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É o ramo do Direito que estuda as normas que estruturam, basicamente, o Estado. Não é difícil intuir a
importância do Direito Constitucional, tanto mais atualmente, quando a atividade do Estado cresce
notavelmente. Não há nenhum momento na vida do homem moderno em que este não mantenha contato com
os governantes e seus agentes, e nesse contato é que surge a iminência do arbítrio daqueles, arbítrio que as
normas constitucionais buscam evitar. É o Direito Constitucional Positivo que norteia a estruturação da forma
de Estado, ao afirmar ser o Brasil um Estado federal, complementado pela forma republicana de governo. É a
Constituição Federal que vai revelar ser o presidencialismo nosso regime de governo. Com efeito, as expressões
forma de Estado, forma de governo e regime de governo não se confundem. Forma de Estado é expressão que
designa as relações que apresentam, entre si, todos os elementos constitutivos do Estado: população,
território, governo e normas. Forma de governo é a expressão que revela o modo pelo qual o Estado se
organiza para o exercício de poder. Regime de governo, contudo, é expressão que envolve o relacionamento
entre os Poderes Executivo e Legislativo.
O regime de governo revela a dinâmica da forma de governo da mesma forma que o poder político somente
é agilizado pelas funções governamentais.
Enquanto instituição, o poder é estático; encarnado, torna-se dinâmico pela atividade política, pelo seu
efetivo exercício, que se chama governo. É o Direito Constitucional Positivo que se preocupa, ademais, com a
estruturação dos órgãos em que triparte o poder político.
Constituição
Na origem latina, Constituição deriva da expressão constitutione, que significa o ato de constituir, de
estabelecer ou de firmar. Em resumo, o modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de
pessoas.
Nesta visão, temos a Constituição do Estado como o simples modo de ser do Estado, sendo considerada a sua
(do Estado) lei fundamental.
Em sentido técnico, a Constituição é um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a
forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício do poder, o estabelecimento de seus
órgãos e os limites de sua ação.
Em outras palavras, é o conjunto de normas que organizam os elementos constitutivos do Estado, que são: o
Povo, o Território, o Governo e a Finalidade (o bem comum).
Poder Constituinte:
1 - NOÇÕES
As normas constitucionais, por ocuparem o topo do ordenamento jurídico, são providas de elaboração mais dificultosa
do que aqueles ditados pela própria ordem jurídica, que vêm de cunho ordinário.
Nos Estados democráticos, a titularidade do poder constituinte pertence ao povo, pois o Estado decorre da soberania
popular.
Em razão de sua titularidade pertencer ao povo, o poder constituinte é permanente, isto é, não se esgota em um ato de
seu exercício, visto que o povo não pode perder o direito de querer e de mudar à sua vontade.
Embora na atualidade haja um consenso teórico em afirmar ser o povo o titular do poder constituinte, o seu exercício
nem sempre tem se realizado democraticamente.
Assim, embora legitimamente o poder constituinte pertença sempre ao povo, temos duas formas distintas para o seu
exercício: outorga e assembléia nacional constituinte.
A outorga é o estabelecimento da Constituição pelo próprio detentor do poder, sem a participação popular. É ato
unilateral do governante, que auto-limita o seu poder e impõe as regras constitucionais ao povo.
A assembléia nacional constituinte é a forma típica de exercício do poder constituinte, em que o povo, seu legítimo
titular, democraticamente, outorga poderes a seus representantes especialmente eleitos para a elaboração da
Constituição.
A doutrina costuma distinguir as seguintes espécies de poder constituinte: poder constituinte originário e poder
constituinte derivado este tendo como espécies o poder reformador, o decorrente e o revisor.
O poder constituinte originário (também denominado genuíno, primário ou de primeiro grau) é o poder de elaborar
uma Constituição. Não encontra limites no direito positivo anterior, não deve obediência a nenhuma regra jurídica
preexistente,
Assim, podemos caracterizar o poder constituinte originário como inicial, permanente, absoluto, soberano, ilimitado,
incondicionado, permanente e inalienável
O poder reformador que abrange as prerrogativas de modificar, implementar ou retirar dispositivos da Constituição.
É a alma d a autonomia das federações na forma de sua constituição, assim, a todos os Estados, o Distrito Federal e até
os Municípios este na forma de lei orgânica poderão ter suas constituições específicas em decorrência do Poder
Constituinte Originário.
Por fim, o poder constituinte revisor que como exemplo de nossa própria Constituição Federal, possibilita a revisão de
dispositivos constitucionais que necessitem de reformas, porém, esta não se confunde com reforma em stricto senso
pois, esta é de forma mais dificultosa, quorum ainda mais específico.
segundo as regras que ela estabelece. É o poder de reforma, que permite a mudança da Constituição, adaptando-a a
novas necessidades, sem que para tanto seja preciso recorrer ao poder constituinte originário. É um poder derivado
Essas limitações ao poder constituinte derivado (ou de reforma) são comumente classificadas em três
As limitações temporais consistem na vedação, por determinado lapso temporal, de alterabilidade das normas
constitucionais. A Constituição insere norma proibitiva de reforma de seus dispositivos por um prazo determinado. Não
estão presentes na nossa vigente Constituição, sendo que no Brasil só a
Constituição do Império estabelecia esse tipo de limitação, visto que, em seu art. 174, determinava que tão-só após
quatro anos de sua vigência poderia ser reformada.
As limitações materiais excluem determinadas matérias ou conteúdo da possibilidade de reforma, visando a assegurar
a integridade da Constituição, impedindo que eventuais reformas provoquem a sua destruição ou impliquem profunda
mudança de sua identidade. Tais limitações podem ser explícitas ou implícitas.
As limitações materiais explícitas correspondem àquelas matérias que o constituinte definiu expressamente na
Constituição como inalteráveis. O próprio poder constituinte originário faz constar na sua obra um núcleo imodificável.
Tais limitações inserem-se, pois, expressamente, no texto constitucional e são conhecidas por "cláusulas pétreas".
Na vigente Constituição, estão prescritas no art. 60, § 4º, segundo o qual "não será objeto de deliberação a proposta de
emenda tendente a abolir: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos
Poderes; os direitos e garantias individuais".
As limitações materiais implícitas são aquelas matérias que, apesar de não inseridas no texto constitucional, estão
implicitamente fora do alcance do poder de reforma, sob pena de implicar a ruptura da ordem constitucional. Isso
porque, caso pudessem ser modificadas pelo poder constituinte derivado, de nada adiantaria a previsão expressa das
demais limitações. São apontadas pela doutrina três importantes limitações materiais implícitas, a saber:
(1) a titularidade do poder constituinte originário, pois uma reforma constitucional não pode mudar o titular do poder
que cria o próprio poder reformador;
(2) a titularidade do poder constituinte derivado, pois seria um despautério que o legislador ordinário estabelecesse
novo titular de um poder derivado só da vontade do constituinte originário; e
(3) o processo da própria reforma constitucional, senão poderiam restar fraudadas as limitações explícitas impostas
pelo constituinte originário.
O poder constituinte decorrente é aquele atribuído aos Estados-membros para se auto-organizarem mediante a
elaboração de suas constituições estaduais, desde que respeitadas as regras limitativas impostas pela Constituição
Federal. Como se vê, também é um poder derivado, limitado e condicionado, visto que é resultante do texto
constitucional.
EXERCÍCIOS.
1 - (AGENTE PF/97): Quanto ao poder constituinte derivado, este encontra limitações impostas pelo poder constituinte
originário.
3 - (AGENTE PF/97): Do ponto de vista do direito interno, considera-se o poder constituinte originário não sujeito a
qualquer limitação.
4 - (PAPILOSCOPISTA PF/97): O poder constituinte originário está sujeito, juridicamente, a limitações oriundas das
normas subsistentes da ordem constitucional anterior.
5 - (PAPILOSCOPISTA PF/97): O poder constituinte derivado está sujeito, do ponto de vista do direito interno, a certas
limitações, cuja observância pode ser aferida por meio do controle de constitucionalidade.
6 – (AFCE/TCU/2000) É pacífico, entre nós, que não existem limitações implícitas ao poder constituinte de reforma.
7 - (AFCE/TCU/2000) Uma proposta de emenda à Constituição que tenda a abolir uma cláusula pétrea não pode sequer
ser levada à deliberação do Congresso Nacional.
10 – O poder constituinte originário, também chamado poder de reforma, é ilimitado na sua atuação.
GABARITO:
1C 2C 3C 4E 5C 6E 7C 8E 9E 10E
A Constituição é a mais alta expressão jurídica da soberania popular e nacional. É o instrumento seguro para a
manutenção do Estado de Direito. Daí este significar a submissão de todos os indivíduos e dos próprios órgãos
do Estado ao Direito, à lei, remontando, em última instância, à submissão à Lei Magna.
A Carta Magna é a lei fundamental, o meio mediante o qual uma sociedade se organiza e restringe atos ou
exige prestações estatais, seja prescrevendo direitos, deveres e garantias, seja conferindo o fundamento de
validade de todas as leis e atos normativos.
Os preceitos ou normas (regras e princípios, na acepção de José Joaquim Gomes Canotilho) que integram a
Constituição, em razão de suas características e objetivos, acham-se num grau hierárquico supremo face a
todas as demais normas jurídicas que compõem um dado ordenamento jurídico.
A Constituição encontra-se no ápice do sistema jurídico de qualquer paísDesta forma, a Constituição encontra-se no ápice do
sistema jurídico de qualquer país, nela se encontrando a própria estrutura e as normas fundamentais do Estado
que a sedia.
Segundo Hans Kelsen, uma norma jurídica para ser válida necessita buscar seu fundamento de validade em
uma norma superior. Sobre este assunto discorreu largamente o Mestre da Escola de Viena, de forma a
assentar a sua teoria escalonada do ordenamento jurídico. Da sua Teoria Pura do Direito destaca-se o trecho a
seguir:
A ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas no mesmo plano, situadas umas ao lado das
outras, mas é uma construção escalonada de diferentes camadas ou níveis de normas jurídicas. A sua unidade
é produto da relação de dependência que resulta do fato de a validade de uma norma, se apoiar sobre essa
outra norma, cuja produção, por seu turno, é determinada por outra, e assim por diante, até abicar finalmente
na norma fundamental–pressuposta. A norma fundamental hipotética, nestes termos – é, portanto, o
fundamento de validade último que constitui a unidade desta interconexão criadora.
Sendo assim, todas as normas devem se adequar aos parâmetros constitucionais, sob pena de resultarem
inconstitucionais e não poderem pertencer ao ordenamento jurídico vigente.
Em síntese, o sistema jurídico que se apresenta nessa estrutura escalonada tendo em seu vértice a
Constituição, deve ser coerente e racional. Qualquer conflito ou antinomia que agrida o postulado da primazia
da Carta Magna viola pelo menos um princípio essencial, qual seja, justamente o da Supremacia da
Constituição, comprometendo assim a harmonia do ordenamento.
