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FORTALEZA – CE
2017
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FORTALEZA - CEARÁ
2017
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COMISSÃO EXAMINADORA
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Prof. Titulação Nome
Academia Estadual de Segurança Pública – AESP/CE
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Prof. Titulação Nome
Academia Estadual de Segurança Pública – AESP/CE
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Prof. Titulação Nome
Academia Estadual de Segurança Pública – AESP/CE
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7
CONCLUSÃO ...................................................................................................... 25
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 27
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INTRODUÇÃO
O Art. 54 da mesma Lei diz que a remuneração dos Oficiais da Polícia Militar
do Ceará, compreende os vencimentos ou subsídio fixado em parcela única, na forma
do art. 39, § 4º, da Constituição Federal, os proventos, as indenizações e outros
direitos, sendo devida em bases estabelecidas em lei específica e, em nenhuma
hipótese, poderá exceder o teto remuneratório constitucionalmente previsto.
Desse modo, conforme prevê o Estatuto dos Militares do Estado do Ceará, são
espécies remuneratórias dos Oficiais da Polícia Militar do Ceará: os vencimentos; o
subsídio fixado em parcela única, na forma do Art. 39, 4º, da Constituição Federal de
1988; os proventos; e, as indenizações. Neste estudo, abordam-se os vencimentos
dos Oficiais da Polícia Militar da ativa, já que eles vão servir de referencial para os
proventos na inatividade.
que é uma lei publicada no ano de 2006, deslocou as indenizações, previstas na Lei
nº 11.167/1986, da condição de integrante dos vencimentos, para a condição de
espécie remuneratória autônoma, devido exatamente à previsão da implantação do
subsídio, já que esse tipo de remuneração é composto de parcela única com vedação
do acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
representação ou outra espécie remuneratória. Contudo,, admite as indenizações.
Observa-se que esta lei de 1986 não está em sintonia com a Constituição
Federal de 1988, em virtude de não fazer referência ao subsídio previsto no parágrafo
4º do Art. 39 da Constituição Federal de 1988.
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Portanto, fazendo uma leitura do que está previsto no Art. 42, da Constituição
Federal de 1988, combinado com o Art. 43, da Lei nº 13.729, de 13 de janeiro de 2006,
que instituiu o Estatuto dos Militares Estaduais do Ceará, pode-se dizer que os Oficiais
da Polícia Militar do Ceará são Militares do Estado do Ceará, detentores de Postos, e
que são preparados, ao longo da carreira, para o exercício de funções de comando
chefia e direção, estando agrupados em três círculos: Oficiais Subalternos, Oficiais
Intermediários, e Oficiais Superiores, não sendo, contudo, o cargo de Oficial da Polícia
Militar do Estado Ceará privativo de brasileiros natos, diferentemente do que ocorre
com os Oficiais das Forças Armadas.
Vale ressaltar que o Art. 30 do referido Estatuto diz ainda que existem três
círculos hierárquicos e na escala hierárquica existem seis Postos de Oficiais.
Hierarquicamente, e de cima para baixo, o círculo de Oficiais se divide em: círculo de
Oficiais Superiores; círculo de Oficiais Intermediários; e, círculo de Oficiais
Subalternos. Seguindo essa escala hierárquica, os Postos de Oficiais, colocados
também em ordem decrescente de hierarquia, são: Coronel PM, Tenente-Coronel PM,
Major PM, Capitão PM, 1º Tenente PM e 2º Tenente PM.
além de fazer prova dos direitos e deveres, assegurados em plenitude, pela Lei
Máxima e pela Constituição do Estado do Ceará.
Isto significa dizer que todos os direitos dos Oficiais da Polícia Militar do Estado
do Ceará, previstos no Estatuto da Polícia Militar, no Código Disciplinar dos Militares
do Estado do Ceará e em outras leis nacionais ou estaduais, devem ser observados
e cumpridos pelo Estado de forma plena e absoluta.
