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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS - FTC

ANGÉLICA LUZ SILVA


GILBERTO SOUZA PEREIRA
GLAUBER BOHEMA SOUSA
LUANA SILVA SOUZA
LUIS FERNADNO ANDRADE CHAVES
SERGIO LUIS ARAÚJO ALMEIDA

ANALISE DA OBRA CINEMATOGRÁFICA “A PRINCESA MONONOKE”

VITÓRIA DA CONQUISTA
2018
ANGÉLICA LUZ SILVA
GILBERTO SOUZA PEREIRA
GLAUBER BOHEMA SOUSA
LUANA SILVA SOUZA
LUIS FERNANDO ANDRADE CHAVES
SERGIO LUIS ARAÚJO ALMEIDA

ANALISE DA OBRA CINEMATOGRÁFICA “A PRINCESA MONONOKE”

Trabalho apresentado à Faculdade de Tecnologia e


Ciências, na área de concentração Ciência Política,
como requisito parcial de aprovação, sob
orientação do professor: Álvaro de Azevedo Alves
Brito.

VITÓRIA DA CONQUISTA
2018
RESUMO

SILVA, A. L. et al. Análise da obra cinematográfica Princesa Mononoke. Trabalho


(Graduação). Faculdade de Direito, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2018.

O presente trabalho apresenta uma análise do filme “Princesa Mononoke” com base
nos pensamentos de Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau no que se refere a
ideia sobre a formação da sociedade. Diante das divergências dos autores sobre o
homem no período anterior à formação da sociedade, sendo a visão de Hobbes a de
um homem que está submetido a um caos e sofrimento e se sente a todo momento
ameaçado, e a visão de Rousseau a de um homem que é bom e livre e que vive em
harmonia com a natureza. A partir dessas duas perspectivas, a análise é realizada de
maneira separada, para que assim seja preservada a originalidade do pensamento de
cada. Este trabalho é separado em três partes: enredo, teóricos e análise. Vale
ressaltar que esse trabalho procura externar os conhecimentos acerca da formação
da sociedade sobre o filme.

Palavras-chaves: Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau, Contratualismo,


Princesa Mononoke, Formação de Sociedade.
ABSTRACT

SILVA, A. L. et al. Analysis of the cinematographic Mononoke-Hime. Trabalho


(Graduação). Faculdade de Direito, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2018.

This paper presents an analysis of the film "Mononoke-Hime" based on the thoughts
of Thomas Hobbes and Jean-Jacques Rousseau regarding the idea of the formation
of the society. On the differences of the authors about the man in the period before the
formation of the society, being the vision of Hobbes to a man who is subjected to chaos
and suffering and feels all the time threatened, and Rousseau's vision of a man who is
good and free live in harmony with nature. From these two perspectives, the analysis
is carried out separately, so that is preserved the originality of thought of each. This
work is separated into three parts: plot, theory and analysis. It is worth mentioning that
this work seeks to express the knowledge about the formation of the society about the
film.

Keywords: Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau, Contractualism, Mononoke-


Hime, Formation of Society.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 5

2. ENREDO DA OBRA PRINCESA MONONOKE ..................................................... 6

2.1 Análise da obra cinematográfica ...................................................................................................................7

3. ANÁLISE TEÓRICA DE THOMAS HOBBES E JEAN-JACQUES ROUSSEAU ... 9

3.1 Thomas Hobbes .........................................................................................................................................9

3.1.2 Pensamentos..............................................................................................................................................9

3.2 Jean-Jacques Rousseau ............................................................................................................................11

4. ANÁLISE DA OBRA SEGUNDO HOBBES E ROUSSEAU ................................ 13

4.1 Thomas Hobbes ..........................................................................................................................................13

4.2 Jean-Jacques Rousseau ...............................................................................................................................14

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 17
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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho abordará sobre o filme Princesa Mononoke, um longa-


metragem em animação do diretor japonês Haiao Miyasaki.

Atemporal, Princesa Mononoke é um clássico mais que remendado, tem uma


temática avassaladora, trata de temas como o humanismo e ecologia, além de
ressaltar assuntos importantes como: cultura, mitologia, folclore e religião. É um
grandioso filme sobre amores à natureza e aos animais, além de mostrar que existe
um mundo ao redor de nós que precisa ser preservado.
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2. ENREDO DA OBRA PRINCESA MONONOKE

Rodado e lançado em meados de 1997, Princesa Mononoke narra a história de


vários grupos sociais em um Japão aparentemente feudal. O filme relata a história do
príncipe Ashitaca, que vive em Emishi, uma pequena vila rural que busca manter o
contato com a natureza. Ao iniciar o filme, a vila é atacada por um demônio-deus da
floresta, um espírito maligno chamado Tatari-Gami. Este javali gigante descobre-se
ser uma espécie de deus-protetor da floresta que foi ferido por uma bala disparada
por uma arma de fogo. Durante o embate com o deus-javali, Ashitaka consegue salvar
sua tribo, no entanto, recebe um ferimento no braço que os anciãos da vila dizem ser
uma espécie de maldição.

