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11/09/2018

Mecânica dos Sólidos II


Aula 4 – Mecânica da Fratura

Mecânica da Fratura

Todas as teorias de falhas discutidas até aqui assumiram que o


material é perfeitamente homogêneo e Isotrópico e, portanto, livre de
quaisquer defeitos, como fendas, lacunas e inclusões, que poderiam
servir como concentradores de tensões.

Na verdade considera-se que todos os materiais contenham micro


trincas invisíveis a olho nu.
Mecânica da Fratura

Toda estrutura contém pequenas fendas cujo tamanho e


distribuição dependem do material e de seu processamento. Elas
podem variar desde inclusões não metálicas e micro lacunas até
defeitos de solda, rachaduras de afiação, rachaduras de têmperas,
dobras de superfície, etc.
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Mecânica da Fratura

A presença de uma trinca em um campo de tensões cria


concentrações de tensão que teoricamente tendem ao infinito.

Concentração de tensão no
canto de um furo elíptico em
uma placa
Mecânica da Fratura

Mecânica da Fratura

Quando o valor de c se aproxima de zero, a concentração de tensão


e, portanto, a tensão aproxima-se de um infinito. Como nenhum
material pode suportar essas altas tensões, escoamento local
(materiais dúcteis) ou micro fratura local ocorrem na extremidade da
fenda.

Se as tensões são grandes o suficiente na ponta da trinca de


Mecânica da Fratura

tamanho adequado, podem resultar em uma repentina falha


“aparentemente frágil”, mesmo em materiais dúcteis sob carregamento
estático.

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Mecânica da Fratura

Rachaduras ocorrem comumente em estruturas soldadas, pontes,


navios, aeronaves, veículos terrestres, vasos de pressão, etc.

Onde a vida humana está em risco, como pontes, aeronaves, etc.,


inspeções de segurança periódicas para procurar fissuras são previstas
por lei ou regulamentos. Essas inspeções podem ser por raio X, energia
ultrassónica ou apenas visualmente.
Mecânica da Fratura

O objetivo da Mecânica da Fratura é determinar se um defeito tipo


trinca irá ou não levar o componente a fratura catastrófica para tensões
normais de serviço permitindo, ainda, determinar o grau de segurança
efetivo de um componente trincado.

Teorias da Mecânica da Fratura

A mecânica da fratura pressupõe a presença de uma trinca. O estado


de tensão na região da trinca deve ser o estado plano de deformações
ou de tensões. Se a região de escoamento em torno da ponta da trinca
é pequena se comparada às dimensões da peça, então teorias da
mecânica da fratura linear-elástica (MFLE) são aplicáveis.

A MFLE assume que a maior parte do material está se comportando


de acordo com a lei de Hooke. No entanto, se uma parte significativa do
Mecânica da Fratura

volume de material estiver na região plástica de sua curva de tensão-


deformação, então é necessária uma abordagem mais complicada.

Para a discussão seguinte, vamos pressupor que a MFLE se aplica.

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Modos Geométricos das Trincas

Dependendo da orientação entre o carregamento e a trinca, a carga


aplicada tenderá a puxar a trinca para abrir em tração (Modo I), deslizar
a trinca no plano (Modo II) ou deslizar (rasgar) a trinca fora do plano
(Modo III).
Teorias da Mecânica da Fratura

A maioria das pesquisas da mecânica da fratura e testes têm sido


voltados ao caso do carregamento de tração (Modo I), e nos limitaremos
à discussão desse caso. 7

Fator de Intensidade de Tensão


”K”
A Figura mostra uma placa de largura 2b sob
tração com uma trinca transversal de comprimento
2a no centro. Assume-se que a trinca é aguda em
suas extremidades e que b é muito maior que a. O
Teorias da Mecânica da Fratura

plano da trinca é o plano xy.

Um sistema de
coordenadas polares r-θ é
também utilizado no plano xy
com sua origem na ponta da
trinca, como mostrado na
figura.

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Fator de Intensidade de Tensão


”K”
Da teoria da elasticidade, para b>>a, as tensões em torno da borda
da trinca, expressa como uma função de coordenadas polares são:
Teorias da Mecânica da Fratura

Fator de Intensidade de Tensão


”K”

Observe que quando o raio r é zero, as tensões xy assumem um


valor infinito.
As tensões diminuem rapidamente enquanto r aumenta.
O ângulo θ define a distribuição geométrica das tensões em torno da
Teorias da Mecânica da Fratura

ponta da trinca em qualquer linha radial.


A quantidade K é chamada de fator de intensidade de tensão.

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Fator de Intensidade de Tensão


”K”

Considerando o caso de estado plano de tensão e calculando a


tensão equivalente de von Mises, σ’, a partir das componentes x, y e de
cisalhamento, podemos plotar a distribuição de σ’ em função de θ para
qualquer r escolhido.
Teorias da Mecânica da Fratura

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Fator de Intensidade de Tensão


”K”
A máxima tensão ocorre em torno de θ = 81°. Escolhendo este valor
para θ e calculando a distribuição de σ’ como uma função de r, teremos
o gráfico seguinte:
Teorias da Mecânica da Fratura

As maiores tensões próximas à ponta da


trinca causam escoamento localizado e criam
uma zona plástica de raio ry.

