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Mineração

Mining
Cominuição a seco de mesclas
de quartzo e dolomita
Dry comminution of quartz and dolomite mixtures
Germano Mendes Rosa Resumo
Instituto Federal Minas Gerais - IFMG
Campus Congonhas Estudou-se o comportamento dos principais parâmetros da moagem a seco de
Coordenadoria de Produção Industrial e mesclas binárias em batelada dos minerais dolomita e quartzo. Por meio de vários en-
Mineração saios físicos com diferentes proporções desses minerais por diferentes ciclos moagem,
Mestrando do PPGEM/UFOP acompanhou-se a evolução da granulação dos produtos em termos de coeficiente de
germano_rosa@yahoo.com.br agudez, a, e diâmetro, d50 , parâmetros da função de distribuição de probabilidades
sigmoidal de Hill, a qual foi utilizada para ajustar a nuvem de dados. Os resultados
José Aurélio Medeiros da Luz subsidiaram o desenvolvimento de sistema simulador de cominuição baseado em rede
Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP- neural artificial (do tipo perceptron de multicamada com algoritmo de supervisão e
Escola de Minas treinamento de retropropagação com momento), a ser objeto de artigo futuro.
Departamento de Engenharia de Minas - DEMIN
jaurelio@demin.ufop.br Palavras-chave: Cominuição seletiva; moabilidade; redes neurais artificiais.

Abstract
The behavior of batch grinding of a dry binary mix using dolomite and quartz
has been studied. Through several tests with different proportions of these minerals
and different grinding cycles, the granular system evolution was observed in terms
of sharpness coefficient and mean diameter d50. These parameters were fit into the
Hill’s sigmoidal function of probability distribution to adjust the results. The results
were used for the validation of a neural network system (multilayer perceptron-like
algorithm), which will be presented in another article.

Keywords: Selective comminution, grindability, artificial neural networks.

1. Introdução

A separação eficiente entre espécies gravítica, por exemplo.


minerais constituintes de determinado Por existirem, normalmente, diferen-
agregado mineralógico, na maioria dos ças de moabilidade entre as espécies mine-
casos, é imprescindível para atingir-se o rais componentes do minério processado,
objetivo final de utilização industrial de diferentes distribuições granulométricas
uma ou mais dessas espécies minerais, sen- dos produtos também podem ser obtidas
do muitas vezes necessário descartarem-se a partir de uma determinada distribuição
outras espécies consideradas com baixo ou de tamanho dos componentes da alimen-
sem nenhum valor agregado (ganga). tação, que, por sua vez, são afetados pelos
Para prover a separação por espécie parâmetros de operação na moagem.
dos componentes de determinado minério, Considerando-se necessário liberar
em processos subsequentes à moagem, é po- e separar duas ou mais espécies minerais
tencialmente desejável que as partículas de de determinado minério, uma moagem
espécies distintas apresentem, entre outras eficiente, usualmente, deve prover con-
características, diferenças na granulação. traste granulométrico entre essas espécies.
tais partículas serão exploradas em proces- Em casos extremos, poder-se-ia efetuar a
sos de concentração, como a concentração separação por espécie com, unicamente,
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Cominuição a seco de mesclas de quartzo e dolomita