Logo, a compreensão da Constituição como lei fundamental implica o reconhecimento da sua supremacia na
ordem jurídica, bem como a existência de mecanismos suficientes para garanti-la juridicamente contra
agressões. Para assegurar tal supremacia, necessário se faz um controle sobre as leis e os atos normativos, o
chamado controle de constitucionalidade.
Como visto no item anterior, controlar a constitucionalidade significa impedir a eficácia de normas contrárias à
Constituição e, para tanto, a defesa da Carta Maior pressupõe a existência de garantias e institutos destinados
a assegurar a observância, a aplicação, a estabilidade e a conservação das suas normas.
Portanto, de nada adiantaria a existência da soberania constitucional se não fosse realizado um sistema
eficiente de defesa da Constituição, para que ela prevalecesse sempre soberana diante das leis e de outros atos
normativos que eventualmente a antagonizassem.
O controle jurisdicional é aquele exercido por órgãos detentores de garantias de independência, como o Poder JudiciárioPara isso, o
controle de constitucionalidade é o principal mecanismo, o meio de reação mais eficiente nos países de
constituição rígida. Por ele é possível garantir a unidade e eliminar os fatores de desarmonia, que são as leis e
atos normativos que se opõem ao texto fundamental, conflitando com os seus princípios e demais comandos.
Vale dizer ainda, com Zeno Veloso, que o controle de constitucionalidade "serve também como barreira para os
excessos, abusos e desvios de poder, garantindo as liberdades públicas, a cidadania, os direitos e garantias
fundamentais."
Mas quais são os sistemas existentes na Teoria Constitucional para a realização da defesa da Constituição?
Existem dois: o controle dito político e o jurisdicional.
O controle político é aquele exercido pelo próprio órgão criador da norma ou por outro ad hoc, o qual não
detém garantias de independência, caracterizando-se como preventivo e discricionário.
Para melhor entender-se a distinção entre estes dois sistemas de controles, destaca-se os ensinamentos de
José Afonso da Silva:
O controle político é o que entrega a verificação da inconstitucionalidade a órgãos de natureza política, tais
como: o próprio Poder Legislativo, solução predominante na Europa no século passado; ou um órgão especial,
como o Presidium do Soviete Supremo da ex- União Soviética (Constituição da URSS, art. 121, n.º 4) e o
Conseil Constitutionnel da vigente Constituição francesa de 1958 (arts. 56 a 63). O controle jurisdicional,
generalizado hoje em dia, denominado judicial review nos Estados Unidos da América do Norte, é a faculdade
que as constituições outorgam ao Poder Judiciário de declarar a inconstitucionalidade de lei e de outros atos do
Poder Público que contrariem, formal ou materialmente, preceitos ou princípios constitucionais.
Ainda acerca do tema, citam alguns autores, como o mestre recém nominado, a existência de um terceiro tipo
de controle, denominado sistema misto, o qual se dá quando da submissão da análise da inconstitucionalidade
tanto a um controle político como a um controle jurisdicional, dependendo da categoria da lei ou do ato
normativo, como ocorre na Suíça, por exemplo.
• 1 Quanto à forma
• 2 Quanto à mutabilidade
o 2.3 Rígida
o 2.4 Super-rígida
o 2.5 Semi-rígida
o 2.6 Flexível
• 3 Quanto à origem
o 3.2 Outorgada
• 5 Quanto à ideologia
o 5.1 Eclética
o 5.2 Ortodoxa
• 6 Quanto ao conteúdo
o 6.1 Materiais
o 6.2 Formais
"A Constituição norte-americana de 1787 é uma Constituição escrita. Assim também o têm sido todas as
constituições brasileiras: as de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988.
A Constituição consuetudinária não existe como documento formal. Tem por base a tradição e o costume legal.
O exemplo clássico é o sistema britânico, onde a jurisprudência exerce grande influência e as leis raramente
descem a detalhes, sendo, por vezes, "lacônicas".
A mutabilidade de uma Constituição refere-se à rigidez dos procedimentos legislativos necessários à sua
reforma.
É a Constituição que não admite alteração no seu conteúdo após a sua promulgação. Totalmente inflexível.
É a Constituição que não permite a alteração de uma parte de seus dispositivos, denominados cláusulas
pétreas. Estas cláusulas não serão objeto de abolição. ex.:Art.5° da atual constituição. A atual Constituição
Federal do Brasil, de 1988, em seu art. 60, §4°, relaciona as suas cláusulas pétreas:
Há ainda as cláusulas pétreas implícitas; aquelas que não estão expressamente previstas no § 4º do art. 60.
Dentre elas encontramos os fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º) e seus objetivos
fundamentais (art. 3º).
2.3- Rígida
Exige procedimentos legislativos especiais (mais rigorosos e solenes) para sua alteração ou reforma, seja por
maioria qualificada dos seus membros, seja por referendum constitucional. Ex: Constituições democráticas do
Brasil de 1891, 1934, 1946.
2.4- Super-rígida
São escritas e possuem em seu corpo, ao mesmo tempo, dispositivos que não podem ser alterados, e outros
que o podem, porém com regras mais severas que as impostas às normas infraconstitucionais
Este tipo de Constituição reserva a rigidez para uma parcela de seus dispositivos, sendo os demais
considerados flexíveis.
2.6- Flexível
Constituições flexíveis são aquelas em que o procedimento legislativo a ser seguido para emendá-la é o
mesmo aplicado à legislação ordinária. O exemplo mais flagrante e o da Constituição inglesa.
É aquela elaborada por uma Assembléia Constituinte formada por representantes do povo, como a Constituição
norte-americana de 1787 ou as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988
3.2- Outorgada
É redigida e imposta pelo poder governante, normalmente monarcas absolutistas, ditadores e juntas
golpistas. Como por exemplo a Constituição da Rússia tzarista de 1905 e as Constituições brasileiras de 1824,
outorgada por D. Pedro I, e de 1937, imposta pelo ditador Getúlio Vargas.
Quanto ao tamanho, podem ser sintética, com reduzido número de artigos, são exemplos: a Constituição
norte-americana e brasileira do Império, tendem a uma maior permanência e se ajustam aos países
desenvolvidos, ou analítica quando composta de grande número de artigos, como a da Índia, de 1949 (395
artigos) e do Brasil, de 1988 (320 artigos).
Constituição de menor extensão. Normalmente se limita a estabelecer apenas princípios gerais. Parte da
doutrina tem considerado como sintéticas aquelas Constituições com menos de 100 artigos. Um exemplo
bastante lembrado de constituição sintética é a Constituição dos EUA ou a brasileira do Império.
É, na visão dos especialistas, aquela que cuida de detalhes que poderiam ser abordados pela legislação
ordinária (passa a tutelar sobre assuntos que vão além daquelas suscitadas pelo Constitucionalismo Clássico,
tais como os direitos e garantias fundamentais e a organização política-administrativa do Estado), tomando
para sí o encargo de analisá-las (Analítica) quando, em verdade, não necessita de ser tratado em bojo
constitucional (Prolixa).
Costumam se dar em cartas políticas que superam mais de 100 (cem) dispositivos.
Por tratarem de questões nas quais não são naturais dos diplomas constitucionais padrãos, tendem a dar
origem a normas cujos comandos normativos constitucionais, em regra, possuem uma hermeneutica
iminentemente programática, de acordo com os ensinamentos de referência dados por JOSÉ AFONSO DA
SILVA. Temos como exemplo a nossa atual Carta Magna, a Constituição da República Federativa do Brasil de
Há de se ressaltar que é costumas deste tipo de constituição sofrer uma considerável quantidade de emendas
(a CRFB/88 encontra-se atualmente na sua Emenda constitucional nº: 53, enquanto que, ao contrário, a
secular Constituição Norte-Americana não foi alterada por mais de 20 emendas em toda sua existência...).
Assim, cada vez mais o legislador procura atualizar matérias nelas disciplinadas.
5.1- Eclética
Abre espaço a mais de uma ideologia conciliatória. A Constituição do Brasil, por exemplo, ao mesmo tempo em
que reconhece a propriedade privada exige que ela cumpra uma função social (art. 170, incisos II e III)
5.2- Ortodoxa
Segue apenas uma ideologia. Seja esta ideologia provinda de um grupo organizado, ou simplesmente um
individuo somente. Temos como exemplos as constituições de 1923, 1936 e 1977 da então União Soviética -
hoje extinta e substituída pela CEI (Comunidade dos Estados Independentes), com sua nova Lei Magna de
19,c.)4, de conteúdo democrático - ou as diversas Constituições da China marxista, sendo a última de 1982;
Governo, é o conjunto de funções pelas quais, é assegurada a ordem jurídica no Estado. Este elemento
estatal apresenta-se sob várias modalidades, quanto a sua origem, natureza e composição resultando nas
diversas formas de governo.
Governo de direito é aquele que foi constituído de conformidade com a lei fundamental do Estado,
sendo, por isso, positivo. Subordinando-se ele próprio aos preceitos jurídicos como condição de harmonia e
equilíbrio sociais.
Governo despótico (ao contrário do governo legal) é aquele que se conduz pelo arbítrio dos
detentores eventuais do poder, oscilando ao sabor dos interesses e caprichos pessoais.
Governo Constitucional é aquele que se forma e se desenvolve sob a égide de urna Constituição,
instituindo o poder em três órgãos distintos e assegurando a todos os cidadãos a garantia dos direitos
fundamentais, expressamente declarados.
Governo Absolutista é o que concentra todos os poderes num só órgão. O regime absolutista tem
suas raízes nas monarquias de direito divino e se explicam pela máxima do cesarismo romano que dava a
vontade do príncipe como fonte da lei:
MONARQUIA E REPÚBLICA
Maquiavel, consagrado como fundador da ciência política moderna, substituiu a divisão tríplice de
Aristóteles pelo dualismo: Monarquia e República (governo da minoria ou da maioria)
Colocou o problema nos seus exatos termos pois aristocracia e democracia não são propriamente
formas de governo, mas, sim, modalidades intrínsecas de qualquer das duas formas básicas monárquica ou
republicana.
A forma monárquica não se refere apenas aos soberanos coroados; nela se enquadram os consulados e
as ditaduras (governo de uma só pessoa).
SÃO LIMITADAS as monarquias onde o poder central se reparte admitindo órgãos autônomos
de funções paralelas, ou se submete às manifestações da soberania nacional.
A República aristocrática pode ser direta ou indireta, conforme seja o poder do governo exercido
diretamente pela classe dominante, em assembléias gerais, ou por delegados eleitos, em assembléia
representativa. Teoricamente, admito-se também a forma semidireta.
