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Cultura do feijão – Phaseolus vulgaris

O feijão-comum (Phaseolus vulgaris L.) é um dos mais importantes componentes


da dieta alimentar do brasileiro, por ser reconhecidamente uma excelente fonte proteica.
Além de ser rico em proteína, o feijão também possui carboidratos, vitaminas, minerais,
fbras e compostos com ação antioxidante que podem reduzir a incidência de doenças.
Além do papel relevante na alimentação da população brasileira, o feijão é um dos
produtos agrícolas de maior importância econômico-social, principalmente devido à mão
de obra empregada durante o ciclo da cultura, sobretudo na época da colheita, que na
maioria das vezes é manual.
O Brasil é o maior produtor mundial de feijão-comum. Seu cultivo é bastante
difundido em todo o território nacional, no sistema solteiro (só o feijão) ou no consorciado
(com outras culturas). Ainda é reconhecido como cultura de subsistência, mas tem atraído
a atenção de grandes produtores que utilizam tecnologias avançadas como irrigação,
controle ftossanitário e colheita mecanizada. Esses produtores têm alcançado altas
produtividades, acima de 3.000 kg/ha, muito acima da média nacional que gira em torno
de 800 kg/ha.
Existem cultivares melhoradas e adaptadas para todas as regiões do país. A
cultivar pérola, por exemplo, é recomendada para vários estados brasileiros (Goiás, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Acre, Rondônia e
Tocantins). Essa cultivar possui grãos do tipo carioca (Figura 5.1), mais consumido em
nosso país, representando cerca de 70% do mercado. Mas atenção! Além do feijão-
carioca, existem muitas variedades de outros tipos, produzidos e comercializados
regionalmente (alguns exemplos são apresentados na Figura 5.1). O feijão-vermelho de
grãos brilhantes, por exemplo, é o tipo preferido na Zona da Mata de Minas Gerais.
Além do feijão-comum, plantado em maior ou menor grau, em todo o território
nacional, existem outras espécies conhecidas como feijão. Um exemplo é o feijão-caupi
(Vigna
unguiculata L.) também conhecido como fradinho ou feijão-de-corda, muito consumido
no Norte e no Nordeste do Brasil. Mas nesta aula trataremos apenas de feijão-comum.

A planta de feijão – aspectos botânicos

O feijão-comum é uma planta anual herbácea, pertencente à família Leguminosae,


gênero Phaseolus, sendo classifcado como Phaseolus vulgaris L.A planta de feijão possui
dois tipos de folhas: as simples ou primárias, que são opostas, e as folhas compostas,
constituídas de três folíolos (trifolioladas), com disposição alternada (Figura 5.2).

O caule (haste) é herbáceo, constituído por um eixo principal, formado por


uma sucessão de nós e entrenós. O primeiro nó corresponde à inserção dos cotilédones, o
segundo corresponde à inserção das folhas primárias (simples), o terceiro, da primeira
folha trifoliolada (Figura 5.2), e assim por diante.

A partir do eixo principal podem surgir ramifcações laterais, que por sua vez
também podem se ramifcar, multiplicando o potencial de florescimento da planta. As
flores são completas e agrupam-se em racemos (Figura 5.3), que nascem nas axilas das
folhas e podem apresentar coloração branca, rósea ou violeta.
O desenvolvimento da planta de feijão é dividido em duas fases:

-Vegetativa (V), constituída pelas etapas V0, V1, V2, V3 e V4;


- Reprodutiva (R), constituída pelas etapas R5, R6, R7, R8 e R9 (Tabela 5.2).

- Exigências edafoclimáticas

Apesar de ser cultivado em praticamente todo o território nacional, o feijoeiro é


uma planta relativamente exigente quanto às condições edafoclimáticas. Portanto, O
conhecimento das exigências e limitações do feijoeiro é fundamental para definir o
ambiente mais adequado para a cultura se desenvolver e produzir de maneira efciente.
Veja a seguir quais são.
Temperatura: A planta de feijão é sensível a altas e baixas temperaturas, sendo a média
ótima entre 18 e 24°C e a temperatura ideal 21°C. Médias acima de 30°C e abaixo de
12°C podem provocar abortamento de flores, vagens e grãos. Na fase de germinação,
temperaturas baixas podem atrasar a emergência e também prejudicar o desenvolvimento
das plantas.

