learning of Calculus”.
In: Teaching and Learning of Calculus. Springer International Publishing, 2016, pp. 1-37.
[3] Hairer, E. & Wanner, G. Analysis by Its History. New York, Springer-Verlag, 1996.
[4] Hawkins, T. Lebesgue’s theory of integration. Its origins and development. 2a ed. Chelsea Pub. Co.,
New York, 1975.
[5] Mawhin, J. “Présences des sommes de Riemann dans l’évolution du calcul intégral”. Cahiers du
séminaire d’histoire des mathématiques, t. 4, 1983, pp. 117-147.
[6] Phillips, Esther R. An Introduction to Analysis and Integration Theory. Dover Publications, New
York, 1984.
[7] Shannon, C. “A Mathematical Theory of Communication”. Bell System Technical Journal, vol. 27,
1948, pp. 379-423, 623-656.
Conhecendo as perspectivas de trabalho durante a graduação: a
experiência de um curso de Biomedicina da cidade de São Paulo
Resumo
O curso de Biomedicina foi criado há 50 anos com objetivo de formar pesquisadores e docentes da
área básica. Ao longo dos anos, a formação do biomédico agregou novas competências permitindo sua
inserção em novas áreas de atuação. Atualmente os biomédicos podem exercer suas atividades em 36
diferentes áreas. Assim, os cursos de Biomedicina aumentaram significativamente no país devido ao
crescente interesse destes profissionais pelo mercado de trabalho. Graças a este amplo espectro
profissional, o curso de Biomedicina da UNICID inseriu o componente curricular : "Atualidades em
Biomedicina" que tem como objetivo aproximar o aluno do mercado de trabalho através de sua busca
ativa sobre a atuação do biomédico. Como estratégia de ensino da disciplina foram utilizadas
metodologias ativas para a busca de informações através de pesquisa de mercado, aspectos legais,
visitação aos cenários de atuação e entrevistas com profissionais. Posteriormente, os alunos
compartilharam as informações obtidas através da apresentação de seminários e discussões dos resultados
e elaboração de plano de carreira. Os resultados indicam que os alunos adquiriram conhecimentos acerca
das áreas de atuação do biomédico além de visualizar novas perspectivas de atuação profissional.
Introdução e objetivos
Os alunos foram divididos em grupos de máximo de nove integrantes e tiveram como escopo da
pesquisa: definição da área de atuação a ser apresentada, aspectos legais da área de atuação, consulta aos
conselhos regionais de Biomedicina e formas de capacitação (oferta cursos de extensão, atualização, pós-
graduação e residências). Os alunos realizaram visitas aos locais de atuação, entrevistas (filmagem,
gravação de audio) com profissionais biomédicos. Como escopo da pesquisa, os estudantes se basearam
nas seguintes questões norteadoras: (a) O que o biomédico faz nesta área? (b) Como obter a habilitação
para atuar legalmente na área? (d) Quais são os aspectos legais que garantem a atuação nesta área? (e)
Quais os principais locais em que eu posso atuar? Oferecem estágio? Quais são as formas de ingresso? (f)
Qual é a média salarial? (g) Quais são as possibilidades de cursos de extensão, pós graduação e residência
multiprofissional na área? Ao final da pesquisa, os alunos compartilharam compartilhar as informações
com os demais colegas para a realização da avaliação somativa. Adicionalmente, os alunos foram
orientados a se cadastrarem em um sitio de relacionamento profissional. Os resultados foram avaliados
através da análise das apresentações, opinião dos discentes acerca das informações obtidas sobre as áreas
de atuação do Biomédico e o desempenho na avaliação somativa.
Resultados
Os resultados das pesquisas foram apresentados através de apresentação dialogada com recursos
audiovisuais. Os alunos tiveram liberdade para inserir informações sobre área de atuação escolhida. Entre
as formas de exposição destacaram apresentação com powerpoint, elaboração de folders informativos,
entrevistas com profissionais e com o publico externo e demonstrações sobre equipamentos e
procedimentos realizados por biomédicos. Os alunos apresentaram a faixa salarial, as perspectivas, as
potencialidades, as fragilidades, os desafios enfrentados pelos profissionais e as diferenças da atuação do
profissional biomédico nas regiões brasileiras. Durante a realização do trabalho, os alunos fizeram uma
visitação a feira Hospitalar em busca de novas informações. Ao final da atividade, realizaram o cadastro
em redes sociais profissionais (Linkedln®), sítios de busca de estágio e oportunidades da área além do
cadastro do curriculo na Plataforma Lattes.
Discussão
Os alunos expuseram os resultados e foram estimulados a refletir sobre o seu plano e condução da
formação de maneirava direcioná-la rumo a área de atuação de sua escolha. Os resultados indicam que a
busca das informações é estimulante e os estudantes que se sentem mais motivados a atingir os seus
objetivos durante a formação. Os estudantes estarão mais aptos a busca crítica de ações que concretizem a
sua formação através de atividades que articulem o ensino (através das disciplinas optativas e estágio
supervisionado), a pesquisa (iniciação cientifica e trabalho de conclusão de curso) e projetos
extensionistas de cunho multiprofissional junto à população. Ao final da atividade, os alunos se sentiram
motivados em realizar o cadastro em redes sociais profissionais, sítios de busca de estágio e
oportunidades da área além do cadastro do currículo na Plataforma Lattes. Através desta experiência,
observamos a necessidade de se buscar novas estratégias de ensino que conscientizem o aluno da
importância da elaboração de um plano de carreira desde seu ingresso no curso. A busca, além de
proporcionar a experiência que transcende a realidade da sala de aula em uma atividade integrada s
perspectivas profissionais do aluno através de sua participação ativa na construção de novos
conhecimentos. Através desta estratégia, o aluno abandonou seu o papel passivo e desenvolveu a sua
criatividade na busca de novos conhecimentos bem como sua capacidade em aplicá-los de forma mais
adequada.
Referências bibliográficas
MELLO, Carolina de Castro Barbosa; ALVES, Renato Oliveira; LEMOS, Stela Maris Aguiar.
Metodologias de ensino e formação na área da saúde: revisão de literatura. Rev. CEFAC, São Paulo , v.
16, n. 6, p. 2015-2028, Dec. 2014 .
A CRIATIVIDADE DIDÁTICA ALIADA À ARTE NO ENSINO/
APRENDIZAGEM DE MULTIMÍDIA NUM CURSO DE
GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA
Inovação nas estratégias educacionais
Resumo
Introdução
O mundo do Arquiteto, com a revolução digital em que vivemos, apresenta-se numa constante e
exponencial transformação, principalmente no que se refere às suas possibilidades ferramentais, que tem
se desenvolvido além de nossas previsões de poucos anos atrás.
Definiu-se uma temática que fosse, tanto atraente quanto capaz de absorver sua atenção. Como se
tratava de uma disciplina voltada a alunos de curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, este foi o
universo abordado. Os conteúdos didáticos, solicitado por meio de atividades, foi incorporado como base
no contexto de um jogo de tabuleiro.
O tema em Arquitetura e o desafio de pesquisar, escolher e adaptar a este universo um jogo deste
tipo, foram suficientes para que os trabalhos dos alunos fluíssem, mesmo quando determinado tópico
apresentava-se menos atrativa que outros. Os resultados obtidos foram além do esperado, o que inspirou
este relato.
Metodologia
Após este reconhecimento, foi o momento de se buscar um objeto, capaz de incorporar tais atividade
e suficientemente atraente para prender a atenção dos alunos. A inspiração em jogos educacionais acabou
por apontar tal objeto pedagógico: o Jogo de Tabuleiro no universo da Arquitetura.
A escolha por este objeto se deu pelo fato de que, além de muitas versões, o que deixaria os alunos
livres para escolher um dos tipos de jogo que mais os atraísse, também permitia a incorporação direta de
muitos dos tópicos da disciplina.
Após a escolha do objeto, foi o momento de criar um roteiro para o desenvolvimento das atividades,
de modo que este acompanhasse a disponibilização dos tópicos a serem apresentados nas aulas. Este
roteiro tinha por princípio, direcionar os alunos a utilizarem os conhecimentos apresentados e
disponibilizados no formato de material didático.
Cada tópico foi trabalhado para se adequar ao objeto escolhido. Por exemplo, o desenvolvimento
gráfico digital e impresso de um jogo de tabuleiro, incorpora a necessidade de diferentes tratamentos de
imagem, noções de diagramação e design; suas as regras, necessitam ser elaboradas e descritas em
editores textos. Neste caso, solicitou-se também, o uso de planilha eletrônica para a estruturação de
bancos de imagem que seriam utilizadas por editor de texto para a geração de cartas ou peças, visando a
exploração de recursos de mala direta com banco de dados. Houve também a solicitação de um folder, em
versão para a web e para impressão. Os arquivos finais foram solicitados em pdf.
Visando um tópico extra, com o uso da Realidade Aumentada (RA), a partir do software BuildAr,
em sua versão free, disponível e de fácil manuseio (HARRIS; SILVA, 2011), solicitou-se o
desenvolvimento de um ícone, que representasse o jogo e que e fosse apresentado nop formato de uma
imagem digital manipulável. Para tanto, os alunos necessitaram de um mergulho extra também no mundo
da modelagem 3D, com uso de uma versão free do software Sketch Up.
Resultados e Discussão
Os resultados desta aplicação foram além do esperado, algumas das equipes, por necessitarem ou
desejarem desenvolver peças tridimensionais, provavelmente inspiradas numa visita realizada nesta
disciplina ao Centro de Tecnologia da Informação CTI Renato Archer (2015), acabaram por mergulhar no
emergente da impressão 3D. Outras, utilizaram o AutoCAD, que é normalmente introduzido no semestre
seguinte, para poderem cortar algumas peças no corte a laser, disponível aos alunos na FEC.
Conclusões
Visando melhorar a performance dos alunos numa disciplina de informática, de início de curso em
Arquitetura e Urbanismo, realizou-se uma aplicação didático pedagógica cuja base foi pautada no
desenvolvimento de um projeto cujo objetivo era adaptar um jogo de tabuleiro, a ser escolhido por cada
equipe, ao universo da Arquitetura.
Para isso, estruturou-se o conteúdo didático adequando-o a uma sequência de atividades, por onde as
equipes tiveram que percorrer para desenvolverem cada uma das partes que compunham tal tipo de jogo.
Esta aplicação didática foi bem-sucedido tanto nas qualidades finais dos trabalhos, quanto como um
método didático capaz de potencializar a aprendizagem necessária deste perfil de alunos.
Referências
HARRIS, Ana Lúcia N.C.; SILVA, Clara Maria Ferreira A Realidade Aumentada a favor da
aprendizagem - uma aplicação. In: 3. Seminário Inovações Curriculares: experiências no ensino superior,
2011, Campinas. Campinas: UNICAMP.
EXPERIÊNCIA DO PETGraduaSUS FONOAUDIOLOGIA EM
VULNERABILIDADE COMUNICATIVA NAS DCNT: POTÊNCIA
INOVADORA COMO ESTRATÉGIA PARA FORMAÇÃO EM
SAÚDE
Authors: Leandra Marquesine Seixas, Camila Lima Nascimento, Regina Yu Shon Chun, Helenice Yemi
Nakamura, Cilene Despontin Malvezzi, Ana Carolina Constantini, Rita de Cássia Ietto Montilha, Maria
Elisabete Rodrigues Gasparetto, Bruna Gabriela Mechi Silva, Natalia Heloiza Beli Bianchi, Caroline
Morales Santos, Mariana Cristina Porfírio, Layres Severo Silva, Alexandra Sawaya, Tiago Carlos Silva
Resumo
Introdução e objetivos
Referências bibliográficas
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias
para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica/Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde,
2013a.128 p. (Cadernos de Atenção Básica, n. 37)
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias
para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2013b. 160 p.
(Cadernos de Atenção Básica, n. 36)
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de
Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)
no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
Ceccim RB, Feuerwerker LCM. O quadrilátero da formação para a área da saúde: ensino, gestão, atenção
e controle social. Physis. 2004; v.14, n.1, p.41-65.
Garcia VL, Di Ninno CQMS. Diretrizes Curriculares Nacionais. In: Marchesan; Silva; Tomé. (Org.).
Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia. São Paulo: Guanabara Koogan. 2014, p.1055-1059.
Trenche MCB, Pupo AC, Sebastião LT. Mudanças/Inovações na Formação do Fonoaudiólogo. In:
Marchesan IQ, Silva HJ da, Tomé MC. (Orgs.). Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia. São
Paulo: Guanabara Koogan. 2014, p.1066-72.
Viana SBP et al. Integração Ensino-serviço-comunidade: propostas para mudança curricular dos cursos da
Área da Saúde - UNIVALI. In: Farhat EMP, Dittrich MG (organizadoras). Educação e Saúde: Políticas
Públicas e Vivências Dialógicas. Itajai: Ed. da Universidade do Vale do Itajaí. 2016. p.189-200.
SEMINÁRIO DE METODOLOGIAS E PRÁTICAS EDUCACIONAIS
INOVADORAS – SEMPREINOVA EM
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SÃO PAULO
Sissi Kawai Marcos , Silvia Elias Bortolo, Norberto Luiz Amsei Jr.
RESUMO
A Universidade necessita produzir conhecimento que possibilite ao aluno, no final do curso, ter
competência no exercício profissional, com efetivo preparo para enfrentar situações não planejadas,
imprevisíveis, tendo condição de responder aos novos desafios profissionais de forma criativa. A
Universidade, além de desenvolver propostas para modernizar a educação, precisa repensar a dinâmica do
conhecimento no sentido mais amplo e as novas funções do educador como mediador deste processo.
Nesta perspectiva, o Núcleo de Apoio Pedagógico (NAPe) do Centro Universitário da Fundação
Educacional de Barretos (UNIFEB), S.P., propõe um evento com objetivo de promover a organização e a
troca de vivências e experiências concretas de novas formas de ensino-aprendizagem, possibilitando o
aprofundamento e inovação dos conhecimentos e práticas já existentes. Também pode contribuir para a
melhoria da qualidade do ensino com propostas mais complexas, colaborativas e dialógicas. Como prática
pedagógica, neste evento, entendem-se todos os aspectos envolvidos no contexto educativo entre
docentes, conhecimento, instituição e alunos, que se inserem em situações de ensino e, particularmente,
do Ensino Superior.
INTRODUÇÃO
O saber docente se constitui de muitos saberes vivenciados pelos professores, como: o saber
curricular, oriundo dos programas escolares; o saber disciplinar, que constitui o conteúdo das disciplinas
escolares; o saber da formação profissional, adquirido ao longo da formação inicial ou contínua; o saber
experiencial, proveniente da prática da profissão; e o saber cultural formado a partir da trajetória de vida
do professor (TARDIF, 2017).
Nesse sentido, o Núcleo de Apoio Pedagógico (NAPe) propõe um evento que, além de promover a
organização e a troca de vivências e experiências concretas de novas formas de ensino-aprendizagem,
pode significar a oportunidade de aprofundamento e inovação dos conhecimentos e práticas já existentes.
Também pode contribuir para a melhoria da qualidade do ensino no UNIFEB, com propostas mais
complexas, colaborativas e dialógicas.
Como prática pedagógica, neste evento, entendem-se, conforme a concepção de Saviani (2009),
todos os aspectos envolvidos no contexto educativo entre docentes – conhecimento - instituição e alunos,
que se inserem em situações de ensino e particularmente do Ensino Superior.
OBJETIVOS
O evento SEMPREINOVA foi desenvolvido pelo NAPe do UNIFEB com uma dinâmica de
apresentações dos trabalhos, seguida de mesa redonda e/ou palestra com discussão entre os
apresentadores e a plateia. O evento tem uma Comissão Científica e uma Equipe Organizadora. Com o
propósito de sintetizar e institucionalizar o evento, foi proposta a organização e o relato das experiências
em forma de resumos expandidos que foram submetidos à Comissão Científica, com a intenção de avaliar
e discutir sobre os trabalhos. As contribuições dos docentes da instituição apresentaram diferentes níveis
de abordagens, desde aquelas que se restringem a um relato de técnica pedagógica específica sem maior
fundamentação teórica, como aquelas de alcance ontológico. A título de identificação dos diversos níveis
de abordagem dos trabalhos a serem apresentados, cita-se a classificação sugerida por GAMBOA (2002):
quanto ao nível técnico - restringe-se ao relato das técnicas de ensino proposto; quanto ao nível
metodológico - além do relato, deve ocorrer a explicação quanto à articulação dos diferentes elementos da
prática proposta em forma de um procedimento; quanto ao nível teórico - refere-se à utilização de autores
que fundamentam a prática proposta; quanto ao nível epistemológico - consiste na análise dos
pressupostos científicos e/ou lógicos da prática proposta.
Para o registro e divulgação dos conteúdos apresentados, foi solicitado aos participantes do evento a
entrega de um resumo expandido e uma apresentação em banner. A compilação destes resumos resultou
em uma publicação própria do seminário, a ser divulgada tanto na intranet para os professores como por
meio de publicação externa.
RESULTADOS
Quanto ao nível técnico sugerido por Gamboa (2002), foram apresentados 13 trabalhos que
relataram técnicas de ensino proposto; quanto ao nível metodológico foram 31 apresentações que além do
relato, ocorreu a explicação quanto à articulação dos diferentes elementos da prática proposta em forma
de um procedimento; quanto ao nível teórico, foram 34 trabalhos submetidos ao evento: referiram-se à
utilização de autores que fundamentam a prática proposta; quanto ao nível epistemológico, foram 6
trabalhos apresentados: consistiram na análise dos pressupostos científicos e/ou lógicos da prática
proposta (Tabela 1).
2014 4 13 6 3
2015 4 9 11 0
2016-17 5 9 17 3
Total 13 31 34 6
DISCUSSÃO
REFERÊNCIAS
GADOTTI, M. Perspectivas atuais da Educação. São Paulo Perspec. [online]. 2000, v.14, n.2 Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
88392000000200002&lng=en&nrm=iso. ISSN 0102-8839. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
88392000000200002. Acesso em: 02set. de 2014.
SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas/SP: Autores Associados, 2009.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 16. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2014
Aprendizagem Baseada em Projetos: Um caso da disciplina de
Administração Laboratorial e Controle de Qualidade ministrada no
curso de Biomedicina
Resumo
Segundo Willian N. Bender, a aprendizagem baseada em projetos (ABP) é considerada uma das
práticas de ensino mais eficazes do século XXI. Os estudantes trabalham com questões e problemas reais,
colaboram na criação de soluções e apresentam os resultados. Assim, tornam-se mais interessados no
conteúdo de cada disciplina, aumentando seu entusiasmo pelo aprendizado e melhorando seu
desempenho. Foi aplicada está estratégia de aprendizagem com alunos do último ano de Biomedicina e os
resultados foram surpreendentes.
Introdução
No curso de Biomedicina percebeu-se que alunos do último ano se sentem cansados da sala de aula e
buscam por mais práticas do que teoria. Pensando em como motivá-los foi proposto um projeto para a
disciplina de Administração Laboratorial e Controle de Qualidade. Esta disciplina tem um papel
fundamental na formação dos profissionais, o mercado de trabalho possui excelentes oportunidades e
fazer com que os alunos entendam os conteúdos e as perspectivas de futuro foi muito relevante para este
propósito.
Objetivos
Apresentar aos alunos novas possibilidades de atuação no mercado de trabalho; Proporcionar novos
conhecimentos de forma ativa e reflexiva; Desenvolver habilidades de trabalho em grupo: integração e
convivência; Conquistar novas oportunidades promissoras e empregabilidade.
Metodologia
Foi elaborado o projeto com princípio norteador metodologias ativas: aprendizagem baseada em
projetos. Uma singularidade deste projeto foi pensar na habilitação que os alunos pudessem adquirir para
melhorar sua formação. Normalmente o aluno do curso de Biomedicina sai do curso com habilitação em
Análises Clínicas. No caso do projeto os alunos aceitando ao final dele poderiam sair com “Análises
Clínicas com Gestão e Controle de Qualidade”. Para isso o projeto também foi previamente apresentado
ao Conselho da classe – Conselho Regional de Biomedicina Região 1. Elaborado o projeto: “Implantação
Total de um Laboratório de Análises Clínicas” pelo professor. No primeiro dia de aula foi feita a
apresentação aos alunos e após votação da aceitação do projeto deu-se início a uma discussão sobre as
etapas (que foram divididas em 3 fases: estrutural, financeira e Controle de Qualidade), escolha dos
“Gestores” (alunos que tiveram a função de gestores e organizadores de todo o processo e da relação
interpessoal entre eles), divisão dos grupos, divisão de tarefas, cronograma de atividades e das
apresentações de cada fase. Neste momento o professor passa a ter a função de “consultor” para ajudar
nas dúvidas e norteamento do andamento dos processos. Os alunos semanalmente traziam suas pesquisas
e a cada etapa uma apresentação foi feita para fechamento com participação dos grupos. Semanalmente
foi feita uma avaliação parcial e processual bem como avaliação das apresentações. Durante as etapas 3
aulas foram ministradas (organizadas pelo professor-consultor) para ajudar e organizar os trabalhos
desenvolvidos. Ao final do projeto foi entregue pelos “gestores-alunos” um trabalho digitado contendo
todas as pesquisas realizadas e compiladas em três divisões conforme as etapas propostas. Este trabalho
foi entregue para avaliadores que foram escolhidos pelo professor consultor por serem gestores reais e
parceiros de estágios para análise. Após os alunos fizeram uma apresentação oral com a presença dos
mesmos avaliadores com objetivo de avaliação e validação do projeto construído pelos alunos. Uma
avaliação regimental regra da Universidade, dissertativa, também foi realizada através de um caso
problema. O projeto teve prosseguimento no semestre seguinte com a observação de todas as etapas
durante o estágio curricular supervisionado obrigatório o qual fechou com a Habilitação: Análises
Clínicas com Gestão e Controle de Qualidade.
Resultados obtidos
Discussão
Tivemos um aumento de Empregabilidade antes do término do curso de 30% dos alunos os quais foram
contratados nos próprios locais de estágios e de 60% de outros alunos no mercado de trabalho após o
término do curso.
BENDER, W. N. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século XXI. Porto
Alegre: Penso, 2014.
O planejamento conjunto nas aulas de matemática: As experiências do
uso do Lesson Study
Introdução e objetivos
A elaboração de um plano de aula, tem sido considerada como uma das etapas prévias ao ensino de
qualquer disciplina. Nem todas as vezes este documento é tratado com a importância que representa.
Porém, diferentes propostas de formação de professores, especialmente trazidas desde Japão prometem
melhorar as dinâmicas de ensinaraprender, desde a formação dos professores. Esta comunicação, pretende
refletir sobre a problematização, inquietação e reflexão frente às dificuldades que representa o fato de
planejar. No particular, será exposta a experiência de construção de um modelo de planejamento conjunto
de aulas de matemática, para primeiros anos de Ensino Fundamental I, assim como também para Ensino
Fundamental II e Ensino Médio.
O Lesson Study japonês, tem sido usado em inúmeras experiências internacionais, como
metodologia de desenvolvimento profissional docente e aprendizagem profissional. O presente artigo
relata algumas experiências, sob a metodologia de ensino de Lesson Study tipo Glocal. Isto é, respeitando
o Global do modelo japonês, mas adaptando às condições das aulas locais no qual é usado.
As experiências aqui descritas foram desenvolvidas em momentos diferentes, porém, tem sido objeto
de problematização, inquietação e reflexão frente às dificuldades que representa o fato de planejar uma
aula, ainda mais se for de maneira conjunta. Finalmente, o artigo apresenta as vantagens e desvantagens
do planejamento como objeto de participação em comunidades de prática docente sob a metodologia do
Lesson Study.
Esta proposta tem se consolidado desde os anos noventa em Educação Matemática, porque
“proporciona um processo colaborativo para os professores fazerem sentido dos objetivos educacionais e
estândares, e trazê-los às aulas” (LEWIS, 2002, p. 8). Porém, a proposta tem se adaptado às condições de
cada país, de cada região, e, inclusive, de cada escola, tentando sempre manter os princípios do Lesson
Study de “aprender juntos” ou “fazer juntos”. Portanto, no Lesson Study, as aprendizagens se
desenvolvem e consolidam nas práticas de ser professor.
O Lesson Study transita pelas etapas de: i) identificação do tema (dificuldade o problema de ensino);
ii) discussão prévia ao planejamento (pré-Lição); iii) planejamento da aula; iv) discussão pós-Lição; e, v)
reflexão e sistematização. Uma nova aplicação da aula planejada é feita, com outro curso se o professor e
o(s) assessor(es) assim o consideram. A aplicação destas etapas, ou inclusão de mais momentos ao redor
do planejamento e execução de uma aula, depende do local do estudo. Nos casos aqui estudados, foram
desenvolvidas as etapas acima ditas.
Desta maneira, o Lesson Study, na formação inicial e continuada dos professores de matemática,
permite promover aprendizagem profissional docente ao professor de Matemática não apenas para uma
prática futura, mas já situada na prática escolar e mediada pela investigação da prática (LAVE &
WENGER, 1991; COCHRAN-SMITH & LYTLE 1999). Assim, em cada um dos momentos pelos quais
transita, permite também se preparar para as práticas docentes de ensinaraprender, desde o estudo inicial
de tarefas/atividades exploratório-investigativas da matemática escolar, passando pelo processo de
problematização e desconstrução do paradigma do exercício (SKOVSMOSE, 2000, p. 66), os professores
e futuros professores chegam até processos de análise e reflexão bastante interessantes.
Discussão
O Lesson Study baseia-se em um modelo de trabalho contínuo e de formação docente a longo prazo
e a partir da prática, sendo esta uma condição para a melhoria do ensino e da aprendizagem nas escolas.
Este artigo tenta esclarecer o processo ‘Glocal’ do planejamento e o papel e função do Lesson Study
desenvolvidos em Colômbia e Brasil. O Lesson Study é um processo que pressupõe uma aprendizagem
conjunta dos professores um processo de participação em atividades próprias do ensino, mediado pela
reflexão e investigação das mesmas. Neste sentido, o Lesson Study ajuda a desenvolver uma
aprendizagem da, na e para a prática professional do professor de matemáticas, no sentido de Cochran-
Smith & Lytle (1999). Mas esse é um processo longo e demorado de aprendizagem docente e de
desenvolvimento professional. Porém, consistente de constituição de uma profissionalidade docente
embasada em estudo e pesquisa em comunidades docentes, com necessidades reais. O professor, assim,
desenvolve sua autonomia e autoria profissionais, sendo capaz de produzir continuamente a melhoria de
sua prática e de sua comunidade e atualizar o currículo escolar, conectado com outras comunidades,
como, por exemplo, a acadêmica.
Por último, podemos reconhecer a riqueza de cada um dos momentos pretendidos no Lesson Study
desde a inquietação inicial, a problematização das práticas, até chegar à escrita das observações,
discussões e reflexões. Ressaltamos aqui a importância dos quatro momentos de Discussão (Pré-Lição,
em-Lição, pós-Lição, e Discusão final) e a participação conjunta e colaborativa dos professores e futuros
professores. Dessa maneira, podemos identificar a Discusão (pre-lição) como espaços de aprendizagem
conjunto, à medida que outras vozes contribuíram na problematização das práticas de ensinaraprender
matemáticas. A aprendizagem se consolidou desde a perspectiva da aprendizagem situada, nas práticas de
ensino (na escola), como também de aprendizagem (ao construírem planejamentos) tal como afirmam
Acevedo e Fiorentini (2016), “os professores aprendem a ensinar muito mais na prática e com outros
professores nas escolas do que nos cursos de formação inicial e continuada ministrados por professores
universitários”.
Referências
LAVE, J.; WENGER, E. (1991). Practice, person and social world. In: Situated Learning: legitimate
peripheral participation. Cambridge, Cambridge University Press. p. 45-58.
LEWIS, C. (2002). Lesson Study: A Handbook of Teacher-Led Instructional Change. Philadelphia, PA:
Research for Better Schools, Inc.
Resumo
O processo educativo tem passado por várias modificações, porém o método de ensino predominante
ainda é baseado na transmissão de informações. Novas metodologias são necessárias com a adequação de
recursos educativos aos interesses dos alunos e que possibilitem a participação ativa dos mesmos. Uma
ferramenta ainda pouco utilizada no Ensino Superior são os jogos. O objetivo deste trabalho é relatar a
experiência da inserção do jogo “DETEFISIO” na disciplina de Tópicos especiais em Reumatologia e
Doenças Crônicas da Faculdade Devry Metrocamp. Metodologia. Foi elaborado um jogo de acordo com a
temática: patologias reumatológicas e crônicas. O jogo “DETEFISIO” foi composto por um tabuleiro, um
dado, três peões, cartas com dicas (totalizando 9 para cada grupo). O jogo foi realizado em 1 hora e 40
minutos com 29 alunos do décimo semestre do curso de Fisioterapia. O objetivo principal do jogo, era a
partir das dicas, descobrir a patologia e descrever o tratamento fisioterapêutico indicado. Resultados. Os
alunos demonstraram motivação e interesse em relação ao conteúdo. Trabalhar com jogos pode ser uma
opção promissora para incentivar os alunos ao processo da aprendizagem, pois colaboram de maneira
lúdica na compreensão do conteúdo, favorecendo o trabalho em grupo.
Introdução e objetivos
Apesar de o processo educativo vir sofrendo várias modificações, o método de ensino predominante
ainda é baseado na transmissão de informações, cujo aluno é um agente passivo do processo de
aprendizagem. Como resultado, é crescente a falta de interesse dos alunos representado por faltas,
reprovações, indisciplina e elevados índices de evasão (VAISMANN e COSTA, 2008).
Novas metodologias são necessárias com a adequação de recursos educativos aos interesses dos
alunos. De acordo com Santos e Guimarães (2010), os educandos têm apresentado maior interesse por
atividades dinâmicas nas quais seja requisitada sua participação, em decorrência principalmente da
interatividade requerida pelo uso de tecnologia além da grande velocidade com que as informações são
disponibilizadas.
Uma ferramenta ainda raramente utilizada como material para a aprendizagem no Ensino Superior
são os jogos (TOPANNOTTI, LIMA e SILVA, 2011). Este recurso pode ser adotado com o intuito de que
a aprendizagem do conteúdo aconteça de forma mais dinâmica, menos traumática e mais interessante. O
jogo contribui para que o processo ensino-aprendizagem seja produtivo e agradável tanto para o educador
quanto para o educando (STRAPSON e BISOGNON, 2013; LUCHI, MONTREZOR e MARCONDES,
2017).
O jogo “DETEFISIO” é composto por um tabuleiro, um dado, três peões, 36 cartas com dicas (12
para cada grupo) (Figura 1).
O jogo foi aplicado em duas aulas simultâneas (1hora e 40 minutos) com 29 alunos (15 - Matutino e
14 - Noturno) do décimo semestre do curso de Fisioterapia da disciplina de Tópicos Especiais em
Reumatologia e Doenças Crônicas da Faculdade Devry Metrocamp.
Os alunos foram divididos em três grupos (azul, verde e amarelo) e cada grupo possuía uma
patologia diferente e desconhecida. O objetivo principal do jogo, era a partir das dicas, descobrir a
patologia e o descrever o tratamento fisioterapêutico indicado.
Um integrante de cada grupo jogou o dado e iniciou o jogo quem obteve o maior número. O grupo
poderia escolher qual caminho seguir: Unidade Básica de Saúde, Ambulatório de Especialidades Médicas
ou Centro Diagnóstico. Em cada local havia três dicas sobre a patologia, mas o grupo tinha direito a
apenas uma dica por rodada. Caso o grupo caísse na casa vermelha ele iria para o hospital e lá
permaneceria três rodadas sem jogar. Assim que os alunos descobrissem a patologia, independentemente
de ter ido a todos os locais (era uma escolha do grupo), eles deveriam chegar ao final e identificar a
patologia e o tratamento fisioterapêutico indicado.
Resultados
Em um primeiro momento, houve uma resistência na participação dos alunos, mas posteriormente
todos participaram ativamente. Os grupos foram divididos aleatoriamente e os alunos, demonstraram
competitividade, motivação e interesse em relação ao conteúdo.
Em relação aos relatos, a maioria dos alunos relatou bastante satisfação em relação à dinâmica
proposta. Os relatos chegaram inclusive para o coordenador do curso. Os relatos foram: “ A aula ficou
mais divertida e dinâmica!” “O conteúdo foi melhor absorvido...” “Houve uma maior interação entre os
alunos...” “Gostaríamos de ter mais aulas assim...”
Discussão
Conforme relatado pelos alunos, o jogo “DETEFISIO” foi capaz de fomentar a motivação em
relação aos conteúdos propostos e conseguir promover uma interação em grupo bastante exitosa
corroborando com o estudo de Luchi, Montrezor e Marcondes (2017).
Metodologias que possam colocar o aluno em uma ação mais ativa parecem promover uma maior
apropriação do espaço da aprendizagem pelo estudante e consequentemente maior motivação. Na
aprendizagem ativa, em oposição à aprendizagem passiva, o aluno assume uma postura mais ativa, na
qual ele resolve problemas, desenvolve projetos e, com isto, cria oportunidades para a construção de
conhecimento (VALENTE, 2011).
A utilização de recursos como os jogos não é nova e sofre constantemente modificações (SANTOS e
GUIMARÃES, 2010), porém o jogo muitas vezes não é considerado uma atividade educativa, por se
tratar de uma atividade descontraída. A existência de regras que delimitam as atuações durante o jogo, são
argumentos básicos para contrapor essa ideia e verificar a validade dos jogos.
Trabalhar com recursos alternativos, incluindo os jogos, pode ser uma opção promissora para
incentivar os alunos ao processo da aprendizagem participativa. Para Campos, Bortoloto e Felício (2003)
in Topanotti, Lima e Silva (2011), esses jogos são muito interessantes, pois colaboram na compreensão
do conteúdo, favorecendo o trabalho em grupo e consequente discussão referente ao tema abordado no
material, levando a uma maior interação entre os estudantes.
Referências
LUCHI, Kelly Cristina Gavião; MONTREZOR, Luiz Henrique; MARCONDES, Fernanda K. Effect of
an educational game on university students’ learning about action potentials. Advanced Physiology
Education. v. 41, p. 222–230. 2017.
SANTOS, Aline Borba dos; GUIMARÃES, Carmen Regina Parissoto. A utilização de jogos como
recurso didático no ensino de zoologia. Revista electrónica de investigación en educación en ciencias.
vol.5, n.2. 2010
STRAPASON, Lísie Pippi Rei; BISOGNIN, Eleni. Jogos Pedagógicos para o Ensino de Funções no
Primeiro Ano do Ensino Médio. Bolema, Rio Claro (SP), v. 27, n. 46, p. 579-595, ago. 2013
TOPANOTTI, Larissa Regina; LIMA, Daniela Mecedo de; SILVA, Márcia Soares da. Jogos no ensino
superior: uma ferramenta para o ensino de morfologia vegetal. I Congresso de Ciência e Tecnologia da
UTFPR. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2011.
VAISMANN, Cleusa de F.; COSTA, João C. B. Construção de uma metodologia para ensinar e aprender
Matemática – um estudo de caso da sexta série do ensino fundamental. Projeto PDE. 2008. Acesso em 12
de outubro de 2017.
VALENTE, José Armando. Aprendizagem Ativa no Ensino Superior: a proposta da sala de aula invertida.
Depto. de Multimeios, Nied e GGTE - Unicamp & Ced – PucSP. Acesso em 12 de outubro de 2017.
A UTILIZAÇÃO DE VÍDEO COMO FERRAMENTA DE ENSINO-
APRENDIZAGEM EM PEDAGOGIA INVERTIDA NA ÁREA DA
SAÚDE COLETIVA
Inovação nas estratégias educacionais
Authors: Ivana Daniela Cesar, Fabíola Kenia Alves, Agueda Agueda Cleofe Marques Zaratin
RESUMO
INTRODUÇÃO
OBJETIVO
O estudo tem como proposta relatar uma experiência desenvolvida na disciplina de Fundamentos da
Saúde Humana na Faculdade Devry Metrocamp.
METODOLOGIA
O presente estudo trata se de um relato de experiência durante os meses de fevereiro a junho de 2017 na
disciplina de Fundamentos da Saúde Humana da Faculdade Devry Metrocamp.
Os alunos foram motivados a construção de vídeos, em caráter jornalístico, abordando os temas do plano
de curso da disciplina, como: Conceito de saúde ampliado, História da política de saúde no Brasil,
Política Nacional de Humanização, dentro outros.
Foram avaliados segundo temáticas e conceitos, além de configurar uma apresentação criativa e com
envolvimento de alunos e profissionais da rede de saúde municipal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A experiência demonstrou que a participação dos alunos na construção do produto proposto no início do
semestre possibilitou uma maior imersão nos conhecimentos teóricos que fundamentam a Saúde Coletiva,
bem como, trouxe a abertura de uma vivência mais íntima com o Sistema Único de Saúde, por meio da
aproximação com os profissionais da área e das ações desenvolvidas que foram registradas em vídeo.
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 20 abr.2015.
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American Society for Engineering Education, 2013. p. 1-18. Disponível em:. Acesso em: 05 abr. 2015.
CABRAL, T. C. B. Ensino e Aprendizagem de Matemática na Engenharia e o Uso de Tecnologia.
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computadores no processo de ensino/aprendizagem da geometria. 1999. 273 f. Tese (Doutorado em
Educação Matemática) – Faculdade de Educação, Universidade de Campinas, Campinas, 1999
PAVANELO E., LIMA R. Sala de Aula Invertida: a análise de uma experiência na disciplina de Cálculo I
Bolema, Rio Claro (SP), v. 31, n. 58, p. 739-759, ago. 2017
SUHR I R F . Desafios no uso da sala de aula invertida no ensino superior. Revista transmutare. R.
Transmutare, Curitiba, v. 1, n. 1, p. 4-21, jan./jun. 2016.
HABILIDADES E PROCESSOS DE VISUALIZAÇÃO
DESENVOLVIDOS COM ESTUDANTES DE LICENCIATURA EM
MATEMÁTICAS NO ENSINO DE CONCEITOS GEOMÉTRICOS
Resumo
Contexto
Metodologia
Para o trabalho com expressões algébricas utilizou-se o material chamado de Caixa de Polinômios.
Para o qual existem diversas propostas feitas em diferentes países (ACEVEDO, 2004; MENDEZ, 2012;
SOTO, et. al., 2009). Este material, que foi criado com elementos tangíveis na Colômbia e posteriormente
desenvolvidos como software com suas mesmas características. O material pretende desenvolver os
conceitos como termos semelhantes, operações com polinômios e produtos notáveis de expressões
algébricas, sob o conceito de áreas de superfícies retangulares que se operam entre si, sobre um tabuleiro
dividido em quadrantes vermelho e azul.
Resultados
1. Pode se avançar no desenvolvimento da proposta, conforme foi feito em Acevedo (2004), sendo
que isto depende dos objetivos do professor ao fazer o plano de aula. Que, para o caso particular
da experiência, se pretendia a aproximação aos conceitos envolvidos em expressões algébricas e
seu desenvolvimento sobre a base de um contexto geométrico, que foi intencionado segundo as
necessidades da turma.
2. Durante o desenvolvimento da experiência, reconhecemos que os alunos desenvolvem as
habilidades de Identificação Visual e Conservação da Percepção, enquanto fazem Processamento
Visual (PV), além de exercer a Discriminação visual ao comparar figuras que contém áreas
equivalentes. Foi relativamente fácil fazer que os alunos compreendessem a dinâmica do
tabuleiro, enquanto a o uso para termos semelhantes, pois os alunos identificaram visualmente os
retângulos da mesma área.
3. Do mesmo jeito, os alunos reconheceram as operações básicas com expressões algébricas, pois
usaram suas habilidades de reconhecimento de posições espaciais e de relações espaciais para
fazer translações no plano do tabuleiro e reduzir os termos das expressões.
4. Os números de aulas foram poucos para o desenvolvimento de outros conceitos como produto de
polinômios e produtos notáveis. Porém, fica para o professor atual da turma dar continuidade.
5. O trânsito entre diferentes tipos de imagens permitiu aos estudantes identificar conceitos com
representações. Isto é, foi coerente o uso de representações visuais, cinéticas ou dinâmicas, na
hora de eles registrarem em folhas (brancas ou de quadrinhos), as representações das fórmulas
ou das fichas. Cabe destacar que os alunos também usaram papel de quadros para representar os
planos, porém, foi exigido para eles representarem as fichas de maneira não prototípica, com isso
garanti o uso constante de propriedades das formas, além do uso de instrumentos para suas
construções.
6. É de destacar, também o engajamento dos alunos para usar materiais que ajudem a visualizar
alguns conceitos abstratos de álgebra. Além das aprendizagens que puderam desenvolver ao usar
suas habilidades e processos visuais, os alunos aprenderam também a se comunicar melhor com
os outros colegas do grupo, a tomar decisões frente às problemáticas, tentando negociar muitas
vezes significados dentro e fora das matemáticas.
7. Ao comprovar cada uma das respostas obtidas estava na ordem do dia, mesmo eles sendo alunos
da Pedagogia tiveram que comprovar diferentes atividades, sendo “pressuposto” que eles têm
desenvolvido outras habilidades de abstração ao longo da faculdade na graduação. No entanto,
cabe refletir sobre as bases de formação dos formadores de professores, assim como o domínio
pedagógico e disciplinar próprio da matemática, ao planejar e desenvolver experiências com os
futuros professores, porque possivelmente, algumas das dificuldades para encontrar soluções às
situações, podem ter origem em habilidades de visualização não desenvolvidas por seus
anteriores formadores e assim, em conseqüência, os futuros professores seguem se reproduzindo
suas dificuldades através das gerações. A realidade dos futuros professores é outra. O uso de
vocabulário formal da área de matemática, durante todo o tempo da interação com os alunos
obriga a razoar de maneira diferente e a utilizar as propriedades daquela matemática formal,
envolvida em atividades simples de construção.
Referências Bibliográficas
ACEVEDO, Jenny. Modificabilidad Estructural Cognitiva vs. Visualización: Un ejercicio de análisis del
uso del Tetris en tareas de rotación y traslación. Tesis de maestría. Universidad Pedagógica Nacional,
Bogotá, 2010, 188p.
ACEVEDO, Jenny. El cálculo de áreas como un soporte significativo para la factorización algebraica.
Tesis de especialización. Universidad Industrial de Santander, Bucaramanga, 2004, 147p.
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DEL GRANDE, Jhon. (1990) Spatial Sense. Arithmetic Teacher. Vol 37.6, 14-20
FIORENTINI, Dario. Pesquisar práticas colaborativas ou pesquisar colaborativamente? In: BORBA, M.;
ARAUJO, J. L. (Org.). Pesquisa qualitativa em Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, p. 53-
85, 2012,.
GAL, Hagar; LINCHEVSKI, Lin. To see or not to see: analyzing difficulties in geometry from the
perspective of visual perception. Educational Study of Mathematics, 74:163–183, 2010.
A Geo-História como (nova) possibilidade metodológica de ensino: a
prática de campo na Fazenda Ibicaba. #42
Resumo
Referências Bibliográficas
BARROS, José D.'Assunção. História, espaço e tempo. Interações necessárias. Varia história, 2006,
22.36: 460-475.
BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na Época de Filipe II. Lisboa:
Publicações Dom Quixote. 1979.
CAMPOS, Rui Ribeiro de. PLACIDO, Vera Lúcia dos Santos. O trabalho de campo como uma proposta
de ensino de geografia.
CANDIOTO, Luciano Zanetti Pessoa. Interdisciplinaridade em estudos do meio e trabalhos de campo:
uma prática possível.
FERRÃO, André Munhoz de Argollo. Colonos na fazenda Ibicaba, empresários em Piracicaba: a
evolução sócio-econômica de um grupo de imigrantes alemães (1850-1880). In: Anais do III Congresso
Brasileiro de História Econômica e 4ª Conferência Internacional de História de Empresas [Proceedings of
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PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e
aprender Geografia. Cortez, 2007.
RIBEIRO, Guilherme. A arte de conjugar tempo e espaço: Fernand Braudel, a geo-história e a longa
duração. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 2015, 22.2: 605-639.
VITORINO, Artur JR. Por que o trabalhador livre nacional não foi aproveitado durante a escravidão?
Notas sobre a história do trabalho. História Unisinos, 2007, 11.3: 342-358.
Proposta curricular de um estágio (inter/trans)disciplinar
na FE/Unicamp
Introdução e objetivos
Referencial teórico
A pesquisa tem como marco referencial: a Aprendizagem Situada da Teoria Social da Aprendizagem
(LAVE e WENGER, 1991), a participação em Comunidades de Prática (WENGER, 1998), e, por último
o carácter (inter/trans) disciplinaridar da pesquisa (NICOLESCU, 1991), como característica do Curso de
Estágio. Esta é uma pesquisa de carácter qualitativa, tendo como contexto de investigação as aulas do
Curso Estágio Supervisionado I, oferecido pela Unicamp no primeiro semestre do ano 2014.
Metodologia
Os materiais empíricos que compõem o corpus de análise e interpretação foram obtidos a partir de
diários de campo da pesquisadora, diários de campo dos estagiários, planos de intervenção dos estagiários
nas escolas campo de Estágio, relatórios finais do Curso, questionário, e entrevistas (individual e grupal)
dos estagiários participantes da pesquisa. Os aportes metodológicos e os procedimentos de análise
adotados estão de acordo com a Análise narrativa, sendo esta uma forma de compreender a(s)
experiência(s) desenvolvida(s) através das práticas de aprendizagem em quatro cenários de aprendizagem
docente: o Curso (C1), os Grupos Interdisciplinares (C2), a Escola (C3), e o TelEduc (C4). No caso
particular do Estágio Supervisionado I, os alunos transitaram pelos quatro cenários que constituíram-lhes
tanto na sua trajetória individual pessoal e de formação, quanto na trajetória grupal da comunidade. A
seguir são descritas as Comunidades de Prática conformadas durante o desenvolvimento do Curso:
ii) CdP-I: Comunidade interdisciplinar de estagiários pertencentes a, pelo menos, dois Licenciaturas
diferentes, desenvolvida no Cenário 2 (C2).
Resultados
Tendo presente que os movimentos de participação são necessários enquanto às aprendizagens não
se dão de maneira individual, segundo a teoria Social da Aprendizagem (Lave & Wenger, 1991), senão
que é necessário esse movimento de participação em comunidade de prática de estagiários para que as
aprendizagens se mobilizem e mudem e que, a sua vez, precisam ser mobilizadas nas fronteiras do
individual e o social.
A participação, dos alunos estagiários, analisados por meio das intervenções em sala de aula na
presente pesquisa, mudou de uma participação periférica legítima a uma participação periférica central.
Porém, não todos os estagiários lograram verbalizar sua participação, pelo que também foi importante
para a análise considerar sua participação por meio dos diários, e na medida em que são incorporadas as
problematizações feitas em sala de aula, para analisar suas situações particulares na escola campo de
Estágio Supervisionado. Nem todas as participações podem se evidenciar de maneira verbal. Ao analisar
as trajetórias de aprendizagem individuais e grupais dos estagiários da comunidade de prática, podemos
encontrar que as trajetórias de aprendizagem têm mudado no caminho, mas mantendo a tendências de
liderança, participação ativa nas comunidades de prática em que são inseridos de maneira voluntária, ou
em atividades em que se sentem envolvidos com a prática da comunidade. Ou pelo contrário, experiências
pouco agradáveis marcam a trajetória de participação de um aluno até introvertê-lo e afastá-lo de
participação verbal. A trajetória de participação do grupo apresenta que o grupo analisado na pesquisa, foi
um grupo que surgiu sem muito envolvimento dos participantes, foi mudando seu envolvimento, de
acordo com interesses comuns dos estagiários, e de acordo com os níveis de envolvimento, este grupo foi
ganhando espaço na sua consolidação, até envolver trajetórias de práticas diferentes ao estágio
supervisionado, na prática da sala de aula do Curso, cumprindo com o proposto até o término dela.
Discussão
De acordo com Acevedo e Fiorentini (2016) o Estágio Supervisionado I oferecido pela Faculdade de
Educação da Unicamp se converte em um espaço que garante ações, interações e relações que
movimentam as disciplinas que o constituem. Isto é, de acordo com o apresentado pelos estagiários o
estágio da FE, oferece condições diferentes aos estagiários, desde o momento de escolha da instituição.
Posteriormente, no desenvolvimento do Curso, os estagiários valorizaram o espaço da sala de aula, dentro
da Unicamp, na medida em que “outros pontos de vista” eram importantes durante a participação em sala
de aula. Assim, o outro, o colega estagiário que vinha de outra Licenciatura motivou em diferentes
momentos, participações não lineais de maneira que a participação dos estagiários da turma tornava-se
enriquecida.
As vozes dos participantes, em geral, as problematizações feitas em sala de aula em conjunto dos
formadores e dos estagiários, assim como nos registros em diário dos estagiários, e suas interlocuções
com a literatura do Curso, tornou o desenvolvimento do Curso, em uma troca constante entre participação
dos estagiários, das suas comunidades de prática e da turma. Isto é, a participação dos estagiários,
motivou o desenvolvimento de mudanças e aprendizagens. Porém, é de ressaltar que o desenvolvimento
da participação em sala de aula foi um processo que também mudou desde o princípio do Curso, até o
momento de apresentar o relatório final. O fato de os alunos serem de diferentes Licenciaturas promove,
dentro da sala de aula na universidade, uma diversidade de discursos e posições dos futuros professores.
Em geral, cada uma das leituras feitas desde os olhares de diferentes disciplinas (das Licenciaturas)
contribui para produzir, nas aulas do Curso de Estágio na Unicamp, uma variedade de interpretações e
significações nas interlocuções com a literatura, e na análise das práticas escolares trazidas pelos
estagiários da escola campo.
Referências
LAVE, J.; WENGER, E. Practice, person and social world. In Situated Learning: legitimate
peripheral participation, Cambridge, Cambridge University Press, 1991, p. 45-58.
WENGER, E. Communities of Practice: Learning, Meaning and identity. New York, Cambridge
University Press, 1998, 306p.
Resumo
A educação tecnológica e a formação profissional ganharam força nestes últimos anos como vetores
essenciais das sociedades ocidentais contemporâneas. As inovações tecnológicas transformaram
profundamente o campo das ocupações profissionais e, mais recentemente, se delineia um “novo” perfil
de trabalhador. Assim sendo, na presente pesquisa buscou-se, por meio de uma análise quali-quantitativa,
compreender o papel das Instituições de Ensino Superior (IES), notadamente tecnológica, na formação e
aquisição das competências e habilidades dos alunos formandos do curso de Comércio Exterior da
Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba e sua conexão com os eixos formativos do respectivo curso.
Quanto aos procedimentos metodológicos fizeram parte da presente pesquisa, o levantamento
bibliográfico sobre as competências e habilidades, mercado de trabalho e formação profissional. Em
paralelo, foi realizada a aplicação de um questionário, tendo como base amostral os alunos formandos do
quinto e sexto semestres do curso de Comércio Exterior. Cabe ressaltar que são poucos os estudos que
demonstram a importância da análise dos seus eixos temáticos e suas implicações no desenvolvimento da
atuação de seus formandos. A partir dessa pesquisa pudemos verificar que existe uma lacuna com relação
às competências e habilidades desenvolvidas no ambiente acadêmico e àquelas requeridas pelo mercado
de trabalho. Conclui-se que o ensino nas IES deve ser marcado pela cisão entre teoria e prática.
A educação, de modo geral, e o ensino superior em particular, tem se constituído como um dos
principais pontos de intersecção entre a oferta e a demanda no mercado de trabalho. Nesses processos as
políticas educacionais mais conhecidas sofrem influência de agentes externos e são orientados pela
internacionalização de modelos educacionais.
Atualmente grande parte dos alunos formandos das Instituições de Ensino Superior (IES) nacionais
tem dificuldade de alcançar o seu espaço no mercado de trabalho devido à concentração de seu
conhecimento se limitar ao embasamento teórico em detrimento do prático.
Diante esse cenário, existe uma vasta discussão no meio acadêmico sobre o papel do ensino superior
e sua relação com as demandas do mercado de trabalho. Faz-se necessária a retomada ao ambiente de
formação para atualização dos conhecimentos e competências em espaços de tempo cada vez menores.
Partindo desse pressuposto, se torna fundamental o papel atribuído à formação superior. Para além de
capacitar tecnicamente os indivíduos para atuarem em áreas específicas, o ensino superior também
deveria preparar o individuo para transitar no mercado de trabalho no sentido de aperfeiçoar suas
capacidades profissionais (Zabala, 2010).
De um ensino tradicional e centralizador com foco em conteúdos limitados passamos cada vez mais
para um ensino voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades, cujo aluno assume um
papel proativo, em que aprender é mais do que adquirir conhecimento. Nesse sentido, a presente pesquisa
buscou analisar as competências profissionais durante o período de formação dos alunos do curso de
comércio exterior da Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba, além das atividades curriculares,
extracurriculares e habilidades que facilitam a transição para o mercado de trabalho e possibilitem e
inserção e permanência no ambiente de trabalho.
Nesse ponto que ressaltamos a preocupação das IES em identificar as habilidades e as competências
dos alunos em formação, além da importância do desenvolvimento dos eixos formativos na grade
curricular e na organização do curso em questão. Assim sendo, destaca-se a importância do
desenvolvimento das competências e habilidades no decorrer do curso diante às características que
sucedem os processos de inovação, já que se trata de um curso tecnológico.
Dias (2010) afirma que a principal meta das Instituições de Ensino Superior contemporânea não é
somente ensinar conteúdo, mas desenvolver, principalmente, competências que permitam ao aluno obter
conhecimento pessoal e profissional. O papel das IES, nesse sentido, é incontestável na formação dos
seus diplomados. Assim, o investimento num sistema de ensino integrado que gere o desenvolvimento
integral dos estudantes, contribuíra, em larga medida, para o seu sucesso não apenas na transição para o
mercado de trabalho, mas também no processo de desenvolvimento da sua carreira ao longo da vida.
Para tanto, a pesquisa teve como objetivo compreender o papel das Instituições de Ensino Superior
(IES) na formação e aquisição das competências e habilidades dos alunos formandos do curso de
comércio exterior da Faculdade de Indaiatuba e sua conexão com os respectivos eixos formativos. A
metodologia utilizada decorreu primeiramente de uma pesquisa bibliográfica, revisando o contexto
histórico e conceitual dos temas fundamentais para a formação de um estudante em nível superior e sua
futura trajetória profissional. Cabe destacar a importância das competências transversais no
desenvolvimento dos eixos formativos do curso em análise.
Com a realização desse trabalho foi possível identificar os pontos conflitantes relacionados ao que os
alunos julgam possuir, permitindo uma análise mais pormenorizada dos pontos congruentes e divergentes,
de modo mais assertivo. Os dados demonstraram que a autopercepção de algumas competências
transversais dos estudantes apresentaram pontos conflitantes em relação aos itens que permitem avaliar
essas competências de maneira relacional. A IES em questão possui um papel fundamental quanto ao
desenvolvimento de tais competências, preparando-os de forma qualificada e eficaz no que diz respeito às
funções a serem desempenhados no mercado de trabalho.
NUNES, S.C. & SIQUEIRA (2010). O projeto pedagógico e a orientação para a formação por
competências: Um estudo em curso superior de uma universidade brasileira. Revista Ibero-americana de
Educação, 60 (2), 1-11.
ZABALA, A.; ARNAU, L. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: Artmed, 2010.
198 p.
DESIGN THINKING: UMA EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO
CONTINUADA DE PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR
RESUMO
O presente trabalho visa relatar a experiencia de uma proposta de formação continuada para
professores na modalidade EaD, oferecida por uma Instituição de Ensino Superior do interior do estado
de São Paulo, exclusivamente a seus docentes. No que diz respeito à inovação acadêmica buscou-se
apresentar a abordagem Design Thinking (DT) para a elaboração de propostas pedagógicas diferenciadas.
No campo educacional, DT é uma abordagem que traz para o centro das atenções o aluno em sua
diversidade e que principalmente busca sempre criar significado e fazer a diferença, levando à inovação
de fato. O módulo DT foi oferecido inserido no bloco Inovações Acadêmicas, com duração de 8 semanas,
incluindo atividades práticas e fóruns de compartilhamento. Ao final do módulo esperava-se que os
professores usassem o DT como processo para mapear e mesclar a experiência cultural, a visão de mundo
e os processos inseridos na vida dos alunos, no intuito de obter uma visão mais completa na solução de
problemas pedagógicos a fim de construir estratégias de ensino-aprendizagem inovadoras.
Introdução
A universidade por sua vez precisa estar atenta e em consonância com tais mudanças. Vivemos em
uma sociedade, globalizada, hiperinformada, dispersa e diversificada. Tudo isso demanda uma
universidade aberta à diversidade dos estudantes e da cultura em movimento (MARTINEZ, 2015).
A formação continuada de professores para o ensino superior precisa buscar modelos e instrumentos
não só tecnológicos, mas também de pensamento, de arranjo mental para enfrentar os desafios que se
impõem ao fazer docente.
Quando pensamos em inovar nosso modo de pensar currículos e práticas, devemos entender o que
exatamente chamamos de inovação no campo educacional.
Evans (1967 apud Cavalcanti e Filatro, 2010) já discutia inovação no campo da pesquisa educacional
e trazia a perspectiva de que inovação pressupõe tanto o processo de concepção de uma ideia nova, que
pode ser aplicada a determinado indivíduo ou grupo, como a identificação das mudanças resultantes
daquilo que foi criado, adaptado, estendido. Para o autor, aspectos, ideias ou práticas trazidas de outros
contextos e aceitas anteriormente, desde que recombinadas e aplicadas de modo a criar novas
possibilidades para o contexto em questão, também é inovação.
Crossan e Apaydub (2010) propõem que inovação é tanto o processo que ocorre enquanto a
inovação é concebida, quanto o resultado derivado dessa inovação aplicado a um contexto real.
Articulando as duas visões Bittencourt (2016), propõe que no âmbito educacional a inovação diz
respeito tanto ao processo quanto aos resultados de ações que introduzem novos elementos a um
determinado contexto, que estavam ausentes até então, gerando novas aprendizagens, novas ideias e
novas práticas.
Para Tim Brown (2010) inovação é valor percebido. O que quer dizer que não basta buscarmos
métodos diferentes e panaceias milagrosas para fugir do lugar comum e chamar tudo isso de inovação.
Uma inovação precisa causar impacto na vida das pessoas e transformar para sempre a forma de essas
pessoas viverem e trabalharem.
Foi a partir dessa concepção que se buscou oferecer uma alternativa de planejamento pedagógico
que colocasse o aluno – suas necessidades, aspirações, significações – como ponto de partida e de
chegada para o fazer docente.
Design é um termo de difícil tradução para o Português e, por esse motivo, várias palavras podem
servir para defini-lo, todas igualmente aplicáveis e corretas. Projeto, criação, desenho, plano são termos
que podem ser usados para transmitir a ideia e que variam de acordo com o propósito de uso. E
“Thinking”, vem do verbo em inglês, “to think”, que se traduz por pensar.
Objetivo Geral
Apresentar a abordagem Design Thinking a docentes do ensino superior como recurso inovador na
resolução de problemas pedagógicos, mais especificamente na construção de planos de ensino
diferenciados e centrados no aluno e não nos conteúdos, em um curso de pós-graduação em Docência no
Ensino Superior on-line.
Metodologia
O curso foi oferecido on-line na modalidade EaD. Apresentava-se dividido em Blocos e esses por
sua vez em Módulos. O DT era um dos módulos que compunha o Bloco Inovações Acadêmicas.
O DT foi apresentado de maneira didática, em uma linguagem informal e utilizando recursos digitais
auxiliares como vídeos, links e hipertextos.
Por se tratar de uma ferramenta mental eminentemente prática os docentes foram convidados a
utilizar o Plano de Ensino de suas disciplinas como ponto de partida e objetivo final do processo.
Espera-se que os docentes do ensino superior, a partir da abordagem Design Thinking e atuando na
interface entre educação, tecnologia e gestão possam repensar práticas de planejamento e buscar soluções
para problemas educacionais de modo inovador, centrado no aluno e não nos conteúdos a serem
ministrados.
REFERÊNCIAS
BROWN, T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2010.
Resumo
O objetivo deste trabalho é avaliar o Projeto BIG Apoio Pedagógico do NAE-Osasco da Unifesp,
que tem como diretriz apoiar a permanência dos estudantes, identificando suas principais dificuldades e
propondo ações para elas. Além das políticas públicas de acesso, as instituições de ensino superior
desenvolvem ações visando a permanência dos estudantes, considerando o novo perfil, mais heterogêneo
em termos de idade, sexo, nível socioeconômico, cor, etnia, expectativas e projetos profissionais. O
ingresso no ensino superior constitui uma fase de constantes transformações para os estudantes, nesse
contexto, ações institucionais se fazem necessárias para apoiá-los durante essa transição. As dificuldades
identificadas foram organizadas em quatro níveis, indo desde o uso de normas ABNT como menor
prioridade até dificuldades em disciplinas de exatas com maior prioridade, passando por feedback das
avaliações e orientação de carreira. Concluímos que os resultados são condizentes com a literatura sobre o
tema e que o uso de oficinas como ferramenta de intervenção demonstra-se eficiente no apoio a
permanência dos estudantes.
Introdução e objetivos
Nos últimos anos o ensino superior brasileiro expandiu, passando de 2,6 milhões de matrículas em
2000 para 8 milhões em 2016 (INEP, 2016). Para o ensino superior público, essa expansão se deu,
sobretudo por políticas públicas que Honorato et al (2014) chamam de políticas inovadoras de acesso: o
REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), o SISU
(Sistema de Seleção Unificada), a “lei de cotas” (Lei nº 12.711/2012), a criação de novos campi e novas
universidades e ampliação dos cursos noturnos.
Ao analisar o perfil dos estudantes do ensino superior hoje, Sampaio (2014) afirma que esse
contingente é muito mais heterogêneo em termos de idade, sexo, nível socioeconômico, cor, etnia,
motivações, expectativas e projetos profissionais do que era antes. Complementando, Honorato et al
(2014) apontam que esse novo perfil de estudantes é, em geral, a primeira geração a cursar o ensino
superior, oriundos de escolas pública e com menor renda familiar.
Entre 2002 e 2015 foram criadas 14 novas universidades federais e 126 novos campi, passando a
atender 230 municípios. Segundo Heringer (2011), estas medidas vieram imprimir novo ritmo e colocar
novas questões para a reflexão sobre a expansão e democratização do ensino superior no país. Afinal,
estes termos são equivalentes?
O objetivo deste trabalho é avaliar a experiência do Projeto BIG Apoio Pedagógico do NAE do
campus Osasco da Unifesp refletindo sobre o seu desenvolvimento a luz da literatura sobre estudante
universitário e ensino superior.
Metodologia
Este estudo é um relato de experiência sobre o Projeto BIG Apoio Pedagógico que visa desenvolver
juntos aos estudantes estratégias de permanência na Universidade. O projeto identificou questões que
dificultam a permanência, sobretudo aquelas que impactam no desempenho acadêmico. Assim, foram
organizadas duas atividades iniciais para o levantamento das dificuldades: 1) brainstorm da experiência
dos bolsistas do projeto; 2) workshop sobre dificuldades acadêmicas.
Resultados
As dificuldades identificadas foram organizadas em 4 níveis, sendo a primeira menor e a quarta mais
prioritária: 1) normas ABNT, elaboração de seminários, escrita acadêmica e regras de transferência de
turno e curso; 2) feedback das avaliações, feira de profissões, didática e empatia dos professores, pré-
requisitos de disciplinas, leitura de textos acadêmicos; 3) atividades de integração e acolhimento ao longo
do ano, orientação de carreira, estágios, gestão do tempo e bolsas e auxílios; 4) horário das aulas dos
cursos integrais, disciplinas de exatas e segurança pública.
As dificuldades encontradas são compatíveis com a literatura sobre o tema. Pascarella e Terenzini
(2005), listam como dificuldades: lidar com ambiente desconhecido, relação pedagógica com os
professores, ritmo e quantidade de conteúdos, maior necessidade de horas para estudo, sensação de falta
de tempo livre, novas relações interpessoais, falar em público, falta de conhecimento-base para o curso,
baixa autoconfiança, falta de clareza de metas, desconhecimento de métodos de estudo, etc.
Discussão
Os resultados apontam que muitas dificuldades são comuns a todos os estudantes, independente do
curso e turno, o que permite a elaboração de atividades mais amplas. Além disso, os estudantes avaliaram
as oficinas como positivas, já que atenderam às suas expectativas, contribuindo para solucionar algumas
dúvidas, auxiliando-os em sua organização e planejamento gerais.
Sabendo da importância do primeiro ano para a adaptação dos estudantes, para 2018, além da
manutenção das oficinas, pretende-se oferecer mais duas ferramentas de apoio para os estudantes
ingressantes: um diagrama com todas as possibilidades que a universidade oferece e um programa de
mentoria para estudantes que receberão auxílio, sendo os mentores estudantes que são ou já foram
beneficiados pelas políticas de assistência estudantil da Unifesp. Dessa forma, concluímos que o Projeto
BIG Apoio Pedagógico é uma inovação na garantia da permanência estudantil contribuindo para o
desenvolvimento acadêmico dos estudantes.
Referências
HARVARD. Half the Battle: First-Generation Students at Harvard. The Harvard Crimson. Boston
(MA): Harvard University, 05/10/2017. Acesso: https://www.thecrimson.com/article/2017/10/5/first-
generation-students
INEP. Censo da Educação Superior 2016. Notas Estatísticas. Brasília (DF): INEP, 2017. Disponível
em: http://portal.inep.gov.br
PASCARELLA, E. T.; TERENZINI, P. T. How college affects students: a third decade of research,
2ed. San Francisco: Jossey-Bass, 2005.