Vale ressaltar que, apesar de não constar no texto do Estatuto dos Militares do
Estado do Ceará, essas garantias constitucionais asseguradas aos Oficiais da Polícia
Militar do Ceará, contidas na Constituição Federal de 1988 e reproduzidas de forma
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Deve-se ainda ressaltar que existem outros Órgãos do Estado do Ceará nos
quais é imprescindível a presença da Polícia Militar, através, também, de
planejamento e emprego do efetivo pelos Oficiais, podendo-se citar, a título de
exemplo, os Postos da Secretaria da Fazenda, existentes em todo o território do
Estado do Ceará, responsáveis pela arrecadação de tributos e taxas.
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Vale lembrar também que os Oficiais PM são designados pela Justiça Militar
Estadual, para exercerem as funções de Juízes Militares (inciso VI, do Art. 92, da
Constituição Federal de 1988, passando a ser órgãos do Poder Judiciário) nos
Conselhos de Justiça, Órgãos Colegiados com previsão Constitucional (parágrafo 5º,
do Art. 125, da CF de 1988).
Ressalte-se aqui que o voto do Juiz Militar tem o mesmo peso do voto do Juiz
Auditor nos Conselhos de Justiça, esclarece Figueiredo (2010, p. 867) que, “Seja qual
for o Conselho de Justiça, Permanente ou Especial, os votos dos juízes que o integram
terão exatamente o mesmo peso. Isto é, a decisão será proclamada no sentido do que
decidiu a maioria do Conselho de Justiça”.
1 Vale aqui descrever o significado do termo “Ensino Superior” atribuído por Souza (1991): O real
significado do termo ‘Ensino Superior’ vai muito além do de ensino de terceiro grau, como ficou
popularizado principalmente após as reformas das décadas de 60 e 70. O saber superior deve ser
adquirido mediante o uso de codificações, sistemas, modelos e símbolos da semântica científica e, por
isso, foge à praticidade do dia a dia e se reserva aos que disponham de condições especiais para
abordá-lo. Por isso, como muitos querem, não pode ser democraticamente acessível a todos. É um
ensino, por natureza, elitista, para uma minoria capacitada intelectual e culturalmente e não no sentido
trivial de pessoas socioeconomicamente bem-postas na comunidade.
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Nos dizeres de José Afonso da Silva, são promulgadas “as Constituições que
se originaram de um órgão constituinte composto de representantes do povo,
eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer”. Como exemplo dessa
tipologia, podem-se citar as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e
1988 (MASSON, 2014, p. 30).
2 De acordo com Rocha, a expressão “império da lei” significa: Antes de iniciar as considerações sobre
ao Art. 5º, II, da Constituição Federal, é preciso dar uma explicação sobre a expressão império da lei.
Não está sendo usada no sentido hierárquico, como se a lei estivesse no topo do legislador, dogma do
Estado legislativo, desaparecido com o Estado Democrático de Direito ou Estado constitucional. Em
resumo, queremos salientar que não desconhecemos as transformações por que vêm passando a lei
e os efeitos sobre seu conceito. De modo que a expressão império da lei está usada para significar que
só a lei, evidentemente constitucional, como expressão da vontade do povo, pode exigir do mesmo
povo a obediência às suas determinações. Por outras palavras, império da lei, em nosso contexto, quer
dizer governo das leis, de origem democrática, é claro, e não do arbítrio ou capricho de quem quer que
seja (ROCHA, 2009, p. 75).