Radiação solar: Deve-se manejar a cultura para que as plantas consigam interceptar a
maior quantidade de radiação solar possível, principalmente antes do florescimento, para
que seja acumulada uma quantidade adequada de biomassa.

Precipitação pluvial: A cultura do feijoeiro submetida a estresse hídrico (falta de água)


apresenta redução na área foliar. A falta de água no período de floração pode causar
redução na estatura da planta, no número e no tamanho das vagens. Pode reduzir também
o número de grãos por vagem, afetando muito o rendimento da cultura. O estresse hídrico
pode ser minimizado com o uso de irrigação, mas essa não é uma tecnologia acessível a
todos os produtores.
O excesso de chuvas também pode causar prejuízos à cultura, principalmente na
época da colheita. Nessa fase, o excesso de chuva pode impedir que o feijão seja colhido,
o que aumenta a probabilidade de brotação e o surgimento de manchas nos grãos. Esses
defeitos podem deixar o feijão inadequado para comercialização. De modo geral, a cultura
do feijão é bem-sucedida quando as precipitações situam-se entre 300 e 400 mm bem
distribuídos durante o ciclo da cultura.

Solo: O feijão pode ser cultivado tanto em várzeas quanto em terras altas, desde que em
locais com solos soltos, friáveis e não sujeitos a encharcamento. As várzeas e baixadas
úmidas devem ser utilizadas nos períodos menos chuvosos, aproveitando-se a sua
topografa e capacidade de armazenamento de água, pois solos encharcados não são
suportados pelo feijoeiro, uma vez que prejudicam a germinação, limitam o
desenvolvimento das raízes e favorecem a incidência de doenças.

Épocas de plantio

Por ser uma cultura de ciclo curto (cerca de 90 dias), o feijão pode ser cultivado
por até quatro safras em um ano. Mas o feijoeiro possui algumas exigências climáticas, e
são elas que determinam a melhor época de semeadura. A mais indicada é aquela que
possui maior probabilidade de oferecer boa produtividade, ou seja, aquela que melhor
atende às exigências da cultura.

Na região central brasileira (Tabela 5.3), por exemplo, o feijão geralmente é


cultivado em três épocas (safras) distintas:

- Época das águas ou primeira época ou primavera-verão;


- Época da seca ou segunda época ou verão-outono;
- Época de outono-inverno ou terceira época.

A safra das águas possui a grande vantagem de dispensar a irrigação, entretanto


possui algumas desvantagens:

- Grande risco de chuva durante a colheita, que pode ser completamente


perdida ou resultar em grãos manchados e germinados (baixo valor comercial);
- Podem ocorrer altas temperaturas na época do florescimento (abortamento);
- Em terrenos planos e mal drenados, pode ocorrer encharcamento;
- O excesso de chuvas (umidade) pode favorecer alguns patógenos;
- Maior dificuldade para controlar as plantas daninhas.
O feijão da seca (plantio no final das chuvas) é colhido em época praticamente
livre de chuvas, possibilitando a obtenção de grãos de ótima qualidade, contudo também
possui desvantagens.
- A escassez e/ou a má distribuição das chuvas podem provocar queda no
rendimento;
- Época favorável ao ataque da cigarrinha-verde (importante praga do feijoeiro);
- Maior problema com o vírus do mosaico-dourado (doença importante do feijoeiro), em
áreas em que o feijão sucede a soja, principal planta hospedeira da mosca-branca, vetor
do vírus.
Para cultivar o feijão do outono-inverno, é obrigatória a utilização de irrigação.
As vantagens dessa safra são:
- A produtividade geralmente é elevada, podendo superar 3.000 kg/ha;
- Menor dependência dos fatores climáticos;
- A colheita é realizada em período seco, facilitando a operação e a obtenção de grãos
de ótima qualidade;
- Maximiza a área de plantio, pois o feijão é cultivado durante a entressafra das culturas
semeadas na primavera (milho, arroz e soja).

