Professional Documents
Culture Documents
AIRTON DE FARIAS
1 INTRODUÇÃO
Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...(2x)
Mama África, tem
Tanto o que fazer
Além de cuidar neném
Além de fazer denguim
Filhinho tem que entender
Mama África vai e vem
Mas não se afasta de você...
Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...
Quando Mama sai de casa
Seus filhos de olodunzam
Rola o maior jazz
Mama tem calo nos pés
Mama precisa de paz...
Mama não quer brincar mais
Filhinho dá um tempo
É tanto contratempo
No ritmo de vida de mama...
Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...(2x)
É do Senegal
Ser negão, Senegal...
Deve ser legal
Ser negão, Senegal...(3x)
Mama África
A minha mãe
É mãe solteira
E tem que
Fazer mamadeira
Todo o dia
Além de trabalhar
Como empacotadeira
Nas Casas Bahia...(2x)
Mama África
A minha mãe
Mama África
A minha mãe
Mama África...
Mama África
Chico César
A “borda” ao sul do Saara é chamada de Sahel, entre Guiné (a oeste) e o mar vermelho
(ao leste). É uma área historicamente de contato entre os povos do norte e do sul da
África, fosse através do comércio ou de guerras – não é à toa q ainda hoje há vários
conflitos étnicos nesta região. Ali também há muitas riquezas minerais e surgiram
importantes reinos africanos.
3 KUSH
4 AXUM
5 GANA
6 MALI
Muitas lendas contam da origem de Sundiata Keita, o “Leão do Mali”. Filho do rei
Naré, nasceu com deficiência motora e mental – foi uma criança que não podia andar e
falar. Quando inimigos conquistaram o Mali e assassinaram toda a família real,
Sundiata foi poupado, pois acreditaram que ele não representa nenhum perigo. Os
conquistadores lamentariam esse erro depois...
Sundiata refugiou-se no Gana e ali tornou-se um mago poderoso, a ponto de curar
suas enfermidades. Virou igualmente um grande caçador e guerreiro. Formou, então,
um poderoso exército com soldados, arqueiros e cavaleiros para libertar a terra natal. A
notícia da vinda de Sundiata deixou eufórico o povo do Mali.
O chefe dos invasores também era um feiticeiro que, porém, tinha um ponto fraco:
poderia ser destruído pelo esporão de um galo branco.
Ao saber disso, Sundiata construiu um arco de madeira com um esporão branco
numa das extremidades para a batalha decisiva, em Kirina. No momento final do
confronto, Sundiata lançou a flecha “especial” de seu arco e atinge o ombro do
adversário. Este, enfraquecido, ainda conseguiu fugir, mas perdeu sues domínios.
Sundiata, então, foi proclamado “rei dos reis”. Era o nascimento do Império Mali.
Tal como o nascimento, a morte de Sundiata Keita encontra-se envolvida em
mistérios. Segundo uma versão, ele morreu durante uma cerimônia, atingido por uma
flecha. Outra versão diz que morreu afogado em circunstâncias inexplicáveis. O que se
sabe é que realmente faleceu por volta do ano 1255.
Após conquistar Gana, o mansa (rei) Sundiata Keita expandiu ainda mais o
território mali, constituindo-se uma dos maiores e mais importantes impérios da África.
Entre as várias etnias da população malinesa, estavam os mandigas, os quais, depois no
século XVI, foram escravizados e mandados para o Brasil.
Dentro das fronteiras do Mali estavam áreas ricas em sal e, sobretudo, as
três principais minas de ouro da região – daí obviamente que vinha a riqueza do
Império. O comércio igualmente se apresentava importante, pois rotas comerciais saiam
do Mali em direção ao norte do continente, passando pelo Saara e atingindo o Egito. A
cidade de Jenné era um grande centro comercial e agropecuarista – seus habitantes
criavam gado e produziam milhete (espécie de milho com grãos menores), sorgo, arroz
e artesanato de couro, algodão, ouro, etc., produtos que eram conduzidos em canoas e
negociados ao longo do rio Níger.
Um dos traços deste império foi a tolerância cultural com os povos
conquistados, que tinham respeitados seus costumes. Abubakari II, um outro
governante famoso do Mali, enviou no século XIV uma expedição com mais de dois mil
pequenos barcos, “para ver até onde ia o mar” (oceano Atlântico). Dessas embarcações,
nenhuma retornou. Apesar disso, estudiosos levantaram a hipótese de que aqueles
navegantes tenham talvez chegado à América, “descobrindo” o continente antes de
Colombo. Não há, porém, nenhuma prova acerca dessa possibilidade. Contudo, o
envido da expedição por si própria mostra o preparo marítimo do povo mali e sua
organização político-social para bancar uma aventura dessas!
O Império Mali conheceu o apogeu no início do século XIV, durante o
reinado de Mansa Mussa. Convertido ao islamismo, fundou escolas muçulmanas na
capital Tombuctu, trazendo sábios árabes para ministrar aulas – o que não surpreende,
afinal, uma das obrigações do islâmico é ler o livro sagrado (Alcorão). Com isso, além
de certo comercial, Tombuctu virou centro de estudos religiosos. Também foram
fundadas universidades, atraindo pessoas de toda África em busca de conhecimento.
Conta-se que havia um intenso comércio de livros, cujo lucro era maior do que de várias
outras mercadorias...
Para impressionar os governantes árabes e mostrar o esplendor do Mali,
Mansa Musa realizou em 1324 uma peregrinação a Meca (cidade sagrada islâmica,
situada onde hoje é a Arábia Saudita) com uma comitiva de 15 mil pessoas e bastante
ouro (duas toneladas), distribuído fartamente! Foi tanto ouro dado que o preço do metal
se desvalorizou! Tal fato tornou o Mali bastante conhecido, a ponto dos mapas europeus
citá-lo. De volta ao Mali, mandou construir a grande mesquita (templo islâmico) de
Djinger-ber, em Tumbuctu, tida com uma joia da arquitetura universal.
Depois do reinado de Mansa Mussa, o Mali teve dificuldade de manter um
território tão vasto. Ataques externos (sobretudo dos tuaregues, motivados pelas
riquezas do Império) e disputas internas pelo poder marcaram o inicio da decadência
daquele poderoso império. Vizinhos fortes começaram a conquistar parte do território
mali. No século XV, o Império de Songai se tornou o mais importante da região.
Como outras civilizações da África, a religião do Mali era uma mistura de
várias influências, mesclando principalmente o islamismo e religiões tradicionais. Por
exemplo, a população alimentava-se com carnes suínas (o que é proibido pelo Islã) e
sacerdotes praticavam ritos com mascaras de pássaros. Por outro lado, as festas
muçulmanas eram feitas com luxo e todos tinham que aprender o Alcorão.
7 SONGAI
8 IOURUBÁ E DAOMÉ
A maior parte dos africanos trazidos para o Brasil veio da África Atlântica,
ou seja, da parte ocidental e centro-ocidental (em especial da Costa da Mina e Angola),
destacando-se dois grandes grupos, segundo as suas procedências e características
culturais e linguísticas: sudaneses e bantos.
-Sudaneses: oriundos da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné –
trazidos principalmente para a Bahia e utilizados na lavoura açucareira. Suas principais
etnias eram: os nagôs (iorubás), os jejes, os minas, os haussás, os galinhas (grúncis), os
tapas, os boirnuns, etc.