REPÚBLICA DEMOCRATICA é aquela em que todo poder emana do povo. Pode ser direta,
indireta ou semi-direta.
Não obstante, o provimento das magistraturas componentes do poder judiciário é assunto que
merece destaque. A efetividade é a regra, em face da verdadeira doutrina republicana democrática. As mais
adiantadas democracias do mundo adotam, pelo menos em parte, o princípio da eletividade. Isso ocorreu aqui
mesmo no Brasil, ao tempo do segundo Império, contribuindo para o conceito de que o Império foi mas
democrático do que a República. A eletividade dos magistrados implica a temporariedade das funções. A
temporariedade, por sua vez, leva a uma eficiência constante, afastando em grande parte os inegáveis
inconvenientes da vitaliciedade.
A delegação de poderes, neste sistema, é feita com as devidas restrições, de tal sorte que os
problemas considerados de vital importância nacional são decididos pelo próprio povo por processos típicos de
democracia direta, como o referendum, a iniciativa popular, o veto popular, etc.
Sem embargo das objeções de ordem técnica que pesam em contrário, o sistema misto se
apresenta na atualidade qual porto de salvação no mar bravio em que navega o barco da democracia
representativa. Os Estados Unidos da América do Norte introduzem cada vez mais no sistema institutos de
democracia direta. O Brasil mesmo, pela constituição de 1946, adotou o plebiscito, em tudo semelhante ao
referendum, para a solução dos casos de divisas internas, administrativas ou judiciárias, subordinando as
decisões das câmaras representativas ao pronunciamento das populações interessadas. E excelência teórica da
medida foi confirmada pela prática.
Presidencialismo
Regimes ou sistemas de governo são técnicas que regem as relações entre o Poder Legislativo e o Poder
Executivo no exercício das funções governamentais.
Neste último, ocorre o domínio do sistema político pela Assembléia, não havendo Executivo e nem
Governo separado e, quando há um Chefe de Estado, ele é apenas figura decorativa pois o governo mesmo é
exercido por uma Comissão da Assembléia. São exemplos deste sistema, os da Suíça, Polônia, antiga URSS,
etc.
e) O Poder Legislativo (no nosso caso, Congresso Nacional, Assembléias Legislativas, Câmara Distrital e
Câmaras de Vereadores) não está sujeito à dissolução e não é Parlamento no sentido estrito, pois seus
membros (embora chamados parlamentares) são eleitos pelo povo e por um período fixo de mandato;
f) As relações entre o Poder Executivo e o Legislativo são mais rígidas, prevalecendo o princípio da separação
de poderes independentes e autônomos entre si, embora possam ser harmônicos;
g) Tanto o Presidente da República, como os parlamentares são eleitos democraticamente pelo sufrágio
universal. Assim, se houver um Presidente da República que seja Ditador ou com evidente predominância
autoritária sobre os demais Poderes, então o sistema passa a ser ditatorial e não mais presidencialista.
Parlamentarismo
- Suas características foram se delineando aos poucos, durante séculos, até que se chegasse à forma precisa,
sistematizada pela doutrina como parlamentarismo.
Revolta Inglesa (ápice nos anos de 1688 e 1689), com a expulsão do rei católico, Jaime II. Assume
Guilherme de Orange e Maria, protestantes, e sua sucessora Rainha Ana. Neste período, estabelece-se o
hábito de convocação pelo soberano de um Conselho de Gabinete. Em 1714, assume Jorge I, príncipe
alemão de origem e educação. Sem saber inglês, o monarca deixou de presidir as reuniões dos ministros. O
mesmo acontecendo com o sucessor Jorge II.
Assim, o gabinete passou a deliberar de per si, com a ausência do soberano. Discutidos e resolvidos os
assuntos do governo; o membro mais ilustre era incumbido de levar ao Rei suas resoluções, e, assim, foi
surgindo à figura do Primeiro Ministro.
Neste período de mais de meio século, foi fixada definitivamente a independência do gabinete. O Rei
reina, mas não governa, já que a administração do Estado era feita pelo gabinete.
O Chefe do governo é aprovado e investido no cargo pelo Parlamento, sem que lhe seja determinado um
prazo de mandato.
Foi criada a praxe de se escolher o Primeiro Ministro como um representante da maioria parlamentar. É
condicionada a sua permanência no cargo à manutenção da maioria.
É a extinção do mandato dos membros da Câmara dos Comuns. O Primeiro Ministro pode pedir ao Chefe
de Estado que declare extintos os mandatos, convocando novas eleições, cujo resultado determina a
permanência ou não do Primeiro Ministro.
Comentário
A principal disposição do caput deste art. 5° é o
Princípio da Igualdade Formal, ou Princípio da Isonomia,
segundo o qual "todos são iguais perante a lei". Não sig-
nifica ele que todas as pessoas terão tratamento absoluta-
mente igual pelas leis brasileiras, mas que terão tratamento
diferenciado na medida das suas diferenças, o que leva à
conclusão, com Celso Bastos, de que o verdadeiro
conteúdo do princípio é o direito da pessoa de não ser
Comentário
Intimidade, qualquer pessoa tem, em qualquer lu-
gar onde se encontre, pois ela significa a esfera mais ín-
tima, mais subjetiva e mais profunda do ser humano, com
as suas concepções pessoais, seus gostos, seus problemas,
seus desvios, suas taras. Vida privada é uma forma de
externar essa intimidade, que acontece em lugares onde a
pessoa esteja ou se sinta protegida da interferência de
estranhos, como a casa onde mora. Honra é um atributo
pessoal da pessoa, é uma característica que reveste a ima-
gem da pessoa dando-lhe respeitabilidade, bom nome e
boa fama, além do sentimento íntimo, a consciência da
própria dignidade pessoal. Em outras palavras, e na lição
de Adriano De Cupis, honra é a dignidade pessoal refletida
Comentário
na consideração alheia e no sentimento da própria pessoa.
Não pode mais o Poder Público controlar a produ- Imagem é a figura física e material da pessoa, não só
ção de filmes, peças de teatro, livros, músicas, artes plás- pessoal mas também por pintura, por fotografia, por
ticas, textos em jornais e dos próprios jornais, livros e televisão, por caricatura, por charge ou por reprodução de
revistas, pois a regra constitucional é a da liberdade de partes do corpo da pessoa pelas quais se possa identificá-
expressão. Expressamente se diz que não poderá haver la. Todas essas esferas estão constitucionalmente
censura ou licença. O máximo que a Constituição permite protegidas pela Constituição, neste inciso. Poderiam ser
é a classificação para efeito indicativo (art. 21, XVI), mas violadas, por exemplo, pela publicação de um livro sobre a
ela terá por objeto informar aos pais ou responsável, por vida de alguém (violaria intimidade e vida privada, e,
exemplo, a que público e idade é adequado tal filme, talvez, a imagem), ou por fotos da pessoa num campo de
aconselhando sobre isso, e não proibindo. As proibições nudismo, ou pela filmagem de uma pessoa muito bonita,
que se têm visto sobre músicas e livros, por exemplo, são excessivamente destacada, numa praia, para ilustrar um
claras manifestações inconstitucionais de censura prévia. lançamento imobiliário. Em todos os casos, os atingidos
Cuida-se, aqui, de formas de manifestação do pensamento, teriam direito à indenização. Pessoas com imagem pública,
já defendidas pelo inciso IV deste artigo, quando a como políticos, ou em lugares públicos, como estádios de
expressão do pensamento assume forma de teatro, música, futebol ou ruas, se filmadas ou fotografadas não
pintura, poesia, dentre outros. individualmente, mas como parte do todo, não podem
pedir indenização, porque, por estarem em lugar público,
X - são invioláveis a intimidade, a vida estão renunciando, naquele momento, à preservação de sua
privada, a honra e a imagem das pessoas, imagem. Não fosse assim, a transmissão de um jogo de
assegurado o direito a indenização pelo futebol pela televisão levaria alguns milhares de pessoas
dano material ou moral decorrente de sua aos tribunais em busca de indenização contra a emissora.
violação; Também não se cogita dessa proteção quando da
divulgação da foto de um criminoso, psicopata ou louco,
quando procurado.
Para Hubmann, o homem vive com personalidade
em duas esferas: uma esfera individual e uma esfera pri-
Comentário
Trata-se, aqui, da proteção constitucional a quatro sigilos,
todos relacionados com comunicação. A única forma de
sigilo que poderá ser quebrado, no dizer deste inciso, é o
de comunicação telefônica, mas em hipóteses muito
específicas: é necessário, primeiro, que haja uma ordem
judicial prévia ao grampo; depois, que essa violação esteja
sendo feita para uma de duas únicas finalidades: ou Comentário
investigação criminal (que só pode ser feita por autoridade A regra é simples. Se não houver lei dispondo
policial) ou instrução processual penal (por autoridades sobre determinada profissão, trabalho ou ofício, qualquer
judiciárias). A Lei n° 9.296, de 24/7/96, veio regulamentar pessoa, a qualquer tempo, e de qualquer forma, pode
a possibilidade constitucional de interceptação das exercê-la (por exemplo, artesão, marceneiro, carnavalesco,
comunicações telefônicas, isso depois de o Supremo detetive particular, ator de teatro). Ao contrário, se houver
Tribunal Federal ter decidido que a atual Constituição não lei estabelecendo uma qualificação profissional necessária,
recepcionou, no ponto, o antigo Código Nacional de somente aquele que atender ao que exige a lei pode exercer
Telecomunicações. Por essa lei, a autorização para a esse trabalho, ofício ou profissão (casos do advogado, do
quebra do sigilo telefônico deverá ser dada por autoridade médico, do engenheiro, do piloto de avião).
judicial, sob segredo de justiça, e a sua disciplina se aplica
também ao sigilo das comunicações em sistemas de A liberdade de trabalho é definida por Ignacio
informática. A autorização judicial vai depender da Burgoa como a faculdade que tem o indivíduo de eleger a
demonstração, geralmente pela autoridade judicial, das ocupação que mais lhe convém para verificar seus fins
razões e indícios claros de autoria de crime contra quem há vitais; é o caminho indispensável - sine qua non - para o
de sofrer a degravação. O grampo telefônico poderá ser logro de sua felicidade ou bem-estar. A expressão maior da
determinado de ofício pelo juiz do processo ou a re- restrição ao trabalho é dada pela História, sob o manto das
querimento da autoridade policial ou de membro do Mi- corporações de ofício. Hoje, existem no País mais de
nistério Público. setenta profissões regulamentadas em lei, segundo
Eduardo Gabriel Saad. Esta norma constitucional, então,
Comentário
XIV - é assegurado a todos o acesso à
informação e resguardado o sigilo da fonte, Direito fundamental da pessoa, o direito de ir, vir
quando necessário ao exercício profissional; e ficar está assegurado nos termos deste inciso, e qualquer
ato contra ele é atacável por habeas corpus (inciso LXVIII
deste art. 5°). Em tempo de paz significa tempo de nor-
malidade democrática e institucional. Em caso de guerra
ou mesmo em caso de estado de sítio (art. 139, I) poderá
haver restrição ao direito de locomoção.