UNIFESP. Programa de Bolsas de Iniciação à Gestão da PRAE. São Paulo: Unifesp, 2017.
Disponível em: http://www.unifesp.br/reitoria/prae
Inovações educacionais e protagonismo juvenil – o caso da Oficina de
Redações da EE. Francisco Álvares (Campinas, São Paulo)
Resumo
Este trabalho tem como objeto as Oficinas de Redação desenvolvidas com os alunos do 3º ano do
Ensino Médio da EE. Francisco Álvares no segundo semestre de 2017. Tematiza sua proposição,
execução e resultados; interessa entender seu planejamento e realização como iniciativa conjunta entre
docentes e discentes. É assim que os segundos ganham protagonismo, já que seu posicionamento crítico é
valorizado e considerado. Para tanto é retomado o livro “Pedagogia de Autonomia”, de Paulo Freire e é
aquilatado o conceito de “currículo”, segundo Jimeno Sacristán. Para operacionalizar o estudo das
práticas propostas no cotidiano escolar são retomados os estudos de Michel de Certeau. Considera que a
inovação na relação professor/ aluno é capaz de engendrar novas organizações curriculares, extrapolando
os conteúdos e alcançando um viés educativo.
Introdução e objetivos
Campinas, setembro de 2017. Em meio à programação da Semana do Ensino de História tem lugar a
mesa “Legislação e Ensino”. Nesta, falaram: Evandro Pioli (FE/UNICAMP), Ricardo Pirola
(IFCH/UNICAMP) e Josianne Cerasoli (IFCH/UNICAMP). Foi na fala da última que foi proposta a
imagem de um “cerco” para pensar as políticas educacionais recentes e a forma como elas operam nas
ações cotidianas no interior da escola pública. É neste cerco que são lançados dispositivos legais que
podam iniciativas diversas e controlam as ações de membros da comunidade escolar. Para além da
imagem utilizada, cabe destacar as diferentes formas pelas quais os sujeitos operam no chão da escola.
Como propor, apesar dos cerceamentos legais, inovações educacionais que permitam o estabelecimento
de outra relação professor/aluno? E de que forma esta relação pode engendrar novas propostas de
organização do espaço educacional?
Neste resumo será reportada a experiência das Oficinas de Redação da EE. Francisco Álvares (Campinas/
SP). Centrar-se-á no papel conferido aos discentes neste processo, já que eles listaram suas demandas e
colaboraram com a elaboração de seu formato. Estas oficinas foram voltadas para os alunos do 3ºano do
Ensino Médio e aconteceram duas vezes por semana no contra turno e na própria escola. São lançados os
seguintes objetivos: evidenciar o papel dos alunos na organização e realização das oficinas; ressaltar sua
organização e suas finalidades; destacar seu caráter extracurricular e experimental. Tratou-se de uma
experiência educativa já que centrou sua organização nas demandas dos estudantes. Interessa destacar a
importância do protagonismo dos discentes e os desdobramentos que inovações na tradicional relação
professor/aluno podem trazer para as experiências curriculares e educacionais.
É Michel de Certeau (1985, p. 3 - 19) quem dá ao estudo das práticas um novo estatuto, captando-as
como operações e fugindo de um modelo de análise quantitativo. Considera seus trânsitos e as formas
como se organizam interessando-se pelos seus usos. É validando o estudo das práticas e suas operações
que estas temáticas ganham destaque – para além do já constatado cerco burocrático que se engendra em
torno da escola pública, que inovações podem ser propostas, enquanto práticas, no chão da instituição?
Iluminar tais aspectos faz perceber as operações que professores, alunos e funcionários engendram.
Também pela ótica do estudo das práticas o entendimento estrito do currículo pode ser extrapolado.
Interessa sublinhar alguns dos âmbitos e contextos que configuram-no na prática de ensino - são eles: o
contexto didático, o contexto psicossocial, o contexto do sistema educativo e o contexto exterior ao meio
pedagógico (SACRISTAN, 1998, p. 130 – 131). Ao considerar todas essas dimensões é perceptível a
faceta oculta e a manifesta da estrutura curricular. O currículo, pois, extrapola a listagem de conteúdos;
incorpora sua elaboração e as operações engendradas a partir dela. Este entendimento culmina na
validação de inovações curriculares propostas no cotidiano escolar e pensadas pelos diferentes sujeitos
que o compõem.
Uma metodologia para o estudo das práticas foge de análises unicamente quantitativas – estudar
operações implica a validação de manobras feitas por docentes, discentes e funcionários. A Oficina de
Redação foi uma manobra proposta por estudantes dos 3º anos do Ensino Médio para enfrentar a alta
rotatividade de professores e pleitear com maior segurança uma vaga em cursos superiores. O
protagonismo se iniciou quando os mesmos constataram a situação, avaliaram-na e sugeriram uma saída
exequível – consolidou-se, pois, no diálogo. A análise de seus resultados não depende do número de
discentes frequentes ou do total de livros lidos e redações produzidas, mas da quantidade de alunos
atingidos por um formato de aula proposto por eles e pensado para eles. Desta forma os resultados são
expostos e analisados a partir de constatações da docente e dos alunos sobre os seus impactos e
desdobramentos na instituição.
Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos e criticidade (FREIRE, 1996, p. 130 – 131); é
instigando os alunos a posicionarem-se e respeitando seus posicionamentos que se constrói um diálogo
capaz de engendrar novas práticas educativas. É de acordo com estes postulados que os resultados desta
ação são listados após conversas com os estudantes, nas quais apontaram pontos positivos e negativos da
iniciativa. São eles: o estabelecimento de um lugar e momento de troca de experiências; confecção e
oferecimento de material didático próprio; revisão de aspectos estruturais e argumentativos de gêneros
textuais; estudo de obras de literatura . Os pontos negativos dizem respeito à estrutura curricular e a
aspectos estruturais: foram criticados o pouco tempo para estudo e a inadequação do espaço físico.
Os momentos de encontro para as Oficinas desdobraram-se: em agosto os estudantes tiveram uma
conversa sobre procedimentos para inscrição em vestibulares ; em setembro participaram de um
Cineclube; em outubro,visitaram o Acervo Edgard Leuenroth e participaram do Congresso de Iniciação
Científica da UNICAMP. Tais acontecimentos configuram seu caráter educativo já que ampliaram o
repertório cultural dos alunos e possibilitaram trocas sobre carreiras e projeções profissionais.
Inovações curriculares nascem de conversas com discentes; neste movimento seu protagonismo é
incentivado e o âmbito curricular, extrapolado. Para tanto é vital a real escuta do professor – cabe largar o
giz e a lousa e encarar os espectadores de suas aulas e, de fato, ouvir críticas, sugestões e balanços de
conteúdo e experiências. A Oficina de Redações, uma iniciativa isolada, ganhou força por mostrar que é
possível a organização de um espaço educativo tal qual proposto pelos estudantes. Ela, porém, é uma
operação em meio a um cerco legal e burocrático – cabe então retomá-la, debate-la e estende-la.
Referências
CERTEAU, Michel de. Teoria e método no estudo das práticas cotidianas. In: SZMRECSANYI, Maria
Ivone (org). Cotidiano, cultura popular e planejamento urbano (Anais do Encontro). São Paulo:
FAU/USP, 1985, p. 3 – 19.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra, 1996.
RESUMO
Este texto registra, de forma sintética, a experiência de atuação do Núcleo de Apoio Pedagógico
(NAPe) do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos – S. Paulo (UNIFEB), em seis
anos de atuação. A partir da pesquisa dos relatórios semestrais enviados à Reitoria pelo setor,
mencionam-se as treze frentes permanentes sob sua responsabilidade, com atuação voltada
principalmente aos aspectos de documentação pedagógica dos cursos e de intervenções práticas por meio
de oficinas, seminários e uma série de projetos institucionais relacionadas à formação docente. Práticas
estas que corroboraram para a significativa melhoria, não só da qualidade de ensino oferecida, como
também, e principalmente, pela elevação dos indicadores de avaliação externa pelo Ministério da
Educação.
I. INTRODUÇÃO E OBJETIVO
Em 2012, ante às exigências crescentes de regulação, seja do então Conselho Estadual de Educação,
ao qual esteve subordinado, como também do MEC, concomitantemente ao ambiente de crise econômica
e concorrência crescente ante uma demanda em retração, a reitoria estabeleceu entre as prioridades, a
determinação de aprofundamento da qualidade do ensino como meio de diferenciação, e, portanto, de
sobrevivência. Por meio da Resolução RE14/2013 foi criado o Núcleo de Apoio Pedagógico (NAPe) com
a incumbência de formulação, fomento e execução das políticas pedagógicas institucionais, de forma a
alavancar o aprofundamento, em todos os níveis institucionais, da qualidade do ensino oferecida. Cabe
mencionar a referência do artigo de Girash (2012, p. 39) publicado na Revista Ensino Superior
UNICAMP sobre as experiências dos diferentes CTL’s ao redor do mundo, que serviu como parâmetro
inicial para implantação do novo setor de apoio às graduações em andamento.
Este artigo tem como objetivo relatar as frentes de atuação do Núcleo de Apoio Pedagógico (NAPe),
como forma de visualização para a melhoria, não somente dos indicadores internos de qualidade da
instituição, como também dos indicadores externos da mesma.
II. METODOLOGIA
III. RESULTADOS
Atualmente, o NAPe se responsabiliza por atuação em 13 frentes permanentes, cada uma delas com
histórico, registros e documentação próprias. Abaixo, uma síntese de cada uma destas.
• Projetos Pedagógicos dos Cursos – O UNIFEB possui uma tradição própria na elaboração de seus
Projetos Pedagógicos de Curso. Nestes últimos 6 anos o NAPe elaborou uma sequência de 3 modelos
institucionais, conforme as exigências iniciais do CEE e posteriormente conforme os Instrumentos de
Avaliação de 2014 e 2015 editados pelo MEC.
• Orientação para alteração curricular dos cursos – As adequações curriculares são acompanhadas
pelo NAPe em forma de procedimento institucional conforme Resolução RE nº 23/2012.
• Produção de material didático institucional. São elaborados materiais próprios como aqueles
utilizados nas oficinas docentes presencial e em EaD.
Oficinas Docentes – O NAPe tem investido em oficinas voltadas para diferentes formas de
avaliação, além daquelas voltadas para a introdução de metodologias ativas (BERGMAN, SAMS,2016;
LEAL, MIRANDA, NOVA, 2017; MORETTO, 2014).
• Oficinas de recuperação de conteúdos prévios para alunos - O NAPe orienta o projeto presencial e
semipresencial de revisão dos conteúdos relativos a Português, Matemática e Física.
• Estratégias relacionadas aos cursos e aos alunos que prestam ENADE - O NAPe oferece oficinas e
orientações sobre as características de provas de trainee, grandes concursos (como os organizados pela
CESGRANRIO) ou de ENADE aos alunos.
• Estratégias de comunicação e de apoio aos alunos da cidade e da região – Consiste em encontros e
orientações de apoio e esclarecimento aos alunos da Educação Básica regional sobre o mercado de
trabalho e escolha profissional.
• Apoio aos Núcleos Docentes Estruturantes - NDE’s - Acompanhamento e orientação à atuação dos
NDE´s dos respectivos cursos.
IV. DISCUSSÃO
O principal mérito em ter-se optado pela criação de uma instância de apoio pedagógico no UNIFEB
como o Núcleo de Apoio Pedagógico (NAPe) consiste em fortalecer, institucionalizando em termos
práticos, as políticas de ensino contidas no PDI da instituição. A parte mais visível desta atuação se
evidencia por meio dos indicadores externos obtidos pelo MEC: nota 4 no Conceito Institucional (CI) e a
trajetória de elevação geral dos CPC’s (Conceitos Preliminares de Curso) dos cursos.
REFERÊNCIAS
BERGMANN, J., SAMS, A. Sala de aula invertida: Uma metodologia ativa de aprendizagem. Rio de
janeiro: LTC, 2016.
BRASIL. Ministério da Educação – INEP. Guia de Elaboração e Revisão de Itens. Volume 1.Brasília.
2016.
GIRASH, J. Reflexões a respeito de novos, antigos e renovados centros para ensino e aprendizado.
Revista Ensino Superior UNICAMP. 5ed. Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas, 2012.
p.39-52.
MORETTO, V.P. PROVA: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. 9.ed. Rio de
Janeiro: Lamparina, 2014.
SANTOS FILHO. J. C. dos, GAMBOA (org.) Pesquisa Educacional: quantidade e qualidade. 9.ed. São
Paulo: Cortez, 2010.
Inclusão de aluno com cegueira nas disciplinas de Audiologia do Curso
de Fonoaudiologia da UNICAMP
Resumo
Introdução e objetivos
FN401: disciplina prática em que o aluno dá inicio a aplicação dos testes da avaliação audiológica
básica em indivíduos com queixas auditivas. Estratégias/adaptações: na realização da meatoscopia para
descartar a presença de rolha de cera, o aluno nomeou um tutor que realizava o procedimento e fazia a
descrição. Durante a avaliação audiológica, a resposta do paciente pode ser identificada por diferentes
recursos, tais como levantar a mão (usualmente utilizado) ou via resposta motora a partir de um botão
acoplado ao audiômetro. Observou-se que tal ferramenta fornecia uma resposta apenas visual no
audiômetro (acendia uma luz no viso do avaliador). Portanto, foi necessária uma adaptação do dispositivo
que possibilitasse um retorno por meio de vibração. Optou-se por construir um dispositivo simples, a
partir de um vibrador de celular antigo, portátil e de fácil adaptação ao audiômetro. O aluno realizou os
exames com o dispositivo no bolso do jaleco. Ainda em fase de teste, foi possível estabelecer um sistema
de acesso ao audiômetro AC40 da Interacoustics com o notebook do aluno por meio do Software
“Diagnostic Suite”, disponibilizado pela Interacoustics e software NVDA - Acesso Não-Visual ao
Ambiente de Trabalho. Para tal, foram realizadas atualizações especificas do programa do audiômetro e
testes com os diferentes programas de acesso visual. Ainda faz-se necessário a elaboração de comandos
que facilitem o domínio do software por meio do teclado do notebook, e não do mouse.
Resultados e Discussão
A literatura destaca a importância da utilização dos sentidos remanescentes por parte do deficiente
visual uma vez que facilita uma maior percepção e desenvoltura nas atividades propostas[6][7]. A
confecção do audiograma e timpanograma tátil auxiliou o aluno a abstrair os gráficos, entender o
conteúdo e realizar as mesmas marcações que o aluno vidente realiza na folha de papel. Além disso, os
recursos auxiliaram o aluno a acompanhar a aula teórica, responder as questões das provas, bem como
demonstrar ao professor assimilação do conteúdo específico trabalhado. As adaptações realizadas nos
equipamentos, como etiquetas, treino de manuseio, recursos de retorno auditivo do estimulo e auxílios de
um tutor facilitaram a realização do exame. Mas ainda assim, com limitações e barreiras, conforme
destacado com relação à meatoscopia. A conquista da autonomia pela pessoa com deficiência visual
envolve a superação dos impactos e dos prejuízos decorrentes da limitação visual (Aciem e Mazotta,
2013). Muitas vezes, faz parte desse processo identificar as barreiras e buscar formas viáveis de superá-
las. Nesse sentido, a realização da meatoscopia juntamente com um colega da turma, mostrou-se uma
solução adequada, uma vez que se trata de um procedimento não exclusivo do fonoaudiólogo, mas
também realizado pelo otorrinolaringologista, o que possibilita diferentes acordos clínicos em uma
relação de trabalho futura.
Conclusão
Referências bibliográficas
2. BRASIL. LEI No. 13.156, DE 6 DE JULHO DE 2015. Institui a lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 07 de Julho
de 2015. Disponível em: http://www.Planalto.gov.br/ccivil_03 Ato 2015-2018/2015/Lei/L13146.htm.
Acesso em 02 de Outubro de 2017
4. BATISTA,S.M.; FRANÇA, R.M. Família de pessoas com deficiência: desafios e superação. Revista de
divulgação técnico-científica do ICPG. 2007; Vol. 3 n. 10, pp. 117-21.
5. ACIEM, T.M.; MAZZOTTA, M.J.S. Autonomia pessoal e social de pessoas com deficiência visual
após reabilitação. Rev. bras.oftalmol., Rio de Janeiro , v. 72, n. 4, p. 261-267, Aug. 2013 .
6. MASINI,E.F., organizadora. Do sentido... pelos sentidos... para o sentido... Niterói: Intetexto; 2002.
303 p.
RESUMO
A abordagem baseada em problemas (ABP) se caracteriza pelo uso de situações reais para estimular
o desenvolvimento de pensamento crítico, das habilidades para solucionar problemas e a aquisição dos
fundamentos dos conteúdos técnicos da área estudada. Este artigo tem como objetivo apresentar a
avaliação por parte dos alunos da aplicação da ABP em uma disciplina de projeto dos sistemas prediais
hidráulicos e sanitários do curso de graduação em Engenharia Civil. Para a avaliação da aplicação foram
empregados questionários com questões estruturadas e não estruturadas. Como principais pontos
positivos destacados tem-se a proximidade com a prática profissional, o auto aprendizado e o trabalho em
equipe. Como pontos negativos, o pouco tempo disponível para resolver o problema em sala de aula e a
necessidade de estudo prévio, tendo em vista a carga horária elevada do semestre.
1.INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Existem vários exemplos de aplicações do método ABP na literatura. Alguns usam o termo
abordagem baseada em projetos (MILLS e TREAGUST, 2003).
Este artigo tem como objetivo apresentar a avaliação por parte dos alunos da aplicação da ABP em
uma disciplina do primeiro semestre do quarto ano do curso de graduação em Engenharia Civil (EC) da
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp.
Foi utilizada a estratégia de ABP proposta por Kolmos (1996), com as etapas adaptadas de Maastrich
(2017): preparação pré-aula dos alunos; apresentação e discussão do problema; desenvolvimento da
solução; e apresentação dos resultados pelos alunos em forma de relatório.
Os materiais para estudo preparatório para aula foram disponibilizados no ambiente virtual. No dia
da aula, os alunos recebiam uma pasta contendo o enunciado da questão e trabalhavam no problema em
grupos com três integrantes.
2.METODOLOGIA
A metodologia para a presente avaliação seguiu a estratégia apresentada por Baptista e De Campos
(2016), que consiste em análises quantitativas e qualitativas.
Para a coleta dos dados foi utilizado questionário com questões estruturadas e não estruturadas. As
questões estruturadas abordaram: a carga horária cursada no semestre em curso, a proximidade com a
prática do ensino de engenharia civil e a percepção dos alunos da aplicação da ABP (facilidade de
aprendizado, tempo disponível para a solução, etc). As questões não estruturadas, por sua vez, abordaram
os pontos positivos e negativos da aplicação da ABP.
Para a análise, foram determinadas as frequências de cada resposta para o total de alunos das duas
turmas da disciplina, cujas aulas ocorrem no mesmo horário e são conduzidas por dois docentes e dois
auxiliares (alunos da pós-graduação em estágio docente).
3.RESULTADOS
Dos 90 alunos matriculados na disciplina, 73 responderam ao questionário. Noventa e três por cento
dos respondentes indicaram que o ensino de EC na Unicamp é bastante teórico e que falta ligação com a
prática profissional. Segundo um aluno, “a Engenharia Civil exige muito mais que conhecimentos
teóricos, quando o profissional se vê obrigado a aplicar, não sabe”.
Quarenta e sete alunos (64% do total) afirmaram que foi mais fácil aprender os tópicos da disciplina
com ABP e quinze alunos (21%) discordaram desta afirmação.
O tempo em sala de aula para a resolução dos problemas apresentados foi considerado insuficiente
para 46 alunos (63% do total). Além disso, os alunos afirmaram que a carga horária excessiva do curso
não permitiu que eles se preparassem previamente de forma adequada. A maioria dos alunos (64%)
cursava mais de 36 créditos e 22% cursavam entre 30 e 36 créditos naquele semestre.
Os alunos também relataram que esperavam respostas mais diretas dos tutores aos questionamentos
levantados durante a resolução dos problemas em sala de aula e que sentiam falta das aulas teóricas.
Segundo 16% dos alunos, os exercícios deveriam ser sempre antecedidos de aula teórica sobre o tema.
Os pontos positivos citados sobre a aplicação da ABP foram: proximidade com a prática
profissional, auto aprendizado e trabalho em equipe. Afirmações de alguns alunos sobre a aplicação da
ABP: “vivencia uma experiência de consultoria, em um prazo apertado, com muitos problemas, que faz
parte da realidade no mercado de trabalho”; “promove a organização do grupo”; “incentiva o estudo por
conta-própria” e “força a aprender”.
Por sua vez, os pontos negativos foram: pouco tempo disponível para resolver o problema em sala de
aula e necessidade de preparo pré-aula, em um semestre muito sobrecarregado.
A partir da observação das pesquisadoras, verificou-se que os alunos dispendiam grande parte do
tempo alocado para as atividades na análise e compreensão das mesmas, restando pouco tempo para a
solução propriamente dita.
4.DISCUSSÃO
Percebe-se uma certa reação de alguns alunos em adotar uma atitude mais proativa no seu
aprendizado: a dependência dos professores, no momento da resolução dos problemas, ainda foi grande.
Isso corrobora com as avaliações feitas por Prince e Felder (2006).
Outro fator importante que foi evidenciado é que o sucesso do uso da ABP não deve ser restrito a
uma disciplina do curso, pois demanda uma dedicação diferenciada, o que pode gerar uma reação
contrária à abordagem por parte dos alunos. Essa afirmação contraria Polyzois, Claffey e Mattheos (2010)
e De Justo e Delgado (2015), que relatam estudos bem sucedidos de aplicações de ABP em disciplinas
isoladas dentro de currículos convencionais.
Por fim, percebeu-se que há necessidade de se repensar o currículo do curso de EC como um todo
para que a aplicação de ABP alcance um maior sucesso. O estudo e a preparação prévia, que são pré-
requisitos para um maior aproveitamento das atividades desenvolvidas, ficam muito prejudicados em um
currículo com várias horas semanais em sala de aula.
Pretende-se realizar uma segunda aplicação no primeiro semestre de 2018, na mesma disciplina, de
forma a comparar os resultados obtidos. Além disso, estão em andamento nesse semestre aplicações em
duas disciplinas, uma do curso de Arquitetura e Urbanismo (AU) e outra do curso de EC, ambas voltadas
para o mesmo tema.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAPTISTA, Makilin Nunes: DE CAMPOS, Dinael Corrêa (orgs). Metodologia de pesquisa em ciências:
análises quantitativas e qualitativa. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
KOLMOS, Anette. Reflections on project work and problem-based learning. European Journal of
Engineering Education, v. 21, no2, p.141-148, 1996.
PRINCE, Michael, J.; FELDER , Richard M.; Inductive teaching and learning methods: definitions,
comparisons, and research bases. Journal of Engineering Education, v.?, no?, p. 123-138, April, 2006.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo investigar as percepções de licenciandos em relação às práticas
de ensino tradicionais e as práticas inovadoras vivenciadas no processo formativo universitário. A
pesquisa foi realizada na disciplina de Didática, com estudantes do curso de Letras-Português em uma
universidade pública federal do estado do Rio Grande do Sul (RS). A metodologia utilizada para a análise
dos dados foi o Discurso do Sujeito Coletivo. A partir desse estudo, acreditamos que as inovações no
ensino viabilizam um fazer pedagógico distinto que rompe com a interpretação clássica de professor.
Nesse sentido, os discursos dos estudantes revelaram que reconhecer o professor enquanto protagonista
de experiências de ensino significativas é essencial para sua formação, visto que, estão constituindo-se
professores neste percurso.
INTRODUÇÃO
O ensino universitário tem sido destaque nas atuais pesquisas e nas discussões nas universidades,
com o intuito de problematizar as práticas pedagógicas e as estratégias de ensino utilizadas para que os
estudantes possam aprender efetivamente. O que implica em “modos de ensinar e de aprender mais
dinâmicos, interativos, desde que se ofereçam novas possibilidades e novos procedimentos para resolver
velhos problemas ligados à metodologia, à relação professor-aluno e à avaliação da aprendizagem”
(VOLPATO, 2010, p. 133).
METODOLOGIA
O presente trabalho apresenta um recorte dos discursos coletados de entrevistas realizadas com 22
estudantes. A atividade foi realizada na disciplina de didática, do curso de licenciatura em Letras-
Português de uma universidade pública do estado do Rio Grande do Sul (RS). Tal atividade buscou
identificar as percepções sobre a atuação dos professores do ensino superior. Nesse sentido, foi solicitado
aos estudantes que observassem dois professores do curso e respondessem às seguintes perguntas: “como
você define a atuação do professor observado?” como você percebe o planejamento e a organização das
aulas? De acordo com as respostas, organizamos os discursos, tornando-os corpus deste estudo.
Na apreciação dos discursos, utilizamos o método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Segundo
Lefèvre e Lefèvre (2005, p. 21), “a técnica do DSC constitui-se um recurso metodológico que permite a
realização de pesquisas de resgate das opiniões coletivas [...]”. Assim, optamos por este método, pois os
sujeitos pesquisados (estudantes universitários) fazem parte de um mesmo conjunto e com características
afins, favorecem o discurso particular, representando um pensamento coletivo. Depois da análise,
organizamos os dados em operadores metodológicos: a) Expressões-Chaves; b) Ideias Centrais; c)
Ancoragens e, por fim foi construído o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) que apresentaremos a seguir.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nos discursos dos estudantes, identificamos suas percepções quanto às práticas de ensino
tradicionais e as práticas inovadoras vivenciadas no processo formativo na universidade, bem como a
organização das aulas dos professores universitários.
Essa professora não é nada inovadora. Suas aulas são sempre massivas. Apesar de parecer se
importar se estamos entendendo o conteúdo, não oportuniza muito espaço para a colaboração dos alunos.
É bem organizada, mas já sabemos que todas as aulas serão iguais. Isso torna as aulas árduas! Sua
característica marcante é o jeito sonolento de conduzir a aula e “vencer o conteúdo do dia” parece ser a
principal motivação. Considero este professor inovador, pois possui métodos variados de ensinar. Entende
que cada aluno aprende de uma maneira diferente, oportuniza a reflexão de várias maneiras e, acima de
tudo, acredita no potencial dos seus alunos. Promove aulas fora da sala de aula com o intuito de trabalhar
o conteúdo de outras maneiras para facilitar a aprendizagem. Tenta fazer uma aula descontraída e
produtiva ao mesmo tempo. Conduz suas aulas com os alunos sentados em círculo, o que facilita a
comunicação e a interação aluno-professor. O método de ensino é sempre diferente, utiliza várias formas
de entendimento do conteúdo e expõe o conteúdo de acordo com a realidade dos alunos. Escuta os alunos
e faz com que reflitam sobre a temática abordada, mas a aula não é tão planejada, pois o plano de aula não
é seguido, gerando diversas modificações a cada aula. Se por um lado os procedimentos de ensino se
mostram tradicionais, a forma como faz uso desses e desenvolve as atividades mostram uma postura
inovadora, também cumprindo sua função como mediador da aprendizagem.
A partir do DSC exposto acima, que refere-se às ações de inovação no ensino superior, entendemos
que esta implica em uma ruptura com o modelo tradicional de ensino, e o desenvolvimento de uma nova
epistemologia de prática docente, direcionada para o ensino e para a aprendizagem considerando as
demandas dos contextos emergentes.
Parafraseando Lucarelli (2000, p. 63) “quando nos referimos à inovação, fazemo-lo em associação a
práticas de ensino que alterem, de algum modo, o sistema unidirecional de relações que caracterizam o
ensino tradicional”. Ao refletirmos sobre a inovação no processo de ensino, compreendemos que inovar
não é um processo complexo que requer formação continuada e colaborativa, investimentos pessoais e
institucionais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Resumo
A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo,
que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a
reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde visando desenvolver atenção integral que
impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é relatar
uma experiência interdisciplinar de atuação em promoção e prevenção de saúde com dois grupos de
idosos cadastrados em uma Unidade Básica de Saúde de Campinas. Os grupos foram compostos por 22
idosos, 16 graduandos e 04 docentes. Foram desenvolvidos estudo, planejamento, discussão e ações de
assistência aos usuários. A partir de Agosto de 2017, foram realizadas atividades de promoção e
prevenção de saúde nas dependências de duas Organizações Não-Governamentais, situadas próximas à
Unidade Básica de Saúde. No grupo Mova-se, os idosos realizaram atividades de alongamento,
propriocepção e equilíbrio associadas aos exercícios de atenção, memória, raciocínio rápido e respiração.
No grupo FFN, por meio de dinâmicas os idosos realizaram atividades físicas, de leitura, trava-línguas,
memória e atenção. A atuação interdisciplinar propiciou que os idosos se sentissem capazes de
promoverem a sua saúde.
Introdução
A atenção primária ou atenção básica é constituída pelas unidades básicas de saúde (UBS´s) e
Equipes de Atenção Básica. As UBS’s são a porta de entrada preferencial do Sistema Único de Saúde
(SUS), tendo por objetivo atender até 80% dos problemas de saúde da população.
A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo,
que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a
reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde (PNAB, 2012).
Quando falamos da atuação em Atenção Básica, dois termos merecem uma maior atenção: Núcleo e
Campo. Núcleo seria o conhecimento do profissional de uma área específica no seu campo de trabalho.
Campo refere-se ao envolvimento de uma equipe multidisciplinar, que trabalha conjuntamente visando a
troca de conhecimentos, não se restringindo apenas ao seu campo do saber (COSTA et. al,2013).
Com base nesse conceito de Campo, docentes de tres áreas profissionais de uma UBS da região
norte da cidade de Campinas se reuniu e decidiu integrar suas atividades de promoção e prevenção de
saúde. Nesta UBS, 60% da população é composta de usuários idosos, ou seja, acima de 60 anos de idade.
Da Unicamp, a disciplina FN613-Estágio em Fonoaudiologia e Saúde Coletiva II, do curso de graduação
em Fonoaudiologia visa que os alunos tenham experiência prática com o SUS e com os profissionais que
atuam na UBS, por meio de atividades de promoção e prevenção de saúde, troca de informações entre os
profissionais, acolhimento e atendimento aos pacientes. Da Fisioterapia (Metrocamp), a disciplina Prática
Terapêutica Supervisionada em Saúde Pública e da Nutrição (Metrocamp) a disciplina Estágio
Supervisionado Social II.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é relatar uma experiência interdisciplinar de atuação em
promoção e prevenção de saúde com dois grupos de idosos de uma Unidade Básica de Saúde da região
norte de Campinas.
Metodologia de estudo e forma de análise de resultados
Este trabalho foi realizado na abordagem do estudo exploratório (Gil, 2010) visando apresentar as
ações desenvolvidas por docentes e graduandos em fonoaudiologia (Unicamp), fisioterapia (Metrocamp)
e em nutrição (Metrocamp) com idosos. Para a intervenção foram criados dois grupos: o Grupo Mova-se
e o Grupo FFN.
Foi estabelecido contato com o coordenador da UBS, para aprovação do projeto e contato com duas
Organizações Não-Governamentais, vizinhas da UBS para empréstimo do espaço físico, visto que essa
unidade não possui sala para atividades grupais. Feito isto, os idosos da região foram convocados por
telefone para comparecerem à UBS para avaliação das condições físicas, a fim de verificar se estariam
aptos para realizarem as atividades. Os grupos tem periodicidade semanal, com duração de 60 minutos
(cada um). As ações tiveram início em agosto/2017, com término previsto em dezembro de 2017.
A análise dos resultados deu-se por meio de observação, da participação dos idosos, do relato dos
docentes e dos alunos.
Resultados
Grupo 1: MOVA-SE
Desde 2015, este grupo teve início por meio da realização de atividades física por graduandos de
fisioterapia. Em 2017, conjuntamente com os graduandos da fonoaudiologia, o grupo teve nova
abordagem. Visando a saúde do idoso nos aspectos físicos e mentais, foram realizadas atividades de
alongamento, exercícios de equilíbrio e propriocepção, movimentação e fortalecimento global associadas
aos exercícios de atenção, memória, raciocínio rápido e respiração. Com o desenvolvimento, o projeto foi
ganhando maior adesão dos idosos e a equipe se sincronizando para um trabalho que passou de disciplinar
para multidisciplinar e, agora, com a atuação norteada pela interdisciplinaridade.
Assim, as atividades propostas como: batata quente com perguntas variadas de conhecimento geral;
dizer nomes de pessoas e cidades que iniciam com determinadas letras, assim como cores, frutas e
comidas; completar frases que já haviam sido ditas anteriormente; falar ao contrário, memorizar letra de
música e cantar em grupo, mantendo o ritmo; completar a música; entre outras, se dão a partir de uma
dinâmica em que os papéis dos profissionais de saúde se somam e se correlacionam. Como exemplo
disso, pode-se citar um dos aquecimentos propostos ao grupo em que, a partir de uma letra musical criada
exclusivamente para essas atividades e apoiada a uma trilha sonora instrumental já existente, foi realizada
a tarefa de memorização da letra proposta e associação desta com uma coreografia, requerendo assim
atenção, coordenação entre a música, o canto e os movimentos, ritmo e autopercepção além de, nos
intervalos melódicos, inserção de movimentos para alongamento da musculatura corporal que seria
trabalhada durante as atividades .
Para garantir a participação dos usuários idosos no Grupo FFN, foi elaborado um cartaz para
convidar essa população que frequenta a unidade a participar das atividades. Também foi solicitado que
os agentes de saúde do CS auxiliassem na convocação dos idosos. Inicialmente foi realizada uma
conversa informal com os idosos, com apresentação dos objetivos, das propostas para a atividades e das
dinâmicas a serem realizadas. A dinâmica inicial foi realizada com bexigas visando que o grupo se
apresentasse. Inicialmente, os idosos e os graduandos de fonoaudiologia, fisioterapia e nutrição colocaram
seu nome na bexiga. Essa bexigas foram jogadas e cada participante pegou uma, que não a sua. A partir
disso, falava-se o nome que estava na bexiga e essa pessoa se apresentava e estourava a bexiga e assim foi
feito com todos os participantes. À partir da apresentação inicial, foram realizadas atividades com
perguntas que abordavam aspectos de promoção e prevenção da saúde. Em relação aos aspectos
fonoaudiológicos, foram abordados principalmente os aspectos da audição para a comunicação em geral,
trava-línguas e perguntas sobre o uso da voz e da memória. A fisioterapia abordou os aspectos das
atividades físicas realizando alongamentos e treino de equilibrio e a nutrição abordou aspectos da
alimentação.
Uma das atividades consistiu na montagem de um circuito para a realização de atividades motoras,
conjugadas com atividades de leitura para exercitar a memória e funções cognitivas. Também foram
realizadas atividades de educação nutricional com abordagem de aspectos importantes para a terceira
idade (hidratação, mastigação e ingestão de fibras) além de orientação para prevenção de hipertensão
arterial sistêmica e diabetes mellitus.
Discussão
A atuação interdisciplinar propiciou que os idosos encontrassem espaços nos grupos para realizar
ações e discutir problemas e duvidas, favorecendo que se identificassem como parte daquele processo de
cuidado e que se sentissem capazes de promoverem a sua saúde. Os idosos se mostraram muito
participativos apresentaram convivência harmoniosa, com troca de experiências nos dois grupos.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
(Série E. Legislação em Saúde).
COSTA, Lívia Sales da et al . A prática do fonoaudiólogo nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família em
municípios paraibanos. CoDAS, São Paulo , v. 25, n. 4, p. 381-387, 2013.
GIL. A.C. Como elaborar projetos de pesquisas. 10a ed., São Paulo: Atlas, 2010.
Agradecimentos: a todos os graduandos que participaram das atividades: Fonoaudiologia: Isadora Cristina
Silva, Maria Amélia Brito Luz, Bianca Caroline de Morais Mello, Eulália Resende Cunha, Ana Elisa de
Faveri e Raquel Ramos Torres.
Fisioterapia: Ana Claudia Lopes da Gama, Amanda Mendes dos Santos, Brenda dos Santos Pinto, Bruno
Henrique Ginez Barreto, Diogo Ferreira e Tatiana Grisóstomo da Silva.
Nutrição: Giovana Busnardo, Amanda Marques, Maytana Scarin e Catia Patricia Marques.
Monitorias extraclasse de embriologia humana transmitidas via
Youtube para estudantes de graduação em medicina
]
Inovação nas estratégias educacionais
Author: Carolina Frandsen Pereira da Costa
Co-authors: Laura Faria Lopes Ribeiro ,
Paulo Marcelino Figueira ,
Luis Antônio Violin Dias Pereira
RESUMO
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
Validar a proposta de monitoria extraclasse online em horários mais convenientes para os estudantes,
sem que essas inovações prejudicassem a função da monitoria e desempenho cognitivo. Desta forma,
foram elaborados instrumentos de avaliação para determinar se o desempenho acadêmico dos estudantes
foi influenciado positiva ou negativamente pelo ambiente de aprendizado online e se sua percepção foi
favorável ou desfavorável à experiência.
MATERIAL E MÉTODO
Para atender ao objetivo secundário e avaliar o desempenho cognitivo e a percepção dos estudantes,
foram empregados diferentes instrumentos de pesquisa:
• um instrumento de percepção.
O instrumento de percepção foi aplicado como formulário impresso, possibilitando aos estudantes
expressar suas impressões, sejam positivas ou negativas, de maneira objetiva e quantitativa frente ao
resultado obtido. O instrumento foi construído conforme descrito por Moraes (2). As dimensões foram
avaliadas através de asserções em escala tipo Likert, que consideram a qualidade e relevância frente ao
método proposto. As dimensões avaliadas pelos estudantes foram quanto à sua própria participação nas
monitorias; coerência entre as atividades da disciplina; estratégia de oferecimento de monitorias;
dificuldades de acesso; horários das monitorias; qualidade e satisfação com as monitorias; concordância
ou discordância quanto à continuidade do modelo.
RESULTADOS PARCIAIS
O desempenho nas avaliações somativas (P1 e P2) foi estatisticamente idêntico independente da
intervenção realizada. Com relação ao conhecimento prévio sobre o conteúdo de embriologia humana,
ambas as turmas apresentaram uma média similar.
Os alunos se declararam igualmente satisfeitos com ambos modelos e são favoráveis à continuidade
de Mon. Aanálises completas de todas as asserções do instrumento estão em andamento.
Houve uma diminuição na frequência global no terceiro encontro de monitoria (M3); na metade da
disciplina, houve um aumento na adesão em Mon e redução do comparecimento em Mp.
DISCUSSÃO
O estudo demonstrou que a oferta de monitorias online foi no mínimo tão efetiva quanto a sua
versão equivalente, oferecida de forma presencial – o que atende à dimensão de efetividade do
aprendizado gerado pela ferramenta preconizado por Loble (3).
Com relação a aceitação e engajamento no uso da tecnologia (1) a frequência dos estudantes foi um
indicativo positivo. Uma vantagem deste modelo foi a de dispensar o uso de ambientes virtuais de
aprendizagem (5) - os acessos ocorriam em tempo real, sem a necessidade de realizar login ou registro.
CONCLUSÃO
A oferta de monitorias online no período extraclasse não prejudica o desempenho acadêmico dos
estudantes; a participação nos encontros online foi crescente no decorrer da disciplina, e os estudantes
foram favoráveis à continuidade do modelo – o qual permite a ampliação das oportunidades de
aprendizado e de autonomia estudantil.
REFERÊNCIAS
(1) WONG, G.; GREENHALGH, T.; PAWSON, R. Internet-based medical education: a realist
review of what works, for whom and in what circumstances. BMC medical education, v. 10, p. 12, 2010.
(2) MORAES, S. G. et al. Development and validation of a strategy to assess teaching methods in
undergraduate disciplines. In: NATA, R. V (Ed.). . Progress in Education. New York, USA: Nova
Science Publishers, Inc, 2012. v. 28p. 81–106.
(3) LOBLE, M. J. The Role of Technology in Virtual Education. Disponível em. Acesso em: 15 nov.
2016.
(4) KEARNEY, M. et al. Viewing mobile learning from a pedagogical perspective. Research in
Learning Technology, v. 20, n. 1, 2012.
EXPERIÊNCIA DE AVALIAÇÃO INTEGRADA EM GRADUAÇÃO
COMO ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO NA FORMAÇÃO
DOCENTE DO ENSINO SUPERIOR
RESUMO
Este texto registra a experiência de elaboração, aplicação e avaliação por parte do Núcleo de Apoio
Pedagógico (NAPe) de um instrumento institucional de avaliação, denominado Avaliação Integrada,
aplicado desde o início de 2015 semestralmente no Centro Universitário da Fundação Educacional de
Barretos – S. Paulo (UNIFEB). Ante o diagnóstico, por parte da Reitoria da instituição, quanto às
dificuldades demonstradas pelos alunos na realização das provas do ENADE (Exame Nacional de
Avaliação de Desempenho de Estudantes) quanto ao formato de questões, quanto à abordagem de
conteúdos previamente conhecimentos por parte do corpo discente, decidiu-se por uma série de
estratégias com o objetivo de introduzir este tipo de conhecimento tanto aos alunos como ao corpo
docente como um todo. O sucesso desta empreita abriu condições para a introdução de novos conteúdos
relativo à formação de professores, todos aqueles relacionados à incorporação das novas tecnologias
educacionais, como práticas docentes inovadoras.
I. INTRODUÇÃO E OBJETIVO
A partir da introdução das avaliações institucionais nos anos 90, o ensino superior têm passado por
várias edições, sendo o SINAES (Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior) a sua última e atual
versão. Para o Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB), tal como nas
demais instituições, este mecanismo de avaliação representou um cuidado específico, por parte das
coordenações, em relação ao cumprimento dos conteúdos. Com o aprimoramento destas provas, que
estabeleceram um novo padrão de abordagem dos conteúdos, tal como foi introduzido inicialmente pelo
ENEM (Exame nacional do Ensino Médio), houve um deslocamento do foco de atenção por parte do
Núcleo de Apoio Pedagógico (NAPe) do UNIFEB: do conteúdo para a forma de abordagem destes. A
partir da observação dos comentários dos alunos após a realização da prova ENADE (Exame Nacional de
Avaliação de Desempenho de Estudantes), confirmou-se que a dificuldade maior residia não no conteúdo
solicitado, mas no formato das questões. Ou seja: os alunos não estavam habituados a lidar com a
formulação do tipo de questão a que eram submetidos no exame institucional do Ministério da Educação.
Uma vez diagnosticada esta dificuldade, o NAPe identificou o gargalo no forma de cobrança dos
conteúdos por parte do corpo docente, o que o levou a propor situações de ensino-aprendizagem que
contemplassem não somente o conteúdo, mas também, o formato deste (MORETTO, 2014).
O objetivo deste artigo reside em relatar os procedimentos institucionais adotados pelo NAPe com o
corpo docente do UNIFEB para a superação de uma dificuldade pontual dos alunos avaliados pelo
SINAES.
II. METODOLOGIA
A partir do diagnóstico inicial, foram propostos pela Reitoria e pelo NAPe procedimentos para que
os alunos pudessem familiarizar-se não somente com o formato da prova ENADE, mas, como foi
verificado na sequência, com um formato diferenciado, hegemônico também, dos grandes concursos
(públicos ou não) existentes, além das provas de trainee, que também se utilizam desta forma de
abordagem pelos quais os alunos passavam em seus anos iniciais como profissionais. As diversas
propostas foram elaboradas e registradas pelo NAPe, de forma a que se pudesse estabelecer um histórico
que assegurasse a contínua revisão e aprimoramento da qualidade de ensino oferecida aos alunos.
Este relato foi elaborado a partir destes documentos, no qual se destacam as diferenciações de
formulação de cada uma das propostas, concomitantemente à análise das avaliações de cada um dos
eventos propostos, conforme as exigências relativo à pesquisa documental propostas por Marconi e
Lakatos (2006).
III. RESULTADOS
Entre as várias ações assumidas a partir de 2013, mencionamos três, consideradas as mais relevantes
para o objetivo de familiarizar os alunos com este tipo de abordagem de conhecimentos, tal qual proposto
pela prova ENADE.
1a. Ação: Solicitação, por parte da Reitoria, de 2 questões no formato ENADE em todas as provas
bimestrais do corpo docente do UNIFEB.
2a. Ação: Oferecimento, por parte do NAPe, de Oficinas de Avaliação, em que se aborda os
diferentes mecanismos avaliativos e o formato de questões propostas. (BRASIL, 2016, MORETTO,
2014).
3a. Ação: Realização de uma Avaliação Institucional a ser realizada semestralmente para todos os
termos e todos os cursos a partir de 2015. A partir de um formato de prova semelhante à do ENADE, o
NAPe elabora o projeto e seus objetivos no início do ano, e a partir destes, confecciona o boneco inicial
da prova com uma parte de Formação Geral elaborada pelo próprio setor, e com a parte de Conteúdos
Específicos a ser completada pelo corpo docente de cada um dos cursos, a partir da coordenação dos
respectivos NDE’s.
IV. DISCUSSÃO
O principal mérito em ter-se optado pela contínua realização do evento da Avaliação Integrada no
UNIFEB, reside, conforme o objetivo inicial, no aprimoramento da formação dos alunos quanto à
capacitação de competências e habilidades específicas exigidas por este tipo de abordagem de conteúdos,
tal qual é proposto não só pelo sistema do SINAES, como também, pelas provas recorrentes de concursos
e trainee.
Em segundo lugar, as oficinas de suporte que se fizeram necessárias para o aprimoramento dos
mecanismos de avaliação por parte do corpo docente, foram outro fator de grande relevância. O
aprofundamento de mecanismos de avaliação por meio de oficinas específicas, inicialmente se restringem
à confecção de provas, mas pouco a pouco passam a significar novas formas de se trabalhar competências
e habilidades específicas com os alunos dentro (e fora) das salas de aula (CODA, 2016; MASETTO,
2012; MORAN et al., 2012).
Por último, houve um benefício indireto no nível das coordenações dos cursos: a medida em que há
um estreitamento dos NDE’s na cobrança das questões para a composição das provas, há uma maior
interação entre as diferentes instâncias dos cursos, o que resulta por sua vez, um maior envolvimento nos
projetos do próprio curso.
Atualmente, estamos fechando a sexta prova neste formato institucional, o que significa para o
NAPe, o alcance dos objetivos iniciais traçados pela Reitoria: a continuidade do aprofundamento da
formação dos alunos, e de forma institucional, abrindo caminho para a diversificação das aulas
tradicionais, das práticas docentes, tal qual proposto por este movimento denominado como metodologias
ativas dentro do proposto por autores como Bergman e Sams (2016), Leal, Miranda, e Nova (2017).
REFERÊNCIAS
BERGMANN, J., SAMS, A. Sala de aula invertida: Uma metodologia ativa de aprendizagem. Rio
de janeiro: LTC, 2016.
MORETTO, V.P. PROVA: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. 9.ed. Rio
de Janeiro: Lamparina, 2014.
SUSTENTABILIDÁTICO: CIRCULAÇÃO DE MATERIAIS
DIDÁTICOS GRATUITOS ENTRE OS ESTUDANTES
Resumo
Introdução e objetivos
As políticas de ações afirmativas passaram a exercer papel crucial a partir da expansão do número de
instituições públicas de ensino superior e sua proposta de democratização ao acesso às universidades
(HONORATO et al, 2014). O REUNI - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais - teve como objetivo “criar condições para ampliação de acesso e permanência na
Educação Superior”, tendo como uma de suas diretrizes a “ampliação de políticas de inclusão e
assistência estudantil” (BRASIL, 2007).
[…] acesso, a permanência e a conclusão de curso dos estudantes das IFES, na perspectiva da
inclusão social e democratização do ensino; viabilizar a igualdade de oportunidades aos estudantes das
IFES, na perspectiva do direito social assegurado pela Carta Magna; contribuir para aumentar a eficiência
e a eficácia do sistema universitário, prevenindo e erradicando a retenção e a evasão [...]. (ANDIFES,
2007).
Com a aprovação da Lei 12.711 que reserva 50% das vagas em IFES - Instituições Federais de
Educação Superior, à estudantes de escolas públicas, levando também em consideração critérios de renda
familiar e autoclassificação racial, a assistência estudantil visando a permanência se tornou mais
relevante. Em, 2007, em complemento a essas políticas públicas, foi criado o PNAES - Programa
Nacional de Assistência Estudantil -, transformado em Decreto em 2010, ele propõe como suas diretrizes:
Inserido nesta realidade, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) oferece o PAPE - Programa
Auxílio para Estudantes -, programa vinculado aos recursos do PNAES. Além do PAPE, a Unifesp possui
o BIG - Programa de Bolsas de Iniciação à Gestão -que visa potencializar ações de permanência
estudantil junto aos estudantes, através de atividades que promovam a criação, o acompanhamento e
aprimoramento de políticas estabelecidas no Plano de Desenvolvimento Institucional 2016-2020 (PDI) da
universidade.
Visando o princípio da sustentabilidade, bem viver social e ambiental, os bolsistas BIG do campus
Osasco da Unifesp iniciaram em setembro de 2014 o projeto Sustentabilidático, que tem como principal
objetivo o fortalecimento da política de permanência estudantil, através da doação e redistribuição de
materiais didáticos (fotocópias) à todos os estudantes, permitindo um maior acesso aos materiais para
aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
A atual definição de desenvolvimento sustentável, expressa na Cúpula Mundial das Nações Unidas
em 2002, envolve a procura do desenvolvimento das necessidades atuais sem comprometer o futuro das
próximas gerações. Para Vasconcelos (2009), “Para o desempenho de seu papel social, o estudante
universitário precisa, igualmente, de material didático, equipamentos de aprendizagem prática, de acesso
à informação e a oportunidades de participação em eventos acadêmicos e culturais”.
Desse modo, o ano de 2016 foi iniciado com a necessidade de aprimoramento do projeto e a criação
de um maior engajamento dos estudantes do campus. Para maior alcance dos estudantes, foi criada uma
planilha online que permite a visualização de todos os materiais, organizados e catalogados de acordo
com as normas da ABNT. A facilidade de acesso à planilha e sua divulgação nas redes sociais permitiu
que o fluxo de retirada de materiais aumentasse.
A partir de 2017, novas estratégias foram adotadas. A divulgação dentro do campus com cartazes,
aliada à divulgações frequentes dentro de grupos do Facebook e a criação de memes impulsionaram o
engajamento dos estudantes com o projeto, resultando no aumento da retirada de materiais. O auxílio de
voluntários a partir do final do primeiro semestre de 2017 permitiu que todo o material doado fosse
organizado e disponibilizado na planilha para consulta pública.
Resultados e Discussão
Levando em consideração o preço de uma fotocópia no campus, R 0,20 e a média de 33 páginas por
texto doado ao projeto, cada texto retirado equivale a R 6,60. Considerando que em 2017 foram doados
734 textos aos estudantes, pode-se considerar que o Sustentabilidático contribuiu com a permanência
estudantil num valor aproximado de R 4844,40. Se pensarmos que a refeição no Restaurante
Universitário custa R 2,50, esse valor corresponde a aproximadamente 1937 refeições.
A partir desses resultados, podemos pressupor que o potencial do Sustentabilidático é grande, uma
vez que ainda pode atender mais estudantes e reduzir o impacto ambiental. Além disso, caso fosse
ampliado para todos os campi da Unifesp, seu impacto seria maior representando uma política tanto para
a permanência estudantil quanto para o desenvolvimento sustentável.
ANDIFES – Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. Plano
Nacional de Assistência Estudantil. Brasília/DF, 2007.
BRASIL, 2007. Decreto Nº 6.096, de 27 de abril de 2007. Institui o Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – Reuni. Brasília/DF, 2007.
BRASIL, 2010. Decreto Nº 7.234, de 19 de julho de 2010. Dispõe sobre o Programa Nacional de
Assistência Estudantil – PNAES.
Resumo
O MOOC foi escolhido por ser uma modalidade de ensino e aprendizagem recente na área da
Educação a Distância (EaD) e uma possibilidade de concretizar ideais da educação aberta. O termo
MOOC foi cunhado em 2008 (MOR; KOSKINEN, 2013) e se popularizou em 2012 ao ser identificado
como o “Ano do MOOC” pela revista The New York Times (PAPPANO, 2012). Hoje, segundo Yuan e
Powell (2013), MOOC descreve uma variedade de modelos pedagógicos que têm em comum a
flexibilidade de caminhos para o processo de ensino e a aprendizagem, sendo cada vez mais usado e
chegando a quase 7000 cursos em todo o mundo no ano de 2016 (SHAH, 2016). De modo geral, os
MOOCs são inovadores e apropriados para indivíduos com menor disponibilidade formal de tempo ou
dificuldade para estar em espaços presenciais de aprendizagem.
O desenvolvimento de um MOOC tem formas próprias e não deve ser visto apenas como a
transposição do conteúdo presencial para o modo virtual. Uma de suas características é a de usar recursos
virtuais de colaboração social, possibilitando fomentar o pensamento crítico e encorajar a autoavaliação
por meio de estratégias e ferramentas de autorregulação.
A preocupação com uma formação geral e cultural tem sido constante no processo de formação da
universidade, desde os seus primórdios até os dias de hoje. Notadamente, na contemporaneidade, ela tem
sido apontada como uma das contribuições mais valiosas que a universidade pode trazer para o indivíduo,
para o profissional e para a sociedade em geral, essencial para a formação de uma sociedade livre,
democrática e justa (PEREIRA, 2010).
Os professores da educação básica brasileira têm recebido uma formação educacional que os habilita
a ações pedagógicas embasadas, quando muito, numa visão técnica. Muitos nem conseguem perceber a
relação de suas áreas de conhecimento com as questões mais amplas da educação e da cultura. O
programa visa dar uma formação continuada que supra a ausência da formação mais cultural, a qual tem
levado muitos professores a serem meros repetidores de manuais, sem reflexão crítica sobre suas ações e
práticas docentes.
O trabalho com os autores clássicos da educação parte da definição de um clássico, que, em qualquer
área, é a de que a leitura e o conhecimento resultam positivos para as ações empreendidas no momento,
pois as ideias contidas neles ultrapassam o tempo no qual foi escrito. Gasparin (1997, p.40) afirma que
um clássico ultrapassa seu tempo e representa fonte inesgotável de conhecimentos. A ideia de usar os
clássicos para uma formação geral neste programa é a de que capacitam os professores a um trabalho
pedagógico de maior significação social.
O projeto têm a intenção de capacitar para o crescimento profissional e pessoal e dar condições ao
professor de embasar teoricamente a reflexão sobre sua prática docente, passando a entender sua ação na
sociedade e na política educacional. Em relação aos MOOCs, buscou-se verificar as possibilidades
abertas para as instituições de educação superior no desenvolvimento da educação continuada de
professores e a viabilidade de formação geral e cultural por esse meio.
Metodologia da Pesquisa
O programa está sendo trabalhado por meio de videoaulas com uma média de dez (10) videoaulas
para cada autor, com duração aproximada de 10 a 20 minutos, disponibilizadas nos servidores da
UNICAMP por meio de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), utilizando a plataforma open-source
Moodle. Após a visualização das videoaulas é recomendada a participação nos fóruns de debate.
O processo de elaboração das videoaulas como atividade colaborativa foi, em si, um novo
aprendizado para o próprio grupo e exigiu dos participantes, habilidades comunicativas e interpessoais,
responsabilidade individual para estudo e pesquisa, relações simétricas, compreensão recíproca, abertura
de posições, crenças, valores e procedimentos.
Referências
MOR, Y.; KOSKINEN, T. MOOCs and beyond (Editorial). eLearning Papers, v.33, p.2, 2013.
PAPPANO, L. The year of the MOOC. The New York Times, p.26, 2012.
SHAH, D. Monetization over massiveness: breaking down MOOCs by the numbers in 2016. EdSurge,
2016.
YUAN, L.; POWELL, S. MOOCs and Disruptive Innovation: Implications for Higher Education.
eLearning Papers, v.33, p.1-8, 2013.
Elaboração do Inventário de Habilidades Sociais Educativas para
Professores Universitários – versão Aluno (IHSE-PU-Aluno)
RESUMO
INTRODUÇÃO
A literatura tem apontado que a qualidade da relação estabelecida entre professor e aluno pode afetar
a qualidade da experiência vivenciada pelo discente (Oliveira, Wiles, Fiorin & Dias, 2014) e sua
permanência ou não no Ensino Superior (Bardagi & Hutz, 2012). Neste sentido, entre outras habilidades,
espera-se que o professor apresente um repertório elaborado de habilidades sociais educativas (HSE), as
quais são definidas como aquelas habilidades sociais “intencionalmente voltadas para a promoção do
desenvolvimento e da aprendizagem do outro” (Del Prette & Del Prette, 2010, p. 95).
Para avaliar o repertório de HSE do professor é possível utilizar o Inventário de Habilidades Sociais
Educativas para Professores Universitários – IHSE-PU (Del Prette & Del Prette, 2013). Este instrumento,
composto por 65 itens, solicita que o docente estime com que frequência age conforme o comportamento
descrito em cada item e a dificuldade para fazê-lo. Todavia, por se tratar de um instrumento de
autorrelato, é possível que o professor avalie seu desempenho de forma mais favorável do que seus alunos
o fariam e tal discrepância pode resultar em problemas na relação professor-aluno e, consequentemente,
no processo de aprendizagem. Uma avalição mais precisa do repertório de HSE do professor poderia
envolver tanto a auto-avaliação do professor sobre o seu desempenho como informações obtidas junto aos
alunos. Assim, o presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados iniciais do processo de
validação do Inventário de Habilidades Sociais Educativas para Professores Universitários – versão
Aluno (IHSE-PU-Aluno).
METODOLOGIA
O primeiro passo foi realizar a adaptação dos itens do IHSE-PU para que fossem apresentados na
perspectiva do aluno. Para tanto, foram realizados os seguintes procedimentos: (1) obter autorização dos
autores do IHSE-PU para realizar a adaptação; (2) reescrever os itens na perspectiva do aluno; (3)
submeter os itens reescritos aos autores do instrumento original para verificar se a adaptação não havia
alterado a ideia original expressa em cada item; (4) avaliação, por três juízes, da clareza e relevância dos
itens reescritos; (5) analisar os comentários dos juízes, resultando no aperfeiçoamento dos itens reescritos;
e (6) análise semântica dos itens por estudantes universitários para verificar se os itens estavam
compreensíveis.
O processo de adaptação resultou na versão preliminar do IHSE-PU-Aluno, a qual foi composta
pelos (a) 65 itens adaptados do IHSE-PU, (b) itens solicitando informações pessoais do respondente (no
caso, do aluno) e (c) itens solicitando informações para o aperfeiçoamento do instrumento. Esta versão foi
empregada em um estudo piloto para examinar a adequação dos procedimentos, o nível de compreensão
dos itens e/ou se o instrumento produz efeitos diferentes dos programados pelo pesquisador (Cassepp-
Borges et al, 2010).
Após aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética para Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade Federal de São Carlos (protocolo CAAE: 59553616.6.0000.5504), a versão preliminar do
IHSE-PU-Aluno foi respondida por 128 estudantes universitários de instituições públicas de uma cidade
de médio porte do interior do estado de São Paulo, com idade entre 19 e 44 anos (x = 21,8, ± 3,47 anos).
A aplicação ocorreu de forma coletiva e a amostragem foi por conveniência.
Os dados obtidos foram analisados utilizando o pacote Statistical Package for the Social Science
(SPSS) versão 20. Verificou-se o nível de cansaço sentido pelo respondente, a dificuldade em manter-se
concentrado até o final do preenchimento do instrumento e as sugestões feitas pelos participantes.
Também foram conduzidas análises estatísticas para examinar se havia diferenças nos dados em função
da satisfação do respondente com o desempenho do professor em relação aos seguintes aspectos:
qualidade da relação geral, diálogo com os alunos, respeito que ele demonstra com os alunos, afetividade
que ele demonstra pelos alunos, qualidade da atuação docente, o quanto o participante aprende com o
professor e disciplina dos alunos nas aulas do professor avaliado.
RESULTADOS
Os dados do estudo piloto demonstraram que 76,6% dos participantes afirmaram que se sentiram
cansados ou muito cansados ao responder ao instrumento e 36,6% disseram que foi difícil manter a
concentração até o final do preenchimento do instrumento. Estes dados foram confirmados pelos
comentários apresentados pelos participantes, visto que 31,2% dos comentários referiam-se ao fato do
instrumento ser muito extenso e cansativo e 25,0% à presença de itens semelhantes.
Quanto à compreensão dos itens, somente dois dos 128 participantes fizeram sugestões ou
expressaram dúvidas relacionadas ao conteúdo de itens específicos. A análise dos dados obtidos no estudo
piloto permitiu a exclusão de três itens e o aperfeiçoamento de alguns outros itens.
Além disso, os dados do estudo piloto também demonstraram que há correlação de moderada a forte
entre a satisfação do respondente com o desempenho do professor e o nível de HSE atribuído apresentado
pelo professor. Este condição foi observada em todos os aspectos do desempenho do professor que foram
avaliados.
DISCUSSÃO
De acordo com Balbinotti (2004), CVC maiores de 0,70 são aceitáveis e indicam que o instrumento
apresenta evidências de validade de conteúdo. Assim, os dados parecem apontar que IHSE-PU-Aluno
mostra-se adequado para que estudantes universitários avaliem a frequência das HSE de seus professores.
Os dados do estudo piloto parecem indicar que o nível de satisfação do aluno com o desempenho do
professor está relacionado à frequência com que o docente emprega as HSE. Assim, quanto mais HSE o
professor apresenta, maior o nível de satisfação do aluno com o desempenho docente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Balbinotti, M. A. A. (2004). Estou testando o que imagino estar? Reflexões acerca da validade dos testes
psicológicos (pp. 22-26). Em C. E. Vaz & R. L. G. (Orgs.), Técnicas projetivas: produtividade em
pesquisa. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Bardagi, M. P., & Hutz, C. S. (2012). Rotina acadêmica e relação com colegas e professores: impacto na
evasão universitária. Psico (Porto Alegre), 43(2), 174-184.
Del Prette, A., & Del Prette, Z. A. P. (2010). Psicologia das relações interpessoais: vivências para o
trabalho em grupo (8ª ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.
Del Prette, Z. A. P., & Del Prette, A. (2013). Inventário de habilidades sociais educativas – versão
professor universitário (IHSE-PROF-UNIV): Estudos psicométricos em andamento. Texto disponível
com os autores.
Oliveira, C. T., Wiles, J. M., Fiorin, P. C., & Dias, A. C. G. (2014). Percepções de estudantes
universitários sobre a relação professor-aluno. Psicologia Escolar e Educacional, 18(2), 239-246.
Letramento Digital: Um Estudo da Percepção de Alunos de Letras
sobre as Ferramentas Tecnológicas no Ensino
Resumo
O objetivo deste trabalho é identificar a percepção dos alunos da disciplina de Letramento Digital
em um curso de Letras quanto às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no processo de
ensino e aprendizagem. O levantamento de dados do estudo se dá por meio de questionário, entrevistas e
conversas com os alunos. Sobretudo, os alunos se apropriam de temas da disciplina para ensinar o uso de
TICs e aspectos da cultura digital para alunos do Ensino Médio. Com isso, os dados preliminares da
pesquisa indicam que, embora os estudantes do curso de Letras tenham sido ensinados a usar a tecnologia
como recurso para atingir os objetivos de aprendizagem, poucos pautam o ensino por esses objetivos. Em
geral, os alunos utilizam a tecnologia pela tecnologia, como algo divertido e moderno, mas não
necessariamente para a construção do saber. Os recursos digitais acabam sendo vistos como mera
ferramenta, e não um meio para fins educacionais.
Introdução
A cultura digital está enraizada no nosso cotidiano e na forma que nos engajamos com a vida offline.
Consequentemente, emergem novas normas sociais, novas formas de pensar o ensino, de entretenimento e
interação com o mundo. A própria vivência do professor é fundamentalmente diferente de seus alunos,
ocorrendo o que Jukes, McCain e Crockett (2010) chamam de Break da Experiência. De acordo com este
conceito, como o professor já esteve na mesma posição que seus alunos, ele traz exemplos de sua
vivência mas que muitas vezes não servem para entender a realidade dos alunos nesta era de inovações
tecnológicas. A própria noção de tempo e espaço que é importante para nós professores, significa muito
pouco para nossos alunos, ao se comunicarem com qualquer um a qualquer momento em qualquer lugar.
Com um grande fluxo de informações em toda a parte, a aquisição de novos conhecimentos pode ocorrer
a qualquer momento. Portanto, cabe ao professor trazer dimensões fundamentais do educar ao ajudar o
aluno a compreender, organizar, questionar e avaliar seu nível de compreensão dos textos e produtos
digitais (MORAN, 2004). Os alunos precisam aprender as capacidades de letramento digital, isto é, a
capacidade de selecionar e eleger os textos relevantes (FERREIRO, 1996). Ademais, eles/elas necessitam
ser capazes de pensar a informação de forma crítica, a fim de transformá-la em conhecimento
(BUCKINGHAM, 2010).
A disciplina de letramento digital dos cursos de Letras tem este papel de estimular o aluno a pensar
profundamente o uso do ciberespaço, das tecnologias digitais e as práticas de leitura e escrita. Assim, o
objetivo deste trabalho é identificar a percepção dos alunos da disciplina de Letramento Digital em um
curso de Letras e o nível de uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no processo de
ensino e aprendizagem. Nesse sentido, a pesquisa foi desenvolvida junto aos alunos de Letras de um
Centro Universitário da região metropolitana de Campinas, visando investigar como eles/elas se
apropriam das ferramentas tecnológicas e temas abordados em sala de aula.
