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A melhoria das condições de vida do homem e o progresso das nações sempre foram uma preocupação
constante da humanidade. Todavia, só recentemente o estudo sistemático do desenvolvimento
econômico se impôs como tema central da ciência econômica.
Para o economista francês François Perroux, "desenvolvimento é a combinação das mudanças mentais
e sociais que tornam uma população apta a fazer crescer, cumulativa e duradouramente, seu produto
real e global". O desenvolvimento econômico de uma nação é o processo - ou o resultado - de
transformações inter-relacionadas com variações no campo político, mediante o qual se consegue
produzir maior quantidade de bens e serviços destinados a satisfazer as crescentes e diversificadas
necessidades humanas. Vem acompanhado, basicamente, de contínuas mudanças de ordem quantitativa
e qualitativa no contexto social, político e econômico de uma nação.
Os autores divergem no que diz respeito aos critérios que permitem avaliar o desenvolvimento, que
podem ser: (1) industrialização ou produção industrial; (2) estrutura ocupacional, ou seja, distribuição
da mão-de-obra pelos diversos ramos da atividade econômica; (3) renda nacional per capita; (4)
urbanização. Tais critérios resultam da análise de países considerados desenvolvidos, onde o fator
principal que deflagra o processo de desenvolvimento é a industrialização, que consiste na aplicação
da ciência e da técnica de base científica ao processo produtivo. Os demais índices revelam fenômenos
que, a rigor, não passam de conseqüências do processo de industrialização.
Nos tempos modernos, o desenvolvimento econômico passou a favorecer maior número de pessoas,
mas a desigualdade persiste como uma constante na vida dos povos. Os benefícios do progresso
restringiram-se às poucas nações desenvolvidas, entre as quais se incluíam, no fim do século XX,
Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Israel, Japão, Nova Zelândia e os países da Europa
ocidental. Os países subdesenvolvidos, por sua vez, abrigavam cerca de setenta por cento da população
mundial, cabendo-lhes menos de 25% da renda total.
Consideram-se desenvolvidos aqueles países que conheceram a revolução industrial e cuja riqueza se
manifesta na diversidade de bens materiais e realizações tecnológicas. Por esse motivo, também se
costuma identificá-los como países industrializados. Os países que não atingiram esse nível são
chamados subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
Na década de 1960, as Nações Unidas adotaram 12 indicadores econômicos e sociais para aferir o
nível de desenvolvimento dos diferentes países. Além da renda média anual per capita, os indicadores
incluíam consumo de energia elétrica per capita, prognóstico médio de vida, taxa de mortalidade
infantil, número de médicos por habitante, nível de urbanização, percentagem da renda nacional
proveniente da agricultura, e outros associados à alimentação, educação e força de trabalho. Em 1990,
numa nova abordagem do conceito, a ONU passou a divulgar o índice anual de desenvolvimento
humano, que mede o bem-estar dos povos mediante indicadores combinados de poder real de compra,
educação e saúde.
Embora muito empregada em análises econômicas de curto prazo, na teoria econômica a expressão
"crescimento econômico" refere-se geralmente ao aumento da riqueza em um período mais longo. No
sentido estrito, segundo o economista francês François Perroux, crescimento econômico de uma nação
é o aumento sustentado, durante um ou vários períodos longos, do produto nacional bruto em termos
reais - e não, como defendem alguns, o aumento da renda per capita.
O crescimento econômico é dimensionado apenas pela elevação da renda e nem sempre significa
desenvolvimento. Os países do Oriente Médio, por exemplo, por serem grandes produtores de
petróleo, apresentam altos índices de renda, que não mostram o processo real de desenvolvimento pois,
concentrada nas mãos de poucas famílias, ela não é reinvestida em empreendimentos, como indústrias
de base, capazes de deflagrar um real processo de desenvolvimento na região. Nos países
desenvolvidos, o índice de renda revela os níveis reais de desenvolvimento.
A teoria clássica do desenvolvimento econômico não se revelou apropriada para analisar as causas
mais complexas do crescimento econômico das nações adiantadas. O progresso tecnológico e a
ampliação do mercado neutralizaram as conseqüências da lei dos rendimentos decrescentes, e a teoria
malthusiana do crescimento da população não se mostrou válida nos países desenvolvidos. Até meados
do século XX, os níveis de renda per capita nos países desenvolvidos estavam muito acima do que se
poderia admitir como o mínimo de subsistência, e continuavam subindo em ritmo acelerado. Enquanto
isso, a taxa de natalidade declinava, contrabalançando os efeitos positivos do progresso - queda da taxa
de mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida média - e atuando como obstáculo a um
excessivo incremento da população.