A parte final diz que qualquer pessoa (inclusive
estrangeiro) poderá entrar, ficar ou sair do Brasil, nos ter-
mos da lei, lei esta que não poderá impor obstáculos
intransponíveis a essa locomoção, mas apenas dispor sobre
passaporte, registro, tributos e coisas do gênero. Qualquer
bem móvel está compreendido na proteção do dispositivo.
Uma pessoa submetida a quarentena médica (por
doença contagiosa, por exemplo) não poderá invocar esse
Comentário
direito de liberdade de locomoção, porque entre esse e o
Este dispositivo trata das duas pontas da relação direito da população de não ser contaminada pela doença
de informação. Primeiramente, ao falar da pessoa a quem prevalece este, o direito coletivo.
se dirige a informação, diz ele que toda e qualquer pessoa
tem o direito constitucional de ser informada sobre tudo o Ainda, no direito de ir, vir e ficar se compreende
o direito de fixar residência. O direito de locomoção, na
que não estiver protegido pelo sigilo oficial.
lição de José Afonso da Silva, implica o direito de circula-
De outro lado, sabia o constituinte que as ção por via pública ou afetada ao uso público (como uma
informações mais importantes geralmente comprometem a servidão).
sua fonte, pela sensibilidade dos interesses envolvidos,
pela relevância da questão, especialmente no setor público,
XVI - todos podem reunir-se pacificamente,
político e empresarial. Para que também essas informações
sem armas, em locais abertos ao público,
cheguem ao brasileiro, e assim o seu direito pleno à
independentemente de autorização, desde
informação seja amplamente atendido, foi assegurado ao
que não frustrem outra reunião
profissional de imprensa o poder de manter a origem da
anteriormente convocada para o mesmo
informação divulgada sob sigilo.
local, sendo apenas exigido prévio aviso à
A liberdade de informação, aqui prevista e preser- autoridade competente;
vada, abrange o direito de informar, de se informar e de ser
informado. Ou seja: de passar a informação, de buscar a
informação e de receber a informação. Quanto à
informação, veja também o que consta no art. 220, par. 1°.
Finalmente, quando houver um conflito entre o direito à
honra e o direito de informar, prevalece, segundo o Tri-
bunal de Alçada Criminal de São Paulo, o direito de in-
formar, desde que a informação seja verídica, sua divul-
gação seja essencial ao entendimento da notícia e não se
faça uso de forma insidiosa ou abusiva.
Comentário
Se é plena a liberdade de associação, nada mais
lógico do que o direito de criá-las ser independente de au-
Comentário torização de quem quer que seja. Quem determina como
vai ser a associação são os seus membros, e o Estado não
Associação é diferente de reunião por ter um
pode interferir, por nenhum de seus órgãos, no funciona-
caráter de permanência e objetivos definidos, em torno dos
mento da entidade. Quanto à cooperativa a disciplina é um
quais se associam pessoas que os buscam. Ou seja, é uma
pouco diferente. A sua criação também não depende de
coligação voluntária de duas ou mais pessoas com vistas à
autorização de ninguém, e nenhum órgão estatal poderá
realização de um objetivo comum, sob direção única. Essa
interferir na sua gestão. No entanto, a Constituição
associação pode ter inúmeras características (empresarial,
determina que se obedeça a uma lei que vai dispor sobre a
cultural, filantrópica, política, sindical, esportiva,
criação dessas entidades especiais, lei esta que imporá
recreativa). Essa liberdade é plena, desde que os fins da
certos procedimentos e providências obrigatórias para que
associação sejam lícitos (e são lícitos os fins expressa-
Comentário
O assunto, aqui, é a representação processual, isto
é, o direito de uma entidade defender em juízo ou fora
dele, em nome de terceiros, um direito que não é seu, mas
de um, alguns ou todos os seus associados, amparado por
mandato. Eduardo Saad concorda em que não se trata,
Comentário aqui, de substituição processual, quando alguém age em
juízo em nome próprio para a defesa de interesse alheio, e
A dissolução voluntária de associação depende do
sempre em virtude de lei, conforme estatui o art. 6° do
que os associados decidirem a respeito, ou da disciplina do
Código Civil. Como visto acima, a liberdade de constituir
assunto dada pelo regimento interno, se houver um. O que
uma associação é plena e não é imposta nenhuma
a Constituição trata é como se fará a dissolução
condicionante a isso. Em face dessa imprecisão, não se
compulsória de associação, isto é, quando ela tiver que ser
pode deduzir que uma pessoa que se ligue a uma asso-
dissolvida contra a vontade dos sócios. Tanto para a
ciação de qualquer tipo esteja, ao filiar-se, implicitamente
suspensão das atividades quanto para dissolução com-
autorizando a entidade a representá-la, judicial ou
pulsória, exige a Constituição uma decisão judicial, o que
extrajudicialmente. Como isso não pode ser presumido, a
importa dizer que ordens administrativas ou policiais sobre
Constituição exige que uma associação, quando atuar em
o assunto são inconstitucionais. Além disso, é de se ver
defesa de interesse de associados, antes de mais nada
que, enquanto uma associação pode ter as suas atividades
prove por escrito que está autorizada expressamente por
suspensas por decisão judicial ainda modificável, como
esse ou esses associados a falar em nome deles. Sem essa
aquela da qual se recorreu, a dissolução exige decisão
prova, a associação é ilegítima para essa representação.
judicial com trânsito em julgado, isto é, decisão definitiva,
Segundo o Supremo Tribunal Federal, não há necessidade
imodificável, da qual não cabe mais recurso, isso porque
de autorização específica para a associação atuar em nome
essa decisão é mais drástica e de mais difícil reversão, pelo
de seus associados, bastando a estatutária.
que tolerar que uma decisão provisória dissolvesse
associação e, depois, pela reforma da decisão, permitir a O mesmo não ocorre, por exemplo, em relação às
sua reestruturação, seria um contrasenso. O que se organizações sindicais (art. 8°, III), também habilitadas a
pretende é segurança. defender os interesses dos seus sindicalizados judicial e
extrajudicialmente, mas sem precisar provar que estão
XX - ninguém poderá ser compelido a autorizados a isso, porque tal autorização se presume das
associar-se ou a permanecer associado; próprias finalidades do sindicato. Quando alguém se filia a
um sindicato é lícito admitir que fez isso procurando
Comentário
O que a Constituição quer garantir aqui é a
publicidade dos atos de governo, impedindo uma
administração sigilosa ou secreta. O cidadão, que se quer
cada vez mais participativo da vida do Estado, pode Comentário
requerer informações em que tenha interesse particular, Toda e qualquer pessoa, inclusive estrangeiros,
mas também pode fazê-lo em relação àquelas em que pode requerer informações para defender seus direitos, ou
tenha interesse remoto, posto que interessam à obter certidão em repartição pública para defesa de direitos
coletividade, à sociedade. Somente é admitida a não ou esclarecimento de situação pessoal. A locução “em
prestação das informações pelos órgãos públicos quando defesa de direitos” permite que o direito de petição seja
essa for de natureza sigilosa, como as relativas às Forças usado para defender tanto direitos individuais quanto co-
Armadas, à segurança nacional, às reservas energéticas e à letivos ou gerais. O direito de petição, que este inciso
matéria radioativa. consagra, também identifica um instrumento de partici-
O servidor a quem a lei incumbe o dever de pação individual na vida do Estado, pois possibilita o
prestar tais informações será punido pela prática de crime exercício das prerrogativas de cidadania.
de responsabilidade se não fizer isso no prazo que a lei lhe Essas informações serão prestadas pelo órgão
estabelece. competente, e a Constituição proíbe que seja cobrada taxa
Essas informações serão pedidas por (entendida como espécie do gênero tributo) sobre tais pres-
requerimento ao órgão público competente para prestá-las. tações.
Cabe anotar, por importante, que a não-observância desse Dentre as pessoas que podem usar o direito de
direito subjetivo a informações nem sempre será corrigida petição estão o cidadão, para exercer o direito de obter
pelo haheas data, mas somente nos casos em que a informação, do qual tratamos no inciso anterior, e o
informação perseguida diga respeito à própria pessoa do servidor, para pedir a reapreciação de punição
requerente. Nos demais casos (informações de interesse administrativa que tenha sofrido. O direito de petição é um
coletivo ou geral, ou informações de interesse pessoal que direito político, que pode ser exercido por qualquer um,
não sejam a respeito da própria pessoa), a ação adequa é o pessoa física ou jurídica, em forma rígida de procedimento
mandado de segurança. para fazer-se valer, caracterizando-se pela informalidade,
bastando a identificação do peticionário e o conteúdo
XXXIV - são a todos assegurados, sumário do que pretende. Pode vir exteriorizado como
independentemente do pagamento de petição, representação, queixa ou reclamação.
taxas:
Comentário
O inciso cuida do importante Princípio da
Inafastabilidade da Jurisdição, ou do Acesso ao Judiciário,
ou do Direito de Ação, de onde se produzem de imediato
dois importantes efeitos: é consagrado ao Judiciário o
monopólio da jurisdição, e é garantido à pessoa o direto de
ter acesso a esse Poder. Segundo o princípio, é inconstitu-
cional qualquer obstáculo entre a pessoa cujo direito esteja
lesado ou ameaçado de lesão e o Poder Judiciário, único
competente para resolver definitivamente qualquer assunto
que envolva direito. A decisão proferida pelo Judiciário é,
assim, final e impositiva, e deverá ser observada pelas
partes, sendo que não é possível a rediscussão do assunto Comentário
no próprio Judiciário ou em qualquer dos outros Poderes
Direito adquirido é aquele que já se incorporou ao
da República. patrimônio da pessoa, pelo aperfeiçoamento de algum ato
Muito importante notar que não existe mais que o confere, e do domínio dessa pessoa não pode ser
constitucionalidade numa figura adotada na esfera ad- retirado. Ou, é um direito exercitável pela pessoa no
ministrativa em tempos passados, chamada de instância momento em que se tenta tirá-lo dela. Por exemplo, após
administrativa de curso forçado, pela qual toda pessoa, dois anos de efetivo exercício, o servidor adquire o direito
especialmente servidor público, que fosse lesada por ato à estabilidade no serviço público. Se se tentar exonerá-la
administrativo teria que expor suas razões primeiro ao de ofício, esse servidor vai exercer o direito da estabilidade
próprio órgão, e só depois de resolvida por ele é que teria contra o ato; se se tentar eliminar o direito por outra lei,
acesso ao Judiciário. Hoje, o ingresso na via administrativa essa nova lei será dada por inconstitucional.