Metodologia
O levantamento de dados foi realizado através de questionário, entrevistas e conversas com os alunos. O
questionário foi aplicado para todos os alunos com perguntadas relacionadas ao uso de inovações
tecnológicas no seu cotidiano. Com a permissão delas/delas, entrevistas semiestruturas e informais foram
conduzidas com seis alunos da disciplina de letramento digital. Foram dois encontros de meia hora de
entrevista com cada estudante durante o período de Agosto a Outubro de 2017. A proposta da disciplina
foi desenvolver um projeto com os alunos sobre identidade, linguagem e a ética no uso dos recursos
tecnológicos em sala de aula, de forma que eles/elas também apresentassem estes conteúdos para
estudantes do Ensino Médio.
Os alunos tiveram que desenvolver um plano de aula com o uso de TICs para apresentarem aos estudantes
do Ensino Médio. Este projeto propiciou a observação participante da professora, que monitorou como os
alunos utilizaram os recursos tecnológicos apresentados em sala de aula em um ambiente de
aprendizagem. As perguntas da entrevista estão relacionadas com esta experiência dos alunos. Os
entrevistados puderam falar livremente em uma pesquisa qualitativa fenomenológica, na qual as seguintes
perguntas serviram para orientar a entrevista: Quais foram as escolhas e o uso das tecnologias para o
projeto do Ensino Médio? Que aspectos e ferramentas serviram para o ensino na disciplina de letramento
digital? Como estabelecer conexões entre a aprendizagem das mídias e aplicação para o ensino? O que
guiou as decisões para o uso das TICs?
As entrevistas foram gravadas e transcritas pelo pesquisador. A análise das experiências dos alunos com
os recursos tecnológicos permitiu entender a percepção destes em relação ao uso das inovações
tecnológicas. A análise fenomenológica seguiu os princípios de pesquisa estabelecidos por Creswell
(2013). De acordo com este autor, “a pesquisa qualitativa consiste em preparar e organizar os dados [...],
depois reduzi-los em temas pelo processo de codificação e condensação dos códigos”, ao discutir o
fenômeno (CRESWELL, 2013, p.180). Após análise, entrevistas de acompanhamento (follow-up) serão
realizadas.
Resultados e Discussão
Na disciplina de letramento digital foram apresentadas várias ferramentas digitais de auxílio para aos
alunos, porém na apresentação dos temas linguagem, identidade, e ética para os alunos do ensino médio,
eles preferem outros recursos não apresentados pela professora. Além disso, os alunos da disciplina
buscaram conteúdo para a aula do ensino médio sem se importar com a procedência da informação.
Referências
CRESWELL, J. Qualitative inquiry and research design: Choosing among five approaches. 3 ed. Los
Angeles, CA: Sage Publications, 2013.
JUKES, I.; MCCAIN, T.; CROCKETT, L. Understanding the Digital Generation: Teaching and learning
in the new digital landscape. 21st Century Fluency Project: Canada, 2010.
Resumo
Introdução e objetivo
Segundo o Projeto Político Pedagógico do curso a disciplina Pesquisa em Saúde acontece no 2º.
Período. Com uma carga horaria de 33h no semestre que tem por ementa trabalhar sobre os temas:
Como se pode observar a temática é centrada no processo de pesquisa e foi trabalhada partindo da
Andragogia definida por Martins (2013):
a aprendizagem é focada mais naquilo que é necessário à vivência do aluno na sociedade, com
propostas de atividades que envolvem ações do cotidiano que irão ajudá-lo a enfrentar problemas reais
(surgidos na vida pessoal de qualquer ser humano), uma vez que é centrada na aprendizagem e não
somente no ensino. Sendo assim, o aluno é um agente de sua aprendizagem, interagindo e se apropriando
de saberes que contribuem para sua autonomia. (p. 146)
Adotando esses princípios foi adotado o método da aprendizagem por projeto, ou seja, a partir da
investigação de um problema ou tema que inclui na sua discussão a prática e a teoria.
Na visita os alunos estiveram diante de um tema contemporâneo a drogadição, que gera sentimentos,
emoções e dúvidas sobre a realidade que experimentaram.
Quase todos os alunos foram à instituição para realizar o atendimento. Cada grupo de aluno se
dividiu em três: observador da atividade; auxiliar da professora e participante da atividade, com objetivo
de ver vários pontos de vista. Para que a vivencia fosse feita os residentes foram divididos em dois
grupos. O tema trabalhado foi SUPERAÇÃO e a estratégia foi da sensibilização e visualização através de
colagem de imagens e palavras. Depois foi feita uma roda de conversa com fechamento. Ao final da
atividade a professora fez uma roda de conversa com os alunos e discutiu o material produzido. Cada
aluno fez um relatório sobre a vivência discutido na próxima aula.
Resultados
A disciplina está dividida em duas turmas com 50 alunos, ambos os sexos e idades de 18 a 50 anos.
Divididos em 16 grupos foi respeitada a divisão do atendimento.
Na aula pós-visita, os alunos trouxeram o relatório para discussão no grupo de trabalho e depois na
roda de conversa. Observou-se a dificuldade emocional ao lidar com conflitos que esbarravam na
vivencia dos alunos, entrando em contato com as dificuldades que o tema mobiliza e com a instituição
com as questões do “estar preso”.
Os temas foram sobre: os desenhos produzidos pelos residentes; drogadição e: aspectos familiares;
comunicação; adoção; fenomenologia; aspectos emocionais dos dependentes químicos; arteterapia.
Definido o tema os pequenos grupos trabalharam na revisão da literatura. Alguns grupos de alunos
descobriram que o tema escolhido não era contemplado na literatura, recomeçaram ou discutiram a
ausência do tema. Outros viram que o tema é ampliado e descobriram que focar é um ponto importante.
Outros, ainda, realizaram pesquisas sobre os temas apontados e expandiram-nos.
O trabalho final foi feito a partir da revisão e foi apresentado na forma de artigo cientifico nos
moldes de uma revista do Conselho Federal de Psicologia.
Discussão
Esse trabalho permitiu aos alunos uma vivencia do processo terapêutico e do aprender. O fazer do
psicólogo é um eterno pesquisar, sobre os conflitos ou dilemas que os pacientes, usuários, educandos e
instituições trazem no dia a dia.
A reação dos alunos a priori é de uma resistência emocional, uma vez que a mudança do paradigma
“você me ensina, que eu aprendo” para “nós aprendemos juntos” causa certa estranheza e implica em um
novo tipo de trabalho e elaboração. Com o decorrer do semestre e com a realização do projeto, observa-se
um aumento no envolvimento com a aprendizagem, com a responsabilidade e com o próprio
conhecimento. (p.44)
Entretanto, a curiosidade e a responsabilidade dos alunos fizeram com que eles enfrentassem o
desafio de pesquisar e aprender, saindo do senso comum e partindo para a ciência. Os temas abordados
nas pesquisas foram considerados fundamentais para avaliar e tratar dependentes químicos.
Pesquisar a partir da experiência teve como dificuldades: os aspectos emocionais mobilizados nos
alunos; dificuldade de encontrar os temas; as diferenças entre pesquisa, senso comum e academia; como
escrever um artigo e confeccionar o pôster. Já como facilidades pode-se apontar a grande motivação para
entender e devolver para a instituição, bem como a autonomia para escolher e trabalhar o tema de forma
livre. Os alunos avaliaram o processo como positivo para sua aprendizagem.
A realização desse tipo de atividade exige do docente uma abertura para o desconhecido e para uma
proximidade dos alunos que nos faz refletir sobre todo o processo de aprendizagem.
Referências bibliográficas
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson,
2007.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
LUNA, Sergio Vasconcelos de. Planejamento de pesquisa: uma introdução: elementos para uma análise
metodológica. São Paulo: EDUC, 2007.
MARTINS, Rose Mary Kern. Pedagogia e andragogia na construção da educação de jovens e adultos.
Rev. Ed. Popular, Uberlândia, v. 12, n. 1, p. 143-153, jan./jun. 2013. Disponível em: <
http://www.seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/viewFile/20331/12520 >. Acesso em: 04 fev. 2016.
SCHLIEMANN, Ana Laura; ANTONIO, Jorge Luiz.(org) Metodologias ativas na UNISO: formando
cidadãos participativos. Sorocaba: Eduniso, 2016.
A busca por formação pedagógica: relato de atividades desenvolvidas
em um curso de licenciatura em Física do IFSP
Resumo
Este texto tem por objetivo apresentar as atividades desenvolvidas e o seu processo de organização e
articulação em duas diferentes disciplinas de um curso de licenciatura em Física do Instituto Federal de
São Paulo. As atividades voltadas à prática docente e à pesquisa foram pensadas e articuladas nas
disciplinas de Introdução à Mecânica Clássica e Leitura, Interpretação e Produção de Textos Científicos e
possibilitaram aos estudantes pesquisar, refletir, construir material didático, vivenciar o futuro local de
trabalho no papel de professor e aprender sobre procedimentos metodológicos de pesquisa e apresentação
de trabalho acadêmico. As contribuições das atividades realizadas à formação dos futuros professores
podem ser percebidas nas significativas produções dos alunos, bem como pelos relatos por eles fornecidos
que, categorizados, revelaram satisfação, superação e aprendizagem.
Introdução e objetivos
Procedimentos Metodológicos
A disciplina “Introdução à Mecânica Clássica” abordou diversos conteúdos com os alunos do 1º ano
do curso de Licenciatura em Física em 2016 e solicitou que eles escolhessem um ou mais conceitos a
serem discutidos e aprofundados em grupo para, posteriormente, serem problematizados em uma aula de
Física a ser realizada com estudantes de uma escola pública. Tal tarefa exigiu dos alunos pesquisa do
tema, engajamento, trabalho coletivo, planejamento de aula e do experimento a ser desenvolvido.
Após a realização da aula, os estudantes também deveriam realizar um relatório acadêmico sobre
esta atividade. Com a preocupação de auxiliar os alunos neste sentido, a disciplina de “Leitura,
Interpretação e Produção de Textos Científicos” abordou a estrutura de um relatório e discutiu com cada
grupo o conteúdo e a organização dos relatórios produzidos, oferecendo contribuições para o
aprofundamento e aperfeiçoamento do texto. Nesta disciplina, os alunos também aprenderam a como
produzir e apresentar um pôster, bem como sua função social.
O conhecimento sobre pôster era necessário para que os alunos pudessem apresentar seus trabalhos
de criação e desenvolvimento do experimento na I Mostra de Trabalhos Acadêmicos em um dos campus
do IFSP. Durante este evento, os estudantes da Licenciatura em Física tiveram a oportunidade de explicar
os conteúdos contidos no pôster, bem como o funcionamento dos experimentos aos alunos da educação
básica que foram visitar a Mostra.
Resultados e discussão
Como resultados práticos, podemos apontar as produções dos alunos do primeiro ano do curso de
Licenciatura em Física: planejamento e desenvolvimento de aula em escola pública; produção de
materiais didáticos para realização de experimentos; elaboração de relatório; produção de pôster e
apresentação de trabalhos em evento na própria instituição, o que incluiu explicação dos experimentos
para alunos da educação básica que visitaram a instituição durante a mostra e participaram de diferentes
atividades.
Um diálogo estabelecido com 22 estudantes em busca de suas percepções sobre o significado das
atividades propostas para a futura carreira de professor revelou satisfação, uma vez que foi elevada a
frequência das palavras “aprendizagem”, pronunciada por 18 alunos; “conhecimento” por 15;
“superação” por 9, “significativo” por 9 e “nervosismo” por 5 alunos.
*A ida até uma escola, logo no início da nossa jornada de 4 anos na faculdade, foi como um pontapé
inicial de um despertar docente, uma escolha de carreira a seguir. Ideia esta que não era totalmente
vislumbrada logo na entrada do curso.
Ao entrar em contato com o ambiente escolar, primeiramente me senti muito nervosa, afinal era um
real primeiro contato com o mundo docente. Eu estava apreensiva imaginando o que os alunos poderiam
pensar, se entenderiam, se participariam da aula.Nada foi muito fácil. A preparação da aula exigiu de nós
alunos um amplo estudo dos conteúdos a serem abordados.
Talvez, um ponto negativo do trabalho foi a escolha do experimento realizado com a turma, pois foi
sobre a Teoria da Relatividade que, na concepção do grupo, reunia todas as definições, no entanto tratava-
se de um tema um pouco avançado.
Pois logo que entramos na Licenciatura nos vem aquele encargo de funções negativas da vida de um
professor. Mas se ficarmos estagnados não poderemos fazer dela uma ferramenta de construção.
Com a realização do relatório podemos aprender a organizar nossas ideias e aprender com os erros
que cometemos e verificar o que se pode melhorar para uma próxima vez.
Tais atividades me permitiram acreditar que eu, em minhas capacidades, posso transmitir ao outro o
pouquinho que eu sei, assim como também o outro pode me agraciar com o seu conhecimento.*
Tais trechos, apesar de não ser uma amostra representativa, evidenciam que os alunos demonstraram
entusiasmo com as atividades e, sobretudo, que perceberam a complexidade de ser professor e de atuar na
carreira docente. Desta forma, acreditamos que as atividades propostas e os trabalhos desenvolvidas pelos
alunos, bem como seus relatos, evidenciam o caminho trilhado na direção a uma pedagogia da autonomia,
pois conforme argumenta Freire (2016), ela se se sustenta na ética, no respeito ao estudante e às suas
necessidades e considera tão importante quanto o rigor e a competência técnica e científica do professor, a
sua capacidade de se relacionar com seus alunos, de refletir e de ser solidário.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2016.
GATTI, B. A. A formação inicial de professores para a educação básica: as licenciaturas. Revista USP,
São Paulo, n. 100, p. 33-46, dez./jan./fev. 2014. Disponível em:
www.revistas.usp.br/revusp/article/view/76164/79909. Acesso em: 22. jul. 2017.
RESUMO
A tecnologia vem avançando com uma velocidade incrível, internet das coisas, indústria 4.0,
impressora 3D entre outros avanços tecnológicos já fazem parte do nosso dia a dia. Alunos de tecnologia
chegam nas instituições de ensino ansiosos por ter contato e interagir com tais avanços. O professor
precisa interagir com os alunos de forma a atender tais demandas. A utilização da Ferramenta Arduino
demonstrou ser a forma mais prática e de um custo baixo para interagir com os alunos já em módulos
iniciais dos cursos de tecnologia.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas surgiram muitos recursos tecnológicos que foram incorporados no dia a dia das
pessoas, o uso da escrita se tornou mais digital fazendo com que as pessoas se acostumassem com a
digitação para melhor aproveitar os recursos dos novos dispositivos. Para o novo perfil de estudante a
lousa se tornou algo entediante devendo o professor utilizar novos recursos áudio visuais a fim de prender
a atenção dos alunos. Além disso, para os estudantes de engenharia e tecnologia há a necessidade de se
trabalhar com algo mais físico e próximo da teoria dada em sala de aula, uma dinâmica inovadora que
possa ser trabalhada de forma prática interligada à teoria a qual o professor apresenta em sala de aula. No
desenvolvimento deste trabalho foi utilizado o projeto Arduino, este projeto é ideal para diversas
aplicações em sala de aula sem a necessidade de ir ao laboratório, podemos interagir com os alunos em
atividades dinâmicas e em grupo, trata-se de uma ferramenta muito simples para os iniciantes do
conhecimento tecnológico encontrando muita literatura e exemplos práticos pela internet. Há uma grande
comunidade de construção, programação, eletrônicos e até mesmo entusiastas da arte dispostos a
compartilhe seus conhecimentos e experiência na Internet (MONK, 2010). O projeto Arduino envolve
hardware e software, é uma ferramenta completa para o desenvolvimento do pensamento técnico e
científico, podendo desenvolver a criatividade e novas ideias de desenvolvimento seguindo uma
metodologia de desenvolvimento do pensamento inovador da tecnologia. Existe todo um trabalho de
organização e ordenação de procedimentos para o bom funcionamento do dispositivo e da prática
elaborada pelo professor. O processo de engenharia é muito útil para tornar seus projetos mais eficientes,
racionalizados e compreensível. O processo consiste em reunir requisitos, criar o documento de
requisitos, reunindo o hardware correto, configurando o hardware, escrevendo o software, depurando o
software, resolução de problemas do hardware e assinatura no protótipo final (TIMMS, 2011). O aluno é
levado a interagir com a aula, existe uma motivação natural quando o aluno se depara com algo físico que
possa ser associado à teoria dada em sala de aula. O trabalho em grupo é essencial para que a prática seja
bem executada. A participação de todos é natural pois o dispositivo gera muito interesse e perspectiva, o
aluno quer explorar e descobrir o seu funcionamento e as suas possibilidades tecnológicas. A ideia básica
do Arduino é criar uma atmosfera onde qualquer pessoa que esteja interessada possa participe e contribua
com pouco custo inicial (WARREN, 2011). A ferramenta Arduino por ser de baixo custo poderá ser
adquirida pelo aluno o qual poderá reproduzir em casa ou em qualquer lugar, com o uso de um
computador, todas as possibilidades de aplicação da placa Arduino e com uma fonte ou bateria externa
outras aplicações mais limitadas. O aluno estará tendo contato com uma tecnologia embarcada seguindo
as novas tendências tecnológicas. O Arduino é o que chamamos de plataforma de computação física ou
embarcada, ou seja, um sistema que pode interagir com seu ambiente por meio de hardware e software
(McROBERTs, 2015). O aluno começa a observar fisicamente componentes que irão interagir com um
sistema computacional, um sistema microcontrolado e isto facilitará futuramente a sua compreensão no
aprendizado de linguagens de computação voltadas às tecnologias embarcadas, à medida que as
disciplinas vão avançando e o professor elabora práticas utilizando o Arduino. A programação de uma
placa Arduino proporciona o desenvolvimento do entendimento da linguagem C de uma forma mais
simples e prática do ponto de vista de quem irá desenvolver aplicações tecnológicas. Sem entrar em
detalhes, setup () é uma função de linguagem de programação C que deve estar presente em cada
programa que você escreve. O suporte de abertura ({) no final da primeira linha marca o ponto de partida
do código que irá definir o que faz a função setup () (PURDUM, 2015).
A humanidade está diante da quarta revolução industrial onde os equipamentos e usuários estão
interligados via internet, estamos na era da internet das coisas e esta tecnologia se torna cada vez mais
presente na vida de todos. Sistemas inteligentes de gerenciamento de trânsito, medição de água e energia
elétrica, iluminação pública entre outros fazem parte da aplicação desta nova tecnologia. Aos poucos o
aluno irá perceber que está adentrando às novas tecnologias, perceberá a complexidade dos novos
sistemas, das inovações que estão chegando ao cotidiano, estará se aprofundando e obtendo
conhecimentos mais profundos desta tecnologia que aos poucos toma conta da sociedade moderna. O que
inicialmente era simples se torna algo de grande complexidade, porém sem causar perplexidade, pois o
aluno já dominará muito do conhecimento requerido para o desenvolvimento das possíveis aplicações de
tais dispositivos e de outros similares e até mais complexos. O aluno estará inserido neste meio e poderá
evoluir desenvolvendo aplicações inéditas para a sua satisfação e bem da sociedade.
OBJETIVOS
Desenvolver atividades em sala de aula que possibilitem ao aluno constatar de forma prática a teoria
apresentada pelo professor, antecipando as aulas em laboratório afim de aumentar o interesse e a
interação do aluno com o professor e a disciplina.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A utilização da placa Arduino em aulas sob a lei de ohm foram bem sucedidas, utilizando-se da fonte
de tensão do Arduino, de resistores, bateria de 9V, LED e de um multímetro, figura 3, despertaram o
interesse dos alunos em fazer comprovação prática da teoria na própria sala de aula, figura 4. Outras
práticas também foram elaboradas em aulas a respeito de divisores de tensão, sensores, máquinas elétricas
entre outros e a aceitação dos alunos foi total, um aprimoramento da atividade está sendo desenvolvido e
uma pesquisa deverá ser implantada para futuras aplicações propostas pelos alunos.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MONK, S. 30 Arduino Projects for the Evil Genius. McGraw-Hill, 1a. Edição, 2010.
WARREN, J.D; ADAMS, J; MOLLE, H . Arduino Robotics. New York: Springer Science and Business
Media, 2011.
Resumo
Introdução
A Unicamp busca formalmente a sua internacionalização, conforme esforços empregados pela sua
administração central e pela Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais. Em 2013, 46% de seus
programas de pós-graduação atingiam padrão internacional segundo as avaliações CAPES, ante a uma
média nacional de 12%. Em 2014, 54 alunos dirigiram-se ao estrangeiro, enquanto que foram recebidos
1.174 alunos do exterior, sendo 455 na graduação e 719 nos programas de pós-graduação. Deste total, a
expressiva maioria veio da América Latina. [1]
A Faculdade de Tecnologia conta com disciplinas de pós-graduação em Inglês, assim como outras
unidades da Unicamp. No entanto, para a graduação, não se tem notícias de oferta similar, exceto quando
a língua inglesa é o objeto de estudo como, por exemplo, em Inglês Instrumental, Inglês Geral, etc.
Assim, é interessante que disciplinas em Inglês sejam introduzidas na graduação. Não obstante,
inexiste uma previsão no catálogo para este tipo de oferecimento, o que pode suscitar questionamentos.
Há o receio de que os estudantes encontrem dificuldades na língua estrangeira que acabem por reduzir seu
desempenho. Outros obstáculos podem ser ainda elencados, como se vê em [4], mas os já listados são
suficientes para indicar o desafio da adoção generalizada de disciplinas em língua estrangeira. Ademais,
não se estabeleceu por certo que até que ponto deva ser levada esta generalização.
Logo, iniciativas de disciplinas em Inglês na graduação precisam ser feitas com cautela, em
situações bastante controladas. A disciplina Redes Complexas, lecionada no primeiro semestre de 2017,
apresentou condições ideais para este trabalho. Trata-se de uma disciplina eletiva, a ser cursada por
alunos que já tenham concluído metade dos seus créditos, de modo que, normalmente, a classe é formada
por estudantes próximos da conclusão da graduação. Houve quatro alunos matriculados, sendo que um
deles desistiu sem nunca ter comparecido às aulas. A oportunidade de ter um grupo reduzido foi um fator
importante aqui, visto que foi possível discutir a possibilidade e obter aprovação dos estudantes para o
uso da língua estrangeira. Ficou claro desde o primeiro momento que o curso seria em Inglês, mas não de
Inglês. Assim, nas situações em que o idioma pudesse causar prejuízo, seria plenamente admissível o uso
do Português.
Metodologia
O trabalho foi conduzido da seguinte forma: a coordenação de curso foi comunicada e aceitou a
iniciativa; na primeira aula, foi feita a proposta de uso da língua inglesa, enfatizando-se a necessidade de
adesão voluntária e unânime da turma. Um ponto destacado foi que não seriam adotadas metodologias
típicas da área de línguas como, por exemplo, exigir que todas as interações fossem em idioma
estrangeiro. Perguntas dos alunos, apresentações orais e eventuais situações de necessidade poderiam ser
tratadas em Português. Dado o pequeno número de alunos, seu progresso no curso e familiaridade com a
língua proposta, o consentimento foi imediato e unânime.
A partir daí, o Inglês foi usado nos diálogos, aulas expositivas, Plano de Ensino e em todo o material
de suporte carregado no ambiente Moodle. Foram feitas sete avaliações parciais: três apresentações orais
individuais sobre artigos científicos de Redes Complexas; uma prova eletrônica baseada em testes de
múltipla escolha; e a execução de um projeto, avaliado em três diferentes fases. Ao final de algumas
aulas, para assegurar a clareza de entendimento, o calendário de entregas e de apresentações foi
confirmado oralmente em Português.
Resultados
A iniciativa foi muito bem recebida, com adesão imediata da turma. Aberta a possibilidade das
apresentações orais em Português, o principal temor dos alunos se dissipou logo de início.
A se considerar que o maior volume de contato com língua estrangeira é usualmente na leitura de
textos, as aulas demandaram cuidado adicional na sua preparação, dado que o vocabulário, a pronúncia e
o ritmo de fala deveriam ser corretos e compreensíveis pela audiência.
Os alunos acompanharam as aulas com facilidade. Em raras ocasiões foi necessário traduzir algum
termo. A maior parte das questões oralmente formuladas pelos alunos foi em Português, com respostas
em Inglês que os satisfizeram. A prova foi respondida sem problemas.
Os materiais de apoio, artigos e livros foram usados com tranquilidade pelos estudantes, já
acostumados a leituras em língua estrangeira em virtude das particularidades da área de Tecnologia da
Informação.
A produção de textos e de slides foi feita sem dificuldades relacionadas à língua. As questões
havidas foram relativas à estruturação dos textos, problema mais geral da graduação.
Os alunos sentiram-se desconfortáveis em fazer as falas das apresentações orais em Inglês, de modo
que as fizeram em Português, com slides e materiais de apoio na língua estrangeira.
A classe teve 100% de aprovação, com média geral 7,8, retratando um bom desempenho acadêmico.
O Plano de Ensino foi cumprido dentro do cronograma, sem entraves. Uma avaliação informal do curso
indicou que o grupo ficou satisfeito e aprovou a iniciativa.
Discussão
[2] Unicamp. Vreri cria site para divulgar atividades em língua inglesa. Disponível em:
http://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2015/03/23/vreri-cria-site-para-divulgar-atividades-em-lingua-
inglesa. Acesso em 17.10.2017.
Resumo
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
• Adoção um recurso tecnológico gratuito, como método auxiliar para a construção do conhecimento
na disciplina de biomecânica.
Os alunos de primeiro e segundo semestres do curso de fisioterapia foram divididos em grupo de 8-9
integrantes ao início do segundo semestre de 2017. Eles receberam orientações para desenvolverem um
projeto sobre análise do movimento humano que será concluído em novembro do respectivo ano, como
critério para obtenção da nota parcial na disciplina. Nesse projeto eles deverão fazer uma análise
biomecânica quantitativa de um integrante do grupo, no qual envolverá a descrição de um gesto ou
movimento produzido pelo indivíduo em uma atividade cotidiana. As etapas e metas a serem
contempladas durante a execução do projeto estão descritas a seguir.
Inicialmente cada grupo deverá registrar, com os próprios telefones celulares, uma sequência de
fotos ou filmagens de movimentos ou gestos realizados por um colega do grupo. Para tanto o aparelho
celular deverá ser posicionado a uma altura de aproximadamente metade da estatura do sujeito. O tempo
de duração da filmagem irá variar de acordo com o tipo de tarefa a ser executada e os alunos deverão
registrar o movimento pelo menos três vezes, para que eles selecionem a melhor tentativa. Antes de
iniciar o registro de imagem, o grupo deverá fazer a colocação de marcadores anatômicos em certas
regiões do corpo, sendo necessários conhecimentos básicos da disciplina de anatomia, para que
posteriormente eles possam fazer a análise biomecânica.
A partir desses registros de imagem, os alunos deverão calcular a amplitude de movimento articular
de certas articulações do corpo (ombro, cotovelo, quadril, joelho e pé). Para tanto, eles foram orientados
em sala de aula a instalarem, nos próprios smartphones, um aplicativo que calcula tais medidas
(aplicativos Angulus para Android ou Physiomapp para iPhone) e foram instruídos sobre como utilizarem
tal ferramenta para análise do movimento (BRITO et al., 2016; KRAUSE et al., 2015; OTTER et al.,
2015). Ambos aplicativos possuem versões gratuitas nas plataformas correspondentes.
Ao logo do semestre o docente acompanhará a execução de cada etapa do trabalho e os avanços dos
grupos. O envolvimento dos alunos e desempenho dos grupos serão avaliados por meio da apresentação
do projeto em forma de aula expositiva, em sala de aula e ao final do semestre, além da entrega do
material em formato eletrônico (a apresentação em Power Point). Por fim, o docente fará uma devolutiva
sobre o que foi apresentado, bem como possíveis correções sobre o conteúdo da apresentação, caso
necessário. Ainda, o conhecimento, conceitos e práticas adquiridas ao longo do processo de
desenvolvimento do projeto serão avaliados por meio de uma prova individual, que será aplicada ao final
do semestre.
RESULTADOS ESPERADOS:
Atualmente essa proposta pedagógica ainda encontra-se em fase de implantação e execução. Ao final
do semestre espera-se que, por meio do emprego dessa ferramenta tecnológica, os alunos sejam capazes
de compreender mais facilmente os conceitos biomecânicos para o entendimento de como seres humanos
controlam e executam os movimentos e a aplicabilidade desses conceitos nas diversas aéreas de atuação
da fisioterapia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
OTTER, S. J.; AGALLIUS, B. J.; BAER, N. et al. The reliability of a smartphone goniometer
application compared with a traditional goniometer for measuring first metatarsophalangeal joint
dorsiflexion J Foot Ankle Res. 2015; 8: 30.
KRAUSE, D. A.; BOYD, M. S.; HAGER, A. N. el al. Reliability and accuracy of a goniometer
mobile device application for video measurement of the functional movement scree deep squat test. Int J
Sports Phys Ther. 2015; 10(1): 37–44.
RESUMO
Este estudo teve o objetivo de identificar as crenças pedagógicas e de domínio específico dos
professores de contabilidade, a partir dos paradigmas construtivista e instrucional de ensino-
aprendizagem, a partir da percepção de 449 professores que lecionam em cursos de contabilidade. O
instrumento de coleta dos dados utilizado foi um questionário composto por vinte e uma questões
relacionadas às crenças de conteúdo pedagógico. Na análise dos dados foram utilizados: estatística
descritiva e análise de cluster. Os principais achados do estudo demonstram que os docentes possuem
tanto características do ensino instrucional, quanto do ensino construtivista. No entanto, os aspectos
predominantes são aqueles voltados para uma cultura de ensino instrucional, na qual os alunos são
“instruídos” e “ensinados” pelo professor, e sua aprendizagem baseia-se em conteúdos adquiridos, por
meio de modelos replicados.
INTRODUÇÃO
A formação inicial e continuada de professores para o ensino superior tem sido objeto de diversos
estudos no campo do conhecimento profissional docente. Especificamente na Contabilidade a formação
didático-pedagógica dos docentes ainda tem acontecido de maneira tímida (Swain & Stout, 2000) e como
consequência, os professores vêm desenvolvendo suas próprias crenças sobre os processos de ensino e
aprendizagem, com base no pensamento advindo do senso comum sobre prática docente e de suas
experiências vivenciadas ao longo da formação educacional (Hewson & Hewson, 1989).
Seifried (2012) expõe que o sucesso dos professores na sala de aula não é apenas influenciado pelo
seu conhecimento, mas também por suas crenças pedagógicas. De acordo com Kagan (1992), as crenças
são conceituadas sob a forma de suposições tácitas sobre os alunos, os processos realizados e os materiais
didáticos usados na sala de aula.
Embora as crenças, em geral, sejam concebidas como orientações básicas de tendência pessoal (Op't
Eynde, De Corte & Verschaffel, 2002), o termo crenças pedagógicas refere-se especificamente a
percepções de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, dois paradigmas da educação são levantados, e
serão o foco desse estudo, a abordagem instrucional, onde o ensino é visto como transmissão de
conhecimento, centrado no professor, orientado para o conteúdo; e a abordagem construtivista, cujo
ensino é entendido como sendo orientado para o aluno; e os professores utilizam-se de experiências
significativas para a aprendizagem ativa em sala de aula (Prawat, 1992).
Diante deste cenário, a proposta desse estudo é identificar as crenças dos professores de
contabilidade no que tange aos aspectos didático-pedagógicos do ensino em geral e aos aspectos do
domínio específico de contabilidade. Entende-se que diferentes crenças pedagógicas, variam, orientam e
podem ser introduzidas nas atividades de ensino, visando aperfeiçoar os processos de ensino e de
aprendizagem, e consequentemente, a formação dos alunos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para atingir o objetivo proposto foram identificadas as crenças pedagógicas e de domínio específico
dos professores de contabilidade, a partir da análise descritiva e da análise de cluster. O público da
pesquisa foram os professores de contabilidade, com titulação de mestre e doutor em contabilidade, a
partir de 2004, correspondendo a 2.301 mestres e 185 doutores.
O instrumento de coleta dos dados utilizado foi um questionário contendo 21 questões, que abordam
as crenças de conteúdo pedagógico, adaptado de um questionário desenvolvido por Fennema, Carpenter e
Loef (1990). No total, foram obtidos 522 questionários completos, sendo 449 de professores que
lecionam.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O primeiro cluster, descrito como "orientação construtivista", contém 121 professores com ideias
claramente construtivistas e uma orientação instrucional comparativamente insignificante. Esses
professores, que representam 26,89% da amostra, relataram um alto nível de concordância com ideias
construtivistas (0,02) e um nível baixo com ideias de instrução (-0,48).
O segundo cluster, com 181 professores, formou o maior grupo, com 40,22% da amostra
entrevistada. Em contraste com o primeiro grupo, este cluster representa uma interpretação mais instrutiva
(0,16) e um nível mais baixo de orientação construtivista (-0,41) e, como tal, é descrito como "orientação
instrucional".
O terceiro grupo se distinguiu usando tanto ideias construtivistas (0,52) quanto ideias de instrução
(0,19). Além disso, eles foram mais fortemente caracterizados por sua ênfase em uma abordagem
sistemática do que os outros dois grupos (0,44). Considerando esta constelação de dados, o Cluster 3,
composto por 148 professores que representam 32,89% da amostra, é descrito como "orientação
sistemática".
Fennema, E.; Carpenter, T. P.; Loef, M. (1990). Teacher Belief Scale: Cognitively Guided
Instruction Project (Madison: University of Wisconsin).
Hewson, P. W. Y M. G. Hewson. (1989). Analysis and use of a task for identifying conceptions of
teaching science. Journal of Educational for Teaching, vol. 15, núm. 3, pp. 191-209, 1989.
Op’t Eynde, P., De Corte, E. and Verschaffel, L. (2002) Framing students’ mathematics-related
beliefs. A quest for conceptual clarity and a comprehensive categorization, in: G. C. Leder, E. Pehkonen
and G. To¨rner (Eds) Beliefs: A Hidden Variable in Mathematics Education? Dordrecht, pp. 13–37
(Boston & London: Kluwer).
Prawat, R. S. (1992). Teachers’ beliefs about teaching and learning: a constructivist perspective.
American Journal of Education, 100(3), pp. 354–395.
Swain, M. R.; Stout, D. E. (2000) Survey evidence of teacher development based on AECC
recommendations. Journal of Accounting Education, v. 18, p. 99 – 113.
FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DA EJA: O CURSO DE
EXTENSÃO “FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO PARA JOVENS,
ADULTOS E IDOSOS: TEORIA E HISTÓRIA”
RESUMO:
O Curso de Extensão “Fundamentos da Educação para Jovens, Adultos e Idosos: teoria e história”
foi sistematizado pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em
parceria com a Escola de Extensão da UNICAMP (EXTECAMP). Neste semestre, o Curso é oferecido na
Modalidade Educação a Distância (EAD) e tem carga horária de 120 horas/aula, divididas em 05 módulos
com 24 horas de duração cada. Deste modo, o artigo se propõe a realizar um levantamento documental da
proposta inicial e sistematizar as ações do Curso de Extensão, principalmente, na formação, inicial ou
continuada, dos professores que atua na Modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil.
INTRODUÇÃO:
O direito à educação para as pessoas jovens, adultas e idosas, que ultrapassaram a idade regular de
escolarização, no Brasil foi garantido pela Constituição Federal de 1988 e reafirmado com a promulgação
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional vigente, a LDB nº 9.394/1996, que também
estabeleceu a Educação de Jovens e Adultos (EJA) como uma Modalidade da Educação Básica, nas
etapas do Ensino Fundamental e Ensino Médio.
A formação inicial e continuada dos professores que atuam na Modalidade EJA é um tema frequente
no debate acerca da garantia do direito à educação para todos os cidadãos. As pesquisas apontam que as
práticas educativas e, principalmente, o professor que atua na Modalidade EJA, devem reconhecer as
especificidades dos alunos jovens, adultos e idosos, levando em consideração os ritmos de aprendizagem,
as variedades linguísticas, a questão da faixa etária e os saberes trazidos pelos alunos para a sala de aula.
Entretanto, os estudos concluíram que ainda existe uma ampla falta de investimento na formação
especifica para os professores que atuam nesta Modalidade de Ensino (PAIVA, 2009; CAMARGO, 2015;
MAFRA, 2017).
METODOLOGIA:
O objetivo deste artigo é verificar, por meio do levantamento documental, como o Curso de
Extensão “Fundamentos da Educação para Jovens, Adultos e Idosos: teoria e história” atua na formação
inicial e continuada dos professores da Modalidade EJA no Brasil.
Para atingir este objetivo, foi realizado uma pesquisa documental, buscando uma fonte de dados que
contribuísse para o objetivo central da pesquisa. Entendemos que são considerados documentos quaisquer
materiais escritos que podem ser utilizados como fontes de informação sobre o tema pesquisado
(PHILIPS, 1979 apud LUDKE; ANDRÉ, 1986). Deste modo, a análise documental será a base para a
construção deste artigo, optamos pela análise da proposta inicial e das ações do Curso de Extensão como
corpus da pesquisa.
RESULTADOS:
O Curso de Extensão “Fundamentos da Educação para Jovens, Adultos e Idosos: teoria e história”
foi pensado com o objetivo de apresentar aos alunos os componentes históricos, sociais, econômicos,
políticos e pedagógicos presentes na trajetória da Modalidade EJA, sob a ótica das concepções de Paulo
Freire.
O Curso está em andamento (de 18 de agosto a 05 de dezembro de 2017), com carga horária de 120
horas/aula, divididas em 05 módulos com 24 horas de duração cada. Apresentamos uma síntese de cada
módulo do Curso de Extensão:
Módulo 05 “Paulo Freire e a Educação para Jovens, Adultos e Idosos” apresenta a concepção de
educação e o pensamento político e pedagógico de Paulo Freire, destacando suas implicações para a
educação para jovens, adultos e idosos e, consequentemente, para a realidade da Modalidade EJA no
Brasil (GUIA DE ESTUDOS, 2017, s.n).
Em cada aula do Curso de Extensão, os alunos devem responder as atividades propostas. Estas
atividades foram construídas, por meio de estratégias de ensino e aprendizagem, para que os alunos
possam acompanhar o que estão aprendendo e os seus desempenhos durante o andamento do Curso. Para
a avaliação e a aprovação, está estabelecida a nota mínima 07 e a frequência mínima de 75%
(ESTRUTURA, 2017).
Como trabalho final, foi proposto a escrita de um Memorial Formativo. O trabalho deverá ser
individual, inédito e seguir as orientações propostas por Jane Quintiliano Guimarães Silva no artigo : O
Memorial no espaço da formação acadêmica: (re) construção do vivido e da identidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Este trabalho se propôs a apresentar o Curso de Extensão “Fundamentos da Educação para Jovens,
Adultos e Idosos: teoria e história”. A partir do levantamento documental, sistematizamos suas ações e
verificamos que o Curso de Extensão é uma das possibilidades de oferta da formação inicial ou
continuada para os professores da Modalidade EJA.
Por ser oferecido na Modalidade EAD, o Curso “Fundamentos da Educação para Jovens, Adultos e
Idosos: teoria e história” atende alunos de diversas localidades do Brasil, o que reforça, ainda mais a
importância do Curso de Extensão em todo território nacional. Por ainda estar em andamento, não foi
possível verificar as concepções dos sujeitos (alunos, professores e coordenadores) sobre o
funcionamento do Curso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ESTRUTURA. Curso de Extensão: “Fundamentos da Educação para Jovens, Adultos e Idosos: teoria e
historia”. 2017. (mimeo).
GUIA DE ESTUDOS. Curso de Extensão: “Fundamentos da Educação para Jovens, Adultos e Idosos:
teoria e historia”. 2017. (mimeo).
LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso. Pesquisa em Educação: Abordagens
Qualitativas. São Paulo: Pedagogica e Universitaria (EPU). 1986.
MAFRA, Andressa Luiza de Souza. A Formação dos Professores e o fortalecimento do direito à educação
para os sujeitos da Modalidade EJA no Brasil. IN: I Congressso Nacional de Educação. Anais... Poços de
Caldas, jun. 2017. Disponível em: http://www.educacaopocos.com.br/anais-
2017/trabalhos/31.%20A%20FORMAÇÃO%20DOS%20PROFESSORES%20E%20O%20FORTALECI
MENTO%20DO%20DIREITO%20À%20EDUCAÇÃO%20PARA%20OS%20SUJEITOS%20DA%20
MODALIDADE%20EJA%20NO%20BRASIL.pdf. Acesso em: 20.10.2017.
PAIVA, Jane. Os sentidos do Direito para Educação para Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: DP etAlli.
2009.
SILVA, Jane Quintiliano Guimarães. O memorial no espaço da formação acadêmica: (re) construção do
vivido e da identidade. IN: PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 28, n. 2, 601-624, jul./dez. 2010.
Disponível em:
http://www2.pucminas.br/imagedb/mestrado_doutorado/publicacoes/PUA_ARQ_ARQUI2012101614062
8.pdf. Acesso em: 18.10.2017.
ENSINO INTEGRADO DE CONFORTO AMBIENTAL E PROJETO
ARQUITETÔNICO: DESAFIOS DE UMA EXPERIÊNCIA
DIDÁTICA
RESUMO
O ensino integrado das disciplinas de Conforto Ambiental e Projeto Arquitetônico ainda é uma
prática didática pouco recorrente nos cursos de graduação de Arquitetura e Urbanismo no país. Neste
trabalho, objetiva-se apresentar tal integração de disciplinas, a partir de uma experiência didática
realizada no curso de graduação do Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos (IAU-USP). O
desenvolvimento de propostas projetuais para o espaço do IAU-USP foi o desafio lançado aos alunos
durante um Workshop, que foi antecedido de aulas teóricas e dinâmicas. Verificou-se que o uso de
ferramentas coerentes de análise de conforto ambiental nas fases de concepção projetual exige um certo
grau de amadurecimento da base teórica por parte do aluno, demandando um tempo para o próprio
domínio do método de análise, da experimentação e da análise das soluções, até que ele consiga alcançar
a solução final.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Desta forma, este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados observados durante uma
experiência didática intitulada “Reinvenção dos lugares cotidiano: táticas projetuais em arquitetura, arte e
design”, onde foi tratado, dentre outros aspectos, o ensino integrado de conforto ambiental e de projeto
arquitetônico. Esta experiência foi realizada devido ao processo de renovação do curso de graduação do
Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos (IAU-USP), fomentado pela Comissão de Graduação.
Nesta experiência transdisciplinar, foram realizadas aulas teóricas e dinâmicas, que forneceram um
aporte teórico para que os alunos desenvolvessem propostas projetuais de intervenção para o próprio
espaço do IAU-USP durante um Workshop. Através deste processo projetual colaborativo, que teve a
participação de alunos do primeiro ao quinto ano de graduação, houve o apoio de docentes de diversas
áreas de atuação do ensino de Arquitetura e Urbanismo, incluindo a de Conforto Ambiental. Com relação
a esse aspecto, foi incentivado que os alunos utilizassem duas vertentes para a análise das estratégias de
conforto ambiental: (a) análise por meio de modelo físico, que consistiu no elemento fundamental para a
compreensão do espaço e; (b) análise por meio de ferramentas computacionais. Os produtos entregues
como forma de avaliação consistiram em, principalmente, nos modelos físicos, complementados a partir
de outros recursos como desenhos, textos e apresentação oral da proposta projetual.
Para o estudo da ventilação natural foi indicado o uso da mesa d’água do Laboratório de Conforto
Ambiental (LCA) do IAU-USP, considerando duas escalas para as análises, a externa e a dos edifícios.
Para intervenções externas, foram previamente elaborados módulos em concreto, na escala 1:200,
correspondentes aos edifícios existentes, sendo que os novos edifícios foram representados com massa de
modelar. Para intervenções nos edifícios, foram feitos módulos de concreto, de 1, 2, 5 e 10 metros na
escala 1:100, permitindo variadas composições.
Incentivou-se que os alunos analisassem o clima local a partir das ferramentas computacionais
viáveis a esta etapa de projeto. Desta forma, questões como: a orientação dos edifícios existentes;
direções e velocidades predominantes dos ventos e; a insolação, poderiam ser observadas a partir dos
programas SketchUp, Climate Consultant e Sol-Ar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
REFERÊNCIAS
LECHNER, N. Heating, cooling, lighting: Sustainable design methods for architects. Wiley: New
York, 2009.
Resumo:
Este trabalho foi produzido durante o primeiro semestre de 2017 para a disciplina EL511 com a
supervisão da professora Ana Archangelo (FE – Unicamp). Nele, foram desenvolvidas observações e
visitas à escola ETEC Rosa Perronne, no município de Itatiba –SP. O intuito principal era de observar,
analisar e entender os processos psíquicos relacionados às avaliações, envolvendo tanto os alunos, quanto
os professores e as repercussões em todos os setores escolares. Concomitantemente as visitas, foram
propostas leituras e discussões sobre o tema.
Percebeu-se, confirmando várias teorias e proposições anteriores, que os alunos, quando postos em
situações avaliativas não anteriormente discutidas participativamente, sentem-se em situação hostil e
acuados. Nessa disposição, podem surgir estigmas entre os alunos e trazer complicações tanto na vida
escolar, quanto nas relações sociais e familiares. A escola deixa de ser uma local de aprendizado para se
tornar um local a se sobreviver, piorando a situação das evasões e reprovações.
Para evitar situações como essa, dentre a bibliografia lida e discussões com docentes, chega-se a
uma possibilidade para amenizar os efeitos negativos das provas: a mescla de avaliações somativas e
formativas e a discussão prévia com participação dos alunos sobre o cronograma, regras e avaliações a
serem seguidos
Sabe-se que, em todas os níveis e etapas educacionais, um dos assuntos que mais geram discussões
são as provas. Este método de avaliação, na maioria das vezes, é imposto aos alunos e não se chega a ter
nem uma discussão com eles sobre a necessidade e os motivos do método avaliativo empregado.
Quando se nega a participação do aluno no seu próprio processo de aprendizagem, nega-se, também,
a existência dele como autor participativo do processo. As repercussões dessa negação são percebidas
com a perda de interesse, frequência e aprendizagem do aluno.
O estigma criado a partir de maus resultados em provas é difícil de se reverter e perdura por muito
tempo. O principal problema associado a ele é o estabelecimento da escola e o professor como inimigos
do aluno. Assim, pretende-se estudar os efeitos e repercussões que as provas e essa falta de participação
causam, não só nos alunos e nas suas vidas social e familiar, como nos professores e na escola.
Como o intuito foi o de analisar os impactos psíquicos que as avaliações têm na vida do aluno, não
apenas no ambiente escolar, mas no social e familiar também, foi desenvolvido uma sequência de visitas
à ETEC Rosa Perronne do município de Itatiba – SP com o objetivo de observar e analisar a situação e
propor ideias de amenizar os efeitos negativos das avaliações. Foram várias horas de observações de
aulas, conversas entre alunos e discussões, tanto com docentes da escola, quanto com a diretoria, sobre o
assunto e os métodos avaliativos já empregados e suas experiências.
Juntamente com as observações, como forma de analisar, entender e propor ideias, foram
desenvolvidas leituras de autores que tratam em seus textos de didática, escola significativa, relações
aluno-professor e avaliações.
Em nenhuma das visitas o assunto “avaliação e provas” não se fez presente entre os alunos das
diversas salas observadas, mesmo quando o assunto não era proposto a eles. Assim, percebeu-se a grande
importância dada ao tema.
Todos concordavam com a ineficiência das provas como eram feitas e inclusive garantiam ter, mais
de uma vez, sido aprovados sem saber o conteúdo avaliado. Além disso, falavam, não só com ar de
tristeza, mas também com um sentimento de raiva por alguns dos professores que lhes deram nota abaixo
do esperado, ou seja, o professor tornou-se inimigo do aluno. Surgiram, inclusive, conversas e discussões
com o compartilhamento de técnicas e experiências sobre como colar nas provas, ou seja, um movimento
de negação que visa bular o método avaliativo empregado.
A vida escolar tornou-se, para eles, uma rotina de notas e de quebra de expectativas perante seu
processo de aprendizagem. Mais de uma vez foi compartilhado um sentimento de insuficiência e
incapacidade de superar os desafios que a vida propõe, como o vestibular. Além do estigma interno de
incapacidade e da escola como um fracasso, surge um ambiente de desconfiança dentro da casa dos
alunos. Sempre que possível, postergam a entrega das notas e evitam, com mentiras, revelá-las aos seus
responsáveis, pois o estigma de incapacidade migra e passa a habitar os três pilares sociais principais
frequentados por eles: a escola, a família e os amigos.
Têm-se, assim, um ambiente hostil e de grupos segregados pelas notas que obtém em que a escola,
juntamente com o professor, são seus inimigos. Em um dos relatos de uma aluna, “a professora não
gostava de mim, então ela me passou para não ter mais que dar aula para mim”. Assim, fica claro que o
objetivo é sobreviver à escola e apenas terminar, o mais rápido e com menos reprovações possível, o
processo imposto de aprendizagem.
Percebe-se uma situação em que os alunos apenas pensam em formas de passar pelo sistema, seja
corrompendo-o ou seja apenas passando de qualquer forma. Se esse sistema só serve para os alunos
criarem formas de corrompê-lo, de que ele serve? Onde está a parte em que se avalia o que o aluno
aprendeu e não apenas sua nota em uma prova? Ao invés de se reunirem para criar e discutir formas de
colar numa prova, não era o ideal eles se reunirem para discutir um tema ensinado e aprenderem em
conjunto?
De início, deve-se ter em mente que não podemos negar as individualidades dos alunos e nem
ignorar a peculiaridade específica que cada sala e aluno possuem. A partir dessa ideia, deve-se concordar
com a ineficiência de um cronograma pedagógico universal que se tenta aplicar em todas as salas.
A partir disso, como é possível estabelecer uma relação realmente saudável e que se baseie no
respeito mútuo se o programa pedagógico nega a existência do aluno como autor? Na sala de aula, os
alunos devem se sentir valorizados pelo que são e pelo que podem se tornar, assim, o professor deve ouvir
mais seus alunos para que possa reconhecer e entender cada peculiaridade presente alí. Seguindo esse
caminho, os alunos percebem as intenções do professor e passam a respeitá-lo pelo esforço que ele põe na
sala, criando um ambiente de respeito mútuo entre alunos e professor.
Temos que tomar cuidado para não colocar os alunos numa situação de guerra com a escola e com o
professor. Temos, em grande parte das escolas de hoje, disseminada a cultura de impor as normas sem a
discussão com os alunos.
O melhor a se fazer é tentar construir as normas e condutas juntamente com os alunos por intermédio
de um professor. Obviamente, algumas regras são necessárias para garantir o bem estar social na escola e
o funcionamento mínimo dela, essas não estão para discussão, deve-se explicá-las e fazê-los entender o
porquê são necessárias.
Para as avaliações, o ideal seria aplicar algumas avaliações diagnósticas em momentos bem
específicos durante o ano para se saber as maiores dificuldades dos alunos, diminuir a quantidade de
avaliações somativas e aumentar a frequência das formativas, tanto para se ter um feedback do trabalho
como professor quanto para se poder traçar melhor o caminhar do projeto combinado com eles.
Referências Bibliográficas:
[1] ARCHANGELO, Ana. VILLELA, Fabio. Fundamentos da Escola Significativa. São Paulo: Edições
Loyola, 2014
[2] ARCHANGELO, Ana. VILLELA, Fabio. A Escola Significativa e o Professor Diante do Aluno. São
Paulo: Edições Loyola, 2014
[3] ARCHANGELO, Ana. VILLELA, Fabio. A Escola Significativa e o Aluno Diante da Aluno. São
Paulo: Edições Loyola, 2014
[4] DORIN, Lannoy. Enciclopédia de Psicologia Contemporânea: Psicologia Aplicada à Educação. São
Paulo: Editora Iracema, 1980
Resumo
Introdução e Objetivos
O uso da tecnologia se faz cada vez mais necessário em todas as áreas, inclusive na educação. Há,
entretanto, uma lacuna formal sobre o que deve ser ensinado nas escolas de educação básica para a
formação de um cidadão do século XXI, como participante ativo da evolução tecnológica e não mais um
ser passivo usuário de TIC e/ou ferramentas de EAD. Cambraia e Scaico (2013) destacam que os
currículos escolares brasileiros não contemplam o ensino de informática, ainda que sejam reconhecidos os
benefícios das TIC no âmbito pedagógico.
O artigo 14 da Resolução nº 4/2010 orienta que as TIC devem perpassar transversalmente a proposta
curricular desde a Educação Infantil até o Ensino Médio e, por sua vez, devem estar refletidas nos
projetos político pedagógicos.
Países como Estados Unidos, Canadá e Israel consideram mais importante do que aprender os
termos ligados à tecnologia é ter a capacidade de desenvolver nos estudantes o pensamento
computacional e sua autonomia para a resolução de problemas. Temas como o porquê de ensinar
computação nas escolas, como os conteúdos devem ser ensinados, que tópicos devem ser lecionados e
para quem esta educação pode ser significativa têm sido pesquisados (Cambraia & Scaico, 2013).
Pesquisas relevantes sobre esta temática têm ocorrido nos workshops do Congresso Brasileiro de
Informática na Educação - CBIE.
ACM Model Curriculum for K-12 Computer Science (Tucker, 2006) advoga a necessidade de
desenvolvimento de habilidades computacionais na Educação Básica, no sentido da Ciência da
Computação ser importante intelectualmente, levar à possibilidade de múltiplos caminhos profissionais
futuros, dar suporte e se relacionar com outras ciências e motivar os estudantes. Tal currículo de
referência sugere a formação em Computação de alunos da Educação Básica de acordo com uma
abordagem triaxial, que contempla conceitos, habilidades e competências.
Com base nisso, docentes da Licenciatura em Computação do Campus Taguatinga do IFB iniciaram
investigação sobre a criação de um currículo mínimo para o ensino da computação na Educação Básica,
com vistas a estabelecer conteúdos que explorem temas ligados às TIC, por meio de seis eixos temáticos,
quais sejam: pensamento computacional; letramento digital; Internet e colaboração; programação;
práticas interdisciplinares e TIC em contexto ético-profissional.
A pesquisa possui abordagem qualitativa e natureza aplicada, uma vez que pretende gerar
conhecimentos para uma aplicação prática, para a resolução de um problema específico: ausência de um
currículo mínimo para o ensino da computação na Educação Básica.
Dos laboratórios de informática que estão funcionando, apenas 14 contam com profissional atuando
com atividades de informática, tendo nos demais, profissionais sem formação para atuar com TE, a
maioria professores readaptados. Nas escolas públicas do DF os professores que não se adaptaram à sala
de aula, por motivos de saúde física ou emocional, são readaptados nos demais ambientes da UPE,
passando a atuar em laboratórios, salas de leitura, áreas administrativas e pedagógicas.
Na segunda etapa, os pesquisadores estão levantando de que forma a TE está sendo adotada nessas
14 escolas, investigando: a existência de planejamento educacional para adoção apropriada de TE, desde
aquele elaborado pelo professor atuante no laboratório de informática até o Projeto Político Pedagógico; o
reconhecimento dos conteúdos de informática abordados com os estudantes; se há interdisciplinaridade
nos conteúdos ministrados e participação dos demais professores; o levantamento da infraestrutura de TIC
disponível no laboratório; as ferramentas usadas nos laboratórios de informática; os valores e conceitos da
relação dos professores atuantes nos laboratórios de informática com os demais participantes da
comunidade escolar.
Este trabalho permitiu: planejar e ofertar oficinas com conteúdos que contemplam o ensino da
computação na Educação Básica; celebrar parceria com escolas para aplicação e disseminação das
oficinas; aproximar a pesquisa com as escolas que abordam conteúdos de informática, inclusive com
participação de licenciandos da Computação, para ser a base da geração do currículo mínimo de
Computação na Educação Básica.
Dessa forma, pretende-se ao final desta pesquisa, baseado na definição dos Eixos e Objetivos de
aprendizagem, a elaboração do currículo mínimo para o ensino de Computação na Educação Básica.
Discussão
Dadas essas características, conclui-se que a definição de um currículo mínimo para o ensino de
Computação na Educação Básica é urgente e relevante para a melhoria qualitativa da educação nas
escolas, permitindo o desenvolvimento da cultura de adoção apropriada de TE nesse ambiente escolar.
Referências Bibliográficas
Tuker, A. (2006) A Model Curriculum for K–12 Computer Science. Final Report of the ACM K–12
Task Force Curriculum Committee. Disponível na Internet em
https://www.acm.org/education/education/curric_vols/k12final1022.pdf. Acesso em 6 de outubro de
2017.
Resumo
Introdução
A proposta é formar os futuros profissionais para atuarem no Sistema Único de Saúde (SUS),
considerando as necessidades de saúde e reorientando o modelo assistencial.
Destaca-se o Mapa Conceitual (MC), por apresentar uma abordagem pedagógica que estimula a
participação do estudante, desenvolvendo a autonomia e o comprometimento no processo de
aprendizagem, além de organizar e representar o conhecimento com o objetivo de proporcionar maior
compreensão e assimilação (Cotta, et al, 2015).
Destarte, o objetivo deste estudo foi apresentar o uso do MC como método de ensino, aprendizagem
e avaliação utilizando a aula invertida para o exercício do pensamento cognitivo das Políticas de Saúde
em turmas numerosas.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, que utilizou o estudo de caso. A coleta dos dados se deu por meio da análise
documental (os portfólios) e pelos depoimentos dos alunos sobre suas percepções do processo de
aprendizado por meio do MC.
- Ler, fazer uma Síntese e listar os Conceitos Chave do capítulo X, paginas: do Livro “Políticas de
Saúde: desenhos, modelos e paradigmas” (Cotta et al, 2013).
5) Cada grupo constrói o MC a partir dos Conceitos Chave que elencaram. Obs.: A medida que
novos capítulos vão sendo incorporados ao MC, os estudantes fazem o exercício “do desapego”,
transformando conceitos que antes eram chave em conceitos secundários, excluindo-os e incorporando
novos conceitos chave.
5º Momento (presencial)
Se necessário, o docente trabalha o capítulo em sala de aula por meio de exposição dialogada ou
outra técnica, destacando as dificuldades, os conceitos incorretos, dúvidas etc.
6º Momento (à distância)
Envio da nova versão do MC (após avaliação e feedback presencial) - até a meia noite do dia
anterior à próxima Aula (1 semana)
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa protocolo 091/2010.
Resultados
Discussão
Os achados deste estudo, coincidem com os estudos de Wang et al. (2008), que salientam o potencial
do MC como uma ferramenta que facilita a educação formativa pois permite aos estudantes atuarem como
agentes de seu próprio processo de construção da aprendizagem, com autonomia, reformulando suas
ideias e apresentando-as de forma crítica e reflexiva, bem como abrindo espaços de liberdade para criar e
recriar. Assim, durante o processo de construção do MC, os estudantes gradativamente foram se
empoderando, aprendendo a conhecer, criticar e argumentar sobre o SUS (Cotta et al, 2013).
Referências Bibliográficas
1. Cotta RMM, Campos AAO, Mendonça ET, Costa GD, Machado JC, Silva LS, et al. Políticas de
Saúde: desenhos, modelos e paradigmas. Viçosa, MG, Brasil: UFV/Abrasco; 2013.
Resumo
Introdução
Pensar sobre a inovação na formação do docente de Ensino Superior nos exige refletir sobre o papel
da formação continuada e dos investimentos pessoais e institucionais necessários quando se pretende
ações inovadoras. No entendimento desse estudo, inovar no ensino superior implica responsabilidade
individual, coletiva e institucional, visando mudanças nas práticas pedagógicas e avanços nas ações
educativas. Tal postura requer dos docentes um olhar crítico para as inovações, abertura para o novo,
autorreflexão sobre a forma como estas inovações se projetam em sua formação, buscando ressignificar o
conceito de inovação e os fundamentos teórico-metodológicos advindos destas novas compreensões. Para
Carbonell (2002, p.19), a inovação é “um conjunto de intervenções, decisões e processos [...] que tratam
de modificar atitudes, ideias, culturas, conteúdos, modelos e práticas pedagógicas”.
Este trabalho objetivou mapear os estudos realizados sobre a inovação na formação do docente de
Ensino Superior, respeitando um recorte temporal definido, com vistas a problematizar questões
relacionadas às inovações na formação do docente de Ensino Superior, às inovações curriculares e ao uso
das tecnologias. A triangulação destes aspectos pode nos fornecer elementos consistentes para busca de
novas interpretações.
Metodologia de estudo
A investigação foi realizada por meio do Estado do Conhecimento, no portal da Biblioteca Digital
Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia (IBICT), no período de período de 2012 até o início de outubro de 2017. Realizou-se um
mapeamento, adotando abordagem qualitativa e quantitativa.
Análise de resultados
No IBICT foram encontradas cento e trinta e seis (136) teses e dissertações. Com base nas autoras
Morosini e Nascimento (2017), organizamos as produções em tabelas anotadas com a referência do
trabalho, ano de publicação, título, autor e resumo e nas tabelas sistematizadas com o ano de publicação,
título, autor, nível, objetivos, metodologia e resultados. Das análises emergiram as categorias: Inovação
na formação docente, tendo como subcategorias a Formação inicial e a Formação continuada, Inovação
curricular e Inovação e uso das tecnologias.
Resultados
Na categoria Inovação na formação docente encontramos sete (7) trabalhos, dos quais quatro (4)
referiam-se à formação inicial e três (3) à formação continuada. A subcategoria formação inicial
apresentou contribuições sobre o Programa Institucional de Iniciação à docência (PIBID) enfatizando a
importância da inovação nas práticas pedagógicas. A subcategoria Formação continuada contemplou três
(3) teses sobre a cultura da inovação e sua influência na construção da profissionalidade docente;
melhorias no ensino da matemática; pedagogia universitária e projetos inovadores em instituições
públicas brasileiras. Encontramos ainda uma dissertação sobre desenvolvimento profissional docente e
aprendizagem ubíqua. Na categoria Inovação curricular, encontramos seis (6) produções, com enfoque no
desenvolvimento de currículo inovador na graduação e pós-graduação das universidades. Na categoria
Inovação e uso das tecnologias com quatro (4) pesquisas de mestrado, encontramos a importância da
produção de material didático, competências docentes e utilização das tecnologias no trabalho
pedagógico. Da totalidade de trabalhos selecionados, obtivemos análises em relação ao nível e ano de
publicação das pesquisas:
Percebemos que foram produzidas mais pesquisas em nível de Doutorado do que de Mestrado sobre
a Inovação. O gráfico 1 indica a produção de dez (10) teses e sete (7) dissertações, o que pode evidenciar
que a temática exige um tempo maior de estudo dada a complexidade que encerra. Pensamos que tal
hipótese exigiria do investigador tempo, experiência e repertório para discussão e análise, elementos mais
compatíveis com um curso de Doutorado. O gráfico 2 indica crescimento de 2012 para 2013; queda em
2014 e novo crescimento até 2016. É possível que surjam novas pesquisas em 2017, mantendo o índice
ascendente desta temática de investigação.
Discussões
Pode-se inferir a partir deste mapeamento que houve um crescimento no interesse docente sobre a
Inovação, seja no currículo, na formação inicial e/ou continuada ou aliada ao uso das tecnologias, pois
isso implica escolher uma nova epistemologia da prática docente, direcionada para o ensino e
aprendizagem, considerando as demandas do contexto emergente. Quanto à inovação na formação
docente, é necessário apoio institucional, capacitação e práticas pedagógicas diferenciadas. A inovação
não pode ser de forma isolada, realizada por um docente, é necessário colocá-la em prática, envolvendo
toda a comunidade acadêmica.
CARBONELL, J. A aventura de inovar: a mudança na escola. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
RESUMO
Apresenta-se uma proposta de trabalho com gestores e professores de escolas públicas e privadas, da
Educação Infantil e Ensino fundamental I, de Porto Alegre e da Região Metropolitana no Estado do RS
juntamente com o grupo de pesquisa PROMOT (Processos Motivacionais em Contextos Educativos).
Realizamos um encontro inicial com gestores oferecendo uma oficina sobre “Professores Inovadores:
Uma Realidade Possível”, visando conhecer quais são as verdadeiras necessidades dos gestores no que se
refere a formação de professores, e como a Universidade poderia contribuir para transformar as aulas,
integrando o conhecimento desenvolvido na academia com a realidade do cotidiano escolar. Para alcançar
os objetivos utilizamos a metodologia Design Thinking (DT), ferramenta criativa que serve para gerar
soluções inovadoras, mais simples e, especialmente, focar no ser humano e suas necessidades reais e
emocionais. A partir da análise, constatamos que os gestores buscam nos seus professores novas
possibilidades e soluções para velhos problemas nas salas de aula. Consideram que a formação pessoal,
estudo de metodologias ativas e experiências práticas são fundamentais para trabalhar com professores
inovadores.
INTRODUÇÃO
Inovação na educação é um tema que gera desconfiança e dúvidas por parte dos gestores,
professores, estudantes e familiares. O receio da desconstrução de tudo que já foi realizado e a
valorização somente do novo, este antagonismo que está na mente dos indivíduos e que não precisa ser
desta forma. Temos que aproximar as dinâmicas antigas e que tem relevância e as dinâmicas novas com o
mesmo sentido, e que de acordo com Christensen (2012, p. 25) “a teoria da inovação disruptiva explica
por que as organizações resistem a determinadas formas de inovação e como podem, previsivelmente, ter
sucesso com a inovação”. Esta situação gera a necessidade de mudanças no investimento com repercussão
na melhoria de condições de aprendizagem.
A partir do encontro realizado entre gestores de escolas públicas e privadas, com foco na Educação
Infantil e Ensino fundamental I, de Porto Alegre e da Região Metropolitana juntamente com o PROMOT
do PPGEDU da Escola de Humanidades da PUCRS realizamos uma discussão sobre “Professores
Inovadores: Uma Realidade Possível”, com o objetivo de realizar trocas de experiências, além de
fomentar as pesquisas em Educação e integrar o conhecimento desenvolvido na academia com o
cotidiano escolar.
