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A partir do eixo principal podem surgir ramifcações laterais, que por sua vez
também podem se ramifcar, multiplicando o potencial de florescimento da planta. As
flores são completas e agrupam-se em racemos (Figura 5.3), que nascem nas axilas das
folhas e podem apresentar coloração branca, rósea ou violeta.
O desenvolvimento da planta de feijão é dividido em duas fases:
- Exigências edafoclimáticas
Radiação solar: Deve-se manejar a cultura para que as plantas consigam interceptar a
maior quantidade de radiação solar possível, principalmente antes do florescimento, para
que seja acumulada uma quantidade adequada de biomassa.
Solo: O feijão pode ser cultivado tanto em várzeas quanto em terras altas, desde que em
locais com solos soltos, friáveis e não sujeitos a encharcamento. As várzeas e baixadas
úmidas devem ser utilizadas nos períodos menos chuvosos, aproveitando-se a sua
topografa e capacidade de armazenamento de água, pois solos encharcados não são
suportados pelo feijoeiro, uma vez que prejudicam a germinação, limitam o
desenvolvimento das raízes e favorecem a incidência de doenças.
Épocas de plantio
Por ser uma cultura de ciclo curto (cerca de 90 dias), o feijão pode ser cultivado
por até quatro safras em um ano. Mas o feijoeiro possui algumas exigências climáticas, e
são elas que determinam a melhor época de semeadura. A mais indicada é aquela que
possui maior probabilidade de oferecer boa produtividade, ou seja, aquela que melhor
atende às exigências da cultura.
Cultivares
Utilizar cultivares melhoradas é a primeira medida a ser tomada quando o
objetivo é atingir alta produtividade e reduzir o custo de produção. A escolha da cultivar
deve levar em consideração várias características como:
- Alto potencial de produção;
- Ampla adaptação às condições de cultivo;
- Resistência a doenças.
Características da planta, como o hábito de crescimento e o porte, também são
importantes na escolha da cultivar. O hábito de crescimento das plantas de feijão pode
ser determinado ou indeterminado (Figura 5.4):
Determinado: as plantas terminam em uma inflorescência, o florescimento ocorre de
cima para baixo, param de crescer após iniciar o florescimento, geralmente são mais
precoces e de maturação mais uniforme;
Indeterminado: as plantas terminam em uma gema vegetativa, o florescimento ocorre
de baixo para cima, continua crescendo após iniciar o florescimento, geralmente são
mais tardias e apresentam maturação mais desuniforme.
O tipo de planta também é importante na escolha da cultivar, pois está diretamente
relacionado com os tratos culturais empregados. São quatro os tipos:
Planta tipo I: hábito de crescimento determinado; plantas arbustivas, com ramificação
ereta e fechada.
Planta tipo II: hábito de crescimento indeterminado; plantas arbustivas, com ramificação
ereta e fechada e as vagens inferiores não tocam o solo.
Planta tipo III: hábito de crescimento indeterminado; plantas prostradas (acamadas),
com ramificação aberta e vagens inferiores, geralmente em contato com o solo.
Planta tipo IV: hábito de crescimento indeterminado; plantas trepadoras.
.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publica
periodicamente as listas de cultivares inscritas no Registro Nacional de Cultivares e no
Zoneamento Agrícola de cada Unidade da Federação, conferindo caráter legal a essa
tecnologia. Assim, os produtores têm acesso a informações de quais cultivares são
recomendadas para cultivo em sua região (estado).
Preparo do solo
O feijoeiro, por ser uma espécie de ciclo curto, pode ser cultivado em diferentes
épocas. Este fato proporciona o cultivo de mais de uma safra por ano, na mesma área,
principalmente na agricultura irrigada. Nesse caso, o solo é intensivamente utilizado, o
que consiste em maior risco de degradação, quando comparado com o cultivo de
sequeiro (cultivo sem utilização
de irrigação – época chuvosa) de outras culturas com apenas um cultivo anual. Portanto,
deve-se ter muita atenção quanto ao preparo do solo para o cultivo do feijão, que pode
ser semeado após o preparo convencional ou no sistema de plantio direto.
No sistema convencional de semeadura, a aração e a gradagem devem ser
realizadas seguindo as práticas de manejo e conservação do solo. Estas devem ser
realizadas de acordo com as condições de topografa do terreno e as propriedades físicas
do solo.
Em áreas irrigadas o uso mais intenso do solo pode resultar em maior degradação.
Portanto, o plantio direto, devido a seus efeitos benéficos sobre os atributos físicos,
químicos e biológicos do solo, tem sido muito utilizado no cultivo do feijão. Nesse
sistema de plantio, a semente e o adubo são colocados em um solo não trabalhado por
meio de implementos agrícolas, com a substituição do controle mecânico e manual de
plantas daninhas pelo
controle químico. Portanto, o revolvimento do solo ocorre apenas no sulco
de semeadura.
Implantação da lavoura
Dando continuidade à aula anterior, serão apresentados aqui mais alguns fatores
importantes a serem observados na implantação da lavoura de feijão. Seguir corretamente
as recomendações é essencial para obter sucesso com o empreendimento.