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3 Sobre esses protestos, é oportuno transcrever os relatos de Assis, Neves e Cunha (2005, p. 150-151):
No ano de 1988, a PM paulista foi atingida por uma paralisação de vários policiais militares que, em ato
concatenado, se dirigiram para o “Marco Zero” da Capital Paulista, a Praça da Sé. Esse movimento de
Praças não alcançou as consequências e a repercussão dos movimentos aqui referidos, senão para
os próprios “grevistas” que, em sua esmagadora maioria, foram excluídos das fileiras. Por não ter
havido a repercussão dos movimentos de 1997, pedimos vênia para excluir do histórico dos
“movimentos coletivos de indisciplina” a “greve” de 1988 da Milícia Bandeirante. Houve movimentos
reivindicatórios em dezessete Estados, principalmente no Rio Grande do Sul, Pernambuco, Minas
Gerais, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Pará, Alagoas e Paraíba. Posteriormente, os
movimentos eclodiram por todo o país, com maior ou menor intensidade. Em uma rápida cronologia,
iremos relembrar que em junho de 1997, um Cabo PM morreu com um tiro na cabeça durante a
manifestação de policiais militares em Minas Gerais; em junho do mesmo ano, no Ceará, cinco policiais
militares são feridos em manifestação, já que o Governador do Estado foi o único a agir com firmeza,
enfrentando os amotinados e revoltosos, num confronto em que a principal baixa foi o próprio
Comandante-Geral, atingido por um disparo de arma de fogo; em novembro de 1998, greve conjunta
dos policiais civis e militares deixa todo o Espírito Santo sem policiamento; e, em setembro de 1999, a
PM da Paraíba fica 18 dias em greve; em julho de 2000, 3.500 PM do Mato Grosso ficam aquartelados
por 8 dias em greve; em outubro de 2000, novo espetáculo proporcionado por policiais militares de
Pernambuco, chegando mesmo ao confronto a tiros entre Praças revoltosos e Oficiais da corporação,
em praça pública, ante os olhares assustados da população, e impotentes do Governador do Estado e
mesmo da Presidência da República, que sempre poderia intervir e não o fez; em maio de 2001,
policiais militares do Tocantins rebelaram-se contra baixos salários, perseguiram seus Oficiais pelas
ruas da Capital e tomaram o Quartel do 1º Batalhão de Polícia Militar em Palmas, onde permaneceram
aquartelados por vários dias, resistindo às ordens da Justiça e ante a possibilidade de retomada da
Unidade por tropas federais, que cercaram o 1º BPM, gerando um clima de muita tensão. Anote-se
que, na ‘quartelada de Tocantins’, os rebelados usaram a estratégia de trazerem para o quartel do 1º
BPM suas esposas e filhos menores, ignorando a Justiça da Infância e Juventude, que determinou a
retirada de crianças e adolescentes do local da rebelião, ante um possível confronto com o Exército.
Em julho de 2001, incentivados por certos resultados obtidos em Tocantins e pela patética atuação das
autoridades estaduais e federais, policiais militares da Bahia se rebelaram, aquartelando-se e
prometendo resistir a uma possível ação do Exército.
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Ocorre que, aqui no Estado do Ceará, a chamada “Terra da Luz”, após mais de
18 anos da aprovação da Emenda à Constituição nº 19/98, esse Direito Constitucional
ainda não foi efetivado, podendo resultar em uma Intervenção da União na forma das
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alíneas “a” e “b”, do inciso VII, do Art. 34, da Constituição Federal de 1988, devido à
não observância dos princípios constitucionais da forma republicana, do sistema
representativo e do regime democrático, em virtude de uma determinação
constitucional não haver sido ainda efetivada por pura negligência de quem de direito,
além do fato de esta não efetivação violar os direitos pessoais dos Oficiais da Polícia
Militar, devido a própria Lei Máxima atribuir a essa classe Direitos em Plenitude.
Senão, vejamos:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para: (...) VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana; (...).
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, §
8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica
dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos
oficiais conferidas pelos respectivos governadores.
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares,
organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à
garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
lei e da ordem. (...) § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados
militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as
seguintes disposições: I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres
a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas
em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes
privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros,
o uso dos uniformes das Forças Armadas; (...) (BRASIL, 1988).