Este grupo surgiu da necessidade de aprofundar estudos dos processos motivacionais na Educação
instigados pelo questionamento de (CHRISTENSEN, 2012) do porque as instituições de ensino têm
dificuldade de lidar com as inovações e propor uma ação que contemple as necessidades contemporâneas
dos estudantes.
METODOLOGIA
Trabalhamos de forma colaborativa com o grupo de gestores, a proposta também possibilitou uma
visão do processo, desenvolvendo a descoberta; definição e entrega de possíveis soluções. Ao colocar em
destaque o diálogo e a troca de saberes, possibilitamos ações reflexivas que colaboram com a qualidade
de nossas instituições de ensino. Segundo, Pimenta (2010, p. 22) “a prática reflexiva tem se estabelecido
como uma tendência significativa nas pesquisas em educação”. Nesse sentido, a reflexão produz
diferentes significados que possibilitam novas práticas educativas. Para dar início ao processo, iniciamos
com a seguinte questão norteadora: qual o perfil do professor que a sociedade contemporânea precisa?
A contribuição para a Inovação Pedagógica, acerca do objetivo apresentado, foi solicitado que os
gestores criassem uma persona individual representando um professor, através do mapa da empatia, com
diferentes características. Em outro momento a construção de uma persona em grupo com algumas
características: um professor com experiência e um iniciante. Por fim, a construção de um plano de ação.
Os passos do DT tem como premissa inicial a empatia no sentido de compreender o que o grupo de
gestores estão buscando, a partir destas informações que nos possibilitou a definição dos próximos passos
levando a idealização na perspectiva da prototipagem da realidade de cada escola na iminência de
testarmos os planos de ação desenvolvido que desencadearam, em princípio, três oficinas com os
professores.
RESULTADOS
A partir da oficina com os gestores chegamos aos seguintes resultados: a importância da inovação e
a sua relação com as tecnologias, a maioria dos gestores faz uma relação da inovação com o uso de
tecnologias, porém, podendo também ocorrer sem recursos tecnológicos; também é considerada como um
processo difícil e longo que deve levar em conta as diferentes realidades culturais, sociais e econômicas.
DISCUSSÃO
Identificamos através dos relatos dos gestores, que os alunos estão cada vez mais tecnológicos,
porém mais desmotivados. Por isso, a necessidade da escola produzir junto com a universidade estudos e
projetos para buscar a motivação do corpo discente e docente, na qual descrevestrong text Christensen
(2012, p. 137) “se as crianças estiverem motivadas para aprender e se nos permitirmos que cada uma
aprenda de maneira eficaz, teremos um sistema educacional com o registro de um ótimo desempenho”.
As expectativas dos gestores em relação aos resultados que esta prática proporciona são algo que
faça a diferença, portanto, ficou evidente a necessidade de criar uma rede de trabalho conjunto entre a
universidade e as escolas para construir possíveis soluções de forma cooperativa entre gestores,
professores e acadêmicos universitários.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BROWN, Tim. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias\ Tim
Brown com Barry Katz: tradução Cristina Yamagami, - Rio de Janeiro: Elsevier, 3º reimpressão, 2010.
PIMENTA, Selma Garrido, GHEDIN, Evandro (Orgs). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de
um conceito. - 6º ed.- São Paulo: Cortez, 2010.
INTERAÇÕES ENTRE UNIVERSIDADE E ESCOLA: PROPOSTAS
PARA PENSAR A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
INOVADORES
RESUMO
Este artigo tem por objetivo identificar elementos necessários à formação de professores visando
uma prática docente inovadora que dê conta das demandas do contexto educativo atual. O estudo foi
realizado com gestores de escolas públicas e privadas da cidade Porto Alegre/RS. Foi realizada uma
oficina utilizando a metodologia do Design Thinking, que permite dar voz aos diferentes atores de um
contexto. A pesquisa se caracteriza como qualitativa, balizada na perspectiva da pesquisa-ação. A partir
desta, inferimos que os olhares que perpassam a inovação no ensino são distintos, porém, acreditamos que
desenvolver processos inovadores na formação dos professores nas Universidades faz-se necessário para
que ocorra uma atuação docente que vá além da clássica representação de professor e atenda as
necessidades do sujeito aprendente do século XXI. Percebe-se que além da formação técnica e teórica
com ênfase na inovação e em novas metodologias, existe a necessidade de desenvolver aspectos
relacionados à formação pessoal e emocional, visando um melhor desenvolvimento inter e intrapessoal
para que exista um trabalho colaborativo, uma abertura para o diálogo e troca de experiências dentro das
escolas, atendendo assim a demanda do atual contexto educativo.
INTRODUÇÃO
No atual cenário da educação há uma grande preocupação em elevar os padrões de qualidade. Por
essa razão, acredita-se que ao discutir qualidade, é fundamental referir-se à formação docente, pois são os
professores que vivenciam as transformações dentro da sala de aula, tendo que lidar emocional e
socialmente com as múltiplas dinâmicas da escola. Assim, a inovação é abordada como necessidade e
também como possibilidade, sendo debatida nas diferentes esferas (MOTA, 2011).
Segundo Carbonell (2002) a inovação pode ser definida como um conjunto de intervenções, decisões
e processos com certo grau de intencionalidade e sistematização que tratam de modificar atitudes, ideias,
culturas, conteúdos e práticas pedagógicas. Adotar práticas inovadoras no que tange a formação de
professores, significa contribuir com o desenvolvimento de sujeitos autônomos e conscientes preparados
para cooperar com a construção de uma sociedade justa e igualitária.
Assim, deparamo-nos com o desafio de inovar nos processos formativos docentes, levando em conta
as atuais necessidades educativas das escolas. Nesse contexto, a Universidade pode contribuir com o
processo de inovação na formação e atuação docente, elaborando propostas de extensão universitária que
aproximem escolas da Universidade, com o objetivo de potencializar a formação docente para a educação
básica. Diante dessa problemática, este artigo visa identificar quais elementos devem constituir a
formação de professores visando uma prática docente inovadora que dê conta das demandas do contexto
educativo atual.
METODOLOGIA
Caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa e constitui-se uma pesquisa-ação, que abre caminhos e
possibilita a compreensão e intervenção de situações problemáticas, para Thiollent (2003) está centrado
diretamente numa situação ou problema coletivo, no qual os pesquisadores e participantes estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo, assumindo o controle da situação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nessa análise, infere-se que a formação acadêmica de professores tem constituído um
campo de desafios e necessidade de adaptações, visando atender as exigências educativas atuais, bem
como às distintas realidades vivenciadas nas escolas. Pode-se afirmar que as situações conflitantes que os
professores enfrentam, apresentam características únicas, exigindo um profissional competente, inovador
e que possua capacidades de autodesenvolvimento reflexivo e de resolução de problemas.Entende-se que
a Universidade ocupa um papel essencial, mas não único, na formação do professor. A ela cabe oferecer o
potencial físico, humano e pedagógico para que a formação ocorra com a melhor qualidade possível.
Sabe-se que a aplicação de técnicas convencionais, não resolvem muitos dos problemas existentes no
contexto escolar, é preciso mais que isso. A partir desse estudo, percebe-se que é necessário que o
professor, além de uma boa formação técnica e teórica, tenha também desenvolvida a formação pessoal e
emocional, pois as demandas atuais exigem desse profissional condições para dar conta das dinâmicas
práticas e de problemáticas que muitas vezes não são abordadas na Universidade.Para isso, as ações
desenvolvidas no sentido de atender às necessidades levantadas e orientadas a partir da prática do
professor, devem servir de reflexão conjunta, estabelecendo um trabalho de cooperação na construção de
estratégias inovadoras de ensino, levando em conta as demandas das tecnologias digitais, do
multiculturalismo, da ciência e da gestão do conhecimento.
REFERÊNCIAS
BROWN, T. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2010.
CARBONELL, J. A aventura de inovar: a mudança na escola. Porto Alegre: Artmed, 2002.
MOTA, R. O papel da inovação na sociedade e na educação. In: COLOMBO, S.; RODRIGUES, G. M.
Desafios da sociedade contemporânea. Porto Alegre: Artmed, 2011, 459-474.
THIOLLENT, M. J. M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2003.
INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE NA FORMAÇÃO CONTINUADA
DE PROFESSORES: COLABORAÇÃO ENTRE A UNIVERSIDADE
E A ESCOLA
Inovação nas estratégias educacionais
Authors: Carla Spagnolo, Bettina Steren dos Santos, Rafael Korman
Resumo
O objetivo deste estudo foi desenvolver dinâmicas colaborativas para formação continuada de
professores, estabelecendo parceria entre a Escola e a Universidade. A partir do problema: como a
parceria entre universidade e escola pode contribuir para o protagonismo na formação continuada dos
professores? Buscou-se, mediante a utilização da pesquisa-ação, propor uma oficina de metodologias
criativas para gestores de escolas pública e privadas. Como resultado parcial, desenvolveu-se um plano de
ação para formação continuada dos professores que atuam nas diferentes escolas convidadas. Como
perspectivas futuras, a parceria entre universidade e escola continuará com a formação dos professores,
para que esses possam repensar em colaboração sobre suas necessidades, e juntos, encontrar soluções que
façam a diferença.
Introdução
Com base nas indagações citadas, o objetivo deste estudo foi desenvolver dinâmicas colaborativas
para formação continuada de professores, estabelecendo parceria entre a Escola e a Universidade. No que
tange as ações da Universidade, inclui-se, por meio do grupo de pesquisa PROMOT (Processos
Motivacionais em Contextos Educativos), a produção de conhecimento, a pesquisa e o compromisso em
diluir e desenvolver tais conhecimentos com a comunidade educacional da Educação Básica. Os
professores que atuam na Escola, necessitam de contínuos subsídios para que a prática cotidiana esteja
acompanhada de ações inventivas, criativas, as quais valorizem a autoria e o protagonismo. A parceria
pode intensificar a busca por soluções que vão ao encontro das reais necessidades dos envolvidos com os
processos de ensino e de aprendizagem.
Metodologia
Optamos pela abordagem qualitativa, pois, tem a pretensão de aprofundar a compreensão dos
fenômenos. Une-se a essa perspectiva a escolha pela pesquisa-ação. A análise foi realizada a partir dos
princípios da análise de conteúdo de Bardin (2011). O interesse pela temática da pesquisa surgiu em
discussões e estudos do grupo de pesquisa PROMOT, da PUCRS, com o propósito de desenvolver ações
para melhorias na Educação. Em um primeiro momento, o grupo trabalhou para compreender o contexto
da docência e formação continuada de professores da Educação Básica e desenvolver uma proposta
teórico-prática fundamentada na criatividade e na colaboração, para posteriormente propor dinâmicas
colaborativas para oportunizar o diálogo a problematização acerca dos processos de ensino e de
aprendizagem. Na sequência, foram convidados gestores de 10 escolas, de acordo com os seguintes
critérios de inclusão: (1) escolas públicas e ou privadas que tivessem parceria com estágios curriculares
no curso de Pedagogia com a universidade; (2) escolas em que os próprios integrantes do grupo
PROMOT exercem função laboral. O encontro aconteceu no ambiente da universidade, em meados do
mês de julho de 2017, em que se utilizou como estratégia princípios da metodologia do DT. A formação
proposta teve como tema a seguinte problematização inicial: “Qual o perfil do professor que a sociedade
contemporânea precisa? Durante a atividade, os 30 participantes foram organizados em 5 grupos e
acompanhados pela professora coordenadora do PROMOT e por mestrandos, doutorandos e
pesquisadores do grupo. A dinâmica envolveu quatro etapas do DT (Entendimento, Empatia, Ideação e
Prototipagem), a partir da perspectiva e do olhar para o professor, para discutir sobre a formação
continuada dos professores enquanto protagonistas de transformação e a implicância de novas ações para
práticas docentes diferenciadas.Para a coleta dos dados, utilizou-se como técnica a observação
participante, pela interação ativa dos pesquisadores durante as vivências e os resultados obtidos mediante
cada etapa. Outros instrumentos utilizados, que também serviram de base para esse estudo, foram o mapa
da empatia e os protótipos, os quais foram aplicados nas etapas de Empatia e de Prototipagem.
Resultados e considerações
Referências
GATTI, Bernardete Angelina; BARRETO, Elba Siqueira de Sá. Professores do Brasil: impasses e
desafios. Brasília: UNESCO, 2009.
NITZSCHE, Rique. Afinal o que é design thinking? São Paulo: Edições Rosari, 2012.
Percepções da comunidade e gestores do SUS sobre as competências
profissionais necessárias na formação médica
Resumo
Este estudo buscou conhecer as percepções sobre quais competências devem ser desenvolvidas no
internato, do ponto de vista da comunidade e de gestores SUS. Para tal, dois grupos focais (GF) foram
organizados: GF1 - gestores municipais e estaduais e GF2 - usuários representantes dos Conselhos
Estadual e Municipal de Saúde, com posterior análise de conteúdo.
As percepções GF1 foram: conhecer o SUS (rede, regulação e território); conhecer e saber manejar
as doenças mais prevalentes, aplicando protocolos do Ministério da Saúde; saber realizar primeiro
atendimento de urgência; trabalhar em equipe; aplicar o conceito de Cuidado Integral e realizar a Gestão
do Cuidado. E do GF2: desenvolvimento de competências humanísticas; conhecer o meio em que o
paciente vive; entender as diferenças culturais e sociais e interagir com a equipe de saúde.
Com autocrítica construtiva, os gestores apontam graves problemas para um bom cenário de ensino-
aprendizagem: (1) Preceptor médico não qualificado do ponto de vista técnico, na Atenção primária e
Urgência/Emergência; (2) Gestão por resultados e (3) Dificuldades para o Trabalho em Equipe. Os
usuários apontam como responsabilidades do governo: valorizar o médico formado no país, melhorar
salários, diminuir demanda para o médico e estimular a formação pediatras e geriatras.
Introdução
Objetivos
Analisar as opiniões sobre "o que o médico deve ser capaz de fazer/saber fazer", isto é, as
competências que deverão ser desenvolvidas no internato, de acordo com as percepções de gestores e
usuários do SUS.
Métodos
Trata-se de pesquisa qualitativa, exploratória sobre percepções e, para tal foram organizados dois
grupos focais (GF), o primeiro (GF1) com gestores da Secretaria Municipal de Saúde de Vitória
(SEMUS-Vitória) e da Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo (SESA/ES) e o segundo (GF2)
com usuários representantes dos Conselhos de Saúde, Estadual e do Município de Vitória.
O convite aos gestores solicitou a representatividade, preferencialmente, em coordenação de
Unidade Básica de Saúde e de Emergência, coordenação de estágios e de Educação Permanente para
participação em pesquisa qualitativa com enfoque na aprendizagem do estudante de medicina,
especialmente no internato.
Após uma dinâmica motivacional e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, duas
questões norteadoras foram apresentadas e discutidas: “O que o estudante de medicina, em especial o
interno, precisa saber fazer para atender um paciente?” e “O que o estudante de medicina, em especial o
interno, precisa aprender para atender às necessidades de saúde da população?”. Os GF foram gravados,
transcritos e analisados isoladamente pelo método de Análise de Conteúdo de Bardin, com as etapas de
categorização, descrição e interpretação1.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Estadual de Saúde (CEP-
SESA/ES).
Resultados
Destacaram, ainda, dois graves entraves: (1) A Gestão por resultados: como exigir o cuidado
integral, quando o médico é obrigado a atender um paciente em 15 minutos? e (2) Dificuldades para o
Trabalho em equipe: como inserir o médico no processo de trabalho em equipe, se o serviço mantém o
médico trancado no consultório, atendendo praticamente a doenças?
Discussão
Nos últimos 15 anos muitas mudanças tem ocorrido no ensino médico, em decorrência de discussões
e novas diretrizes curriculares. Uma delas objetiva a formação de um egresso médico mais coerente com
as competências gerais e específicas e conhecimento sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Muitas
dúvidas e questionamentos têm surgido desta discussão, tais como indicar as competências do egresso
médico necessárias à população e se, estas buscam a formação do médico generalista2,3.
Muitas mudanças, com novas leis, regulamentações e avaliações tem ocorrido no ensino médico,
com o objetivo de melhor qualificar a formação. A integração ensino-serviço tem facilitado estas
mudanças, com o entendimento dos estudantes sobre o SUS, assim como o conhecimento sobre a
demanda populacional. Desta forma, entender quais as necessidades de formação, conhecimento e ação
na área médica torna-se necessário para que estas competências sejam desenvolvidas no curso médico,
principalmente no internato. Mas, geralmente, são os docentes das escolas médicas que direcionam esta
formação, baseada em doenças e muito conteúdo4,5.
Mas, outros atores são importantes nessa determinação de competências obrigatórias na formação
médica, aquele que o contratará (gestor do SUS) e aquele que será atendido (usuário e comunidade).
Conclusão
Referências
2. Bollela VR, Machado JL. Internato Baseado em Competências: Bridging the Gaps. Belo Horizonte:
Medvance; 2010
4. Milner RJ; Gusic ME, Thorndyke LE. Toward a Competency Framework for Faculty. Academic
Medicine, 2011; 86 (10): 1208-10
5. DiCarlo SE. Too much contente, not enough thinking, and too little FUN! Adv Physiol Educ. 2009;
33:257-264.
Proposta de um processo de Ensino-Aprendizagem baseado na Espiral
do Conhecimento e Cenários Reais
Resumo
Este trabalho tem como objetivo descrever um processo de ensino-aprendizagem (E-A) baseado na
aprendizagem significativa, instrumentalizado pelos conceitos da espiral do conhecimento e metodologias
ativas. O processo foi implementado a partir de uma revisão da disciplina de Economia e Finanças na
Faculdade de Tecnologia da UNICAMP, com o objetivo de mitigar os problemas de reprovação e
absenteísmo encontrados. Para implementação, foram considerados três conceitos básicos: i) utilização de
cenários reais, ii) foco no estudante, iii) orientação docente. Pela aplicação do processo de E-A, reduziu-
se a reprovação para 10%, sendo que a taxa de absenteísmo decaiu para 15% em 2% dos alunos. Além
disso, foi possível constatar, por meio das interações no Blog e em Sala, o crescimento do nível de
participação dos alunos.
Introdução e Objetivos
Quando a aprendizagem ocorre no ambiente formal escolar, se distingue por suas características
sistemáticas e intencionais, cujo objetivo é o desencadeamento de estímulos transformadores da pessoa e
do conhecimento pelas experiências vivenciadas. Embora o conhecimento seja construído
individualmente pelas vivências e pelas regras cognitivas pessoais, as escolas se estruturaram como
ambientes de aprendizado coletivo e se valem de métodos padronizados de ensino. As restrições dessa
abordagem, provocam o surgimento de métodos que buscam a ruptura desse modelo, tais como a
Aprendizagem Significativa (AUSUBEL, 2000).
As metodologias ativas atuam nesse sentido, permitindo a reflexão crítica do aluno que é conduzida
(tutorada) pelo professor. Cenários reais constituem uma abordagem didática amplamente utilizada nesse
sentido, pois estimula, de maneira tutorada e encadeada, a incorporação de novos conceitos por meio de
casos vivenciados (AGUILAR-DA-SILVA; MOREIRA ROCHA-JUNIOR, 2010).
No início de 2017, foi realizada uma revisão do processo de E-A para essa disciplina, com o objetivo
de mitigar os problemas encontrados, no qual foram considerados três conceitos básicos: i) utilização de
cenários reais, ii) foco no estudante, iii) orientação docente.
Por sua diversidade e amplitude, conteúdos componentes da disciplina conflitavam com a hipótese
de desenvolvimento dos estudos em um único cenário real e, para contornar esse problema, foram
organizados em objetos de aprendizagem. (OA).
Os OA (HOUCK et al., 2006) são conteúdos autocontidos, que, embora relacionados com outros
conteúdos, possuem características autônomas, podendo ser discutidos por um discurso completo e
eficiente, sem necessitar de outros conteúdos para seu entendimento.
Após a construção dos OA, foi possível definir o foco do processo de E-A no aluno por meio da
espiral do conhecimento, como demonstrado na Figura 1.
Na Figura 1, o processo se inicia pela Internalização (1), onde o OA é apresentado por uma aula
expositiva do docente, que consiste no conhecimento explícito inicial. O OA é constituído por um filme,
um texto e uma atividade de pesquisa. Após a aula expositiva, a atividade é atribuída a um grupo de
alunos, que a executará por meio de um roteiro. Na Socialização (2), os alunos analisam o cenário real
definido, executa as atividades e relaciona conteúdo teórico e fenômeno prático, tutorado pelo docente.
Na Externalização (3), tutorados pelo professor, os alunos convertem o conhecimento tácito em explícito,
por meio de relatório e de apresentação oral. Na Combinação (4), o seminário é realizado em sala, onde
os fenômenos vivenciados são comparados às teorias. Ocorrem discussões e perguntas síncronas na sala
ou assíncronas, no Blog da disciplina, mediadas pelo professor. A apresentação e as interações, são
gravadas em filme, editadas e adicionadas ao OA, conferindo-lhe dinâmica e proporcionando
perpetuidade à espiral.
Resultados parciais
A partir da aplicação do processo de E-A, a taxa de reprovações reduziu para 10%. A taxa de
absenteísmo decaiu para 15% em 2% dos alunos. O nível de participação dos alunos pode ser constatado
pela participação na sala, no Blog e no canal de vídeos, com cerca de 15 questões apresentadas
semanalmente e, em média, 40 visualizações dos filmes, sendo que a turma, em média, é composta por 50
alunos.
Discussão
Referências Bibliográficas
HOUCK, M. M. et al. Forensic Accounting as an Investigative Tool. CPA Journal, v. 76, n. 8, p. 68–70,
2006.
Resumo
Atividades interdisciplinares sempre exigem mais atenção para o seu desenvolvimento do que
atividades exclusivas de uma disciplina. No entanto, são de extrema valia para o processo de ensino –
aprendizagem, uma vez que os discentes se expõem a situações que os instigam a relacionar as diversas
disciplinas que já estudou ou está estudando. O objetivo geral do projeto “Da célula à fisiologia” foi
instigar a curiosidade e a pesquisa para relacionar os sinais e sintomas de algumas patologias, envolvendo
todos os sistemas fisiológicos humanos, com as células e tecidos que são afetados pelo agente patógeno.
Para tanto, três turmas do curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Mato Grosso, Brasil,
foram divididas em grupos e tiveram uma doença selecionada para ser seu objeto de estudo durante o
semestre (2016/02). Cada grupo realizou pesquisas bibliográficas com o intuito de compreender, a nível
celular, os principais sinais e sintomas da sua patologia de estudo. Ao final da atividade, os alunos
tiveram uma melhor compreensão da expressão “Célula, unidade básica da vida”. A atividade possibilitou
mostrar aos alunos que, apesar de o ensino ser fragmentado e dividido por disciplinas, todos os
conhecimentos trabalhados se relacionam de alguma maneira e em algum grau.
Introdução e Objetivos
Apesar de serem cada vez mais comentados e utilizados em atividades educacionais, a sua
compreensão e sua efetivação continuam sendo um grande desafio para os educadores (Fazenda, 2008).
Atividades interdisciplinares sempre exigem mais atenção para o seu desenvolvimento do que atividades
exclusivas de uma disciplina. No entanto, são de extrema valia para o processo de ensino – aprendizagem,
uma vez que os discentes se expõem a situações que os instigam a relacionar as diversas disciplinas que já
estudou ou está estudando. Na área de saúde, essa inter-relação é fundamental, uma vez que o
funcionamento do organismo humano, apesar de ser estudado de forma fragmentado, é completamente
interligado (Santos, et al 2007).
O objetivo geral do projeto “Da célula à fisiologia” foi instigar a curiosidade e a pesquisa para
relacionar os sinais e sintomas de algumas patologias, envolvendo todos os sistemas fisiológicos
humanos, com as células e tecidos que são afetados pelo agente patógeno.
A realização dessa atividade se desenvolveu no semestre letivo 2016/02, envolvendo três turmas de
semestres diferentes, do curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade do Estado de Mato
Grosso, Brasil. As turmas cursavam as disciplinas Citologia e Histologia Humana (1º semestre),
Fisiologia Humana I (2º semestre) e Fisiologia Humana II (3º semestre). Além dos discentes, participaram
da atividade os monitores voluntários das respectivas disciplinas.
Cada turma foi dividida em grupos e tiveram temas selecionados para ser seu objeto de estudo
durante o semestre (2016/02). A turma do 1º semestre trabalhou com temas relacionados às variadas
células e variados tecidos, enquanto que as turmas do 2º e 3º semestre trabalharam com patologias
referentes aos sistemas fisiológicos humanos. Foi estabelecido que os grupos deveriam compreender, a
nível celular, os principais sinais e sintomas da sua patologia de estudo, utilizando para isso pesquisa
bibliográfica em artigos científicos.
Durante a etapa de pesquisa e compreensão dos resultados, os grupos foram acompanhados de perto
pelos monitores e docente das disciplinas, sempre instigando a compreender as relações existentes entre
os tópicos pesquisados. Os resultados das pesquisas deveriam ser apresentados no final do semestre, em
formato de maquetes e pôsteres em um evento aberto a toda a comunidade acadêmica.
Resultados
A apresentação dos resultados obtidos durante as pesquisas bibliográficas foi realizada durante o
“evento”: Célula, unidade básica da vida. Foram apresentadas no total, sete maquetes que representavam
a estrutura celular eucarionte, tecido epitelial de revestimento, tecido conjuntivo propriamente dito, tecido
muscular, tecido nervoso, tecido ósseo e células sanguíneas. Em relação aos pôsteres, foram expostos 14
das mais variadas patologias, passando pelos sistemas nervoso, cardíaco, respiratório, digestório, excretor,
endócrino e reprodutor.
Toda a comunidade acadêmica foi convidada a prestigiar a exposição, e ao final foi realizada uma
votação popular para escolha da melhor maquete e melhor pôster apresentado.
Discussão
Ao longo do semestre, tivemos o cuidado de manter uma atenção especial na realização do projeto,
uma vez que considerávamos a principal atividade do semestre. Muitos problemas surgiram, como a não
colaboração de alguns membros do grupo. Mas com cuidado, lidamos com as situações e conseguimos
avançar no desenvolvimento do projeto.
Outro ponto positivo da realização do projeto foi a integração com os acadêmicos monitores
voluntários. Como os monitores acompanharam o desenvolvimento do projeto durante todo o semestre,
houve uma grande aproximação entre os acadêmicos, o que gerou uma maior facilidade na troca de
informações e experiência, integrando novamente acadêmicos de semestres diferentes. Essa integração é
muito importante para o desenvolvimento crítico.
Ao final da atividade, os alunos tiveram uma melhor compreensão da expressão “Célula, unidade
básica da vida”. A atividade possibilitou mostrar aos alunos que, apesar de o ensino ser fragmentado e
dividido por disciplinas, todos os conhecimentos trabalhados se relacionam de alguma maneira e em
algum grau.
Referências Bibliográficas
RESUMO
INTRODUÇÃO
Os alunos desta disciplina foram inseridos no contexto complexo da produção industrial e, além
disso, objetivou-se a integração destes alunos à realidade do curso e também ao trabalho colaborativo.
Nesta disciplina, cuja metodologia foi construída ao longo de cinco anos, os alunos são estimulados
a se conhecerem e interagirem por meio de um projeto em grupo construído em etapas desde o início do
semestre. O trabalho mostra os resultados obtidos com o uso desta metodologia, entre os anos de 2015 a
2017.
MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia foi baseada no conceito de ensino guiado por projeto, que vem evoluindo no contexto
educacional da prática de engenharia ao longo das duas últimas décadas [1]. Possibilita enfatizar o
trabalho em equipe e fornece uma interação mais próxima à realidade da indústria, que muitas vezes vê o
profissional recém-formado como excessivamente preso aos modelos e formalidades da academia, mas
pouco familiarizado à realidade prática do trabalho fabril [1].
Aspectos éticos foram discutidos em fóruns virtuais, visando à construção autônoma de diversos
conceitos de Engenharia Química. Os alunos puderam aprender desde a história do curso, até o básico da
realização de um balanço material simplificado e da identificação de condições de operação, vazões,
temperaturas e pressões de processo, entendendo a dinâmica de uma indústria, por meio de uma visão
global das atividades de um Engenheiro Químico e de conceitos que serão aprendidos ao longo de todo o
curso. Realizaram ainda discussões filosóficas de grande importância para a formação holística de um
profissional que deverá lidar também com questões éticas e humanas.
Uma abordagem inicialmente utilizada foi a construção de uma enciclopédia virtual sobre o produto
escolhido, por meio da ferramenta Wiki da plataforma Moodle, a qual os alunos atualizavam de forma
rotineira com as informações coletadas em cada tarefa.
Posteriormente, uma abordagem mais alinhada com os princípios da difusão e do compartilhamento
de informações foi a construção de uma página online - por meio da plataforma gratuita Wix - dedicada a
fornecer informações confiáveis e com as devidas referências bibliográficas sobre o produto e seu método
de produção, contribuindo também com a extensão do conhecimento para além da Universidade.
Ao fim de cada semestre, os alunos produziram, como última atividade do projeto, um vídeo
explicativo, sendo que os melhores trabalhos foram homenageados em um evento com participação do
corpo docente da Faculdade de Engenharia Química.
A avaliação dos resultados ocorreu por etapas, sendo que cada atividade possuía um prazo a ser
cumprido, e ao fim do qual o grupo era avaliado e recebia mentorias de modo a corrigir possíveis falhas
ou melhorar ainda mais seu desempenho. Um dos principais pontos exigidos foi o respeito à propriedade
intelectual e o uso de referências bibliográficas apropriadas, de modo a introduzir boas práticas da escrita
técnico-científica. Não obstante, atividades em sala, para reforço dos tópicos teóricos, foram realizadas,
tanto de modo individual quanto em grupo.
Vale ressaltar, por fim, que a equipe responsável pelo ensino, formada pelos professores e monitores,
realizou um projeto em paralelo, cujo tema era a fabricação de biodiesel, e que foi utilizada como um guia
para os alunos. Evitou-se, assim, que a proposta se tornasse abstrata e que isto comprometesse o resultado
final do projeto, tanto em termos de aprendizado quanto em termos de motivação adquirida pelos alunos
para a continuidade do curso de Engenharia Química.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os anos de 2016 e de 2017 mostraram, mais uma vez, forte desempenho dos alunos, especialmente
ao se levar em conta o fato de que eles ainda estavam cursando o primeiro semestre de graduação. Em
2016, um total de 19 grupos construíram sites na plataforma Wix, enquanto que, em 2017, um total de 22
grupos de alunos o fizeram.
A Figura 3 contém uma tela do site do grupo que, em 2016, se dedicou ao estudo da produção de
fibra óptica, junto a uma tela do vídeo produzido pelos alunos e disponibilizado na plataforma YouTube.
A Figura 4, por sua vez, mostra os resultados do grupo que, em 2017, estudou a produção do
medicamento “Aspirina”.
CONCLUSÃO
A metodologia de ensino voltado para a realização de projeto mostrou excelentes resultados com
relação à integração do aluno ingressante nos cursos de engenharia à realidade da indústria e ao cotidiano
da Universidade.
Por meio da realização de atividades em grupo, guiadas por professores e monitores, combinadas à
aplicação de aulas expositivas e realização de tarefas que envolveram discussões éticas e filosóficas,
torna-se possível apresentar, mesmo a estudantes ainda com pouca carga teórica, diversos conceitos
abordados ao longo da graduação, reduzindo também a ansiedade com relação ao desejo de aprender
tópicos concretos.
Se por um lado a prática tradicional da Engenharia expõe o aluno ingressante a uma extensa grade
curricular, para que ele adquira o embasamento físico e matemático, essencial à formação do engenheiro,
a existência de uma disciplina que incentiva o aprendizado autônomo, ao fornecer um problema concreto
e complexo, com diversos objetos de estudo, permite que o aluno tenha novas motivações e consiga
enxergar o porquê da necessidade de cada disciplina em sua grade curricular, ao mesmo tempo em que
conhece a sua faculdade.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
[1] Dym, C. L., Agogino, A. M., Eris, O., Frey, D. D. and Leifer, L. J. (2005), Engineering Design
Thinking, Teaching, and Learning. Journal of Engineering Education, 94: 103–120.
Aprendizado ativo nas Relações Internacionais: inovações no processo
de ensino-aprendizagem
Resumo
Introdução e objetivos
O uso destas metodologias tanto nas aulas como nas avaliações foi motivada por interesse pessoal
das docentes responsáveis pelas disciplinas. Entende-se como Aprendizado Ativo um conjunto de
metodologias ou estratégias didáticas com foco nos estudantes, considerando-os corresponsáveis pelo seu
próprio processo de aprendizagem, ou seja, que ‘envolve’ o estudante no processo de aprender, tornando-
o autor, e não mero expectador.
Tendo em vista o objetivo de apresentar as atividades realizadas, optou-se por descrever neste
resumo, ainda que sucintamente, as atividades desenvolvidas pelas docentes, baseadas na metodologia de
Aprendizado Ativo.
Também cabe destacar a utilização de debates, no qual um grupo de estudantes teve a oportunidade
de pesquisar antecipadamente, expor, embasar e defender seu ponto de vista sobre um dado assunto frente
a outro grupo. Esta metodologia foi utilizada não somente enquanto atividade didática, mas também como
avaliação (prova) em várias ocasiões.
Do mesmo modo foram utilizadas dinâmicas de grupo, onde foi possível a aplicação de
conhecimentos teóricos e habilidades pessoais a uma situação hipotética, em que era possível a ‘vivência’
em um contexto específico.
Por fim, destaca-se a realização de atividades vinculando conhecimentos próprios de outras áreas
(Artes, Cultura, Literatura, p.ex.) o que, em se tratando de disciplinas nas áreas de Economia e Política,
torna-se bastante desafiador.
Estas diferentes atividades baseadas no Aprendizado Ativo foram analisadas pelas docentes segundo
critérios que, de modo geral, envolviam (a) se o objetivo proposto para a atividade foi cumprido; (b)
clareza conceitual; (c) profundidade nas ideias expostas; (d) observância de aspectos formais do trabalho
(redação, atendimento às normas da ABNT, uso do tempo destinado à atividade, p.ex.).
As notas obtidas pelos estudantes nas diferentes atividades constituem o objeto central estudado por
este trabalho. Assim sendo, as docentes analisaram os resultados obtidos pelos estudantes com relação a
cada critério de avaliação, buscando identificar aqueles que foram ou não atendidos e o significado desses
valores.
Resultados e discussão
De modo geral, as metodologias de Aprendizado Ativo foram bem assimiladas pelos estudantes. A
principal estranheza por parte dos estudantes é a de que estas atividades contrariam a forma tradicional de
apresentar os conteúdos didáticos e de avaliar o aprendizado somente por meio de provas escritas. Outro
ponto de grande dúvida é a respeito do escopo do trabalho solicitado: como relacionar Dança à obra Os
Sertões, de Euclides da Cunha? Como aplicar a análise econômica a um evento social ou cultural no
Brasil colonial?
As notas mais elevadas nas diferentes atividades foram obtidas por grupos que souberam entender
qual o seu propósito e aproveitaram a oportunidade para desenvolver suas habilidades individuais e
coletivas. Uma vez que contemplam atividades que exigem tempo, dedicação e preparação, o resultado
objetivo (nota) é diretamente relacionado ao esforço de pesquisa e síntese realizado pelo grupo. Ainda
assim, em algumas ocasiões a criatividade implícita ao trabalho averteu seu conteúdo.
Por fim, ainda que valorizadas pelos estudantes, as metodologias de Aprendizado Ativo demandam
esforço de preparo por parte dos docentes e talvez não sejam (e nem possam ser) aplicados
genericamente, a todos os contextos e disciplinas.
Referências
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adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais. Gestão da Produção, v.17, n.2, p.
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OMELICHEVA, M.Y.; AVDEYEVA, O. Teaching with lecture or debate? Testing the effectiveness of
traditional versus active learning methods of instruction. PS: Political Science and Politics, v.41, n.3,
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PAVARINA, P.R.J.P. Perfil dos ingressantes no curso de Relações Internacionais - vespertino de Franca.
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Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de Graduação: Vunesp, 2016.
TURNER, A.R. Generation Z: technology and social interests. The Journal of Individual Psychology,
v.71, n.2, 2015.
Resumo
Introdução
Pensar em novas metodologias para trabalhar em sala de aula, requer pensar também em novas
formas de avaliação da aprendizagem. Há algum tempo muitos estudos tem-se preocupado em pesquisar e
pensar novas estratégias pedagógicas que deem conta das novas demandas dos alunos em sala de aula.
Estas novas demandas têm lançado muitos desafios para o trabalho docente, entre eles a necessidade do
professor mudar sua atuação em sala de aula, se preocupar por conhecer seus alunos e a partir daí escolher
metodologias de ensino aprendizagem que contribuam com a compreensão dos conteúdos, motivação e
transformação destes como sujeitos do próprio processo de aprendizagem.
Desenvolvimento
O uso de novas formas de ensino que estimule o aprendizado dos alunos exige além das questões
propriamente pedagógicas, questões relacionadas com as condições de trabalho tais como: físicas,
materiais, ambientais, humanas, administrativas e pedagógicas (ANASTASIOU; ALVES, 2004;
MAZZIONI,2013; OKANE; TAKAHASHI, 2006; OTTONELLI; VIERO; ROCHA, 2015). Se espera
que as instituições de ensino se preocupem com processos de ensino em que o aluno atue de forma
significativa, responsável e autônoma na busca pelo seu conhecimento, que o professor tenha uma
autonomia que possibilite a implementação de estratégias diferenciadas, ainda que sejam ações
individuais (OTTONELLI; VIERO; ROCHA, 2015). As estratégias de ensino aprendizagem são ações
didático-pedagógicas intencionais que envolvem relações entre os que delas participam (professor-aluno,
aluno-aluno, e entre o aluno-ele mesmo), nessa interação há significados, valores, intencionalidades,
subjetividades (OKANE; TAKAHASHI 2006) assim como permite a exploração de meios, modos, jeitos
e formas diferentes de evidenciar o pensamento (ANASTASIOU; ALVES, 2004). O ensino então deve
incluir outras práticas que estimulem a resolução de problemas, a criatividade, a inovação e permita o
desenvolvimento de capacidades para aprender ao longo da vida (BARBOSA; MOURA, 2013). Ao
mesmo tempo, o uso de metodologias participativas, envolvem um esforço conjunto dos alunos, os
professores e a própria instituição. O professor precisa criatividade nas suas ações, uma boa formação
teórica e cientifica na área, além de atuar como orientador ou facilitador do processo de aprendizagem. O
aluno estas permitem que seja um agente ativo, que se responsabilize pela sua aprendizagem, seja mais
autônomo e desenvolva habilidades para a construção de relações interpessoais, autoconhecimento,
controle emocional e trabalho colaborativo (SOUZA, IGLESIAS E PAZIN-FILHO, 2014; BARBOSA;
MOURA, 2013). Estudos apontam que o uso de metodologias mais participativas em que o aluno é o
centro, este aprende a aprender e se observa a construção de um conhecimento contextualizado, o
desenvolvimento de habilidades de acordo com as necessidades do mundo contemporâneo (BARBOSA:
MOURA, 2013; MITRE et. al 2008). Com métodos mais ativos os alunos assimilam um maior volumem
de conteúdo, retêm ele por mais tempo, ficam mais confiantes nas suas decisões, apresentam novas e
interessantes estratégias de solução em atividades práticas, aprendem a trabalhar em equipe, distribuir
tarefas, se posicionar e tornam-se mais autônomos, críticos, reflexivos e responsáveis pela sua própria
formação (BARBOSA; MOURA, 2013; MELO; SANT’ANA, 2012). Os estudos já identificaram a
importância de construir junto com o aluno, de ajuda-lhe a associar a teoria e a pratica a traves de
estratégias pedagógicas participativas, surge no entanto uma questão como avaliar o conhecimento
adquirido, como medir as capacidades e as habilidades que o conteúdo em questão oferece? Como o
professor pode avaliar se a sua estratégia de ensino teve os resultados desejados? O objetivo desta
discussão é refletir sobre uma estratégia de avaliação em processo dentro da sala de aula na disciplina
NT611-Psicologia na Nutrição I. Avaliar no final da disciplina junto com os alunos a efetividade ou não
da estratégia utilizada. Metodologia: A metodologia utilizada, foram atividades pedagógicas
participativas, em que os estudantes desenvolveram atividades tais como: Técnica dos relatos, resenhas
críticas de textos teóricos. Pesquisa, técnica dos quadrados perfeitos. Apresentações dialogadas.
Atividades de sensibilização e conhecimento de si mesmos, simulações, teatro espontâneo, rodas de
conversa, entre outras atividades. Após as primeiras atividades, foi apresentada uma situação problema
para ser analisado e discutido de forma individual (observou-se a capacidade de análise e uso de
referencial para fundamentar sua tomada de decisão) e depois coletiva (exercitar o trabalho em equipe).
Esta discussão acompanhou o restante da disciplina e a cada nova temática ia se aprimorando a análise da
situação. As análises realizadas foram apresentadas, discutidas e utilizadas como parte da avaliação em
processo. Discussão: Pensando no processo de avaliação, entendemos que está não é uma reprodução dos
conteúdos e sem uma compreensão destes. Por tanto, ela deve ser um espaço de aprendizagem onde os
alunos podem rever conteúdos, se posicionar, mostrar sua capacidade de aplicar o aprendido, se envolver
na situação, fazer uso de referencial teórico de forma adequada e se preparar para o trabalho em equipe.
Em situações problema pode se observar as habilidades e capacidades que o aluno tem ao utilizar todos
aqueles conhecimentos já trabalhados na disciplina e inclusive se vê desafiado a associar com outros
conteúdos discutidos em outras disciplinas. Outra questão que este tipo de atividade de avaliação propicia
o exercício de tomada de decisão e de se apropriar do saber para contribuir nas discussões no trabalho das
equipes. Ao mesmo tempo, a cada novo conteúdo sendo aplicado ao problema o aluno consegue
identificar o processo de construção do problema e na troca rever, compreender e aprimorar diversos
saberes. No início o aluno se mostra resistente, mas quando começa a entender o processo vai se
mostrando interessado e busca novos recursos. Percebemos que o fato do problema apresentado ter sido
mantido como centro de discussão contribuiu para um melhor envolvimento e esclarecimento das
temáticas desenvolvidas na disciplina de psicologia, como a associação destas com o conteúdo de
disciplinas especificas da área de formação e outras disciplinas como as do núcleo básico. Assim como,
os alunos perceberam sua própria evolução a cada análise da situação problema. Conclusão: Na área da
saúde onde os profissionais devem ser formados para o atendimento da população, torna-se necessário o
oferecimento de ferramentas que contribuam com uma visão mais ampla do ser humano. O exercício da
compreensão deve ser incentivado e para isto se devem oferecer condições para que os alunos possam
desenvolver habilidades e competências que lhes permitam atuar de forma reflexiva, critica e não somente
técnica.
Referencias
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autores do processo ensino-aprendizagem. Comunicação em Ciências Saúde, Distrito Federal, v. 23, n. 4,
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tradicionais: aspectos gerais. Medicina, Ribeirão Preto, v. 47, n. 3, p. 284-292, jul./set. 2014.
A CONSTITUIÇÃO DA PROFISSIONALIDADE DO ASSESSOR
PEDAGÓGICO UNIVERSITÁRIO: DESAFIOS E
POSSIBILIDADES
RESUMO
Este trabalho traz como objetivo refletir como vem se constituindo a profissionalidade do assessor
pedagógico universitário. O assessor pedagógico atua na formação pedagógica do docente de formas
diversas, por vezes pode ser um docente da própria universidade atuando em Centros de Formação, outras
um técnico contratado para este fim. Em todas as situações, as demandas dos assessores são muitas. Este
estudo é um recorte de uma pesquisa de Doutorado que está em andamento cujo objetivo específico é
refletir como tem se constituído a função do assessor pedagógico e como tem sido delimitado o papel
dessa função. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica junto aos autores que vêm se
debruçando sobre o tema. Os resultados preliminares mostram que muito há que se pesquisar e refletir,
sobre o papel do assessor pedagógico, sobre sua profissionalidade, pois, em virtude da multiplicidade de
demandas, este papel é ainda obscuro mediante os olhos de muitos dentro da universidade, inclusive, dos
próprios assessores.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
No Brasil a profissão de assessor pedagógico é bastante recente, surgindo como proposta de atuação nas
Universidades Federais do país, o que se constitui como uma inovação dentro da perspectiva da formação
pedagógica do docente universitário. Há pessoas que exercem essa função em outras universidades, no
entanto, não se autointitulam assessores pedagógicos. Na maioria das vezes são docentes da própria
universidade que se envolvem com a formação pedagógica dos docentes em espaços institucionalizados
para este fim.
O objetivo deste trabalho é traçar uma reflexão acerca da constituição dessa profissão/função, bem como
analisar a construção identitária dos atores que a exercem, pois ainda não é uma atividade que traga em
seu bojo, claros os papeis que devem ser desempenhados em seu exercício.
Cunha (2014, p. 339) aponta que, no Brasil, a ação de assessoria, normalmente era realizada apenas por
docentes, titulares das universidades. Diz que o fato de serem docentes, fazia existir uma legitimidade,
pois já apresentavam uma experiência tanto na docência quanto na pesquisa, o que valorizava suas ações
mediante os demais docentes. No entanto, afirma, também, que normalmente esse vínculo se tornava
transitório, pois não havia elementos funcionais que comprometesse esses docentes com o espaço de
formação em que atuavam. Essa situação foi verificada na pesquisa de Carrasco (2016), que pesquisou
três Centros de Formação de universidades públicas, onde os assessores eram docentes e constatou uma
série de fragilidades com relação a isso, inclusive este fator transitório, pois em algumas situações os
assessores são uma escolha da gestão da instituição. Assim, mudando a gestão, se muda a equipe que
realiza este trabalho, o que dificulta as questões tanto de continuidade no desenvolvimento das formações,
quanto na construção da identidade profissional destes assessores.
Mais recentemente, segundo a autora, as Instituições de Ensino Superior (IES) têm realizado concurso
público para admitir “pedagogos ou técnicos em assuntos educacionais para suprir a necessidade das
assessorias pedagógicas” (CUNHA, 2014, p. 339), o que apresenta pontos positivos. No entanto, pela
natureza do curso de Pedagogia e pela falta de experiência desses profissionais com o ensino
universitário, as dificuldades podem ser muito grandes no exercício de sua função junto aos demais
docentes. “O fato é que as IES têm, também, de investir na qualificação dos assessores, favorecendo seu
próprio desenvolvimento profissional” (CUNHA, 2014, p. 339).
Lucarelli (2004) diz que os assessores pedagógicos são “como atores dinamizadores das práticas que
acontecem na aula universitária” (LUCARELLI, 2004, p. 37). Diz que uma de suas funções é auxiliar na
legitimação de uma didática que pretenda superar a visão instrumentalista do ensino, ou seja, que traga
inovação no ensinar.
Assim, pretende-se refletir acerca da construção profissional deste ator que vem se empenhando em se
constituir como formador de um grupo de profissionais que já possui formação em sua área específica e
que, por vezes, não compreende a importância de se formar, também, ou, especialmente, na área
pedagógica, além de estar submetido à gestão da instituição.
A partir de abordagem qualitativa, esse estudo se desenvolveu por meio da articulação do referencial
bibliográfico utilizado como base de fundamentação para a pesquisa de Doutorado de onde foi retirado
este recorte.
A análise dos dados se efetivou à luz da teoria produzida no campo da Pedagogia Universitária, com
vistas a trazer à discussão o que já existe produzido acerca do assessor pedagógico em estudos e
pesquisas.
Para este recorte específico foram utilizados dados colhidos ainda na fase da Pesquisa Bibliográfica,
buscando-se autores que já têm se debruçado sobre este tema, pesquisando e promovendo reflexões
acerca do papel do assessor pedagógico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
É possível inferir, apesar de as análises ainda serem iniciais, que a profissão/função, bem como o papel do
assessor pedagógico ainda estão em construção e que há inúmeras questões a serem refletidas e a
necessitarem da busca de soluções para que a formação do docente universitário passe a acontecer de
forma efetiva.
Com relação à legitimidade dos assessores há indícios que essa legitimidade será maior ou menor em
virtude mais das condições de trabalho do assessor do que de seu papel propriamente dito. É possível
inferir essa informação por dados, por exemplo, de espaços de formação em que os assessores possuem
grande legitimidade por terem o apoio da gestão da instituição e de outros que a legitimidade vem dos
títulos que possui enquanto docente (Carrasco, 2016).
O projeto que aqui se apresenta traz consigo muita expectativa com relação à sua concretização, pois,
acompanhando o trabalho de vários assessores pedagógicos na pesquisa de Mestrado foi possível perceber
que são profissionais que, por vezes, se sentem extremamente solitários em sua tarefa de introduzir,
aprofundar, consolidar os conhecimentos pedagógicos a docentes que, ocasionalmente param para pensar
na complexidade da docência. Assim, compreender o papel do assessor pedagógico, corresponsável pela
formação do docente universitário, buscar junto aos profissionais que atuam nessa árdua tarefa reflexões
acerca do que estão fazendo pelo contexto da universidade, ter a oportunidade de buscar novas
possibilidades para essa função traz esperança de que a docência universitária possa, cada vez mais, estar
voltada à perspectiva humana que deve revestir a educação.
REFERÊNCIAS
Resumo
A avaliação de profissionalismo, embora de grande importância, não é feita de forma sistemática, nos
cursos da área de saúde. Com a finalidade de estabelecer critérios menos subjetivos para avaliação dos
estudantes na prática, foi elaborado um instrumento, com critérios pontuados gradativamente, de forma
que a avaliação formativa possibilite também uma avaliação somativa. O instrumento de avaliação,
conhecido pelos estudantes no início do período letivo, favorece a autoavaliação e correção de percursos
do estudante nos cenários de prática, além de estimular a observação baseada em critérios pelos docentes.
Pode ser avaliado periodicamente quanto aos ajustes necessários a cada setor de prática, uma vez que há
peculiaridades em relação às habilidades desempenhadas em alguns setores, tendo sido sugeridos
checklists para cada uma delas, de forma a facilitar a verificação de critérios mínimos para considerar a
execução adequada de cada uma delas. O instrumento aplicado, como estudo piloto, tem sido bem aceito
pelos docentes e preceptores e facilita a compreensão dos estudantes sobre a necessidade de cumprimento
dos itens avaliados, devido ao conhecimento prévio dos critérios. Uma análise deve ser feita após o
término do semestre, quando os diversos setores poderão fazer os ajustes necessários antes da
implantação.
Introdução
Os cursos da área da saúde apresentam grande carga horária de prática assistencial, desde a atenção
primária à terciária e o desenvolvimento de competências atitudinais, denominado profissionalismo, é
cada vez mais exigido do profissional de saúde. Geralmente o Profissionalismo como competência e
identidade profissional é pouco avaliado, pois é difícil e exige treinamento do docente e do preceptor na
observação da prática diária em ambiente real. A avaliação do estudante, em especial no momento do
estágio ao final do curso. Discutir o Profissionalismo, por meio da avaliação e feedback promove a
aproximação do ensino em saúde do “fazer tecnicamente” para uma visão mais ampla e que inclua o “ser
profissional”, por exemplo, de “fazer o trabalho médico” para “ser médico”(1).
Objetivos
Métodos
Concepção da ideia
2)Seleção daquelas para avaliação por observação diária em ambiente real que, segundo a pirâmide de
Miller, estão relacionadas ao “saber fazer”, “fazer” e “ser”, que exigem habilidades psicomotoras e
atitudinais(2).
3)As competências deveriam contemplar aspectos referentes ao profissionalismo com seguintes critérios:
a.Pontualidade e compromisso
b.Cumprimento das etapas propostas para realização das atividades
c.Conhecimento dos objetivos propostos e levantamento de questões pertinentes
d.Relação com colegas, professores e funcionários
e.Estabelecimento de relação com a criança e a família (no caso de adulto, substituir criança por paciente)
f.Avaliação de comportamento de biossegurança
4)Para responder a todos cenários de prática, foi necessário relacionar os critérios do instrumento aos
Planos de Ensino;
5)Os critérios foram organizadas em planilha, cada um com conceito descritivo em escala decrescente de
pontuação de 10 a 0, equivalente de ótimo a insatisfatório, para facilitar preenchimento, de forma simples
e clara.
Implantação
O instrumento de avaliação, como parte do Plano de Ensino, foi apresentado aos estudantes e discutido
com docentes e preceptores, para aplicação semanal.
Segurança do paciente
Um dos critérios de avaliação foi referente à segurança do paciente (biossegurança), com normas
atualizadas e com os itens: (1)Uso de jaleco limpo e abotoado; (2)Uso de cabelos presos, não usar anéis,
pulseiras, relógio; (3)Manter as unhas cortadas e limpas; (4)Higienização das mãos (Início e final de cada
atendimento e antes e depois do exame do paciente ou procedimento) e; (5)Uso de sapatos fechados sem
orifícios. A pontuação varia segundo nº de itens presentes.
Resultados e Discussão
A avaliação como parte do processo de ensino-aprendizagem, necessita devolutiva (feedback). Esta foi
efetiva e frequente, baseada nos critérios do instrumento. Isso permitiu que o estudante revisitasse o
cenário de prática e refletisse sobre o melhor caminho para o desenvolvimento da competência e este é o
papel da avaliação formativa, considerada a ferramenta com maior impacto educacional(2,3,4).
2. Cumprimento das etapas propostas para realização das atividades-(O)Segue o roteiro proposto, utiliza
os recursos oferecidos, cuidando da manutenção dos mesmos, além de executar as tarefas solicitadas de
acordo com as orientações técnicas oferecidas. Mostra destreza.(I)Não segue o roteiro proposto, utiliza
mal os recursos oferecidos, não cuida da manutenção dos mesmos, e não tem interesse em executar as
tarefas solicitadas de acordo com as orientações técnicas oferecidas.
4. Relação com colegas, professores e funcionários-(O)Tem postura ética adequada com relação aos
colegas, professores e funcionários, respeitando hierarquia devida e exercitando as relações de
disciplinaridade.(I)mostra-se indiferente com relação à postura ética diante dos colegas, professores e
funcionários, não respeita a hierarquia devida e não exercita as relações de disciplinaridade.
Positivos:
-Fácil entendimento dos critérios de avaliação, por parte dos docentes e preceptores, pois aproxima o
subjetivo ao objetivo e, da mesma forma, facilita a realização do feedback, que deve ser específico.
-A avaliação do profissionalismo deverá ter caráter formativo, mas poderá ser também somativo. O
caráter formativo, mesmo com pontuação, facilita o caminho a ser buscado pelo estudante para corrigir
seus erros, isto é, favorece a Educação Permanente e a autoavaliação.
-Permite a elaboração de planos de recuperação a partir das constatações que partiram de uma observação
direta. Desta forma, o estudante avaliado assume papéis profissionais em relação a obrigações, procura
um exemplo a seguir, a quem imitar, é idealista e auto-reflexivo(5,6).
-A avaliação formativa, por ser frequente, acompanha a jornada de cada estudante, de “calouro”, com sua
identidade pessoal, a egresso, com sua identidade profissional. Esta jornada é única, dinâmica e é afetada
por "quem é" no início e "em quem ele deseja tornar-se".
Negativos:
Conclusões e Recomendações
Ao realizar a avaliação do chamado dia a dia do estudante nos cenários de prática assistenciais, propomos
a demonstração da identidade profissional, o que atualmente é discutido, trazer um quinto nível, como
ápice da pirâmide de Miller, o “ser”(5).
Por fim, dentro de nossa Linha de pesquisa Ensino em Saúde e, por meio de projetos de pesquisa,
realizaremos: 1) Validação do Instrumento, por experts em Avaliação e; 2) Avaliação da aplicação do
Instrumento.
Referências
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Troncon LEA, Martins MA. Avaliação Prática de Habilidades Clínicas em Medicina. São Paulo: Editora
Atheneu, 2012.
3. Zeferino AMB, Domingues RCL, Amaral E. Feedback como estratégia de Aprendizado no Ensino
Médico. Rev Bras Educ Med. 2007;31(2):176-179.
4. Amaral E., Domingues R.C.L., Bicudo-Zeferino, A.M. Avaliando Competência Clínica: o Método de
Avaliação Estruturada Observacional. RBEM. 2007;31(3):287-290.
5. Cruess R.L., Cruess S.R., Steinert Y. Amending Miller’s Pyramid to include professional identity
formation. Academic Medicine, 2016; 91(2):180-185.
6. Steinert Y, Cruess S, Cruess R, Snell L. Faculty development for teaching and evaluating
professionalism: from programme design to curriculum change. Med Educ. 2005; 39: 127–136.
METODOLOGIA ATIVA PARA ESTIMULAR A ATUAÇÃO
MULTIPROFISSIONAL NA DISCIPLINA TREINAMENTO FÍSICO
PERSONALIZADO
RESUMO
O presente estudo tem por objetivo apresentar a proposta de inovação multiprofissional no ensino da
disciplina eletiva CP039 - Treinamento Físico Personalizado, bem como a forma processual de avaliação
do desempenho dos alunos regularmente matriculados nessa eletiva. Por considerar, dentre outros
aspectos, a carência de disciplinas formais e integrativas, em especial àquelas relacionadas ao
Treinamento Físico Personalizado alocadas em projetos pedagógicos de cursos de graduação em
Educação Física e Esporte; a reduzida qualidade por vezes observada na atuação profissional dessa área;
com o intuito de respeitar a missão e visão da Faculdade de Ciências Aplicadas – FCA - UNICAMP e
ainda por acreditar que a atuação de equipes multiprofissionais é fundamental para frutíferos resultados
em programas de Treinamento Físico Personalizado, a disciplina foi criada em 2012. Nesse estudo estão
descritas a estrutura dessa eletiva presente no catálogo do curso de Ciências do Esporte e também cursada
por discentes de outras formações (Nutrição, Administração e Engenharias, por exemplo), as atividades
desenvolvidas e estratégias adotadas para estimular, avaliar e instrumentalizar a atuação de equipes
multiprofissionais na área do Treinamento Físico Personalizado.
INTRODUÇÃO
Objetivos
Nesse sentido, o presente estudo objetiva apresentar a uma metodologia ativa para estimular a
atuação multiprofissional na disciplina Treinamento Físico Personalizado, bem como a forma processual
de avaliação do desempenho dos alunos regularmente matriculados nessa disciplina.
MÉTODOS
Para explicar a proposta da disciplina, o tópico “métodos” será divido em estrutura da disciplina e
atividades oferecidas e métodos para avaliação processual, a qual considera os diferentes perfis
profissionais.
2.1.Estrutura da Disciplina
A disciplina Treinamento Físico Personalizado objetiva, de modo geral, contextualizar as atividades
desenvolvidas por profissionais na área do TFP; estudar estratégias para adesão e aderência aos
programas de TFP e instrumentalizar os discentes para a avaliação, elaboração e implementação desses
Programas, com atenção à equipe multiprofissional. É caracterizada por 60 créditos (2 horas semanais em
sala de aula e 2 horas compostas por orientação). Com o intuito de permitir a participação de alunos de
outros cursos, como Nutrição, Administração e Engenharias, não há pré-requisitos para sua realização.
Entretanto, os alunos de Ciências do Esporte são incentivados a procurá-la nos últimos dois anos de
curso, para que o aproveitamento dos conteúdos específicos seja pleno.
O conteúdo programático é desenvolvido por meio de aulas expositivas e metodologia ativa para
estimular atividades interdisciplinares e multiprofissionais. O processo adotado para incentivar os alunos
envolve a realização de um trabalho longitudinal e dirigido, composto por seis etapas iniciadas já no
segundo encontro. Os matriculados são divididos em grupos de aproximadamente integrantes,
responsáveis por criar um “cliente fictício”, o qual será acompanhado pela equipe de maneira
personalizada ao longo do semestre. Assim que ofertados os conteúdos teóricos, os grupos são
estimulados a preparar o material solicitado e entregá-lo na aula subsequente. Após a entrega, os trabalhos
parciais são analisados e há a devolutiva com as críticas e sugestões por parte da docente, para as futuras
adequações. Para balizar o desenvolvimento desse projeto multiprofissional, há uma aula que esclarece as
responsabilidades dentro do TFP, bem como os limites e respeito à cada uma das profissões que compõe a
equipe multiprofissional. Nesse sentido, aos alunos de outros cursos, são solicitadas atividades que os
estimulem o trabalho em equipe, mas não a prescrição de exercício. À eles são direcionadas tarefas dentro
de suas possíveis atuações (ex: os alunos da nutrição devem preparar a programas de dietas
personalizadas às necessidades do cliente que está no TFP, já os da administração são responsáveis por
organizar a empresa, administrá-la e divulgá-la, dentre outras possibilidades).
As etapas ao longo do semestre são suportadas pela bibliografia básica da disciplina (ACSM, 2010;
ACSM, 2012; GOBBI et al., 2005) e assim distribuídas:
1ª. Criação de uma “empresa” para atuar no setor do TFP (nome, logotipo, slogan, formas de
divulgação) com auxílio de alunos da administração e conteúdos aprendidos em outras disciplinas;
4º. Escolha de instrumentos e testes para a avaliações diagnósticas em diferentes dimensões, com
simulação dos resultados obtidos pelo cliente e prognóstico;
6º. Avaliação final do programa, análise dos pontos positivos, negativos e propostas para
adequações.
Essa organização permite que, ao final do semestre, todos os alunos possuam um material
absolutamente rico, apostilado e bastante próximo do real para, em assim sendo o interesse, implementar
sua empresa multiprofissional e atuar no setor TFP com a qualidade requerida para essa tarefa.
A avaliação da disciplina é composta por duas provas (questões dissertativas e alternativas), bem
como pela análise processual do trabalho. Adicionalmente, como atividade final, há a apresentação dos
grupos sobre todas as etapas realizadas, bem como a entrega do material escrito (apostila). Cada membro
da equipe também efetua sua auto-avaliação publicamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultados dessa proposta é possível observar uma elevada procura dessa eletiva por discentes da
Ciências do Esporte e outros cursos. Embora nem sempre com o nome atual (CP039 – Treinamento Físico
Personalizado), a disciplina foi oferecida em cinco ocasiões (2s2012, 1s2013, 1s2014, 1s2015 e 1s2017),
todas sob minha responsabilidade. Apenas em 2016 não houve o seu oferecimento por estar afastada
(estágio no exterior). Nas cinco ocorrências, 235 alunos estiveram matriculados (em média, 45 alunos por
oferecimento), sendo desses 93,5% advindos do curso de Ciências do Esporte, 4,3% do curso de Nutrição,
1,03% da Administração, 0,4% da Engenharia de Produção e 0,4% da Gestão de Comércio Internacional.
O desempenho dos discentes, de modo geral, é excelente. É possível observar elevado empenho,
dedicação e competência dos grupos. Destaco ainda como resultados, a atuação de egressos em grupos
multiprofissionais no estado de São Paulo, cuja base foi construída na disciplina aqui apresentada. Parte
desses resultados pode ser observada em relatos de redes sociais das empresas, sinalizado a importância
da disciplina para a implementação dos programas. Os pontos acima destacados me motivam a continuar
com tais propostas. Para conhecimento, a eletiva CP039 estará novamente sendo oferecida no 1s2018.
REFERÊNCIAS
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua
prescrição. (8ª. ed.). São Paulo: Guanabara Koogan, 2010.
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Recursos do ACMS para o personal trainer (3ª. ed).
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
GOBBI, S. et al. Bases Teórico-práticas do condicionamento físico: Educação física no ensino superior.
(1a ed) Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
A Importância de um Olhar Plural e Diverso no Ensino de Arquitetura
e Urbanismo: Proposições da inserção da perspectiva do gênero
Resumo
Apesar de todas as conquistas celebradas pelas mulheres nas últimas décadas, as relações de gênero,
em sua complexidade, ainda apresentam desigualdades. E estas diferenças têm se manifestado nas escolas
de Arquitetura e Urbanismo, trata-se de um problema estrutural que começa no ensino, perpassa a carreira
e estende-se nas cidades. Nestas, a evidência coexiste com desigualdades socioespaciais, remetendo
muitas vezes à marginalização e invisibilidade das mulheres, de forma a questionar o direito à cidade e a
ausência ou delonga de políticas públicas urbanas frente as demandas sociais. Neste sentido as questões
relativas à gênero revelam que a discussão dos processos educativos e práticas do ensino na universidade
envolvem valores e necessitam de posicionamento político, por isso, este artigo pretende demonstrar a
importância através do levantamento de projetos políticos pedagógicos dos cursos de Arquitetura e
Urbanismo, produzidos nas duas últimas décadas no contexto latino-americano, as quais já incluem estas
questões e outras que a fazem interface, como as étnicas-raciais e de classe. Uma vez que o projeto
político pedagógico tem um papel fundamental no sentido de comprometimento com a formação de
indivíduas e indivíduos para um determinado tipo de sociedade, isto é, está articulado com os reais
interesses da produção socioespacial.
Palavras-chave
Introdução e Objetivo
Por outro lado, há críticas em relação à educação utilizada de forma opressora, pois ela pode ser um
instrumento da manutenção destes valores da dominação masculina. Não é à toa que os movimentos
estudantis e coletivos feministas das universidades de Arquitetura e Urbanismo têm ganhado força e
manifestado contra situações de opressão, abuso e desigualdades de gênero vivenciados, principalmente,
por estudantes mulheres. Trata-se de um problema estrutural que começa no ensino, perpassa a carreira e
estende-se nas cidades. Dessa maneira, atualmente, faz sentido que a própria escola se repense novamente
para incorporar no seu ensino as perspectivas, dimensões e diversidade de gênero, e outras que a fazem
interface, como as étnicas-raciais, no âmbito da cidade e do projeto de arquitetura.