Espaçamento e densidade de plantio
O feijão deve ser semeado de modo a facilitar a realização dos tratos culturais e
com espaçamento e densidade de plantio que resultem em alta produtividade. Essa é uma
prática cultural de baixo custo, de fácil entendimento e adoção pelos agricultores.
Em lavouras comerciais para produção de grãos, têm sido recomendados
espaçamentos de 40 a 50 cm entre linhas de plantio e densidade de 10 a 15 sementes por
metro. Utilizando essa recomendação, espera-se obter uma população entre 200 e 375 mil
plantas por hectare, sendo que, de modo geral, procura-se obter 250 mil plantas/ha.
Populações maiores implicam maior custo com sementes e populações menores podem
resultar em redução da produtividade esperada.
Em alguns casos, como em áreas infestadas com mofo-branco, doença que tem
causado grandes prejuízos aos produtores, tem-se utilizado espaçamentos maiores. Nessa
situação, recomenda-se utilizar espaçamento entre linhas de plantio de 50 a 60 cm e, até
mesmo, menor densidade de plantio. Essas medidas visam melhorar a circulação de ar
entre as plantas e auxiliar no controle da doença.
Profundidade de plantio
Em solos argilosos ou úmidos, recomenda-se realizar a semeadura com 3 a 4 cm
de profundidade e em solos arenosos, com 5 a 6 cm. A semeadura em maior profundidade
contribui para atrasar a emergência das plântulas e deixá-las mais expostas ao ataque de
doenças, além de danificar os cotilédones. O adubo de plantio deve ser distribuído ao lado
ou abaixo das sementes (3 - 5 cm) para prevenir danos às plântulas e consequente redução
no estande (população de plantas).
Sementes
A utilização de sementes fiscalizadas, provenientes de produtores idôneos
(confiáveis), é fundamental para o sucesso da lavoura, pois a maioria das doenças que
atacam o feijoeiro é transmitida pelas sementes. Portanto, mesmo que as sementes sejam
de boa procedência, é fundamental o tratamento com fungicidas. Ao utilizar semente
própria, o agricultor deve fazer catação/classificação, teste de germinação e tratamento
com fungicidas.
b) Semimecanizado
Na colheita semimecanizada, uma ou algumas das etapas são realizadas
mecanicamente. Normalmente, as plantas são arrancadas e enleiradas (dispostas em
leiras) manualmente, e a trilha é realizada com o auxílio de uma máquina. Podem ser
utilizadas:
- Trilhadoras estacionárias (máquinas que fcam estacionadas em um local estratégico na
lavoura), em que o recolhimento e abastecimento da máquina, com feijão, são realizados
manualmente;
- Recolhedoras-trilhadoras (que recolhe e trilha). Essas máquinas podem ser acopladas ao
trator ou a colhedoras automotrizes adaptadas. Essas máquinas recolhem o feijão
enleirado e realizam a trilha mecanicamente.
c) Mecanizado
Na colheita mecanizada todas as operações são realizadas com máquinas. Nesse caso, a
colheita pode ser realizada por dois processos:
- O direto;
- O indireto.
No processo direto, são empregadas colhedoras automotrizes, que realizam
simultaneamente o corte, o recolhimento, a trilha, a abanação e, em determinadas
situações, o ensacamento dos grãos. Mas exige que o cultivar utilizado possua plantas
eretas (plantas do tipo I e II de porte ereto), totalmente desfolhadas na colheita e umidade
dos grãos em torno de 15%.
Portanto, a escolha do cultivar a ser utilizado, como visto na Aula 5, é muito
importante. O cultivar de feijão-preto BRS Supremo é um exemplo de cultivar de porte
ereto.
O processo indireto é caracterizado pela utilização de equipamentos como a
ceifadora-enleiradora (que corta e enleira as plantas no campo) e a recolhedora-trilhadora
(que recolhe e trilha), em operações distintas.
Uma vez colhido, o feijão deve ser beneficiado. Veja como isso é feito:
- É realizada uma pré-limpeza para remover pedras, terra, torrões e restos vegetais (talos
e folhas). Essa operação pode ser realizada por máquinas que dispõem de peneiras e
ventilação, ou manualmente (abanação).
- Posteriormente, se necessário, faz-se a secagem, até que a umidade atinja porcentagens
adequadas para o armazenamento.
- É feita a classificação para separação dos grãos conforme o peso específico, separando
os quebrados, leves e atacados por insetos dos inteiros e
bem-formados. Essa classificação é realizada por uma máquina chamada
mesa densimétrica.
- Os grãos podem ainda passar por uma máquina com escovas que retiram
resíduos de terra e poeira, melhorando assim a qualidade do produto
para o comércio.
O feijão pode ser armazenado a granel, em sacaria e em silos especialmente
construídos para esse fm. Quando o armazenamento destina-se a curtos períodos, o teor
de umidade de 15% garante boa qualidade do produto. Caso
haja necessidade de estocagem mais prolongada, recomenda-se reduzir a
umidade para 12%. Antes do armazenamento os grãos devem ser previamente
expurgados, ou seja, tratados com um inseticida químico fumigante, visando ao controle
de carunchos (pequenos besouros).