Vale lembrar que, na passagem do ano de 2011 para o ano de 2012, iniciou-se
uma greve de Policiais Militares e Bombeiros Militares por melhores condições de
salários e de trabalho, sendo noticiado por Carvalho (UOL, 2011) da seguinte forma:
Tal situação não deveria ter ocorrido, já que o subsídio era um Direito
Constitucional existente em favor dos Oficias da PM, desde 4 de junho de 1998, o que
não justifica tamanho descaso e negligência de quem de direito, já que o Estado do
Ceará é pessoa de direito público interno, devendo observar os princípios
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Art. 14. O Estado do Ceará, pessoa jurídica de direito público interno, exerce
em seu território as competências que, explícita ou implicitamente, não lhe
sejam vedadas pela Constituição Federal, observados os seguintes
princípios: I – respeito à Constituição Federal e à unidade da Federação; II –
promoção da justiça social e extinção de todas as formas de exploração e
opressão, procurando assegurar a todos uma vida digna, livre e saudável; III
– defesa da igualdade e combate a qualquer forma de discriminação em
razão de nacionalidade, condição e local de nascimento, raça, cor, religião,
origem étnica, convicção política ou filosófica, deficiência física ou mental,
doença, idade, atividade profissional, estado civil, classe social, sexo e
orientação sexual; IV – respeito à legalidade, à impessoalidade, à moralidade,
à publicidade, à eficiência e à probidade administrativa.
4 Quanto às diferenças entre a desobediência civil e o direito de resistência, explana Rocha (2009, p.
82-83): A desobediência civil é uma oposição dirigida contra certas normas ou atos específicos dos
poderes públicos, considerados prejudiciais aos interesses de grupos geralmente minoritários.
Ressalte-se, porém, que às vezes os interesses afetados podem ser comuns a toda a sociedade, o que
não desnatura a desobediência civil. O que se quer enfatizar é que a desobediência civil é sempre uma
iniciativa de grupos minoritários, talvez por serem mais politizados do que o restante da sociedade.
Registre-se, a título de exemplo do que afirmamos, a luta do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
(MST) em favor da reforma agrária, que é do interesse da sociedade em geral por afetar aos mais
diferentes aspectos da vida social, embora seja uma luta sustentada por um grupo minoritário. Já o
direito de resistência é uma ação política orientada contra o poder político como um todo por mudar ou
pretender mudar a ordem constitucional. Um exemplo seriam as lutas contra as ditaduras, de triste
memória entre nós. Outra diferença entre desobediência civil e direito de resistência é o marco dentro
do qual se coloca a desobediência civil. Por essa razão, a desobediência civil implica o reconhecimento
da legalidade como um todo. Já o direito de resistência, como dito, é uma oposição ao sistema político
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como um todo por mudar ou tentar mudar os princípios fundamentais da ordem jurídica. Mais uma
diferença entre a desobediência civil e o direito de resistência é que a primeira deve ser pacífica,
segundo alguns doutrinadores. Já o direito de resistência envolve quase sempre a violência porque
coloca em jogo a manutenção ou não do sistema político como um todo. Recorde-se, a título de
ilustração, a resistência de alguns grupos políticos contra as ditaduras militares na América do Sul, dos
anos 60 do século passado, que resultou em muita violência com a morte de milhares de vítimas civis
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CONCLUSÃO
O Estatuto dos Militares do Estado do Ceará é uma Lei de 2006, no qual, sem
explicações plausíveis, o Art. 54 definiu que existem dois tipos de remunerações para
os Oficiais da PM, os vencimentos ou o subsídio, quando, na verdade, deveria apenas
se reportar ao segundo tipo de remuneração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2010.
ASSIS, Jorge Cesar de; NEVES, Cícero Robson Coimbra; CUNHA, Fernando Luiz.
Lições de Direito para a Atividade das Polícias Militares e das Forças Armadas.
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Revista dos Tribunais, 2011.
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Direito Militar: Doutrina e Aplicações. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
ROSSETO, Enio Luiz. Código Penal Militar Comentado. 2. ed. rev. atual. ampl. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.