Em razão disto, este trabalho tem por intuito apontar a importância da inclusão das questões de
gênero no ensino de Arquitetura e Urbanismo com o levantamento de projetos políticos pedagógicos que
já abordam estas questões, o ensaio se passa dentre o contexto latino-americano a partir dos anos 2000, a
fim de afirmar o papel político dos projetos pedagógicos na formação de alunas e alunos éticos e aptos a
novas perspectivas e a construção de cidades mais justas.
Proposições no contexto da América Latina (2000-2017)
Apesar de todas as disparidades, que colocam as mulheres em situações subalternas desde o ensino,
a carreira e a na vida urbana, já existem cursos de Arquitetura e Urbanismo que introduziram em seus
projetos políticos pedagógicos as questões de gênero. Neste sentido, foi feito uma busca que pautou-se,
no caso brasileiro, dentre os cursos de Arquitetura e Urbanismo das universidades públicas inscritas na
Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), e, no caso dos outros países latino-
americanos, a identificação se deu a partir da seleção das melhores universidades listadas pelo QS World
University Rankings de 2016.
2017 - Desde o primeiro semestre de 2017 conta com a disciplina optativa: Diseño y Estudios de
Género.Esta disciplina tem a intenção de refletir sobre como projeções de gênero têm um impacto sobre
os processos de projeto nos usos e leituras de objetos e espaços sociais.
E também outros exemplos de outras atividades que abordam gênero, ambas introduzidas no ano de
2017:
“Nem nossos corpos nem nossos territórios”: gênero, território e movimentos sociais (Oficina do
Programa De Graduação Em Gestão Pública Para O Desenvolvimento Econômico E Social da UFRJ);
Considerações Finais
Diante do cenário é evidente um confronto nas relações de gênero, as quais afetam principalmente as
mulheres desde a sua formação, carreira e até a própria utilização das cidades em seus cotidianos. E, neste
contexto, seria omisso negligenciar a pertinência da inclusão das questões de gênero no ensino da
Arquitetura e do Urbanismo. Nota-se assim, que há uma tendência positiva dos cursos de Arquitetura e
Urbanismo criados recentemente incluírem conteúdos mais abertos aos temas étnicos-raciais e de gênero,
os quais começam em uma esfera maior das políticas públicas e propagam-se pelos projetos políticos
pedagógicos das escolas.
Além disso, há possibilidade de um ensino menos conservador com a introdução de uma produção
arquitetônica e urbana antes invisibilizadas, bem como práticas metodológicas que reflitam no uso, acesso
e pertencimento de mulheres e homens nas cidades. A própria metodologia de cada aula, pode interferir e
valorizar as alunas e alunos, de modo que a construção do conhecimento seja coletivo, pautado no
trabalho de grupo e no contexto social em que estão inseridos. No entanto, a mobilização da sala de aula
depende do suporte do projeto político pedagógico, e, vale reforçar que este tem um papel político
fundamental no sentido de comprometimento com a formação de indivíduas e indivíduos para um
determinado tipo de sociedade, isto é, deve estar articulado com os interesses reais das demandas sociais.
Referências
CHANT, Sylvia. Cities through a “gender lens”: a golden “urban age” for women in the global South?
Environment & Urbanization, v. 25(1), p. 9–29, 2013. DOI: 10.1177/0956247813477809;
COSTA, Ana Alice Alcantara; RODRIGUES, Alexnaldo Teixeira; VANIN, Iole Macedo (org.). Ensino e
Gênero: Perspectivas Transversais. Salvador: UFBA - NEIM, 2011.
PESQUISA-AÇÃO COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO DE
DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR
Resumo
Neste artigo, nosso objetivo é provocar reflexões sobre a formação para docência do ensino superior,
ao articular duas pesquisas cujos resultados preliminares apontam as concepções acerca de ensino,
aprendizagem e avaliação dos professores como um dos principais entraves para superação da hegemonia
de formação superior técnico-racionalista. Esse obstáculo analisado, à luz dos referenciais teóricos sobre
formação docente que embasam nossos estudos e de nossas intenções de legitimação da docência e da
pedagogia universitária, sinalizam para relevância de metodologias de pesquisa que associem a recolha de
dados à construção de espaços reflexivos, nos quais os docentes possam investigar suas próprias práticas
e, assim, reconstruir a realidade ao revisar as teorias pessoais que guiam seu fazer pedagógico. O que se
configura como uma inovação na formação desses formadores de profissionais, pela contraposição a uma
epistemologia positivista, em prol de uma paraxeológica. Com base nesses pressupostos, pretendemos
argumentar em favor de nossa decisão pela pesquisa-ação como contexto de coleta de dados e de
desenvolvimento profissional docente.
Introdução
Nossa intenção ao articular essas pesquisas é ampliar e fortalecer condições para superação do
modelo de pesquisa academicista, em favor de uma lógica em que as experiências de vida e profissão dos
professores sejam o ponto de partida. Ademais, poder contribuir para potenciar parcerias e políticas
institucionais em prol da construção de um projeto para formação de professores do ensino superior
baseado na investigação-ação, num espaço em que esses docentes possam ser investigadores-produtores
de conhecimento, ao refletirem sobre sua própria prática, e não consumidores de resultados de pesquisas
como preconiza a hegemônica lógica da racionalidade técnica para formação de professores.
Considerações finais
Referências
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Manual de investigação qualitativa em educação (pp. 169-184). Coimbra: Imprensa da Universidade de
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profesorado. Barcelona: Ediciones Martinez Roca, 1988.
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Portugal: Porto, 2001.
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Sulina, 2011.
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análise de estudo brasileiros. Revista Quadrante, XV (1), 193218, Lisboa, 2006
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. Tradução Marco Aurélio Fernandes Velloso e Maria Stela
Gonçalves. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.
PINEAU, G. A autoformação no decurso da vida: entre a hétero e a ecoformação. In: NÓVOA, A.;
FINGER, M. (Orgs.) O método (auto)biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde. Depart. dos
Recursos Humanos da Saúde/ Centro de Formação e Aperfeiçoamento Profissional, 1988. p. 63-77.
ML WEB PARA ABORDAGEM DE TÓPICOS NÃO PRESENTES
OU DE INCLUSÃO INCIPIENTE NOS ESPAÇOS DE
ENSINAGEM: FUNCIONA?
Resumo
Introdução e objetivos
Na Medicina a dimensão humanista enfatiza o bom médico como um profissional que detém tanto
excelência técnica quanto competência humanística. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) 2014
[1] definem a necessidade da formação humanista do médico e mudanças na estrutura curricular se fazem
necessárias para a abordagem correta da relação médico-paciente, da vocação médica, da comunicação de
más notícias, da persona médica, do arquétipo do médico ferido, da comunicação humana e da identidade
profissional médica. Os currículos médicos precisam adequar seus projetos pedagógicos para promover o
ensino/aprendizagem desses atributos humanísticos. Essas adequações tem sido tentadas ao redor do
mundo nos últimos quarenta anos, não é diferente nas escolas médicas brasileiras [2,3,4,5 e 6] e requer
cada vez mais novos projetos pedagógicos. Até 2013 esta introdução não tinha acontecido no currículo do
Curso de medicina da FAMERP levando à proposição da inclusão de um Eixo, longitudinal, de Bioética,
Ética e Formação Humanística na matriz curricular que devidamente aprovada pelas instâncias
competentes teve sua implantação, gradual, iniciada em 2014. O conteúdo nuclear de cada uma das
inserções do eixo na estrutura curricular está organizado em Cidadania do Acadêmico de Medicina:
Direitos e Deveres (1ª. série), Sensibilização à Questão das Humanidades em Medicina (2ª. série), e
História da Medicina/História da Medicina no Brasil (3ª. série). Nas séries seguintes ficam contemplados
os conteúdos nucleares de Bioética Clínica e Diceologia e Deontologia. Considerando que num contexto
globalizado, as novas descobertas no campo da tecnologia, pedagogia e ciência não foram acompanhadas
com uma reforma no processo de ensino-aprendizagem, o que traz à tona a necessidade de se adaptar a
ensinagem à novas metodologias, e valendo-se das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs),
ferramentas viáveis para suprir essa demanda, e utilizando Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs)
como uma nova forma de ensino online, conhecida como e-learning, e após algumas iniciativas não bem
sucedidas, em 2016 passamos a aplicar o e-learning, com estratégias de atividades assíncronas em
ambiente virtual de aprendizagem (AVA), para a abordagem dos conteúdos nucleares do Eixo. Assim, o
presente tem por objetivo avaliar a adesão e percepção dos participantes à esta nova estratégia.
Metodologia de estudo e forma de análise de resultados
Divididos em grupos, por livre associação, os mesmos receberam o tema central para o
planejamento, desenho educacional e implementação de uma atividade em ambiente virtual de
aprendizagem, assíncrona, num modelo de Mentoring & Learning Web (ML Web), na plataforma Wix©,
utilizando recursos didáticos como textos, questionários e mapas conceituais para promover a apropriação
de conceitos, com uma estrutura operacional padrão: convite e avaliação pré (conhecimento / sentimento
em relação ao tema); atividade 1 = apropriação do tema (literatura – prosa / poesia, cinema, música,
pintura, etc...) + avaliação(ões) da atividade 1; atividade 2 = fórum de discussão; atividade 3 = resenha
crítica + avaliação pós (evolução do conhecimento / mudança de sentimento em relação ao tema) e
avaliação final da atividade, que foi oferecida aos demais acadêmicos da mesma turma, como atividade
obrigatória e à convite para os acadêmicos das séries mais adiantadas em cuja estrutura curricular vigente
não possuíam o eixo como parte integrante e obrigatória (4ª., 5ª. e 6ª. séries). A atividade tem duração de
4 semanas, com prazos pré-estabelecidos. Para o fórum de discussão (atividade 2) que tem a duração de 1
semana os integrantes do grupo se revezam em escala de distribuição equitativa para fornecer feed-back a
cada postagem dos participantes no fórum. O presente estudo toma como recorte uma ML Web do
conteúdo nuclear História da Medicina/História da Medicina no Brasil, com o tema A Medicina de
Hipócrates e Galeno. Quantitativamente foi avaliado o percentual de participação dos acadêmicos da
mesma série, em que pese o fato de que mesmo sendo obrigatória para os mesmos eles podem furtar-se à
participação em até 25% das atividades, consoante ao percentual de ausências permitidas legalmente em
um curso presencial, e dos convidados, além da resposta à 2 itens do questionário estruturado da
avaliação final. Qualitativamente apresentamos 2 percepções colhidas na resenha crítica da mesma.
Resultados
80 acadêmicos compunham a turma, dos quais 10 constituiam o grupo responsável pela ML Web e
não foram computados como participantes. Dos 70 participantes, a média de cumprimento de tarefas foi
de 5,3 (88,3%) em 6 das tarefas que compuseram a ML Web. Dos 16 convidados que se cadastraram na
ML Web, 2 (12,5%) cumpriram as 6 atividades. Na avaliação final da ML Web 21,0% dos participantes
que responderam a mesma concordaram totalmente e 41,0% dos participantes concordaram em parte com
a assertiva “eu indicaria essa atividade para outras pessoas” e 19,0% dos participantes discordaram em
parte ou totalmente (11,0%). 60,0% dos participantes ainda concordaram totalmente e 30% concordaram
em parte com a assertiva “minha prática em relação ao tema abordado será melhor daqui para a frente” e
4,0% dos participantes discordaram em parte ou totalmente (4,0%). Nas resenhas críticas “A ideia da ML
Web foi ótima. Importante parabenizar os alunos e o professor coordenador pelo projeto.” e “Apesar das
limitações da realização de uma atividade online, tendo consciência de que o ambiente virtual não
proporciona troca de experiências pessoais e o ML Web se insere no contexto de estudo individualizado e
pragmático...” ilustram 2 percepções sobre a estratégia em questão que permitem ver a diversidade dos
sentimentos em relação à mesma.
Discussão
2. AYRES, JRCM et al. Humanities as a Discipline in the Undergraduate Medical Course. Revista
Brasileira de Educação Médica 2013; 37(3):455-463.
3. NOVAES, MRCG et. al. Inserção dos Temas de Humanidades e Ética em Currículo Médico Integrado
em Escola Pública no Distrito Federal, Brasil. Acta Bioethica 2009; 15(2):202-211.
4. RIOS, IC et. al. A Integração das Disciplinas de Humanidades Médicas na Faculdade de Medicina da
USP – Um Caminho para o Ensino. Revista Brasileira de Educação Médica 2008; 32(1):112-121.
5. RIOS, IC. Humanidades e medicina: razão e sensibilidade na formação médica. Ciência & Saúde
Coletiva 2010; 15(Supl. 1):1725-1732.
6. Bittar, Y, Alina de Sousa, MS, Claramonte Gallian, DM. A experiência estética da literatura como
meio de humanização em saúde: o Laboratório de Humanidades da Escola Paulista de Medicina,
Universidade Federal de São Paulo. Interface - Comunicação, Saúde, Educação [Internet].
2013;17(44):171-186.
7. Brasil. Ministério da Educação. Portaria nº 4.059, de 10/12/2004. DOU de 13/12/2004, Seção 1, p. 34.
INTRODUZINDO O LABORATÓRIO DE SIMULAÇÃO EM
ENFERMAGEM NA SAÚDE COLETIVA: RELATO DE
EXPERIÊNCIA
RESUMO
O modelo de ensino tradicional vem sendo substituído por novas tendências pedagógicas como o
laboratório de simulação em enfermagem. Aprender simulação com o role-playpermite que os alunos
reduzam ansiedade enquanto ganham confiança e melhoram seu conhecimento.
RELATO DE EXPERIÊNCIA
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A educação superior na área da saúde vem passando por profundas mudanças nas correntes de
pensamento que norteiam a formação do profissional e do docente. O modelo de ensino tradicional vem
sendo substituído por novas tendências pedagógicas que apontam a necessidade da formação de um
profissional crítico-reflexivo, capaz de transformar sua realidade social(1).
Entre estas novas tendências pedagógicas, temos a simulação que é uma metodologia ativa baseada
na teoria do construtivismo. Nela, a aprendizagem é um processo de descoberta em que o aluno procura
entender as questões que orientam o que é relevante. Este aprender é contextual e ocorre quando situado
em um cenário realista(2).
Para os professores de enfermagem a simulação no ensino pode representar uma estratégia educativa
eficaz que auxilia no desenvolvimento do julgamento das experiências clínicas em ambiente seguro(3).
No ensino em saúde coletiva a aprendizagem da simulação por role-play tem se apresentado como
uma estratégia eficaz; permite que os alunos reduzam sua ansiedade enquanto ganham confiança e
melhoram seu conhecimento(5).
Diante da necessidade do professor se aprimorar com novas estratégias educacionais frente as
exigências do ensino atuais um dos professores da FEnf/Unicamp esteve durante o período de 2014-2015
na Mennonite College of Nursing da Illinois State University, IL, USA, se capacitando na metodologia
ativa do laboratório de simulação (LS) em enfermagem com o propósito de compartilhar o conhecimento
adquirido com seus pares e alunos.
Este trabalho teve como objetivo relatar a introdução da metodologia do LS em enfermagem nas
atividades de visita domiciliária (VD) e acolhimento em disciplina de Enfermagem em Saúde Coletiva, da
FEnf/Unicamp.
METODOLOGIA
Ocorreu um trabalho coletivo para atender o design adotado pela Associação Internacional de
Simulação em Enfermagem(6) considerada referência internacional na metodologia do LS. A atividade
consistiu no atendimento das 11 etapas desta metodologia, que incluiu: avaliação das necessidades da
disciplina e do aprendizado do aluno; avaliação do alcance dos objetivos; o formato da simulação; o Caso
ou Cenário Clínico (CC); a fidelidade; a abordagem do professor-facilitador; o briefinf(apresentação
inicial aos alunos); o debriefing (reflexão pós-experiência); a avaliação dos alunos; o preparo dos
participantes e a avaliação do teste do design ao final.
Para isso, foram elaborados 7 instrumentos de modo a contribuir para o aprendizado e uniformizar a
sequência a ser desenvolvida no LS: [1] Modelo contendo os recursos físicos, materiais e humanos; [2]
modelo contendo o referencial teórico a ser adotado; [3] seleção do referencial teórico para leitura prévia
dos alunos e perguntas a serem respondidas previamente aos temas a serem desenvolvidos nas ES; [4]
modelo contendo a divisão dos alunos em grupos de acordo com o número das estações de simulação
(ES) e horário do rodízio; [5] modelo de alcance de objetivos pelos alunos contendo perguntas fechadas;
[6] modelo do briefing contendo orientações para as professoras quanto a condução, tomada de decisão e
raciocínio clínico dos alunos; [7] 2 CC de VD e 2 CC de acolhimento; [8] modelo de debriefing contendo
perguntas abertas para a reflexão pós-experiência dos alunos ao final de cada ES.
RESULTADOS
Trinta e seis alunos divididos nas 4 ES sob a responsabilidade de 1 professor facilitador e 1 monitor
encenaram os CC pelo role-play. Além da organização dos alunos pelas ES, os monitores filmaram sua
atuação. O professor facilitador de cada ES, previamente ao início da simulação, recolheu dos alunos
tanto o resumo quanto as perguntas respondidas do tema da aula a ser desenvolvida: VD e acolhimento na
Atenção Básica em Saúde.
Durante quatro horas, alunos participaram dos CC e se revezaram nas ES. Nesta etapa seu raciocínio
clínico e tomada de decisão foram avaliados pelos professores facilitadores com o instrumento de alcance
de objetivos. O horário de cada etapa foi cronometrado e seguido de forma sincronizada entre os
professores em todas as fases do aprendizado com o auxílio dos monitores.
Ao final de cada ES o professor conduzia o debriefing com o grupo para discussão da aprendizagem.
DISCUSSÃO
O trabalho coletivo realizado nas reuniões de planejamento, no preparo do cenário e CC, possibilitou
o atendimento as exigências da metodologia.
A sincronização do rodízio dos alunos entre as ES pelo tempo determinado em cada etapa a ser
desenvolvida foi realizado com êxito. Observa-se que o processo para as ES envolvem três etapas: o
cálculo do número de ES em relação ao número dos alunos; o tema da ES pelo corpo docente e o
desenvolvimento e implementação das ES(7).
Além disso, foi observado que o debriefing foi essencial para a consolidação da aprendizagem do
LS. Durante este processo os alunos discutem entre eles e com o professor a simulação realizada e
trabalham juntos para dar sentido ao ocorrido no CC, tornam-se conscientes das questões pertinentes e
refletem sobre estratégias de melhora de desempenho(8).
REFERÊNCIAS
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refletindo estratégias de metodologia ativa na formação de profissionais de saúde. Esc. Anna Nery. 2012;
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3. Powers GC. Associate degree nurse educators in New York: State report the value of utilizing
clinical simulation as a teaching strategy.Teaching and Learning in Nursing. 2014; 9(4):175–180.
4. Martins JCA, Mazzo A, Baptista, RCN, Coutinho VRD, Godoy SD, Mendes IA, Trevizan MA. A
experiência clínica simulada no ensino de enfermagem: retrospectiva histórica. Acta .Paul Enferm. 2012;
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6. Lioce L., Meakim C. H., Fey M. K., Chmil J. V., Mariani B., & Alinier G. (2015, June). Standards
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7. Hacher LL, Hayes AS, Ullom C, Fluharty L. Using Rotating Skill Stations to Fill Outa Simulation
Day. Clinical Simulation in Nursing. 2014; 10(12):634-36.
8. Mariani B, Cantrell MA, Meakim C. Nurse educators' perceptions about structured debriefing in
clinical simulation. Nurs Educ Perspect. 2014; 35(5):330-1.
Criação, experiências e avaliação de uma comunidade de prática
virtual
Inovação nas estratégias educacionais
Author: André Garcia
Co-authors: Cássio R. F. Riedo, Daiane Fernanda Magalhães Simão, Sérgio Amaral
Resumo
Introdução
Wenger (1998) aponta ainda três condições fundamentais como características destas
comunidades:1.quanto ao domínio-o que determina e identifica uma comunidade é o comprometimento
dos participantes com o assunto e a competência na área;2.em relação à comunidade-a comunidade se
constrói com o estabelecimento de relações a partir do envolvimento entre os participantes,propiciando
contribuições para a reflexão a partir das visões pessoais apresentadas;3.quanto à prática-os participantes
devem estar abertos para refletir sobre situações-problema do cotidiano a partir de outras visões e não
apenas de acordo com seu próprio domínio.
Para que seja possível a criação de uma comunidade de prática virtual,é preciso que o intercâmbio
entre membros seja facilitado por ferramentas digitais.Seus membros precisam dominar a tecnologia, que
não pode ser um limitador da comunicação.De acordo com Khan(2005),em diversos estudos sobre
aprendizagem em ambientes virtuais,foi demonstrado que o fórum pode ser considerado uma experiência
valiosa,pois permite ideias serem compartilhada e os participantes podem trabalhar juntos.
Método
Discussão
Em relação às condições apontadas por Wenger(1998),é possível considerar esta experiência como
sendo uma comunidade de prática,pois:
1.O domínio:compreender o ensino por competências.O interesse foi motivado pelo lançamento do
documento BNCC,que os fez pensar que deveriam aprimorar seus conhecimentos sobre
competências.Todos os participantes são docentes.
Descrição da experiência
Análises qualitativas
Referências
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 4ª ed., 2011. 280p.
KHAN, Badrul; KHAN, Badrul Huda. Managing e-learning strategies: design, delivery,
implementation and evaluation. Hershey: Information Science Publishing, 2005. 424p.
LAVE, Jean; WENGER, Etienne. Prática, pessoa, mundo social. In: DANIELS, H. Uma introdução
a Vygotsky. São Paulo: Loyola, p.165-173, 2002.
LÉVY, Pierre, A inteligência coletiva. Por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Edições
Loyola, 1998. 216 p. Disponível em: http://www.cidade.usp.br/arquivo/artigos/index0903.php. Acessado
em 25 ago 2017
LUEG, C.; FISHER, D. From Usenet to CoWebs: interacting with social information spaces.
London: Springer, 2003. 262p.
PALLOFF, Rena M; PRATT, Keith. O Aluno Virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-
line. Porto Alegre: Artmed, 2004. 216p.
WENGER, Etienne. Communities of practice: learning as a social system. V: The Systems Thinker,
v.9, i.5,1998. Disponível em: http://www.co-i-l.com/coil/knowledge-garden/cop/lss.shtml. Acessado em:
jan. 2017
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo dialogar sobre o cinema como instrumento pedagógico no contexto
da Educação Infantil. Por isso, partimos de uma experiência didática em que as crianças na faixa etária de
um ano e meio a três anos, pertencentes à um Centro de Educação Infantil da cidade de Campinas,
assistiram a curtas-metragens de temáticas variadas, com ênfase na questão das diferenças, o que
propiciou o desenvolvimento de diálogos sobre as diferenças existentes, por meio das rodas de conversa.
O interesse pelo uso da linguagem audiovisual, especialmente o cinema, na prática com crianças
pequenas, originou dos diálogos e debates promovidos pela disciplina Seminário Avançado II: Entre
Cinemas, Escola e Educação, ofertada pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP). Na perspectiva de desenvolver na criança uma ação ativa frente ao conteúdo
assistido, elaboramos dinâmicas de visualização e criação de enredos, tendo como mote a apropriação dos
significados e a elaboração de novos sentidos sobre as diferenças entre os sujeitos do meio social no qual
fazem parte.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS:
Atualmente podemos encontrar em diversas mídias eletrônicas uma vasta produção de materiais
audiovisuais direcionadas ao público infantil. Dado a amplitude de criações e conteúdos apresentados,
estes materiais podem servir como um recurso de apoio para os professores e os educadores quando
planejam suas atividades pedagógicas para crianças pequenas.
Porém, cabe salientar que, o cinema como recurso pedagógico exigirá do professor e/ou do educador
uma intenção educacional, concatenando o conteúdo da mídia escolhida com as atividades dentro de um
contexto maior de aprendizagem. Caso contrário, o uso do cinema no espaço escolar irá se restringir ao
mero entretenimento, o que não corresponde à potencialidade que pode ter este modo peculiar de olhar
para o mundo.
Neste intuito é que trabalhamos o cinema, na perspectiva do seu potencial como linguagem que
propulsiona a interação entre os envolvidos (crianças-criança, crianças- adultos (educadores, Agentes de
Educação Infantil e professores). Considerando a criança como um ser competente para interagir e
produzir cultura no meio em que se encontra (BRASIL, 2006).
Esta concepção de criança é necessária para desenvolver um “olhar” na criança que não seja apenas
mera expectadora, mas que possa agir ativamente neste processo, criando novos conhecimentos sobre a
realidade na qual está inserida. Valendo ressaltar que, essa gama de interações amplia o universo pessoal
de significados da criança, desde que haja qualidade em seus contextos coletivos (BRASIL, 2006).
Para trabalhar as diferenças na prática pedagógica, escolheu-se o curta-metragem baseado na obra de
Ana Maria Machado “Menina Bonita do Laço de Fita”, onde a história contada relaciona-se a admiração
de um coelho branco pela cor de uma menina negra, despertando seu interesse por ter uma filha negra
igual a protagonista do filme, que deu origem ao nome do Livro.
Foi neste contexto, que adotamos o cinema como uma forma das tantas formas de arte
possibilitadora de cultura na escola, conforme menciona Kalinowsky (2016). Utilizando o cinema como
recurso audiovisual para trabalhar a diversidade humana, seja ela física cultural ou social, na qual
denominamos como diferenças.
A estratégia pedagógica foi embasada também nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil (BRASIL, 2010), Referenciais Curriculares para Educação Infantil (1998) e Parâmetros
Curriculares para a Qualidade da Educação Infantil (2006), especificamente na ideia de que esta
linguagem pode ser um modo outro de trabalhar tanto temas recorrentes na educação, como conceitos
enraizados em nosso contexto sócio-histórico. Por isso, a linguagem cinematográfica, pode ser um modo
de estabelecer, dentro outros aspectos, “O reconhecimento, a valorização, o respeito, a interação com as
histórias e culturas africanas, afro-descendentes, bem com o combate ao racismo e à discriminação”.
(BRASIL, 2010, p.17).
Neste sentido, a proposta pedagógica na qual nos baseamos para escrever este texto tornou-se um
contexto de pesquisa, visto que, se tem revelado como um campo vasto e proveitoso para compreender o
uso do cinema como ferramenta pedagógica e ainda, fomentar novos diálogos e práticas no cotidiano do
trabalho na educação Infantil. Compreendemos que é importante problematizar o modo como os recursos
audiovisuais estão sendo utilizados com crianças pequenas, pois se trata de um recurso constante na
prática pedagógica de diversas instituições.
Ao longo do ano de 2017, observamos em nosso trabalho pedagógico que a exibição de desenhos de
longa duração tem ocasionado o desinteresse delas em assisti-los até o final. Diante da problemática, a
estratégia foi optar pela apresentação de curtas metragens que abordassem conteúdos relacionados à
diversidade de características físicas, culturais e sociais, tais como a diferenças de cor, de raça, as diversas
deficiências como a locomotora, visual entre outras.
Por isso fez parte de nosso acervo clipes musicais relacionados ao tema (O mundo Bita: O corpo
humano) e curtas metragens (Menina Bonita do laço de fita). Após a apresentação das mídias,
desenvolvemos rodas de conversa sobre o tema assistido e, posteriormente apresentávamos fotografias
que representavam o cenário trabalhado nos desenhos, como por exemplo: personagens e situações
semelhantes a dos desenhos, como deficiências locomotoras e diferenças de cor para reforçar as conversas
e potencializar o aproveitamento em relação ao tema, especialmente para os que estão desenvolvendo a
fala e, que ainda encontram alguma dificuldade para se expressar pela linguagem oral.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A observação e identificação de imagens diversas foram avaliadas como metodologias viáveis após
apresentação do vídeo, juntamente com a roda de conversa. A proposta segue com a previsão de produção
de curta-metragem com o trabalho Pedagógico desenvolvido, utilizando-se o aplicativo Movie Maker e
posterior socialização do filme na CEMEI.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FRESQUET, Adriana (Org.); MIGLIORIN, Cézar. Cinema e Educação: a Lei 13.006 – Reflexões,
perspectivas e propostas. Universo, 2015. Disponível em:
http://www.educacao.ufrj.br/portal/livros/Cinema%20e%20eduCa%C3%A7%C3%A3o%20a%20lei%20
13.006.pdf. Acesso em: 27 out. 2017.
Menina Bonita do Laço de Fita. Oger Sepol Produções. Direção de Diego Lopes e Claudio
Bittencourt. Publicado em: 5 de agosto de 2015. Duração: 7’:21’’. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=UhR8SXhQv6s Acesso em 26 de out. de 2017.
Mundo Bita: A diferença é o que nos une. VEVO, Mr. Plost. Publicado em: 2 de setembro de 2016.
Duração: 3’:22’’. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eLtzvypcurE. Acesso em: 27 out.
2017.
FORMAÇÃO AUTORREFLEXIVA E AUTORREGULADA DO
FUTURO PROFESSOR: UMA PROPOSTA ORIENTADA AO
DESENVOLVIMENTO DA METACOGNIÇÃO
Resumo
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O primeiro encontro da disciplina foi sobre a estratégia de planejamento, mais especificamente sobre
o estabelecimento de metas. Algumas questões autorreflexivas foram realizadas, relacionadas ao tema.
Exemplo de questão: “Você percebe que estabelecer metas lhe ajuda? De que forma?” Na sequência,
foram ressaltados os benefícios do estabelecimento de metas, e apresentado como as metas devem ser
traçadas, salientando que não basta apenas traçar a meta e não elaborar um plano para alcançá-la. No fim
do encontro, foi pedido aos estudantes que estabelecessem uma meta para a disciplina, que será analisada
no último encontro.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
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Boruchovitch, E., Machado, A.C.T.A. (2017). A autorregulação da aprendizagem na formação inicial e
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autorregulação da aprendizagem: contribuições da teoria social cognitiva(pp.89-104).
Dembo, M.H. (1994). Applying educational psychology (5 ed.). New York: Longman.
Ferreira, P.C.,& Veiga Simão. (2012). Teaching practices that Foster self-regulated learning: a case study.
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Góes, N.M. (2017). Intervenção em estratégias de aprendizagem: impactos na autorregulação da
aprendizagem e na prática pedagógica de professores e alunos do ensino médio. Projeto de doutorado
aprovado pelo Comitê de Ética da UNICAMP.
Góes, N.M.; & Boruchovitch (2017). Uma proposta de formação autorreflexiva para a promoção das
estratégias de aprendizagem entre docentes em exercício e futuros professores. Procedimentos de
Intervenção desenvolvidos, não publicados, Faculdade de Educação,Unicamp.
Zimmerman, B.J. (2002). Becoming a self-regulated learner: an overview. Theory into practice, 41(2),
64-70.
O PIPA - Programa de Incentivo a Permanência do Aluno Os desafios
para diagnosticar a Cultura de Exclusão
RESUMO
Este trabalho, antes de apresentar uma defesa ou crítica a qualquer modelo de renovação curricular,
pretende expor uma experiência vivida em um Instituto de Engenharias de uma Universidade Federal. É
fundamentado em uma negação a fixações. Discutiremos sobre um Programa cujo objetivo era diminuir a
evasão discente na graduação, e que para isto, utilizou os relatos dos próprios estudantes em sua
construção. O primeiro passo foi reconhecer que estes graduandos são parte de um público acadêmico que
surge principalmente a partir de 2010 nas Universidades. Público este, bastante distinto dos universitários
dos anos de 1980 e 1990. Esta escolha metodológica, podemos dizer, arriscada, não se eximia de
inquietações, de inseguranças, e, provavelmente por este motivo, exigiu um olhar zeloso dos
coordenadores do Projeto. Precisávamos de nos atentar para um elemento muito poderoso: a cultura. Foi
acreditando que poderíamos iniciar uma nova fase de pensamentos e visões, que enfrentamos as
desconfianças, a burocracia e a ortodoxia, tão frequente no cenário científico. Sentíamos que era urgente
suscitar um pensamento que atingisse uma comunidade acadêmica acostumada a exclusão. O resultado
para nós foi desde o princípio o nosso lema: Mesmo perdendo, estaremos ganhando.
INTRODUÇÃO
O fato é que, ao iniciarmos as investigações sobre o fenômeno da evasão, nos deparamos com
inúmeras outras situações que nos orientaram a dividir as ações. Os sinais de alerta que se irromperam na
graduação nos remetiam a uma realidade que até então era para nós uma característica do Ensino
Fundamental, provavelmente, neste momento, um dos ângulos que buscávamos para compor os nossos
desafios já estava apontado: os impasses da Escola Básica não se estacionam lá, eles se sobrepõem aos
níveis escolares e estão no interior das Universidades. Portanto, era óbvia a avaliação de que não
poderíamos - na verdade não podemos! - simplesmente apontar o dedo para outros horizontes, sem
observarmos a nossa própria realidade.
Mas, ao detectarmos uma situação real, idêntica por um lado, precisamos compreender que esta
realidade nos parece nova e que isto causa, por outro lado, uma certa indisposição em enxergá-la. Fato é
que um expressivo número de professores das graduações acredita que este "problema": a evasão, não é
um problema sob o qual ele deva se preocupar, ou seja, não é problema do professor universitário, ainda
mais do professor de uma Universidade Federal. Teríamos, somente aqui, bastante material para
discussões: Público - Privado, Docência na Universidade, recursos públicos, Políticas Públicas e tantos
outros, mas nosso intuito é demonstrar como, apesar de uma Cultura de Exclusão, buscamos combater a
evasão em um Instituto de Engenharias. Ora, ao levarmos a nossa análise ao âmbito da Cultura, estamos
caracterizando um fenômeno que, provavelmente, é, na maior parte dos casos, invisível para a própria
comunidade que o cultiva. Moreira, (MOREIRA, 2017), busca em Eagleton como a Cultura por vezes nos
faz cegos a algumas circunstâncias, pois, ela se entranha, se perpetua,
EAGLETON (EAGLETON. 2005) afirma que é a própria Natureza Humana que permite a gênese
de uma Cultura, pois, o homem considerado como ser natural, se contrapõe à Natureza, não se acomoda a
ela, modifica-a a seus interesses. A Cultura é uma criação, que ao tornar-se quase pétrea nos dá a
sensação de natural, comum, até o momento em que é novamente modificada. Para nós, a Cultura deve
ser primordialmente entendida para que possamos compreender a complexidade da condição de uma
sociedade. Acreditamos não ser diferente quando pensamos em uma comunidade acadêmica. Além disso,
é relevante que tenhamos a percepção do espaço em que se encontra esta comunidade, a história, o tempo
decorrido, e, enfim, as influências de outras comunidades. (EAGLETON apud in MOREIRA 2017 p 04)
Portanto, o nosso próximo desafio: arquitetar um trabalho que derrubasse conceitos e fizesse nascer seus
contraditórios.
METODOLOGIA
Para desconstruir, era preciso conhecer o que estava predisposto. A proposta do Programa contornava não
somente os estudantes, ela envolvia os professores e os técnicos administrativos. O primeiro passo foi dar
voz a todos. Iniciamos os trabalhos conversando com os alunos, ouvindo também professores e
técnicos.Decidimos que a melhor forma de começar as mudanças de paradigmas seria ofertar um curso
com dois principais objetivos: garantir segurança ao estudante e aprimorar conteúdos para o alcance do
êxito no decorrer do curso de graduação. O que garantir? As incertezas percebidas nas primeiras
conversas com os estudantes. Os modelos de escola por eles vislumbrados não condiziam com a realidade
que se revelava na Universidade. Com isto, não bastava um curso que reduzisse as dúvidas em conteúdos
de determinadas disciplinas, era fundamental que os estudantes acreditassem que eram capazes de
compreender aquela linguagem nova. Precisavam também confiar no professor, nos colegas, no curso em
si. Do resultado destas reflexões surgiu um método que permitia aos estudantes opinar sobre quais os
tópicos do curso eram mais relevantes naquele momento.
O curso se desenvolvia a partir de relatórios produzidos pelos alunos ao final de cada aula. Estes
relatórios eram analisados pelo professor, que planejava a próxima a partir dos relatos. Era também
firmado um acordo, ninguém deveria "fingir" haver compreendido o conteúdo abordado, era, portanto,
fundamental que todos dessem voz as duas dúvidas. Ao lado deste Projeto, iniciamos um trabalho com os
professores do Instituto. Um grupo de 12 professores iniciaram um trabalho de orientações aos estudos.
Cada professor trabalhava om um grupo de seis estudantes. O objetivo estava além da aproximação entre
o professor da graduação os alunos e vice-versa, era também de reconhecimento e auto reconhecimento,
ou seja, este é meu aluno, este é meu professor, eu sou aluno e eu sou professor. Quais os papéis que
estamos assumindo aqui? Temos ou não alguma responsabilidade nessa realidade? A formação deve
estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento
autónomo e que facilite as dinâmicas de auto-formação participada. Estar em formação implica um
investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projectos próprios, com vista à
construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional. (NÓVOA, p 13 1992). O
grupo de professores se reunia mensalmente, trocavam experiências e buscavam métodos de estudos que
pudessem compartilhar com os estudantes. A ideia era também de que, aos poucos, os estudantes
disseminassem os novos métodos a seus pares.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
MOREIRA, Iracema Eliza de Vasconcellos, MARTINS, Sandra Eleutério Campos. Desafios para o
Professor/Bacharel: Em busca de uma nova cultura ou "O Tempo Redescoberto." Disponível em
http://falaoutraescola.fe.unicamp.br/br/node/33
Resumo
Introdução e objetivos
Cada estudante, em colaboração com seu grupo e em consonância com a necessidade da APS
seleciona e produz um resumo ou resenha de texto científico para compor projeto de educação em saúde.
Essas referências são coletadas e organizadas e compõem, dessa forma, um banco de dados que é
utilizado por cada grupo na execução de seu projeto. O projeto é, também, uma construção coletiva e
colaborativa. Tanto quanto sua finalização em formato de relatório ou artigo e apresentação oral no
Encontro Didático Científico do Curso de Medicina. Essa apresentação gera um resumo publicado no
Caderno de Resumos do Encontro didático Científico, já registrado no ISSN. A criação de um AVA foi
proposta com o fim de obter maior dinamicidade para a execução da tarefa, antes prejudicada pela
dependência de atividades presenciais e para as quais não há interconectividade. A hipótese foi de que,
com o estabelecimento do AVA, todos passassem a compartilhar, de forma mais rápida e completa as
descobertas e a produção do projeto se tornasse mais participativa. Além do que poderá ser construído um
repositório com o material com objetos de aprendizagem produzidos para ser utilizado nas ações
realizadas nas unidades de saúde.
Objetivos
Reestruturar o AVA das disciplinas práticas do segundo período do curso de graduação em Medicina;
Construir projetos de aula para serem disponibilizados em AVA; Apresentar um formato instrucional
versátil em AVA para materiais didáticos das disciplinas compatíveis com o ensino e aprendizagem de
conteúdos para o planejamento, elaboração e desenvolvimento de projetos; Identificar nas diversas mídias
de comunicação as possibilidades de estimular e motivar a aprendizagem; Identificar aspectos técnicos
relativos a usabilidades das interfaces para as disciplinas em atividades propostas para AVA; Construir
objetos de aprendizagem para compartilhamento em disciplinas da graduação em medicina e
disponibilizá-lo no repositório institucional para livre acesso.
Neste projeto foi utilizado o software livre Moodle (Modular Object Oriented Distance Learning), com o
qual a Universidade já tem experiência. Esse software permite a customização de seus recursos e de sua
interface, pois seu código é aberto. As atividades foram planejadas e disponibilizadas para os acadêmicos
na Plataforma. Ao final foi feita uma pesquisa sobre a utilização da plataforma nas disciplinas para uma
das turmas.
Resultados
Os OAs criados são contextualizados aos objetivos pedagógicos das disciplinas a partir do aprimoramento
das interfaces estabelecidas, aprimorando as atividades e reestruturando-as de forma a intensificar o
processo ensino-aprendizagem interativa. Sendo assim foram realizadas buscas em fontes diversificadas e
criadas estratégias de produção própria de atividades específicas do curso, como por exemplo, a
elaboração de projeto de intervenção para as práticas de educação em saúde em Unidade de Atenção
Primária em Saúde. A pesquisa sobre o uso da plataforma foi composta por 11 perguntas e foi respondida
por 16 dos 32 acadêmicos matriculados. Destes, cerca de metade (43,8%) responderam que não
conheciam e não utilizavam a plataforma antes do curso, 18,8%, que já conheciam e não utilizavam e os
demais (37,4%) responderam que já conheciam e já utilizavam. Todos responderam que utilizaram em
algum momento a plataforma. Principalmente para consulta de textos e recursos didáticos, comunicação
com o professor, realização de tarefas e consulta de notas. Apenas 4 responderam que tiveram
dificuldades em utilizar a plataforma, sendo essas relacionadas á interação inicial com a mesma. A
maioria (68,8%) respondeu que o mundo facilitou o aprendizado na disciplina e a interação com o
professor/disciplina (56,3%).
Discussão
O modelo de aprendizagem ativa, desenvolvido nas disciplinas contempladas, exige uma aproximação
constate do professor com os estudantes, sendo as TIC, ferramentas cruciais para aumentar a
interatividade necessária à construção de conhecimento dinâmica e problematizadora, como foi
desenvolvido pelo projeto e que preveem a elaboração e desenvolvimento de atividades em cenário real
de aprendizagem. O projeto fomentou o planejamento e construção de objetos de aprendizagem
contextualizados às disciplinas já disponibilizadas em AVA, com utilização do software Moodle para a
tarefa de elaboração e desenvolvimento de projeto de Educação em Saúde de disciplinas curriculares do
Curso de Medicina integradas aos serviços de saúde. A pesquisa realizada com os acadêmicos mostrou
que a experiência foi válida, sendo bem aproveitada por todos. Realizado no Programa PROATIVA da
Universidade Federal de Ouro Preto
Referências:
CARNEIRO, Mara Lúcia Fernandes; SILVEIRA, Milene Selbach. Objetos de Aprendizagem como
elementos facilitadores na Educação a Distância. Educ. rev., Curitiba,n.spe4,p.235-260,2014. Disponível
em http://www.scielo.br/scielo.php?script=
sci_arttext&pid=S010440602014000800235&lng=en&nrm=iso. Acesso em 26/ 02/2017.
COSTA, Rosa Maria E. M.; MARINS, Vânia. Curso de pós-graduação em planejamento, implementação
e gestão da educação a distância. Aula 2 - Interfaces. Disponível em:
http://pigead.lanteuff.org/mod/resource/view.php?id=17085 Acesso em 3/08/2013.
Reestruturação curricular do Projeto Pedagógico de um Curso de
Terapia Ocupacional: uma colcha tecida a muitas mãos
Resumo
O presente trabalho apresenta uma experiência da organização da reforma curricular elaborada pelo
coletivo de docentes, técnicos administrativos em educação e discentes do Curso de Terapia Ocupacional
da Universidade Federal de Santa Maria. Trata-se de uma proposta que enfoca a formação dos
acadêmicos capazes de compreender o contexto social e ter atenção às necessidades do sujeito em
atendimento O objetivo do presente texto é descrever o processo de construção do PPC do curso de TO da
UFSM e apresentar algumas estratégias inovadoras criadas para atender às demandas de cumprimento de
horas práticas.
Introdução e Objetivos
O curso de Terapia Ocupacional (TO) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) teve início
no ano de 2009, como consequência do Programa de Expansão REUNI, do governo federal. Foram os
docentes do curso de fisioterapia que estruturam o primeiro Projeto Pedagógico de Curso (PPC) da
Terapia Ocupacional, vigente até o final do ano 2017.
No ano de 2014, o curso tem seu reconhecimento pelo MEC e o processo de reforma curricular
começa a ganhar força. No início de 2015, o corpo docente do curso, junto com as Terapeutas
Ocupacionais Técnicas Administrativas, sob proposição do Núcleo Docente Estruturante, realizam uma
semana de discussões acerca dos fundamentos da profissão, conjuntamente com as Diretrizes Curriculares
Nacionais da Terapia Ocupacional e a Lei de Diretrizes e Bases para Educação, utilizando a teoria de
Delors (1998), Oury (1991) e Morin (2011). Nesta semana tivemos a possibilidade de discutir os pilares e
itinerários da formação de um terapeuta ocupacional e refletir sobre ser docente. Ao final deste processo,
o corpo docente conseguiu visualizar uma proposta de matriz curricular que contemplasse as necessidades
loco-regionais, conteúdos, habilidades e competências para a formação. Ao longo do ano de 2015 e 2016
o Núcleo Docente Estruturante lapidou a matriz desenhada pelo coletivo, realizando aprofundamentos e
proposições mais concretas de disciplinas que abordassem a complexidade discutida até então. Criaram-se
Grupos de Trabalho a partir dos campos de atuação para proposição das novas disciplinas. No início de
2017, o grupo de docentes, técnicas administrativas e representantes discentes se reúniram em duas
semanas consecutivas de trabalho para concluir as proposições das disciplinas e escrever o projeto
político pedagógico. O presente texto trata sobre essa reestruturação e as inovações advindas de tal
processo.
Lopes et al. (2010), colocam a necessidade da constituição de uma educação profissional em TO que
vise o desenvolvimento de uma capacidade crítica, que englobe intervenções baseadas em aspectos
técnicos, éticos e políticos. As autoras defendem que esta prática educativa constitui-se no verdadeiro
processo de "educação", em contraposição ao "treinamento", "objetivando a formação de recursos
humanos mais autônomos e hábeis para operar as complexas problemáticas contemporâneas
apresentadas".
Neste sentido, o grupo de trabalho visou a construção de uma proposta docente que forme alunos
capazes compreender seu contexto social e ter atenção às necessidades do sujeito em atendimento, de
forma a “estimular a capacidade de refletir, de sensibilizar-se com o mundo circundante e de criar” (
Medeiros 2003: 157).
No início do primeiro semestre letivo de 2017 todo o corpo docente e técnico do curso de terapia
ocupacional interrompeu suas atividades laborais pelo período de duas semanas, dedicando-se
exclusivamente à elaboração coletiva do novo PPC. O momento foi planejado pelo Núcleo Docente
Estruturante (NDE) do curso, que dividiu as semanas de trabalho em dois momentos: a primeira semana
foi dedicada à estruturação coletiva do novo ementário de disciplinas; e a segunda semana destinou-se ao
desenvolvimento de todos os demais componentes do PPC.
Enquanto o corpo de trabalhadores (técnicos e docentes) foi convocado para a ação, o corpo discente
foi convidado a compor. Antes de iniciar os trabalhos o NDE chamou todas as turmas do curso para uma
reunião com o intuito de esclarecer sobre os propósitos da reestruturação e abrir o convite para que o
corpo discente pudesse participar. O resultado foi satisfatório, uma vez que pudemos contar com a
participação de discentes durante todos os momentos das duas semanas de trabalho que se seguiram.
A metodologia de discussão previu momentos de trabalho em grupo menores, que avançaram sobre
questões específicas (desta forma, enquanto um grupo se debruçava sobre as disciplinas “básicas” das
humanas, outro grupo se debruçava sobre as biológicas; da mesma forma, em outro momento, os grupos
trabalharam em diferentes grupos de acordo com os campos de conhecimento dentro da terapia
ocupacional). Cada grupo de trabalho teve composição tripartite, contanto com envolvimento de técnicos,
discentes e docentes. Ao serem finalizados os trabalhos nos pequenos grupos eram socializados e
rediscutidos pelo grupo como um todo.
Resultados
O eixo de Ciências da Terapia Ocupacional é definido pelas DCN como conteúdos referentes aos
fundamentos de Terapia Ocupacional, as atividades e recursos terapêuticos, a cinesiologia, a
cinesioterapia, a ergonomia, aos processos saúde-doença e ao planejamento e gestão de serviços, aos
estudos de grupos e instituições e a Terapia Ocupacional em diferentes campos de atuação.
Para a organização da matriz, esse eixo foi dividido em três blocos de disciplinas: Fundamentos em
Terapia Ocupacional; Campos de Atuação; e Práticas em Terapia Ocupacional. As disciplinas que
compõe esse eixo são oferecidas do primeiro ao oitavo semestre, apresentando inicialmente ao discente os
fundamentos da profissão, evoluindo em um nível de complexidade crescente de atuação pelos diversos
campos até culminar nas práticas supervisionadas.
Discussão
LOPES, R. E., MALFITANO, A. P. S., SILVA, C. R., BORBA, P. L. D. O., & HAHN, M. S. (2010).
Educação profissional, pesquisa e aprendizagem no território: notas sobre a experiência de formação de
terapeutas ocupacionais. O Mundo da Saúde, 34(2), 140-147.
MEDEIROS, M.H.R. (2003). Terapia ocupacional: Um enfoque epistemológico e social. São Carlos:
EdUFSCar, 185 p. Medeiros, M.H.R. (2003). Terapia ocupacional: Um enfoque epistemológico e social.
São Carlos: EdUFSCar, 185 p.
DELORS et al. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI.
São Paulo/Brasília: Cortez/MEC/UNESCO, 1998.
OURY, J. Itinerários de Formação. Revue Pratique nº1, 1991. p.42-50. Tradução: Jairo Goldberg.:
EdUFSCar, 185 p.
OURY, J. Itinerários de Formação. Revue Pratique nº1, 1991. p.42-50. Tradução: Jairo Goldberg.
INOVAÇÕES CURRICULARES NA FORMAÇÃO INICIAL EM
EDUCAÇÃO FÍSICA: O ENSINO DO CIRCO NA UDELAR -
URUGUAI
Inovação nos projetos pedagógicos de curso (organização do curso)
Authors: Camila da Silva Ribeiro, Virginia Alonso Sosa, Marco Antonio Coelho Bortoleto
Resumo
A prática do circo tem se expandido para diferentes espaços, incluindo a formação inicial em
Educação Física. Linguagem frequentemente atrelada à cultura popular, com raízes na prática dos artistas
de rua, o circo consolidou-se como entretenimento e, mais recentemente, como uma arte ensinada em
escolas especializadas. O crescente aumento dos espaços formativos foi acompanhado de uma maior
demanda em diferentes espaços, incluindo as academias de ginástica, os projetos sociais ou mesmo no
âmbito terapêutico. No interior desse movimento contemporâneo, observamos um progressivo aumento
da presença do circo, como conteúdo curricular na formação inicial de Educação Física. O presente
estudo tem como objetivo discutir como essa temática vem sendo desenvolvida no contexto universitário
do Uruguai, mais precisamente na Universidade de La República (UDELAR), instituição referência nesse
país quanto à formação dos profissionais da referida área.
Introdução e objetivos
O circo apresenta um crescimento exponencial no que se refere aos espaços que oferecem essa
prática, seja como forma de lazer, conteúdo educativo, instrumento terapêutico ou mesmo uma opção de
formação-educação artística (ALONSO, 2015). No âmbito acadêmico, essa realidade tem gerado um
aumento do interesse dos pesquisadores, o que resulta numa importante produção especialmente a partir
do ano 2000, “possivelmente devido a uma maior divulgação e reconhecimento social do circo pelos
governos e pela mídia ao longo da década de 1990” (ONTAÑÓN, DUPRAT E BORTOLETO. p. 15,
2012).
Nesse sentido, entendemos que há uma lacuna nos estudos que permitam conhecer com maior
profundidade como esses saberes circenses são apresentados, produzidos e debatidos em instituições
formais de ensino, e, mais particularmente, como conteúdo da formação superior em Educação Física
(BORTOLETO, 2011). Desse modo, o objetivo desta pesquisa é discutir de que maneira o circo vem
sendo trabalhado no ensino universitário público uruguaio, considerando o caso da Universidad de la
República – UdelaR, Uruguai, maior responsável pela formação superior nessa área no país.
Estudos como os de Miranda e Ayoub (2016) e Tucunduva (2015) revelam algumas iniciativas
pioneiras do ensino das atividades circenses nos cursos de Educação Física (EF) em instituições de ensino
superior no Brasil. Suas possibilidades e potencialidades foram debatidas ainda por Bortoleto e Celante
(2011).
Especificamente em Montevidéu, nos últimos doze anos aumentaram o número de oficinas e cursos
com essa temática em diferentes espaços públicos e privados. As mobilizações circenses surgem junto e
inseridas ao Instituto Superior de Educação Física (ISEF) da Universidad de la República, em que alunos
e professores começam a promover oficinas, encontros, disciplinas optativas e trazem o circo para a
universidade (ALONSO, 2015).
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
ALONSO, V. ¿Nuevas perspectivas para el cuerpo en la escuela? Reflexiones a partir de la incorporación
del circo en la educación física escolar uruguaya in. Inventar lo (im)posible: experiencias pedagógicas
entre dos orillas. Pablo Martins, Patricia Redondo – 1º ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires. La Crujía,
2015.
MIRANDA, R. C. F.; AYOUB, E. As práticas circenses no “tear” da formação inicial em educação física:
novas tessituras para além da lona. Movimento, Porto Alegre, v. 22, n. 1, 187-198, jan./mar. de 2016.
ONTAÑÓN, T. B.; DUPRAT, R. M.; BORTOLETO, M. A. C. Educação Física e Atividades Circenses:
O estado da arte. Porto Alegre: Revista Movimento, v.18, n.02, abr-jun, 2012.
HOTIER, H. La fonction éducative du cirque, texts rassemblés et présentés. L´Harmattan, Paris, 2003.
BORTOLETO, M. A. C.; CELANTE, A. R. O ensino das atividades circenses no curso de Educação
Física: experiências na universidade pública e privada. In: Elizabeth M A Pereira; Gabriela Celani; Dora
M. Grassi-Kassisse. (Org.). Inovações curriculares: experiências no ensino superior. 1ed. Campinas-SP:
FE-UNICAMP, 2011, v. 1, p. 178-190.
BORTOLETO, M. A. C. Atividades circenses: notas sobre a pedagogia da educação corporal e estética.
Cadernos de Formação Revista Brasileira de Ciências do Esporte. v.2: p. 30-42, 2011. Disponível em:
http://www.rbceonline.org.br/revista/index.php/cadernos/article/view/1256. Acesso em: mai/2017.
TUCUNDUVA, B. B. P. O circo na formação inicial em educação física: inovações docentes,
potencialidades circenses. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Educação Física, Campinas, SP, 2015.
Aprendizagem com pares: uma experiência de preparação para
docência em medicina
Resumo
A inserção significativa de aprendizado integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos guias
do Curso de medicina no qual é desenvolvida a experiência de Educação do Estágio de Docência da
Residência de Medicina de Família e Comunidade em disciplinas de graduação. Objetivos: Fomentar a
formação médica integrada aos serviços de saúde e correlacionar teoria e prática em aprendizado
significativo e participativo junto à rede de atenção à saúde e oportunizar ao pós-graduando uma
experiência docente através da observação, participação e regência no ensino superior. Métodos: O
processo ensino-aprendizagem é realizado em unidades de APS e alia necessidades de aprendizagem da
graduação em medicina e da Residência. A formação é conduzida em equipe multidisciplinar com
desenvolvimento de projetos que respeitam as rotinas de trabalho das unidades de APS. Resultados: Há a
interface entre professores, profissionais e equipe da APS com acadêmicos em franco debate e preparação
da atuação. Ações congregam estratégias individuais e coletivas de promoção da saúde, com apoio das
ciências humanas e da saúde coletiva com a clínica. Discussão: A metodologia combina prática e teoria,
em pequenos grupos e em espiral. O aprendizado é contextualizado e ativo, em contínua reflexão teórica e
aprimoramento das práticas.
Introdução e objetivos
A educação em saúde é o campo de práticas e conhecimentos que se tem ocupado mais diretamente
com a criação de vínculos entre as unidades de saúde e a população (VASCONCELOS, 2001). Inovações
das práticas educativas, com o auxílio da metodologia da educação popular instigam mudanças de
atitudes, com a compreensão ampliada do processo saúde-doença. Trata-se de uma busca pela
transformação das relações historicamente estabelecidas entre os profissionais de saúde e a população, no
sentido de atender aos princípios expostos desde a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de
Saúde, reunida em Alma-Ata, em 1978. Seu eixo principal é o apoio aos indivíduos e aos grupos sociais
para que assumam cada vez mais o controle de suas vidas e de sua saúde.
Atuando a partir de problemas específicos dos serviços de saúde e da comunidade, como propõe
Vasconcelos (2001), é possível entender e sistematizar as lógicas, os conhecimentos e as subjetividades
dos atores envolvidos para a busca da integralidade na atenção à saúde. Pressupõe a estruturação de
mecanismos de ampliação da interação cultural tais como cartilhas, reuniões, cursos, visitas, grupos.
Sendo assim, a universidade em colaboração com a Secretaria Municipal de Saúde se tornam parceiras na
formação em saúde com o desenvolvimento de atividades de ensino integradas às de saúde para
desenvolver estratégias que auxiliem na consolidação dos pressupostos expostos no cotidiano das
comunidades atendidas. E, dessa forma, buscar a possibilidade de uma ação integral na articulação
ensino-serviço-comunidade, como espaço dinâmico de construção de estratégias renovadas de ação, pois
tanto a estrutura dos serviços, quanto a acadêmica são constituídas pela diversidade dos pensamentos a
respeito do diagnóstico e das medidas de intervenção relativas às questões do processo saúde-doença,
como afirma Marins (2004). As atividades são orientadas pela participação em ações educativas, em
conformidade com as necessidades identificadas junto às equipes de APS. Contemplam principalmente o
apoio no desenvolvimento de grupos operativos com crianças, adolescentes, gestantes, adultos e idosos
visando a promoção da saúde, utilizando a metodologia da educação popular. O pressuposto nesta
proposta é o de que um processo de reflexividade torna possível o entrelaçamento do saber popular com o
acadêmico e cria mecanismos efetivos e transformadores para o enfrentamento das situações de vida
porque são produzidos em parceria com as pessoas interessadas e por elas apropriados. Em todas as
etapas, o processo instiga a inclusão da comunidade no desenvolvimento dos trabalhos em formatos de
oficina e grupos de discussão voltados para os diferentes ciclos de vida, unindo professores, residentes,
acadêmicos de medicina e profissionais de educação e saúde na realização de atividades em comum.
Objetivos
Fomentar a formação médica integrada aos serviços de saúde e correlacionar teoria e prática em
aprendizado significativo e participativo junto à rede de atenção à saúde e oportunizar ao pós-graduando
uma experiência docente através da observação, participação e regência no ensino superior.
A aprendizagem com pares se refere a uma inovação que alia o Estágio de Docência a disciplinas de
graduação em medicina, cujo foco é a horizontalidade da interação entre os professores das disciplinas,
profissionais da rede de saúde, os graduandos de medicina e os pós-graduandos médicos residentes de
Medicina de Família e Comunidade. Prevê a preparação de aulas e elaboração de atividades, a recepção,
acompanhamento, elaboração e desenvolvimento de projetos de intervenção voltados para a Educação em
Saúde nas Unidades de APS. O processo envolve instrumentos de acompanhamento do Estágio de
Docência e compreendem etapas de observação de planejamento e realização de atividades educativas em
classe e nas unidades de APS. A avaliação dos resultados é realizada de forma contínua pela equipe e
consiste na preparação de relatórios, discussão de bibliografia e recursos didáticos. São propiciadas
reuniões e utilizados formulários para acompanhamento de todo o processo educacional.
Resultados
As ações curriculares desenvolvidas nas unidades de APS forma integrada ao serviço, subsidiando a
interação dos alunos com seu espaço de aprendizado presente e de atuação futura. Os alunos são
estimulados a participar de ações educativas, em conformidade com o planejamento dos Serviços de
Atenção Primária em Saúde, elaborando estratégias de ação de acordo com as necessidades identificadas
junto às equipes de APS. Trata-se de ações voltadas para diferentes ciclos de vida. Contemplam
principalmente o apoio no desenvolvimento de grupos operativos com crianças, adolescentes, gestantes,
adultos e idosos visando a promoção da saúde, utilizando a metodologia da educação popular.
Discussão
Referências
RESUMO
A literatura defende o ensino de estratégias de aprendizagem nos diversos níveis de ensino. Dentre
as estratégias de aprendizagem cognitivas, os mapas conceituais destacam-se como um recurso facilitador
para a promoção de uma aprendizagem significativa. A importância de que estudantes e futuros
professores sejam instruídos a fazerem e a ensinarem mapas conceituais motivou a realização do presente
estudo. Seu objetivo é descrever uma experiência de trabalho com o Mapa Conceitual na disciplina de
Estágio Supervisionado I, com alunos advindos de diferentes cursos de licenciatura. O trabalho com o
mapa conceitual ocorreu em um único encontro, dividido em dois momentos: um teórico em que foram
apresentados os conceitos principais e a teoria que embasa o uso do mapa conceitual e, outro, prático, em
que os alunos, em grupo, construíram mapas conceituais a partir da leitura prévia de um texto selecionado
pela professora. Constatou-se que os estudantes compreenderam como construir o mapa e conseguiram
pensar em sua utilização tanto como alunos quanto como futuros professores.
INTRODUÇÃO
Uma das metas da educação é que os alunos aprendam de forma significativa. De acordo com a
Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel (2003), a aprendizagem só é significativa
quando o aprendiz consegue relacionar um conteúdo novo a ser aprendido, com outro já existente na sua
estrutura cognitiva, tornando, assim, esse conhecimento prévio mais sofisticado, específico e rico. Para a
promoção da aprendizagem significativa, Joseph Novak na década de 1970, desenvolveu o mapa
conceitual, conceituando-o como diagramas indicando relações entre conceitos ou entre palavras
(Moreira, 2012, 2013).
A literatura tem considerado o mapa conceitual como uma estratégia de aprendizagem cognitiva de
organização passível de ser ensinada. Ao utilizá-lo, o estudante confere uma nova organização ao material
a ser aprendido, de forma a torná-lo mais significativo (Weinstein, Acee & Jung, 2011; Souza &
Boruchovitch, 2010).
METODOLOGIA
A proposta relatada ocorreu em uma universidade pública localizada no interior do estado de São
Paulo, com alunos matriculados na disciplina de Estágio Supervisionado I, oriundos de diferentes cursos
de licenciatura. Concomitantemente a supervisão da prática, o eixo norteador da disciplina tem sido o
trabalho com as estratégias de aprendizagem, visando não apenas a sua utilização pelos alunos enquanto
estudantes, mas também como futuros professores. A autorreflexão do estudante acerca da própria
aprendizagem tem sido um foco essencial da proposta.
O trabalho com o Mapa Conceitual ocorreu em um único encontro, dividido em dois momentos. O
primeiro deles, de natureza teórica, tratou da teoria que embasa os mapas conceituais, dos conceitos-
chave, dos benefícios, do quando utilizar, do como construir e do como avaliá-los. O segundo momento
consistiu na confecção dos mapas conceituais a partir de um texto sobre a motivação dos adolescentes,
previamente lido pelos alunos. Para a realização da atividade, os alunos se dividiram em grupos de 4
participantes. Antes de iniciar a atividade foram retomados os passos para a construção dos Mapas
Conceituais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na segunda parte da aula, os mapas conceituais foram confeccionados. Foi possível verificar que os
alunos não apresentaram dúvidas em distinguir os conceitos mais gerais e os mais específicos. A escolha
das palavras-chave se deu de forma tranquila, por meio da discussão nos grupos. No entanto, o processo
de escolha das palavras de ligação (palavras ou termos curtos que ligam um conceito a outro) foi mais
trabalhoso, pela dificuldade dos estudantes sintetizarem como os conceitos se relacionavam em poucas
palavras, evidenciando que ainda não haviam compreendido completamente alguns conceitos. Diante
disso, foram realizadas interferências indicando aos estudantes que retomassem o texto e tentassem
simplificar o que estavam querendo dizer. De modo geral, pode-se constatar que os alunos
compreenderam todas as partes componentes dos mapas e construíram mapas com estruturas e
organizações bem diferenciadas. Todos os grupos estabeleceram conexões no mínimo bidimensionais
entre os conceitos, o que demonstra também aprofundamento e compreensão do texto.
A experiência de construção do mapa conceitual com alunos de diversos cursos de licenciatura foi
extremamente gratificante porque eles estavam muito motivados a realizar a atividade prática e a aprender
como utilizar o mapa conceitual. Essa motivação se manteve até o final do encontro. Muitos estudantes
relataram que iriam construir mapas conceituais para a próxima prova. Outros já pensaram em tentar
propor na escola em que estão desenvolvendo o estágio, uma atividade com mapas conceituais. O mais
importante foi que eles perceberam que o mapa pode ser utilizado em diferentes disciplinas. Espera-se
que esses estudantes enquanto futuros professores possam fazer uso e ensinar seus alunos a utilizarem
esse recurso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ausubel, D.P. (2003). Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa:
Plátano Edições Técnicas. Tradução de The acquisition and retention of knowledge: a cognitive view.
(2000). Kluwer Academic Publishers.
Moreira, M.A. (2012). Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Revista Chilena de Educação
Científica, 4(2),38-44.
Moreira, M.A. (2013). Aprendizagem significativa em mapas conceituais. Texto de apoio ao professor de
física, 24(6), 1-55.
Souza, N.A.S., Boruchovitch, E. (2010). Mapas conceituais: estratégias de ensino/aprendizagem e
ferramenta avaliativa. Revista em educação, 26(3), 195-217.
