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Neurociência na Educação
Amauri. B. Bartoszeck*
*Professor visitante, Laboratório de Neurofisiologia, Instituto de Saúde Dr. Bezerra de Menezes,
Faculdades Integradas Espirita, Curitiba, Brasil, e-mail: abartoszeck@hotmail.com; bartozek@ufpr.br.
Resumo.
A neurociência é uma disciplina como um novo campo das ciências naturais,
recente agrupando neurologia, psicologia e variando de ambiente fetal até a idade adulta
biologia. Nos últimos anos muitos aspectos da avançada. A alfabetização em neurociência
fisiologia, bioquímica, farmacologia e estrutura reveste-se de importância para o cotidiano,
do sistema nervoso de invertebrados e o cérebro ajudando a população a ter melhor
de vertebrados foram elucidados. Estudos entendimento de si e dos avanços científicos,
fundamentais sobre a função da percepção, evitando especulações e a crença em
emoções, aprendizagem & memória mostraram neuromitologias. São esquematizadas
significativo progresso, especialmente adotando implicações educacionais a partir dos princípios
abordagens da neurociência cognitiva. de neurociência.
Aprendizagem e educação podem ser estudadas
Abstract.
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corporal, a pressão sanguínea são controlados As crianças por natureza têm espírito
automaticamente, fazendo com que nosso corpo inquisidor e inquieto. Logo aprendem (e mesmo
fique em atividade, sem que tomemos no final da vida uterina) a coletar informação do
conhecimento do que os circuitos neuronais mundo interno & externo, por meio de
estão fazendo. receptores e dos órgãos sensoriais. Estes lhes
São funções autônomas orquestradas trazem as sensações primárias que logo se
pelos circuitos neuronais, e ocorrem de forma tornam percepções gustativas, olfativas,
não consciente (Rocha, 1999; Beatty, 2001). A auditivas, visuais e táteis. À medida que
biologia elementar mostra claramente que amadurecem aperfeiçoam a interpretação de seu
qualquer animal é o produto de complexa ambiente e melhoram a tomada de decisões,
interação entre sua genética e os fatores baseadas nestas informações (Eliot, 1999).
ambientais (Werner, 1997). Nos primórdios da Na população em geral, e em alguns
história dos seres vivos elementares, a evolução casos crianças em idade escolar, podem estar
aquinhoava vantagens competitivas aos animais afetados por patologias neurológicas ou
cujo sistema nervoso pudesse fazer projeções distúrbios afetivos. Não é incomum membros da
antecipadas, de acontecimentos baseadas em família mais idosos como tios, avôs, devido a
correlações do passado. O cérebro que aprende longevidade atual maior, estarem acometidos
confere vantagens adaptativas ao seu possuidor por doenças como Alzheimer e Parkinson.
na procura de alimentos, parceiros sexuais, Mesmo na sala de aula as crianças convivem
localização de abrigos e evitar perigos, com colegas com dificuldades de aprendizagem
garantindo maior longevidade (Churchland & (déficit de atenção, hiperatividade, dislexia,
Churchland, 2002; Churchland, 2004). Bossa, 2000; Cameron & Chudler, 2003). Por
outro lado, há evidência, com aumento
Alfabetização em Neurociência. substancial no ensino médio, documentada do
uso de álcool, cigarro e maconha precocemente
Baseada no conceito amplo de já na escola primária (ensino fundamental), com
alfabetização científica (Lacerda, 1997; Freire- aumento significativo no ensino médio (Wilson
Maia; Bizzo, 1998) a alfabetização em et al., 2002).
neurociência pode ser definida como o Diferentemente do que ocorre nos
entendimento dos processos e conceitos para a paises desenvolvidos, curiosamente a população
compreensão de tópicos relativos às doenças do adulta brasileira mostra um interesse diminuído
cérebro e distúrbios do comportamento. por tópicos relativos a doenças do sistema
Também se ocupa dos mecanismos saudáveis de nervoso, consumo abusivo de drogas e atividade
sua função cerebral regular (Livingstone, 1973; motora. A preferência recai em aspectos de
Nyslinski, 2001; Herculamo-Houzel, 2002) memória, consciência, emoção e
desenvolvimento do sistema nervoso
Os frutos da alfabetização científica (Herculano-Houzel, 2003). Observa-se que
para a sociedade em geral e o indivíduo em crianças estão mais interessadas no
particular incluem: funcionamento normal do cérebro, do que no
1- uso do conhecimento em cérebro doente, indicando portanto, que
neurociência para a concepção de ambientes políticas educacionais devem ser implementadas
para a participação social de indivíduos neste sentido. Os currículos devem incentivar a
portadores de características específicas de alfabetização científica (Zardetto-Smith et al.,
processamento pelo sistema nervoso; 2000).
2- tomada de decisões
esclarecidas em caráter pessoal ou familiar em Aprendizagem e Educação.
relação à saúde, como suporte para o bom
funcionamento do sistema nervoso na faixa O aprender e o lembrar do estudante
etária de criança a adulto; ocorre no seu cérebro. Conhecer como o cérebro
3- aplicação do conhecimento funciona não é a mesma coisa do que saber qual
neurocientífico para o bom desenvolvimento e é a melhor maneira de ajudar os alunos a
funcionamento do cérebro de recém-nascidos, aprender. A aprendizagem e a educação estão
crianças, adolescente e adultos; intimamente ligados ao desenvolvimento do
4- o entendimento e o cérebro, o qual é moldável aos estímulos do
desenvolvimento de postura crítica frente a ambiente (Fischer & Rose, 1998). Os estímulos
pesquisa e material neurocientífico veiculado do ambiente levam os neurônios a formar novas
pela mídia (adaptado de Zardetto-Smith et al., sinapses. Assim, a aprendizagem é o processo
2002). pelo qual o cérebro reage aos estímulos do
ambiente, ativando sinapses, tornado-as mais
Crianças & Neurociência. “intensas”. Como conseqüência estas
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