Embora a concepção pessimista dos clássicos sobre o desenvolvimento econômico tenha sido negada
pela história, a verdade é que, por motivos diversos, muitos povos se encontram no nível mínimo de
subsistência, ao lado da opulência numa minoria de países. Diante da verdade histórica de que o
desenvolvimento econômico tem sido uma exceção, porque limitado a uma minoria de países, alguns
economistas modernos levantaram a tese do "círculo vicioso da pobreza": por disporem de renda muito
baixa, os países pobres não tinham capital para investir e, por não poderem fazer investimentos, não
tinham como aumentar sua renda.
Marx afirma que a acumulação de capital, condição inerente ao sistema, provocaria no futuro as crises
de superprodução por insuficiência do consumo. Essa é uma das leis mais importantes do
desenvolvimento capitalista, a qual é ao mesmo tempo conseqüência e condição desse
desenvolvimento. As contradições do sistema se agravam com a ampliação do desenvolvimento
capitalista, que é levado a evoluir para formas mais radicais de organização.
Outros autores marxistas ampliaram as idéias de Marx, explicando que o sistema de desenvolvimento
capitalista conseguiu evoluir para etapas mais adiantadas, atingindo a fase do imperialismo econômico.
Para os adeptos de Marx, o chamado imperialismo econômico constitui a etapa mais avançada e mais
radical do capitalismo e, por isso mesmo, seu ponto culminante. Segundo eles, o imperialismo
econômico condiciona o desenvolvimento de alguns países ao subdesenvolvimento de outros, ao
mesmo tempo que estabelece uma profunda desigualdade de renda entre as pessoas.
NEOCLÁSSICOS. Segundo o pensamento dos autores neoclássicos (Alfred Marshall, Gustav Cassel
e outros), menos pessimista que o dos predecessores, o desenvolvimento econômico resulta da
acumulação de capital que, por sua vez, é função das taxas de lucro e de juros. Como em todo o
sistema econômico descrito pelos mesmos autores, o princípio da oferta e procura regula o mercado de
capital. Em todos os mercados, o princípio da oferta e procura conduz ao equilíbrio, e por isso os
neoclássicos concluem que o equilíbrio se estenderia ao sistema econômico como um todo.
A grande depressão da década de 1930, que irrompeu nos Estados Unidos, se estendeu por todo o
mundo capitalista e se prolongou por quase uma década, fez desaparecer a confiança num processo de
desenvolvimento estável a longo prazo e ressurgir a preocupação pela estagnação econômica como
ameaça do futuro. As críticas de Marx readquiriam validade para muitos estudiosos. Finalmente, John
Maynard Keynes introduziu uma nova teoria do emprego (e do desenvolvimento da economia), que
deu novo impulso à teoria econômica.
Não se chegou ainda a formular uma teoria de desenvolvimento amplamente aceitável, dentro das
características da economia de mercado. Ao nível dos conhecimentos atuais, pode-se dizer que o êxito
da política de promoção do desenvolvimento dependerá de como a sociedade possa realizar, ao mesmo
tempo, os seguintes objetivos:
(1) combinar os fatores disponíveis - trabalho, meios de produção e recursos naturais - de forma a
obter uma produtividade sempre crescente;
(2) mobilizar as potencialidades de poupança da comunidade para aplicá-las na melhoria das condições
de produtividade dos fatores indicados;
(3) inter-relacionar essas variáveis com a função da demanda (a propensão a consumir do modelo
keynesiano) com a qual se associa, por outro lado, o problema da distribuição da renda.
A oposição ao desenvolvimento será tanto mais acirrada quanto mais depender de mudanças que
afetem as instituições, contrariem situações ou prejudiquem interesses de pessoas ou grupos. Não é
raro surgir um conflito insanável entre os que aspiram a maior progresso e os que se apegam à defesa
dos costumes, relações sociais ou formas institucionais que lhes asseguram situação de privilégio. Em
suma, o desenvolvimento é todo um processo, nem sempre tranqüilo, de transformações e mudanças,
tanto na ordem econômica como na estrutura social, cuja intensidade poderá variar conforme o estádio
de evolução social e segundo o grau de compatibilidade entre a potencialidade da economia e as
relações sociais existentes.