O protagonista então, sai em busca de respostas para sua possível cura.


Durante a sua jornada, Ashitaka descobre que o ferimento lhe promove uma
habilidade especial: quando se prevalece o sentimento de ódio em si, seus disparos
com o arco e flecha são mortais, podendo decepar cabeças e braços. Mais adiante,
descobre uma imensa fortaleza contendo pessoas que produzem armas de fogo, esta
era chamada de Tataraba, governada por uma mulher, Eboshi, que além de vender o
ferro para o governo, compra com o dinheiro do ferro contratos de mulheres que
seriam enviadas a prostíbulos, abriga leprosos e protege a vila dos ataques dos
samurais e dos Deuses-animais.

Os Deuses da floresta ficaram extremamente revoltados, querendo iniciar uma


grande guerra contra Eboshi. E é aí que a princesa Mononoke aparece! Ela é uma
humana que foi adotada pela tribo de Moro, a tribo dos lobos, que luta contra a vila de
Tataraba. San, a Princesa Mononoke, invade a vila disposta a matar Eboshi, e
Ashitaka interfere na luta das duas, se ferindo, e levando San embora. San odeia os
humanos, mas sente piedade por ele, até porque ele mostra uma grande simpatia em
relação a natureza, e a segurança dela. Nosso personagem principal apesar de amar
e estar do lado da Mononoke (San), ele não quer que ninguém se machuque, nem a
Eboshi, nem a floresta.
Enquanto San carrega esse estigma de humana entre os animais da floresta,
Ashitaka tem o papel de elo entre os dois mundos. Por mais que seja de conhecimento
de todos a existência dos animais gigantescos, ainda assim é uma espécie de lenda
por ser parte de um passado remoto. Funcionando como os olhos do espectador que
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está descobrindo tudo isso, o autor desenvolve a trama com neutralidade tentando
proteger San dos ataques dos humanos e impedindo o embate entre os dois.

2.1 Análise da obra cinematográfica

A narrativa apresenta um embate de vários grupos sociais em um Japão


aparentemente feudal. A temporalidade e historicidade fictícia é apenas perceptível
como uma era de grande violência e incertezas nas relações políticas e sociais entre
esses grupos tão distintos: humanos, destruidores e exploradores da floresta; animais,
desterritorializados pelos humanos; deuses, na forma de animais, mestres protetores
detentores de proporções antinaturalistas ou espírito, seres místicos e imaginários
desolados em áreas devastadas.

As técnicas narrativas de animação quase manuais possibilitam refletir sobre o


interesse do diretor pelo passado, pelo resgate e ponderamento de questões
existenciais que afligem o homem desde épocas primordiais em sua poética ou estado
de ânimo.

Em Princesa Mononoke estamos virtualmente imersos em um passado bélico


historicista líquido e imaginado. Provavelmente, por sua vez, Miyazaki nos transponha
o contexto do arquipélago nipônico chantageado politicamente pela marinha mercante
americana no século XIX, como também pressionado economicamente para abertura
de seus portos e uma ocidentalização e industrialização fulminante.

A violenta visita do deus javali demoníaco na relativamente pacata sociedade


representaria, quem sabe, esse importante marco histórico da nação japonesa. Uma
“contaminação”, um desequilíbrio. Essa pretensa “contaminação” ou corrompimento
civilizatório desequilibraria o status que de uma sociedade anteriormente solidificada
em valores próprios. Traria com ela todos os antagonismos e ambiguidades tão
comuns das sociedades ocidentais: poluição, exploração, colonização, mas também
modernização, diversidade, multiculturalismo e a necessidade de construção de um
novo modelo diplomático e de convívio, para assim, não cair no ódio. Surge ali a
necessidade de um olhar mais detalhado e lapidado sobre um novo mundo recém
surgido e seu habitante igualmente novato e inexperiente.
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Princesa Mononoke faz uma ótima leitura sobre a questão de equilíbrio da


natureza usando aspectos e figuras tradicionais da cultura japonesa como
mensageiros da história, colocando os deuses-animais como representantes da
natureza e o povo da siderúrgica como os homens e sua constante agressão ao meio-
ambiente. As cenas que mostram a fúria do Espírito da Floresta apresentam
claramente uma manifestação natural como as catástrofes que presenciamos
constantemente em noticiários mundo afora, decorrentes especialmente da ação
desmedida do homem contra a natureza.
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3. ANÁLISE TEÓRICA DE THOMAS HOBBES E JEAN-JACQUES ROUSSEAU