-Bantos: oriundos de Angola, Congo, Moçambique e Cambinda (Sul da
África), predominaram no sudeste (Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo),
existindo também em menor escala no Ceará, Maranhão, Pernambuco, Alagoas e litoral
do Pará. As suas etnias eram: angolas, benguelas, moçambiques, macaus, congos, etc.
Para a Bahia igualmente vieram muitos bantos.
Também não se podem esquecer as minorias fulas e mandes (malês) carregados de
forte influências muçulmanas, responsáveis por vários levantes, como a Revolta dos
Malês em 1835.
15 IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO
Óbvio que tais ideias hoje são um absurdo – não há como afirmar que uma
civilização, cultura ou etnia são superiores em relação a outras! O que se usaria como
referência? Por exemplo, o Brasil pode não ter uma economia tão dinâmica quanto ao
dos Estados Unidos, mas certamente joga muito mais futebol que os estadunidenses! A
genética já provou que sejam brancos, negros, amarelos, indígenas, etc., não há
nenhuma diferença física ou de potencial intelectual entre os homens. Somos todos
iguais biologicamente – se há povos ricos e pobres, isso não é uma questão de “raça” ou
de clima ou coisas parecidas, mas uma consequência de fatores sócio-históricos. A
Europa e os EUA são poderosos hoje porque lá se estruturou o capitalismo, que se
fortaleceu e se expandiu dominando e explorando outros locais do mundo.
Teríamos assim, nos anos 50, a independência da Tunísia (1950), da Líbia (1951), do
Sudão, do Marrocos (1956), de Gana (1957) e da Guiné (1958). No emblemático ano
de 1960 verificar-se-iam as libertações de Camarões, Togo, Madagascar, Zaire,
Somália, Mali, Benin, Nigéria, Níger, Alto Volta (atual Burkina Faso), Costa do
Marfim, Chade, República Centro-Africana, Congo, Gabão, Senegal e Mauritânia; em
1961, Serra Leoa; em 1962, Ruanda, Burundi, Argélia e Uganda; o Quênia em 1963;
Malauí, Zâmbia e Tanzânia em 1964; Gâmbia em 1965; Botsuana e Lesoto em 1966;
Ilhas Maurício e Guiné Equatorial em 1968. Na década de 70, Guiné Bissau em 1973;
São Tomé e Príncipe, Moçambique, Cabo Verde, Comores e Angola em 1975; Ilhas
Seychelles em 1976; Djibouti em 1977; Suazilândia em 1978. Já nos anos 80,
Zimbábue, em 1980 e, finalmente, a Namíbia, em 1990.
Mesmo com sua extrema pobreza, a África não ficou indiferente aos
interesses da Guerra Fria. A URSS apoiava e estimulava os movimentos nacionalistas e
de independência contra as antigas potências imperialistas (França, Inglaterra, Bélgica,
Portugal...). O apoio a esses movimentos, mesmo aqueles que não se identificavam com
o socialismo, trazia pontos para a União Soviética na “guerra de propaganda” que
caracterizou a Guerra Fria.
Já os EUA, para não permitir a expansão soviética no continente,
pressionavam seus aliados europeus a conceder a independência e assim conservarem
suas influências políticas e econômicas – e lógico, o capitalismo. Outras, vezes, diante
da ameaça comunista, os norte-americanos apoiavam a instalação de ditaduras as mais
brutais e corruptas, financiavam grupos guerrilheiros responsáveis por crimes brutais
contra civis e por guerras civis, ou apoiavam regimes odiosos, como o apartheid na
África do Sul.
Carentes de quadros técnicos, de tecnologia industrial, de capitais e até de
mercados (pela pobreza das populações nativas), os países africanos independentes
estavam mergulhados numa situação de subalternidade política e econômica em âmbito
internacional. As jovens nações, em geral, eram produtoras e exportadoras de matérias
primas e gêneros agropecuário, e sofriam num sistema mundial pautado pela Guerra
Fria e pelo sistema comercial caracterizado pela deterioração constante do valor de seus
produtos primários em relação aos bens industrializados produzidos pelos países
centrais (Europa, Japão e Estados Unidos) e o monopólio dos capitais e da tecnologia
por parte destes, em muitos casos, suas antigas metrópoles coloniais.
Líderes africanos, não obstante, compreendiam que o continente possuía
riquezas naturais extraordinárias, capazes de propiciar as bases de seu crescimento
econômico, como as maiores reservas de ferro e carvão mineral do mundo, enormes
jazidas de petróleo e um notável potencial hidrelétrico. Por outro lado, esses líderes
eram capazes de identificar também os obstáculos ao progresso material de suas
sociedades: a grande fragmentação político-territorial, a dependência tecnológica, a falta
de capitais para a exploração de suas próprias riquezas, as rivalidades étnicas internas, a
falta de competitividade econômica de sua produção agropecuária e o próprio controle
de seus principais recursos pelas grandes empresas ocidentais.
Diante de tais constatações, uma parcela mais engajada da primeira geração
de líderes da África independente (como o ganense N’ Krumah, o tanzaniano Nyerere, o
queniano Kenyatta, e o congolês Lumumba) procurou adotar procedimentos práticos
que poderiam superar as mazelas deixadas pela dominação colonial. Assim alguns
adotaram internamente o socialismo e outros uma postura nacionalista, apresentando o
Estado enquanto ator fundamental para promover o processo de desenvolvimento
econômico.
Paralelamente, no âmbito externo, os líderes africanos trataram de somar
esforços na criação de um movimento de países não-alinhados, juntamente com outros
Estados da Ásia e América Latina, que tinham entre suas principais reivindicações a
revisão das regras do comércio mundial, valorizando os países exportadores do Terceiro
Mundo.
Assim, a descolonização afro-asiática e os interesses das superpotências
levaram um grupo de países nos anos 1950 a lançar o Movimento Terceiro Mundista
ou dos Não-Alinhados, isto é, a um grupo de países do Terceiro Mundo (países pobres
da África, Ásia e América) que se mobilizava no sentido de ter maior presença na
política internacional. Tal movimento ganhou mais força a partir da chamada
Conferência de Bandung (na Indonésia), em 1955 e rejeitava o alinhamento
automático com Estados Unidos e União Soviética, além de defender a independência
das nações ainda submetidas ao colonialismo, a cooperação e ajuda para os países
pobres do mundo e o combate ao racismo. Após Bandung e com a pressão da ONU
sobre as antigas metrópoles, o processo de independência das nações africanas e
asiáticas acelerou-se – não por acaso, apenas nos anos 1960, dezessete colônias da
França e da Inglaterra conquistaram o status de nações autônomas.
Moçambique, um dos países mais pobres do planeta, foi o que mais tempo
permaneceu sob controle colonial: de 1505, quando os portugueses se apossaram de seu
litoral, até 1975. O movimento nacionalista de independência surgiu nos anos 1950 e
ganhou força em 1962, com a criação da Frente de Libertação de Moçambique, a
Frelimo, de tendência socialista, liderada por Eduardo Mondlane. Através de ações de
guerrilha, a Frelimo obteve em 1964 o controle de todo o norte moçambicano.
Mondlane seria assassinado em 1969, no exílio, e substituído por Samora Machel. Os
lusitanos, apesar dos modernos armamentos disponibilizados pela Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN, da qual Portugal era membro no enfrentamento ao
socialismo), tiveram que travar duros combates contra as forças coloniais, sofrendo não
raras vezes grandes derrotas e inúmeras baixas.
