Professional Documents
Culture Documents
• Envolveu-se com o ocultismo, interessou-se por práticas mediúnicas e manteve ligações com a
sociedade esotérica. Este misticismo foi incorporado em sua obra literária, principalmente no
livro chamado “Mensagem” (Fernando Pessoa ortônimo).
• No fenômeno da heteronímia, o poeta ajustou personagens com biografia e caracterização física.
• Os três principais heterônimos são Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
• Sua obra foi dividida em poesia ortônima (ele mesmo) e poesia heterônima (outros seres criados
por ele).
Mar portuguêz
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Isto
“Dizem que finjo ou minto
Tudo o que escrevo. Não
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação
Não uso o coração.”
ALBERTO CAEIRO
• Seus poemas não apresentam títulos e reúnem-se num conjunto chamado “O guardador de
rebanhos”.
• Homem do campo, pastor de ovelhas (só teve instrução primária).
• Seu estilo funda-se no uso espontâneo do verso livre e branco, próximo da prosa (prosaísmo),
procura imitar as formas simples da natureza, enfatizando a presença de plantas, rios, animais,
sol, lua e da ordem, segundo a qual tudo se agrupa.
• Poeta anti-intelectual e primitivista, inimigo do que é artificial.
• Poeta filosófico, embora seus versos recriminem os poetas e sua teoria se volte contra o
pensamento. Ao recusar o transcendentalismo e a filosofia em geral, acaba por criar uma espécie
de antifilosofia.
• Anti-racionalismo – as sensações e os sentimentos são o bastante, o homem deve se comportar
como as árvores e os animais.
• Pagão, censura a metafísica e as religiões que abstraem as divindades, alienado de qualquer
questão social.
• Considerado o pai dos heterônimos por ter sido o primeiro a ser criado e por sua postura racional.
RICARDO REIS
• Médico e estudioso da cultura latina – representa a face clássica das personagens de Fernando
Pessoa.
• Retoma a tradição da poesia latina, versos metrificados, porém sem rimas; extrema concisão e
alto domínio da sintaxe tradicional.
• Ricardo Reis é moralista e sua poesia veicula lugares comuns da moral antiga, sobretudo a moral
“estóica” (doutrina onde o homem deve esforçar-se para tornar insensível aos males físicos e
espirituais. Perante a dor, deve viver segundo a natureza e aceitar as coisas como elas são), e
epicurista (segundo a qual o homem deve construir sua própria vida, buscando a felicidade
possível, na conquista do prazer estável).
• Dentre os lugares comuns destaca-se a idéia do fatalismo regido pelos deuses (culto dos deuses
do Olimpo – propondo a imitação desses como forma de superar as dores da existência), a
inexorabilidade do tempo, o carpe diem, em meio à paisagem bucólica e a necessidade de
disciplina mental para enfrentar tanto a dor quanto o prazer.
• Poeta da serenidade, das verdades absolutas, sem preocupar-se com a religião ou salvação, pois é
um poeta pagão, que crê somente nos deuses da mitologia.
• Apresenta semelhança com Caeiro por querer viver segundo a natureza, mas só que ele aceita as
coisas como elas são, a partir de uma reflexão culta e sofisticada, enquanto Caeiro se baseia no
instinto e nas sensações.