3.1 Thomas Hobbes

Thomas Hobbes foi um filósofo e pensador político, inglês, nasceu em Westport


(Inglaterra), em 05 de abril de 1588, e faleceu em Wiltshire (Inglaterra) em 04 de
dezembro de 1679. Filho de um vigário inculto que fazia parte do clérigo anglicano,
Hobbes foi educado por um tio. Estudou na Universidade de Oxford, onde aprendeu
lógica e filosofia, principalmente a do grego Aristóteles. Estudou literatura e filosofia.
Hobbes vivenciou grande parte do longo processo da Revolução Inglesa (1640-1688),
quando o povo inglês lutou contra o absolutismo da dinastia Stuart. Fervoroso
defensor da Monarquia, em 1640, Hobbes escreveu seu primeiro tratado sobre o
regime Elementos da Lei Natural. É justamente esse o ponto nevrálgico da filosofia
hobbesiana, isto é, o estado de natureza. Se, em um primeiro momento, por natureza,
Hobbes concebe que todos possuem direito a tudo que julgam necessário para a sua
preservação, em um outro, diante desse cenário de conflito em potencial, Hobbes
procura entender como o homem pode atingir sua finalidade última de
autopreservação. Após escrever o tratado sobre o regime Elementos da Lei Natural,
Hobbes foi obrigado a se refugiar em Paris, capital da França. Retornou à Inglaterra
pouco tempo depois, mas voltou a se refugiar novamente na França por causa dos
ideais absolutistas expostos em Leviatã, em 1651. Voltando a Inglaterra no governo
de Oliver Cromwell.

3.1.2 Pensamentos

Política:

Para Hobbes, a condição humana é naturalmente belicosa e agressiva. O


homem, em seu estado de natureza, vive o que ele denomina de: “guerra de todos
contra todos”. Hobbes vê o homem sem as leis ou sem um poder para controlá-lo,
como “o lobo do próprio homem”. No estado natural, todos se colocariam contra todos.
O que vale então é a “lei do mais forte”. Os mais fracos, seriam subjugados à força,
sem direitos. De alguma forma na história um pacto é realizado, para se viver em
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harmonia, destina a proteger aos mais fracos e desassistidos dos mais fortes. Um na
forma de soberano, um Rei, ou do Estado, é escolhido assim para exercer esse poder.
Essa transferência de poderes se da por meio, então, de um contrato social.
Contrato Social:
O contrato social seria uma opção racional para os indivíduos saírem do estado
natural de guerra de todos contra todos, atribuindo-se ao soberano um poder que seria
capaz, podendo ter imposição até mesmo da força, obrigações para cada indivíduo
respeitar o pacto de convivência, para se ter ordem. Para Hobbes “os pactos sem a
espada não passam de palavras”. O membro da sociedade reconhece o soberano
como dono de direitos iluminados. Sendo o único capaz de fazer respeitar o contrato
social, garantindo a paz e a ordem. Em uma sociedade é necessário que cada
indivíduo abra mão de determinados direitos para o governo, obtendo vantagens da
ordem social, com acordo mútuo de não aniquilação do outro.
Suas obras:
De Cive (Do Cidadão) - 1642: Foi uma trilogia, com o título de “Elementos da
Lei Natural e Política”. Tratou das relações entre a Igreja e o Estado. Para ele a Igreja
Cristã e o Estado cristão formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que
teria o direito de interpretar as Escrituras, decidir as questões religiosas e presidir o
culto.
Leviatã (1651) - A mais importante obra, onde defende a monarquia absolutista.
Derivado da visão que ele tinha da sociedade, sempre ameaçada por uma guerra civil,
pois seus integrantes vivem em permanente conflito “uma guerra de tudo contra todos
e todos contra si”. O estado de natureza na sua visão não era harmonioso. O mundo
antigo dos primeiros homens era um mundo de feras, onde “o verdadeiro lobo do
homem era o próprio homem”. Para se chegar a uma sociedade civil, seria necessário
um “contrato social”, onde todos concordassem em transferir direitos, a um só homem,
o soberano, rei, para se deter a violência, pois na visão de Hobbes, só o soberano
seria capaz de por ordem. Tendo ele direitos de impor sua vontade sobre todos para
o bem comum. Não tendo assim, direito a propriedade, nem à vida, nem à liberdade,
que não sejam garantidos pela autoridade real. Rebelar-se contra ela, significa
regredir no reino animal, onde impera sempre a violência, pondo em risco as
conquistas da civilização.
Do Corpore (Do Corpo) 1655 - Obra que tratava sobre reduzir a filosofia ao
estudo dos corpos em movimento.
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Do Homine (Do Homem) 1658 - Terceira parte de sua trilogia, tratando