Os novos governantes portugueses, que tomaram o poder após a Revolução
dos Cravos, cumpriram a promessa de pôr fim ao império colonial português. Em 1975,
Portugal começou a retirar as tropas de suas colônias africanas, reconhecendo a
independência de Moçambique e iniciou negociações com Angola onde também havia
luta armada contra a dominação colonial.
Moçambique passou a ser governado pelo líder da Frelimo, Samora Machel,
que implantou um modelo socialista inspirado no Leste Europeu e na China de Mao Tse
Tung. O regime da Frelimo aprofundou os laços com a União Soviética e passou a
proteger os refugiados do Congresso Nacional Africano (CNA), que como vimos, lutava
contra o apartheid da áfrica do Sul. Além das dificuldades econômicas e problemas
sociais, Machel precisou enfrentar as ações da Resistência Nacional Moçambicana,
Renamo, um grupo guerrilheiro anticomunista apoiado pela África do Sul e pelos
Estados Unidos. A Renamo caracterizou-se como um grupo promotor de terrorismo,
massacrando camponeses e sabotando ferrovias, portos e indústrias. As ações da
Renamo provocavam o deslocamento das populações rurais para as cidades, reduzindo a
produção agrícola e agravando o quadro de escassez e fome do país.
Em 1984, a desorganização econômica provocada pela guerrilha de direita e
uma pesada seca provocou imensa fome em Moçambique.
Samora Machel morreu em 1986, num desastre aéreo. Foi sucedido pelo
chanceler Joaquim Chissano. O novo governo reintroduziu a agricultura privada e se
afastou gradativamente dos países socialistas, a fim de obter ajuda econômica ocidental.
Em 1990, sob o impacto da queda do Muro de Berlim, a Frelimo abandonou o
marxismo. Mas a guerra entre o governo e a Renamo continuou, num país repleto de
minas explosivas, terras cultiváveis afetadas pela devastação das batalhas e uma
população vitimada pela fome, tifo e cólera.
A guerra civil entre Frelimo e Renamo só se encerraria em 1992, após anos
de negociação. Já em 1990, fora aprovada uma nova constituição, que introduziu no
sistema político moçambicano a pluralidade partidária. As primeiras eleições
realizaram-se em 1994. A Frelimo foi o partido mais votado, passando a ter maioria no
parlamento e constituindo um governo, que continuou com Joaquim Chissano. Seu
governo promoveu a aproximação com o governo do recém eleito Nelson Mandela, da
África do Sul, tendo os dois países assinado vários tratados de cooperação econômica.
Muitas medidas neoliberais, como privatizações de estatais, foram adotadas nos últimos
anos. Moçambique fez muito para reconstruir-se desde o fim da guerra civil, embora as
minas terrestres e problemas climáticos, como as secas e os ciclones continuem a
dificultar...
Angola igualmente só conheceu a independência nos anos 1970. A presença
de Portugal no país foi marcada pelo tráfico de escravos, a principal atividade comercial
até meados do século XIX. No total, cerca de 3 milhões de angolanos foram vendidos
como cativos, a maioria para o Brasil.
A luta pela independência em Angola teve início na década de 1960, se
manifestando através principalmente de dois grupos rivais. Os principais eram o
Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA, de esquerda e a União
Nacional para a Independência Total de Angola, UNITA, conservador e ligado às
elites africanas.
A rivalidade entre aqueles grupos resultaria em uma guerra civil. O apoio
estrangeiro a cada facção em luta armada evidenciava claramente a Guerra Fria na
África: enquanto o MPLA tinha auxílio soviético e cubano, a Unita recebia ajuda dos
Estados Unidos, da França e da África do Sul.
Em outubro de 1975, a África do Sul enviou tropas para lutar em Angola, ao
lado da Unita. A ofensiva contra a capital Luanda foi detida pela chegada de soldados
cubanos, a pedido do MPLA.
Em novembro de 1975, Portugal renunciou oficialmente ao controle da
colônia e o MPLA tomou o poder e proclamou a República Popular de Angola, sob um
regime socialista tendo como presidente Agostinho Neto. Mas foi um difícil começo
para a nova república: os colonos portugueses (cerca de 6% da população) abandonaram
o país, e com isso Angola perdeu quase toda sua mão de obra qualificada.
Em 1976, o MPLA derrotou praticamente os grupos rivais e assumiu o
controle da maior parte do território angolano, obtendo o reconhecimento internacional.
A Unita, liderada por Jonas Savimbi, porém, continuaria com as ações guerrilheiras,
com o apoio dos Estados Unidos e da África do Sul.
A consolidação do governo da MPLA em Angola transformou o sudoeste
africano numa região das mais tensas da África. O regime racista sul-africano via em
Angola um desafio, pois ameaçava seu domínio sobre a Namíbia – esta era antiga
colônia alemã, dominada desde 1915 pela África do Sul e onde havia uma guerrilha de
esquerda (Organização Popular do Sudoeste Africano – SWAPO) que lutava pela
independência contando com apoio da MPLA (Angola chegou mesmo a ocupar e
libertar parte do território da Namíbia). Além disso, a África do Sul temia que uma
vitória significativa das esquerdas na região poderia estimular a luta contra o regime do
apartheid.
Nos anos 1970 outras duas pequenas colônias portuguesas obtiveram suas
independências: Guiné-Bissau e Cabo Verde. Em Guiné-Bissau (antiga Guiné
Portuguesa), a luta anticolonial e nacionalista vinha desde 1959 e foi liderada por
Amilcar Cabral, que acabou assassinado em 1973 pelos portugueses. Após a morte do
líder, a luta intensificou-se e naquele ano ainda Guiné-Bissau proclamou sua
independência (reconhecida por Portugal em 1974, após a Revolução dos Cravos). A
emancipação de Cabe Verde, um arquipélago no oceano Atlântico com 10 ilhas, teve
sua luta de independência ligada à mobilização de Guiné-Bissau. Havia planos para a
unificação dos dois países, mas que não foram adiante.
O irmão de Amílcar Cabral, Luís de Almeida Cabral, foi empossado como o
primeiro presidente da República da Guiné-Bissau. Instituiu-se um governo de
orientação marxista e favorável à fusão com a também ex-colônia de Cabo Verde. O
governo de Luís Cabral enfrentou sérias dificuldades que chegaram a provocar a
escassez de alimentos no país. Luís Cabral foi deposto em 1980 por um golpe militar
liderado pelo general João Bernardo Vieira. Com o golpe, a ala cabo-verdiana do
governo separou-se da ala guineense, o que fez frustrar o plano de fusão política entre
Guiné-Bissau e Cabo Verde. Os países romperam mesmo relações, que somente seriam
reatadas em 1982. Ambos países renunciaram ao marxismo no inicio dos anos 1990.
22 O CHIFRE DA AFRICA
Desde o início da guerra civil, nos anos 90, somalis tem praticado a
pirataria nas águas ao largo do Chifre da África, sequestrando navios e petroleiros e
suas tripulações em alto mar, em troca de resgate, tornando a região uma ameaça à
navegação internacional. A mídia constantemente ressalta os milhões de dólares em
prejuízo e os riscos ao comércio na região.