Cultivares
Utilizar cultivares melhoradas é a primeira medida a ser tomada quando o
objetivo é atingir alta produtividade e reduzir o custo de produção. A escolha da cultivar
deve levar em consideração várias características como:
- Alto potencial de produção;
- Ampla adaptação às condições de cultivo;
- Resistência a doenças.
Características da planta, como o hábito de crescimento e o porte, também são
importantes na escolha da cultivar. O hábito de crescimento das plantas de feijão pode
ser determinado ou indeterminado (Figura 5.4):
Determinado: as plantas terminam em uma inflorescência, o florescimento ocorre de
cima para baixo, param de crescer após iniciar o florescimento, geralmente são mais
precoces e de maturação mais uniforme;
Indeterminado: as plantas terminam em uma gema vegetativa, o florescimento ocorre
de baixo para cima, continua crescendo após iniciar o florescimento, geralmente são
mais tardias e apresentam maturação mais desuniforme.
O tipo de planta também é importante na escolha da cultivar, pois está diretamente
relacionado com os tratos culturais empregados. São quatro os tipos:
Planta tipo I: hábito de crescimento determinado; plantas arbustivas, com ramificação
ereta e fechada.
Planta tipo II: hábito de crescimento indeterminado; plantas arbustivas, com ramificação
ereta e fechada e as vagens inferiores não tocam o solo.
Planta tipo III: hábito de crescimento indeterminado; plantas prostradas (acamadas),
com ramificação aberta e vagens inferiores, geralmente em contato com o solo.
Planta tipo IV: hábito de crescimento indeterminado; plantas trepadoras.

Cultivares do tipo I geralmente são mais precoces, o que permite o escape de


adversidades (excesso de chuvas na colheita) a que outras cultivares de ciclo mais longo
estariam sujeitas. Além disso, possuem maturação mais uniforme, o que pode facilitar a
colheita. A grande vantagem de cultivares do tipo II é que, geralmente, possuem porte
ereto. Assim, facilitam o tráfico de operários e implementos na lavoura, uma vez que as
plantas desse tipo não se enrolam umas nas outras (Figura 5.6).
Além disso, permitem a colheita mecanizada. Já as do tipo III, geralmente, são
mais produtivas em relação aos outros tipos, mas, por serem prostradas, dificultam a
realização dos tratos cultura.
As cultivares do tipo IV são trepadoras e para cultivá-las necessitam ser tutoradas
(Figura 5.7), ou seja, as plantas precisam de um suporte (um bambu, uma cerca, uma
árvore etc.) para não ficarem esparramas pelo chão.

.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publica
periodicamente as listas de cultivares inscritas no Registro Nacional de Cultivares e no
Zoneamento Agrícola de cada Unidade da Federação, conferindo caráter legal a essa
tecnologia. Assim, os produtores têm acesso a informações de quais cultivares são
recomendadas para cultivo em sua região (estado).

Preparo do solo
O feijoeiro, por ser uma espécie de ciclo curto, pode ser cultivado em diferentes
épocas. Este fato proporciona o cultivo de mais de uma safra por ano, na mesma área,
principalmente na agricultura irrigada. Nesse caso, o solo é intensivamente utilizado, o
que consiste em maior risco de degradação, quando comparado com o cultivo de
sequeiro (cultivo sem utilização
de irrigação – época chuvosa) de outras culturas com apenas um cultivo anual. Portanto,
deve-se ter muita atenção quanto ao preparo do solo para o cultivo do feijão, que pode
ser semeado após o preparo convencional ou no sistema de plantio direto.
No sistema convencional de semeadura, a aração e a gradagem devem ser
realizadas seguindo as práticas de manejo e conservação do solo. Estas devem ser
realizadas de acordo com as condições de topografa do terreno e as propriedades físicas
do solo.
Em áreas irrigadas o uso mais intenso do solo pode resultar em maior degradação.
Portanto, o plantio direto, devido a seus efeitos benéficos sobre os atributos físicos,
químicos e biológicos do solo, tem sido muito utilizado no cultivo do feijão. Nesse
sistema de plantio, a semente e o adubo são colocados em um solo não trabalhado por
meio de implementos agrícolas, com a substituição do controle mecânico e manual de
plantas daninhas pelo
controle químico. Portanto, o revolvimento do solo ocorre apenas no sulco
de semeadura.

