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A Fortuna (para os românticos a Fatalidade, o Destino), para o poeta português, regia as vidas
humanas sem que estas pudessem mudar sua sorte. E, se com os tormentos de amor se mostra, de
certa maneira, conformado, a razão de sua existência infeliz leva-o a este grito paroxístico.
SONETOS CAMONIANOS
ANÁLISE
ANÁLISE
O poeta se revela apaixonado, não realiza o seu amor e sofre por esse amor
não correspondido.
Este soneto é todo constituído de contradições, em que o poeta inspira-se
no soneto de Petrarca. As contradições são na verdade conjuntos de
sensações corporais opostas para realçar o delírio amoroso provocado pela
senhora. Nota-se as oposições calor x frio, choro x riso, fogo x rio, terra x
céu, mil anos x uma hora; contentamento x tristeza e alteração de estado e
tempo.
Observa-se nesse soneto o desconcerto do mundo o neoplatonismo, pois
Camões vê o mundo sensível constituído de aparências e contradições. Há
de notar nos versos acima traços da lírica tradicional, bela e ingênua dos
“cancioneiros medievais”. Pode notar nesse soneto o emprego de figuras
como: as antíteses, paradoxos, hipérboles, elementos estes comuns na
lírica camoniana.
ANÁLISE
ANÁLISE
O soneto começa pela maldição que o poeta profere contra o dia em que nascera
e que se estende também ao futuro, de maneira que aí nós surpreendemos com
uma concepção cíclica do tempo. O desgosto, a maldição vai até o último verso,
com clamor e exagero. Nota-se o recurso imagístico sugerido pelas palavras:
eclipse, sol, luz, monstros, sangue, lágrimas; além das antíteses figura principal
no soneto camoniano, que contribui para acelerar o conflito expresso neste poema.
Observa-se o plano da existência, dolorido e triste. Nota-se que não há menção ao
ideal, ao contrário, aqui nosso mundo é o inferno do eu, um eu sem qualquer paz.
Observa-se no eu-lirico um conflito existencial, desesperado, dramático. O
intensificador é o dia do nascimento, que funciona como uma fatalidade
prolongada.
ANÁLISE
O poeta tenta definir o que é o amor, mas sempre cai em contradições. Como conhecê-
lo, se uma hora é uma coisa, e outra hora é outra? Por isso, a definição é contraditória.
Volúvel, contrário a si, o amor não pode engendrar “amizade” (sem gerar também
ódio).
Não é um soneto narrativo. Nas três primeiras estrofes temos o paradoxo do amor; e,
na última estrofe surge a pergunta perplexa de quem sofre. No primeiro quarteto, a
dor é minimizada diante do sentimento amoroso, enfim, quase não é sentido; no
segundo há passividade, há “romantismo”; depois, a escravidão e a morte voluntárias
e, finalmente, a pergunta final e sem resposta.
Na metade do céu
Este soneto fala da natureza em que é perceptível os recursos imagísticos. Este poema
revela elementos comuns á natureza e à cultura grega, que é o pastoralismo, pois exalta a
natureza, o bucolismo (a valorização da vida campestre), a vida no campo.
Nota-se que o pastor cuida do seu rebanho, o jogo imagístico é representado pelas
palavras: sombras, raio ardente que afloram de uma forma idealizada O poeta além do
pastoralismo também alude à musa grega maravilhosa, como podemos observar que o
poeta derrama os seus suspiros tristes em busca de Natércia.
Camões soube, como nenhum outro poeta, entrelaçar as formas da poesia culta,
aristocrática de seu tempo e a lírica tradicional, bela e ingênua dos “cancioneiros”
medievais, transformada, entretanto, por seu gênio, captou a mudança de interesses, o
refinamento do gosto artístico e a exigência de sutilezas.
Camões cultivou à moda medieval, tradicional, chamada “medida velha”, encontra-se
expressa nas redondilhas; a medida nova, como a praticou nos sonetos, nas odes, nas
elegias, canções, éclogas, sextinas e oitavas e ainda, na poesia épica (Os Lusíadas).
Toda lírica camoniana “espelha a confissão duma torturada vida interior, feita de
paradoxos e incertezas, a reflexão feita em torno de magnos problemas que lhe
assolavam o espírito, não só provocados pelas suas vivências pessoais, mas a tomada
de consciência duma espécie de inquietação universal”.
Camões explorou grandes temas como: o amor, a saudade, a tristeza, a natureza, a
religião.
Em seus sonetos (em sua lira), Camões procurou, através de sua angústia amorosa
(amores não correspondidos) cantar suas dores e seus sofrimentos; suas paixões pelas
belas mulheres portuguesas.
O poeta Camões recebeu influências do poeta italiano Petrarca.
A sua poesia recebeu, também, influências clássicas, como por exemplo, de Platão.
Poesia de elevação sentimental, análise íntima, dramática e racional do sentimento
amoroso; por tentar analisar “racionalmente” o amor, cai quase sempre nos paradoxos
entre ter e ser, amar a mulher ou a imagem da mulher? Viver para amar ou amar para
viver?
Poesia de perfeição geométrica, sem abuso de artifícios; tudo nela parece estar no
lugar certo; nada falta, nada sobra; sintaxe elegantíssima e melodiosa.