Weinstein, C. E., Acee, T. W, Jung, J. (2011). Self regulation and learning strategies. New Directions for
Teaching and Learning, 16, 45-53
Iniciativas de justaposição curricular na promoção do desenvolvimento
acadêmico no ensino superior: ações da orientação educacional
SAE/Unicamp
Resumo
Introdução e objetivos
De modo geral, a experiência na educação superior tem sido entendida como um processo complexo
que envolve condições pessoais, características institucionais e a interação entre estudante, instituição e
condições externas. Diante dessa complexidade, sabe-se que, ao entrar nas instituições de ensino superior
(IES), os estudantes respondem diferentemente às características, demandas e oportunidades presentes em
sua formação (Pascarella & Terenzini, 2005).
Nota-se que as exigências do século XXI podem ser observadas na mudança e necessidades da
sociedade, o que inclui uma demanda maior de enfrentamento de transições, desenvolvimento de
autonomia e de posicionamento diante das mudanças. Tornando, assim, ainda mais necessário o papel de
regulador do próprio comportamento nos diferentes domínios da vida humana e, em especial, no contexto
do ensino superior. Afinal, para se garantir a aprendizagem ao longo da vida é necessário garantir
oportunidades de desenvolver a capacidade do indivíduo de regular a sua própria aprendizagem como
apontado na declaração da UNESCO (1998). Neste documento é enfatizado que tanto o estudante como
suas necessidades devem ser colocados “como o centro das preocupações, devendo considerá-los como
parceiros e protagonistas essenciais responsáveis pela renovação da educação superior” (artigo 10º, p.5/7)
e o desenvolvimento de serviços de suporte ao aluno visando sua integração. Este último ponto também
está presente no Decreto no. 7.234/2010 (Brasil, 2010) que dispõe sobre o Programa Nacional de
Assistência Estudantil (PNAES) em diferentes áreas, a saber: moradia, alimentação, transporte, atenção à
saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche, apoio pedagógico e outros. Estes documentos indicam a
necessidade de suportes à permanência e condições, para que os indivíduos possam se envolver com as
diferentes atividades e, com isso, desenvolver-se de maneira mais abrangente durante a vivência em um
curso no Ensino Superior.
Nesta perspectiva, existem na Unicamp diferentes auxílios disponibilizados por meio das bolsas
sociais, alimentação, transporte, moradia, assistência médica, psicológica, odontológica e creche para os
filhos de estudantes. Além disso, no Serviço de Apoio ao estudante (SAE), principal órgão da pró-reitoria
de graduação de assistência estudantil, existe um setor de orientação educacional. As atividades deste
setor foram foi revisadas e desde 2010 visam à ampliação qualitativa e quantitativa em formato de
justaposição, além dos atendimentos individuais. Para Rosário e Polydoro (2015), as intervenções de
justaposição curricular referem-se a um espaço criado para a instrução, de maneira avulsa ao contexto de
formação acadêmica, e podem ser oferecidas em oficinas, disciplinas eletivas, workshops, de forma
paralela ao conteúdo curricular. O presente trabalho objetiva apresentar ações de justaposição curricular
promovidas institucionalmente que podem contribuir para o desenvolvimento acadêmico.
Por meio de pesquisa documental foram analisados os relatórios de atendimentos e dados avaliativos
das intervenções do setor de orientação educacional (2015-2016), que têm como foco o aprimoramento da
aprendizagem e da carreira.
Resultados
Discussão
De maneira geral, identifica-se que as ações caracterizam uma forma de apoiar o desenvolvimento
estudantil. Em síntese, tanto a disciplina eletiva quanto as oficinas tem se mostrado capaz de sensibilizar
os participantes de modo a refletirem sobre seu papel de protagonistas para a própria formação acadêmica
(Dantas et al, 2017), sendo uma importante ação para o aprimoramento do processo de aprendizagem no
contexto universitário, com repercussões em outros contextos como profissional e pessoal.
Observa-se que ações de justaposição curricular promovidas institucionalmente podem contribuir
para o desenvolvimento acadêmico para aprendizagem na universidade, o fortalecimento dos processos
autorregulatórios, de crenças pessoais e a convivência com estudantes de outros cursos e semestres. De
todo modo, sugere-se que as ações já realizadas da orientação educacional, sejam integradas a demais
ações da universidade que tenham o mesmo propósito. Desta forma, espera-se que se promova o diálogo,
a ampliação e o envolvimento de tantos saberes produzidos na universidade.
Referências bibliográficas
BRASIL. Decreto n. 7.234, de 19 de julho de 2010: Dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência
Estudantil - PNAES. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03l. Acesso em: 03 de dezembro
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PASCARELLA, E. T.; TERENZINI, P. T. (2005). How College Affects Students: a third decade of
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Unesco, 1998. Disponível em:
http://www.Unesco.org/education/educprog/wche/declaration_spa.htm#marco. Acesso em: 21 de janeiro
2011.
IMPLANTAÇÃO DO PORTFOLIO ONLINE NO CURSO DE
MEDICINA
Resumo
Este estudo relata a estratégia adotada no Curso de Medicina para aprimorar o portfólio como
instrumento de avaliação e aprendizagem. A disciplina envolvida neste estudo possui atividades práticas
de atendimento médico ao paciente de Unidades Básicas de Saúde, em que o portfólio demonstra ser um
instrumento adequado para avaliar conhecimento, habilidade e atitude do estudante durante o ano letivo.
O portfólio on-line foi implantado na Plataforma Moodle atendendo a demanda do curso e obtendo a
aprovação da grande maioria dos envolvidos no processo.
Introdução e objetivos
A educação médica teve mudanças nas últimas décadas na forma de abordar e avaliar o processo
ensino-aprendizagem e começou a se preocupar com o desenvolvimento das competências – aspectos
cognitivos, habilidades técnicas, raciocínio clínico, atitudes, valores, comunicação e postura ética. Esta
abordagem se justifica pelo fato de a avaliação - centrada apenas nos procedimentos verificativos que tem
a prova como registro do que o aluno conseguiu aprender em um determinado tempo - não ser suficiente
para mostrar ao estudante e ao professor o processo de construção das relações entre os conteúdos
propostos e a aplicação prática na vida do futuro profissional.
Nas atividades de estágio clínico supervisionado, onde este estudo foi desenvolvido, os estudantes
atendem crianças, adolescentes e adultos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Rede Municipal de
Campinas. Eles são avaliados, durante 33 semanas, em três especialidades clínicas: Clínica Médica (CM),
Pediatria (PED) e Ginecologia e Obstetrícia (GO), por meio de prova teórica, nota de conceito, avaliação
estruturada e portfólio.
O portfólio é uma coleção de material elaborada por um profissional que registra e reflete eventos-
chaves e processos em suas carreiras (Hall et al, 1992) e deve ser apresentado a outros para avaliação. Ele
tem sido progressivamente introduzido como um novo instrumento para avaliação no ensino médico
(David et al, 2001). Sua adoção é condizente com os princípios de aprendizado dos adultos que requer
reflexão, aprendizado autodirigido baseado em experiência.
Em nosso curso de Medicina, o uso do portfólio tem como objetivos específicos contribuir para que
os alunos do 4º ano aprimorem suas habilidades na abordagem ética aos pacientes e em propedêutica
clínica; habilitem-se no diagnóstico e plano terapêutico para as situações clínicas de maior prevalência
que se apresentam no nível primário de atenção à saúde; entendam as influências do ambiente social e
psíquico na aquisição, manifestação, tratamento e recuperação da doença; experimentem a atuação junto a
uma equipe de saúde.
Desta forma, o portfólio é um instrumento adequado para avaliar o que o aluno vivencia nas UBS.
Entretanto, muitos cursos não o utilizam por conta da correção que demanda muito tempo e atenção do
professor.
O objetivo deste estudo foi descrever a criação do portfólio on-line no Curso de Medicina como
facilitador do processo ensino-aprendizagem e da gestão do ensino.
Até 2015 a correção do portfólio em nosso curso era realizada manualmente e, como os avaliadores
pertencem a diferentes especialidades ou departamentos, organizavam-se reuniões de correção
centralizadas na coordenação do curso. Durante estas reuniões, os professores manifestavam as suas
opiniões em como o sistema poderia ser aprimorado.
Além da discussão sobre a criação de uma plataforma que pudesse facilitar os envolvidos, também
houve discussões sobre a mudança no sistema de avaliação que até 2015 avaliava apenas três itens: crítica
da anamnese e do exame físico como apoio a diagnóstico e conduta (4,0 pontos); raciocínio clínico para
explicar as HD, utilização referencial teórico (5,0 pontos) e autocrítica da aprendizagem (1,0 ponto).
Todas essas considerações foram pontuadas e foi feito um levantamento sobre qual seria o recurso
eletrônico que pudesse atender a esta demanda e que não houvesse custo para a Universidade.
Resultados
No novo formato on-line, os pontos foram distribuídos por sete características do portfólio: 1-
identificação de todos os problemas na anamnese (2,0); 2-identificação de todos os problemas no exame
físico (2,0); 3-citação de todos os aspectos relevantes para o raciocínio clínico (2,0); 4-citação e discussão
de todas as hipóteses diagnósticas (0,5); 5-adequação das referências consultadas (0,4); 6-domínio da
linguagem do estudante (1,1); 7-domínio cognitivo/contextualização (2,0). Assim, o aluno consegue ter
um feedback específico dos pontos bons e que ainda precisa melhorar em seu próprio processo de
aprendizagem.
O portfólio on-line pode ser corrigido no local e horário mais conveniente para o professor e ser
avaliado simultaneamente pelos professores e preceptores das três especialidades clínicas.Tabela 1:
Distribuição dos portfólios entre os professores e preceptores
A partir de 2016, os critérios de correção foram adequados a um número maior de itens a serem
avaliados, melhorando o feedback para os estudantes. Estes itens foram previamente divulgados aos
alunos o que, provavelmente, justifica o melhor desempenho destes a partir da implantação do portfólio
on-line. A clareza nos critérios de avaliação é um indicador de melhor qualidade do portfólio. Figura 1:
Desempenho dos estudantes no portfólio
Em 2016, ano de implantação do portfólio on-line, foi realizada uma pesquisa de opinião na própria
plataforma Moodle com 113 alunos e 66 avaliadores envolvidos. De acordo com os dados da pesquisa,
85% dos alunos e 95% dos avaliadores aprovaram o portfólio online. Os professores alegaram que a
versão on-line favoreceu a correção do portfólio em horários alternativos.Figura 1: Percentual de
aprovação do Portfólio on-line
Os professores e estudantes que não aprovaram o portfólio relataram a dificuldade no uso do Moodle
por esta disciplina ter sido pioneira na implantação do portfólio nesta plataforma.
A equipe gestora da disciplina aprovou o uso do portfólio on-line pela facilidade em administrar o
número de professores e estudantes.
Discussão
Este cenário da cultura digital, que molda nossa forma de pensar e raciocinar, envolve totalmente o
professor em sua função docente, “colocando-o na contingência de conhecer os novos recursos
tecnológicos, adaptar-se a eles, usá-los e compreendê-los em prol de um processo aprendizagem mais
dinâmico e motivador para seus alunos” (MASSETTO, 143, 2013).
Outro ponto observado é que a aplicação do portfólio sugere a possibilidade de uma prática
interdisciplinar almejada por aqueles que acreditam na educação transformadora, além de remeter a
alternativas para a aplicação de tecnologias digitais, na medida em que estabelece uma rede cognitiva que
abrange as várias áreas do conhecimento.
Referências Bibliográficas
Challis M. AMEE Medical Education Guide No 11 (revised): Portfolio–based learning and assessment in
medical education. Medical Teacher, 1999 21: 370-86.
David MFB, Davis MH, Hraden RM et al. AMEE Medical Education Guide No 24:
Hall D. Professional development portfolios for teachers and lecturers. British Journal of In Service
Education, 1992, 18: 81-6.
Moran, J. M.; Massetto, M. T.; Behrens, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 21ª ed.
Campinas, SP: Papirus, 2013.
Perfil de estágios e trabalhos de conclusão na graduação em Farmácia:
estudo transversal dos concluintes 2012-2016 da Universidade Estadual
de Campinas
Resumo
Introdução e objetivos: O Brasil tem 195.022 farmacêuticos registrados e 529 cursos de graduação
em Farmácia (1). O âmbito de atuação do farmacêutico é vasto, assim como são as diferenças geográficas
em relação ao mercado e oferta de vagas. Os estabelecimentos nos quais o farmacêutico é requerido inclui
farmácias, indústrias de medicamentos e insumos, distribuidoras de medicamentos, fiscalização sanitária
e faculdades de farmácia. Além dos requeridos, há outros segmentos de negócio nos quais não é
obrigatória a presença do farmacêutico, mas estão inclusos em suas competências, como laboratórios de
análises clínicas e toxicológicas, produção e controle de alimentos e cosméticos (2).
Os cursos de graduação em Farmácia são regidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).
Em 2017 foi publicada nova DCN, e os cursos devem se atualizar em até dois anos (3). O documento
propõe numerosas modificações, como definição de eixos farmacêuticos e obrigatoriedade de estágios em
análises clinicas, toxicológicas ou de alimentos. Os eixos farmacêuticos, definidos são “Cuidado em
saúde”, “Gestão em Saúde” e “Tecnologia e Inovação em Saúde”. Apesar da DCN ser abrangente em
termos geográficos, o Sudeste se destaca em número e demanda diferenciada: 40% dos farmacêuticos do
Brasil se encontram no Sudeste e 41,3% se formaram nessa mesma região (4). O estado de São Paulo e
Rio de Janeiro, primeiro e terceiro maiores polos industriais farmacêuticos do Brasil (5), tem alta
demanda por profissionais na área industrial/tecnológica, praticamente inexistente no resto do país.
Diante da necessidade de adequar nosso currículo, propôs-se um estudo dos estágios em relação aos
eixos e as áreas profissionais nas quais estes foram executados. Como os estágios são escolha do aluno
frente a oportunidade/oferta de vagas, esse estudo pode nos mostrar se a proposta nacional reflete nossa
realidade regional. As monografias ou trabalhos de conclusão de curso (TCCs) também foram avaliadas
em função dos eixos mais frequentes, no intuito de verificar se o eixo escolhido nesse trabalho poderia
predizer o escolhido nos estágios. A hipótese então, baseada na experiência de gestão do curso, foi a de
que a maioria dos alunos escolhe o tema da monografia no mesmo eixo escolhido dos estágios 1 e 2, que
a área profissional mais frequente é o de controle de qualidade de produtos, e que a proporção de alunos
que escolhe o eixo Cuidado é a menor entre as opções. Até este momento não identificados estudos
similares na área de educação farmacêutica.
Metodologia:
Pesquisa em base de dados de caráter descritivo quantitativo, transversal, com foco na descrição e
analise do perfil de estágios e monografias na graduação em Farmácia da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp).Foi selecionado o último quinquênio completo, anterior ao estudo (2012-2016).
Foram analisados os dados de todos os graduandos em farmácia da Unicamp que concluíram a disciplina
de TCC, as 2 disciplinas de estágios “livres” e o curso de graduação no período estudado. Os estágios
obrigatórios em área privativa em farmácias não foram incluídos por serem do eixo Cuidado em Saúde e
consequentemente não oferecer escolha de eixo. Os banco de dados consultados foram da Diretoria
Acadêmica (DAC) da Unicamp (ingresso e egresso do curso), da Comissão de estágios do curso de
farmácia e do Serviço de Apoio aos Estudantes (SAE – contém dados como datas e áreas de estágios), da
Comissão de TCC do curso de farmácia (temas do TCC).Os alunos foram avaliados em relação a variável
“permanência na faculdade”. As disciplinas de estágios e monografia foram analisadas de acordo com a
variável “eixo farmacêutico”, descrita na nova diretriz curricular e a variável “troca de eixo” entre as
disciplinas. Os estágios também foram classificados em relação a variável “área técnica de inserção” de
acordo com o praticado pelo mercado na divulgação de vagas. Os temas das monografias foram
analisados em relação a variável “termos”, referente as palavras utilizadas, excluído conjunções e
artigos.A permanência na faculdade foi calculada por média simples e desvio padrão do tempo de
conclusão do curso de farmácia dos alunos. Foi calculada a frequência absoluta e relativa de escolha dos
eixos em cada disciplina, da área técnica de inserção dos estágios (software Excel) e de cada termo dos
temas de monografia (software Wordclouds). O grau de concordância entre as disciplinas foi calculado
pelo coeficiente Kappa de Cohen (software Stata).
Resultados e discussão
os 138 graduandos avaliados concluíram o curso em 5,9 ± 0,1 anos. O período regular é de 5 anos,
sendo as maiores causas de extensão de curso a reprovação em disciplinas básicas e extensão de estágios
(dados ainda não publicados).
O eixo predominante dos estágios e monografias foi o de Tecnologia e Inovação, porém não houve
concordância entre o eixo escolhido para o TCC e os escolhidos para os estágios 1 e 2 (Kappa = 0,17 e
0,19, respectivamente). Houve concordância intermediária entre o eixo do estágio 1 e 2 (Kappa = 0,64),
provavelmente influenciada pelo fato de que ambas disciplinas podem ser realizadas em uma mesma
empresa e área, sob um único contrato de estágio. O eixo “Cuidado em Saúde” (n=37) foi o de menor
adesão entre as disciplinas, sendo que 81% (n=30) dos alunos que escolheram essa modalidade no TCC
realizaram os 2 estágios em eixos distintos. Já os que fizeram TCC na gestão ou tecnologia e inovação,
50% realiza pelo menos um estágio na mesma área.
Os estágios foram ainda classificados em função do perfil técnico da vaga, sendo a maior frequência
a de estágio em controle de qualidade, como esperado (28%), seguido de assuntos regulatórios (17%) e
pesquisa e desenvolvimento (12%) O campo de análises clínicas e toxicológicas, antes não obrigatório,
contribuiu com apenas 5% dos estágios no período de análise.
Os 138 TCCs mostraram como termos mais frequentes “avaliação” (18 temas), “caracterização” (12
temas) e “tratamento” (12 temas), representando 30% dos temas. Os trabalhos de caracterização foram
essencialmente experimentais, focados em formulações de medicamentos (farmacotécnica ou
associações) e caracterização de candidatos a fármacos, salvo um trabalho de mutação genética e outro de
alimentos. Já os temas envolvendo “tratamento” se relacionam em sua maioria a terapêutica de pacientes
(experimentais, observacionais ou de revisão), exceto um estudo in vitro e outro em animal. O termo
“avaliação”, apesar de mais utilizado, se mostrou mais genérico e relacionado a diferentes tipos de
estudos. Em relação a enfermidade mais frequente, “câncer” foi o foco de 9 temas.
Conclusão
O eixo Tecnologia e Inovação foi o de maior frequência de escolha nos anos estudados,
independente se estágio ou TCC, e o de “Cuidado” o menos escolhido nos estágios. Dessa forma, nossa
realidade no último quinquênio se diferencia do exigido pela nova DCN, na qual há clara predominância
do eixo “cuidado” e a obrigatoriedade do estágio em análises clínicas e toxicológicas (5% das escolhas
atuais).
O eixo do TCC não foi preditivo para os estágios, como hipotetizado, indicando que a escolha pela
área de atuação nos estágios curriculares é dependente das oportunidades disponíveis no mercado. Os
eixos dos estágios apresentaram concordância entre si, mas esta análise não distinguiu se o estágio 1 e 2
foram na mesma posição/empresa ou não.
Nos temas de TCC houve predominância do foco em medicamentos e terapêutica de doenças como
assuntos de escolha, em acordo com a tônica do projeto pedagógico atual. Sendo assim, acreditamos que
esse trabalho trouxe informações significativas para delinearmos um novo projeto pedagógico baseado
não só nas orientações acadêmicas e governamentais, mas também no mercado e escolhas dos alunos
durante o curso.
Bibliografia
(2) Brasil. Decreto n. 85.878, de 07 de abril de 1981. Estabelece normas para execução da Lei nº 3.820,
de 11 de novembro de 1960, sobre o exercício da profissão de farmacêutico, e dá outras providências.
(4) Serafin, Cláudia. Perfil do farmacêutico no Brasil: relatório. Conselho Federal de Farmácia, Brasília,
2015.
(5) Sindicato das Indústrias Farmacêuticas de São Paulo. Relatório de atividades 2016.Disponível em:
http://sindusfarma.org.br/cadastro/index.php/site/ap_publicacao_publicacoes/publicacao/118 Acesso em:
23 de Outubro de 2017.
Efeito no aprendizado e percepção discente sobre o uso de um jogo
educacional no ensino de fisiologia cardíaca
Inovação nas estratégias educacionais
Author: Lais Cardozo
Co-authors: Anna Clara Guarnieri, Beatriz Silva,
Ricardo Sleimann Jr, Fernanda Marcondes
Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar a percepção e o aprendizado dos alunos, após a utilização de um
jogo educacional no ensino do ciclo cardíaco. Graduandos em Odontologia assistiram a uma aula teórica
sobre as bases da fisiologia cardíaca, sem a descrição do ciclo cardíaco, foram orientados a estudar, em
livro texto, este tópico e o ciclo cardíaco. Na segunda aula, responderam questões alternativas e
dissertativas (pré-teste). Em seguida, realizaram uma atividade com o quebra-cabeças do ciclo cardíaco.
Na terceira aula, foram aplicadas outras questões sobre o tema estudado (pós-teste). As notas obtidas nos
testes foram comparadas através do teste t de Student (p<0,05). No início de outra aula, os alunos foram
convidados a responder questões sobre sua opinião sobre o quebra-cabeça utilizado. A média de notas na
avaliação realizada após a atividade com o quebra-cabeça do ciclo cardíaco foi maior do que a média das
notas obtidas no teste aplicado antes da atividade com o jogo. Na percepção dos alunos, o quebra-cabeça
auxiliou no seu aprendizado. Os resultados indicam que o uso do quebra-cabeça parece aumentar a
compreensão dos alunos sobre o ciclo cardíaco, resulta em maior aprendizado a médio prazo.
Introdução e objetivos
O quebra-cabeça do ciclo cardíaco foi desenvolvido para o ensino de fisiologia cardíaca, com o
objetivo de facilitar para o aluno a compreensão dos eventos que descrevem o bombeamento de sangue
pelo coração de forma rítmica e contínua (ciclo cardíaco) e das relações entre as características
morfológicas e funcionais do coração (MARCONDES et al, 2015). Em estudo anterior, observamos que
este jogo promoveu melhora no desempenho de alunos universitários, em um teste aplicado após a aula
com o quebra-cabeça para um grupo de alunos, e aula teórica ministrada a outro grupo (CARDOZO et al,
2016). O objetivo deste estudo foi avaliar, por meio de pré e pós-testes, o efeito do quebra-cabeças do
ciclo cardíaco no aprendizado dos alunos sobre o ciclo cardíaco, e verificar se há correspondência entre o
aprendizado e a percepção discente sobre a estratégia de ensino utilizada.
Metodologia
Este estudo foi aprovado pelo CEP-FOP (34/2015). Alunos do curso de Odontologia da FOP–
UNICAMP (n = 62), na primeira aula, assistiram a uma aula teórica curta (50 minutos) sobre as
características especiais das células cardíacas, porém sem a explicação do ciclo cardíaco e das relações
entre as características morfológicas do coração e seu funcionamento. Os alunos foram orientados a
estudar o conteúdo abordado em sala de aula e também o ciclo cardíaco, para um teste que seria aplicado
na aula seguinte. Na segunda aula, os alunos responderam as questões alternativas e dissertativas do pré-
teste. Após o pré-teste, os alunos realizaram a atividade (2h) com o quebra-cabeças do ciclo cardíaco, que
consiste em organizar figuras das fases do ciclo cardíaco e preencher uma tabela, com peças indicando o
estado dos átrios e ventrículos e das valvas cardíacas, e nome de cada fase. Durante a atividade os grupos
recebem questões para discussão. Na terceira aula, 3 dias após o pré-teste e a atividade com o quebra-
cabeça, os alunos responderam o pós-teste, composto por outras questões alternativas e dissertativas, que
abordavam o mesmo conteúdo do pré-teste. Após o término das aulas de fisiologia cardíaca, os alunos
foram convidados a responderem duas questões sobre a opinião deles em relação à utilização do quebra-
cabeça do ciclo cardíaco.
A média das notas obtidas no pré e pós testes foram comparadas através do teste t de Student para
dados pareados (p<0,05). E as respostas sobre a opinião dos alunos foram comparadas pelo teste exato de
Fisher (p<0,05).
Resultados
A média de notas na avaliação realizada após a atividade com o quebra-cabeça foi maior (7,57 ±
1,69) que a média de notas na avaliação realizada antes da atividade com o jogo, somente após aula
teórica e leitura (6,06 ± 2,32). A maioria dos alunos (71%) avaliou o jogo educacional como útil para seu
aprendizado por permitir uma melhor compreensão sobre o conteúdo e solucionar dúvidas. Para 21% dos
alunos, o jogo foi fundamental para o aprendizado, e indicaram que, sem esta atividade, não haviam
compreendido o tema. Para 8% dos alunos, o quebra-cabeça não foi necessário para a compreensão dos
tópicos estudados, mas foi útil para reforçar o que tinham aprendido. Nenhum aluno avaliou o jogo como
desnecessário para seu aprendizado. Dentre as justificativas indicadas pelos alunos, para a avaliação
acima, indicaram que o jogo educacional facilitou o entendimento do assunto, reforçou o que já haviam
aprendido, permitiu identificar e solucionar dúvidas, integrar os conceitos estudados e trocar
conhecimentos com os colegas, além de ser uma forma dinâmica de aprender e colocar em prática o que
haviam aprendido na aula teórica e com o estudo no livro. Alguns alunos avaliaram que, apesar de o jogo
ter ajudado no aprendizado, se o aluno não tiver os conhecimentos prévios necessários para realizar o
quebra-cabeça do ciclo cardíaco, ele não aproveitará tão bem a atividade.
Discussão
Em estudo anterior (CARDOZO et al, 2016) também observamos efeito positivo do quebra-cabeça,
em dois grupos de alunos, que assistiram aula ou fizeram atividade com o jogo educacional. Porém, nem
sempre a divisão em grupos é possível. No presente estudo, utilizamos pré e pós-testes para avaliar a
eficiência do jogo educacional, por ser esta uma forma de fácil implementação em cronogramas de
disciplinas. Portanto, este estudo indica que o uso do quebra-cabeça do ciclo cardíaco aumenta o
aprendizado dos alunos sobre fisiologia cardíaca, confirma a percepção dos mesmos, de que o jogo
contribui para o aprendizado e mostra uma outra forma de avaliar o efeito de um jogo educacional no
aprendizado.
Referências
BURLESON K.M., OLIMPO J.T. ClueConnect: a word array game to promote student
comprehension of key terminology in an introductory anatomy and physiology course. Adv Physiol Educ.
2016;40(2):223–8.
CARDOZO, L.T.; MIRANDA, A.S.; MOURA, M.J.C.S.; MARCONDES, F.K. Effect of a puzzle
on the process of students’ learning about cardiac physiology. Adv Physiol Educ. 2016;40(3):425–31.
DIRKS-NAYLOR, A.J. Effectiveness and student perceptions of an active learning activity using a
headline news story to enhance in-class learning of cell cycle regulation. Adv Physiol Educ.
2016;40(2):186–90.
FULLER K., LINDEN M.D., LEE-PULLEN T., FRAGALL C., ERBER W.N., RÖHRIG K.J. An
active, collaborative approach to learning skills in flow cytometry. Adv Physiol Educ. 2016;40(2):176–
85.
MARCONDES, F.K.; MOURA, M.J.C.S.; SANCHES A.; COSTA R.; LIMA P.O.; GROPPO F.C.;
AMARAL M.E.C.; ZENI P.; GAVIÃO K.C.; MONTREZOR L.H. A puzzle used to teach the cardiac
cycle. Adv Physiol Educ, v.39, p, 27-31, 2015.
SCHNEIDER M.V., JIMENEZ R.C. Teaching the Fundamentals of Biological Data Integration
Using Classroom Games. PLoS Comput Biol. 2012;8(12):1–8.
NOVAÇÃO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE
PEDAGOGIA: A EXPERIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DE
BRASÍLIA
Inovação nos estágios curriculares
Authors: Leyvijane Albuquerque de Araújo,
Carla Tereza P.R. Dantas,
Lívia Freitas Fonseca Borges
Resumo
Introdução
A concepção de inovação curricular que orienta a pesquisa aqui apresentada de forma resumida nos
remete à ideia de “renovação” (GOLDBERG, 1980) e de “rupturas epistemológicas” permeadas por
“processos de construção coletiva” (VEIGA, 2003). Os trabalhos referenciais dessas autoras
possibilitaram a identificação desses elementos conceituais no movimento de construção e
operacionalização das duas propostas de projeto de curso analisadas.
Método de Pesquisa
Nas DCN da Pedagogia a carga horária mínima do curso é de 3.200 horas e a carga horária do
estágio supervisionado é de 300 horas a ser realizado prioritariamente em Educação Infantil e nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental, contemplando outras áreas específicas, conforme previsto no projeto
pedagógico do curso.
Portanto, ao estágio dos cursos de pedagogia compete possibilitar que os futuros pedagogos
compreendam a complexidade das práticas institucionais e das ações aí praticadas por seus profissionais
como alternativa no preparo para sua inserção laboral.
Embora essa ampliação em princípio pareça benéfica para a qualidade do processo formativo dos
futuros pedagogos, as instituições formadoras enfrentarão muitos desafios para essa aparente pequena
ampliação da carga horária do estágio, entre eles, a contratação de docentes para ampliarem a oferta
regular do estágio curricular obrigatório, com destaque para o campo da gestão da educação, cuja ênfase
se faz notar nas diretrizes de 2015.
Segundo Zabalza (2014), o estágio curricular consiste em um conjunto de amplas funções vinculadas
ao processo de formaçãodos estudantes. Estas funções estão relacionadas com o pleno domínio do
conhecimento do campo profissional, com o adensamento por meio de novas experiências na construção
da identidade profissional, com a aquisição de referências práticas que aprimorem a significação das
questões apreendidas na universidade.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Resolução CNE/CP nº 1/2006, de 15 de maio
de 2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia,
licenciatura. Brasília, 2006.
GOLDBERG, Maria Amélia. A. Inovação educacional:a saga de sua definição.In: GARCIA, W.E.(Org.).
Inovação Educacional no Brasil:problemas e perspectivas. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1980.
PIMENTA, Selma G.; LIMA, Maria Socorro L. Estágio e Docência, São Paulo: Cortez, 2012.
Resumo
Introdução e objetivos
Metodologia
Resultados e discussão
A disciplina FQE é anual e possui uma carga horária de 120 h. Sua turma de 2017 possui 37
estudantes matriculados, dos quais 40% são do sexo masculino e 60% do feminino, sendo que a maioria
desses estudantes são ingressantes do curso de Licenciatura em Química, com faixa etária entre 18 a 21
anos (81%).
O objetivo da disciplina é propiciar que os alunos conheçam as normas de segurança e os
procedimentos básicos dos primeiros-socorros em laboratórios; aprendam a usar os códigos e linguagens
científicos, as técnicas elementares de trabalho e o manuseio adequado dos materiais de laboratório, além
de contribuir para a compreensão da organização do conhecimento químico e do modo de agir e de pensar
do químico nas suas atividades específicas. A disciplina contempla cerca de 14 experimentos que são
intercalados com aulas teóricas nas quais procura-se fazer uma discussão prévia do próximo experimento
e dos resultados obtidos no que já foi realizado. Na plataforma Moodle-Stoa da USP, os estudantes têm
acesso à apostila com os roteiros dos experimentos e precisam postar alguns materiais antes de
participarem das aulas:
ii) fluxograma sobre o procedimento experimental; iii) fluxograma sobre análise dos dados obtidos
no experimento; iv) Ficha de Informações de Segurança dos Produtos Químicos (FISPQ). A plataforma
possibilita saber rapidamente quais alunos enviaram esses materiais, visualizar o que foi postado e
escrever pequenos comentários para cada aluno. No entanto, o mais importante é que essa produção
escrita dos alunos norteiam as discussões que realizamos tanto no laboratório quanto nas aulas teóricas
pois elas nos mostram as dúvidas e os erros conceituais mais frequentes da turma.
Assim, nas aulas práticas, procuramos fazer uma espécie de chamada oral individual com questões
relacionadas principalmente aos aspectos práticos dos roteiros. Já nas aulas teóricas, para incentivar a
curiosidade dos estudantes e sua criticidade, solicitamos que eles elaborem previamente perguntas sobre o
que gostariam de aprender acerca do conteúdo que será discutido na aula. Em uma aula, por exemplo, na
qual seriam discutidos conceitos relacionados ao pH e ao uso de indicadores, os estudantes fizeram
perguntas tais como:
Por que quando estamos com dor de estômago, recomendam tomar refrigerante, se este tem acidez
alta? (Aluno 1) Por que o antiácido combate a azia? Como age o comprimido efervescente? (Aluno 2) Por
que quando fazemos molho de tomate caseiro, recomendam colocar açúcar no molho de tomate para
combater a acidez? (Aluno 3) Essas perguntas nos mostraram que os estudantes dessa turma estavam
interessados em relacionar o conteúdo com o cotidiano e esse foi o ponto de partida na aula construída
com os alunos.Vale ressaltar que, em todo esse processo, tivemos a participação de uma estagiária
voluntária do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino da USP que é mestranda do Programa de Pós-
Graduação em Química da FFCLRP/USP. Em síntese, a partir das atividades postadas pelos alunos no
Moodle Stoa da USP e nas discussões estabelecidas no laboratório e em sala de aula, percebemos que os
estudantes estão começando a abandonar sua tradicional passividade e a interagir de maneira mais intensa
em sala de aula. Ainda assim, os mesmos apresentam muitas dificuldades no que concerne à autonomia
na busca por diferentes saberes. O que nos faz repensar continuamente nosso papel como professoras pois
acreditamos, assim como Freire (1996), que ao educador cabe não apenas ensinar os conteúdos, mas
ensinar seus alunos a pensar, a criar suas próprias representações da realidade e a saber explicar os
fenômenos a partir de suas conclusões.
Referências Bibliográficas
BOGDAN, R., BIKLEN, S. Investigação Qualitativa em Educação – uma introdução à teoria e aos
métodos. Porto: Porto Editora, 1994.
CHASSOT, A.I. Catalisando transformações na educação. Ijuí: Unijuí, 1993.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,
1996.
MALDANER, O. A. A Formação Inicial e Continuada de Professores de Química professor/pesquisador.
Ijuí: UNIJUÌ, 2000.
MORÁN, J. Mudando a Educação com metodologias ativas. In: SOUZA, C.A.;
MORALES, O. E. T. (Orgs.). Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens.
Ponta Grossa: PROEX/UEPG, 2015. p. 15-33.
PEREIRA, L.T.K; GODOY, D.M.A.; TERÇARIOL, D. Estudo de caso como procedimento de pesquisa
científica: reflexão a partir da clínica fonoaudiológica. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 22, n.3, p.422-
429, 2009.
LESSON STUDY E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR QUE ENSINA
MATEMÁTICA: UM ESTUDO DAS EXPERIÊNCIAS E
EXPERIMENTAÇÕES CURRICULARES
Inovação nas estratégias educacionais
Author: FLÁVIA OLIVEIRA BARRETO DA SILVA
Co-author: DARIO FIORENTINI
Resumo
Introdução
Partindo do entendimento que o processo de formação do professor não acontece apenas como fruto
dos documentos oficiais e/ou das propostas curriculares, mas também das concepções construídas e das
implicações dos atos dos atores sociais envolvidos (atos de currículo), sendo as comunidades de prática
locus fértil e propício ao trabalho colaborativo entre a Universidade e a Educação Básica, a presente
pesquisa parte do interesse em compreender quais os atos de currículo construídos no Grupo de Sábado
(GdS), da Faculdade de Educação da Unicamp, a partir das experiências desenvolvidas com a
metodologia de formação docente, o Lesson Study.
A partir deste ano, o grupo está desenvolvendo o projeto de pesquisa intitulado “Lesson Study:
conhecimento e desenvolvimento profissional do professor que ensina matemática”, com aprovação de
financiamento pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O foco do
referido projeto é o desenvolvimento profissional e o conhecimento do professor que ensina matemática
na Educação Básica.
Diante disto, a presente proposta de pesquisa tem como objeto de estudo os etnométodos
mobilizados pelos membros do GdS para a realização das suas singularidades enquanto educadores
matemáticos. Como nos inspira Garfinkel (1976), os atores sociais não são ‘idiotas culturais’, produzem
etnométodos, ou seja, modos, jeitos, maneiras de compreender e resolver interativamente as questões da
vida, para todos os fins práticos. Visando problematizar/compreender o objeto de estudo em questão,
através de uma perspectiva intercrítica, o desenvolvimento da pesquisa se norteará, inicialmente, pelas
seguintes questões: Quais os atos de currículo construídos pelos educadores matemáticos do GdS? Quais
as suas inspirações teórico-epistemológicas e metodológicas? Como realizam seus movimentos
constitutivos, tomando suas temporalidades próprias? A dimensão do contexto epistêmico que envolve as
questões curriculares e a formação de professores, infere sobre o entendimento da relevância do estudo
proposto, por se debruçar numa investigação de práticas colaborativas dentro da Universidade, a partir
das experiências de um grupo de pesquisa respeitado e a proposta de formação docente, o Lesson Study,
reconhecida e utilizada em vários países. Minha proposta não é apenas identificar as produções e
concepções construídas dos sujeitos envolvidos no estudo, mas também compreender como concebem,
dinamizam e reverberam seus atos de currículo, contribuindo assim com o conhecimento produzido sobre
a formação dos professores que ensinam matemática.
Originalmente, o conceito de Lesson Study (LS) surgiu no Japão e compreende a preparação coletiva
de aulas por professores organizados em comunidades de estudo dentro das próprias escolas. As aulas
planejadas, ao serem desenvolvidas em sala de aula por um dos professores participantes, sendo
observadas in loco por outros integrantes do grupo e registradas e documentadas (áudio e vídeo
gravadas). Após a aula, os registros desta passa a ser analisada pelo grupo, visando à reformulação das
tarefas propostas e à melhoria das aulas, podendo estas serem utilizadas em outras classes, ou propondo
novas tarefas para a mesma classe.
Essa metodologia, nas últimas três décadas, tem ultrapassado a fronteira de seu país de origem,
sendo introduzida, primeiramente em outros da Ásia, atingindo, no final dos anos de 1990, os países
ocidentais. Doig e Groves (2011) destacam que pesquisadores ocidentais começaram a dar atenção a esta
metodologia a partir dos estudos de Yoshida (1999) decorrentes de sua tese de doutorado defendida na
Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Desde então, esta forma de desenvolvimento profissional
não está mais restrita ao Japão, tendo sido formados grupos de Lesson Study nos Estados Unidos, no
Reino Unido, na Austrália, na América do Sul, na África do Sul, em Portugal, na Indonésia, na Malásia
etc. No que se refere à relação desta metodologia de investigação da prática letiva com o
desenvolvimento profissional docente, Darling-Hamond e Lieberman (2012) destacam que, em diversos
países, consolidam-se práticas de desenvolvimento profissional como, por exemplo, o planejamento
colaborativo, a pesquisa-ação e, mais recentemente, o Lesson Study. Entende-se que ao realizarem essas
práticas, possibilita-se a oportunidade de estudar, analisar e problematizar, desde a formação inicial, a
atividade matemática real que acontece na escola e que é uma prática matemática diferente daquela
privilegiada e trabalhada em propostas tradicionais. A matemática de sala de aula é, na verdade, uma
matemática de relação e um processo de construção e de significação múltipla, diante da diversidade dos
alunos que frequentam a escola e que querem estabelecer sentido a esse saber. Assim, a metodologia
Lesson Study pode ajudar na formação dos professores que ensinam matemática, porque pode contemplar
tanto o processo formativo do professor como o investigativo, isto é, de produção de conhecimento. É
nesse contexto que estamos realizando à nossa pesquisa, pois entendemos que neste processo de formação
os professores estão também refletindo, ressignificando e construindo atos de currículo. Isso significa
reconhecer os educadores matemáticos como atores sociais que podem alterar as cenas curriculares e
serem coautores dos seus processos de aprendizagem (formação) pelos seus atos de currículo (MACEDO,
2011, 2013). E que ao se apropriarem de conceitos-dispositivos culturalmente significativos, podem
constituir autorizações, ou seja, tornarem-se coautores de si, como sujeitos sociais, para o exercício de
autonomizações (MACEDO, 2013), até porque são criadores de sentido e não apenas aplicadores de
propostas curriculares.
Referências
INTRODUÇÃO
A ProsaLyricaEducation - PLE foi idealizada por seus seis autores-personagens como em um ensaio
pirandelliano de formação de professores dos cursos de saúde. Todos os autores, professores brasileiros:
um sociólogo, dois médicos e três dentistas. A PLE pode ser retratada como um anti-Dorian
oscarwildeano. Ou ainda como produto principal da experiência de um desses autores junto ao Instituto
FAIMER Brasil. A PLE é uma metodologia mais que ativa, é insubmissa a padrões prévios e está para
além do ativismo em voga no cenário normativo e do discurso único das DCN para os cursos de saúde.
Trata-se de uma para-metodologia, meta-metodologia, mais que ativa, motora, sensitiva, perceptiva,
talhada para os desafios de quem ensina e lida com a dor e a delícia humana da vida.
“Senhor cidadão, Senhor cidadão, Me diga, por quê, Me diga por quê, Você anda tão triste? Tão
triste, Não pode ter nenhum amigo, Senhor cidadão, Na briga eterna do teu mundo, Senhor cidadão, Tem
que ferir ou ser ferido, Senhor cidadão, O cidadão, que vida amarga, Que vida amarga, Oh senhor
cidadão, Eu quero saber, eu quero saber, Com quantos quilos de medo, Com quantos quilos de medo, Se
faz uma tradição? Oh senhor cidadão, Eu quero saber, eu quero saber, Com quantas mortes no peito, Com
quantas mortes no peito, Se faz a seriedade? Senhor cidadão, Senhor cidadão, Eu e você, Eu e você,
Temos coisas até parecidas, Parecidas, Por exemplo, nossos dentes, Senhor cidadão, Da mesma cor, do
mesmo barro, Senhor cidadão, Enquanto os meus guardam sorrisos, Senhor cidadão, Os teus não sabem
senão morder, Que vida…”
OBJETIVOS
Encontrar a métrica e a lágrima do ser docente tal como um astronauta lírico do satolepiano Vítor
Ramil em sala de aula, para que o fazer docente ou ainda, o ser e o estar docente nunca seja como dantes,
seja sobremaneira difuso, diferente, distante do que o professor viu antes e aprendeu como única forma
possível. Segue o citado astronauta: https://www.youtube.com/watch?v=Sayb203gm34: Vou viajar
contigo essa noite, Conhecer a cidade magnífica, Velha cidade supernova, Vagando no teu passo sideral,
Quero alcançar a cúpula mais alta, Avistar da torre a Via-Láctea, Sumir ao negro das colunas,
Resplandecer em lâmpadas de gás - Eu, astronauta lírico em terra, Indo a teu lado, leve, pensativo, A lua
que ao te ver parece grata, Me aceita com a forma de um sorriso, Eu, astronauta lírico em terra, Indo a teu
lado, leve, pensativo - Quero perder o medo da poesia, Encontrar a métrica e a lágrima, Onde os
caminhos se bifurcam, Flanando na miragem de um jardim - Quero sentir o vento das esquinas,
Circulando a calma do meu íntimo, Entre a poeira das palavras, Subir na tua voz em espiral - Eu,
astronauta lírico em terra, Indo a teu lado, leve, pensativo, A lua que ao te ver parece grata, Me aceita
com a forma de um sorriso, Eu, astronauta lírico em terra - Indo a teu lado, leve, pensativo - Vou viajar
contigo essa noite, Inventar a cidade magnífica, Desesperar que o dia nasça, Levado em teu abraço sideral
- Eu, astronauta lírico em terra, Indo a teu lado, leve, pensativo.
De onde parto, com quem caminho e sigo propondo com esperança e invento, inovar na formação do
docente de ensino superior? Sou contemporâneo e também de antanho, sou jesuíta do passado e do
presente, escolanovista, anisiano, filho-lourenciano, darciribeiriano, comovido com a obra de Rubem
Alves, Paulo Freire, Salgado Maranhão, Marcelino Freire, Ferréz, Sérgio Vaz e outros então. Honro esta
tradição ou a falta dela, cito Eu, como cogito de Torquato Neto: “eu sou como eu sou – pronome pessoal
intransferível do homem que iniciei na medida do impossível / eu sou como eu sou agora sem grandes
segredos dantes sem novos secretos dentes nesta hora / eu sou como eu sou presente desferrolhado
indecente feito um pedaço de mim / eu sou como eu sou vidente e vivo tranquilamente todas as horas do
fim. Aqui me situo autor, e propositor deste trabalho como um esboço imperfeito de trovador nordestino
contemporâneo bebendo na fonte de Elomar Figueira de Melo nas Barrancas do Rio Gavião, e de José
Paes de Lira na sua Arcoverde agreste-sertânica. Um cearense de nascimento como Antonio Conselheiro,
menos messiânico e mais secular, como o piauiense e nosferatu antropofágico de novo Torquato Neto,
poeta da tropicália-marginália, e sua Teresina cajuínica, além de Mário Faustino, de mesmas sinas líricas.
Linhas de encontro ou de fuga da luz dos poetas populares Cego Aderaldo, Patativa do Assaré e dos
Batistas do Pajeú (Otacílio com seus irmãos Dimas e Lourival). Tudo começa a partir do Questionário
Proust modificado, em que os professores selecionam 5 das 27 questões e respondem de forma a não
envolver apenas a escrita tradicional, mas de um modo que envolva generosa e não violentamente a luta
corporal pela capacidade de expressão, de reinventar o livre pensar, o fluxo associativo de ideias, o
surrealismo de uma construção sem muitos freios, apenas os necessários para evitar maiores danos.
Resultados como nuvens de chuva serão benvindos. É preciso construir o amor aos dias de chuva, aos
dias cinzentos, nublados, construir o que o sertanejo acredita ser o “bonito para chover” ainda que feio e
nublado.Resultados serão qualitativamente avaliados, a partir de diversos referenciais como os estudos
culturais desenvolvidos por Raymond Williams, Richard Hoggart, Raymond Williams, Stuart Hall, mais
contemporaneamente por autores pós-coloniais como Homi Bhabha e Špivak Gayatri Chakrawôrty, e por
fim pelos autores decoloniais como Ramón Grosfoguel, Eduardo Restrepo e Joaze Bernardino-Costa.
RESULTADOS
Métricas assimétricas e lágrimas são esperadas. Sorrisos nervosos, amarelos, sorrisos tímidos,
gargalhadas estrondosas também. A construção do Yes, I can.
DISCUSSÃO
A ProsaLyricaEducation não pede ou prescinde pela originalidade, muito pelo contrário. Respeita e
pede a benção aos que vieram antes, mas insubmissamente ousa ir além. Por uma formação de
professores de cursos de saúde que até cheguem a doutores mas que não percam a capacidade de se
encantar com as coisas simples e por se deixarem ser encantados. Poesia aqui não vista com formação
menor, muito pelo contrário, densa, tortuosa, humana demasiada humana principalmente nestes tempos
sombrios vividos na Alemanha dos anos 40 e no Brasil contemporâneo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEVASCO, Maria Eliza. As Dez Lições Sobre os Estudos Culturais. São Paulo: Boitempo Editorial,
2003.
Elaboração e Redação de Artigos Científicos
Aplicando a aprendizagem ativa, conforme sugerida por Eric Mazur, da Universidade Harvard, e a
utilizando Peer Instruction, aprendizagem pelos pares, foi elaborada uma disciplina que teve como foco a
elaboração de artigos científicos. Metodologia: Alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado se
inscrevem na disciplina e são convidados a elaborar um artigo, escolher a revista e redigir conforme as
regras da revista. No primeiro dia de aula a professora apresenta documentos sobre ética na ciência,
plagio e estruturas dos diferentes artigos. Uma semana antes de sua apresentação, os alunos autores de
seus trabalhos, devem encaminhar via e-mail o material elaborado, artigo, carta de apresentação do artigo,
figuras e tabelas se for o caso, para seus colegas que participarão como revisores da revista escolhida. Os
colegas avaliarão a adequação do trabalho ao escopo da revista, o conteúdo da carta de encaminhamento,
bem como o artigo na integra, finalizando, o aceite da publicação, retorno para correções ou a rejeição do
trabalho. O parecer deve conter elogios, análise de formatação e de conteúdo. No dia da apresentação, o
aluno autor deverá fazer uma breve apresentação de seu artigo e seus colegas apresentarão seus pareceres
dando a oportunidade ao aluno autor de se defender e argumentar sobre as possíveis criticas. Para evitar
plágios dos pareceristas, estes devem encaminhar previamente seus pareceres. Resultados: Nas primeiras
três semanas os alunos ficam literalmente perdidos e confusos principalmente no tocante a avaliação de
conteúdo. Eles estão prontos a criticar forma, mas o conteúdo têm muitas dificuldades. Os elogios são
pobres e com pouco fundamento. A partir da quarta semana os alunos já começam a apresentar uma
excelente personalidade na avaliação do colega e os pareceres começam a ganhar estrutura e fundamento.
Ao final da disciplina os alunos ganham uma prontidão e visão critica extremamente construtiva tanto do
colega como do artigo, contribuindo assim de forma significativa para o aprimoramento do trabalho do
colega e de seu próprio trabalho. Cerca de 80% dos alunos participantes da disciplina de doutorado tem
seus artigos publicados no semestre posterior ao termino da disciplina. Podemos concluir que a
aprendizagem pelos colegas gera uma linguagem própria e se be direcionados pelos professores podem
atingir resultados mais relevantes e conhecimento mais duradouro.
Mazur, E. (1997). Peer Instruction: A User's Manual, Prentice Hall. ISBN 0-13-565441-6
Aprendendo fisiologia animal comparada elaborando material didático
Inovação nas estratégias educacionais
Authors: Filipy Borghi, Priscila Cristina da Silva, Camila Morais,
André Schwambach Vieira, Dora Maria Grassi-Kassisse
O ensino de Fisiologia Animal Comparada é uma atividade eletiva no currículo dos cursos de
Ciências Biológicas na Unicamp. Esta disciplina tem 4 créditos e deve abordar os sistemas nervoso,
locomotor, digestório, endócrino, reprodutor, cardiovascular, respiratório e renal em invertebrados e
vertebrados (Moyes & Schulte, 2010). Pautados na aprendizagem pelos pares, conforme indica Mazur
(1997) e com a cultura de não sacrificar animais para o aprendizado, elaboramos três diferentes formas de
apresentar a disciplina e deu conteúdo. Metodologia: O primeiro oferecimento foi em 2s2016 os alunos
matriculados foram divididos em grupos de 5 alunos. O conteúdo foi apresentado em sistemas, sendo 2h
de teórica para o professor, e nas duas semanas seguintes os alunos dos diferentes grupos apresentavam o
conteúdo do referido sistema para seus colegas e um estudo de caso descrevendo a importância daquele
sistema. O oferecimento do 1s2017 foi no período noturno e novamente os alunos foram divididos em
grupos, diferente do 2s2016, os alunos receberam artigos para se inspirarem para os estudos de caso,
tendo também a tarefa de apresentar o conteúdo informacional aos seus colegas. No oferecimento atual,
2s2017, a disciplina foi novamente reestruturada, e ao invés de abordagem por sistemas, seguimos a
abordagem do ambiente conforme indicado por Schmidt-Nielsen, 2002. Os alunos foram convidados a
eleger um animal ou um grupo de animais para detalhar a fisiologia deste. Em todos os semestres a
avaliação foi continuada, não houve prova, e ao final o material didático produzido deveria ser entregue
após as correções e aperfeiçoamentos sugeridos pelos pares. Resultados: Em todos os semestres houve
adesão total dos alunos as tarefas indicadas, os materiais produzidos estão em fase final de divulgação, e a
criatividade foi enriquecedora. Houve nas avaliações de curso e de disciplina realizados no IB, elogios a
forma de oferecimento da disciplina, incluindo relatos pessoais de como a disciplina ensinou a elaboração
de criticas aos colegas, aperfeiçoamento de redação e critérios de aprendizagem ativa. Conclusão: trazer o
aluno matriculado como protagonista do aprendizado envolve, enriquece e agrega.
Mazur, E. (1997). Peer Instruction: A User's Manual, Prentice Hall. ISBN 0-13-565441-6
Moyes, C.D. & Schulte, P.M. Princípios de Fisiologia Animal, 2a.edição, Artmed (2010);
Schmidt-Nielsen, Knut Fisiologia Animal-Adaptação e meio ambiente, 5a.edição, Editora Santos, 2002
O USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA EM SALA DE AULA POR
ESTUDANTE CEGO NO ENSINO SUPERIOR
RESUMO
O objetivo deste trabalho é descrever uma das atividades desenvolvidas pela pedagoga especializada
com aluno cego da graduação em Fonoaudiologia com o uso de PC, notebook e linha braille em sala de
aula. Este estudo é de natureza qualitativa e as estratégias metodológicas utilizadas para sistematização e
análise de dados foram os registros de observação realizados durante o ensino do uso dos equipamentos,
feedback de professores (e-mails, relatos pessoais e outros documentos), bem como relatos do próprio
aluno. Antes de entrar no ensino superior, o aluno tinha domínio apenas da máquina braille, no que diz
respeito à escrita; hoje também domina o PC, o notebook e a linha braille. Utiliza o notebook e a linha
braille em sala de aula desde o início do ano letivo de 2017; no mês de abril, realizou a primeira prova
nesses equipamentos. O tema “Inclusão” é um assunto ainda muito discutido, dada sua complexidade.
INTRODUÇÃO
Este trabalho é uma das atividades desenvolvidas pela pedagoga especializada na área da deficiência
visual com aluno cego da graduação em Fonoaudiologia, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) –
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desde abril de 2016 até a presente data. A profissional
atua no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação “Prof. Dr. Gabriel de Oliveira Porto” (Cepre), da
Faculdade de Ciências Médicas (FCM) – Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no ensino da
leitura e escrita braille e em recursos de informática.
Em 2016, um candidato cego congênito, com domínio no uso da máquina de escrever braille, mas
não do PC, passou no vestibular. As atividades da pedagoga com o aluno iniciaram-se em 1º de abril de
2016 no PC e com o leitor de tela NVDA, estendendo-se até o final do mês de setembro do mesmo ano. A
partir de 30 de setembro de 2016, iniciaram-se atividades no notebook, equipamento adquirido para uso
do próprio aluno tanto em sala de aula quanto em sua casa, ou seja, o equipamento ficaria com o aluno.
Em 4 de novembro de 2016, iniciou-se atividade com a linha braille, que se acopla ao notebook.
Portanto, o aluno passou a utilizar esses equipamentos em sala de aula a partir do início das aulas de
2017, pois só foram entregues para o aluno em 15 de dezembro de 2016 por motivo de documentação de
uso e permanência durante o curso.Em abril de 2017, o aluno, que realizava provas utilizando sua
máquina de escrever em braille, utilizou um notebook e a linha braile para fazer uma prova por escolha de
um professor no dia do exame. Observa-se que o atendimento educacional especializado às pessoas com
deficiência passa a ser considerado a partir da Constituição de 1988, conforme seu artigo 208, Inciso III –
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino (BRASIL, 1988).
OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é descrever uma das atividades desenvolvidas pela pedagoga especializada
com um aluno cego da graduação em Fonoaudiologia com o uso de PC, notebook e da linha braille em
sala de aula.
METODOLOGIA
RESULTADOS
Antes de entrar no ensino superior, o aluno tinha domínio apenas da máquina braille, no que diz
respeito à escrita. Hoje também domina o PC, o notebook e a linha braille. Utiliza o notebook e a linha
braille em sala de aula desde o início do ano letivo de 2017 e no mês de abril realizou a primeira prova
nesses equipamentos, tendo sido também opção de outros professores. A pedagoga especializada foi
elogiada por seu trabalho via e-mail, documentos e pessoalmente por alguns professores do curso, tanto
da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) como do Instituto de Biologia (IB) e do Instituto de Linguagem
(IEL). O aluno foi considerado um dos melhores alunos da turma em 2016. Salienta-se que é muito
dedicado e estudioso no seu cotidiano escolar.
DISCUSSÃO
O aluno – cego congênito – foi alfabetizado pelo braille, por volta dos 7 anos de idade. Portanto, lia
e escrevia em braille durante seus estudos e em seu cotidiano, mas conhecia pouquíssimo sobre a
informática. Seus pais o ajudavam no computador, lendo e escrevendo e-mails, fazendo pesquisas etc.
Quando se iniciou na aprendizagem da informática, em 1º de abril de 2016, em PC, tudo era praticamente
novo para ele.
Os formatos das provas realizadas pelo aluno até o mês de abril de 2017 foram em braille (questões
dadas pelo professor e transcritas em braille, e respostas dadas pelo aluno, escritas na máquina de
escrever braille). A primeira prova realizada no notebook e linha braille ocorreu quando, no dia da prova
marcada, um imprevisto aconteceu com a máquina braille e o professor perguntou ao aluno como fazer;
este respondeu que poderia tentar fazer no notebook, o que foi aceito pelo professor. A prova foi realizada
com sucesso e, a partir daí, outros professores optaram pelo mesmo procedimento.O tema “inclusão” é
assunto bastante complexo. Vários autores debatem e pesquisam sobre o tema, de maneira que ainda há
muito que se discutir.
[…] ao longo dos últimos trinta anos, tem-se assistido a um grande debate acerca das vantagens e
desvantagens, antes, da integração escolar, e, mais recentemente, da inclusão escolar. A questão sobre
qual é a melhor forma de educar crianças e jovens com necessidades educacionais especiais não tem
resposta ou receita pronta. Na atualidade, as propostas variam desde a idéia da inclusão total – posição
que defende que todos os alunos devem ser educados apenas e só na classe da escola regular – até a idéia
de que a diversidade de características implica a existência e manutenção de um contínuo de serviços e de
uma diversidade de opções. (2006, p. 396).
De acordo com a autora, a discussão começou quando ainda era utilizado o termo “integração”, nos
idos de 1976, e como já dito, foi a partir de 1988, com a publicação da Constituição, que começa a ser
considerada a educação das pessoas com deficiência.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado,
1988.
MENDES, E.G. A radicalização do debate sobre a inclusão escolar no Brasil. Revista Brasileira de
Educação, v. 11, n. 33, set./dez. 2006.
EXPERIÊNCIAS DE MAPEAMENTO DAS PRÁTICAS
CORPORAIS NO CAMPUS ENGENHO NOVO II (CENII)
Resumo
Introdução e objetivos
No ano de 2016, o Departamento de Educação Física (DEF) do Colégio Pedro II, (CPII) iniciou um
novo processo de reestruturação curricular. Esse processo envolveu a participação significativa do corpo
discente dos 14 Campi, matriculados na parte final de cada ciclo de formação (5º ano e 9º ano do Ensino
Fundamental e 3º ano do Ensino Médio). Dentre as intenções explicitadas pelo grupo envolvido nesta
elaboração estava a criação de um currículo que contemplasse identidades docentes e discentes e a escrita
democrática inclusiva, que se tornou uma das premissas básicas da construção desse documento.
Partindo da ideia do diálogo e do comprometimento entre os pares para a consecução dos objetivos
do currículo democrático, este trabalho propõe a seguinte questão: de que forma construir um currículo
através do qual os temas possam ser socialmente relevantes, atender às demandas da contemporaneidade
e, sobretudo, possam servir de referência para o questionamento da própria realidade pelos estudantes?
Assim, o objetivo central deste trabalho é apresentar e analisar experiências de mapeamento das
práticas corporais realizadas no Campus Engenho Novo II (CENII) do Colégio Pedro II, com vistas à
implementação de um currículo intercultural em Educação Física.
Metodologia de estudo e forma de análise de resultados
De maneira específica, a inovação pedagógica aqui analisada seguiu o ciclo metodológico para a
Pesquisa-Ação proposto por Chisté (2016), que considera quatro momentos: a) identificação das situações
iniciais, b) planejamento das ações, c) realização das atividades previstas e d) avaliação dos resultados
obtidos.
Vale dizer, ainda, que o processo de análise tem sido desenvolvido de modo qualitativo e
interpretativo, a partir da validação intersubjetiva dos sentidos e significados produzidos a partir desses
resultados que ocorrem no contexto das reuniões de planejamento e avaliação feitas pelo grupo de
professores, presencialmente, e em ambientes virtuais de interlocução.
Resultados
Na fase de planejamento das ações, os integrantes possuem um papel ativo, buscam reflexões
contínuas e traçam estratégias (CHISTÉ, 2016). As principais estratégias foram elencadas, a partir do
mapeamento e do trabalho desenvolvido com as certificações trimestrais. Na primeira certificação foram
estabelecidas discussões a respeito de reflexões acerca da cultura corporal, do diálogo como meio de
democratização de vivências e da importância de conhecer as manifestações da cultura corporal presentes
no cotidiano dos sujeitos que habitam a comunidade escolar. Para a segunda certificação, foram
valorizadas temas como o papel da juventude em relação à cultura corporal na escola, práticas corporais
vivenciadas durante as aulas e nas pesquisas realizadas e ampliar o exercício democrático na
vivência/experiência curricular.
Os resultados das atividades previstas estão diretamente relacionados ao produto, isto é, ao resultado
almejado, bem como ao envolvimento dos sujeitos nesse processo para a implementação da intervenção
planejada (CHISTÉ, 2016). Pode-se relacionar a esses resultados à realização de reflexões coletivas sobre
as práticas corporais cotidianas, a produção de materiais didáticos, entre outras.
Discussão
Nesta etapa, baseado em Chisté (2016), relacionar a avaliação com os objetivos estabelecidos, além
de consolidar a parceria e a alteridade foram características necessárias para o desenvolvimento e a
continuidade da proposta do currículo. Observamos que o cotidiano escolar, especificamente no que se
refere às aulas de Educação Física, foi atravessado por práticas democráticas em que as decisões foram
discutidas por todos os envolvidos.
O processo de mapeamento constituiu o ponto de partida para o planejamento e seus resultados têm
alimentado a condução das atividades. Diante disso, a equipe tem buscado desenvolver processos
autorregulatórios nos quais os alunos são desafiados a organizar os saberes a partir de diferentes
linguagens, compartilhar conhecimentos com os companheiros de turma e também com os professores.
Portanto, delineamos considerações – ainda que provisórias, mas com o intuito de gerar inovações
pedagógicas e promover um currículo democrático – que culminaram na organização da segunda edição
dos Jogos Interculturais do CENII que incluirá várias ações e trabalhos desenvolvidos ao longo do ano
letivo, ressaltando a importância da promoção de espaços colaborativos. Nesse sentido, as tomadas de
decisão estão sendo mediadas pela Equipe de Educação Física e organizadas pelos próprios alunos, com
ações que potencializam a (re)criação de práticas corporais, transcendendo a dimensão do fazer e
incluindo a dimensão do pensar e do transformar, de modo que haja a (re)configuração de lógicas
coletivas, participativas e dialógicas.
Resumo
Tendo por pressuposto que a inovação como temática formativa no âmbito do currículo prescrito
(SACRISTÁN, 1998) cumpre uma função indutora do processo inovador e constitui-se elemento
indispensável para fomentar políticas institucionais de inovação nas universidades, a presente pesquisa
teve por objetivo analisar Projetos Pedagógicos de Cursos de Licenciatura Letras-Português em
universidades públicas federais do Brasil. Dadas à complexidade e às dificuldades de ensinar e aprender a
língua portuguesa, as dimensões teóricas e metodológicas decorrentes deste processo pedagógico indicam
a necessidade de investigações acadêmicas neste campo científico. Os resultados da pesquisa
identificaram a temática da inovação ainda incipiente nos projetos pedagógicos dos cursos, no ensino,
estando mais presente na pesquisa universitária.
Introdução
Para introduzir a temática da inovação curricular nos projetos pedagógicos de curso de graduação
(PPC), faz-se necessária a compreensão do conceito de currículo prescrito cunhado por Sacristán (1998):
[...] Em todo sistema educativo, como consequência das regulações inexoráveis às quais está
submetido, levando em conta sua significação social, existe algum tipo de prescrição ou orientação do que
deve ser seu conteúdo, principalmente em relação à escolaridade obrigatória. São aspectos que atuam
como referência na ordenação do sistema curricular, servem de ponto de partida para a elaboração de
materiais, controle do sistema, etc.[...] (p. 104)
A inovação como temática formativa no currículo prescrito (SACRISTÁN, Id) cumpre função
indutora do processo inovador constituindo elemento indispensável para fomentar políticas institucionais
de inovação nas universidades, bem como nos cursos de formação docente. A partir deste pressuposto,
optamos por investigar esta temática nos documentos oficiais que instituem a política pública educacional
da educação superior no Brasil, com foco na formação dos futuros professores de língua portuguesa da
educação básica. Destacamos cursos de licenciatura pela recorrência das críticas que lhes são atribuídas,
por não desenvolverem projetos inovadores capazes de formar profissionais em condições acadêmicas e
laborais para enfrentarem as adversidades da profissão.
Metodologia de Pesquisa
Resultados e discussão
O autor contribui para a compreensão das inovações além dos processos pedagógicos, no contexto
histórico-cultural em que se inserem. A partir deste entendimento de inovação foi possível detectar que
vocábulos a ela referentes ou seus congêneres se apresentaram no nível do currículo prescrito
(SACRISTÁN, 1998). Os achados da pesquisa possibilitaram identificar a temática da inovação ainda
bastante incipiente nos PPC analisados no ensino, estando mais presente na pesquisa universitária. A
inovação nos PPC analisados se apresenta de diferentes formas e pelo uso de termos correlatos, nem
sempre de fácil identificação.
Referências bibliográficas
CUNHA, Maria Isabel. Inovações na Educação superior: impactos na prática pedagógica e nos
saberes da docência. In: Em Aberto, Brasília, v. 29, n. 97, p. 87-101, set/dez 2016.