Implantação da lavoura
Dando continuidade à aula anterior, serão apresentados aqui mais alguns fatores
importantes a serem observados na implantação da lavoura de feijão. Seguir corretamente
as recomendações é essencial para obter sucesso com o empreendimento.
Espaçamento e densidade de plantio
O feijão deve ser semeado de modo a facilitar a realização dos tratos culturais e
com espaçamento e densidade de plantio que resultem em alta produtividade. Essa é uma
prática cultural de baixo custo, de fácil entendimento e adoção pelos agricultores.
Em lavouras comerciais para produção de grãos, têm sido recomendados
espaçamentos de 40 a 50 cm entre linhas de plantio e densidade de 10 a 15 sementes por
metro. Utilizando essa recomendação, espera-se obter uma população entre 200 e 375 mil
plantas por hectare, sendo que, de modo geral, procura-se obter 250 mil plantas/ha.
Populações maiores implicam maior custo com sementes e populações menores podem
resultar em redução da produtividade esperada.
Em alguns casos, como em áreas infestadas com mofo-branco, doença que tem
causado grandes prejuízos aos produtores, tem-se utilizado espaçamentos maiores. Nessa
situação, recomenda-se utilizar espaçamento entre linhas de plantio de 50 a 60 cm e, até
mesmo, menor densidade de plantio. Essas medidas visam melhorar a circulação de ar
entre as plantas e auxiliar no controle da doença.
Profundidade de plantio
Em solos argilosos ou úmidos, recomenda-se realizar a semeadura com 3 a 4 cm
de profundidade e em solos arenosos, com 5 a 6 cm. A semeadura em maior profundidade
contribui para atrasar a emergência das plântulas e deixá-las mais expostas ao ataque de
doenças, além de danificar os cotilédones. O adubo de plantio deve ser distribuído ao lado
ou abaixo das sementes (3 - 5 cm) para prevenir danos às plântulas e consequente redução
no estande (população de plantas).
Sementes
A utilização de sementes fiscalizadas, provenientes de produtores idôneos
(confiáveis), é fundamental para o sucesso da lavoura, pois a maioria das doenças que
atacam o feijoeiro é transmitida pelas sementes. Portanto, mesmo que as sementes sejam
de boa procedência, é fundamental o tratamento com fungicidas. Ao utilizar semente
própria, o agricultor deve fazer catação/classificação, teste de germinação e tratamento
com fungicidas.

Manejo de plantas daninhas


As plantas daninhas, quando infestam a cultura do feijoeiro, podem causar sérios
prejuízos. Elas concorrem por água, luz e nutrientes, podem ser hospedeiras de doenças
e, além disso, podem dificultar a colheita. Assim, a cultura deve ser mantida livre de
plantas daninhas por todo o ciclo. O período crítico de controle das plantas daninhas situa-
se entre 15 e 30 dias após a emergência (DAE) da cultura. Após 30 DAE, em razão do
rápido crescimento do feijoeiro, as entrelinhas de plantio se fecham e a própria cultura
exerce o controle das plantas daninhas (sombreamento).
Os métodos de controle podem ser: preventivo, cultural, mecânico e químico,
sendo este último o mais recomendado, por ser, de modo geral, mais barato e apresentar
maior flexibilidade. Existem vários herbicidas registrados para a cultura do feijoeiro,
sendo a mistura pronta (Robust) muito utilizada.
Ela contém dois herbicidas: fomesafen (que controla folhas largas) + fluazifop-
p-butil (que controla folhas estreitas). Essa mistura apresenta amplo espectro de ação,
sendo eficiente no controle de dicotiledôneas e gramíneas, além disso, é seletivo para a
cultura. Assim, o produtor com apenas um herbicida resolve o problema das plantas
daninhas.
Todavia, a seletividade é relativa, pois depende do estádio de desenvolvimento
das plantas, das condições climáticas, do tipo de solo e da dose aplicada. Em alguns
casos, pode ocorrer uma leve intoxicação da cultura (manchas de coloração
amarronzada nas folhas), que em poucos dias consegue se recuperar. A aplicação deve
ser realizada quando as plantas apresentarem dois a três trifólios (cerca de 25-30 DAE).