operação de fracionamento granulomé- ra, consegue-se, por vezes, concentração do circuito de cominuição, deve haver
trico, como peneiramento ou classificação adequada apenas com operação de fracio- tempo de residência ótimo, que acarrete
em meio fluido. namento granulométrico (peneiramento ou a maximização do benefício econômico
Para alimentação de mesma granula- classificação). Esse contraste está ligado ao do empreendimento. Isso justifica estudo
ção para as espécies de um minério binário, afastamento entre os diâmetros medianos criterioso, em especial com ingresso de ar-
observando-se as distribuições das frações das duas espécies e aumenta na medida em gumentação econômica, quanto ao ótimo
granulométricas dos produtos, pode-se que a área hachurada da Figura 1 diminui. ponto de moagem (custos de cominuição
verificar, graficamente, que, quanto menor Por outro lado, o processo de mo- versus ganhos de enriquecimento e recu-
for a área de interseção entre essas curvas, agem caracteriza-se como dos mais dis- peração ulteriores).
maior seletividade houve na moagem pendiosos numa usina de beneficiamento Como ponto de partida ao estudo
realizada. Exemplo hipotético pode ser industrial, devido ao baixo aproveitamento da seletividade em moagem de mesclas
visualizado por meio da Figura 1. energético e aos altos esforços mecânicos binárias, esse artigo analisa a evolução
Deve-se ter em mente que, mesmo envolvidos (Chaves & Peres, 1999; Delbony dos principais parâmetros relacionados à
que as duas espécies estejam previamente Júnior, 2007; Luz et alii, 2004), justifican- granulação dos produtos, embasado em
liberadas, seu contraste granulométrico, na do, sobremaneira, empenho nesse campo análises experimentais de moagem em
saída, afeta operações ulteriores de separa- de estudo. batelada de mesclas binárias em escala
ção por espécie. Com diferenças acentuadas Assim, em princípio, para cada de laboratório, utilizando-se os minerais
na moabilidade dos constituintes da mistu- constituição de mescla e configuração dolomita e quartzo.

Distribuição Granulométrica
Espécie mineral A + Espécie mineral B
0,10
Retido simples [ - ]

Área de interseção
+
++++ +++
+ +
+ +
+ +
+ +
+ + +
+ ++
+++ ++
Figura 1
+++ Distribuições granulométricas
0,00 +++++++++++++ + hipotéticas das frações retidas simples
0 20 40 60 80 100 de duas espécies minerais, A e B,
Tamanho [µm] produtos de um minério binário.

2. Revisão da literatura

A moagem encerra o último estágio proporções (Turgut & Arol, 1996), além advoga que o aproveitamento energético
do processo de fragmentação de minérios, do grau de redução das partículas (Wills na moagem localiza-se, tipicamente, em
para alcançar o tamanho especificado & Napier-Munn, 2006; Stamboliadis, torno de 8 a 23 %, dependendo do ma-
para alguma aplicação, ou até atingir o 2007). Deve-se levar em conta que um terial sólido cominuído (Tavares, 2003).
necessário grau de liberação dos compo- material pode ser fraturado com certa Mesmo assumindo essa nova quan-
nentes. A malha ideal de moagem depende facilidade (por destacamento de grãos) tificação, o aproveitamento energético na
de cada minério, distribuição do mineral até determinado limite granulométrico, moagem é baixo e o estudo de soluções
útil na ganga, processos de separação mas com maior dificuldade, a partir desse que tornem mais eficiente essa operação
subsequentes e outros fatores (Luz et limite (devido à quebra intragranular), é de fundamental importância para a in-
alii, 2004), além da priorização de maior diminuindo-se a moabilidade (Wills & dústria, pois tais soluções culminam em
separabilidade dos minerais constituin- Napier-Munn, 2006). redução de custos de operação, aumento
tes em cada etapa de moagem e melhor Com relação ao consumo energético da margem de lucro e diminuição da de-
aproveitamento energético nos processos na moagem, de forma pessimista, acredi- manda energética.
de tratamento. tava-se que sua eficiência energética não Com a finalidade de estimar o
Uma dos parâmetros mais utilizados chegava a 1 % (Wills & Napier-Munn, consumo em termos energéticos na mo-
no estudo de cominuição mineral é a mo- 2006) e, de forma um pouco otimista, que agem, uma expressão muito conhecida
abilidade, compreendida como resistência não alcançava a margem dos 3 % (Austin é a de Bond. Trata-se de lei empírica que
à cominuição em moinhos, dependendo, apud Lynch, 1977), em relação à geração considera que a energia consumida na co-
basicamente, da variedade de minerais que de novas áreas superficiais. Estudo recente, minuição é proporcional ao comprimento
constituem o minério considerado, de suas por meio de nova metodologia, porém, das fissuras iniciais que se desencadeiam
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Germano Mendes Rosa et al.