Contudo, há muito mais no que concerne a esses piratas, na maior parte,
humildes pescadores, na faixa dos 20/30 anos. Nove milhões de somalianos passam
fome. A prática da pirataria se tornou, assim, para muitos a única opção de vida. Além
disso, há denúncias de que a população da Somália reage contra práticas criminosas
feitas por nações ocidentais. Como não há um governo somali organizado, empresas e
potências estrangeiras estariam aproveitando para jogar lixo atômico no litoral do país
e saquear seus recursos naturais. Fala-se que é comum a presença misteriosos navios
europeus no litoral da Somália, jogando ao mar contêineres e barris enormes. A
população litorânea começou a adoecer. No começo, erupções de pele, náuseas e bebês
malformados. Então, com o tsunami de 2005 (que também atingiu o litoral da
Somália), centenas de barris enferrujados e com vazamentos apareceram em diferentes
pontos do litoral.
Ao mesmo tempo, têm-se denúncias que outros navios europeus vivem de
pilhar os mares da Somália, atacando uma de suas principais riquezas: o pescado. A
cada ano saem de lá mais de 300 milhões de atuns, camarões e lagostas. Tudo roubado
anualmente, por pesqueiros ilegais.
Esse seria, então, o contexto do qual nasceram os "piratas" somalianos. São
pescadores somalianos, que capturam barcos como tentativa de assustar e dissuadir os
grandes pesqueiros; ou, pelo menos, como meio de extrair deles alguma espécie de
compensação. Eles se autodenominam "Guarda Costeira Voluntária da Somália" e a
maioria dos somalianos os conhece sob essa designação e os apóia.
23 AFRICA RECENTE
Com o fim da Guerra Fria, a África perdeu sua importância relativa. Nos
anos 1990, o continente foi praticamente de novo entregue ao esquecimento. Os Estados
africanos, artificialmente divididos, continuaram sendo cenário de guerras civis
provocadas por ódios étnicos. Muitas ditaduras permaneceram mantidas através das
armas e da corrupção, enquanto doenças (com destaque para a AIDS), fome e secas
continuam ceifando a vida de milhões de pessoas.
Com o processo de inovação tecnológica ocorrido nas décadas de 1980/90,
teve-se (com o uso crescente da tecnologia) a elevação dos juros internacionais, a
depreciação do preço dos gêneros agrícolas e extrativistas e a sobrevalorização dos
produtos exportados pelos países industrializados. A África foi duramente atingida por
esses processo. Sua população era tão pobre que não tinha como consumir em larga
escala os novos e caros produtos tecnológicos vendidos pelos países capitalistas
centrais. Desta forma, os países africanos, já excluídos do centro dinâmico da economia
mundial pelo monopólio tecnológico dos países ricos, viram-se também excluídos dos
créditos e financiamentos e com uma dívida gigantesca a pagar.
O resultado disso foi dramático para a África. A participação do continente
na economia mundial é, atualmente, inferior a 2%, tendo o volume de sua interação
comercial com o restante do mundo declinado 40% no decorrer do período 1980-2000.
A dívida externa africana atinge 315 bilhões de dólares, mais que o triplo do total de sua
receita anual de exportações. A renda per capita africana caiu 20% desde 1980,
passando, na África subsaariana, de US$ 752 a US$ 641. Os investimentos diretos
estrangeiros na África correspondem a menos de 5% do total obtido pelo Terceiro
Mundo.
Não obstante, algumas regiões da África que obtiveram certa estabilidade
política e com riquezas minerais (petróleo, diamantes, etc.) têm conseguido taxas
expressivas de crescimento. Afora a sempre forte economia da África do Sul, merecem
destaque Mauritânia, Angola, Moçambique e Malawi.
Para esse crescimento estão sendo importantes os investimentos da China.
Desde o começo deste século, os chineses têm investido milhões de dólares, expandindo
a frágil infraestrutura africana e explorando matérias-primas (especialmente petróleo)
que o gigante asiático necessita para o crescimento de sua economia. Aproximadamente
um terço do petróleo importado pela China vem da África. Em troca, a China envia
milhares de operários e técnicos, construindo pontes, estradas, hidrelétricas, escolas,
hospitais, etc. Afora isso, o regime de Pequim faz vantajosos empréstimos às nações
africanas, comprometendo-se a não intervir nos assuntos internos locais (e sendo
conivente com regimes opressores).
As riquezas e potenciais econômicos da África e a presença cada vez maior
da China na África não passaram despercebidas aos olhos de outros países – o Brasil
inclusive. Por esse motivo, a atenção que o presidente Lula deu ao Continente Negro em
seu mandato, fosse com viagens com o propósito de fazer acordos comerciais, fosse
com o estimulo para que estatais e empresas privadas brasileira investissem na África.
Europa e Estados Unidos igualmente buscam ampliar os negócios e os investimentos na
África, numa visível ofensiva diplomática. A realização da Copa do Mundo de Futebol
na África do Sul em 2010 não pode ser desvinculada desta nova valorização
internacional da África.
Há, porém, quem compare essa retomada da atenção do mundo para com a
África ao imperialismo dos séculos XIX e XX. Os países africanos acabam dependentes
dos governos e empresas estrangeiras e o crescimento econômico obtido fica restrito a
setores das classes médias e elites locais, não alterando profundamente o estado
lastimável de penúria em que vivem milhões de pessoas do continente. A Pobreza gera
igualmente instabilidade política, com grupos de batendo e guerreando por recursos
básicos como água e terra férteis. Há igualmente grupos estrangeiros que estão
comprando imensas terras agrícolas para a lavoura de exportação, diminuindo, por
consequência as áreas da produção de subsistência e agravando a fome.
Afora isso, governos e empresas estrangeiras tiram proveito da instabilidade
política e institucional das nações africanas e acabam intervindo, diretamente ou não,
nas disputas políticas internas (por exemplo, apoiando e financiando grupos opositores a
tomar o poder em troca de maiores vantagens na exploração de petróleo e diamantes).
Some-se, por fim, a corrupção quase endêmica, pela qual governantes e segmentos
dominantes africanos desviam ou se apossam das riquezas de seus países (e mesmo da
ajuda internacional).
Para esse crescimento estão sendo importantes os investimentos da China.
Desde o começo deste século, os chineses têm investido milhões de dólares, expandindo
a frágil infraestrutura africana e explorando matérias-primas (especialmente petróleo)
que o gigante asiático necessita para o crescimento de sua economia. Aproximadamente
um terço do petróleo importado pela China vem da África. Em troca, a China envia
milhares de operários e técnicos, construindo pontes, estradas, hidrelétricas, escolas,
hospitais, etc. Afora isso, o regime de Pequim faz vantajosos empréstimos às nações
africanas, comprometendo-se a não intervir nos assuntos internos locais (e sendo
conivente com regimes opressores).
As riquezas e potenciais econômicos da África e a presença cada vez maior
da China na África não passaram despercebidas aos olhos de outros países – o Brasil
inclusive. Por esse motivo, a atenção que o presidente Lula deu ao Continente Negro em
seu mandato, fosse com viagens com o propósito de fazer acordos comerciais, fosse
com o estimulo para que estatais e empresas privadas brasileira investissem na África.
Europa e Estados Unidos igualmente buscam ampliar os negócios e os investimentos na
África, numa visível ofensiva diplomática. A realização da Copa do Mundo de Futebol
na África do Sul em 2010 não pode ser desvinculada desta nova valorização
internacional da África.