é opção do administrado, que poderá usá-la ou não.
Ato jurídico perfeito é aquele que reúne sujeito
Como se viu na análise do inciso II deste artigo, o capaz (com capacidade civil plena, ou seja, aos 21 anos),
Princípio da Legalidade afirma que somente a lei pode objeto lícito (o que se está fazendo deve ser expressamente
obrigar a fazer ou não fazer alguma coisa. E essa lei nunca permitido por lei ou não expressamente proibido por ela) e
poderá prever que eventuais danos que cause ou possa forma prescrita ou não defesa em lei (o revestimento
causar na sua aplicação não poderão ser apreciados pelo externo do ato deve ser aquele que a lei obriga ou, não
Judiciário, ou somente poderão sê-lo depois da tomada de obrigando, um que a lei não proíba).
outra atitude.
Coisa julgada é o objeto sobre o qual versava
determinada demanda judicial, o qual, com o fim do
Comentário
Juízo ou tribunal de exceção é juízo ou tribunal
não previsto na Constituição. O Poder Judiciário não
admite novidade na sua estrutura. Qualquer juízo não
previsto, qualquer tribunal especial, será dado como de Comentário
exceção e, por isso, declarado inconstitucional pelos meios
próprios. O tribunal do júri é uma especialização da justiça
criminal de primeira instância. Crimes geralmente são
O Supremo Tribunal Federal, em acórdão julgados por juízes chamados singulares porque senten-
vencedor de autoria do Ministro Celso de Mello, já ciam sozinhos. Todavia, se se tratar de crime doloso contra
afirmou que a supressão, contra o réu, de quaisquer a vida (definiremos logo abaixo), esse juiz não mais
direitos processuais, garantias ou prerrogativas, com poderá prosseguir no processo, devendo remetê-lo para um
violação do devido processo legal, equivale a transformar órgão chamado Tribunal do Júri, onde o julgamento será
qualquer juízo em juízo de exceção. feito por sete pessoas comuns do povo, em geral não
Na definição de Nelson Nery Junior, tribunal de conhecedoras de Direito. Esse tribunal é presidido por um
exceção é aquele designado ou criado por deliberação juiz de carreira, chamado Juiz-Presidente, a quem incumbe
legislativa, ou não, para julgar determinado caso, tenha ele transformar a decisão dos jurados em sentença.
já ocorrido ou não, irrelevante a já existência do tribunal.
Comentário Comentário
Este singelo enunciado esconde três princípios: O que se pretende neste inciso é que a lei venha a
Princípio da Retroatividade da Lei mais Benigna, segundo estabelecer punições para toda e qualquer conduta com
o qual a lei penal retroage para beneficiar o réu; o Princí- fundamento discriminatório, quer cometida por particular,
pio da Irretroatividade da Lei mais Gravosa, segundo o quer pelo Estado. O dispositivo é, na verdade, um reforço
qual a lei mais prejudicial ao réu não retroage; e o Prin- da garantia de igualdade perante a lei.
cípio da Ultra-atividade da Lei mais Benigna, que esta-
belece que a lei mais benéfica ao réu age mesmo após a
sua revogação, para amparar o processo e julgamento de XLII - a prática do racismo constitui crime
réu que tenha cometido ilícito sob sua égide. inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
de reclusão, nos termos da lei;
É conveniente frisar que esses três princípios
valem para a lei penal, e não para qualquer lei.
Em razão do princípio da reserva legal, visto
acima, a relação jurídica no campo penal é definida pela
lei vigente à época do fato, sendo esse o conteúdo do
brocardo latino tempus regit actum. Essa é a regra.
Enquanto não desconstituída a relação jurídica penal,
contudo, a lei que rege o ato poderá ser outra e não mais
aquela da época da conduta, desde que uma lei posterior
ou anterior seja mais favorável ao réu. Em importante
lição, Luiz Vicente Cernicchiaro ensina que, em verdade, a
lei penal não retroage, o que, se acontecesse, faria com que
ela operasse para o passado. Por imperativo constitucional,
contudo, a lei penal mais benéfica aplica-se
incondicionalmente e alcança a relação jurídica como está
no momento em que a lei mais benéfica se faz vigente e, a
partir de então, a lei anterior, porque mais benéfica, cede Comentário
lugar à mais benigna, fazendo com que os direitos e Este inciso tem vários pontos técnicos. Primeiro,
deveres contrapostos sejam modificados. Essa modificação
o próprio crime de racismo, que à época da promulgação
legal inicia-se com a nova lei, a partir da respectiva da Constituição ainda não existia, e que hoje é qualquer
vigência, apesar de o fato que originou a relação discriminação com base em raça (como chamar alguém de
Comentário
Sobre crime inafiançável e imprescritível, veja o
quese disse no comentário ao inciso XLII. Por ação de gru-
pos armados civis ou militares contra a ordem constitu-
cional e o Estado democrático entende-se o golpe de es-
tado. Note que o fato de ser imprescritível torna o golpe de
estado punível mesmo que tenha êxito e derrube o
governo. Anos ou décadas depois, se o governo recuperar
sua legitimidade, os golpistas poderão ser presos, sem
direito a fiança, processados e condenados.
Estão aqui todas as penas consideradas inconstitu- Banimento é a expulsão de brasileiro do Brasil, ou
cionais. A relação é terminativa, final, e nenhuma outra seja, condenar um brasileiro a viver fora do nosso País por
pena poderá assim ser considerada. um prazo (porque se fosse para sempre seria, também, uma
pena de caráter perpétuo). É bom ressaltar que a expulsão
A pena de morte é, como se sabe, punir o de estrangeiro é legal e constitucional. Não o é apenas a
criminoso condenado, tirando-lhe a vida. A discussão expulsão de brasileiro, que toma o nome de banimento. O
sobre a justiça que se faz a partir desse tipo de punição é Código Criminal do Império definia o banimento como
profunda, controvertida e de correntes inconciliáveis. A pena que privava para sempre os réus dos direitos de
nosso estudo basta, contudo, saber que a pena de morte é cidadão brasileiro e os impedia perpetuamente de habitar o
constitucional nos casos em que o Brasil esteja território do Império. Tornava-os párias, apátridas. As
oficialmente em guerra com outro país, por ter sido versões mais modernas do instituto, pelos AI-13 e AI-14,
agredido e tendo respondido a essa agressão estrangeira, de 1968, limitaram esses efeitos ao tempo de duração da
autorizado pelo Congresso Nacional ou por ele pena.
referendado (art. 5°, XLVII combinado com o art. 84,
XIX). São crimes puníveis com essa pena drástica a Penas cruéis dependem ainda de definição, muito
deserção, a espionagem e a traição. Somente nesses casos embora a crueldade já exista no Código Penal, como agra-
de guerra é que se admite a pena de morte. A tradição vante, e na Lei de Contravenções Penais, como delito
brasileira informa que, antes da execução da pena de autônomo. A lei deverá dizer quais são tais penas, e se
morte, seja ouvido o Presidente da República, que poderá serão considerados também sofrimentos mentais, além de
utilizar-se da clementia principis para impedir a morte do físicos. Cernicchiaro entende que essa futura legislação
condenado e transformar essa pena em outra, como a deverá tratar a pena de forma a que, na sua execução, não
prisão perpétua. ofenda a dignidade do homem, submetendo o condenado a
tratamento degradante, física ou moralmente, que não os
Pena de caráter perpétuo não é a mesma coisa que normais na execução das penas constitucionais e legais.
pena de prisão perpétua. O caráter perpétuo de uma pena
aparece quando o cumprimento de qualquer uma se alonga
por toda a vida do condenado. A condenação de um XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
servidor público por corrupção a nunca mais poder ocupar distintos, de acordo com a natureza do delito, a
cargo público é inconstitucional por ter caráter perpétuo. idade e o sexo do apenado;
Importante se ver que o sistema penal brasileiro possibilita
penas centenárias em algumas ocasiões, podendo o
condenado (como no caso da Candelária) pegar 100, I50,
200 anos de prisão. Essa é, contudo, a pena imposta. O
Código Penal deixa claro que nenhuma pena, tenha a
Comentário
É uma espécie de desdobramento do princípio da
individualização da pena, pelo qual o preso deverá ter
regime carcerário diferente em razão do seu sexo e idade e,
também, do tipo de crime cometido, para impedir, por
exemplo, a convivência de presos e presas, de jovens com
criminosos experimentados e de autores de pequenos fur-
tos com grandes traficantes e homicidas. Comentário
Pretende-se aqui não infligir dano aos filhos de
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à presidiárias pelo fato de essas estarem com sua liberdade
integridade física e moral; cerceada. É um dispositivo de conteúdo humano e, tam-
bém, pode ser confortavelmente situado sob o princínio da
individualização da pena.
Comentário
Extradição é a transferência de uma pessoa de um
país para outro, a pedido deste, para que nele seja proces-
sada e punida por algum crime. É um ato de soberania do
Estado, que a defere se quiser, e depende da existência de
tratados de extradição ou compromissos de reciprocidade.
Comentário Hildebrando Accioly a define como o ato pelo qual um
Estado entrega um indivíduo, acusado de um delito ou já
Tem-se no Código Penal que o preso conserva condenado como criminoso, à justiça de outro, que o re-
todos os seus direitos não atingidos pela perda da clama, e que é competente para julgá-lo e puni-lo.
liberdade. Assim, o fato de estar preso não autoriza um
tratamento violento, depravado ou subumano, nem ordens O brasileiro nato não pode ser, em nenhuma
que o submetam a atitudes ou situações constrangedoras. É hipótese, extraditado pelo Brasil para nenhum outro país.
de se notar que a Constituição fala em "presos" e, portanto, Se fizer alguma coisa no estrangeiro, e essa conduta for
não refere-se apenas aos definitivamente presos por sen- punida no Brasil, esse brasileiro será processado e punido
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação Geralmente, isso ocorre nas ações de estado,
pública, se esta não for intentada no prazo legal; como divórcio, separação judicial, alimentos e
investigação de paternidade, quando, pela natureza da
matéria discutida, não é interesse da justiça e das partes
Comentário que haja público para ouvir ou ler os debates.
A ação penal pública, tanto condicionada como
incondicionada, é exclusiva do Ministério Público, o que LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito
significa que apenas um promotor de justiça ou um pro- ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
curador da República poderá propô-la, sendo absoluta- judiciária competente, salvo nos casos de
mente proibido ao ofendido (vítima) que ajuíze tal ação. transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei;
Para o ofendido ou seu representante legal existe
a ação penal privada, exclusiva dele.
A regra no Código Penal é de que os crimes sejam
de ação penal pública incondicionada. Somente se admite
outro tipo quando isto estiver expresso no Código ou na
lei.