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Fator de Intensidade de Tensão


”K”
Para quaisquer raio r e ângulo θ, o estado de tensão nesta zona
plástica em torno da ponta da trinca é diretamente proporcional ao fator
de intensidade K.
Teorias da Mecânica da Fratura

Se b >> a, então K pode ser definido para


uma placa com uma trinca central como:

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Fator de Intensidade de Tensão


”K”
Se b >> a, então K pode ser definido para uma placa com uma trinca
central como:
Teorias da Mecânica da Fratura

Onde: σnom é a tensão nominal na


ausência da trinca; a é o comprimento da
trinca; b é a largura da placa.

Essa equação tem imprecisão menor


que 10% se a/b ≤ 0,4

As unidades de K podem ser tanto


MPa.m0,5 quanto kpsi,in0,5 14

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Fator de Intensidade de Tensão


”K”

Se o comprimento da trinca a não é pequeno se comparado à largura


da placa b, e ou se a geometria da peça é mais complicada, então um
fator β adicional é necessário para calcular k.
Teorias da Mecânica da Fratura

Onde: β é o fator de modificação da


intensidade de tensão, é uma quantidade
adimensional que depende da geometria
da peça, do tipo de carregamento e da
fração a/b.

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Fator de Intensidade de Tensão


”K”

Os valores do fator de modificação da intensidade de tensão (β),


para várias geometrias e carregamentos podem ser encontrado em
manuais. Por exemplo, o valor de β para uma placa com uma trinca
central é dado pela equação:.
Teorias da Mecânica da Fratura

Esse valor se aproxima de 1 para


pequenos valores de a/b e assume um
valor infinito para a/b = 1

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Fator de Intensidade de Tensão


”K”

Se a trinca, por exemplo, estiver na borda da placa em vez de no


centro, como mostrado na Figura, o fator β = 1,12.
Teorias da Mecânica da Fratura

Esse equação tem imprecisão menor


que 10% se a/b ≤ 0,13.

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Fator de Intensidade de Tensão


”K”

Valores do fator de
modificação da intensidade de
tensão - β, para várias
geometrias e carregamentos.
Teorias da Mecânica da Fratura

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Fator de Intensidade de Tensão


”K”

Valores do fator de
modificação da intensidade de
tensão - β, para várias
geometrias e carregamentos.
Teorias da Mecânica da Fratura

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Tenacidade à fratura “Kc”

Enquanto o fator de intensidade K for menor que um valor crítico


chamado de tenacidade à fratura Kc (que é uma propriedade do
material), a trinca pode ser considerada em modo estável (se o
carregamento é estático e o ambiente não corrosivo), em um modo de
Teorias da Mecânica da Fratura

crescimento lento (se o carregamento varia com o tempo e o ambiente


é não corrosivo), ou em modo de crescimento rápido (se o ambiente
for corrosivo).

Quando K atinge Kc, devido incremento da tensão nominal ou ao


crescimento do comprimento da trinca, a trinca propaga-se
subitamente até a falha.

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Tenacidade à fratura “Kc”

Quando K atinge Kc, a taxa de propagação da trinca instável e


extremamente rápida. A estrutura efetivamente se abre como fosse um
zíper.
Teorias da Mecânica da Fratura

O coeficiente de segurança para falha de fratura mecânica é


definido por:

Se o comprimento de trinca atual ou típico é conhecido para a peça


e a tenacidade a fratura Kc é conhecida para o material, então a
máxima tensão nominal permissível pode ser determinada para
qualquer coeficiente de segurança escolhido e vice-versa.
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Tenacidade à fratura “Kc”

Para determinar a tenacidade a fratura Kc, peças padronizadas,


contendo uma trinca de dimensões definidas, são testadas até a falha.
Para os testes axiais, a peça é presa em uma máquina servo-
hidráulica de tal forma que a peça pode ser tracionada
Teorias da Mecânica da Fratura

ortogonalmente a trinca. Testes de flexão posicionam a trinca no lado


tracionado da viga. A peça é carregada dinamicamente com
deslocamento crescente e a relação carga deslocamento é monitorada
(constante elástica efetiva). A função carga/deslocamento torna-se
não linear no começo do crescimento rápido da trinca. A tenacidade à
fratura Kc é medida nesse ponto.

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Tenacidade à fratura “Kc”

A tenacidade à fratura para materiais de engenharia varia de 20 a


200 MPa.m0,5.

A tenacidade à fratura geralmente varia junto com a ductilidade e


Teorias da Mecânica da Fratura

cresce substancialmente a altas temperaturas.

Aços de maior resistência tendem a ser menos dúcteis e têm menor


Kc que aços de menor resistência.

A substituição de um aço de baixa resistência por um aço de alta


resistência tem elevado falhas em algumas aplicações devido à
redução na tenacidade à fratura que acompanha a mudança de
material.
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Tenacidade à fratura “Kc”

Valores de Kc para alguns materiais de engenharia à temperatura


ambiente.
Teorias da Mecânica da Fratura

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Teorias da Mecânica da Fratura Exemplo 1

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Exemplo 2

Uma placa de aço do estrado de um navio tem 30 mm de espessura


e 12 m de largura. Ela é carregada com uma tensão de tração uniaxial
de 50 MPa e é operada abaixo de sua temperatura de transição dúctil a
frágil com KIC igual a 28,3 MPa.m0,5. Se uma trinca transversal central
Teorias da Mecânica da Fratura

de 65 mm de comprimento estiver presente, estime a tensão de tração


na qual uma falha catastrófica ocorrerá. Compare com a resistência ao
escoamento de 240 MPa para esse aço.

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