Doenças da cultura do feijão


O feijão, por ser cultivado o ano todo, está exposto a muitos fatores que lhe são
desfavoráveis. Entre esses fatores as doenças se destacam, e as doenças que atacam o
feijoeiro podem ser causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides. A importância de
cada doença varia de acordo com o ano, a época de cultivo, o local e o nível de resistência
do cultivar utilizado. As perdas causadas por doenças podem ser expressivas, o que
justifica a adoção de medidas apropriadas de controle.
A utilização de sementes certificadas e de cultivares resistentes são as formas mais
eficazes e econômicas de evitar a maioria das doenças. Contudo, o uso de sementes
certificadas não evita a ocorrência de todos os patógenos, como aqueles disseminados
pelo vento. A resistência genética também não protege as plantas de todas as doenças.
Assim, é preciso utilizar outras medidas de controle, que, embora menos eficientes
e/ou de maior custo, funcionam bem quando empregadas em conjunto, de modo
integrado. Algumas medidas de controle visam à prevenção da doença pela fuga em
relação ao patógeno e/ou às condições ambientais mais favoráveis ao seu
desenvolvimento.
A escolha do local de cultivo livre do patógeno, o plantio em época cujo clima
não favoreça a doença-problema, o controle de insetos vetores de doenças e a rotação de
culturas são medidas que ajudam a prevenir algumas doenças. A proteção da cultura com
bactericidas e/ou fungicidas também é uma medida eficiente para o controle de muitas
doenças, porém, de custo mais elevado.
Na Tabela 6.1 são apresentadas as principais doenças que atacam o feijoeiro.
Entre elas merecem destaque a antracnose, a mancha-angular, a ferrugem, o
mofo-branco (Figura 6.2), a murcha-de-fusário, o crestamento-bacteriano comum, o
mosaico-comum e o mosaico-dourado.
Pragas da cultura do feijão
Várias espécies de pragas estão associadas à cultura do feijoeiro e podem causar
prejuízos signifcativos no rendimento. Entre as pragas que atacam o feijoeiro no Brasil,
as responsáveis pelas maiores reduções na produtividade são a cigarrinha-verde, as
vaquinhas (Figura 6.3), a mosca-branca, os ácaros e os percevejo. Mas existem várias
outras pragas que são importantes em determinadas situações, como as lagartas, a mosca-
minadora e as lesmas.
No campo observa-se que o ataque de algumas pragas é restrito a determinadas
fases de desenvolvimento da planta e que sua simples presença na cultura não significa
que elas estejam causando dano. Portanto, a decisão de controlar ou não deve ser tomada
após a amostragem das pragas na lavoura, considerando os níveis de controle específicos
para cada espécie de praga.
Colheita e armazenamento
A colheita do feijão, geralmente, é realizada utilizando três sistemas:
a) manual;
b) semimecanizado;
c) mecanizado.
No sistema manual, todas as operações da colheita, como o arranquio, o
recolhimento, a trilha, a abanação (separação dos grãos misturados à palha) e a limpeza
(separação de pedras e torrões) são realizadas manualmente.
Esse sistema consiste no arranquio das plantas inteiras, a partir da maturação
fisiológica (folhas amarelas, vagens completamente cheias, vagens mais velhas secas e
grãos com a coloração definitiva). Veja como é feito:

1. As plantas arrancadas permanecem no campo, dispostas em molhos, com as raízes para


cima, para completar o processo de secagem, até que os grãos atinjam teor de umidade
próximo a 16%.