no fraturamento (Beraldo, 1987). A Lei de Bond se tornou muito popular e passou a ser escrita da seguinte forma:

(1)

Onde: W é a energia aplicada [J/kg]; ção de granulação de diâmetro infinito a to e da alimentação. Uma variante da
Wi é o índice de trabalho, característico outra com 80 % passante na malha de equação de Bond tem sido proposta por
do material submetido à cominuição e 100 micrômetros [J/kg]; sendo P e A os Magdalinovic (Jankovic e colaboradores,
do processo. Esse índice representa a diâmetros [µm], nos quais passam 80% 2004), equação esta que também se pode
energia específica necessária à sua redu- da massa, respectivamente, do produ- expressar por:

(2)

Onde P* é um tamanho (em µm), uma vez que se constatou que a taxa de mento (de 573 K a 1173 K) sobre mistura
dependente do processo e do material, tal moagem de cada mineral decresceu em composta por celestita e gipsita, objetivando
que, se P = P*, vale lei de Bond. Essa equa- comparação aos resultados da moagem atingir a máxima separação dos componen-
ção tem sido preconizada em especial para alimentada com estes mesmos componentes tes, decorrente da calcinação do segundo
etapas de britagem. isoladamente. Essa conclusão se baseou mineral. Confirmou-se um aumento na
Convergindo a atenção para a mo- no estudo da moagem composta pelos moabilidade da gipsita. Isso contribuiu
agem mista (de dois componentes), justi- minerais calcita e quartzo. Outros minerais para uma separação mais eficiente entre as
fica-se a preocupação de compreender a foram objetos de estudo, como arenito, espécies minerais, possibilitando o benefi-
importância dos diversos fatores ligados à dolomita e calcário, os quais foram moídos, ciamento do minério estudado, usando-o
alimentação do sistema e aos parâmetros demonstrando que o mesmo fenômeno em um único estágio de separação.
de operação de moagem, visando-se a criar ocorreu também nesses casos. A descrição de distribuições granulo-
soluções que possam maximizar a eficiência Tanaka (apud Ray & Szekely, 1973), métricas de particulados em equipamentos
energética na cominuição e a eficiência de realizando experimentos com minerais de processos por distribuição probabilística
separação subsequente. de granulação muito fina, não confirmou é procedimento clássico. As funções de
Bozkurt e Özgür (2007) estudaram a tal fenômeno. Porém observou que, para distribuição de probabilidade de Rosin-
taxa específica de quebra da colemanita na tamanhos muito pequenos de partículas, Rammler, de Meloy-Gaudin, de Harris e
moagem a seco em comparação ao quartzo a relação foi cíclica, onde no intervalo de 5 de Gates-Gaudin-Schuhmann são muito
e concluíram que a colematita é cominuída a 30 µm, perceberam-se de dois a quatro utilizadas para predizer a distribuição
muito mais rapidamente do que o quartzo ciclos de alternância da magnitude dos granulométrica e para calcular o tamanho
(devido à maior moabilidade da primeira), valores de granulação final. Por meio desse d50 ou d80, comumente utilizados para ca-
produzindo grande quantidade de finos. estudo, notou-se, também, a existência racterizar a finura dos produtos do moinho
Nesse caso, o estudo da cominuição conjun- de proporcionalidade entre relação de (Stamboliadis, 2007).
ta desses dois minerais sugeriu que se fizesse resistência e o número de ciclos. Sudário Uma função de distribuição de pro-
uma classificação, em determinada altura e Luz (2009) têm estudado a moagem de babilidades muito simples, denominada
do processo, para se evitar a sobremoagem misturas binárias de quartzo com calcita, sigmóide de Hill, foi utilizada com sucesso
da colemanita. visando ao desenvolvimento de algoritmo para representação de curvas de sedimen-
De acordo com Ray e Szekely (1973), de otimização algébrica para cominuição tação (Luz, 2005), além de representação
pesquisas realizadas focadas no estudo de de misturas binárias. de distribuição granulométrica de sistemas
moagem e mesclas binárias de componentes Outro exemplo de estudo de moagem particulados genéricos (Luz, 2009).
minerais em moinho de bolas mostraram mista foi realizado por Sener e colaborado- A Sigmoidal de Hill tem a seguinte
que a eficiência da moagem é diminuída, res (2003), que testaram o efeito do aqueci- expressão:

(3)

Onde: a: coeficiente de agudez [-]. função reside nas fáceis integrabilidade


Yi: fração do material na classe d50 : diâmetro mediano da distri- e diferenciabilidade em qualquer ponto.
granulométrica i [-]. buição [µm].
xi: diâmetro da classe i [ m]. A vantagem de utilização dessa

3. Materiais e métodos

Para a realização dos experimentos ram-se dois minerais de moabilidades • Dolomita (formação Gandarela
de moagem de mesclas binárias escolhe- diferentes. Os minerais escolhidos foram: do super-grupo Minas, Wi = 45,36 kJ/
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Cominuição a seco de mesclas de quartzo e dolomita

(a) (b)
100,0 100,0
% Passante Acumulado

% Passante Acumulado
d50 = 1270µm d50 = 1423µm
75,0 75,0

50,0 50,0
Figura 2
25,0 25,0 Distribuições granulométricas
dos minerais: (a) dolomita e
(b) quartzo, utilizados na alimentação
0,0 0,0
10 100 1000 10000 10 100 1000 10000
da moagem binária mista, destacando-se
Diâmetro médio do intervalo [µm] Diâmetro médio do intervalo [µm] os respectivos diâmetros d50.

kg): originalmente na granulometria de Análise comparativa prévia da geneizadas pelo método de pilhas cônicas
brita zero, mineral fornecido pela empresa aderência regressional da sigmoidal de e, na sequência, por pilhas longitudinais.
Bemil Beneficiamento de Minérios Ltda., Hill com a de Rosin-Rammler mostrou Da pilha longitudinal de cada mineral,
em Ouro Preto, MG. desempenho muito parecido, o que justi- foram retiradas duas amostras para carac-
• Quartzo (originalmente na forma ficou, plenamente, a seleção da função de terizar a granulometria da alimentação.
de blocos centimétricos, Wi ≅ 51,84 kJ/kg), Hill, tendo em vista futuras comparações As análises granulométricas foram feitas
obtido na própria região de Ouro Preto. com sistema de otimização algébrica de por peneiramento e o cálculo das massas
Na campanha experimental, realiza- moagem de sistemas binários, em de- de cada componente da alimentação foi
ram-se ensaios de moagem a seco, fazendo- senvolvimento paralelo a esse trabalho feito na sequência de peneiras da série
se uso de diferentes proporções volumé- (Sudário & Luz, 2009). ABNT (de 2380 µm a 44 µm). As dis-
tricas dos minerais Os resultados foram Partindo-se de massas de aproxima- tribuições das alimentações vêem-se na
ajustados pela função de distribuição de damente 100 kg de cada mineral, as mes- Figura 2 (nota-se que as abscissas das cur-
probabilidades, sigmóide de Hill, tomando mas foram reduzidas em 100 % passantes vas granulométricas, no presente artigo,
os parâmetros agudez, a, e tamanho d50 na peneira de 3,35 mm, para compor a referem-se ao diâmetro médio aritmético
das distribuições granulométricas (maiores alimentação do moinho. de cada classe granulométrica dada por
detalhes podem ser vistos em Rosa, 2009). As massas cominuídas foram homo- peneiras contíguas).