Há, porém, quem compare essa retomada da atenção do mundo para com a
África ao imperialismo dos séculos XIX e XX. Os países africanos acabam dependentes
dos governos e empresas estrangeiras e o crescimento econômico obtido fica restrito a
setores das classes médias e elites locais, não alterando profundamente o estado
lastimável de penúria em que vivem milhões de pessoas do continente. A Pobreza gera
igualmente instabilidade política, com grupos de batendo e guerreando por recursos
básicos como água e terra férteis. Há igualmente grupos estrangeiros que estão
comprando imensas terras agrícolas para a lavoura de exportação, diminuindo, por
consequência as áreas da produção de subsistência e agravando a fome.
Afora isso, governos e empresas estrangeiras tiram proveito da instabilidade
política e institucional das nações africanas e acabam intervindo, diretamente ou não,
nas disputas políticas internas (por exemplo, apoiando e financiando grupos opositores a
tomar o poder em troca de maiores vantagens na exploração de petróleo e diamantes).
Some-se, por fim, a corrupção quase endêmica, pela qual governantes e segmentos
dominantes africanos desviam ou se apossam das riquezas de seus países (e mesmo da
ajuda internacional).
(in http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,africa-um-continente-em-
transformacao,97875,0.htm )
Vários fatores podem ser apontados como motivadores desta onda rebelde
árabe. Uma das causas mais importante é de ordem social: muitas daquelas nações são
ricas exportadoras de petróleo e tiveram recentes crescimentos econômicos, mas
apresentam enorme concentração de renda, ou seja, a riqueza está nas mãos dos
dirigentes estatais e das elites, enquanto a situação de penúria da população é alarmante.
No Egito, por exemplo, 40% da população vive com menos de 2 dólares por dia, ou
seja, abaixo do limiar de pobreza fixado pela ONU. A situação de vida das populações
agravou-se ainda mais com a crise internacional do capitalismo de 2008, que provocou
falências, redução das exportações-importações e aumentou o desemprego e
subemprego. Nos países árabes, boa parte dos alimentos é importada – nos últimos
anos verificou-se uma alta nos preços dos alimentos e esse é um fator a se considerar
no contexto das revoltas.
Chama a atenção nas revoltas a grande quantidade de jovens. Isso não é
coincidência, pois é grande o número de jovens árabes sem grandes perspectivas. No
caso da Tunísia, 40% da população é formada por cidadãos com idade abaixo de 25
anos. De Marrocos até o Iraque, todas as nações árabes enfrentam uma crise social
gerada pela multiplicação de jovens entre 18 e 25 anos que não encontram espaço no
mercado de trabalho. As economias desses países não foram capazes de criar empregos
adaptados à demanda. Os jovens, inclusive mulheres, acabaram de sair do
analfabetismo de décadas passadas, frequentam universidades e absorvem o espírito de
contestação, questionando qualquer tipo de autoridade, sejam os pais, lideres religiosos
ou políticos.
Afora as más condições de vida, desemprego e injustiça social daqueles
países, há ainda a falta de liberdades políticas e de expressão – são regimes autoritários
e militarizados, que usam geralmente a força para silenciar os críticos. Há uma tomada
de consciência da importância da cidadania e das liberdades individuais e de um desejo
por democracia que implemente aqueles direitos. Os novos meios de comunicação, em
especial a mídia eletrônica, tornou-se espaço de ressonância para tantas frustrações. As
revoltas árabes devem ser associadas (não como fundamental, como exageram alguns
analistas) ao acesso aos novos meios eletrônicos e redes sociais. A Internet possibilita a
partilha desses sentimentos, ainda que sejam minoritários os que dela participam nos
países árabes.
A fogueira da revolta é alimentada ainda com a indignação popular com a
corrupção e o enriquecimento ilícito dos burocratas no poder em várias nações árabes.
Há ainda fatores específicos de cada pais. Poe exemplo, existem grupos
descontentes, como a maioria xiita governada por minoria sunita em Bahrein, e que se
ressente de um tratamento não igualitário. Em algumas nações, os virtuais herdeiros do
poder eram personagens detestadas pela população, como Gamal Moubarak, filho do
ditador egípcio Hosni Moubarak, ou como Seif Al Islam, filho do ditador líbio General
Kadhafi.
Saara Ocidental é o único caso de território africano que ainda não conseguiu
independência. Em 1975, depois de décadas explorando o fosfato da região, a Espanha
o abandonou. No mesmo ano, o Marrocos invadiu o país. Houve, então, uma guerra,
que durou até 1991. Desde então a ONU tenta organizar um referendo para que a
população decida se quer a independência ou a anexação definitiva ao Marrocos.
26 A DIVISÃO DO SUDÃO
(...)
Ìrohìn – Em que perspectiva o senhor coloca as relações entre o Brasil e a África?
Carlos Moore – Não podemos esquecer que se trata, fundamentalmente, de um
continente enfraquecido, dominado pelo exterior e prostrado diante dos grandes
interesses mundiais, após vários séculos de golpes duros, assaltos imperiais, intensos
tráficos de escravizados e a conquista de todo o território continental pela Europa
ocidental. A isso se agrega um processo de independência, a partir de 1957, já minado
pelas relações neocolonialistas: a maioria esmagadora de líderes que chegaram ao poder
já estava corrompida e entregue aos interesses hegemônicos mundiais. Tratava-se de
elites coniventes com os interesses imperialistas e hegemônicos da Europa Ocidental,
dos Estados Unidos e do Japão. E, ultimamente, essas elites se mostram também
coniventes com as ambições hegemônicas e neo-imperiais de grandes potências
emergentes como a China. É nesse contexto global que se insere a relação Brasil-África
que se inicia perante nós.
(...)
Ìrohìn – O que deve, então, ser superado para possibilitar o estabelecimento de uma
relação justa e equitativa entre essas partes?
Carlos Moore – São vários os obstáculos, em ambas as partes, a serem superados para o
estabelecimento de uma relação de igual para igual entre Brasil e África. Os próprios
dirigentes africanos, na sua maioria, constituem-se em grandes entraves. De modo geral,
boa parte desses governantes não busca estabelecer esse tipo de relação equitativa com
o resto do mundo. Lembre-se de que a maioria deles chegou ao poder não por
representar os melhores interesses de seus países, mas porque foram colocados lá pelas
potências imperialistas ocidentais e para defender os interesses dessas. É por aí que
temos que começar. Iniciado com a independência de Gana, em 1957, e da Guiné, no
ano seguinte, o processo de descolonização se expandiu por praticamente todos os
países africanos a partir de 1960. Como resultado, levou ao poder verdadeiros dirigentes
nacionalistas, poderosos pensadores, grandes homens de Estado que pensavam em nível
do continente e queriam a integração do continente. Esses líderes almejavam que a
África deixasse de ser fragmentada, que se tornasse uma África federativa, com um
governo central e forças armadas únicas, com um parlamento e uma nacionalidade
única. Entre esses dirigentes clarividentes que pensaram essa África, estavam os
presidentes Kwame Nkrumah, de Gana; Sékou Touré, de Guiné; Modibo Keita, do
Mali; Alphonse Massamba-Débat, do Congo-Brazzaville; bem como o primeiro-
ministro do Congo Patrice Lumumba; e o presidente Julius Nyerere, da Tanzânia. Esses
grandes líderes foram seguidos por outros não menos importantes como Amilcar
Cabral, de Guiné-Bissau; o próprio Steve Biko e Nelson Mandela, da África do Sul, e
Thomas Sankara, de Burkina Faso. Estavam fundamentados num conceito de África
radicalmente diferente do utilizado pelos dirigentes neo-colonais de hoje.