especificamente do movimento envolvido no conhecimento e apetite humano, este
capaz de promover uma guerra.

3.2 Jean-Jacques Rousseau

Jean Jacques Rousseau nasceu em Genebra (Suíça), no dia 28 de junho de 1712, no


século XVII: no século do Iluminismo. Órfão de mãe, foi abandonado pelo pai aos 10
anos e entregue aos cuidados de um pastor. Na adolescência, mudou-se para Saboia,
na França, onde passou a estudar música, religião, literatura, filosofia, matemática e
física. As suas grandes obras são: Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da
Desigualdade entre os Homens; Do Contrato Social e o Emílio. As suas ideias foram
tão radicais e tão impactantes que foram o fundamento da Revolução Francesa.

Para Rousseau, divergindo do pensamento dos pensadores de sua época, a cultura


só piorou o homem, pois para ele o homem é bom por natureza, mas que foi
corrompido pela sociedade. E em estado de natureza, Rousseau irá dizer que, o
homem é um bom selvagem, le bon sauvage, um homem solitário, livre e feliz. Para
ele, o homem em seu estado de natureza não tinhas as amarras das sociedades, não
tinha toda essa moralidade, não se importava com o que os outros falavam, vivia sua
vida sem precisar dar satisfação a ninguém. Em seu estado de natureza, o bom
selvagem não era egoísta e muito menos ambicioso; ele só procurava satisfazer
alguns prazeres e fugir da dor. Satisfazer suas necessidades fisiológicas era seu único
desejo.

Segundo Rousseau, com o passar do tempo os homens começam a trabalhar em


conjunto e o homem se torna corrompido quando a primeira pessoa afirmou ser
proprietária de um terreno. Isso, segundo ele, se deu por conta de os homens serem
tão inocentes a ponto de não saber que essas atitudes causaria o seu mau. Para ele,
bastava que alguém fosse contrária a essa ideia de propriedade, pois acreditava que
os frutos das terras deveriam se de todos e a terra nãos seria de ninguém, assim eles
evitariam o fiasco que seria quando todos quisessem se tornar proprietários da terra.
Rousseau afirma em sua obra que a propriedade privada foi a origem da desigualdade
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entre os homens, sendo a instituição da propriedade privada a raiz de todas as


mazelas que o homem enfrentou e enfrenta.

O homem que antes vivia em estado de harmonia com a natureza se ver em um


Estado de Guerra, sendo necessário a instituição de um contrato social para que seja
prevalecido a paz, a segurança e a justiça. Segundo Rousseau o Contrato Social foi
injusto, pois foi proposto pelos ricos e houve permanência de paz, segurança e justiça
apenas para a classe rica, que ainda permaneceram com suas propriedades. Sendo
assim, Rousseau propõe um novo Contrato Social, na qual impera a Vontade Geral,
na qual todos iriam se integrar a comunidade e dessa integração irá surgir um
soberano que representará a todos de maneira coletiva, assim o direito coletivo se
sobrepõe sobre o direito individual.

Jean Jacques Rousseau dirá que o indivíduo ele não é apenas indivíduo, ele é antes
de ser indivíduo: cidadão. Para Rousseau o homem que se encontra corrompido deve-
se tornar, por meio da educação, um indivíduo ativo na sociedade, assim, o homem
voltaria a ser livre, autêntico e autônomo. A educação, para Rousseau, ela tem o papel
de fazer aflorar a verdadeira natureza humana, que é uma natureza boa.
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4. ANÁLISE DA OBRA SEGUNDO HOBBES E ROUSSEAU

4.1 Thomas Hobbes


O anime “A Princesa Mononoke” começa apresentando um ser, que tomado
pelo medo – do latim metus, e aqui temos que medo é o “estado emocional resultante
da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários” (MEDO,
2018) –, desenvolveu um ódio, que estará presente em quase toda a obra, e estava
agindo de maneira desintegrada das formas ordenadas de vida, e que podemos
afirmar, aos olhos de Hobbes, que nesta primeira cena há uma representação do que
seria o ser em seu “estado de natureza”, pois o ódio dele é direcionado aos humanos,
àqueles ao qual lhes causa medo, àqueles de qual se sente ameaçado, mas que não
eram os responsáveis direto pelos motivos de seus sofrimentos.