Pode ocorrer, contudo, que num crime de ação
penal pública o Ministério Público não faça absolutamente
nada, não comece a ação, não peça provas novas, não peça
arquivamento. Neste caso, um criminoso poderia não vir a
ser punido, já que a única ação que poderia levar a punição
até ele não foi começada pela única autoridade que podia
fazê-lo. Para essas situações, diz o inciso que o ofendido
ou seu representante legal (pai, mãe, tutor ou curador)
poderão oferecer uma ação privada, chamada subsidiária,
na qual um crime que exigia ação pública será processado Comentário
por ação privada oferecida pelo particular, garantindo,
assim, que o crime não fique impune. Com este inciso começa a disciplina
constitucional da prisão. De início, veja-se que estão
previstas exceções à regra. Realmente, na esfera militar, as
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos prisões obedecem ao que consta no Código Penal Militar, e
processuais quando a defesa da intimidade ou o não estão sujeitas às regras gerais estabelecidas para o caso
interesse social o exigirem; no campo das relações civis. Assim, um soldado que se
recuse a obedecer a uma ordem de um superior ou o
desrespeite pode ser preso (transgressão militar), e um
Comentário
Comentário
O dispositivo tem finalidade nitidamente preventi-
va. Sabendo que o preso tem direito constitucional de
identificá-lo, o policial que realizar a prisão ou o inter-
rogatório do preso saberá usar apenas a força necessária Comentário
para um e outro ato, não podendo cometer excessos, pelos
Há crimes inafiançáveis, dois dos quais já vimos
quais poderá vir a ser processado por abuso de autoridade.
nos incisos anteriores. Há crimes afiançáveis, pelos quais
As autoridades policiais ficam obrigadas a oferecer ao
se possibilita ao preso pagar uma quantia arbitrada por
preso todas as alternativas necessárias à identificação do
autoridade policial ou judicial (dependendo do crime) e, a
policial ou da equipe que o prendeu ou interrogou.
partir desse pagamento, obter liberdade provisória. E há
crimes levíssimos, cujos autores, mesmo presos em
LXV - a prisão ilegal será imediatamente flagrante, deverão ser libertados provisoriamente sem
relaxada pela autoridade judiciária; precisar pagar qualquer quantia como fiança. No
vocabulário jurídico, são ditos crimes de cuja prisão o
preso livra-se solto.
A partir dessas noções se compreende o alcance
do inciso em estudo. Nos crimes em que o preso livra-se
solto e naqueles em que caiba a fiança, a regra é que o
preso tem direito à liberdade provisória, o que leva à con-
clusão de que só ficará preso o autor de crime inafiançável,
embora isso também ocorra com aquele que não quer ou
não pode pagar fiança.
A liberdade obtida é provisória; primeiro, porque
a prisão preventiva ou cautelar do acusado poderá ser pe-
dida a qualquer momento, se assim entender a autoridade
policial ou judiciária. E, segundo, porque ele poderá ser
preso novamente se condenado ao final do processo a pena
Comentário restritiva ou privativa de liberdade.
Prisão ilegal é aquela que não obedece aos
parâmetros legais, como, por exemplo, a da pessoa que não LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
estiver em flagrante, presa sem ordem judicial escrita e responsável pelo inadimplemento voluntário e
fundamentada. Tal prisão, por mais que se tenha certeza de inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel;
Comentário
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência Trata-se aqui da indenização de ato judicial típico,
de recursos; e não de ato administrativo realizado por autoridade judi-
cial. E o ato judicial típico é a sentença, a decisão. Existem
somente dois fundamentos possíveis pelos quais se pode
pedir indenização ao Estado por ato judicial. O primeiro é
no caso de condenação por erro judiciário (por exemplo,
de um irmão gêmeo, ou de um homônimo). O segundo e
último é o da prisão para além do tempo fixado na
sentença. Ocorrendo qualquer dos dois casos o prejudicado
entrará com uma ação cível de reparação de danos morais,
materiais e à imagem contra o Poder Público.
Comentário
A assistência jurídica integral e gratuita é prestada
por um órgão criado pela própria Constituição, a
Comentário Comentário
Trata-se aqui de dois favores estatais, não a todos Temos aqui o Princípio da Imediata Aplicabilidade,
os que tenham insuficiência de recursos, mas apenas aos segundo o qual os direitos e garantias fundamentais, onde
reconhecidamente pobres, aqueles em situação de quer que estejam, dentro ou fora da Constituição, são
miserabilidade. A estes o Estado dará, gratuitamente. o imediatamente (desde 5 de outubro de 1988) aplicáveis aos
registro civil de nascimento e a certidão de óbito. seus beneficiários, não se podendo alegar que dependem
de lei que venha a regulamentá-los.
Reconhecidamente pobre é aquele que não tem
renda suficiente sequer para prover a própria subsistência.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e Constituição não excluem outros decorrentes do
habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
ao exercício da cidadania. tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.
Comentário
Comentário Aposentadoria é o direito que tem o trabalhador
O aviso prévio existe no Brasil desde 1850, e de passar para a inatividade, isto é, parar de trabalhar,
desde então tem o prazo de 30 dias. Consiste na obrigação recebendo uma quantia chamada proventos e que, em tese,
que qualquer uma das partes do contrato de trabalho, deve garantir-lhe um final de vida tranqüilo depois de um
patrão ou empregado, tem de comunicar previamente à período de trabalho.
outra a sua intenção de romper essa relação em data futura
A aposentadoria pode ser por tempo de serviço,
e certa.
por idade ou por invalidez e, neste inciso, a Constituição
A Constituição assegura que o menor prazo possí- parece ter admitido qualquer dessas formas. Não se afasta,
vel para esse instituto é de 30 dias, mas evolui no sentido preliminarmente, nem o direito de algumas categorias
de afirmar que deverá ter ele, a partir desse prazo mínimo, especiais de trabalhadorcs a aposentadorias especiais,
proporcionalidade com o tempo de empresa do empregado. como os aeronautas, os operadores de aparelhos de raio X
Assim, quanto mais tempo de trabalho na empresa, maior e os professores.
deverá ser o prazo de aviso prévio. Quem dirá o tamanho
desse acréscimo no prazo de aviso prévio será a lei XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
ordinária pedida pelo dispositivo, que não existe ainda. desde o nascimento até 5(cinco) anos de idade em
Trata-se de norma parcialmente aplicável, no que creches e pré-escolas; (redação dada pela EC. 53,
tange ao período mínimo do aviso prévio. Conforme tem de 2006)
decidido o TST, contudo, por não haver ainda a lei que
estabelece a proporcionalidade, o prazo de 30 dias é, tam-
bém, o prazo total do aviso. Comentário
Sabendo da preocupação que tem o trabalhador
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por com os cuidados com seus filhos menores durante a
meio de normas de saúde, higiene e segurança; jornada de trabalho, instituiu a Constituição, por este
inciso, a obrigação do empregador de garantir assistência
gratuita aos filhos e dependentes do trabalhador, situados
Comentário na faixa etária de até 6 anos.
Traduzido, significa, que o empregador deve
garantir ao empregado um trabalho em boas condições de XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
higiene, iluminação, ventilação, temperatura, proteção de coletivos de trabalho;
segurança e itens assemelhados, de forma a garantir a
integridade física e psíquica do trabalhador.
Comentário
XXIII - adicional de remuneração para as atividades O principal efeito deste inciso é o de dar peso
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; jurídico às disposições contidas em convenções e acordos
coletivos de trabalho, vinculando os seus subscritores e
obrigando reciprocamente, com peso de lei.
Comentário Convenções coletivas de trabalho são
Atividade penosa é a que exige, para a sua instrumentos destinados a regular as relações de trabalho
realização, um esforço, sacrifício ou incômodo muito de toda uma categoria profissional, é uma espécie de
grande. Atividade insalubre é a que compromete a saúde contrato coletivo. Com raríssimas exceções, as convenções
do trabalhador. Atividade perigosa é a que ameaça a vida coletivas são exclusivas de sindicatos de empregadores e
do trabalhador. Pelo trabalho em tais condições tem o de empregados.
trabaIhador direito a receber um valor adicional ao salário,
Acordo coletivo são instrumentos que não
de forma a compensá-lo pelo sacrifício e riscos que corre.
obrigam toda uma categoria, mas se destinam a ter
Comentário
Comentário
Segundo Helène Sinay, a greve é um ato de força, e, Art. 10 - É assegurada a participação dos
por isso, à primeira vista, o Direito não deveria dela se trabalhadores e empregadores nos colegiados dos
ocupar. Segundo Alexandre de Moraes, a palavra “greve” órgãos públicos em que seus interesses profissionais
deriva de uma Place de Grève, praça de Paris onde os ou previdenciários sejam objeto de discussão e
trabalhadores se reuniam para fazer reivindicações tra- deliberação.
balhistas. Para Cássio Mesquita de Barros, o direito de Comentário
greve se configura como um direito de imunidade do tra-
balhador face às conseqüências normais de não trabalhar. Trabalhadores e empregadores terão assento nos
Vale perceber que este art. 9° trata da greve dos órgãos colegiados (compostos por diversas pessoas) em
trabalhadores privados, incluídos os de sociedades de que interesses profissionais e previdenciários sejam
economia mista e de empresas públicas. O direito de greve discutidos e decididos. Exemplo desses órgãos é o
do servidor público está previsto no art. 37, VII. A conselho curador da Previdência Social.
permissão de escolha, pelos trabalhadores, dos interesses É assegurado o direito à participação orgânica aos
que podem ser defendidos por greve permite a realização empregados. É novidade da atual Constituição.
de greve de solidariedade, de greve reivindicatória. de
greve de protesto e de greve política.
Art. 11 - Nas empresas de mais de duzentos
empregados, é assegurada a eleição de um
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades representante destes com a finalidade exclusiva de
essenciais e disporá sobre o atendimento das promover-lhes o entendimento direto com os
necessidades inadiáveis da comunidade. empregadores.
Comentário
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os Empresas compostas por número de empregados igual ou
responsáveis às penas da lei. superior a 200 deverão admitir um representante deste
junto à direção, para realizar a ponte entre os interesses
dos empregados e o dos patrões. Tem-se, aqui, um direito
coletivo corporativo. Embora o Brasil não a tenha
Comentário
ratificado, a Convenção n° 135 da OIT prevê proteção aos
Este inciso pede uma lei de greve para reger esse trabalhadores que sejam “representantes dos trabalhadores
movimento dos trabalhadores. Neste art. 9°, lei ordinária na empresa”, proteção essa que se estende contra a
regerá a greve de empregados públicos ou privados, lei que despedida imotivada, ou motivada pela sua condição de
já existe desde 1989, sob o n° 7.783. Nesta Lei, são representante.
serviços essenciais os ligados à água, energia elétrica, gás
e combustível, saúde, distribuição de medicamentos e
alimentos, funerária, transporte coletivo, captação e
As formas dessa participação são, basicamente: o É forma de oitiva popular em que o povo é
direito de votar e de ser votado, o plebiscito, o referendo, a chamado a se manifestar, diretamente, sobre uma questão
iniciativa popular de leis, a ação popular, a fiscalização política detinida mas hipotética. A palavra é formada do
popular de contas públicas, o direito de informação em latim plebis (plebe) e scitum (decreto). É, assim, uma
órgãos públicos e a filiação a partidos políticos. consulta prévia ao cidadão.