Ìrohìn – Ainda pensando sobre os obstáculos, o que dizer sobre o contexto brasileiro?
Carlos Moore – No Brasil, as coisas acontecem de outra maneira. Aqui as elites
dominantes são poderosas e defendem bem seus interesses nacionais. Entre essas elites,
há setores que cobiçam as matérias-primas africanas. São interesses criados pelas
grandes companhias multinacionais brasileiras que já têm força suficiente para intervir
fora das fronteiras deste país. Atualmente, as empresas brasileiras estão investindo
bastante em vários países latino-americanos e fazem um grande esforço para estabelecer
relações com o resto do mundo. Isso é parte de toda uma trama do mundo capitalista
atual. Portanto, essa tentativa brasileira de se implantar na África não é nada anormal;
ela faz parte da dinâmica preponderante no planeta, dominada pela economia liberal.
Ìrohìn – Então, o senhor acha que essas relações serão inevitavelmente neocoloniais?
Carlos Moore – Nas condições que acabo de descrever, seria um milagre que isso não
acontecesse; e eu não acredito em milagres. Para mim, é evidente que todas as
condições estão dadas para que a relação Brasil-África não seja diferente das relações
que o resto das nações poderosas do mundo tem estabelecido e mantido com esse
continente. Todas as condições estão dadas para que as relações Brasil-África evoluam
na direção de relações neocoloniais, com o Brasil assumindo, pouco a pouco, o papel
cada vez mais acentuado de uma potência hegemônica, mas com cara “simpática”. Até
porque o atual cenário de um mandatário simpático para com os verdadeiros interesses
africanos pode não se estender além do mandato do presidente Lula. Tudo vai depender
da conivência ou não da própria sociedade civil brasileira na situação que nos interessa.
Ìrohìn – Então, o senhor acha que um dia também possa surgir um imperialismo
brasileiro?
Carlos Moore – A experiência histórica nos demonstra que qualquer nação poderosa, a
despeito de seu perfil inicialmente democrático, pode se converter numa nação
hegemônica, dominadora e abusiva em relação aos países mais fracos. Esse é o caso,
especialmente, quando os interesses nacionais estão atrelados aos interesses econômicos
e financeiros das grandes empresas nacionais de porte multinacional. Nesse sentido, o
Brasil pode, sim, eventualmente, se converter num subimperialismo ou imperialismo no
século XXI. Não existe imunidade natural contra a arrogância nacional, o chauvinismo
nacional ou o racismo nacional. Não há antídoto algum que garanta que uma nação
poderosa não se converta numa nação imperialista. Os exemplos dos Estados Unidos e
de Israel mostram-nos a veracidade dessa ponderação. Pelo contrário, temos de ficar
muito atentos e muito lúcidos. A lucidez política, a atenção meticulosa à evolução das
relações com os países africanos, exige a vigilância constante da sociedade civil. Não
vejo outra maneira para garantir que essas relações se mantenham dentro de um
perímetro ético minimamente aceitável.
(...)
Ìrohìn – E quais são as possibilidades reais de a sociedade civil fazer frente a isso?
Carlos Moore – A sociedade civil terá de descobrir o modo de intervenção para ter um
peso na política internacional do Brasil, pelo menos no que diz respeito à África. Vimos
como a população negra dos Estados Unidos se organizou para constituir verdadeiros
lobbies que forçaram o governo americano a recuar na África do Sul. Os Estados
Unidos eram absolutamente favoráveis ao regime do apartheid, bem como apoiavam
militar, econômica e politicamente todos os governos de segregação que se instalaram
nesse país. Foi só a partir da mobilização e da ação da sociedade civil que isso começou
a se modificar. Foi o pastor Leon Sullivan o primeiro a propor a política pelo fim de
investimento na África do Sul, a qual ficou conhecida como “O Princípio Sullivan”. A
partir daí, constituíram-se vários lobbies de negros americanos, dirigidos pela entidade
Trans-Africa, que pressionaram o governo e ameaçaram as empresas multinacionais
americanas de boicote caso continuassem a investir na África do Sul. Esse é um bom
exemplo de intervenção eficaz e positiva da sociedade civil da diáspora para
salvaguardar os interesses da sociedade civil africana. Ainda hoje, a sociedade civil
africana está bastante enfraquecida. Há, portanto, que ajudá-la a crescer e se fortalecer.
Os movimentos sociais africanos têm sido tão reprimidos pelas ditaduras de seus países
que é somente nos últimos quinze anos que começa a haver uma reorganização da
sociedade civil, de modo a essa ter uma vida independente. Há que ajudar e incentivar
esse processo de ressurgimento da sociedade civil africana.
Ìrohìn – Quais os fatores que poderiam influenciar numa evolução positiva no caso do
Brasil, contrariamente ao que acontece com a China?
Carlos Moore – Ao contrário da China, da Índia, da Europa ou do Japão, a maioria da
população brasileira tem suas origens no continente africano. Precisamente por isso, eu
penso que é o dever do movimento social e da sociedade civil brasileira zelar para que a
intervenção econômica do Brasil naquele continente leve em consideração os interesses
das sociedades civis africanas e dos povos por elas representados, os quais não estão
sendo defendidos nem mesmo pelos governos africanos na sua maioria. Esse é um dos
grandes deveres da sociedade civil brasileira, bem como de todas as forças democráticas
deste país: defender os interesses da sociedade civil africana. Todas as forças
democráticas brasileiras devem reconhecer que a África foi almejada e esmagada
historicamente, e que, portanto, não é possível que o Brasil siga contribuindo, como fez
no passado escravista, para a regressão desse continente. É responsabilidade da
sociedade civil democrática zelar para que a intervenção econômica do Brasil na África
seja, senão benéfica para os povos africanos, pelo menos não catastrófica ou
absolutamente negativa. Há que impedir que surjam relações neocolonialistas entre o
Brasil e o continente africano.
Ìrohìn – Em poucas palavras, como o senhor definiria uma relação sã entre o Brasil e a
África, baseada na cooperação?