O ser, que tem a forma de um javali amaldiçoado, pode ser apontado, de acordo
com o pensamento de Hobbes, como aquele que, buscando sua sobrevivência, é
calculista, por acreditar que o fim da raça humana lhe devolveria à ordem que ora
estava submetido; é interesseiro, por acreditar que a sua vida está acima das dos
outros; e é individualista, por pensar primeiro em sua preservação individual. Daí
pode-se tirar a ideia central de Hobbes: a conservação do próprio indivíduo.

Segundo Hobbes, o sentimento mais intenso do homem, o sentimento mais


forte do ser humano é o desejo de se conservar, é o desejo de fazer perpetuar a sua
própria existência e, por conseguinte, o sentimento mais intenso da alma humana é o
do medo: o medo da morte. E por ter medo que homem deseja possuir o poder – do
latim possum, que significa “ter força, possibilidade, autoridade, influência para”
(PODER, 2018) –, o poder é aquilo que lhe permite manter-se vivo. O medo explorado
pelo anime é um medo que se tem por desconhecer o real motivo da intenção do outro
e acaba se transformando em um ódio – e vale ressaltar que ódio significa “aversão
inveterada e absoluta; raiva; rancor; antipatia” (ÓDIO, 2018) – externado nas relações
em que ambos demonstram ao se interagir.

Fica evidente que ambos buscam o poder e que necessariamente para um ter
o outro deverá não possuir, por consequência disso, temos a guerra de todos contra
todos, cuja sentido é expresso na frase celebre de Hobbes, “O homem é lobo do
homem”. Daí surge a figura de Ashitaka, um “leviatã diplomático” – já que ele não
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visava o fim de um para a existência do outro. Em Ashitaka se tem a imagem do


Estado, uma autoridade que busca proteger a todos, os fracos e os fortes, os
oprimidos e opressores. Ashitaka durante toda a história narrada não toma partido,
ele se apresenta de forma neutra e busca resolver os conflitos que lhe foram
revelados.

O Estado na visão de Hobbes tem uma função de proteger os indivíduos, pois


o Estado serve ao povo. E o povo deve protegê-lo, a fim de sua manutenção,
independentemente do tipo de Estado, absolutista, monárquico e entre outros, pois
até mesmo o pior Estado ainda é melhor que o “estado de natureza”. Quando Senhor
Okkoto, um deus javali, se rende e não mais mostra resistência para se proteger e
manter a ordem que rodeavam os “servos da floresta”, ele se transforma em um tipo
de demônio, demônio esse que explica o surgimento daquele primeiro. Daí surge um
ser que se afasta das formas ordenadas de vida e se aproxima do “estado de
natureza”, um estado de caos e sofrimento.

4.2 Jean-Jacques Rousseau

Na ótica de Rousseau, acerca do estado de natureza, o homem nasce bom,


livre e feliz – le bon sauvage, bom Selvagem – contrariando Hobbes vê-se afirmando
que, no convívio com o próximo, o homem, é bom por natureza, mas corrompe-se,
convivendo com os seus semelhantes socialmente. Ou seja, a visão de Rousseau é
que o homem é bom, mas que é corrompido pela sociedade. A exemplo disto, é
possível observar nesta obra que San, a princesa lobo, tinha este espírito de liberdade,
em que juntamente com sua família lobo gozava dos frutos de uma natureza limpa e
intacta, que é manchada após a chegada de Lady Eboshi na cidade do fogo, que
passa a explorar a floresta, habitat dos espíritos da floresta, dos animais e de San.
Então com este convívio os conflitos de interesses passam a surgir, assim um ódio
fulminante passa a desenvolver nesta menina. Tendo esses conflitos em mente,
Rousseau vê uma necessidade de um contrato social para evita-los, uma vez que o
homem passa a ser altamente egoísta e ambicioso, como Eboshi querendo conquistar
não só a floresta, mas outras cidades e vilas. E ao firmar este acordo o indivíduo opta
em abrir mão da sua liberdade natural para viver em uma liberdade limitada, onde
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cada um deveria abrir mão desta vontade individual para pensar em uma vontade
coletiva, o que era melhor para todos.