SACRISTÁN, J. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas,
1998.
RESUMO
O objetivo geral deste trabalho é difundir o tema “deficiência visual” para graduando(s) do curso de
Música. Há uma carência de professores de música com conhecimento na área da deficiência visual,
inclusive sobre a musicografia braille. Este trabalho é parte do projeto intitulado “A pessoa com
deficiência visual e a música”, desenvolvido em parceria com o Serviço de Apoio ao Estudante (SAE),
ligado à Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Este estudo é de
natureza qualitativa e as estratégias metodológicas utilizadas para sistematização e análise de dados foram
os registros de observação realizados durante o ensino do braille, discussão conjunta dos resultados
obtidos e aplicação no ensino da música para alunos com deficiência visual. A bolsista já começou a
aplicar seus conhecimentos sobre o braille em aulas com alunos cegos.
INTRODUÇÃO
Este trabalho é parte do projeto intitulado “A pessoa com deficiência visual e a música”,
desenvolvido em parceria com o Serviço de Apoio ao Estudante (SAE), ligado à Pró-Reitoria de
Graduação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O SAE é responsável por assegurar a
permanência estudantil aos alunos de baixa renda da universidade. Por meio de uma triagem, os alunos
deferidos (com condições financeiras mais baixas) são contemplados com as bolsas para as quais se
candidataram. Uma das bolsas oferecidas é a Bolsa Auxílio Social (BAS), que consiste em ajuda
financeira com contrapartida de trabalho. O aluno apto escolhe o trabalho a partir do resumo do projeto e
das funções do bolsista. Ele então se vincula a um projeto e pode ser aceito ou não pelo orientador. Sendo
aceito, o aluno inicia suas atividades seguindo o plano estipulado no projeto.
A pedagoga especialista atende adolescentes, adultos e idosos com deficiência visual no ensino da
leitura e escrita braille e em recursos de informática no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação
Prof. Dr. Gabriel de Oliveira Porto” (Cepre), da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) – Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp). O projeto “A pessoa com deficiência visual e a música” nasceu do
interesse pelo aprendizado de um instrumento musical manifestado por alguns alunos atendidos pela
pedagoga no Centro de Reabilitação. O motivo do interesse era o desejo de conhecer tal instrumento,
contato prévio com a música ou, ainda, o fato de não terem tido esse contato. Esses alunos relataram ter
procurado uma escola de música, mas não terem tido êxito em suas buscas.
Em contrapartida ao ensino da música aos alunos, a pedagoga abordará o tema “deficiência visual”,
indicando leituras e discussões; posteriormente, foi incluído o ensino do braille para a bolsista, para que
ela possa, futuramente, dar aulas utilizando partituras em braille. A partir daí o projeto foi enviado, no
final de 2015, para análise do SAE. O projeto foi aprovado e uma aluna que cursava o segundo ano (em
2016) do curso de graduação em Música mostrou interesse no projeto. A aluna havia se inscrito para a
Bolsa Auxílio Social (BAS). Em agosto de 2017, outro bolsista, do 1º ano do curso de graduação em
Música, iniciou atividades no projeto.
A música traz diversos benefícios: ajuda na concentração, coordenação motora, respiração, estimula
a memória, trabalha o ouvido, bem como diversos músculos. Também alivia o estresse do dia a dia e traz
sensações de bem-estar. Portanto, a proposta deste trabalho, além de proporcionar a realização do desejo
de pessoas com deficiência visual de tocar um instrumento, dá a oportunidade de estudantes do curso de
Música conhecerem o tema “deficiência visual” e aprenderem a leitura e a escrita braille.
OBJETIVOS
METODOLOGIA
RESULTADOS
Iniciamos com discussões sobre o tema “deficiência visual” e leituras indicadas pela profissional
especializada. Posteriormente, incluiu-se o ensino do braille. Todas as aulas do ensino de música são
acompanhadas pela pedagoga especialista, assim, dúvidas sobre como lidar com a pessoa com deficiência
visual, por exemplo, são sanadas no decorrer das aulas. O ensino do braille consistiu em trabalhar a
memorização dos pontos, a leitura de palavras, frases, trechos e páginas inteiras e a escrita na reglete e
máquina de escrever braille. A bolsista já começou a aplicar seus conhecimentos sobre o braille nas aulas
com alunos cegos. Por exemplo, Jane (nome fictício), 71 anos, cega desde os 64 anos de idade, tem
dificuldade para memorizar. Assim, a bolsista fez uma sequência de letras em braille relativa às notas
musicais, para que Jane conseguisse memorizar. Vale ressaltar que essa iniciativa foi da própria bolsista.
DISCUSSÃO
O interesse em aprender a tocar um instrumento foi verbalizado por vários usuários/alunos com
deficiência visual durante os atendimentos no ensino do braille e/ou recursos de informática, pois foram
recusados por escolas e/ou professores particulares.
Os dados mostram que, no início de sua formação musical, nenhum participante teve professores
com preparo para ensino especializado a pessoas com deficiência visual – e os participantes se
ressentiram dessa falta. Apesar disso, em alguns casos houve envolvimento ativo na busca de estratégias
para considerar as necessidades específicas de aprendizagem e acesso à partitura. Para alguns, a demanda
que se fazia ao professor de música era singela […] enquanto outros expressaram necessidades que
exigiriam preparo especializado por parte do professor. Wagner, por exemplo, chegou a desistir de
aprender violão clássico por alguns anos porque ficou desanimado com a falta de um professor que
tivesse preparo para ensiná-lo. (2014, p. 412).
Este é um dos estudos que abordam a questão da falta de professor de música preparado para atender
pessoas com deficiência visual. Há procura de professores de música que atendam a essa clientela, mas
não são encontrados nas escolas de música e nem em aulas particulares. A demanda nessa área existe,
então se buscou atendê-la com professores ainda na graduação em Música, ensinando-lhes paralelamente
o braille, com isso difundindo o tema da deficiência visual.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, L. A. C. de; REILY, L. H. Relatos de músicos cegos: subsídios para o ensino de música
para alunos com deficiência visual. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 20, n. 3, p. 405-
420, jul.-set., 2014.
Nova Prática de Ensino Baseado em IoT
Resumo
Esse trabalho visa apresentar uma proposta de ensino aplicado na disciplina EU604 - Automação
Industrial, do Curso de Engenharia de Manufatura da FCA (Faculdade de Ciências Aplicadas). Para isso
utilizou-se a plataforma de internet das coisas (IoT) como projeto de conclusão da disciplina. Os alunos
tinham que desenvolver um trabalho baseado nessa plataforma e apresentar ao professor sua
funcionalidade e seu código-fonte. Os resultados foram bem satisfatórios, uma vez que foi possível
verificar a criatividade e as habilidades dos alunos envolvidos.
Introdução e Objetivos
Várias causas são apontadas como responsáveis pelo gap de conhecimento docente-aluno ao final de
uma disciplina de nível superior. Algumas, tais como a falta de instrução pedagógica para docentes, em
geral verdadeiros experts na disciplina, mas pouco preparados para o ensino, parecem ser controversas
(Allen, & Rueter, 1990); outras tais como a falta de um ambiente mais excitante para o ensino são, ao
contrário, bem consensuais (Bonwell, & Eison, 1991), e resultaram em propostas inovadoras de
aprendizado, tais como “aprendizado ativo” (Bell, & Kahrhoff, 2006) e PBL, Problem Based Leraning
(Kolmos, Fink, & Krogh, 2004).
O objetivo desse artigo é apresentar uma nova proposta de ensino que mescla Aprendizado Ativo e
PBL IoT-Based, na disciplina EU604 - Automação Industrial, do Curso de Engenharia de Manufatura da
FCA (Faculdade de Ciências Aplicadas) ministrada com mínima intervenção docente, na qual os alunos
são motivados a definirem e resolverem um problema prático com solução baseada em IoT.
Resultados e Discussões
A experiência foi muito bem sucedida, com trabalhos muito bem feitos, com grande participação de
todos os integrantes de cada grupo, sendo que os mais interessantes foram: 1) Ventilador acionado
remotamente por um SmartPhone, 2) Automação industrial utilizando plataforma IoT, e 3) Planta IoT que
envia Twitter automaticamente quando está com sede.
As notas dos alunos, cuja média foi 8.0, refletiu com alta correlação o aprendizado da turma, que
pode ser demostrado na arguição sobre código fonte dos projetos, bem como na funcionalidade objetiva e
concreta de sua implementação nos dispositivos utilizados.
Conclui-se que a IoT tem enorme potencial, a um custo bem modesto, de revolucionar os métodos de
aprendizado, mormente em disciplinas de engenharia com alguma atividade laboratorial.
Referências Bibliográficas
Allen, R. R., & Rueter, T. (1990). Teaching assistant strategies: An introduction to college teaching.
Dubuque, IA: Kendall/Hunt.
Bell, D., Kahrhoff, J. Active Learning Handbook Institute for Excellence in Teaching and Learning,
Institute for Excellence in Teaching and Learning, Webster University, 2006.
Bonwell, C.C., & Eison, J.A. (1991). Active learning: Creating excitement in the classroom. ASHE-
ERIC Higher Education Report No.1. Washington, DC: The George Washington University, School of
Education and Human Development.
Bransford, J.D., Brown, A.L., & Cocking, R.R. (Eds). (1999). How people learn: Brain, mind,
experience, and school. Retrieve July 13, 2009 from http://www.nap.edu/openbook.php?record_id=6160.
The National Academies Press Open Book.
Kolmos, A. Fink, F.K. & Krogh, L. (eds.): The Aalborg PBL Model. Aalborg: Aalborg University
Press. 2004.
Shulman, L. S. (1987). Knowledge and teaching: foundations of the new reform. Harvard
Educational Review, 57, 1-22.
Nas Asas do Dragão – Aprendizagem Ativa, Criatividade e Reflexão
Crítica na Formação de Futuros Biólogo
Inovação nas estratégias educacionais
Authors: Carolina Stefano Mantovani, Ana de Medeiros Arnt, Lúcia Elvira Alvares
Resumo
O projeto didático “Nas Asas do Dragão” foi criado para possibilitar a aplicação de conhecimentos
teórico-práticos na elaboração de um projeto científico de criação de um “dragão”, trazendo o lúdico e
imaginário para a sala de aula como recurso facilitador do aprendizado. A proposta foi elaborada para
valorizar a criatividade, capacidade de reflexão crítica e participação ativa dos alunos da disciplina
“BH520 - Biologia do Desenvolvimento” do curso de Ciências Biológicas da Unicamp. O presente
trabalho tem por objetivo apresentar as percepções dos alunos com relação ao alcance dos objetivos da
disciplina, com base em análises qualitativas de questionários sobre a vivência dessa metodologia de
aprendizagem ativa. Termos como “criatividade” e “diversidade” surgiram com frequência nas
considerações positivas sobre os projetos desenvolvidos. Também foram relatados resultados positivos
quanto à percepção do desenvolvimento de habilidades e competências e às possibilidades de integração
pesquisa-ensino-extensão como parte essencial de sua formação. Entre as principais dificuldades citadas
estiveram o tempo reduzido para desenvolver as atividades e aspectos de ordem pessoal envolvidos no
processo de aprendizagem. Com base nos resultados obtidos, novas ideias para aperfeiçoamento da
proposta estão sendo organizadas para serem colocadas em prática nos próximos oferecimentos da
disciplina.
Introdução e objetivos
Para ir além do ensino de conceitos de uma área investigativa e garantir a formação adequada dos
alunos, é preciso buscar objetivos mais amplos. Para tal, é essencial que os alunos se tornem participantes
ativos e críticos do seu próprio processo de aprendizagem. A própria missão do Instituto de Biologia (IB)
aponta o essencial:
(Unicamp, 2012).
Dentro deste contexto, foi elaborado o projeto didático “Nas Asas do Dragão” para a disciplina
BH520 como alternativa ao ensino tradicional, tendo como base experiências práticas prévias das
docentes, bem como estudos dos princípios teóricos e vivências da Aprendizagem Baseada em Problemas
(ABP; Munhoz, 2015).
A partir da atuação das docentes como tutoras de grupos de alunos, a aprendizagem ativa foi
estimulada por meio da elaboração de um projeto para aplicação de conhecimentos teórico-práticos da
Biologia do Desenvolvimento em conjunto com outros interesses dos alunos. O pano de fundo dos
projetos foi a criação de um “dragão”, trazendo o lúdico e imaginário para a sala de aula como recurso
motivador do aprendizado.
O presente trabalho tem por objetivo apresentar as percepções dos alunos com relação ao alcance
dos objetivos da disciplina BH520, com base na análise de questionários que foram aplicados ao longo do
1º semestre letivo de 2017. Ainda, iremos apresentar e discutir os principais pontos positivos e as
dificuldades relatadas pelos alunos e docentes da disciplina na vivência de uma metodologia ativa de
aprendizagem.
Foram aplicados três questionários online (Google Forms) contendo tanto perguntas de múltipla
escolha, como questões abertas, para que os alunos manifestassem suas impressões sobre as atividades, e
acrescentassem informações que nos permitissem conhecer mais sobre seus interesses, motivações e
principais dificuldades. Os questionários foram construídos com base nos objetivos da disciplina, e
também a partir do trabalho de Munhoz (2015). A análise dos resultados foi feita a partir de metodologias
de bases qualitativas (Duarte, 2002) focadas tanto nos relatos das percepções dos estudantes, como das
docentes da disciplina, com auxílio de planilhas do Excel e do programa de análise de corpos textuais
IRAMUTEQ (Camargo & Justo, 2013).
Resultados
A partir das análises das respostas aos questionários, identificamos uma preocupação inicial dos
alunos pela ausência de aulas expositivas. Já com relação ao desenvolvimento de habilidades e
competências, as percepções dos alunos foram positivas desde o início. Eles notaram melhorias em sua
formação por serem incentivados a elaborar e reformular hipóteses, resolver conflitos, colaborar com
colegas, exercitar a comunicação com o público, ponderar sobre questões éticas e considerar as relações
pesquisa-ensino-extensão.
A liberdade para definir os projetos inicialmente causou conflitos em alguns grupos, mas depois
possibilitou maior motivação e engajamento, resultando na criação de propostas interdisciplinares
variadas. As palavras mais citadas pelos alunos com relação aos trabalhos desenvolvidos pelos grupos
foram “criatividade” e “diversidade”. Os alunos também demonstraram boa aceitação das formas de
avaliação diversificadas e associadas aos objetivos da disciplina.
Discussão
O novo projeto didático da disciplina trouxe desafios para as professoras e alunos, o que já era
esperado, uma vez que mudanças nos paradigmas educacionais sempre trazem consigo dificuldades
(Munhoz, 2015). Contudo, tendo em vista os benefícios da aprendizagem ativa para a formação dos
alunos, acreditamos que é preciso persistência nas propostas de mudança até que ambos os lados
consigam se adaptar. Ficou evidente que o estabelecimento de um bom diálogo com os alunos foi
essencial para possibilitar ajustes ao longo do semestre, e essas informações ainda serão fundamentais
para direcionar reformulações nas atividades da disciplina. Neste sentido, novas ideias para
aperfeiçoamento do projeto “Nas Asas do Dragão” estão sendo organizadas para serem colocadas em
prática já no próximo semestre.
Referências bibliográficas
Camargo, B. V.; Justo, A. M. IRAMUTEQ: um software gratuito para análisede dados textuais.
Temas em Psicologia, 21(2), 513-518, 2013
Duarte, R. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. Cadernos de pesquisa. 115(1);
139-154, 2002
Resumo:
Em 2015 e 2016 estabelece-se uma relação entre os estagiários estagiários do PIBID ( Programa de
Iniciação a Docência - CAPES) da licenciatura em filosofia da Unicamp e sua supervisora. Partindo deste
acontecimento o que foi desenvolvido em sala de aula? Como os estudos realizados em grupo em
conjunto com os bolsistas foram aplicados? Quais as consequências das intervenções? Como esta relação
de troca extravasou os muros da universidade e escola pública e chegou até a Fundação Casa onde
menores infratores cumprem medidas sócio educativas?
Introdução e objetivos:
Como objetivos específicos tínhamos: a leitura de textos filosóficos aos alunos; possibilitar um
embasamento teórico para que fosse possível tomar posição em relação à possibilidade ou não de um
indivíduo determinar seu próprio gênero; o debate de argumentos; a elaboração de um texto final pelos
alunos da escola envolvidos na oficina;
Como metodologia para esta prática de aulas dentro das aulas de filosofia que a supervisora
lecionava na referida escola foram apresentados trechos de textos filosóficos de Renné Descartes, mais
precisamente as Meditações, e também foram ensinadas técnicas de redação.
O material a ser utilizado pelos estagiários foi elaborado durante as reuniões do grupo de estudo que
ocorreram semanalmente no IFCH e às quartas feiras contando também com a presença do Coordenador
Márcio Damin.
Discussão:
O mote escolhido com fio condutor desta discussão proposta como oficina dentro da aula de filosofia
foi o caso da travesti/transexual Verônica que no início deste ano de 2015 ao ser detida pela PM sofreu
preconceito e homofobia, teve seus cabelos raspados, apanhou até ficar desfigurada e foi obrigada a ficar
sem blusa tendo desta forma seus seios expostos e por fim foi detida em uma cela com presos do sexo
masculino.
Além disto as aulas foram desenvolvidas em dupla com o trabalho orientado para uma resposta ao
movimento criado pela pergunta “O que é Filosofia?”
Ao longo das aulas foram apresentados argumentos com os quais fosse possível uma reflexão que
levasse a um posicionamento acerca da determinação ou autodeterminação do indivíduo três duplas.
Todas estas perrogativas listadas acima forma utilizadas em conformidade com o Curriculo do
estado de SP.
A busca por inovação nas práticas de ensino torna-se uma aliada na troca de conhecimento, pois ela
chama a atenção para temas filosóficos a partir de assuntos familiares aos envolvidos no processo
educativo, A saber, abordar assuntos próximos do cotidiano dos alunos e dos professores é uma forma de
orientar a atenção dos problemas de senso comum - com certa destreza e sensibilidade do educador - até
as noções mais elaboradas de argumentação e criação.
Ao pensar possibilidades para o ensino de Filosofia para adolescentes miramos o horizonte que a
pergunta “O que é Filosofia?” . Logo, essa precisa ser o objeto maior de todo professor que se coloca
como um sujeito diante de uma aula da sua disciplina ou em frente a uma folha em branco enquanto
executa o planejamento de suas atividades. E, são nesses caminhos que o educador tem certa liberdade e a
necessidade para criar.
Os resultados foram mensurados através da participação dos alunos nas aulas e de sua produção
textual.
Resultados:
2-Mesmo em turmas nas quais não houve intervenção direta dos estagiários do PIBID as discussões
incitadas por este mote foram levantadas e o tema se propagou pela escola como um rastilho de pólvora
levando os alunos do 1a a proporem temas de discussão em sala de aula tais como: homofobia, racismo,
xenofobia e preconceito linguístico, dentre outros.
3- Devido a parceria estabelecida durante o estágio do PIBID entre a Coordenadora Alessandra que
também ministrava aulas na Fundação Casa (nas unidades Andorinha e Maestro) e o estagiário Felipe
pode ser criada uma parceria que propiciou a oportunidade de que outro trabalho que Felipe desenvolve e
engloba Filosofia e dança realizado em conjunto com a Isadora Massoni PIBID instituto de artes Unicamp
fosse realizado na Fundação Casa que atende menores em medida sócio educativa. Desta segunda oficina
derivam criações poéticas e artisticas dos menores em situação de privação de liberdade.
Referências Bibliográficas
DELEUZE, Gilles. Conversações, 1972-1990. Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro, RJ: Editora 34,
1992. 226 p.
GALLO, Sílvio.Deleuze & a educação. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. 98 p. (Pensadores &
educação, 3).
RODRIGO, Lidia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o ensino médio. Campinas,
SP: Autores Associados, 2009. 278 p., il. (Formação de professores).FERRARI, Sônia Campaner Miguel.
Filosofia: ensinar e aprender. São Paulo, SP: Saraiva, 2012. 240
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À
DOCÊNCIA COMO UMA INOVAÇÃO NAS ESTRATÉGIAS
FORMATIVAS NA FORMAÇÃO DO FUTURO PROFESSOR
Inovação nas estratégias educacionais
Author: Maria de Cássia Gonçalves
Resumo
A formação de professores tem pautado agendas políticas e debates acadêmicos. O Pibid, enquanto
parte de uma política de valorização e formação de professores, suscita pesquisas e revela-se uma
experiência inovadora. Com o objetivo de analisar as características das orientações legais para a
elaboração dos projetos institucionais a serem desenvolvidos pelo Pibid, realizamos o estudo de
normatizações do Programa. Os resultados apontam para uma evolução das características do Programa,
ao culminar com uma proposta de formação mais consistente na Portaria 096/2013. Destarte pretendemos
contribuir com as políticas de formação e valorização de professores, um tema complexo, que requer
aprofundamento das potencialidades e limites das propostas em andamento e a superação da cultura
política que faz com que recomecemos a cada novo governo.
Introdução
No Brasil, as políticas de formação de professores iniciadas no final de 1990, apesar dos avanços,
como a garantia da formação em nível superior, limitou-se quanto à sua concepção. Pautaram-se no
princípio da inversão da máxima de Stenhouse (apud DAY, 2001), substituindo o entendimento de “não
pode haver desenvolvimento curricular sem desenvolvimento profissional” por “não pode haver
implementação do currículo sem formação/treino”. A desvalorização dos professores é notória quanto à
participação construtiva e autoral no campo profissional, as condições salariais e a estrutura de trabalho
inapropriado. Estes fatores têm contribuído para um crescente desinteresse dos jovens pela profissão
docente.
Frente a esse contexto, a Capes, no ano de 2007, como parte de uma política nacional de valorização
e formação de professores, criou o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência (Pibid) para
incentivar a formação de professores e contribuir com a valorização do magistério e a qualidade do ensino
na educação básica. As pesquisas veiculadas revelam ser este Programa uma experiência inovadora no
contexto das estratégias formativas na universidade, não pelo ineditismo, mas enquanto proposta em favor
da transformação dos processos de ensino e aprendizagem na formação de professores.
Metodologia
Neste trabalho apresentamos parte dos estudos de doutorado, em andamento, sobre o formador de
professor, cujo objetivo é compreender o potencial da experiência do Pibid para o desenvolvimento
profissional do formador de professor (docente universitário). Em diálogo com a literatura, analisamos as
características que compõem as orientações legais para a elaboração dos projetos institucionais do Pibid:
Edital 2007; Portaria 122/2009; Portaria 72/2010; Decreto 7.219/2010; Portaria 260/2010; Portaria
096/2013.
Análise e resultados
Dessa análise, sobressaem quatro características: integração universidade e escola; relação teoria e
prática; investigação; interdisciplinaridade. A Integração Universidade e Escola é a única característica
que perpassa todas as peças legais. Contudo, o entendimento sobre o sentido dessa integração vai sendo
ressignificado no movimento das reformulações dos instrumentos legais, ao serem substituídos
termos,por exemplo,supervisor por coformador na Portaria nº 122/2009 e cooperação por trabalho
colaborativo na Portaria 096/2013. Ainda que os termos cooperação e colaboração sejam sinônimos, são
distintos: a colaboração envolve interação e partilha entre os diferentes atores; a cooperação mantém uma
estrutura hierárquica sem questionar os papéis e as relações de poder (DAY, 2001). Na perspectiva da
cooperação, e de outros objetivos constantes nas primeiras peças legais que enfatizavam a melhoria da
escola em avaliações nacionais, o Pibid ganhava uma conotação de reforço escolar e formação como
treino. A partir da Portaria 122/2009 esse entendimento começa a ser ressignificado ao nomear o
professor da educação básica, participante do Pibid, de “coformador”, o que denota uma compreensão da
escola como lugar de aprendizagem, produção e mobilização de saberes e competências específicas da
profissão docente (TARDIF, 2002).
A relação teoria e prática, reconhecida como um dos desafios recorrentes nos cursos de formação de
professores, aparece como uma das características, a partir da Portaria 122/2009, sinalizada apenas como
uma contribuição do professor da escola. Com o Decreto 7.219/2010 essa relação passa a ser contemplada
nos objetivos e, de modo mais detalhado, sinalizando ações que devem abranger o projeto institucional e
os subprojetos,na Portaria 096/2013. Algumas sinalizações induzem que a relação teoria e prática deve
ocorrer mediante a investigação. A investigação aparece sutilmente nos objetivos sob o Decreto
7.219/2010 ao se referir que a inserção dos estudantes no cotidiano das escolas deve proporcionar “[...]
oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes
de caráter inovador [...]”. É somente a partir da Portaria 096/2013, no detalhamento das ações do projeto,
ao utilizar termos como: “leitura e discussão de referenciais teóricos”, “cotejamento da análise de casos
didático-pedagógicos”, “testagem e execução de estratégias”, “sistematização e registro” que essa
característica é explicitada. Demonstra um avanço na legislação, vez que esta é “a forma mais dialética de
estabelecer a relação teoria e prática, na medida em que parte da interrogação analítica dos fenômenos da
prática, formula caminhos sistemáticos de compreensão e busca na leitura, interpretativa e crítica de
teorias” (SOARES, 2017, p.6) os fundamentos necessários para a solução dos problemas.
Referências
Resumo
O presente trabalho traz olhares para a formação inicial docentes no que remete a capacitação para
lidar para grupos sociais que na escola sofrem constantes preconceitos e discriminações. A pesquisa foi
realizada com professores de Ciências Naturais recém formados pela Universidade Federal do Tocantins,
campus Araguaína, e abordou a inserção de alunos egressos do sistema socioeducativo nas escolas de
Educação Básica.
Introdução
Apesar da sociedade atual ter mobilizado mudanças nas práticas pedagógicas em escolas e
universidades, percebe-se que os marcos de homogeneização e uniformização curriculares estão
arraigados e muitas vezes silenciam sujeitos e seus saberes populares.
Freire (1991) defendeu a escola pública como espaço de destaque para que a relação dialógica
gerasse saberes pautado na visão crítica a partir de um conhecimento coletivo que nascesse da articulação
entre os saberes científicos e os populares.
Nesse sentido é preciso pensar na formação de professores para que tratem dos diversos grupos
sociais com a mesma receptividade mas atendendo a especificidade de cada um deles. Esteban e Tavares
(2013) destacam que o projeto de ter todas as crianças na escola demanda posicionamentos a nível
institucional e pessoal dos sujeitos que participam da comunidade escolar.
Nesse sentido, trazemos reflexões para a importância da formação inicial de professores no que
remetem ao preparo para lidar com questões relacionadas a inserção de alunos egressos do sistema
socioeducativo nas escolas de Educação Básica.
Estudos de Gallo e Williams (2008) apontam que muitos jovens brasileiros em conflito com a lei têm
sido excluídos das escolas. E que, talvez, essa escola não consiga lidar com os desafios de seus
comportamentos devido a estrutura.
Pedroso (2017) pontua que o problema do aumento desses alunos em conflito com a lei está
relacionado diretamente com a exclusão social sofrida por jovens que carecem de bom relacionamento
familiar, de oportunidades de estudo e de políticas públicas que lhes propiciem qualificação profissional.
Jovens em conflito com a lei, em sua maioria pobres da periferia e negros, são marcados por
histórias de exclusão, vulnerabilidade social, violência e ausência de direitos. E a situação se agrava, uma
vez que o cenário atual está permeado por discursos de ódio e pela interpelação da mídia que tem
colocado esses jovens como agentes de violência irrecuperáveis.
A Constituição Federal (1988), junto com Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) e a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (1996) fez a inserção desses jovens na escola ganhar novos contornos. O
ordenamento jurídico vigente vem garantir a todos os educandos, independentemente de sua origem
social, raça, religião ou qualquer outra diferença o direito à convivência no seio de sua comunidade, assim
como os reconhece como sujeitos de direito a fim de que possam exercer sua cidadania de forma plena.
Assim, tornam-se necessárias algumas reflexões acerca do papel das medidas socioeducativas na
escola, na formação de professores, já que, na maioria das vezes, são objeto de preconceitos e
desinformação generalizados acerca dos direitos dos adolescentes em cumprimento de medidas.
Educar para o convívio social é, sobretudo, educar os adolescentes para o exercício da cidadania. E
nesse sentido, as medidas socioeducativas visam educar os adolescentes para o convívio social, sendo
assim, a escola enquanto instituição que zela pelo bem-estar de seus educandos precisa desenvolver
propostas para acolher esses sujeitos.
Com isso, pensar no papel social da escola antecede uma discussão a respeito se quer educar para
uma sociedade que excluiu, segrega e reforça a hierarquização ou para uma sociedade que agrega,
respeita as diferenças e não perpetua desigualdades sociais? A escola submetida à lógica da exclusão,
reflete e reforça a hierarquização da sociedade, perpetuando as desigualdades sociais(FREIRE, 2007).
Diante de tal cenário surgem algumas questões como: O futuro professor de Ciências Naturais esta
sendo formado para educar de maneira plena jovens egressos do sistema socioeducativo? Esses
professores trabalharam de maneira crítica a ECA na sua formação inicial?
Metodologia
A pesquisa foi realizada com dezesseis licenciados em Ciências Naturais – Química, Física e
Biologia, egressos da Universidade Federal do Tocantins, campus Araguaína.
Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, uma vez que pretende olhar para os sujeitos por meio
de suas subjetividades quando se posicionam de modo a refletir sobre o tema em questão.
Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se um questionário formado por nove questões, sendo
quatro objetivas e cinco subjetivas. Os participantes receberam o questionário, através de um formulário
enviado por e-mail e também assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido assegurando a sua
integridade na participação na pesquisa.
Resultados e Discussão
Por meio da análise textual das respostas, percebeu-se que os licenciados demonstram grande
preocupação quanto à recepção de alunos egressos do sistema socioeducativo nas escolas de Educação
Básica.
De maneira geral, eles destacam que esse tema não foi trabalhado durante e graduação, mas
evidenciam a importância de discutir e refletir sobre ele no momento inicial da formação docente.
Outro fato que merece destaque é a maneira pela qual, esses licenciados tiveram acesso ao ECA. Dos
87% que conhecem o documento oficial, somente dois sujeitos tiveram acesso durante a graduação, o que
mostra há uma lacuna na formação inicial desses sujeitos, uma vez que eles são profissionais direcionados
à Educação Básica, atendendo prioritariamente crianças e adolescentes.
Assim, percebe-se que há muito a se discutir nesse sentido e as formação inicial de professores
precisa lançar olhares nesse campo para que esses sujeitos sintam-se preparados para uma plena recepção
de alunos egressos do sistema socioeducativo e contribuir de maneira significativa para sua educação.
Referencias Bibliográficas
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. 4. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de
Publicações, 2003.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Home Page. 19/10/2007. Disponível em: .
Acessado em 17 jun. 2017.
DIAS,A.F.; ONOFRE, E.L.C. A Relação do Jovem em Conflito com a Lei e a Escola. Impulso,
Piracicaba.20(49), p.31-42, jan.-jun. 2010. Disponível em :<
https://www.metodista.br/revistas/revistasunimep/index.php/impulso/article/viewFile/870/471 Acesso
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ESTEBAN, M.T.;TAVARES, M.T.G. Educação Popular e a Escola Pública: antigas questões e novos
horizontes. In: ESTEBAN, M.T.; STRECK, D.R. (orgs.) Educação popular: lugar de construção social
coletiva. Petrópolis, Rj: Vozes, 2013.
GALLO, Alex Eduardo; WILLIAMS, Lúcia Cavalcanti de Albuquerque. A escola como fator de proteção
à conduta infracional de adolescentes. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 133, p. 41-59, jan./abr.
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PEDROSO, R.R. Professores daEJA e alunos infratores: reflexões sobre práticas pedagógicas, trabalho
educativo e formação do educador de jovens e adultos. Disponível em:
http://sistemas3.sead.ufscar.br/snfee/index. php/snfee/article/viewFile/151/51> Acesso em: 25.out.2017.
BIM E ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO
Inovação nas estratégias educacionais
Authors: Luciano de Vasconcellos, LOURDES MARIA BRAGAGNOLO FRISON
RESUMO
O presente trabalho buscou investigar de que modo a implementação do BIM (Build Information
Modeling) na academia pode contribuir para que estudantes de arquitetura e urbanismo utilizem
estratégias de autorregulação da aprendizagem no desenvolvimento de projetos arquitetônicos realizando
inicialmente uma revisão sistemática de literatura (RSL) e depois uma coleta de dados junto aos
acadêmicos de um curso de arquitetura e urbanismo. Visando reconhecer e tabular as produções de
artigos científicos dentro de um contexto recente, foi inicialmente tomada como base a produção que
englobasse ensino de BIM em Arquitetura e Urbanismo e Autorregulação da Aprendizagem. Após essa
etapa foi realizada a coleta de dados junto aos alunos buscando comparar a realidade do curso investigado
com os estudos pesquisados. A coleta de dados aponta tendências consonantes com estudos realizados
com pesquisadores nacionais e internacionais, demonstrando a relevância do aprofundamento da
discussão sobre teorias pedagógicas no ambiente acadêmico dos cursos de arquitetura que possam abarcar
o avanço do uso de tecnologias.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A adoção do BIM pelas universidades como parte integrante da grade curricular ou como conteúdo
interdisciplinar tem dividido educadores e pesquisadores com relação aos benefícios de sua
implementação, as características dos futuros profissionais que serão formados, as possibilidades e os
limites pedagógicos do BIM. Dentro desse panorama sua adoção não tem sido direta, dada a
complexidade das tecnologias envolvidas, a necessidade de um qualificado aporte humano, físico e
tecnológico. O presente estudo é parte de uma tese de doutorado que tem por objetivo investigar as
contribuições do BIM para que alunos autorregulem sua aprendizagem de projeto arquitetônico.
Cabe ressaltar que as RSL se diferenciam de outros tipos de revisões de literatura em função de suas
características, adotamos como procedimentos os passos conforme apresentados na figura 1.
A pesquisa foi sistematizada a partir de uma base eletrônica on-line chamada Parsifal
(https://parsif.al/) com a “Questão” de investigação formulada no sentido de investigar publicações sobre
o BIM e/ou Building Information Modeling relacionado como Ensino de Arquitetura e Urbanismo. O
string de busca foi proposto de forma a abarcar as principais questões da revisão: Como é visto por
pesquisadores o ensino de tecnologia BIM?; Como se articula o BIM com o ensino de projeto
arquitetônico?; Quais os benefícios pedagógicos do ensino de BIM em Arquitetura e Urbanismo?
A “Localização das bases e estudos” foi feita a partir do Portal de Periódicos CAPES/MEC com
acesso pela Comunidade Acadêmica Federada (CAFe). A seleção das bases e fontes relevantes foi feita a
partir da Área de Conhecimento “Ciências Sociais Aplicadas” e Subárea Arquitetura e Urbanismo. A
“Seleção de estudos e Avaliação” foi feita com base em critérios de inclusão e exclusão dos artigos
visando estabelecer a relevância dos artigos para o tema estudado. Cabe ressaltar que vários artigos e
publicações apresentam revisões para introduzir os temas os quais abordam ou desenvolvem logo, em
nossa busca e coleta de dados, foram consideradas apenas as seções exploratórias de cada trabalho com
esta característica.
Na etapa de “Análise e Síntese” cada publicação foi analisada individualmente com base nas
questões de estudo e nos critérios formulados. Foi conduzido um processo recursivo de leitura e os
achados nos artigos permitiram implementar melhorias na formulação de questões à medida em que o
conhecimento das abordagens e questões de pesquisas de outros autores ia se tornando conhecimento do
pesquisador. Cada publicação passou por um duplo crivo, no primeiro passava por uma lista de
verificação da qualidade da publicação recebendo nota de zero a 100 e com ponto de corte em 60. No
segundo momento um formulário de extração de dados captou as “Tendências dos estudos” e “Quais as
investigações no campo da aprendizagem” que vinham sendo realizadas pelos pesquisadores.
Com base nos primeiros estudos realizados buscou-se gerar um instrumento de coleta que
estabelecesse o perfil dos alunos do curso, investigasse se os mesmos já haviam tido contato com a
tecnologia BIM e qual o seu entendimento do a mesma no contexto do currículo do curso. O instrumento
foi submetido inicialmente aos à juízes para validação das questões abordadas. Foram geradas duas
formas de submissão do instrumento. A primeira de modo impresso com o um termo de livre
consentimento impresso e um questionário. Os questionários foram elaborados com questões discursivas
e também com o uso de escalas likert.
RESULTADOS
As ferramentas de software utilizadas nos artigos pesquisados por essa revisão tiveram uma
tendência ao suíte de programas da Autodesk©, principalmente o Revit Architecture®. O foco do uso
desse software foi muito no desenvolvimento das habilidades de “BIM 1.0” dando aos alunos as bases de
modelagem e documentação dos projetos arquitetônicos. Florio (2007, p. 3) apresenta uma discussão mais
ampla, avaliando os aspectos inerentes às interações entre o software BIM e processos generativos
variados, mesmo que sendo processos não computacionais e fazendo destaque para a importância de
esboços ambíguos no levantamento de hipóteses. No mesmo sentido a coleta pode verificar que os alunos
buscaram tanto em cursos particulares como em treinamentos por vídeos ou apostilas (autotreinamento)
buscar as competências dessa modelagem dos elementos arquitetônicos
DISCUSSÃO
A revisão de artigos voltados ao ensino de BIM revelou achados interessantes que remetem aos
objetivos da pesquisa e dão indicadores de investigação que apontam na direção da aprendizagem-
autorregulada. Destacamos autores apontam que o potencial do BIM no ensino do projeto arquitetônico se
dá tanto para que estudantes sejam estimulados a desenvolver suas habilidades como aprendizes quanto
para professores como os facilitadores do processo e colocando-lhes a necessidade de constante revisão
dos processos já consagrados. O autor op. cit. indica que o BIM deve ser visto como um provocador a
esta suposição e fornece a análise crítica potencial de como o projeto arquitetônico é ensinado, e ainda
postula que a “academia deve procurar novas metodologias de design para explorar a arquitetura, que
refletem a mudança representacional do BIM, desenvolvendo métodos de ensino que repriorize maneiras
de ver, pensar e fazer”. Por outro lado os alunos que participaram da coleta de dados ao mesmo tempo
que entendem que os professores deveriam reforçar práticas de projeto com o uso do potencial das
ferramentas BIM acreditam que os mesmos professores não conhecem o potencial da tecnologia.
REFERÊNCIAS
ABDIRAD, H.; DOSSICK, C. S. BIM curriculum design in architecture, engineering, and construction
education: a systematic review. ITcon, Vol. 21, May 2016. pg. 250-271.
SCHUNK, D. H.; ZIMMERMAN, B. J. Conclusions and Future Directions for Academic Interventions.
In: SCHUNK, D. H.; ZIMMERMAN, B. J. Self-regulated Learning: From Teaching to Self-reflective
Practice. 1. ed. New York: The Guilford Press, v. 1, 1998. Cap. 11, p. 225-235. ISBN 1-57230-306-9.
VEIGA SIMÃO, A. M. D. Ensinar para a Aprendizagem Escolar. In: VEIGA, F. Psicologia da Educação
- Teoria, Investigação e Aplicação: Envolvimento dos Alunos na Escola. Lisboa: Climepsi Editores, 2013.
Cap. 12, p. 495-541. ISBN ISBN 978-972-796-337-9.
VINŠOVÁ, I.; ACHTEN, H.; MATĚJOVSKÁ, D. Integrating BIM in Education: Lessons Learned. Real
Time-Proceedings of the 33rd eCAADe Conference, p. 127-131, 2015.
RESUMO
Investigação que tem como objeto a inovação curricular e a formação docente. Problematizamos:
como se dá as relações entre o processo de formação, os saberes e as práticas e como elas refletem ou não
em processos de inovação curricular? Trata-se de um estudo de caso, os sujeitos são professores
universitários. O estudo evidenciou que as relações entre a formação, os saberes, as práticas e os
processos de inovação curricular são fragmentados, individualizados com baixa participação de trabalho
coletivo.
Introdução
(...)uma condição social (...) guiada e sustentada pelas crenças iluministas no progresso racional
científico, no triunfo da tecnologia sobre a natureza e na capacidade de controlar e melhorar a condição
humana através da aplicação deste manancial de conhecimento e de saber científico e tecnológico
especializado no campo das reformas sociais (HARGREAVES, 1998, p. 9).
Metodologia
Resultados e Discussão
Discutir o currículo e a formação no ensino superior fez-nos acreditar que cabe ao docente em seu
contexto configurar os currículos da formação, e esses devem construir-se em um processo de articulação
e de flexibilização compreendendo as interfaces entre o currículo concebido e vivido.
Nas narrativas dos docentes investigados percebemos que só é possível construir um currículo ou
uma proposta curricular mediante a interação entre os pares. Cabe ao docente, buscar um espaço coletivo
para a constituição de uma prática pedagógica inovadora, transformadora e atenda às exigências da nova
ordem social para a educação.
Segundo a concepção crítica de currículo, a cultura não é vista como uma unidade homogênea, mas
como um campo de luta perpassado por conflitos e interesses sociais. (GIMENO SACRISTÁN, 1998).
A interlocução com os formadores evidencio como a Educação Superior está presa e entrelaçada a
questões culturais, políticas e econômicas.
Institucionalmente o currículo tem o papel formar o professor para que ele se torne um profissional
competente e inovador comprometido com o seu papel social. Perguntamos ao professor F como se
configurava o currículo da formação de professor do curso no qual eles atuavam. Ele diz “vejo o currículo
do curso com uma estrutura ainda precária, precisa passar por uma reestruturação, (...) dando um enfoque
mais teórico-prático na formação do profissional da educação”. (Professor F). Ficou evidente uma crítica
ao currículo do qual ele deveria ser ator e apresentar proposições inovadoras para além de uma proposta
de reestruturação.
Concordamos com Roldão (2000) ao afirmar que, pensar na construção local da mudança é pensar
no desenvolvimento de uma cultura institucional em que uma mesma equipe educativa se envolve na
concepção e desenvolvimento de um projeto comum, no caso investigado não é isso que percebemos.
Refletindo sobre os relatos dos sujeitos colaboradores como se davam as relações e os impactos do
desenvolvimento curricular e se esse era inovador, a maioria dos professores não explicita uma
compreensão global do currículo construído em suas práticas. Mencionam pontos de vistas individuais,
fragmentos, avaliações parciais baseadas na vivência cotidiana, na dinâmica curricular. Veem na inovação
curricular uma alternativa para uma formação mais coesa e consistente.
É notório, nas narrativas dos docentes colaboradores, nesta pesquisa, o desejo e demonstração do
compromisso pessoal e coletivo, embora relatem, também, ansiosamente, as dificuldades inerentes a à
reconfiguração curricular, por se tratar de um processo complexo e inovador, às vezes, para o docente,
ainda não explicitado, em função da própria complexidade, ou da estrutura institucional e por falta de um
referencial teórico conceitual mais elaborado.
Em Hargreaves (2004) verificamos que o principal desafio que a sociedade do conhecimento coloca
em pauta não é o de seguir a uniformidade da formação docente, a estandardização de competências, mas
o de problematizar o docente como pessoa, que luta continuamente pela construção de uma
profissionalidade deliberativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Morosini (2000) afirma que é importante atentar para as mudanças que estão ocorrendo na
universidade. O que gera a necessidade de a universidade inovar, passando de uma função de transmissão
de conhecimento para funções de reconstrução, de crítica, de problematização, de produção de
conhecimento novo. Santos (2001, p. 225), afirma que “na fase de transição paradigmática, a universidade
tem de ser também a alternativa à universidade. O grau de dissidência mede o grau de inovação”.
Nas relações entre o processo de formação, os saberes e as práticas docentes apresentam-se indícios
que nos levam a concluir que os processos de inovação curricular são fragmentados, individualizados com
baixa participação de trabalho coletivo no contexto institucional. Em suma ser professor formador é
admitir que há modos inovadores de olhar para a riqueza que existe no interior das escolas.
REFERÊNCIAS
MOROSINI, M.C. (org.). Professor do Ensino Superior: identidade, docência e formação. Brasília:
INEP, 2000, p. 11-20
SACRISTÁN, J. G. O Currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
Resumo
1.Introdução
O Relatório de 2009 da GEI – Iniciativa de Educação Global (GEI) – do Fórum Econômico Mundial
(WEF) revela a importância da educação para o empreendedorismo e o papel na formação de atitudes e
habilidades: “empreendedora”; habilidades, atitudes e comportamentos que podem ser aprendidos
Para Dodescu e Badulescu (2014), o empreendedorismo nos dias atuais é reconhecido tanto
academicamente quanto profissionalmente – como um dos mais importantes motores do crescimento
econômico no país. Sua contribuição está presente em diferentes campos de atuação como promover
inovação, aumentar a produtividade do local onde está inserido, criar empregos e aumentar renda
2.Objetivos
1. Metodologia
2. Inicialmente, foi necessário conhecer as características do perfil empreendedor dos alunos do
curso de tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Foram estudadas as
características levantadas, formando assim o perfil encontrado para esse curso e foram criadas
atividades na disciplina de Estatística, em que pudessem auxiliar a desenvolver e aperfeiçoar o
potencial empreendedor.
3. As variáveis que mostraram o perfil do aluno estão agrupadas de acordo com situação
profissional, intenção, motivação e obstáculos para empreender. Por meio do software SPSS -
19.0 (Statistical Package for Social Sciences), utilizou-se o teste de Bartlett de Esfericidade, que
oferece uma indicação da fatorabilidade da matriz de correlações e tem como hipótese nula que a
matriz de correlação é uma matriz identidade, isso quer dizer que todas as variáveis têm uma
correlação zero. A hipótese nula tem que ser rejeitada para a análise fatorial fazer sentido. O p-
valor menor que 0,05, faz rejeitas a hipótese nula, fazendo com que as análises prossigam.
4. Foi utilizado também um teste de KMO - Medida de adequacidade da amostra de Kaiser-Meyer-
Olkin (KMO): índice usado para avaliar a adequacidade da análise fatorial. Valores altos (entre
0,5 e 1,0) indicam que a análise fatorial é apropriada. Valores abaixo de 0,5 indicam que a
análise fatorial pode ser inadequada.
5. O Teste KMO é uma estatística que indica a proporção da variância dos dados que pode ser
considerada comum a todas as variáveis, ou seja, que pode ser atribuída a um fator comum.
Portanto, quanto mais próximo de 1, melhor o resultado, ou seja, mais adequada é a amostra à
aplicação da análise fatorial (Maroco, 2007).
6. Após o estudo das características encontradas foi preparado atividades para a disciplina de
Estatística. O objetivo de utilizar a disciplina de estatística, foi aplicar os conceitos indicados
pela ementa do curso de uma forma contextualizada e prática.
7. Os alunos do 6º. Semestre de ADS participaram da atividade em que eles tinham que recrutar
pessoas que avaliassem o software desenvolvido desde o 4ºsemestre. Essa atividade foi
embasada no teste de Usabilidade, pelas heurísticas de Nielsen. A avaliação do seu software
gerava notas e criou-se um questionário para o avaliador responder, assim, conceitos de
Estatística Descritiva também eram aplicados na execução da atividade.
8. Resultados e Discussão
9. As características encontradas foram agrupadas em 5 fatores. Os fatores encontrados mostram
heterogeneidade quanto às características empreendedoras no grupo analisado e são apresentados
abaixo:
Fator 3: Assumir dívida a longo prazo, Incomoda ser pego de surpresa com fatos imprevistos,
Controle de fatores críticos da realização profissional
Nas aulas de Estatística, foi feito um projeto que os alunos tivessem que testar seus softwares por
meio de teste de usabilidade, e que utilizassem ferramentas estatísticas para entenderem a satisfação de
futuros usuários na utilização.
Durante essas aulas, verificou-se que os alunos não imaginavam onde seu software poderia
melhorar, onde os usuários teriam dificuldade para a realização da tarefa. E, somente depois da análise do
teste de usabilidade, os alunos perceberam que podiam criar outros mecanismos no software que
auxiliasse esses usuários. E, em outras aulas, verificaram que esses softwares poderiam ser inovados,
entendendo mais o perfil do usuário.
Escolheu-se então, o fator 4 para ser trabalhada de forma contínua até o momento em que os alunos
aperfeiçoassem seu produto num potencial para o mercado, pois depois que eles tiveram a pesquisa em
mãos, eles iniciaram outro processo de melhorias e inovações do software. As reações dos alunos do 6º.
ADS foram sempre sensatas por reconhecer que os softwares apresentavam dificuldades na realização de
tarefas e por poder melhorar antes de colocar o produto no mercado.
5. Considerações finais
6.Referências
MARÔCO, J. Análise estatística com utilização do SPSS. Lisboa: Ed. Sílabo, 2007.
Relatório de 2009 da GEI – Iniciativa de Educação Global (GEI) – do Fórum Econômico Mundial
(WEF)
Introdução: Simulação realística (SR) associada ao role play (RP) é um metodologia ativa de ensino que
possibilita a vivência sem causar danos aos paciente como na vida real caso haja falha nas condutas1.
Associada a cirurgia experimental pode ser melhor ainda.
Métodos:Cenário 1.ABC,32 anos,comparece ao pronto socorro com queixa ter cortado o dedo indicador
direito quando pegava a bagagem de um passageio ha 1 hora.Ao exame:BEG,corada,sem
alterações.Discentes deveriam identificar lesão corto contundente de 1 cm, perguntar sobre antecedentes
pessoais e uso de medicamentos e alergias.Debriefing foi realizado. Cenário 2.No laboratório de cirurgia
experimental,foram realizadas lesões corto contundentes em “pes de galinhas”.Deveria ser realizado o
“time out”.Tecnicas de excisao com anestesia local deveriam ser realizadas,assim como descrição
cirúrgica,emissão de atestado medico.Debriefing foi realizado.Cenario 3. No ambulatório de Medicina
Ocupacional, deveria ser emitido Comunicacao de Acidente de Trabalho.Foi discutido tempo de
afastamento para a aeronauta.Resultados:A equipe medica apresentou índice de acerto de 100% nas
condutas.Foi questionado também sobre vacinação antitetânica.No cenário 2,discentes se
escovaram,paramentaram,realizaram os procedimentos de antissepsia e assepsia, “time out”, anestesia
local, sutura da lesão,curativo, descrição cirúrgica,elaboração de atestado medico e
orientações/analgésicos na alta.Nos debriefings,discentes relataram que acharam interessante poder
suturar a lesão dando continuidade ao diagnostico.Foi discorrido sobre a importância do “time out” no
centro cirúrgico. Foi discutido sobre a Comunicacão de Acidente de Trabalho assim como o tempo de
afastamento e as razoes considerando as peculiaridades da Medicina Aeroespacial.
Introdução
Metodologias ativas de ensino onde ocorre uma maior interacao dos discentes com o professor tem
sido utilizadas como estrategias na aprendizagem baseada em problemas (Problem Based Learning”).
Assim, os discentes apresentam uma participacao ativa, observando, questionando, raciocinando e
colocando em pratica os ensinamentos teoricos. O papel do professor, agora facilitador de aprendizagem e
tutor, modifica o cenario de ensino-aprendizagem na arte de difundir o conhecimento. Se antes, o discente
assistia, realizava suas anotacoes, resolvia uma bateria de exercicios, hoje, o aluno acaba sendo motivado
a executar tarefas, utilizer o raciocinio e ainda ter a possibilidade de realizar sua auto avaliacao apos o
debriefing2. Em todas as atividades, o mesmo e orientado atraves do briefing.
Simulação realística associada ao role play são metodologias ativas de ensino que possibilitam a
vivência, o treinamento, o aperfeicoamento das atividades praticas sem causar danos aos paciente como
na vida real caso haja falha nas condutas. Na simulacao realistica, situacões e casos clinicos sao
realizadas/analisada em cenarios elaborados como centros de simulacao que se tornam consultorios, sala
de emergencia, quartos de hospitais ou unidades de terapia intensiva. No role play sao utilizados atores ou
alunos voluntarios como atores. Neste segundo caso, os discentes tambem tem de analisar/treinar sua
experiencia e agir/sentir como se fosse o paciente. Quando discutidos no debriefing, a questao da etica e
postura do profissional de saude frente ao paciente com sentimentos e vida, sao levantados, levando a
melhora do relacionamento medico-paciente, inclusive.
Com cenarios multiplos, o discente pode ter como desafio, exercitar/praticar segundo sequencias de
uma assistencia ideal. O uso de centro de cirurgia experimental serve como motivacao para conduta
complementar e desfecho do tratamento ao paciente. Mais ainda, a emissão de atestado medico demonstra
a responsabidade do futuro professional medico.
O objetivo do presente estudo foi o de utilizar o role play e simulação realística como ferramentas de
pratica de ensino em comissária de bordo a fim de integrar o discente a patologias possíveis em Medicina
Aeroespacial e Medicina do Trabalho.
Metodologia de estudo
Cenário 1. ABC, 32 anos, feminino, comparece ao pronto socorro com queixa ter cortado o dedo
indicador direito quando pegava a bagagem de um passageio ha 1 hora. Ao exame: BEG, corada, sem
alterações. Discentes deveriam identificar lesão corto contundente de 1 cm, perguntar sobre antecedentes
pessoais e uso de medicamentos e alergias. Debriefing foi realizado.
Quantitativa.
Os resultados foram analisados quantitativamente pelo índice de acertos segundo um check list, onde
constaria a confecção do prontuário no atendimento clinico, o “time out”, a descrição cirúrgica, o atestado
medico e a comunicação de acidente de trabalho
Descritiva
A analise descritiva foi realizada com embasamento nos relatórios dos discentes de acordo com sua
vivencia. Neste relatório, sentimentos e impressões também deveriam ser reportados para que fossem
discutidos.
Resultados:
O índice de acerto foi de 100% nas condutas. Foi questionado também sobre vacinação antitetânica.
No cenário 2, discentes se escovaram, paramentaram, realizaram os procedimentos de antissepsia e
assepsia, “time out”, anestesia local, sutura da lesão com técnica e fio de sutura corretos, curativo,
descrição cirúrgica, elaboração de atestado medico e orientações/analgésicos na alta.Nos
debriefings,discentes relataram que acharam interessante poder suturar a lesão dando continuidade ao
diagnostico.Foi discorrido sobre a importância do “time out” no centro cirúrgico. Foi discutido sobre a
Comunicacao de Acidente de Trabalho assim como o tempo de afastamento e as razoes considerando as
peculiaridades da Medicina Aeroespacial.
Discussão
Referências Bibliográficas.
Griswold S, Ponnuru S, Nishisaki A, et al. The emerging role of simulation education to achieve
patient safety: translating deliberate practice and debriefing to save lives. Pediatr Clin North Am 2012;
59:1329-40.
RESUMO
Observamos que a Educação Básica apresenta um amplo contexto de atuação docente, bem como de
atuação supervisionada para professores que estão em percurso formativo nas diversas áreas do
conhecimento. Observado isso, este trabalho aborda o tema do ensino curricular na área de Música por
meio de uma análise do currículo prescrito elaborado pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal – SEEDF. O objetivo é problematizar os modos como a música foi inserida no referido
documento. Nessa direção, a metodologia abarca um estudo bibliográfico e documental a partir da
literatura especializada no campo do currículo: Moreira e Silva (2011) e Sacristán (2000). As
considerações finais revelam nuances de tradição na organização do currículo, sobretudo, nos anos finais
do Ensino Fundamental com listas de conteúdos que abarcam saberes característicos dos conservatórios
musicais.
Com efeito, abordar o tema do ensino curricular de música na Educação Básica implica refletir, de
forma mais ampla, o ensino de Arte na escola, a formação docente na área de música e a legislação
educacional que ampara essas duas premissas. Inicialmente, é pertinente destacar que uma análise com
foco na música, não implica, necessariamente, uma observação fragmentada do componente curricular
Arte, mesmo que este configure um terreno comum, também, às artes visuais, teatro e dança. Em síntese,
na medida em que as linguagens artísticas mencionadas compõem o mesmo componente curricular [Arte]
na Educação Básica, elas também se afirmam como áreas de conhecimento distintas e defendem a
legitimidade de sê-lo. Atualmente, conforme a Lei 13.278/2016:
Art. 1° O § 6° do art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte
redação: § 6° As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o
componente curricular de que trata o § 2º deste artigo2.
Art. 2° O prazo para que os sistemas de ensino implantem as mudanças decorrentes desta Lei,
incluída a necessária e adequada formação dos respectivos professores em número suficiente para atuar
na educação básica, é de cinco anos.
Art. 3° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (BRASIL, 2016) [grifo nosso]
Assim, neste trabalho o referido tema será abordado de forma específica, propondo um recorte no
âmbito de SEEDF, que toma como ponto de partida a seguinte inquietação: como a música está inserida
no currículo prescrito da SEEDF? Dado os limites textuais para esse momento do trabalho, adotamos uma
análise focada nos anos finais do Ensino Fundamental e para abordar a inquietação salientada adotamos
uma lente de análise bibliográfica com base nos estudos de Sacristán (2000) quanto à política curricular e
ao currículo prescrito, bem como Moreira e Silva (2011) sobre as teorias curriculares.
Conforme Sacristán (2000) a política curricular é toda aquela decisão ou condicionamento dos
conteúdos e da prática do desenvolvimento do currículo a partir das estâncias de decisão política e
administrativa. O currículo prescrito "mais evidente no ensino obrigatório, é a sua própria definição, de
seus conteúdos e demais orientações relativas aos códigos que o organizam" (SACRISTÁN, 2000, p.
109). Adotamos, portanto, o entendimento do referido autor para refletir e dimensionar o currículo
elaborado pela SEEDF frente ao objetivo da presente investigação.
Conforme Moreira e Silva (2011), as Teorias Críticas defendem que o currículo escolar reforça,
sabidamente, relações de poder, destacando que o currículo é visto como um território de contestação e
resistência onde se questiona a quem pertence o conhecimento considerado válido, bem como "quem
ganha e quem perde com as opções feitas" (MOREIRA; SILVA, 2011, p. 08). Por sua vez, as teorias Pós-
Críticas desafiam os pressupostos das Teorias Críticas na medida em que – para além da afirmação sobre
os interesses das classes dominantes na escola e da discussão sobre resistência no currículo – trazem para
o centro do debate curricular temas como: identidade, subjetividade, raça, gênero, sexualidade, discurso,
linguagem (MOREIRA; SILVA, 2011).
Aparte isso, observamos no documento da SEEDF, uma proposta de currículo integrado, que visa
superar a organização de conteúdos prescritivos, lineares e hierarquizados. Com fundamentação em
Bernstein (1977) o Currículo em Movimento visa superar a concepção de currículo coleção marcado por
disciplinas escolares trabalhadas de forma isolada. Não obstante, no caderno referente aos anos finais do
Ensino Fundamental, observamos listas que definem conteúdos específicos, no caso da música, muitos
deles claramente tecnicistas.
Apenas como exemplo, para os anos finais do Ensino Fundamental, no 6° ano, observamos: sincope,
leitura e escrita do 1° e 2° tetracorde. Entre os conteúdos do 7° ano: noções de compasso; expressividade
vocal e instrumental; escala diatônica maior e menor; figuras de som; tríades maiores; cadência
harmônica. Entre os conteúdos do 8° ano: compassos binários, ternários e quaternários, tríades
harmônicas maiores e menores. Para o 9° ano: escala diatônica e harmônica menor, entre outros (SEEDF,
2013).
Assim, sem o interesse em esgotar as inquietações germinadas na presente análise e certos de que as
políticas públicas educacionais podem ser melhoradas por meio de pesquisa, reflexão e criticidade, o
presente trabalho espera trazer sua parcela de contribuição na discussão sobre o ensino curricular de
música no âmbito do Distrito Federal.
REFERÊNCIAS
HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana. Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala
de aula. São Paulo: Ed. Moderna, 2003.
MOREIRA, Antônio Flavio; SILVA, Tomaz Tadeu da. Currículo, cultura e sociedade, 12° ed. São
Paulo: Cortez, 2011.
PUCCI, B. Teoria critica e educação: A questão da formação cultural na escola de Frankfurt. 2. ed.
Petrópolis: Editora Vozes Ltda., 1995.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Tradução de Ernani F. da
Fonseca Rosa. 3 ed. Porto Alegre: ArtMed, 2000.
PROGRAMA DE ATENDIMENTO AO DISCENTE INGRESSANTE
(PADI): PARA ALÉM DAS AULAS DE TUTORIA
Inovação na formação do docente de ensino superior
Author: Renata Barbosa Dionysio
RESUMO
O presente trabalho vem apresentar os resultados do projeto UFT com Química desenvolvido a partir
de um edital do Programa de Atendimento ao Discente Ingressante da Universidade Federal do Tocantins
no campus de Araguaína. Esse projeto foi construído de forma suprir os objetivos iniciais, aulas de tutoria
para discentes ingressantes, mas também atuar na formação inicial docente dos licenciandos-tutores de
maneira inovadora, trazendo para o espaço de formação discussões amplificadas sobre o fazer docente em
múltiplas dimensões.
INTRODUÇÃO
As políticas de retenção dos alunos tem sido um dos focos das universidades, principalmente
daquelas no interior do Brasil. Tal fato é decorrente da situação de vulnerabilidade dos acadêmicos que,
em geral, advém de famílias de baixa renda e de municípios de média e longa distância do campus
universitário. Além das questões relacionadas às lacunas na formação durante a Educação Básica, esses
alunos estão longe de suas famílias e muitas vezes morando em condições adversas.
Sendo assim a Universidade Federal do Tocantins, por meio dos seus programas institucionais
oferece algumas possibilidades para esses sujeitos. Atualmente, na UFT funcionam os seguintes
programas: Programa de Apoio ao Discente Ingressante (Padi), Programa de Apoio a Laboratórios
Interdisciplinares de Formação de Professores (Lifes), Programa de Formação Docente Continuada
(Profor), Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), Programa de Consolidação das
Licenciaturas (Prodocência), Programa de Educação Tutorial (PET), Programa de Mobilidade Acadêmica
(PMA), Programa Institucional de Monitoria Indígena (Pimi) e Programa Institucional de Monitoria
(PIM). Eles atendem aos acadêmicos de diversos cursos nos sete campus localizados em diversas regiões
do estado do Tocantins.
O presente trabalho tem como objetivo mostrar um projeto que foi desenvolvido dentro do Programa
de Apoio ao Discente Ingressante (PADI) e permitiu espaços de formação docente além daqueles que o
programa previa em sua criação.
A atualização das atividades da vida social e pessoal dos indivíduos decorrente das mudanças
globais causadas pelo avanço das tecnologias é apontada por Santaella (2010), onde a autora discute o
novo paradigma da existência humana. E com isso também a formação docente passa por momentos de
ressignificação, onde práticas pedagógicas são repensadas frente às necessidades de formar sujeitos que
atuem na escola de maneira alinhada com as mudanças sociais da atualidade.
Dentro dessa visão de educação, foi desenhado o projeto UFT com Química. Esse projeto veio
atender a um edital do Programa de Apoio ao Discente Ingressante (PADI). Esse programa foi criado para
combater a evasão discente, características dos primeiros períodos da graduação. Com isso, o edital
apontava para aulas de tutoria que permitissem além de trabalhar conteúdos curriculares criar vínculos
entre alunos ingressantes e alunos de períodos mais avançados, para que as relações ampliadas.
METODOLOGIA
Assim, o projeto UFT com Química foi arquitetado para mostrar possibilidades de explorar a
Química básica dentro de uma proposta interdisciplinar e quando possível no enfoque da Ciência,
Tecnologia e Sociedade. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) permitiram também trazer
os conteúdos curriculares por meio de muitas matrizes da linguagens.
Dessa forma, o PADI UFT com Química, na sua construção buscou ser um canário de formação
docente não somente por se trabalhar metodologias e práticas de ensino a serem aplicadas nas aulas de
tutoria, mas por ter encontros semanais de formação onde saberes científicos e pedagógicos eram
trabalhados.
Resultados e Discussão
Nesse sentido, Perrenoud (2002) afirma que processos formativos são compostos de situações
concretas que oportunizem o trabalho em equipe, a reorganização das próprias categorias mentais, a busca
de uma identidade, e a autoavaliação da ação.
No primeiro ano do projeto, foram realizadas quatro aulas especiais. A “Química do Chocolate”
trouxe desde o plantio do cacau até os possíveis efeitos do chocolate no organismo. A “Química e o
Verão” abordou tecidos de proteção solar, tipos de radiação, principais substâncias que compõem os
protetores e bloqueadores solares dentre outros. Já a “Química e o Câncer” tratou temas como a
radioterapia, quimioterapia e nanotecnologia e foi inserida dentro de um evento aberto da universidade.
Assim como a “Química e a Africanidade” que trouxe a química da pele, do cabelo, das comidas
religiosas e das cerâmicas no contexto de um evento sobre diversidade.
O projeto buscou propostas pedagógicas que extrapolassem as tutorias, mas sempre preocupado em
envolver os discentes ingressantes em atividades que mostrassem as múltiplas faces da aprendizagem no
contexto da universidade. Junto a isso, a formação dos tutores também ocorreu de forma privilegiada uma
vez que foram envolvidos em situações de criação, planejamento e desenvolvimento de atividades
pedagógicas tradicionais e inovadoras.
Acredito que ao longo dos 12 meses de atuação, o projeto PADI UFT com Química atendeu as
expectativas do programa institucional e contribuiu de forma significativa para a formação docente dos
tutores envolvidos em múltiplas dimensões. Esses tutores trabalharam intensamente na construção
colaborativa de propostas didáticas que viessem a minimizar as lacunas deixadas pela Educação Básica
em relação à Química.
Não poderia deixar de destacar que esse projeto permitiu um desenvolvimento único na minha
formação pessoal e profissional, uma vez que liderar um grupo de tutores e mediar seus posicionamentos
exigiu mais do que capacidade de transmissão de conteúdo curricular, mas habilidades e competências
que o espaço de sala de aula formal não exige.