Ensaios de moagens de mesclas binárias

Para a realização das moagens das maneira: 25 % de dolomita e 75 % de completado e o procedimento de com-
mesclas binárias, foi usado moinho tu- quartzo; 50 % de dolomita e 50 % de pactação se repetia até não haver mais
bular tipo jarro, revestido, internamente, quartzo; e, finalmente, de 75 % de do- variação volumétrica, definindo-se a
de borracha, cujas dimensões efetivas lomita e 25 % de quartzo. Para todas massa do mineral nesse instante. Esse
são 0,195 m (diâmetro) e 0,195 m (com- as mesclas, foram realizadas moagens procedimento era efetuado em tripli-
primento), encerrando volume total de nos ciclos de tempo de 5, 15, 30, 50 e cata, para cada proporção de mescla,
5,824 litros. A moagem foi realizada a 75 minutos. Também foram realizadas adotando-se a média aritmética.
uma velocidade angular de 59 rpm, com moagens isoladas das espécies minerais, As amostras eram adicionadas
carga fixa de bolas e minério, com ocu- para os mesmos ciclos de tempo. no moinho, já com a carga de bolas
pação de 46 % do volume do moinho. A Para determinar a massa a ser na proporção definida para cada teste.
carga de bolas foi estabelecida segundo cominuída em cada experimento, era Após o tempo de moagem definido, o
os tamanhos descritos na Tabela 1. utilizada proveta graduada de dois li- produto era retirado do moinho e, após
Os ensaios de moagem totalizaram tros, onde cada mineral era adicionado homogeneização em lona, quarteado,
25 experimentos, variando-se a propor- separadamente dentro da mesma até utilizando divisor Jones, até a obtenção
ção na mescla dos minerais dolomita e ser completado o volume desejado para de duas alíquotas para análise granulo-
quartzo, mantendo-se o volume total de cada ensaio. Em seguida, o material, métrica de, aproximadamente, 0,350 kg
minério fixado em 1560 cm³. na proveta, era compactado sobre mesa cada uma. Para o caso de moagem das
As proporções em volume das mes- vibratória, durante 120 s. Tendo havido mesclas, o retido em cada peneira era
clas minerais foram feitas da seguinte compactação de volume, o mesmo era pesado e enviado para análise de teor.

Tamanho [mm] Quantidade Massa total [kg] Proporção [%]

39.5 14 3.6 40.3

30 31 3.6 40.5
Tabela 1
17 87 1.71 19.2 Distribuição de bolas utilizadas
Total 132 8.92 100 como corpos moedores nos ensaios
de moagem mista binária.
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Determinação das massas de dolomita e quartzo no produto


O teor de dolomita presente na (1.100 ºC). As calcinas eram resfriadas e centuais de massa passante acumulados
amostra foi determinado por curvas de pesadas, obtendo-se as perdas de massa de cada mineral foram determinados,
calibração confeccionadas a partir de atribuídas à evolução de CO2. Obteve-se obtendo-se o tamanho d50 de cada distri-
experimentos controlados de calcinação correlação positiva perfeita entre a perda buição, bem como coeficiente de agudez
para massas fixas de minério. Para isso, de massa (P) em gramas e o teor percentual a, tendo sido este determinado através do
amostras preparadas de granulação de dolomita (Y), a saber: ajuste dos dados à função distribuição
predominantemente fina, de 5 g e 30 g, e • Amostra inicial de 5 g: de probabilidade de Hill, utilizando-se,
contendo diferentes proporções preestabe- Y = 44,11 x P. para tanto, o programa EasyPlot ® da
lecidas dos minerais dolomita e quartzo, • Amostra inicial de 30 g: Spiral Software. Para todos os ajustes,
foram calcinadas por uma hora em mufla, Y = 7,31 x P. obtiveram-se excelentes aderências (cor-
cuja temperatura foi ajustada em 1.373 K Mediante os resultados, os per- relações mínimas de 97 %).

