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COM MEMÓRIAS SE TECEM HISTÓRIAS:

MEMÓRIAS E CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PARA IDOSOS

Autores : Ítala de Sousa Santos¹; Rúbia Ribeiro Leão¹; Letícia Érica Gonçalves RIBEIRO².

Identificação autores: Estudantes IFB-Campus de São Sebastião¹; Professora/IFB-Campus de São Sebastião²

Introdução

Contar histórias é uma arte milenar que sempre esteve ligada às memórias, tradições e
sabedorias de um povo. Segundo Élie Bajard, "a origem do homem é marcada pelas histórias
contadas, que estabelecem a fronteira com os outros primatas. Homo Sapiens é um primata
que conta histórias". (Bajard apud Bedran, 2012, p. 25). Dessa forma, todos somos capazes de
narrar histórias e fazemos isso todos os dias, contudo, poucos são os que utilizam dessa
capacidade para "acender uma fogueira" no coração do outro e transformar vidas. (Mellon,
2006.
As histórias possibilitam aos ouvintes, em especial aos idosos, serem inundados por
aquilo que escutam, vivenciando, na experiência do outro, a sua própria experiência. De
acordo com Machado (2004, p.13), com as histórias, os ouvintes se encontram "pouco a
pouco, como protagonistas da sua própria história, dentro da história, com todos os riscos,
perdas, danos e benefícios que essa descoberta possa lhes trazer".
As histórias são capazes de despertar as memórias mais adormecidas e o desejo de
expressá-las. Assim, o contar histórias, principalmente, para os idosos não somente
proporciona-lhes a fruição, o prazer e a distração, mas também o resgate de suas memórias e
a conservação de sua própria história, uma vez que passam de ouvintes a narradores.
Segundo Bosi (1994, p. 82), poder contar suas histórias, encontrar ouvidos que as
ouçam são extremamente importantes para os idosos pois, "o vínculo com outra época, a
consciência de ter suportado, compreendido muita coisa, traz para o ancião alegria e uma
ocasião de mostrar sua competência. Sua vida ganha uma finalidade se encontrar ouvidos
atentos." Além disso, ainda segundo a autora, a "conversa evocativa de um velho é sempre
uma experiência profunda (...) semelhante a uma obra de arte".
Dessa forma, ouvir histórias, resgatar lembranças, reviver e recontar suas memórias,
contribuem para que o idoso se encontre como sujeito da sua própria história, afirmando
assim a sua importância na sociedade. Foi pensando que ouvir e contar histórias podem
contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos idosos e que a extensão é uma forma de
os Institutos Federais cumprirem com seu papel social junto às comunidades nas quais estão
inseridos, é que fez nascer esse projeto.
Com memórias se tecem histórias é uma projeto de extensão que consiste na
capacitação de alunas do curso de Letras Português do campus de São Sebastião na arte da
contação de histórias, para que elas atuem como contadoras de histórias nos encontros de
idosos, organizados semanalmente pelo Centro de Referência em Assistência Social (CRAS)
de São Sebastião e na Casa Paulo Freire, instituição da sociedade civil que trabalha com a
alfabetização de adultos.
Seu objetivo principal é proporcionar aos idosos momentos de lazer, cultura e resgate
das memórias e vivências, pois além de ouvir, eles serão instigados a contar suas próprias
histórias, as quais serão recontadas por meio da criação de um livro de tecido produzido
coletivamente.
Além disso, pretende-se desenvolver, nos estudantes, as habilidades e técnicas
próprias da contação de histórias, as quais servirão como recursos para despertar o hábito da
leitura e o interesse pela literatura nos seus futuros alunos.

Material e Métodos
Campo
O projeto tem sido desenvolvido junto ao grupo de idosos do CRAS e aos alunos da
Casa Paulo Freire, ambos na cidade de São Sebastião/DF.

Participantes
O público alcançado por esse projeto consiste em dez estudantes do curso de
Licenciatura em Letras Português, nos idosos atendidos pelo CRAS e nas pessoas atendidas
pela Casa Paulo Freire.

Metodologia
Este projeto se desenvolve por meio de oficinas quinzenais de contação de histórias e
participações semanais junto à comunidade atendida. Nas oficinas com os estudantes, são
trabalhadas técnicas e habilidades de leitura, recitação de poesias e contação de histórias,
seleção de repertório e estratégias de atuação junto aos idosos. As oficinas são ministradas
pela coordenadora do projeto e por formadores convidados.
Nessa primeira etapa, as alunas têm apenas contado histórias e interagido com os
idosos, instigando-os a comentarem as histórias. Contudo, o projeto prevê oficinas em que os
idosos tomarão a palavra, contarão suas histórias e falarão de suas memórias, as quais servirão
de material para a elaboração de um livro de pano feito manualmente, de forma coletiva.

Resultados e discussão

O projeto tem proporcionado aos idosos, que participam do grupo organizado pelo
CRAS e àqueles atendidos pela Casa Paulo Freire, o prazer de ouvir e de contar histórias, de
reviver lembranças e resgatar memórias. Também tem contribuído para a formação integral,
humana e social das estudantes e para o desempenho de atividades relacionadas à sua área de
formação, como o trabalho com a literatura por meio da leitura, recitação de poesias e
contação de histórias.

Conclusão

Esperamos, que esse projeto, contribua de forma efetiva para a melhoria da qualidade
de vida da comunidade beneficiada; que desperte o gosto e habilidades para a contação de
histórias, tanto das estudantes quanto dos idosos. Esperamos ainda, contribuir para a
formação humana e cidadã daqueles envolvidos no projeto, o resgate das memórias e a
valorização das histórias de vida dos idosos que participam das atividade no CRAS e na Casa
Paulo Freire.

Referências
BEDRAN, B. A arte de cantar e contar histórias – narrativas orais e processos criativos. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
BOSI, E. Memória e sociedade, lembranças de velhos. São Paulo: T. A. Queiroz, 1987
MACHADO, R. Acordais: fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias. São
Paulo: DCL, 2004.
MELLON, N. A arte de contar histórias. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

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