Um fator de maiores problemas emana da instituição a propriedade privada


para Rousseau, pois neste momento cada um começa a sobrepor ao outro a sua
vontade indiscriminada. Na trama este é um fator predominante, retratado na guerra
do poder sobre a floresta. Contudo para John Locke o direito à terra se dava pelo fato
de alguém tomar a iniciativa de plantio e cultivo nesta terra. Se há um trabalho em
desenvolvimento ali, significa que há uma impressão de personalidade do indivíduo
ali, portanto o objeto de direito passa a ser deste. Esta era uma visão da cidade do
fogo, pois eles residiam os arredores da floresta, lugar em que o ferro era abundante
e assim poderia ser explorado, uma vez que eles estavam tão perto tinham direitos
sobre esta terra, eles trabalhavam nela tinham o ferro como um objeto a ser
conseguido a qualquer custo, assim explorar aquele território que também era direito
deles, e viventes daquele lugar, não poderia interferir, pois a guerra seria a maneira
de definir a sua posição daquele local.

Para Rousseau, o indivíduo para ter direito na propriedade privada era


necessário muito mais do que apenas torná-la produtiva, era necessário que houvesse
um consenso geral. Quando isto descumprido há conflitos sociais. Pois em sua ótica
de uma sociedade justa, era necessário que a vontade geral prevaleça. Isto não
aconteceu no filme apresentado, visto que, os javalis juntamente com os lobos foram
até as últimas instâncias, numa guerra fria e sangrenta, matando muitos até que dos
javalis daquela manda quase exterminados totalmente. Para Rousseau isto era
inconcebível, pois o homem não deveria lutar contra os seus semelhantes por causa
de terra.

Conforme já apresentado no anime “A Princesa Mononoke”, pode-se observar


que o maior problema desenvolvido foi pelo fato de uma invasão humana na floresta
onde se vivia os animais. Com isto, um Javali tomado por um ódio e forças
sobrenaturais começa a destruir tudo o que vê pela frente para vingar-se da
humanidade. Essa busca pelo poder desacerbado e a ambição de lutar pelo território
vai prevalecer por todo o filme. O homem vivendo em sociedade se corrompe de tal
maneira que é necessário impor limites para que o bom convívio possa existir entre
as todas as partes. E isto foi o que Ashitaka propõe a todos. Tentando assim
harmonizar, tenta estabelecer limites as duas partes tanto a Cidade do Fogo quanto
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aqueles que representavam os deuses da floresta. Ambos deveriam ceder para que
houvesse um convívio pacífico.

Conclui-se assim, que na trama o problema só é sanado após esta insistência


de Ashitaka para firmar um acordo em que ele ajudaria reconstruir a aldeia e a menina
lobo viveria na floresta e não seria mais importunada por Lady Eboshi. O seu maior
desejo neste acordo era que ambas as partes deveriam viver de forma pacífica, cada
um respeitando o lugar do outro. Assim finalmente começa a haver um entendimento
mútuo de que é melhor para as duas partes a paz.
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Referências

ACQUAVIVA, M. C. Teoria Geral do Estado. 3ª. ed. Barueri - SP: Editora Manole
Ltda., 2010.

FRAGA, M. L. Esbocos Filosoficos, 2014. Disponivel em:


<https://esbocosfilosoficos.com/2014/03/14/a-visao-politica-de-thomas-hobbes/>.
Acesso em: 14 Outubro 2018.

FRAZÃO, D. eBiografia, 2018. Disponivel em:


<https://www.ebiografia.com/thomas_hobbes/>. Acesso em: 14 Outubo 14.

GUIA DO ESTUDANTE. Guia do Estudante, 2017. Disponivel em:


<https://guiadoestudante.abril.com.br/especiais/jean-jacques-rousseau/>. Acesso
em: 2018 Outubro 13.

MEDO. Dicionário do Aurélio, 19 Julho 2018. Disponivel em:


<https://dicionariodoaurelio.com/medo>. Acesso em: 13 Outubro 2018.

ÓDIO. Dicionário do Aurélio, 19 Julho 2018. Disponivel em:


<https://dicionariodoaurelio.com/odio>. Acesso em: 13 Outubro 2018.

PODER. Dicionário do Aurélio, 19 Julho 2018. Disponivel em:


<https://dicionariodoaurelio.com/poder>. Acesso em: 13 Outubro 2018.

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