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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

COMARCA DE MUNICÍPIO DO INTERIOR

Xª VARA DE TÓXICOS

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

Processo nº: XXXXXXX-XX.2017.8.05.0001

Classe – Assunto: Auto de Prisão em Flagrante – Tráfico de Drogas e Condutas Afins

Autor: Delegacia X

Réu: Carlos Henrique Fulano e Maria Eduarda Cicrana

Cuida-se de Auto de Prisão em Flagrante figurando como presos Carlos Henrique Fulano e
Maria Eduarda Cicrana, conduzidos pela prática dos crimes tipificados nos artigos 33 da Lei
11.343/2006.

Instado a se manifestar, o Ministério Público pugnou pela conversão da prisão em flagrante em


preventiva em desfavor de todos os flagranteados.

Vieram-me os autos conclusos.

FUNDAMENTO E DECIDO.

Analisando os autos, vislumbro que, por ora, não se impõe a concessão de liberdade
provisória, uma vez que, em juízo preliminar, encontram-se presentes os elementos que
autorizam a decretação da prisão preventiva. Vejamos.

Os réus foram presos em 10/04/2017 quando Fernando F. e Luis L., moradores da rua X,
avistaram os réus em atitude suspeita na esquina dessa mesma rua. Chamaram a Polícia
Militar que chegou após 15 minutos. Quando os policiais foram em direção a eles os réus
começaram a correr e, de acordo com as testemunhas (Fernando F. e Luis L.), jogaram um saco
plástico aparentemente cheio em um terreno baldio próximo enquanto fugiam. Após
alcançarem os réus, um dos policiais retornou ao terreno baldio e recolheu o saco que
continha substâncias que aparentemente eram drogas ilícitas (maconha e cocaína).

Condutores (três policiais militares), os dois moradores e os flagranteados se dirigiram a


delegacia X e lá os réus foram autuados, ambos os moradores prestaram depoimento na
qualidade de testemunhas e foi realizado o interrogatório dos flagranteados. O saco
encontrado foi recolhido pela autoridade policial e enviado para análise.

Inicialmente, pontue-se que está presente a hipótese de cabimento prevista no art.313, I do


CPP, vez que o crime de tráfico de drogas possui pena máxima de 15 anos.

Em relação ao fumus commissi deliciti, entendo que há indícios suficientes de autoria e


materialidade, a primeira em razão do depoimento das testemunhas (Fernando F. e Luis L.)
dados em sede de inquérito policial e que identificam os réus como suspeitos. A materialidade,
por sua vez, está provada, uma vez que o laudo toxicológico preliminar apontou que as
substâncias encontradas são cocaína (10g) e maconha (5g).
Não pode ainda ser desconsiderado que os réus foram presos em atitude suspeita portando
um saco contendo drogas aparentemente ilícitas em quantidade e forma de acondicionamento
que apontam, em exame superficial própria desta fase processual, para a conduta delitiva
inscrita no art.33, caput, da Lei 11.343/2006.

Entendo também que está presente o periculum libertatis nos termos do art.312. Primeiro, em
razão da conveniência da instrução criminal, tendo em vista que a testemunha, arrolada pelo
MP na denúncia, Fernando F. alegou que acredita já ter visto o réu Carlos Henrique
anteriormente na sua rua, temendo que em liberdade este possa ameaçar a sua integridade
física ou até mesmo sua vida.

Além disso, fica clara a necessidade de prisão para garantia de ordem pública, vez que Carlos
Henrique possui um processo penal de roubo tramitando na Xª Vara Criminal, o que evidencia
clara tendência a prática de delitos, prestando-se a prisão para evitar a reiteração criminosa. Já
Maria Eduarda, apesar de ser primária e não possuir maus antecedentes, estava em sua
companhia e alegou em sede de interrogatório no inquérito policial que é muito amiga de
Carlos Eduardo e sempre andam juntos o que demonstra estar ela acostumada a conviver com
pessoas que pertencem ao mundo da criminalidade. Além disso, alegou, também em sede de
interrogatório policial, já ter sido detida quando tinha 15 anos por uso de maconha, tendo sido
posta em liberdade logo em seguida. Alegou que era usuária de maconha, mas parou há 6
meses.

Ademais, é imprescindível a decretação da prisão preventiva para garantia de ordem pública,


pois a concessão de liberdade aos acusados agora faria imperar na sociedade o sentimento de
impunidade do ilícito, não conseguindo ela tolerar o retorno dos flagrados ao seu convívio, ao
menos temporariamente.

Além disso, destaque-se que apenas Carlos Eduardo apresentou comprovante de residência,
mas não comprovou possuir trabalho lícito ou qualquer outro tipo de ocupação lícita, o que
indica que o tráfico de drogas pode ser sim sua fonte de subsistência. Maria Eduarda, por sua
vez, não apresentou comprovante de residência e alegou ser sustentada pelo seu pai que,
além disso, sustenta sua filha menor de idade.

No caso vertente, portanto, a representação oferecida pelo MP merece ser acolhida, uma vez
que os elementos colacionados ao APF demonstram a necessidade de segregação cautelar de
todos os conduzidos.

Isto posto, CONVERTO EM PREVENTIVA a prisão em flagrante de Carlos Henrique Fulano e


Maria Eduarda Cicrana, qualificados na inicial, com base nos artigos 310, II, 312 e 313, I, todos
do CPP.

Serve a presente decisão como mandado de prisão preventiva.

Oficie-se ao juízo da Vara Criminal onde Carlos Eduardo responde ação penal para a ciência da
prisão.

Município do Interior, 28 de abril de 2017

XXXXXXX

Juiz de Direito
QUESTÃO:

Dois meses após essa decisão (28 de junho de 2017) vocês são chamados para atuar como
advogados/as de ambos os réus.

Neste momento a denúncia já foi recebida e a resposta à acusação entregue no prazo correto
por ambos os réus, que estavam assistidos anteriormente por outro advogado. A audiência de
instrução e julgamento foi marcada para 10/10/2017.

O laudo toxicológico definitivo saiu e foi inconclusivo em relação a substância inicialmente


identificada como cocaína e apontou apenas a existência de canabinóides na substância
inicialmente identificada como maconha, não havendo traços identificáveis de THC.

Luis L. (testemunha) faleceu. Além disso, o MP desistiu da oitiva da testemunha de acusação


Fernando F, em virtude deste ter se mudado para os EUA.

Carlos Henrique Fulano foi aprovado em uma faculdade e deseja cursá-la. Além disso, foi
absolvido do crime de roubo (art.157) que tramitava na Xª Vara Criminal.

Maria Eduarda Cicrana te entregou um documento comprobatório de residência (conta da


Coelba) e uma certidão de nascimento de sua filha Dudinha Cicrana que tem 10 anos de idade.

Usando esses dados e os elementos que aparecem na decisão interlocutória acima, redija uma
peça pedindo a revogação da prisão preventiva para ambos os acusados na qualidade de
seus/suas advogados/as.

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