Carlos Moore – De maneira sucinta, eu diria que um terreno sólido, saudável e
mutuamente profícuo para se firmar uma cooperação entre o Brasil e o continente
africano pode ser estabelecido mediante a definição das bases políticas e econômicas
para uma parceria estratégica África-Brasil no século XXI. Trata-se de uma questão de
vontade política por ambas as partes. Concretamente, o Brasil pode ajudar o continente
africano a superar seus problemas crônicos através da concretização de um processo que
conduza à unidade federal continental africana, coisa que o Brasil já tem feito consigo
mesmo. Nessa ótica, o Brasil pode chegar, até mesmo, a se constituir na maior
influência externa que empurre o continente africano à sua federalização imediata. Tal
processo seria proveitoso para este Brasil que emerge como grande potência e precisa
de aliados fortes para se defender. Por sua vez, a África, como um todo, pode ajudar o
Brasil a resolver seu maior dilema interno: o problema sociorracial. A África pode
ajudar este país a operar uma transição tranquila para uma verdadeira democracia
multirracial mediante o empoderamento político, econômico e social da maioria
populacional brasileira, que é de ascendência africana. Isso é, de todos modos,
inevitável historicamente. A África, também, precisa de um Brasil forte como aliado
para se defender da legendária cobiça das grandes potências externas por seus recursos
naturais. Assim, há lugar para uma parceria estratégica sã entre o Brasil e o continente
africano em torno da definição de uma agenda comum de longo prazo, visando à
eliminação dos grandes desequilíbrios internos e internacionais que se constituem, tanto
para o Brasil quanto para a África, em perigosos fatores de ruptura e de conflitos
violentos. Juntos, o Brasil e a África continental federalizada podem definir os termos
de uma grande aliança para o futuro. Ao fazerem isso, o Brasil e uma futura África
federalizada poderão constituir o centro de um novo bloco estratégico de países do
Atlântico Sul. Tudo giraria em torno da elaboração de um grande projeto em nome da
democratização simultânea e concatenada do âmbito internacional e do universo
doméstico das nações que compõem a comunidade internacional. Essa seria a maior
contribuição para a estabilização e a democratização da ordem internacional no século
XXI, no sentido de uma descentralização multipolar que beneficie o planeta, apague as
guerras e contribua para a felicidade dos povos.
28- EXERCÍCIOS
2-Marque V ou F:
A- ( ) Kush foi influenciado pelo Egito, e chegou mesmo a dominar aquela
civilização entre 750 e 700 a.C.
B- ( ) A Etiópia ficou famosa pela adoção e defesa do Cristianismo.
C- ( ) Gana destacou-se na produção e comércio de ouro.
D- ( ) O Mali foi o “herdeiro” de Gana, se caracterizando pela riqueza aurífera e a
tolerância para com os povos conquistados.
E- ( ) No começo da Idade Moderna, Songai se tornou uma das potências africanas.
F- ( ) A Civilização Iourubá acabou dominada pelos Peuls e escravizada – os
africanos escravizados dali ficariam conhecidos no Brasil como nagôs.
G- ( ) Daomé (atual Benin) apresentou forte tendência militarista e escravista.
H- ( ) O Congo e Ndongo (Angola) destacaram-se como centros fornecedores de
escravos negros para o Brasil.
I- ( ) Monomotapa tinha contatos comerciais com os árabes, persas e indianos.
3- (UFSCAR) Hoje, a independência nacional, a formação nacional nas regiões
subdesenvolvidas assumem aspectos totalmente novos. Nessas regiões, excetuadas
algumas realizações espetaculares, os diversos países apresentam a mesma ausência de
infra-estrutura. As massas lutam contra a mesma miséria, debatem-se com os mesmos
gestos e desenham com seus estômagos encolhidos o que se pode chamar de geografia
da fome. Mundo subdesenvolvido, mundo de miséria e desumano. Mundo também sem
médicos, sem engenheiros, sem administradores. Diante desse mundo, as nações
européias espojam-se na opulência mais ostensiva. (Frantz Fanon. Os condenados da
terra, 1979.)
a) Relacione a argumentação do autor com o processo de independência de países
africanos no século XX.
b) Cite dois exemplos de países africanos que se envolveram em guerras civis durante
ou após seu processo de independência.
6- (PUC) O ano de 2004 encerrou-se com o impacto das catástrofes causadas pelas
"tsunamis", principalmente na Ásia, que acarretaram mais de 300 mil mortes. Porém,
como o mapa e a charge a seguir indicam, existem outras "tsunamis" que estão
arrasando o continente africano, há muito mais tempo.
b) Comente dois possíveis impactos nas estruturas produtivas dos países africanos
resultantes da desorganização demográfica causada pela epidemia de AIDS.
9- (PUC)
"O continente
condenado"
"África em chamas"
11- (UFMG) “Na história da África jamais se sucederam tantas e tão rápidas mudanças
como durante o período entre 1880 e 1935. Na verdade, as mudanças mais importantes,
mais espetaculares – e também mais trágicas –, ocorreram num lapso de tempo bem
mais curto, de 1880 a 1910, marcado pela conquista e ocupação de quase todo o
continente africano pelas potências imperialistas e, depois, pela instauração do sistema
colonial. A fase posterior a 1910 caracterizou-se
essencialmente pela consolidação e exploração do sistema.” BOAHEN, Albert Adu.
História geral da África. VII. A África sob dominação colonial, 1880-1935. São Paulo:
Ática/Unesco, 1991. p. 25.
Considerando-se o contexto da colonização europeia da África, é CORRETO afirmar
Que
A) a demarcação das fronteiras entre as diferentes colônias respeitou as divisões
territoriais previamente existentes entre as etnias africanas.
B) a derrota da Alemanha na Primeira Guerra implicou a concessão de independência
aos territórios por ela colonizados, sob a proteção da ONU.
C) essa colonização resultou em decréscimo da população africana, devido à intensa
exploração dos recursos humanos e materiais.
D) os Estados europeus, embora negassem oficialmente a escravidão, adotavam trabalho
compulsório em alguns territórios coloniais.
12- (FGV) Nos anos 1526-50, antes do deslanche do tráfico para o Brasil, saía da
Guiné-Bissau e da Senegâmbia uma média de mil cativos por ano. Cifra representando
49% dos indivíduos deportados do Continente Negro. Da África Central vinham outros
34%, enquanto 13% eram provenientes do golfo da Guiné. Versos célebres de Garcia de
Rezende retratam o lucro e os fluxos do trato de africanos para Sevilha, Lisboa, Setúbal,
Cabo Verde, Madeira, Canárias, São Tomé. E para o Caribe. (Luiz Felipe de Alencastro,
O Trato dos Viventes). O impacto do processo descrito nas sociedades africanas foi a
a) introdução de práticas econômicas fundamentadas no liberalismo, desorganizando as
antigas sociedades de auxílio mútuo.
b) implantação da escravidão como modo de produção dominante, determinando a
extinção da servidão anteriormente existente.
c) implantação de redes internas de tráfico, com envolvimento de sociedades locais, que
passam a ter nesse negócio uma fonte fundamental de recursos.
d) introdução da escravidão nas sociedades africanas, que até então desconheciam
qualquer forma de exploração do trabalho.
e) dissolução do tradicional caráter igualitário predominante nas sociedades africanas,
sendo substituído por regimes rigidamente hierarquizados.
15- (UFPR) Uma das principais consequências da Segunda Guerra Mundial foi a
descolonização da África, quando surgiram dezenas de novos países, anteriormente
dominados pelos países europeus. Entre os últimos a conseguirem a liberdade, estavam
as colônias portuguesas:
A) Quênia e Senegal
B) Moçambique e Angola
C) Congo e Uganda
D) Namíbia e Biafra
E) Zambia e Daomé
18- (FGV) De 1948 a 1991, vigorou na África do Sul o regime denominado apartheid.
A esse respeito é correto afirmar:
a) Trata-se de uma política de segregação racial que excluía os negros da participação
política, mas lhes reservava o livre direito à propriedade da terra.
b) Trata-se de uma política de segregação racial que previa uma lenta incorporação da
população negra às atividades políticas do país.
c)Trata-se de uma política de segregação racial que excluía negros e asiáticos da
participação política e restringia até mesmo a sua circulação pelo país.
d) Trata-se de uma política de integração racial baseada na perspectiva ideológica da
mestiçagem cultural entre as diversas etnias negras.
e) Trata-se de uma política de segregação racial que propunha a eliminação gradual da
minoria negra, como forma de garantir a dominação branca.