Referencias Bibliográficas
Resumo
Introdução
Atendendo à necessidade social presente, a universidade torna-se espaço para a disseminação das
teorias que mudariam a base da sociedade, para um olhar mais inclusivo, uma vez que a socialização e a
vivência da cultura estão no âmago do ser universidade. E é neste movimento que os alunos com
necessidades especiais tornam-se regulares nos bancos da escola-padrão e as políticas de assistência a este
público tomam corpo.
Tendo como pressuposto que a educação é para todos e que, conforme o Documento de Salamanca
(1994), a adaptação curricular deve ser adotada (já que cada criança tem um trajeto educacional diferente
das outras), vislumbramos a acessibilidade em sala de aula para alunos cegos.
A adaptação curricular, antes motivo de exclusão, uma vez que, na realidade, era feita uma
adequação, selecionando-se “recortes” do currículo usado em sala ou trabalhando um currículo
diferenciado, com temáticas e expectativas de aprendizagem inferiores aos dos demais, passa a ser vista
como instrumento inclusivo, já que leva o professor a pensar diferente.
Para que o aluno cego pudesse se apropriar dos mesmos conhecimentos compartilhados com os
alunos videntes, introduziu-se o audiodescritor nas aulas de Embriologia Humana para propiciar uma
representação do mundo visível pelo envolvimento de diversos sentidos. O objetivo era promover a
igualdade, de forma mais abrangente, pelo atendimento das especificidades individuais do aluno.
Metodologia
Os dados aqui apresentados foram coletados por meio da oferta do projeto de inclusão no curso de
graduação de Fonoaudiologia, no ano de 2016, motivado pelo ingresso de um aluno cego no referido
curso. Tais recursos foram oferecidos pela Pró-Reitoria de Graduação (PRG) da Unicamp, por meio da
ampliação dos serviços e atendimentos de sua Central de Tradutores e Interpretes de Língua de Sinais
(Central Tils).
Desenvolvimento
É notório que o docente pouco pode fazer sozinho diante da problemática que se instaura em sala
com a presença de um aluno que necessita de adaptação curricular, sem cair na adequação e na exclusão
social. Assim se estabelece o apoio educacional para o aluno, não eximindo o professor de sua
responsabilidade, mas assegurado a ambos (professor e aluno) que o desenvolvimento do currículo ocorra
de forma plena e acessível.
A acessibilidade no curso de graduação deu-se pela mescla de técnicas inclusivas que possibilitam a
tradução do que se pode ver – por exemplo, a dança, o cinema, a pintura, a fotografia – em um discurso
narrativo (tradução intersemiótica). Estes discursos são transmitidos ao aluno pelo acompanhante em sala
de aula. A metodologia empregada é a interpretação sussurrada ou “chuchotage”, em que o professor e os
demais alunos realizam as exposições de modo normal, sem nenhum tipo de pausa, e o intérprete traduz
para a pessoa cega, em voz baixa, sussurrando a descrição de todos os elementos visíveis presentes, não
atrapalhando o desenvolvimento corrente da aula.
O profissional atuou como ledor / audiodescritor, auxiliando o aluno, em sala, a realizar as atividades
de leitura silenciosa e acompanhamento de textos, dando-lhe as pistas visuais para seu desenvolvimento e
ambientação. O trabalho da audiodescrição foi ofertado em suas diferentes modalidades: ensaiada e a
simultânea.
A audiodescrição ensaiada, como o próprio nome sugere, são aquelas em que o profissional tem
acesso ao texto antecipadamente e, assim, “ensaia” as descrições, elaborando um prévio roteiro para ser
seguido no momento de sua atuação.
Na audiodescrição simultânea, por sua vez, o profissional sussurra no ouvido do aluno, oferecendo
as pistas visuais, bem como as diversas descrições do que ocorre ao redor, de modo a não atrapalhar o
andamento dos demais estudantes e professor.
Conclusão
O processo de inclusão da pessoa cega em sala de aula utiliza-se de diferentes técnicas de adaptação
para conseguir chegar a uma equidade de condição. A presença do audiodescritor em sala é de suma
importância, uma vez que é por meio dele que as denotações visíveis conseguem ser expostas ao aluno
cego.
Em suma, podemos dizer que o trabalho aqui exposto obteve grande êxito, uma vez constatado o
bom desempenho educacional do aluno a quem foi oportunizado o aprendizado por diversas vias,
superando as aparentes barreiras.
Referências
MIRANDA, Maria de Jesus Cano. Inclusão escolar e deficiência visual: trajetória e processo.
Iberoamericana, v. 3, n. 1-2, 2008. Disponível em:
http://seer.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/viewFile/2678/2388. Acesso em: 14 out. de 2017.
MOTTA, Lívia Maria Villela de Mello. Audiodescrição – recurso de acessibilidade para a inclusão
cultural das pessoas com deficiência visual. Planeta, [s.d.]. Disponível em:
http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1210. Acesso em: 15 out. de 2016.
ORIENTAÇÕES IMEDIATAS para a inclusão do aluno com deficiência visual em sala de aula.
Portal Metodista. [s.d.]. Disponível em: http://portal.metodista.br/assessoria-para-
inclusao/dicas/orientacoes-imediatas-para-a-inclusao-do-aluno-com-deficiencia-visual-em-sala-de-aula.
Acesso em: 15 out. 2017.
Inovações educacionais no estágio curricular de um curso de saúde de
universidade pública em resposta a tendências e desafios
Inovação nos estágios curriculares
Authors: FRANCELISE Pivetta Roque, Priscila Starosky, Tatiana Bagetti
Resumo
Introdução e objetivos
Dificilmente se entende “inovação educacional” como produto da busca pela exequibilidade do que
é viável e pelo menos minimamente aceitável, em resposta a situações de contrariedade. Mas essa é a
realidade de muitos cursos da saúde brasileiros que chegam a soluções criativas e surpreendentes,
pautadas no que se compreende por ensino de qualidade e produzem, mesmo em face das adversidades.
Realizou-se uma pesquisa do tipo relato de experiência, utilizando-se as narrativas orais e escritas
das professoras de Fonoaudiologia que coordenaram a implementação do estágio obrigatório e não
obrigatório no Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) desde a sua criação,
bem como os documentos que registraram as ações (relatórios, atas de reuniões) e que foram resultado
dela, como o regulamento de estágios desse curso.
Resultados
O curso em questão é relativo a uma profissão recente (cerca de 30 anos) numa cidade serrana
fluminense de menos de duzentos habitantes do interior do Rio de Janeiro, em que há poucos
trabalhadores.
As principais tendências que influenciaram as inovações foram 1) multidisciplinaridade da ciência e
da educação; 2) diretrizes atuais de formação do profissional de saúde (uso de metodologias ativas
contextualizadas, inserção de cenários de prática diversificados, forma criteriosa de avaliação e uso da
tecnologia de informação e comunicação); 3) mudança da visão de doença e saúde; e 4) responsabilidade
social como norte da mudança da formação do profissional da saúde em atendimento às necessidades do
SUS, direcionada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos da Saúde (DCN). As
adversidades enfrentadas incluíram 1) restrição de recursos financeiros para educação pública e de
qualidade, o que, inclusive, atrasou o início do funcionamento da clínica escola; 2) necessidade de
cumprir às exigências legais de estágio, cuja “tradução” ao contexto de saúde foi árdua; 3) sobrecarga das
professoras coordenadoras do estágio do ponto de vista de gestão administrativa e pedagógica,
simultaneamente às demais tarefas acadêmicas; 4) restrição de fonoaudiólogos na rede de saúde e
educação; 5) contrariedade, por parte de alguns profissionais da rede, ao estabelecimento “arbitrário”
(avaliação deles) do “convênio” de cooperação entre o município e a Universidade, o qual só envolveu
discussão entre os gestores maiores de ambos; 6) a ingerência central diante de peculiaridades e
necessidades específicas dos “campi” de interior.
Discussão
Embora o conceito que seguimos aqui é o de “alterações” em pontos chave e eixos constitutivos da
organização do ensino universitário, compreendemos que, em muitos aspectos, esses foram sendo criados
pelas autoras à medida que a política de estágio obrigatório e não obrigatório era implementada, mas que,
indubitavelmente, trouxe reconfiguração curricular e aprendizado ancorados em problemas reais.
Sempre norteados pelas DCN e outras diretrizes educacionais, muitas vezes a inovação não era o
objetivo em si, mas sim o caminho encontrado para se resolver problemas. A formalização de todo o
processo se mostrou como oportunidade para uma releitura da prática formadora do estágio, diferente do
que era vivenciado antes da implementação da Lei de Estágio, e acreditamos que mais própria ao
processo didático do que se preconiza para esse aprendizado teórico-prático fundamental à formação de
futuros fonoaudiólogos e de outros profissionais de saúde.
Referências bibliográficas
1. Bacon TJ, Newton WP. Innovations in the education of health professionals. N C Med J. 2014 Jan-
Feb;75(1):22-7.
2. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior.
Resolução CNE/CES nº5 de 19 de fevereiro de 2002. Institui diretrizes curriculares nacionais do curso de
graduação em Fonoaudiologia. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 4. Mar. 2002. Seção 1, p.11.
3. Irby DM, Wilkerson L. Educational innovations in academic medicine and environmental trends. J Gen
Intern Med. 2003;18(5):370-6
4. Masetto M. Inovação na Educação Superior. Interface (Botucatu) [Internet]. 2004 Feb [cited 2017 Oct
27] ; 8( 14 ): 197-202. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
32832004000100018&lng=en.
5. Roque FP, Starosky P, Bagetti T. Em que medida as ações de uma coordenação de estágio de um curso
de fonoaudiologia em implementação influenciam o ensino de ética e cidadania. Anais do 2º Encontro de
Diálogos UFF em Ambientes, Cultura, Educação e Cidadania. 13 a 20 de dezembro de 2016. [Niterói]:
[s.n], 2017.
ESTÁGIO SUPERVISIONADO NOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE
PROFESSORES: A EDUCAÇÃO INFANTIL COMO LÓCUS DE
FORMAÇÃO DOCENTE EM DIFERENTES ÁREAS
Inovação nos estágios curriculares
Author: Eliana Ayoub
Resumo
Introdução
Os estágios supervisionados dos cursos de formação de professores da Unicamp são realizados numa
parceria entre a Faculdade de Educação (FE/Unicamp) e as unidades de ensino e pesquisa que são
responsáveis pelos cursos de licenciatura.
Desde 2008, a FE/Unicamp, no contexto de sua política de formação de professores, optou por
organizar as turmas de estágio supervisionado (EL774 – Estágio Supervisionado I e EL874 - Estágio
Supervisionado II) com estudantes de diversas áreas de conhecimento.
Atuo com os estágios supervisionados há mais de 19 anos, inicialmente apenas com os estudantes do
Curso de Licenciatura em Educação Física e, a partir de 2008, com os estudantes das turmas integradas.
Essa mudança causou, num primeiro momento, estranhamentos e dificuldades que demandaram
paulatinamente o enfrentamento sistemático de diversos desafios no ensino superior, que vão desde as
peculiaridades relacionadas à interlocução universidade-escola no contexto dos estágios curriculares, até a
complexidade que envolve uma efetiva integração entre as diferentes áreas.
Neste trabalho, compartilho a proposta que vimos desenvolvendo nos últimos anos no âmbito da
educação infantil, mais especificamente no que se refere à parceria com a Divisão de Educação infantil e
Complementar da Unicamp (DEdIC/Unicamp), abrangendo graduandos de diferentes cursos de formação
de professores.
O espaço formal de atuação docente na educação infantil é prerrogativa dos profissionais formados
nos cursos de Pedagogia, sendo que alguns sistemas educacionais também asseguram a atuação de
profissionais de outras áreas como Educação Física e Arte.
Pensar na educação infantil como lócus ampliado de formação docente, permite-nos criar
possibilidades outras para que graduandos oriundos de vários cursos possam realizar seus estágios
curriculares nessa etapa da educação básica, mesmo considerando que, em seu futuro exercício
profissional, eles provavelmente não atuarão neste contexto.
Tenho assumido essa perspectiva como orientadora de estágio há alguns anos, incentivando os
estudantes das minhas turmas de estágio supervisionado I e II (EL774 e EL874, respectivamente),
oriundos de diversas áreas de conhecimento, a realizar estágio na educação infantil.
As repercussões desse trabalho têm sido recorrentemente assinaladas pelos próprios estagiários,
assim como pelas supervisoras dos campos de estágio, o que tem se caracterizado como uma proposta
inovadora na formação docente.
Dentre os campos de estágio, desde 2014, vimos estabelecendo uma parceria com a
DEdIC/Unicamp, a qual foi impulsionada por um grupo de graduandos da Biologia interessados em fazer
estágio com crianças pequenas.
A partir de então, iniciamos nossas interlocuções com a equipe gestora que prontamente abriu as
portas da instituição para nos receber. A colaboração da DEdIC/Unicamp tem sido muito importante, uma
vez que a direção e coordenações recebem nossos estudantes com abertura e entusiasmo e as professoras
supervisoras, que os acompanham diretamente no estágio, participam ativamente de sua formação
docente, proporcionando experiências que os auxiliam a enfrentar as dificuldades e desafios vividos
cotidianamente.
A orientação do estágio é feita por meio das aulas semanais na universidade, nas quais os estudantes
são incentivados a construir uma interlocução entre sua área específica de formação e as outras áreas, a
fim de pensar conjuntamente com a professora supervisora e seu grupo de estágio, um plano de ação a ser
desenvolvido com as crianças. Ao final do semestre, além das apresentações gerais de socialização das
experiências vividas, os estudantes elaboram um relatório final que consiste num texto reflexivo
elaborado pelo grupo de estágio, com formato livre, narrando o contexto das ações realizadas, os desafios,
as dúvidas, as angústias, as conquistas, enfim, os aprendizados do processo vivido.
Os diálogos ao longo de cada semestre, assim como as reflexões apresentadas nestes relatórios,
mostram que o estágio curricular é uma etapa fundamental e muito significativa da formação docente, é
um momento privilegiado de aproximação entre teoria e prática, entre os conhecimentos e saberes
estudados na universidade e os conhecimentos e saberes da ação profissional (TARDIF, 2011).
Considerações finais
De acordo com as “Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil” (BRASIL, 2010, p.
12) a criança é um “sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que
vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa,
experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura”.
Compreender a criança como sujeito histórico que produz cultura, implica em defender um contexto na
educação infantil que “[...] contemple diferentes linguagens em suas múltiplas formas de expressão, as
quais se manifestam por meio da oralidade, gestualidade, leitura, escrita, musicalidade...” (AYOUB,
2001, p. 54).
Por fim, enfatizo mais uma vez que a abertura e receptividade da DEdIC/Unicamp tem sido
fundamental para o desenvolvimento do estágio supervisionado, o que nem sempre ocorre nas situações
de estágio, gerando dificuldades para a inserção dos professores em formação inicial no contexto da
profissão docente.
Referências bibliográficas
AYOUB, Eliana Reflexões sobre a educação física na educação infantil. Revista Paulista de
Educação Física, supl. n.4, p.53-60, 2001.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 12 ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2011.
APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA E DESENVOLVIMENTO
PROFISSIONAL DE TUTORES NA METODOLOGIA ABP:
CONTRIBUIÇÕES DE CASOS DE ENSINO
Inovação na formação do docente de ensino superior
Author: Jefferson da Silva Moreira
Co-author: David Moisés Barreto dos Santos
Resumo
O principal objetivo deste trabalho é apresentar e discutir o caso de ensino intitulado “A tutoria ABP
e a construção da base de conhecimentos para o ensino”. Trata-se de estratégia formativa nos processos
de aprendizagem da docência e no desenvolvimento profissional de tutores que atuam através da
abordagem de Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) no curso de Engenharia da Computação de
uma universidade pública baiana. Referenciamo-nos teoricamente nas discussões realizadas por autores
como Mizukami e Nono que realçam, em suas pesquisas, a necessidade de propostas de formação
contextualizadas a partir das problemáticas enfrentadas pelos professores no seu locus de atuação
profissional, especialmente, através de casos de ensino. O caso apresentado contempla a discussão sobre a
base de conhecimentos necessários para o exercício da tutoria na metodologia ABP e oferece
contribuições para a necessidade de mudança nos processos de formação inicial e continuada desses
profissionais.
1-INTRODUÇÃO
No que diz respeito às características da ABP, trata-se de uma metodologia centrada no processo de
construção da aprendizagem pelos próprios estudantes. Inscreve-se no panorama de um debate atual sobre
estratégias que favorecem os alunos como participantes e responsáveis pelos seus processos de
aprendizagem. O trabalho com o ABP se estrutura a partir da discussão e resolução de problemas em
pequenos grupos de estudantes (grupos tutoriais), tendo a mediação do tutor. Na análise de Prates e Sá
(2010, p. 7), o ABP visa contribuir “para a formação de uma nova concepção de educador, o tutor, que
atua como facilitador do trabalho dos grupos de alunos, orientando-os para que construam o próprio
conhecimento de modo cooperativo”. No entanto, são escassas as pesquisas que se situem na
compreensão da formação de tutores que atuam no ABP. Ao realizarmos um mapeamento da produção na
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), utilizando os descritores “Tutor” e “Aprendizagem
Baseada em Problemas”, encontramos o total de 132 pesquisas de dissertações de mestrado e/ou teses de
doutorado. Um refinamento dos enfoques presentes nas produções revelou a incipiência de estudos que se
centrem na análise da formação e atuação do tutor na metodologia ABP, o que evidencia a importância do
estudo em questão.
Desde meados dos anos de 1980, Lee Shulman pontuou a necessidade de que professores
conhecessem situações problemáticas que aconteciam no interior das salas de aulas. Insatisfeito com o
modelo de formação vigente nas escolas de formação de professores, Shulman propôs a utilização de
casos de ensino como uma importante contribuição na diminuição do abismo existente entre teoria e
prática, além de ser uma possibilidade de ajudar professores ingressantes na carreira a pensarem como
professores mais experientes (NONO, 2005). Um caso de ensino pode ser definido como “um documento
descritivo de situações reais ou baseadas na realidade, elaborado especificamente para ser utilizado como
ferramenta no ensino de professores” (NONO e MIZUKAMI, 2002, p. 72). No que concerne à sua
estrutura, um caso evidencia uma narrativa que ocorre em um tempo e local específico. Possui começo,
meio e fim; demonstram emoções, angústias, frustrações e alegrias dos seus personagens; retrata situações
práticas de sala de aula – a forma de um professor ensinar um determinado conteúdo e suas implicações
nas aprendizagens dos alunos.
2-METODOLOGIA
No que tange aos aspectos metodológicos da construção de casos de ensino, eles podem ser
analisados e discutidos quando se tratam de casos já elaborados, mas podem, também, ser elaborados a
partir de vivências e situações práticas enfrentadas pelos professores no seu cotidiano de atuação
profissional, como é a situação do caso em foco neste trabalho. Para a construção do caso de ensino
apresentado nesta pesquisa, intitulado “A prática de tutoria na ABP e a construção da base de
conhecimentos para o ensino”, realizamos a observação de uma sessão tutorial do curso de Engenharia da
Computação da universidade focalizada neste estudo; participamos de uma reunião de discussão de
professores sobre o tema, além de consultarmos arquivo com material de pesquisa, contendo entrevistas
semiestruturadas com estudantes do curso supracitado.
3 - RESULTADOS
A seguir, está descrito o caso de ensino elaborado para ser trabalhado nos processos de formação e
desenvolvimento profissional de tutores: “Guilherme é graduado em Engenharia da Computação e doutor
em Ciência da Computação por uma renomada universidade americana. Possui uma vasta experiência no
desenvolvimento de projetos de pesquisa, tendo ganhado, inclusive, diversos prêmios na sua área de
investigação. Recentemente, teve que assumir as atividades como tutor numa das disciplinas do curso de
graduação em que leciona, que adotou, há bem pouco tempo, os pressupostos da ABP. Nas reuniões
pedagógicas do colegiado do curso, Guilherme tem relatado que as atividades docentes com essa
metodologia possuem grandes desafios e peculiaridades, o que requer a mobilização de um conjunto de
conhecimentos profissionais como professor que ele não adquiriu no seu processo formativo no âmbito da
pós-graduação stricto sensu. Os alunos têm relatado que as sessões dos grupos tutoriais não têm
possibilitado a realização de discussões e análise de problemas concretos do seu futuro locus de atuação
profissional, pois o docente ainda está voltado para uma prática de transmissão de conhecimento e com
excesso de dirigismo nas discussões. Guilherme têm buscado aprofundamentos teóricos sobre a
metodologia ABP e de questões relacionadas à Educação. No entanto, ainda considera que há muito a
aprender sobre o metier da docência para atuar profissionalmente nesse espaço. Com base na descrição do
caso anteriormente mencionado, para você, leitor, quais são os conhecimentos profissionais necessários
para o exercício da tutoria na metodologia ABP? O que considera primordial para um tutor que queira
colaborar com a construção da autonomia intelectual dos estudantes? Como a instituição em que o tutor
Guilherme trabalha poderia contribuir para os seus processos de desenvolvimento profissional?”.
4 – DISCUSSÃO
O caso de ensino supracitado teve como principal objetivo possibilitar aos tutores do curso de
Engenharia da Computação de uma universidade baiana a reflexão sobre os conhecimentos profissionais
indispensáveis para o trabalho com a metodologia ABP, em especial, o conhecimento pedagógico do
conteúdo. De acordo com Shulman (2014), esse conhecimento caracteriza-se por ser de autoria do
professor, construído cotidianamente no processo de ministração de suas aulas, podendo ser evidenciado
pela tentativa dos professores explicarem suas ideias, valendo-se de analogias, metáforas, simulações,
representações visuais e modelos, buscando garantir a apropriação dos conteúdos por parte dos estudantes
(NONO, 2011). Com efeito, é perceptível que o protagonista do caso em relevo nesta pesquisa domina o
conhecimento de conteúdo específico. Todavia, o domínio das questões pedagógicas e do conhecimento
pedagógico do conteúdo ainda não é consolidado. No que concerne às características de um tutor
eficiente, a literatura destaca, entre outros aspectos, que este deve possuir conhecimento e a capacidade de
empatia “não bastando ao tutor o conhecimento do assunto, mas também saber detectar as dúvidas dos
alunos e poder conversar de maneira adequada com os alunos (coerência social)” (TIBÉRIO, ATTA,
LICHTENSTEIN, 2003, p. 2). Por fim, destacamos a necessidade de criação de políticas institucionais na
universidade onde o tutor Guilherme leciona, favorecendo o contato entre professores mais experientes e
professores novatos, numa espécie de mentoria, favorecendo a construção da base de conhecimentos
profissionais para a docência
5 - REFERÊNCIAS
Resumo - Este trabalho tem como objetivo compartilhar as experiências e reflexões do processo de
construção colaborativa de um projeto de Iniciação à docência que visa constituir uma didática
interdisciplinar mediadas pelas TDICs e fomentar a discussão da formação docente interdisciplinar na
IES. Buscamos uma descrição reflexiva evidenciando os círculos de cultura como opção metodológica
das ações de formação e nas propostas acontecidas em duas escolas de educação básica nos períodos de
2014 a 2016, registradas por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem e de um portfólio. As
avaliações do projeto por meio dos registros e das escolas parceiras permitem constatar os círculos de
cultura como um caminho metodológico que proporciona a inserção das TDIC e da interdisciplinaridade
numa perspectiva dialógica capaz de promover a reconstrução das práticas pedagógicas voltadas para uma
educação crítica e emancipatória.
1 INTRODUÇÃO e OBJETIVO
Instituído pela portaria normativa nº 38, de 12 de dezembro de 2.007 e financiado pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) do Ministério da Educação, foi criado o
Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) visando o aperfeiçoamento da formação inicial e
continuada de professores e melhoria da qualidade da educação pública brasileira. A Instituição a qual se
vincula esse relato, aderiu a esse programa desde 2009 e em 2013, foi criado subprojeto PIBID
Interdisciplinar tendo como objetivos: “constituir uma didática interdisciplinar mediada pelas Tecnologias
Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), fomentar a discussão da formação docente
interdisciplinar na IES e favorecer a valorização das licenciaturas com o suporte da abordagem
interdisciplinar.
Para a implementação das ações do projeto nas escolas numa perspectiva dialógica entre as
disciplinas, encontramos nos Círculos de Cultura os fundamentos teóricos que nos permitiram elaborar
uma proposta pedagógica visando superar as práticas de transmissão e reprodução de conhecimento,
suscitando o diálogo e a participação ativa dos integrantes, numa relação de respeito mútuo assumindo
uma postura crítica (FREIRE, 2014).
Assim, este relato tem como objetivo compartilhar as experiências teóricas e práticas vivenciadas
pelo grupo do PIBID Interdisciplinar, registradas por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)
e de um portfólio visando contribuir com as reflexões acerca da interdisciplinaridade e a inserção de
tecnologias na formação docente com vistas à construção de novas práticas pedagógicas pautadas na
construção dialógica e colaborativa de conhecimentos. As experiências aqui descritas foram realizadas em
duas escolas de ensino fundamental da rede municipal de ensino de Lavras, tendo dez licenciandos das
áreas de Matemática, Letras-Português, Letras-Inglês, Educação Física e Biologia e duas professoras-
supervisoras representantes das escolas.
Os círculos de cultura, comumente conhecido como método Paulo Freire, caracteriza-se por ter
como centro os diversos sujeitos na sua complexidade cultural, afetiva, social e política. No círculo de
cultura, todos são sujeitos que, enquanto pesquisam e são investigados, investigam tendo o principio
dialógico como elemento fundante (ROMÃO, 2006). No que se refere a inserção das tecnologias no
ambiente escolar, não tratamos apenas de preparar alunos e professores para se integrarem ao trabalho
informatizado, mas de buscar as potencialidades educativas das TDIC para ampliar o acesso a informação
e a democratização do conhecimento (ARRUDA, 2004, p.13).
Ao tratarmos de contextos de aprendizagem que integrem TDIC falamos de novas linguagens que
pressupõem novas competências docentes, que só serão plenamente desenvolvidas se os professores se
colocarem como sujeitos desse processo, corresponsável pelo seu processo formativo.
2 CIRCULOS DE CULTURA: PERCURSO METODOLÓGICO E
CAMINHOS TRILHADOS
A primeira fase do projeto, que durou cerca de seis meses, se deteve em estudos sobre
interdisciplinaridade a partir dos referencias de Ivani Fazenda, sobre a pedagogia de projetos e o uso
educacional das TDIC à luz de Maria Elizabeth Brito Prado, Armando Valente, Moran e outros. Com
isso, descobrimos na prática o que a autora na qual nos embasamos nos adverte: “Em suma, ser
interdisciplinar, hoje, requer uma atitude política e pedagógica que demanda coragem, despojamento e
muita dedicação” (FAZENDA, 1997, p 74).
Na segunda fase, realizamos uma capacitação no AVA. O uso do AVA e de outros recursos
midiáticos como a construção do portfólio e de um blog contribuíram para ampliar as possiblidades de
interação, troca de informações e conteúdos e a organização e revisão constante da trajetória do grupo.
Nas escolas, iniciamos com uma observação participante (VIANNA, 2003), por meio da qual foram
identificadas temáticas de interesse dos estudantes. A partir dessas temáticas foram planejados e
executados os círculos de cultura e todas as atividades desenvolvidas a partir destes: pesquisas, oficinas,
mostra cultural, visitas técnicas.
A proposta do círculo de cultura visa proporcionar condições para que a apreensão de conhecimento
pelos participantes se processe de forma consciente, ou seja, os professores/estudantes devem perceber a
relevância de suas experiências prévias e de seu papel como responsáveis pela própria aprendizagem nas
interações ocorridas no ambiente. Para isso, a proposta se materializa nos 3 momentos dos círculos, como
proposto por FREIRE (2003), adaptando-os ao tempo disponível, à temática e ao perfil de cada grupo:
- Tematização: contextualização e problematização do tema que pode ser feita inserindo diferentes
recursos: programas, simulação, animação, vídeos, textos, sites e outros
Neste círculo, não há um professor, mas um animador das discussões que atua como mediador,
orientando a equipe cuja maior qualidade pedagógica é o permanente incentivo a momentos de diálogo.
3 Resultados e Discussão
A inovação não se encontra nas presença das TDIC, nas técnicas e nem tampouco em recursos
didáticos mas na abordagem metodológica que permite superar concepções e práticas. Nesse sentido, os
desafios estiveram presentes em todas as fases o projeto, pois a escola e seus atores ainda não estão
preparados para as mudanças que a interdisciplinaridade, o uso das TDIC e uma proposta dialógica
exigem. Daí a constatação de que um projeto, para ser executado no contexto escolar, não poderia ser
construído a priori, mas deve, sim, emergir das demandas trazidas da realidade onde estão inseridos,
numa relação dialógica, contemplando as diversidades e respeitando às individualidades.
Apresentamos uma proposta de trabalho ancorada no diálogo, na liberdade e exercício de busca pelo
conhecimento participativo e transformador. Dentro desta proposta, fundamentada numa educação
libertadora e na ideia de que “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se
educam entre si, mediatizados pelo mundo” (Freire, 1981, p.79), fomos nos constituindo como grupo e
elaboramos colaborativamente, uma projeto de trabalho interdisciplinar com que proporcionou a inserção
das TDIC e da interdisciplinaridade numa perspectiva dialógica capaz de promover a reconstrução das
práticas pedagógicas voltadas para uma educação crítica e emancipatória.
REFERÊNCIAS
ARRUDA, E. Ciberprofessor: Novas Tecnologias, Ensino e Trabalho Docente. BH: Autêntica, 2004.
FAZENDA, I. (org.). Práticas Interdisciplinares na Escola, 8ª ed. São Paulo: Cortez, 1997.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 24ªed. SP: Paz e Terra, 2003.
Resumo
A partir dos resultados e experiência adquiridas no desenvolvimento de tese de Doutorado, que teve
como objetivo analisar e avaliar a introdução da Aprendizagem Baseada em Casos (ABC) como
estratégia de ensino em aulas de física no ensino médio, em uma escola pública do interior paulista,
recorro a estratégias de ensino ativas e centrada no aluno, como a ABC, no ensino superior, sobretudo em
aulas de física com licenciandos desta disciplina. Ao mesmo tempo que a ABC auxilia no ensino da
física, a vivência com uma estratégia de ensino ativa durante a graduação procura promover nos futuros
professores uma nova visão sobre ensino e aprendizagem de física, o que promoveria uma postura
inovadora quando exercerem à docência. O objetivo deste trabalho é a partir da produção escrita dos
alunos ao trabalhar um Caso na perspectiva da ABC, obter evidências de que as promessas de
aprendizagem e desenvolvimento de habilidades preconizadas na literatura são promovidas.
Introdução
A ABC pode ser definida como “histórias com uma mensagem educativa” (HERREID, 2007). Os
Casos pretendem descrições de problemas ou situações reais que exigem análise e tomada de decisão. Um
bom Caso, narra uma história e, muitas vezes, o dilema do protagonista diante de um problema real ou
situação que pretenda provocar a empatia do leitor com o personagem central. Os papéis usuais de
estudantes e professores em sala de aula são redefinidos na ABC, porque os alunos devem participar
ativamente do processo de ensino e aprendizagem assumindo o papel de “tomador de decisões para
identificar, priorizar e separar os problemas centrais, entre outras questões, que requerem atenção,
formular soluções e recomendações” (HERREID, 2007). Ela obriga os alunos a trabalhar com a
informação disponível (muitas vezes incompleta e ambígua) em situações em que não há uma solução
aparente ou resposta correta. Procura ensinar aos alunos como é importante aprender a tomar uma
decisão, não se esta é a correta ou não. Uma das formas de trabalhar a ABC pode ser: 1. Análise de Fatos,
2. Síntese dos problemas e sua classificação, 3. Análise das possíveis soluções, 4. Síntese da decisão, 5.
Plano de Ação. Assim, os problemas, ao contrário de outras muitas estratégias de ensino, são propostos
no início do processo de ensino e aprendizagem, e procuram promover sua continuidade através da busca
de uma solução. Os problemas se caracterizam por serem abertos, sendo o processo de resolução e a
solução, inicialmente, desconhecido do aluno. No processo de resolução dos problemas se espera
promover a mobilização, por parte do estudante, de fatores cognitivos (o aluno como co-construtor do
conhecimento), motivacionais (aluno experimenta o sucesso na resolução, explora ideias, sugere
hipóteses, etc.) e funcionais (mobilização e utilização do conhecimento prévio na resolução dos
problemas). Na ABC não há um único modo de resolver as questões, não há uma única resposta
inequívoca a ser encontrada, são situações de aprendizagem em que a flexibilidade cognitiva é necessária.
Ao não proporcionar a resposta “correta” promovendo a ambiguidade na solução a ABC possibilita que
“os questionamentos surgidos no trabalho com o Caso facilitem, em uma etapa subsequente, o estudo de
novos conteúdos relacionados aos assuntos que despertaram o interesse dos alunos incorporados às aulas
normais, que seriam assim, como um complemento das discussões sobre Casos” (Wassermann, 1994, p.
27). Esta argumentação nos remete a Bachelard (1996), quando diz que todo conhecimento é a resposta a
uma pergunta.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é a partir da produção escrita dos alunos ao trabalhar um Caso na
perspectiva da ABC, obter evidências de que as promessas de aprendizagem e desenvolvimento de
habilidades preconizadas na literatura são promovidas.
Metodologia
Baseados na bibliografia (WASSERMANN, 1994) relacionamos o tema do Caso com os conteúdos
da proposta curricular da SEESP (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) em um processo de
contextualização, tomado como pretexto para o ensino destes conteúdos em aulas com as atividades e
estratégias de ensino previstas no caderno do aluno da SEESP. A partir da bibliografia identificamos as
questões que podem ser observadas e características passiveis de avaliação no ensino com a ABC que
utilizamos para a análise: a) o desenvolvimento da capacidade dos alunos de comunicar suas ideias com
clareza; b) o desenvolvimento da capacidade de analisar problemas complexos de um modo mais crítico;
c) a capacidade de tomar decisões como algo próprio; d) interesse na aprendizagem do conteúdo
relacionado com o Caso; e) um maior respeito pelas opiniões, atitudes e crenças alheias ou divergentes; f)
o desenvolvimento de uma maior tolerância à ambiguidade e uma melhor compreensão das
complexidades dos conceitos e problemas envolvidos no Caso; g) habilidade de leitura; h) diversidade de
soluções. E assim obter evidências de que o ensino com a ABC promove a aprendizagem apregoada na
literatura. A análise se deu a partir da produção escrita dos alunos ao solucionar os Casos e minhas notas
de aulas.
Resultados
Apresentamos alguns trechos do trabalho escrito dos alunos que evidenciam o desenvolvimento de
certas habilidades e aprendizagens apontadas na bibliografia consultada, as quais acreditamos foram
promovidas e alcançadas por alguns alunos.a) O desenvolvimento da capacidade de analisar problemas
complexos de um modo mais crítico: Os trechos demonstram uma capacidade de análise que vai além do
conhecimento estritamente técnico-E23_2010 [...] A irradiação de alimentos é o tratamento dos mesmos
com radiação ionizante[...]. E não creio que haja diferença digna entre irradição de alimentos através de
forno micro-ondas, pois o modo de irradiação é semelhante, [...] Se irradiar as sementes de plantas elas
nasceram irradiadas sim, e muitas delas nem precisam ser lavadas após a compra. Em relação aos efeitos,
as alterações são mínimas ou inexistem. b) Maior respeito pelas opiniões, atitudes e crenças alheias ou
divergentes: No Caso IA, apesar de controverso, os alunos apresentaram um relacionamento respeitoso
apesar das opiniões divergentes. Com exceção de três alunos com fortes convicções contra a radiação,
mais por ideologia que por razões técnicas, houve interesse, sobretudo no debate, pelas opiniões
expressas. c) habilidade de leitura: Observei que muitos alunos apresentaram inconsistência e conceitos
errôneos nas cartas. A25- Como eu já disse a irradiação não irá alterar cor, sabor e textura dos
alimentos,... d) Há diversidade de soluções: C22- Um alimento irradiado é um alimento [...] que sofrem
um processo de irradiação provocado por uma ionização, ou seja, criam cargas positivas e negativas.
D21- É o seguinte, a irradiação [...] Consiste em “colocar” no alimento doses de Cobalto 60, que um
elemento (em pó) radioativo,....
Discussão
A ABC é uma estratégia que torna necessária uma nova postura do professor, para ajudar os alunos a
entender quais são as questões a serem levantadas na definição dos problemas relacionados ao Caso,
buscar informação adicional, analisar, sintetizar e elaborar possíveis interpretações e soluções. As
evidências obtidas apontam que muitas das habilidades e competências preconizadas, segundo a
literatura, são promovidas pelo ensino com a ABC.
Bibliografia
RESUMO
INTRODUÇÃO
O cenário acadêmico vem sofrendo importantes mudanças nas últimas décadas. O ensino tradicional
que permeou a educação durante anos passa a fazer parte do escopo não só de pesquisadores da área da
Educação, como de toda a comunidade intelectual que busca identificar suas deficiências e propor novas
metodologias de ensino e aprendizagem (PAIVA et al., 2016).
METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa cuja metodologia combina “dados da literatura
teórica e empírica” e análise de problemas metodológicos de uma temática (SOUZA, SILVA e
CARVALHO, 2010). Desta forma, é possível levantar o conhecimento já produzido, suas lacunas e
direcionamento para futuros estudos.
A busca foi realizada na base de dados “Scholar Google” e portal de periódicos da Capes utilizando-
se os seguintes descritores cadastrados no Descritores em Ciências da Saúde: educação, ensino,
aprendizagem, metodologia e anatomia.
Os critérios de inclusão foram: i) recorte temporal nos últimos cinco anos; ii) texto disponível em
formato eletrônico, gratuito e redigido em português; e iii) ser compatível com o objetivo da pesquisa.
Foram selecionados 14 textos encontrados na base “Scholar Google” e um no Portal de periódicos da
Capes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após sistematização dos artigos, constatou-se que 6 dos 15 trabalhos analisados apontavam a
carência de material natural (cadáver) como uma justificativa para a busca de novas metodologias. A falta
de cadáveres é alvo de inúmeras discussões. Alguns autores citam a dificuldade de aquisição de peças
naturais como um grande empecilho para o aprendizado, já que este processo é complexo devido a
burocracia relacionada à sua obtenção (TALAMONI, 2014).
Nos artigos selecionados foram observados 11 diferentes tipos de metodologias. Dentre essas,
destacaram-se:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A mudança do cenário acadêmico nos motiva a abrir mão de características da pedagogia tradicional
culturalmente instaladas. Concomitante, a escassez de cadáveres em laboratórios de anatomia, tem sido
agente motivacional para a busca de metodologia alternativas para o ensino da Anatomia.
Embora tenhamos diversos recursos didáticos, reforçamos que nenhuma metodologia substitui
completamente o estudo em cadáveres, uma vez que nada representa melhor a natureza do que a própria
natureza. Desta forma, sugerimos que as metodologias apresentadas servem de material de apoio e são de
grande importância para complementação e facilitação do estudo de Anatomia. Cabe aos docentes,
selecionar, de acordo com as características da Instituição de Ensino em que leciona, disponibilidade de
recursos materiais, bem como as características e dificuldades individuais e coletivas dos alunos, quais
são as melhores metodologias para empregar nas suas aulas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LOPES, P. T. C.; TEIXEIRA, C. N. Ensino de anatomia humana: comparação entre três métodos de
estudo. EFDeportes.com, Revista digital, n. 175, 2012.
SAVIANI, D. A pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.
SOUZA, M.T.S.; SILVA, M.D.; CARVALHO, R. Revisão integrativa: o que é e como fazer.
Einstein. v. 8, n. 1, p. 102-6, 2010.
TALAMONI, A.C.B. Os nervos e os ossos do ofício: uma análise etnológica da aula de Anatomia.
São Paulo: Editora UNESP, 2014.
RESUMO
Nunca houve tanta necessidade de clareza conceitual na formação de engenheiros, pois o antigo
paradigma educacional está desmoronando e novas formas de pensar o significado da profissão emergem
com as novas tecnologias, sendo necessário superar a visão de que a Engenharia é apenas uma ciência
aplicada. O ensino de Engenharia, além de promover habilidades em resolver problemas, deve também
promover a conduta ética, a iniciativa, a criatividade, a atitude empreendedora, a flexibilidade, o
autocontrole, a expressão oral e escrita e outras capacidades interpessoais. Este trabalho faz uma breve
análise do curso oferecido para primeira turma de Engenharia da Universidade Virtual do Estado de São
Paulo (UNIVESP), usando a documentação da instituição para a análise. A proposta foi utilizar projetos
integradores como metodologia ativa para enfrentar os problemas encontrados na atual formação de
engenheiros. Contudo, desde seus documentos iniciais, encontram-se termos e práticas que remetem ao
ensino tradicional de transmissão de conhecimento e avaliações baseadas na memorização. Ainda que a
inovação seja exaltada, suas intenções não parecem se concretizar. Pelo contrário, parece mais uma
tentativa de reproduzir em escala digital e a custo reduzido o que é feito em cursos presenciais, sem
realmente aproveitar as vantagens oferecidas pelos atuais recursos informacionais.
Introdução
Goldberg (2010) afirma que nunca houve tanta necessidade de clareza conceitual na formação de
engenheiros e que a educação em engenharia precisa mudar suas práticas e seu modo de pensar a
formação básica como sendo principalmente os conteúdos de matemática, de ciências e de engenharia,
sendo necessário superar a visão que a engenharia é apenas uma ciência aplicada. Segundo Barbosa e
Moura (2014, p.2), o ensino de Engenharia, além de promover habilidades em resolver problemas, “deve
ter como objetivo propiciar uma aprendizagem significativa, contextualizada e orientada para o uso das
tecnologias contemporâneas”. Deve promover também a conduta ética, a iniciativa, a criatividade, a
atitude empreendedora, a flexibilidade, o autocontrole, a expressão oral e escrita e outras capacidades
interpessoais. Foi nesse contexto de questionamento sobre a formação em Engenharia que surgiu primeiro
curso de Engenharia da UNIVESP. A primeira turma teve início no segundo semestre de 2014 e deve se
formar em 2019. Foram oferecidas 1.296 vagas para os cursos de Engenharia de Computação e de
Produção em 18 diferentes polos.
Na aula inaugural da turma de 2014, ocorrida em 26 de julho e transmitida para todos os polos, o
então presidente da instituição Carlos Vogt (2014) afirmou que, com suas “atividades presenciais e
virtuais, em grupo, como função integradora e agregadora para elaboração de projetos, permite
desenvolver uma convivência e um sentimento de pertecimento à instituição e com os colegas, dentro do
propôsito comum que é adquirir o conhecimento e a formação humana necessária para o futuro
desempenho profissional” (36:15). Afirmou ainda que “o desenvolvimento do Projeto Integrador (PI) vai
permitir, pela vivência, ir costurando os conhecimentos que forem sendo adquiridos e os conteúdos que
forem sendo desenvolvidos nas disciplinas” (42:10). Para Santos e Barra (2012, p.2), a utilização do PI,
além da interdisciplinaridade, induz a transversalidade entre os conteúdos por meio de um eixo integrador
do currículo, promovendo a articulação dos conhecimentos desenvolvidos.
A proposta de avaliação seria por meio da confecção de um “portfólio por disciplina, composto de
produções que representem sua compreensão sobre os conteúdos abordados e sobre a resolução dos
problemas trabalhados tanto individual quanto coletivamente” (UNIVESP, 2014, p.14). A utilização de
portfólios é uma metodologia que vem sendo incorporada à área da Educação desde a década de 1990
(RANGEL; GARFINKEL, 2007). Segundo Shores e Grace (apud RANGEL; GARFINKEL, 2007, p.12),
o portfólio afasta-se da avaliação centrada apenas em procedimentos pontuais, como os de provas
tradicionais, podendo ser definido como uma coleção de itens que revela os diferentes aspectos do
desenvolvimento.
Metodologia
Utilizou-se análise documental das orientações gerais enviadas bimestralmente aos alunos, de
informações obtidas no site da instituição e de vídeos produzidos pela instituição e disponibilizados, em
algum momento, no canal YouTube da instituição. Os dados foram analisados de forma reflexiva numa
tentativa de conciliar os relatos encontrados nas produções escritas e consequências práticas a partir dos
conceitos teóricos usados, como, por exemplo, aprendizagem ativa, aprendizagem baseada em problemas
e projetos e PI.
Resultados
Em relação à avaliação, no primeiro bimestre, foi indicado que o portfólio deveria ser entregue na
oitava semana de aula do bimestre e a nota final de cada disciplinas seria obtida por meio da média das
notas dos portfólios, do PI e da auto-avaliação, sem provas presenciais. No segundo bimestre, foram
estipuladas datas de entrega semanal para os “portfólios” e avaliação presencial, com consulta aos
portfólios. Do terceiro ao oitavo bimestres foi seguido o mesmo modelo do segundo. No nono e décimo
bimestres, as notas do PI e dos portfólios foram separadas. Nos decimos primeiro, segundo e terceiro
bimestres as provas presenciais passaram a ser sem consulta, passando a chamar os portfólios de lista de
atividades e a considerar o PI como mais uma disciplina, não fazendo mais parte nas notas das outras
disciplinas.
Discussão
Uma breve análise do Projeto Pedagógico (PP) dá indicações de discrepâncias entre a proposta, os
documentos e a implementação prática de metodologias ativas. Entretanto, o PP coloca a transmissão de
conhecimentos como seu primeiro pilar. O problema é que, conceitualmente, a transmissão de
conhecimento não é uma prática que possa ser considerada “ativa”. No mínimo, revela pouca
preocupação com a linguagem, pois deveria considerar a construção do conhecimentos e não se referir ao
processo de ensino-aprendizagem como “transmissão de conhecimento”.
Num outro extremo, considerando a avaliação, está escrito no PP que “serão realizadas 2 (duas)
avaliações presenciais em cada disciplina do curso. Elas serão realizadas na décima e na vigésima
semanas de apresentação da disciplina” (UNIVESP, 2017, p.91). Entretanto, a temporalidade das
disciplinas é bimestral, não podendo existir uma segunda avaliação na vigésima semana. Além desse
“detalhe”, consta na mesma página que “as provas — sem consulta — assim como as demais atividades
presenciais, são obrigatórias”. Provas sem consulta também não são incompatível com aprendizagens
ativas.
O “conceito” de portfólio passou a ser chamado de “atividades programadas”. Na prática já não era
propriamente um portfólio, mas listas de exercícios com entregas semanais e notas quantificadas a cada
semana, de acordo com o gabarito fornecido pelo professor responsável pela disciplina para que o
mediador, independente de sua formação, atribuisse os valores nominais de acertos, num típico modelo de
avaliação somativa. Percebe-se também, no decorrer do tempo, a desvalorização dos portfólios e do PI,
sendo que os PIs tornaram-se “disciplinas autônomas”, sem interferir nas notas das outras disciplinas.
Evidencia-se que o projeto chamado “integrador” não é mais incorporado como avaliação das disciplinas
que deveria integrar.
Enfim, o PI é uma metodologia ativa que a literatura aponta como sendo muito eficiente e mesmo os
portfólios, quando adequadamente utilizados. Contudo, a proposta da Univesp de empregar metodologias
ativas, sob a qual, desde seus documentos iniciais, há utilização de termos e práticas que remetem ao
ensino tradicional de transmissão de conhecimento e avaliações somativas baseadas principalmente na
memorização, não pode ser considerada inovadora. Pelo contrário, parece muito mais uma tentativa de
reproduzir em escala digital o que é feito em cursos presenciais, sem realmente se aproveitar das
vantagens oferecidas pelos atuais recursos informacionais.
Referências
BARBOSA, E.F.; MOURA, D.G. Metodologias ativas de aprendizagem no ensino de engenharia. In:
Proceedings of INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING AND TECHNOLOGY
EDUCATION. Cairo: ICETE, 2014.
GOLDBERG, D.E. The missing basics and other philosophical reflections for the transformation of
engineering education. In: GRASSO, D.; BURKINS, M. B. (eds.). Holistic Engineering Education:
beyond technology. New York: Springer, 2010. p.145-158.
INTRODUÇÃO
O processo de simulação de treinamento que substitui o a participação de pacientes reais, sendo estes
trocados por modelos artificiais ou de realidade virtual. Desta forma em cenários previamente montados e
controlados, buscamos a replicação de um ambiente próximo à realidade, tendo como objetivos: analisar,
refletir e discutir as ações tomadas. A tecnologia nesta ultima decada apresentou um avanço tecnológico
significativo, os manequins de simulação e os programas de computação acompanharam estes avanços.
Portanto, temos hoje a tecnologia que mimetiza diversas funções fisiológicas, como funções respiratórias,
cardíacas, neurológicas, possibilitando o aprendizado de toda a ciência medica.
Utilizando o processo de simulação nota-se que este método apresenta um recurso útil e efetivo para
desenvolvimento e avaliação de desempenhos e habilidades, sendo possível o controle dos meios alheios
a situação e a padronização da situação problema apresentado pelo paciente. Mais ainda, após o feedback
apresenta um instrumento que agrega positivamente aos alunos, pois remete a um auto avaliação
aumentando a confiança destes A simulação permite a possibilidade de aprendizagem clinica focada no
paciente, garantido a resolução de problemas e relacionamento interpessoal, sem a presença do paciente
real.
Neste trabalho, foram utilizados para a prática da SR, manequim bebe, onde é possível realização de
manobras de compreensão torácica e ventilação, bem como a sintetizar a obstrução de vias aéreas por
corpo estranho. Assim os alunos ultrapassam a barreira do tradicional método de ensino de teorias,
vivenciando na prática seus conhecimentos técnicos cientificos. Estes simuladores permitem a realização
de procedimentos e condutas e apresentam a características próximas de uma criança real. Mais ainda,
alguns manequins simuladores podem responder a administração de medicamentos, possibilitando
demostrar possíveis erros ocorridos no atendimento.
A grande maioria de morte por aspiração de corpos estranho ocorrem em crianças com menos de
cinco anos, sendo causados principalmente os engasgo causados por líquidos, pequenos objetos, balões,
sementes, pipocas, brinquedos, etc
Este estudo teve como objetivo utilizar a simulação realistica como ferramenta de prática de
atendimento em uma situação de emergência a bebê a bordo de um onibus de turismo , a fim de integrar o
discente a situação de medicina não hospitalar.
Metodologia
Esta proposta está baseada em uma metodologia de aprendizado baseado em problema, amplamente
utilizada em diversos seguimentos do inglês “PBL” (problem-based learning), sendo a construção do
conhecimento baseada em resolução de problemas criados e estruturados pelo instutor, possibilitando
gradativamente um raciocínio técnico cientifico, necessário à sua vida profissional.
Para esta simulação realística, foi utilizado um manequim bebe, nas instalações de um centro de
treinamento e simulacao realistica compondo os recursos pedagógicos aos alunos dos cursos voltados a
ciência médica e da saúde.
O cenário descrito a seguir, descreve uma situação dentro de um onibus, para que o discente
reconheça o ambiente e tenha a noção da gravidade da situação em que esta inserido. A simulação se
apresenta objetiva e centrada no paciente, sendo necessária a intervenção imediata e não invasiva.
Bebê, 18 meses, sexo masculino, mãe 21 anos, 5 passageiros e uma comissária de bordo. Ao
fornecer gomo de mexerica ,a mãe percebe que a criança se encontra engasgada e fica desesperada. Uma
passageira tenta acalmar a mãe e demais passageiros começam a falar para parar o onibus em um posto
mais rápido possível, instalando uma situação de conflito. Uma discente será a comissaria . bebê não
chora, esta cianótico (coloração azulada), com taquicardia (batimentos cardíacos acelerados). O
atendimento teria de ser realizado em 2 minutos, senão o bebe teria parada cardiorrespiratória. Deveriam
elaborar relatório.
RESULTADOS E CONCLUSÃO
Resumo
O ensino de física no Brasil e em muitos paises vizinhos, até em paises europeus, carece de uma
característica muito importante que vemos em universidade dos EUA: a introdução a um tema
iniciada com um experimento demonstrativo na mesa do professor, para a turma toda poder ver. O
que, somado à falta de experimentos no ensino secundário, mantém no aluno uma ideia irreal dos
fenômenos, centrados em equações que são geralmente descrições idealizadas ou aproximadas de
fatos reais que o aluno mal consegue visualizar. O problema afeta ao ensino médio e ao
universitário e Leva a que o principal interesse das escolas, sobretudo as particulares, seja preparar
para o vestibular, que possui um extenso temário de temas teóricos e nenhum experimento.
Propomos a discussão sobre o assunto. No Instituto de Física da UNICAMP o tema é trabalhado nos
cursos de Licenciatura desde 2007 no plano escolar, e desde 2014 no universitário. A experiência de
estudo do professor Lunazzi na Universidad Nacional de La Plata, La Plata, Argentina, tem sido
crucial para chegar ao questionamento do problema. O trabalho recente das Olimpíadas Brasileiras
de física também, é um alicerce para a produção em grande escala de experimentos simples.
Introdução e objetivos
O estudo sistemático da física pode ser associado à importância dada às ciências pelos governos.
Destacamos duas academias importantes, a da Inglaterra e a da França, surgidas antes do ano 1700
mas que nesse ano começam a ter uma grande trascendência, quando Isaac Newton desenvolve a
mecânica. Oitenta anos depois, a eletricidade é desenvolvida, notadamente por Davy e sobretudo
por Faraday, seu discípulo. Faraday, iniciado na ciência em uma das demonstrações que a Royal
Academy realizava para o público, é um exemplo da importância do trabalho experimental, só
coroada depois pela teoria que veio a ser desenvolvida por outros. O trabalho de Faraday. Vendo
livros de texto de física do fim do século XIX (1)(2) e inícios do século XX (3), hoje disponíveis
facilmente graças à internet, vemos como neles a descrição da física está sempre acompanhada do
desenho e descrição de experimentos correlatos a cada tema. Isto já não se vê em livros dos anos
1960 (4). O que não quer dizer necessariamente que o sistema de ensino tenha mudado, mas de
todas maneiras seria um sintoma da separação teoria-experimento.
O Prof. Lunazzi estudou na Universidad Nacional de La Plata, na cidade de La Plata, Argentina,
onde teve sua primeira aula de física em março de 1960. A cidade foi planejada para ser capital do
estado (Provincia de Buenos Aires) e construida desde zero com tudo o melhor que a arquitetura
europeia podia oferecer na época. A universidade teve seu Departamento de Física inteiramente
importado da Alemanha, e as aulas aconteciam em um anfiteatro para mais de 300 pessoas, com
uma mesada na frente bem ao longo do quadro negro, onde experimentos que se guardavam
embaixo das arquibancadas eram colocados para, no início de cada aula, um experimento básico
sobre o tema do dia ser visto por todos. De maneira "analógica", claro, não existia a eletrônica na
época. A primeira aula, então, mostrava como um halter de chumbo, pendurado de um cabo fino,
oscilava quando outro halter era manipulado pelo professor na proximidade, sem contato. Ou seja, a
atração da gravidade em evidência local (experimento chamado "Balança de Cavendish"). Só
depóis, a equação correspondente à lei de gravitação universal. Algo assim como se Newton tivesse
percebido que a maça caiu na sua cabeça pela atração mútua entre elas. E assim em TODAS AS
AULAS. A de força entre correntes, p.ex., começava com uma série de baterias de carro ativando
uns cabos em curtocircuito, experimentando atração ou repulsão vissível por todos. Só depois, a
fórmula básica, onde cada símbolo tinha um sentido pelo experimento que mantinhamos na frente.
Esses experimentos não substituiam aos da atividade no laboratório, onde realizávamos observações
e medições, mas chegávamos nesses com a base de ter visto o fenômeno básico acontecendo, e isso
fazia uma boa diferença.
A ideia de aplicar isto na UNICAMP veio somente muito depois de ter começado a lecionar, no
primeiro semestre de 2014, só quando a disciplina “Tópicos de Ensino de Física I”-F 609, após mais
de vinte semestres de realizar experimentos didáticos onde cada aluno era responsável pelo desenho
e realização completa de um experimento, mostrou que esses interessantes experimentos somente
estavam destinados para um pequeno grupo de alunos em volta de uma mesa, enquanto o número de
alunos por sala de aula, tanto na escola como na universidade, cresce rapidamente. Foi
encomendado aos alunos um levantamento de casos onde o experimento precede à teoria, e tivemos
o reporte do notável professor do MIT chamado Walter Lewin, com vários vídeos no YouTube onde
realiza experimentos, alguns espetaculares e atraentes(5). A referência anterior era de um professor
que nos visitara e divulgava seu curso de física para a TV(6).
Propusemos aos coordenadores de curso de física básica a realização de experimentos em sala de
aula e foi avaliado que somente seria possível um experimento por curso por semestre.
Metodologia de estudo e forma de análise de resultados
Solicitamos aos coordenadores propostas de experimentos para suas aulas, e, embor não tenhamos
recebido nenhuma proposta satisfatória, realizamos dez experimentos com visibilidade suficiente
para um anfiteatro do ciclo básico (prédio CB) (7). Cada experimento nessa disciplina tem um
orientador diferente, professor pesquisador do Instituto de Física, e os resultados foram bastante
satisfatórios, mas somente dois deles chegaram a ter espaço para serem apresentados em sala de
aula. Foram experimentos de interferência da luz, algo que não conhecemos tenha sido mostrado
antes em um anfiteatro. O primeiro, um interferômetro de Michelson que conta com um laser de
diodo de 50 mW, experimento realizado com materiais caseiros de relativo baixo custo, o custo
maior é o laser, dos utilizados em discoteca, e em segundo lugar dois suportes angulares para
espelhos, construidos em firma de Barão Geraldo. O experimento foi bem sucedido na aula, a
visibilidade e propriedades das franjas de interferência foi boa, sendo complementado com outro
realizado com duas placas de vidro comum de 5 mm de espessura, que criava franjas de
interferência ao ser colocado na saida de luz do projetor multimídia da sala(8). Os experimentos
foram apresentados pelos alunos do curso instrumental enquanto o professor de teoria fazia
comentários a respeito, ocupando boa parte da aular no caso.
Destacamos este experimento por ter sido o único apresentado em aula de teoria, mas podemos
dizer que vários dos nove restantes tem claras possibilidades de ser apresentados também, iniciando
ao público em temas de mecânica (oscilação senoidal de uma massa presa a uma mola, tempo de
rolagem de cilindros), eletricidade (força entre correntes), e outros.
A avaliação de resultados no caso foi colher a opinião dos alunos da aula, do professor dela e de
outros dois professores presentes, extremamente favorável. Trata-se, por outro lado, de retomar uma
maneira de ensino que foi aplicada por mais de um século, no que nunca houve uma colocação de
que tenha sido superada.
Resultados
O resultado foi uma aula teórica de interferência de ondas luminosas ilustrada com um experimento
de muita importância baseado em luz laser, e outro dando o fenômeno com luz branca. E vários
outros experimentos que foram guardados com o potencial de serem aplicados em aula de teoria.
Discussão
O comentário de outro professor foi extremamente claro: a UNICAMP não preparou suas salas de
aula para um formato como esse, onde os anfiteatros precisam ter o local para colocação e retiradas
dos experimentos. E seria esse, um anfiteatro exclussivo para aulas de física. Além da realização,
manutenção, e colocação e manipulação dos experimentos, o tempo disponível no semestre, por
outro lado, foi dado como muito limitado, quer dizer que tem-se muito conteúdo teórico limitando o
experimental. Não por isso podemos dizer que o resultado não foi muito positivo, gerando por outro
lado alguns experimentos novos, somente que seria preciso uma nova metodologia educativa para
poder aplicar isto como vemos, p.ex., nos EUA.
Referências
1) G.P. Quackenbos , LL.D.: A Natural Philosophy Embracing the most recent discoveries in the
various branches of physics and exhibiting the application of scientific principlis in every-day life.
American Books Company, 1899.
2) Livros antigos de física presentes em: http://books.google.com.br/books?
id=Zd2TQ5dNEG0C&oe=UTF-8&redir_esc=y
3) Appleton-Nelson, Primeros ensayos en la física y en la química, D. Appleton y Compañia, 1906.
4) Resnick-Halliday, "Física para estudiantes de Ciencia e Ingenieria", ed. 1965.
5) Walter Lewin, MIT, exemplo de experimento em aula: https://www.youtube.com/watch?
v=onxGV17isfQ
6) Goodstein, David L., “O Universo Mecânico”, mesa com experimentos em 1min 42s de
https://www.youtube.com/watch?v=pW_fL3xjcP4
7) Lunazzi, J.J., Experimentos para sala de aula de teoria (2014):
http://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/F530_F590_F690_F809_F895/F809/F609_2014_sem1/Experi
mentos_para_aula_de_teoria.htm
8) Lunazzi, J. J., Chinelatto, Carole, Vídeo da aula Interferência https://www.youtube.com/watch?
v=ygOmxDpwwL4&list=UUqDhs_NkwwVJIyNkuN9B_kw
AVALIAÇÃO CURRICULAR NO ENSINO SUPERIOR:
INOVAÇÃO SOB O PRISMA DE ANTIGOS CONCEITOS COM
DIFERENTES LÓGICAS
RESUMO
O objeto deste trabalho é o campo da avaliação institucional em nível micro (de curso), direcionada
pelo Núcleo Docente Estruturante (NDE) e pela Comissão Própria de Avaliação (CPA). Considerando a
hegemonia ideológica imposta pelos empresários da educação, o gerencialismo tem ditado o ritmo e o
método de avaliar em Educação. Importaram-se para o cenário educacional, termos típicos da
Administração, sem a devida transmutação de seus sentidos. Este artigo objetiva propor a avaliação
institucional participativa como estratégia potente para reformulação curricular, a partir de uma nova
leitura da terminologia imposta pelos reformadores empresariais. Trata-se de revisão de literatura
empreendida entre agosto e outubro de 2017. Como resultado, apresentamos as dicotomias semânticas
entre os termos: culpabilização X responsabilização partilhada; eficiência de mercado X eficiência
educacional e qualidade X qualidade negociada; competência X boa educação. A análise discursiva
desses termos ocorre na perspectiva de diferentes autores, culminando na proposição da avaliação
institucional participativa na universidade.
INTRODUÇÃO E OBJETIVO
No Brasil, empresários interessados na Educação como negócio e movidos pelo lucro têm imperado
na disputa por esse bem público. Para isso, utilizam como veículo ideológico o conceito de qualidade.
(SORDI; FREITAS, 2013). Esse grupo importou para a Educação vocábulos que expressam mecanismos
gerenciais, no intuito de controlar o incontrolável. Esquecem que (diferentemente de suas empresas),
educação não é uma esteira de produção, à qual, desde que se concedam insumos calculados, pode-se
garantir o produto.
Vocábulos como culpa, qualidade, eficiência e competência têm sido concebidos como aliados à
obtenção de resultados em avaliações externas (mediadas pelo SINAES). Isso à custa da transformação
dos NDE e das CPA em instâncias meramente burocráticas (conforme Sordi, 2011), de produção de
relatórios demandados por instâncias reguladoras (perdendo a característica de espaço potente para
reflexões e proposição de mudanças educacionais). Visando uma educação plena, com a qual seja
possível responder satisfatoriamente a demandas sociais (Sordi et al., 2016), questionamos: é possível
utilizar a terminologia gerencial (aqui assumida como antiga), imprimindo-lhe diferentes lógicas? Este
artigo objetiva propor a avaliação institucional participativa como estratégia inovadora para reformulação
curricular, ao dialogar com a terminologia imposta pelos reformadores empresariais, sem restringir-se aos
seus pilares mercadológicos. Logo, questiona-se: como se manter no sistema regulatório (mediado por
ENADE, autorizações e reconhecimentos de curso) sem estar restrito a ele? Em suma: como resistir por
dentro, em nome de uma formação plena?
Trata-se de revisão de literatura, a partir dos termos em discussão neste artigo, a saber: Culpa,
qualidade, eficiência e competência. De agosto a outubro de 2017, pesquisaram-se artigos científicos que
associavam tais termos ao constructo de avaliação institucional participativa. Para compor a discussão ora
proposta, pesquisou-se bibliografia tradicional da área de Administração. Após os fichamentos dos
artigos, construímos este texto, ancorados na análise discursiva sob a perspectiva de diferentes autores,
culminando na proposição da avaliação institucional participativa para reformulação curricular
universitária.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
REFERÊNCIAS:
-BONDIOLI, Anna. O projeto pedagógico da creche e a sua avaliação: a qualidade negociada. Campinas:
Autores Associados, 2004.
-CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações.
Rio de Janeiro: Campus, 1999.
-__. Teoria geral da administração. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1979.
-LEITE, Denise. Reformas Universitárias: Avaliação Institucional Participativa. (Coleção Univesit@s).
Petrópolis: Vozes, 2005.
-SORDI, Mara Regina Lemes de. Comissão Própria de Avaliação (CPA): similaridades e dessemelhanças
no uso da estratégia na educação superior e em escolas do ensino fundamental. Avaliação, Campinas,
Sorocaba, SP, v.16, n.3, p.603-617, nov.2011.
-SORDI, Mara Regina Lemes; FREITAS, Luiz Carlos de. Responsabilização participativa. Revista
Retratos da Escola, Brasília, v.7, n.12, p. 87-99, jan.-jun.2013.
-SORDI, Mara Regina Lemes de; OLIVEIRA, Sara Badra de; SILVA, Margarida Montejano da;
BARTAGNA, Regiane Helena; DALBEN, Adilson. Indicadores de qualidade social da escola pública:
Avançando no campo avaliativo. Est.Aval.Educ., São Paulo, v.27, n.66, p.716-753, set./dez.2016.