II - referendo;
Art. 14 - A soberania popular será exercida pelo
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, Comentário
mediante: Ao contrário do plebiscito, aqui, o povo opina
sobre questão concreta efetivada, geralmente legislativa,
ou seja, sobre um fato realizado.
Comentário
Sufrágio é direito e função, configurando um III - iniciativa popular.
direito público subjetivo de eleger e ser eleito, e também o
direito de participar da organização e da atividade do
poder estatal. O sufrágio pode ser universal ou restrito, Comentário
segundo lição de Alexandre de Moraes. O sufrágio É o poder de oferecer projeto de lei. Existe em nível
universal se apóia na coincidência entre a qualidade de federal (art. 61, § 2°), estadual (27, § 4°) e municipal (art.
eleitor e de nacional de um país, sujeito, contudo, a 29, XIII), sujeito a diferentes requisitos.
condicionamentos, como idade. O sufrágio restrito pode
ser censitário (quando a votante precisa preencher § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
requisitos de natureza econômica, como renda e bens) ou
capacitário (quando o eleitor precisa apresentar algumas
Comentário
Comentário
Conscritos são os recrutados para servir às Forças
Armadas. Não as integram na condição de profissionais, Domicílio eleitoral não se confunde nem com
mas de cidadãos no cumprimento de um ônus constitu- domicílio civil nem com residência, embora a lei eleitoral
cional, qual seja o de prestar serviço militar por certo possa fazê-los coincidir. O prazo será dado por lei.
tempo. Apenas durante esse tempo é que não podem alis- Circunscrição é a área territorial qualificadora do mandato
tar-se. Os demais integrantes das Forças Armadas têm o pleiteado (Município, Estado, Distrito Federal ou
poder-dever de alistamento. República).
V - a filiação partidária;
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma
da lei:
Comentário
É o registro regular em algum partido político
Comentário legalmente registrado. Não existe, então, possibilidade de
Ensina José Afonso da Silva que, assim como a candidatura avulsa, isto é, desvinculada de partido político.
alistabilidade diz respeito à capacidade eleitoral ativa (ca-
pacidade de ser eleitor), a elegibilidade refere-se à capa- VI - a idade mínima de:
cidade eleitoral passiva, ou capacidade de ser eleito. a) trinta e cinco anos para Presidente e
Vice-Presidente da República e
I - a nacionalidade brasileira; Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-
Governador de Estado e do Distrito
Comentário Federal;
Tanto o nato quanto o naturalizado são elegíveis,
não havendo mandato eletivo restrito ao brasileiro nato,
Comentário
§ 1º É assegurada aos partidos políticos
autonomia para definir sua estrutura interna, Esse fundo partidário foi idealizado para ser o prin-
organização e funcionamento e para adotar os cipal financiador da atividade político-partidária. O rateio
critérios de escolha e o regime de suas das verbas liberadas por ele leva em consideração a
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de expressão política da agremiação. Pelo uso dessas verbas o
vinculação entre as candidaturas em âmbito partido será fiscalizado pelo Tribunal de Contas da União.
nacional, estadual, distrital ou municipal, O acesso à mídia é chamado de "direito de antena", por
devendo seus estatutos estabelecer normas de influência da Constituição portuguesa.
disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006)
§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos
políticos de organização paramilitar.
Comentário
Reserva o poder de auto-organização aos partidos Comentário
políticos, ao mesmo tempo em que obriga os seus regi-
mentos e estatutos a prever norma de fidelidade e disci- Organização paramilitar é aquela de
plina partidárias, para punir as eventuais dissidências de funcionamento e constituição assemelhada à militar, o que
filiados as suas legendas. Temos aqui com o advento da pode ser demonstrado pelo uso de armas, de palavras de
EC 52/2006 o fim da verticalização. Devemos lembrar ordem, de uniformes, de sistemas internos de hierarquia.
também que o STF decidiu que os eleitos que trocaram
de legenda após 27 de março de 2007 estão sujeitos a
devolver os mandatos aos partidos pelos quais se
elegeram. Nessa data, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) TÍTULO III
decidiu que o mandato pertence ao partido.
DA ORGA-IZAÇÃO DO ESTADO
§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem CAPÍTULO I
personalidade jurídica, na forma da lei civil, DA ORGA-IZAÇÃO POLÍTICO-
registrarão seus estatutos no Tribunal Superior ADMI-ISTRATIVA
Eleitoral.
Art. 18 - A organização político-administrativa da
República Federativa do Brasil compreende a União,
Comentário os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
Segundo Fávila Ribeiro, este dispositivo reconhece ao autônomos, nos termos desta Constituição.
partido político personalidade de natureza civil, o que o
consorcia com as associações civis. Conclui esse autor que
o partido político, no Brasil, é uma corporação de Comentário
derivação associativa exercendo atividades públicas por
expressa autorização legal, dispondo de capacidade República e União, portanto, não são sinônimos.
normativa, de poder disciplinar e do direito de auferir
Comentário Comentário
Tais bens compõem o chamado domínio Praias marítimas são as áreas continentais
patrimonial, ao contrário dos demais incisos deste artigo, cobertas e descobertas pelo movimento das marés. Ilhas
que compõem o domínio eminente. oceânicas são as que estão afastadas da costa e têm ligação
com o relevo do continente por profundidade maior do que
II - as terras devolutas indispensáveis à 200 metros. Ilhas costeiras são as próximas à costa, e cuja
defesa das fronteiras, das fortificações e formação é um prolongamento do relevo submarino da
construções militares, das vias federais de plataforma continental, estando ligadas ao continente por
comunicação e à preservação ambiental, profundidade de até 200 metros. Note que, ao contrário do
definidas em lei; que sugere a redação, Estados, Municípios e terceiros po-
dem ser proprietários de terras tanto nas ilhas oceânicas
quanto nas costeiras, a teor do art. 26, II. Mais, as ilhas
Comentário fluviais somente serão necessariamente bens da União se
estiverem localizadas no trecho de rio que faça fronteira
Terras devolutas são aquelas que pertencem ao entre o Brasil e outro país, não bastando que esteja em
domínio público e não se encontram afetas a nenhuma outro ponto do seu curso, território brasileiro adentro.
destinação pública, ou seja, estão sem utilização. Na defi-
nição de Diógenes Gasparini, terra devoluta é a que não
está destinada a qualquer uso público nem legitimamente V - os recursos naturais da plataforma
integrada ao patrimônio particular. Dessas, são federais as continental e da zona econômica exclusiva;
"indispensáveis" aos fins identificados no inciso. As
demais são bens dos Estados, conforme o art. 26, IV.
Comentário
Comentário Comentário
De sua exploração participam as entidades A faixa de fronteira é de interesse da segurança
mencionadas no § 1° deste artigo e também o particular nacional. É possível a existência, nela, de propriedades
dono da terra em que seja descoberta a jazida, conforme particulares, mas sempre sujeitas, na sua exploração e ma-
consta no art. 176, § 2°. nutenção, à permiassão federal.
Comentário
Art. 22 - Compete privativamente à União legislar
A possibilidade de requisição está prevista no art.
sobre:
5°, XXV.
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a XV - fixação do subsídio dos Ministros do
sanção do Presidente da República, não exigida esta Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem
para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º,
sobre todas as matérias de competência da União, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
especialmente sobre: 19.12.2003)
XII - apreciar os atos de concessão e renovação I - autorizar, por dois terços de seus membros, a
de concessão de emissoras de rádio e televisão; instauração de processo contra o Presidente e o
Vice-Presidente da República e os Ministros de
XIII - escolher dois terços dos membros do Estado;
Tribunal de Contas da União;
II - proceder à tomada de contas do Presidente
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo da República, quando não apresentadas ao
referentes a atividades nucleares; Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a
abertura da sessão legislativa;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
III - elaborar seu regimento interno;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a
exploração e o aproveitamento de recursos hídricos IV - dispor sobre sua organização,
e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; funcionamento, polícia, criação, transformação ou
extinção dos cargos, empregos e funções de seus
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou serviços, e a iniciativa de lei para fixação da
concessão de terras públicas com área superior a respectiva remuneração, observados os parâmetros
dois mil e quinhentos hectares. estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias; (Redação dada pela Emenda
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Constitucional nº 19, de 1998)
Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão
convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares V - eleger membros do Conselho da República,
de órgãos diretamente subordinados à Presidência nos termos do art. 89, VII.
da República para prestarem, pessoalmente,
informações sobre assunto previamente Seção IV
determinado, importando crime de responsabilidade DO SENADO FEDERAL
a ausência sem justificação adequada.(Redação
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, Art. 52. Compete privativamente ao Senado
de 1994) Federal:
III - aprovar previamente, por voto secreto, após XII - elaborar seu regimento interno;
argüição pública, a escolha de:
XIII - dispor sobre sua organização,
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta funcionamento, polícia, criação, transformação ou
Constituição; extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da
b) Ministros do Tribunal de Contas da União respectiva remuneração, observados os parâmetros
indicados pelo Presidente da República; estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias; (Redação dada pela Emenda
c) Governador de Território; Constitucional nº 19, de 1998)
d) Presidente e diretores do banco central; XIV - eleger membros do Conselho da
República, nos termos do art. 89, VII.
e) Procurador-Geral da República;
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
componentes, e o desempenho das administrações
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após
tributárias da União, dos Estados e do Distrito
argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes
Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda
de missão diplomática de caráter permanente;
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
V - autorizar operações externas de natureza
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos
financeira, de interesse da União, dos Estados, do
I e II, funcionará como Presidente o do Supremo
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que
VI - fixar, por proposta do Presidente da somente será proferida por dois terços dos votos do
República, limites globais para o montante da dívida Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação,
consolidada da União, dos Estados, do Distrito por oito anos, para o exercício de função pública,
Federal e dos Municípios; sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas § 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão
terão comissões permanentes e temporárias, representativa do Congresso Nacional, eleita por
constituídas na forma e com as atribuições previstas suas Casas na última sessão ordinária do período
no respectivo regimento ou no ato de que resultar legislativo, com atribuições definidas no regimento
sua criação. comum, cuja composição reproduzirá, quanto
possível, a proporcionalidade da representação
§ 1º - Na constituição das Mesas e de cada partidária.
Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a
representação proporcional dos partidos ou dos Seção VIII
blocos parlamentares que participam da respectiva DO PROCESSO LEGISLATIVO
Casa. Subseção I
Disposição Geral
§ 2º - às comissões, em razão da matéria de sua
competência, cabe: Art. 59. O processo legislativo compreende a
elaboração de:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na
forma do regimento, a competência do Plenário, I - emendas à Constituição;
II - nos projetos sobre organização dos serviços § 2º - O veto parcial somente abrangerá texto
administrativos da Câmara dos Deputados, do integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de
Senado Federal, dos Tribunais Federais e do alínea.
Ministério Público.
§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei silêncio do Presidente da República importará
de iniciativa do Presidente da República, do sanção.
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Superiores terão início na Câmara dos Deputados. § 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta,
dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só
§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta
urgência para apreciação de projetos de sua dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto.
iniciativa.
§ 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos enviado, para promulgação, ao Presidente da
Deputados e o Senado Federal não se manifestarem República.
sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em
até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as § 6º Esgotado sem deliberação o prazo
demais deliberações legislativas da respectiva Casa, estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem
com exceção das que tenham prazo constitucional do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais
determinado, até que se ultime a votação. (Redação proposições, até sua votação final. (Redação dada
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
rejeitado somente poderá constituir objeto de novo bem como expedir decretos e regulamentos para sua
projeto, na mesma sessão legislativa, mediante fiel execução;
proposta da maioria absoluta dos membros de
qualquer das Casas do Congresso Nacional. V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo VI - dispor, mediante decreto, sobre:(Redação
Presidente da República, que deverá solicitar a dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
delegação ao Congresso Nacional.
a) organização e funcionamento da administração
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de federal, quando não implicar aumento de despesa
competência exclusiva do Congresso Nacional, os nem criação ou extinção de órgãos
de competência privativa da Câmara dos Deputados públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32,
ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei de 2001)
complementar, nem a legislação sobre:
b) extinção de funções ou cargos públicos,
I - organização do Poder Judiciário e do quando vagos;(Incluída pela Emenda Constitucional
Ministério Público, a carreira e a garantia de seus nº 32, de 2001)
membros;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, acreditar seus representantes diplomáticos;
políticos e eleitorais;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
orçamentos. Nacional;
XVII - nomear membros do Conselho da Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos
República, nos termos do art. 89, VII; do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
XVIII - convocar e presidir o Conselho da
República e o Conselho de Defesa Nacional; I - a existência da União;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo constitucionais das unidades da Federação;
das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
nacional; sociais;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei VII - o cumprimento das leis e das decisões
complementar, que forças estrangeiras transitem judiciais.
pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente; Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em
lei especial, que estabelecerá as normas de
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano processo e julgamento.
plurianual, o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias e as propostas de orçamento Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
previstos nesta Constituição; da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes
da sessão legislativa, as contas referentes ao de responsabilidade.
exercício anterior;
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas
XXV - prover e extinguir os cargos públicos funções:
federais, na forma da lei;
I - nas infrações penais comuns, se recebida a
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
nos termos do art. 62; Federal;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta II - nos crimes de responsabilidade, após a
Constituição. instauração do processo pelo Senado Federal.
I - o Vice-Presidente da República;
III o acesso aos tribunais de segundo grau far- IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder
se-á por antigüidade e merecimento, Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
alternadamente, apurados na última ou única decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
entrância; (Redação dada pela Emenda a presença, em determinados atos, às próprias
Constitucional nº 45, de 2004) partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
casos nos quais a preservação do direito à
IV previsão de cursos oficiais de preparação, intimidade do interessado no sigilo não prejudique o
aperfeiçoamento e promoção de magistrados, interesse público à informação; (Redação dada pela
constituindo etapa obrigatória do processo de Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
vitaliciamento a participação em curso oficial ou
reconhecido por escola nacional de formação e X- as decisões administrativas dos tribunais
aperfeiçoamento de magistrados; (Redação dada serão motivadas e em sessão pública, sendo as
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta
de seus membros; (Redação dada pela Emenda
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Constitucional nº 45, de 2004)
Superiores corresponderá a noventa e cinco por
cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do XI nos tribunais com número superior a vinte e
Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais cinco julgadores, poderá ser constituído órgão
magistrados serão fixados em lei e escalonados, em especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte
nível federal e estadual, conforme as respectivas e cinco membros, para o exercício das atribuições
categorias da estrutura judiciária nacional, não administrativas e jurisdicionais delegadas da
podendo a diferença entre uma e outra ser superior a competência do tribunal pleno, provendo-se metade
dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem das vagas por antigüidade e a outra metade por
exceder a noventa e cinco por cento do subsídio eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela
mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts.
37, XI, e 39, § 4º;(Redação dada pela Emenda XII a atividade jurisdicional será ininterrupta,
Constitucional nº 19, de 1998) sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais
de segundo grau, funcionando, nos dias em que não
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão houver expediente forense normal, juízes em plantão
de seus dependentes observarão o disposto no art. permanente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
40; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
20, de 1998)
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional
será proporcional à efetiva demanda judicial e à
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Art. 96. Compete privativamente:
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Distrito Federal e Territórios será composto de I - aos tribunais:
membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez regimentos internos, com observância das normas
anos de efetiva atividade profissional, indicados em de processo e das garantias processuais das partes,
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das dispondo sobre a competência e o funcionamento
respectivas classes. dos respectivos órgãos jurisdicionais e
administrativos;
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder b) organizar suas secretarias e serviços
Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados,
escolherá um de seus integrantes para nomeação. velando pelo exercício da atividade correicional
respectiva;
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes
garantias: c) prover, na forma prevista nesta Constituição,
os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será
adquirida após dois anos de exercício, dependendo d) propor a criação de novas varas judiciárias;
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais e) prover, por concurso público de provas, ou de
casos, de sentença judicial transitada em julgado; provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169,
parágrafo único, os cargos necessários à
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse administração da Justiça, exceto os de confiança
público, na forma do art. 93, VIII; assim definidos em lei;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que
Advogados do Brasil; contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a
aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal
VIII - partido político com representação no Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato
Congresso Nacional; administrativo ou cassará a decisão judicial
reclamada, e determinará que outra seja proferida
IX - confederação sindical ou entidade de classe com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
de âmbito nacional. caso."
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e V - rever, de ofício ou mediante provocação, os
reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos processos disciplinares de juízes e membros de
Deputados e outro pelo Senado Federal. tribunais julgados há menos de um ano;
III requisitar e designar magistrados, delegando- a) nos crimes comuns, os Governadores dos
lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e responsabilidade, os desembargadores dos
Territórios. Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador- Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais
Geral da República e o Presidente do Conselho Regionais Federais, dos Tribunais Regionais
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Ministério Público da União que oficiem perante
Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes tribunais;
para receber reclamações e denúncias de qualquer
interessado contra membros ou órgãos do Poder b) os mandados de segurança e os habeas data
Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes
representando diretamente ao Conselho Nacional de da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do
Justiça. próprio Tribunal;(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 23, de 1999)
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais V - os crimes previstos em tratado ou convenção
Federais: internacional, quando, iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no
I - processar e julgar, originariamente: estrangeiro, ou reciprocamente;
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, V-A as causas relativas a direitos humanos a
incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela
Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
e os membros do Ministério Público da União,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; VI - os crimes contra a organização do trabalho
e, nos casos determinados por lei, contra o sistema
b) as revisões criminais e as ações rescisórias financeiro e a ordem econômico-financeira;
de julgados seus ou dos juízes federais da região;
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de
c) os mandados de segurança e os "habeas- sua competência ou quando o constrangimento
data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz provier de autoridade cujos atos não estejam
federal; diretamente sujeitos a outra jurisdição;
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: Art. 113. A lei disporá sobre a constituição,
investidura, jurisdição, competência, garantias e
I - o Tribunal Superior do Trabalho; condições de exercício dos órgãos da Justiça do
Trabalho.(Redação dada pela Emenda
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; Constitucional nº 24, de 1999)
III - Juizes do Trabalho.(Redação dada pela Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho
Emenda Constitucional nº 24, de 1999) processar e julgar: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho
compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos I as ações oriundas da relação de trabalho,
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos abrangidos os entes de direito público externo e da
de sessenta e cinco anos, nomeados pelo administração pública direta e indireta da União, dos
Presidente da República após aprovação pela Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á
Presidente e o Vice-Presidente- dentre os de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo
desembargadores. Presidente da República, depois de aprovada a
indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-
organização e competência dos tribunais, dos juízes generais do Exército, três dentre oficiais-generais da
de direito e das juntas eleitorais.
I - três dentre advogados de notório saber § 5º Compete aos juízes de direito do juízo
jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de militar processar e julgar, singularmente, os crimes
efetiva atividade profissional; militares cometidos contra civis e as ações judiciais
contra atos disciplinares militares, cabendo ao
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de
auditores e membros do Ministério Público da Justiça direito, processar e julgar os demais crimes militares.
Militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar
julgar os crimes militares definidos em lei. descentralizadamente, constituindo Câmaras
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do
Parágrafo único. A lei disporá sobre a jurisdicionado à justiça em todas as fases do
organização, o funcionamento e a competência da processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Justiça Militar. 45, de 2004)
Seção VIII § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS itinerante, com a realização de audiências e demais
funções da atividade jurisdicional, nos limites
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça,
territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
observados os princípios estabelecidos nesta
equipamentos públicos e comunitários. (Incluído pela
Constituição.
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º - A competência dos tribunais será definida
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o
na Constituição do Estado, sendo a lei de
Tribunal de Justiça proporá a criação de varas
organização judiciária de iniciativa do Tribunal de
especializadas, com competência exclusiva para
Justiça.
questões agrárias. (Redação dada pela Emenda
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de Constitucional nº 45, de 2004)
representação de inconstitucionalidade de leis ou
Parágrafo único. Sempre que necessário à
atos normativos estaduais ou municipais em face da
eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á
Constituição Estadual, vedada a atribuição da
presente no local do litígio.
legitimação para agir a um único órgão.
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério III receber e conhecer das reclamações contra
Público compõe-se de quatorze membros nomeados membros ou órgãos do Ministério Público da União
pelo Presidente da República, depois de aprovada a ou dos Estados, inclusive contra seus serviços
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e
para um mandato de dois anos, admitida uma correicional da instituição, podendo avocar
recondução, sendo: (Incluído pela Emenda processos disciplinares em curso, determinar a
Constitucional nº 45, de 2004) remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de
I o Procurador-Geral da República, que o serviço e aplicar outras sanções administrativas,
preside; assegurada ampla defesa;