2. Em seguida, as plantas são dispostas em terreiros, em camadas de 30 a 50 cm, onde se


processa a batedura com varas flexíveis ou com rodas de trator.
3. Por último, realizam-se a abanação e a limpeza dos grãos (beneficiamento).

b) Semimecanizado
Na colheita semimecanizada, uma ou algumas das etapas são realizadas
mecanicamente. Normalmente, as plantas são arrancadas e enleiradas (dispostas em
leiras) manualmente, e a trilha é realizada com o auxílio de uma máquina. Podem ser
utilizadas:
- Trilhadoras estacionárias (máquinas que fcam estacionadas em um local estratégico na
lavoura), em que o recolhimento e abastecimento da máquina, com feijão, são realizados
manualmente;
- Recolhedoras-trilhadoras (que recolhe e trilha). Essas máquinas podem ser acopladas ao
trator ou a colhedoras automotrizes adaptadas. Essas máquinas recolhem o feijão
enleirado e realizam a trilha mecanicamente.

c) Mecanizado
Na colheita mecanizada todas as operações são realizadas com máquinas. Nesse caso, a
colheita pode ser realizada por dois processos:
- O direto;
- O indireto.
No processo direto, são empregadas colhedoras automotrizes, que realizam
simultaneamente o corte, o recolhimento, a trilha, a abanação e, em determinadas
situações, o ensacamento dos grãos. Mas exige que o cultivar utilizado possua plantas
eretas (plantas do tipo I e II de porte ereto), totalmente desfolhadas na colheita e umidade
dos grãos em torno de 15%.
Portanto, a escolha do cultivar a ser utilizado, como visto na Aula 5, é muito
importante. O cultivar de feijão-preto BRS Supremo é um exemplo de cultivar de porte
ereto.
O processo indireto é caracterizado pela utilização de equipamentos como a
ceifadora-enleiradora (que corta e enleira as plantas no campo) e a recolhedora-trilhadora
(que recolhe e trilha), em operações distintas.
Uma vez colhido, o feijão deve ser beneficiado. Veja como isso é feito:
- É realizada uma pré-limpeza para remover pedras, terra, torrões e restos vegetais (talos
e folhas). Essa operação pode ser realizada por máquinas que dispõem de peneiras e
ventilação, ou manualmente (abanação).
- Posteriormente, se necessário, faz-se a secagem, até que a umidade atinja porcentagens
adequadas para o armazenamento.

- É feita a classificação para separação dos grãos conforme o peso específico, separando
os quebrados, leves e atacados por insetos dos inteiros e
bem-formados. Essa classificação é realizada por uma máquina chamada
mesa densimétrica.

- Os grãos podem ainda passar por uma máquina com escovas que retiram
resíduos de terra e poeira, melhorando assim a qualidade do produto
para o comércio.
O feijão pode ser armazenado a granel, em sacaria e em silos especialmente
construídos para esse fm. Quando o armazenamento destina-se a curtos períodos, o teor
de umidade de 15% garante boa qualidade do produto. Caso
haja necessidade de estocagem mais prolongada, recomenda-se reduzir a
umidade para 12%. Antes do armazenamento os grãos devem ser previamente
expurgados, ou seja, tratados com um inseticida químico fumigante, visando ao controle
de carunchos (pequenos besouros).

O método mais utilizado de expurgo é realizado com pastilhas de fosfeto de alumínio


(fosfina). Recomenda-se utilizar três pastilhas para cada 15 sacos de 60 kg, os quais devem ser
cobertos com lona impermeável por pelo menos 120 horas. A operação deve ser repetida sempre
que houver reinfestações de carunchos. Ao realizar o expurgo, deve-se tomar todos os cuidados
necessários, pois trata-se de um produto extremamente tóxico (Figura 6.5)
Conclusão
Para se obter alta produtividade com a cultura do feijão, é necessário fazer um bom
planejamento em todas as etapas, desde a implantação até a colheita. A obtenção de grãos de
ótima qualidade depende do correto manejo da cultura, e isso é fundamental para se conseguir
bons preços e maior lucro

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