4. Resultados e discussão
A Figura 3 compara a evolução da agudez, a, e do diâmetro, d50 , dos pro- dutos da moagem, segundo os padrões

Agudez Agudez
(25% Dolomita / 75% Quartzo) (50% Dolomita / 50% Quartzo)
Dolomita Quartzo Dolomita Quartzo

2,9 2,9
a [-]

2,1
a [-]

2,1

1,3
1,3

0,5
0,5
0 20 40 60 80
0 20 40 60 80
Tempo de moagem [minutos] Tempo de moagem [minutos]
d50 d50
(25% Dolomita / 75% Quartzo) (50% Dolomita / 50% Quartzo)
Dolomita Quartzo Dolomita Quartzo
1500 1500
d50 [micrometros]

d50 [micrometros]

1200 1200

900 900

600 600

300 300

0 0
0 20 40 60 80 0 20 40 60 80
Tempo de moagem [minutos] Tempo de moagem [minutos]

Agudez d50
(75% Dolomita / 25% Quartzo) (75% Dolomita / 25% Quartzo)

Dolomita Quartzo Dolomita Quartzo


1500

2,9000 1200
d50 [micrometros]

900
a [-]

2,1000
600
1,3000
300

0,5000 0 Figura 3
0 20 40 60 80 0 20 40 60 80 Evolução da agudez e d50
Tempo de moagem [minutos] Tempo de moagem [minutos] dos produtos nas mesclas.
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Cominuição a seco de mesclas de quartzo e dolomita

ensaiados. Pode-se perceber que, con- por consequência, a dispersão das curvas proporcionando maior proximidade
forme evoluiu o tempo de moagem, os de distribuições de suas frações retidas. entre os centros das distribuições das
coeficientes de agudez aumentaram para Por outro lado, o diâmetro, d50 , diminuiu frações retidas dos minerais.
ambas as espécies minerais, diminuindo, conforme a evoluiu o tempo de moagem, A correlação das nuvens experi-

(a) DOLOMITA PURA DOLOMITA T25Q/75Q (b) DOLOMITA PURA DOLOMITA T25Q/75Q
DOLOMITA T50D/50Q DOLOMITA T75D/25Q DOLOMITA T50D/50Q DOLOMITA T75D/25Q

100,00 100,00

% PASSANTE ACUMULADA
% PASSANTE ACUMULADA

75,00 75,00

50,00 50,00

25,00 25,00

0,00
0,00
10 100 1000 10000
10 100 1000 10000
DIÂMETRO MÉDIO DO INTERVALO [µm]
DIÂMETRO MÉDIO DO INTERVALO [µm]

(c) DOLOMITA PURA


DOLOMITA T50D/50Q
DOLOMITA T25Q/75Q
DOLOMITA T75D/25Q
(d) DOLOMITA PURA
DOLOMITA T50D/50Q
DOLOMITA T25Q/75Q
DOLOMITA T75D/25Q

100,00 100,00
% PASSANTE ACUMULADA
% PASSANTE ACUMULADA

75,00
75,00

50,00
50,00

25,00
25,00

0,00
10 100 1000 10000
0,00
10 100 1000 10000
DIÂMETRO MÉDIO DO INTERVALO [µm] DIÂMETRO MÉDIO DO INTERVALO [µm]

(e) DOLOMITA PURA DOLOMITA T25Q/75Q


DOLOMITA T50D/50Q DOLOMITA T75D/25Q

100,00
% PASSANTE ACUMULADA

75,00

50,00

25,00
Figura 4
Granulometria do quartzo
após moagem: (a) 5 minutos,
0,00
10 100 1000 10000 (b) 15 minutos, (c) 30 minutos,
DIÂMETRO MÉDIO DO INTERVALO [µm] (d) 50 minutos e (e) 75 minutos.