22- (FGV) Desde 2003, uma guerra civil no Sudão já deixou 200 mil mortos na porção
oeste do país: Darfur. As causas desses conflitos se assemelham a tantos outros no
continente. Considere as afirmativas:
I. Assim como ocorreram na Etiópia e Somália, no Sudão as disputas são pelas
grandes reservas de petróleo.
II. Diferenças étnicas, como ocorreram em Ruanda, e, no caso do Sudão, ocorrem
devido a presença de grupos sedentários e milícias de origem árabe.
III. Assim como ocorreu em Angola, no Sudão a disputa está relacionada às
diferenças ideológicas entre grupos que apóiam o capitalismo e outros que
buscam maior interferência do Estado na economia.
IV. Disputa por terras e fontes de água em Darfur e apoio do governo a milícias que
atuam no País são exemplos da guerra no Sudão.
Está correto o que se afirma em
a) I, II, III e IV. b) I, II e III, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) II e IV, apenas. e) III e
IV, apenas.
Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=14256&sigla=Noticia
&retorno=detalheNoticia>. Acesso em: 1 jun. 2009. (com adaptações).
O texto acima permite analisar a relação entre cultura e memória, demonstrando que
a) Sahel.
b) Magreb.
c) Atlas.
d) Benguela.
e) Kalahari.
31 (ENEM) Os chineses não atrelam nenhuma condição para efetuar investimentos nos
países africanos. Outro ponto interessante é a venda e compra de grandes somas de
áreas, posteriormente cercadas. Por se tratar de países instáveis e com governos ainda
não consolidados, teme-se que algumas nações da África tornem-se literalmente
protetorados. BRANCOLI, F. China e os novos investimentos na África:
neocolonialismo ou mudanças na arquitetura global? Disponível em:
http://opiniaoenoticia.com.br. Acesso em: 29 abr. 2010 (adaptado).
A presença econômica da China em vastas áreas do globo é uma realidade do século
XXI. A partir do texto,como é possível caracterizar a relação econômica da China com
o continente africano?
a) Pela presença de órgãos econômicos internacionais como o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que restringem os investimentos chineses, uma
vez que estes não se preocupam com a preservação do meio ambiente.
b) Pela ação de ONGs (Organizações Não Governamentais) que limitam os
investimentos estatais chineses, uma vez que estes se mostram desinteressados em
relação aos problemas sociais africanos.
c) Pela aliança com os capitais e investimentos diretos realizados pelos países
ocidentais, promovendo o crescimento econômico de algumas regiões desse continente.
d) Pela presença cada vez maior de investimentos diretos, o que pode representar uma
ameaça à soberania dos países africanos ou manipulação das ações destes governos em
favor dos grandes projetos.
e) Pela presença de um número cada vez maior de diplomatas, o que pode levar à
formação de um Mercado Comum Sino-Africano, ameaçando os interesses ocidentais.
32 (ENEM 2011) O café tem origem na região onde hoje se encontra a Etiópia, mas seu
cultivo e consumo se disseminaram a
partir da Península Árabe. Aportou à Europa por Constantinopla e, finalmente, em
1615, ganhou a cidade de Veneza. Quando o café chegou à região europeia, alguns
clérigos sugeriram que o produto deveria ser excomungado, por ser obra do diabo. O
papa Clemente VIII (1592-1605), contudo, resolveu provar a bebida. Tendo gostado do
sabor, decidiu que ela deveria ser batizada para que se tornasse uma “bebida
verdadeiramente cristã”.
THORN, J. Guia do café. Lisboa: Livros e livros, 1998 (adaptado).
A postura dos clérigos e do papa Clemente VIII diante da introdução do café na Europa
Ocidental pode ser explicada pela associação dessa bebida ao
a) ateísmo.
b) judaísmo.
c) hinduísmo.
d) islamismo.
e) protestantismo.
GABARITO
1-b;
2-Todos verdadeiros;
3- A) O autor reflete sobre a situação da África, mais especificamente sobre o resultado
dos efeitos do Neocolonialismo. Nações colonizadoras europeias limitaram-se a
explorar suas colônias, sem lhes oferecer condições para um desenvolvimento
autossustentável após a colonização.
B) Pode-se citar Congo, Moçambique e Angola, entre outros países.
4-b;5-b;
6- A) -Guerras locais entre os clãs e etnias que buscam consolidação em solo africano,
muitas vezes apoiados por chefes de Estado que representam os interesses de apenas de
um ou de poucos grupos de clãs locais.
- Baixo grau de desenvolvimento humano na maioria dos países do continente. O Atraso
nas estruturas e a precária infraestrutura dificultam a erradicação de doenças como
difteria, malária, doença de Chagas, amarelão, etc.
B) – Redução acelerada da produção em idade adulta, o que causa a diminuição da mão
de obra geradora de riquezas.
-- Redução do número de profissionais qualificados para o mercado, devido aos óbitos.
Tal fator requer recomeço da formação básica, média e superior das populações
africanas.
7-d;
8 A) Revolta dos Malês
B1) Sudaneses e Bantos
B2) Sudaneses oriundos da África Ocidental, Sudão e Costa da Guiné; Bantos, oriundos
de Angola, Congo, Moçambique e Cambinda (sul da África).
C) O islamismo foi propagado pela força da palavra (ação de professores e místicos),
dos acordos comerciais e, principalmente, das armas. Eram as guerras santas, as Jihad,
destinadas a islamizar populações, converter líderes políticos e escravizar os “infiéis”,
ou seja, quem se recusasse a professar a fé em Alá.
9-d; 10-b; 11-c; 12-c; 13-e; 14-b; 15-b; 16-a; 17-c; 18-c; 19-a; 20-d; 21-a; 22-d; 23-d;
24- 0-F, 1-F, 2-F, 3-V, 4-V; 25-b; 26-e; 27-b; 28- a; 29-e; 30-e; 31-d; 32-d.
BIBLIOGRAFIA
COSTA E SILVA, Alberto da. A Enxada e a Lança: a África antes dos portugueses. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
DEL PRIORE, Mary, e VENÂNCIO, Renato Pinto. Ancestrais: Uma Introdução à
História da África Atlântica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. FERREIRA, Muniz. A
África Contemporânea: dilemas e possibilidades.
HERNANDEZ, Leila Leite. A África na Sala de Aula: visita à História
contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.
GIORDANI, Mário Curtis. História da África. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 2007.
LOVEJOY, Paul E. A Escravidão na África: uma história de suas transformações. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
NASCIMENTO, Elisa Larkin (organizadora). A Matriz Africana no Mundo. São
Paulo: Selo Negro, 2008.
MATTOS, Regiane Augusto. História e Cultura Afro-brasileira. São Paulo: Editora
Contexto, 2007.
OLIVER, Roland. A Experiência Africana: da pré-história aos dias atuais. Rio de
Janeiro: Zahar, 1994.
PERÍÓDICOS
Aventuras na História
Revista de História da Biblioteca Nacional
Nossa História
Leituras de História
INTERNET
http://www.yorubana.com.br/
http://afrologia.blogspot.com/
http://www.ricardocosta.com/pub/imperiosnegros2.htm
http://historiaafrica.blogs.sapo.pt/