mentais usando-se a distribuição clássica rativamente, o comportamento granulo- a sua moagem isolada. Tratando-se de
de Rosin-Rammler-Sperling-Benett (caso métrico dos minerais dolomita e quartzo dolomita, no geral, não se percebem
especial da distribuição de Weibull) nas moagens mescladas em relação grandes discrepâncias, a menos nos
também foi testada (bem como as de as suas respectivas moagens isoladas, ciclos de moagem de 5 e 15 minutos. Ao
Gaudin-Meloy e Gaudin-Schumann), segundo os mesmos ciclos de tempo. contrário do que ocorreu para o quartzo,
sem ganhos significativos no coeficiente Observa-se que, à exceção do tempo de 5 a moagem mista apresentou-se mais fina
de correlação. minutos, a moagem mesclada do quartzo em relação as suas respectivas moagens
As Figuras 4 e 5 mostram, compa- apresentou-se mais grosseira em relação isoladas.
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Germano Mendes Rosa et al.

(a) QUARTZO PURO


QUARTZO T50D/50Q
QUARTZO T25D/75Q
QUARTZO T75D/25Q
(b) QUARTZO PURO
QUARTZO T50D/50Q
QUARTZO T25D/75Q
QUARTZO T75D/25Q
100,00 100,0

% PASSANTE ACUMULADA

% PASSANTE ACUMULADA
75,00 75,0

50,00 50,0

25,00 25,0

0,00 0,0
10 100 1000 10000 10 100 1000 10000
DIÂMETRO MÉDIO DO INTERVALO [µm] DIÂMETRO MÉDIO DO INTERVALO [µm]

(c) QUARTZO PURO


QUARTZO T50D/50Q
QUARTZO T25D/75Q
QUARTZO T75D/25Q (d) QUARTZO PURO
QUARTZO T50D/50Q
QUARTZO T25D/75Q
QUARTZO T75D/25Q

100,0 100,0

% PASSANTE ACUMULADA
% PASSANTE ACUMULADA 75,0
75,0

50,0
50,0

25,0
25,0

0,0
0,0 10 100 1000 10000
10 100 1000 10000
DIÂMETRO MÉDIO DO INTERVALO [µm] DIÂMETRO MÉDIO DO INTERVALO [µm]

QUARTZO PURO QUARTZO T25D/75Q


(e) QUARTZO T50D/50Q QUARTZO T75D/25Q

100,0
% PASSANTE ACUMULADA

75,0

50,0

Figura 5
25,0
Granulometria da dolomita
após moagem: (a) 5 minutos,
(b) 15 minutos, (c) 30 minutos, 0,0
10 100 1000 10000
(d) 50 minutos e (e) 75 minutos. DIÂMETRO MÉDIO DO INTERVALO [µm]

5. Conclusão

Os resultados provaram que a do- menor moabilidade, o quartzo. artificial, do tipo perceptron de multi-
lomita é cominuída mais rapidamente O diâmetro, d 50 , diminuiu, en- camada, com algoritmo de supervisão e
em comparação ao quartzo nas suas quanto a agudez, a, aumentou com o treinamento baseado em retropropaga-
moagens mescladas. A razão para esse progresso da moagem, uma vez que, ção com momento.
fato pode ser explicada pela maior moa- inicialmente, não se tinha sistema bito- Tal sistema já foi validado e mos-
bilidade do mineral dolomita, cujos finos lado (correspondente à agudez elevada). trou-se eficaz na previsão do desempe-
gerados, no início da moagem, diminuem A partir dos resultados desse tra- nho da moagem de misturas binárias e
de forma significativa o efeito de impacto balho, foi desenvolvido simulador de será objeto de artigo futuro, em conti-
da carga de bolas sobre o mineral de cominuição baseado em rede neural nuidade a esta pesquisa.

6. Referências bibliográficas

BERALDO, J. L. Moagem de minérios em moinhos tubulares. São Paulo: Edgard Blücher,


1987. 143 p.
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Artigo recebido em 10 de janeiro de 2010. Aprovado em 22 de abril de 2010.

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